A IMPORTÂNCIA DAS INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NOS PACIENTES EM PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA DE TRANSPLANTE DE CORAÇÃO Gabriela Oliveira da Silva Discente do curso de fisioterapia Universidade UNAERP - Campus Guarujá [email protected] Izabelle Silva Santos Discente do curso de fisioterapia Universidade UNAERP - Campus Guarujá [email protected] Roberta Florência de Almeida Silva Discente do curso de fisioterapia Universidade UNAERP - Campus Guarujá [email protected] Thais Ferreira Silva Discente do curso de fisioterapia Universidade UNAERP - Campus Guarujá [email protected] Prof.ª Drª. Mara Rubia Ignácio Freitas Professora do Curso de Fisioterapia Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá [email protected] Resumo: O presente estudo ressalta a importância das intervenções fisioterapêuticas, visto que, as mesmas aceleram a reabilitação em pacientes submetidos ao transplante cardíaco. O transplante cardíaco é um tratamento aplicado em pacientes terminais da insuficiência cardíaca e a fisioterapia atua de forma importante no processo de reabilitação destes pacientes. Neste estudo foi realizada uma pesquisa descritiva através de uma revisão bibliográfica a fim de verificar os benefícios que a fisioterapia proporciona aos pacientes transplantados. Os estudos evidenciaram que a fisioterapia desenvolve um papel de suma importância na reabilitação cardiopulmonar, atuando em possíveis complicações no pós-operatório como também na promoção da qualidade de vida. Palavras Chave: Transplante Cardíaco, Insuficiência Cardíaca, Fisioterapia, Reabilitação Cardiopulmonar. Área de conhecimento: Saúde. 1. Introdução. Embora esteja ocorrendo um aumento da expectativa de vida, devido aos avanços na área tecnológica e da saúde, a ocorrência da insuficiência cardíaca (IC) tem aumentado consequente a exposição aos fatores influenciáveis como tabagismo, desequilíbrio lipídico, hipertensão arterial sistêmica, obesidade, sedentarismo e diabetes mellitus, e fatores não influenciáveis como hereditariedade, gênero e idade (ISHITANI et al., 2006; HELITO et al., 2009; SAHADE e MONTERA, 2009). A insuficiência cardíaca (IC) é uma doença cardiovascular que implica na qualidade de vida e provoca maior desconforto comparado a outras doenças. Foi então pensando em um maior prolongamento da vida de pacientes com essas patologias, que o transplante cardíaco foi aplicado como a única terapia para pacientes em estado terminal (LIMA; SOUZA, 2015). No entanto, surgem na maioria das vezes após o transplante cardíaco, algumas complicações como sarcopenia, atrofia fraqueza muscular generalizada, redução da capacidade aeróbica. Essas complicações intercorrem devido ao período de hospitalização, à inatividade física, pela utilização de medicamentos imunossupressores, pelo número de rejeição e pelo tempo do transplante, diminuindo assim a capacidade física e funcional desses pacientes. (SBRUZZI et al. 2015) Segundo GUIMARÃES et al. 2004, a introdução das atividades físicas e exercícios respiratórios tem se demonstrado de suma importância na reabilitação do pós-operatório de transplante cardíaco, havendo uma grande melhora na capacidade de executar os exercícios, auxiliando na retomada às atividades de vida diárias após um extenso período de descondicionamento após o transplante, reduzindo assim possíveis complicações frequentes. É de responsabilidade do fisioterapeuta, elaborar o tratamento com objetivos específicos para eliminação ou redução de limitações físicas, e avaliar as condições respiratórias do paciente. (MAIR et al. 2008) Diante das considerações, esse estudo tem como objetivo, mostrar a importância da intervenção fisioterapêutica em pacientes que realizaram transplante de coração, visto que, a fisioterapia é essencial no processo de reabilitação dos mesmos. 2. Objetivos. ● Relatar alguns fatores predeterminantes que agravam o quadro de IC e evoluem para o transplante; ● Relatar possíveis complicações encontradas em pacientes transplantados; ● Mostrar a importância das intervenções fisioterapêuticas nos pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca de transplante do coração. 