- Faculdade Redentor

Propaganda
FACULDADE REDENTOR - ITAPERUNA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
ANA CLARA MARTINS FONSECA
HOSPITAL PSIQUIÁTRICO
ITAPERUNA
2015
1
ANA CLARA MARTINS FONSECA
HOSPITAL PSIQUIÁTRICO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Graduação de Arquitetura
e Urbanismo da Faculdade Redentor –
Itaperuna, como requisito parcial para
obtenção de Grau em Arquitetura e
Urbanismo. Orientador: Artur Rodrigues.
Faculdade Redentor – Itaperuna - RJ
ITAPERUNA
2015
2
RESUMO
Apesar do tema saúde mental ser discutido a muitos séculos, ele tem se mostrado
bastante atual. Ainda não se chegou a um consenso geral sobre qual o tratamento certo
para doentes mentais, nem o que realmente causa os transtornos psíquicos. Hoje em dia
existe uma corrente de estudos muito forte contra a institucionalização dos pacientes
mentais em todo mundo. Porém, novos hospitais têm sido construídos em diversos países
em uma tipologia totalmente nova, dentro da cidade, com abertura para a comunidade,
onde os ditos doentes mentais podem conviver em sociedade, trabalhar e ter momentos de
lazer. No Brasil, no início do século XIX, quando houve a institucionalização da psiquiatria,
foi forte a influência dos ideais franceses de Pinel e Esquirol, e seu primeiro manicômio já
foi concebido dentro dos ideais do movimento NO-RESTRAINT. A primeira lei promulgada
foi inspirada nos estudos de Esquirol. O movimento antimanicomial, desde o seu início em
1970 até os dias de hoje, tem ganhado força no Brasil, mas os resultados não tem sido
satisfatórios, pois, com a desativação de cerca de 90 mil leitos durante o movimento,
restaram apenas 0,34% do necessário, e não existem alternativas de tratamento suficiente
para o atendimento de todos os doentes mentais. Esse trabalho se apoia na necessidade
de inovação no campo do tratamento psiquiátrico no Brasil. A proposta é oferecer um
hospital que em seus aspectos arquitetônicos, conceda um tipo de tratamento diferente,
focando na cidadania dos doentes mentais e oferecendo um embasamento para que o
paciente possa voltar a viver em harmonia com a sociedade, dentro de sua própria
normalidade.
3
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 6
2.
JUSTIFICATIVAS ..................................................................................................................................... 8
2.1 - Justificativa temática ........................................................................................................................... 8
2.2 - Justificativa Público alvo ..................................................................................................................... 9
2.3 - Justificativa do local .......................................................................................................................... 10
3.
ANÁLISES DO TERRENO E ENTORNO .......................................................................................... 14
3.1 - Local de Intervenção e entorno ....................................................................................................... 14
3.2 - CONDICIONANTES AMBIENTAIS................................................................................................. 15
3.2.1 - Ventilação, insolação e hidrografia.......................................................................................... 15
3.2.2 - Mata e Vegetação ...................................................................................................................... 17
3.2.3 –Topografia .................................................................................................................................... 18
3.3 - CONDICIONANTES URBANOS ..................................................................................................... 19
3.3.1 - Hierarquia viária.......................................................................................................................... 19
3.3.2 - Cheios e Vazios .......................................................................................................................... 21
3.3.3 - Usos e Funções .......................................................................................................................... 22
3.3.5 - Pontos Nodais ............................................................................................................................. 25
4.
HISTÓRICO ............................................................................................................................................. 29
4.1 - Século XVI - Renascença: A nau dos insensatos ........................................................................ 29
4.2 - Século XVII - Institucionalização ..................................................................................................... 29
4.3 - Século XVIII - Hospital como instrumento terapêutico ................................................................ 30
4.4 - Século XIX – O “Espaço da mente” ................................................................................................ 35
4.5 - Século XX – Das comunidades terapêuticas à Antipsiquiatria ................................................... 42
4.6 - Século XIX até a atualidade – Breve histórico sobre a psiquiatria no Brasil............................ 44
5.