3. Metodologia. A fim de atingir os objetivos proposto optou-se por realizar uma pesquisa descritiva, através de uma revisão bibliográfica referente ao tema, realizado do mês de agosto a setembro de 2016, no idioma português. O desenvolvimento do estudo foi realizado através da análise após seleção de artigos científicos e teses, obtidos nas bases de dados da Scielo, e busca manual na biblioteca da Universidade UNAERP campus Guarujá. 4. Resultados e discussão. As doenças cardiovasculares representam um grave problema mundial em saúde pública. No Brasil, é a principal causa de óbito da população, dentre as quais a insuficiência cardíaca (IC) se destaca, sendo caracterizada como estágio final de grande parte das cardiopatias. (MAGAÑA e RUBÉN, 2005; ISHITANI et al., 2006) Para tanto, evidencias mostram uma intima relação de alguns fatores etiológicos predisponentes para o desenvolvimento, evolução e agravamento da insuficiência cardíaca: ● Hipertensão arterial sistêmica: A hipertensão não controlada gera uma hipertrofia ventricular esquerda, que por sua vez é um fator importante para o surgimento da IC (Albanesi Filho, 1998). Sendo assim, um tratamento adequado da hipertensão tem como beneficio impedir o avanço ou prevenir o surgimento de hipertrofia ventricular esquerda ou regredir uma hipertrofia já existente (Cohn, 1998). ● Diabetes mellitus: É um fator de risco independente para o desenvolvimento de IC (McKelvie et al, 1999). ● Etilismo: Um controle do consumo demasiado de álcool pode prevenir a remodelação ventricular e a sua disfunção que levam à IC (Cohn, 1998). ● Obesidade: A Obesidade está intimamente relacionada a diversas doenças que geram morbidade e mortalidade, e é um fator de risco autônomo para o desenvolvimento da IC. (FERREIRA et al 2009) ● Tabagismo: O consumo de cigarros potencializa o risco de desenvolver a doença cardiovascular, independente dos níveis de colesterol, visto que, baixos níveis de colesterol não indicam efeito protetor nos fumantes. (GUS; MEDINA; FISCHIMANN, 2001). ● Sedentarismo: A inatividade física é um hábito de aquisição relativamente recente e crescente na história da humanidade, sendo o sedentarismo um fator de risco livre para as doenças cardiovasculares. (COWELL; WARREN; MONTGOMERY, 1999). Hiperlipedemia: Diversos estudos demonstram que há relação entre excesso de gordura corporal e o risco de doenças, que são importantes causas de morbimortalidade, inclusive doenças cardiovasculares, que estão entre as principais responsáveis por mortes no Brasil e no mundo. (Sherpherd A. 2009 Obesity: prevalence, causesand clinical consequences.) 5. Complicações no transplante cardíaco. A elaboração do tratamento depende das possíveis complicações que podem ocorrer, principalmente em relação às medidas de prevenção ou detecção precoce de alterações que sinalizem o seu início, evitando o seu surgimento ou agravamento (SILVA; CARVALHO, 2012). As principais complicações encontradas no pós-operatório de cirurgia cardíaca são pulmonares, nas quais se destacaram hipoxemia, diminuição da complacência pulmonar, redução dos volumes e capacidades pulmonares, pneumonia e atelectasia. Também podem ser observadas complicações neurológicas e outras complicações, como dispnéia, tosse seca ou produtiva, hipercapnia, pneumotórax, infecção da incisão cirúrgica, sangramento, síndrome do desconforto respiratório agudo, embolia pulmonar, pneumopericárdio, infarto agudo do miocárdio perioperatório, síndrome do baixo débito cardíaco, insuficiência cardíaca congestiva, arritmias, derrame pericárdico, tamponamento cardíaco, complicações gastrointestinais e renais. 6. Reabilitação fisioterapêutica no transplante cardíaco. As intervenções fisioterapêuticas abrangem diversas técnicas aplicadas aos pacientes submetidos ao TC, podendo utilizar a fisioterapia respiratória reexpansiva e desobstrutiva, incentivadores respiratórios como acessório da terapia, sendo os mesmos de fácil manuseio e alta eficácia, utilizados em todo o processo de reabilitação. (CAVENAGHI et al. 2011) Após o transplante o paciente pode apresentar crises ansiogênicas, devido ao medo das possíveis complicações pós-cirúrgicas. Por isso é de grande importância o fisioterapeuta descrever os procedimentos e realizá-los com segurança, a fim de conquistar a confiança do paciente, onde repercutirá de maneira positiva no tratamento. (SARMENTO, 2010) Os procedimentos fisioterápicos nesses pacientes proporcionam a redução nos índices de morbimortalidade, pois é sabido que a execução dos exercícios físicos é fundamental para uma melhor adaptação fisiológica que terá consequência uma melhora na qualidade de vida. ( FOGAÇA et al.2012) Durante o período de internação em paciente transplantado são utilizados diversos métodos fisioterapêuticos. Essas intervenções ocorrem devido às necessidades especiais e básicas do paciente. A fisioterapia motora tem como objetivo atuar no enfraquecimento muscular que ocorre devido à restrição ao leito por tempo prolongado. Diversas vantagens são observadas com a pratica da fisioterapia motora em transplantados, podendo, dessa forma, presenciar o ganho de força e de resistência muscular, manutenção da flexibilidade articular, diminuindo o risco de traumatismo musculoesquelético, alterações na formação corporal e consequentemente a melhora do condicionamento cardiovascular. Por fim a presença do fisioterapeuta vem se tornando cada vez mais solicitada, pois o mesmo contribui na prevenção e no tratamento de possíveis complicações motora e respiratória devido à imobilidade no leito (ARAUJO, 2010). A atuação da fisioterapia respiratória assume um papel de extrema importância para recuperação desses pacientes, pois a mesma tem inícios antes mesmo do procedimento cirúrgico. Essas intervenções têm como objetivo adaptar os pacientes em sua nova condição clínica após o transplante, prevenindo possíveis exacerbações e descompensações respiratórias. Durante o processo de reabilitação cardiopulmonar é utilizado às manobras de higiene brônquica, reexpansão pulmonar e o uso de incentivadores que auxiliam na evolução do quadro clínico. 7. Conclusão. Em virtude dos fatos mencionados a fisioterapia desenvolve um importante trabalho na reabilitação cardiopulmonar em pacientes submetidos ao transplante cardíaco. Dentre os recursos fisioterapêuticos, a fisioterapia respiratória abrange exercícios respiratórios específicos no pós-operatório que resultam em uma melhora da capacidade aeróbica, o que diminui as chances de desenvolver complicações pulmonares. Por sua vez, a fisioterapia motora vem se mostrando importante na prevenção de complicações musculoesqueléticas devido ao longo período de internação. 8. Referências bibliográficas. Albanesi Filho FM. Medidas Preventivas na Insuficiência Cardíaca Congestiva e Cardiomiopatia Dilatada. Revista Socerj, São Paulo, Jul-Ago-Set, 1998. ARAUJO A. E. T. Atuação da fisioterapia motora no sistema musculoesquelético e na independência funcional dos pacientes em UTI. Brasília: 2010 CAVENAGHI et. al. Fisioterapia operatória no pré e pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio. São José do Rio Preto: 2011 Cohn JN. Preventing Congestive Heart Failure. Annual Clinical Focus on prevention and management of cardiovascular disease 1998. Disponível em. Acesso em 20 de mai. 2002. Cowell JM, Warren JS, Montgomery AC. Cardiovascular risk prevalence among diverse school-age children: implications for schools. J Sch Nurs. 1999; 15: 8-12 da literatura. Porto Alegre: 2012 Ferreira Klein Débora et al.. Obesidade e insuficiência cardíaca: análise das características clinica em relação aos indicies antropométricos. Faculdade de Medicina/PUCRS, 2009. FOGAÇA et al. O papel da reabilitação física após o transplante cardíaco: uma revisão LINK (file:///D:/Documents/Downloads/Obesidade%20(2).pdf) GUIMARÃES et al. Reabilitação física no transplante de coração. 2004 Gus, Iseu; Fischmann, Airton; Medina, Cláudio. Prevalência dos Fatores de Risco da Doença Arterial Coronariana no Estado do Rio Grande do Sul/ Fundação Universitária de Cardiologia, Porto Alegre-RS,2001. LINK ( http://www.scielo.br/pdf/%0D/abc/v78n5/9377.pdf) MAIR et al. Perfil da fisioterapia na reabilitação cardiovascular no Brasil. São Paulo: 2008. McKee PA, Castelli WP, McNamara PN et al. The natural history of congestive heart failure: The Framigham Study. New England Journal of Medicine, Boston, v. 285, p. 1441-6, 1971. REGENGA, M. M. Fisioterapia em cardiologia da U.T.I. 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