VISITAS TÉCNICAS .............................................................................................................................. 49
5.1 - CAPAAC - Centro de Atendimento Psiquiátrico Aristides Alexandre Campos ........................ 49
5.2 - Clínica Psiquiátrica Villa Verde – Bromélias .................................................................................. 54
6. LEGISLAÇÃO ............................................................................................................................................ 59
6.1 - Uso e Ocupação do Solo. (Decreto Lei 530/88) ........................................................................... 59
6.2 - Portarias .............................................................................................................................................. 59
6.3 - Normas Técnicas ............................................................................................................................... 61
7 .REFERÊNCIAS PROJETUAIS ............................................................................................................... 62
4
7.1 - Referências Específicas ................................................................................................................... 62
7.1.1 - Hospital Psiquiátrico Kronstad – Bergen, Noruega............................................................... 62
7.1.2 - Centro Psiquiátrico Friedrichshafen ........................................................................................ 69
7.1.3 - Comparativo ................................................................................................................................ 76
7.2 - REFERÊNCIAS GERAIS ..................................................................................................................... 79
7.2.1 - Houseunderthe Oaks por Juri Troy Architects ........................................................................... 79
7.2.2 - ÖstraPsychiatry Hospital – White ................................................................................................ 80
8. PROGRAMA DE NECESSIDADES ................................................................................................ 82
9. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 85
9. 1 - Referências de imagens .................................................................................................................. 88
5
1. INTRODUÇÃO
O trabalho apresenta pesquisas teóricas e práticas para justificar a implantação e
apoiar o desenvolvimento projetual de um Hospital Psiquiátrico na cidade de Muriaé.
O tratamento psiquiátrico no mundo teve início no século XVII com o esvaziamento
dos leprosários. Não se sabia o que fazer com os lugares que tinham sido construídos para
isolamento dos leprosos, pois a doença estava se extinguindo, e essas construções
ficavam fora da cidade. Então, os leprosários passaram a ser utilizados para o abrigo de
diversos segregados da sociedade, entre eles, os doentes mentais.
O século XVIII foi marcado pelo aspecto humanizado que foi dado aos hospitais. A
preocupação com o ser humano se estendeu aos asilos de doentes mentais. Foi nesse
século que estudiosos importantes se dedicaram a formular novas teorias para tratamento.
Pinel, considerado o pai da psiquiatria, liderou o movimento que retirou as grades e
algemas dos manicômios; Esquirol defendia o tratamento moral da loucura e uma maior
participação do médico no tratamento; Tuke acreditava que o processo de perda da razão
se dava pelo distanciamento que a sociedade estava tomando da natureza, e por isso,
acreditava que para recuperar a racionalidade, o doente deveria ficar em um retiro em um
ambiente bucólico.
No século XIX houve o advento do tratamento organicista, que acreditava que a
doença mental vinha de uma lesão no cérebro. Foi um modo de aumentar a aceitação da
psiquiatria no ramo dos estudos científicos e como uma das especializações da medicina.
O tratamento nessa época era muito voltado para o estudo das doenças, e por isso, o
médico, através disso, tinha o poder de fazer a doença desaparecer e reaparecer quando
fosse mais conveniente para os estudos. Todo esse sobrepoder do médico deu origem a
um esboço do que seria chamado mais tarde de movimento antimanicomial.
No século XX foram fundadas as primeiras comunidades terapêuticas, que usavam
um tratamento mais humanitário e mais voltado para a reinserção do paciente à sociedade.
Apesar disso, alguns hospitais ainda usavam métodos cruéis de tratamento e por isso, o
movimento antimanicomial e a antipsiquiatria tomaram força. Alguns países, como a Itália,
promulgaram leis que previam que fossem extintos todos os hospitais psiquiátricos do país.
É sabido que a descoberta das drogas psicoativas e os movimentos humanistas tem
dado força a extinção dos hospitais no Brasil. Porém, a Reforma Psiquiátrica tem
mascarado diversos problemas das instituições psiquiátricas. O fechamento, sem
assistência ou acompanhamento, de diversos hospitais tem sido justificados por esse
6
movimento. Durante o desenvolvimento desse trabalho foi fechado o hospital que assistia
ao município de Muriaé e mais 88 municípios por falta de repasse de verba do governo
federal. De acordo com a Portaria nº 1101/GM de 12 de julho 2002, o número certo de
leitos é 0,45 para cada 1000 habitantes, e o Brasil tem cerca de 30 mil leitos para toda sua
população.
Esse trabalho se apoia na necessidade de inovação do tratamento psiquiátrico no
Brasil, visto que ele tem se apoiado num movimento que tem perdido força no mundo. E
enquanto muitos países têm aberto novos hospitais e novos meios de tratamento, o Brasil
tem simplesmente fechado seus hospitais e oferecido um número insuficientes de locais
com tratamentos alternativos.
O projeto que se apoia nessa pesquisa, terá como base do tratamento a reinserção
do paciente na sociedade, trabalhando isso entre os internos, como uma pequena
comunidade. O tratamento se dará em duas fases; primeiro, os casos mais graves, ficarão
em um espaço interno do hospital, onde poderão ser monitorados mais facilmente; na
segunda fase, o paciente será transferido para um módulo externo onde ele poderá viver
em uma pequena sociedade com os outros pacientes. Além disso, também haverá os
espaços de lazer e trabalho.
7
2. JUSTIFICATIVAS
2.1 - Justificativa temática
Segundo dados da OMS (2011) 400 milhões de pessoas no mundo sofrem de algum
tipo de doença mental. No Brasil, o número chega a 23 milhões e dentre estes, 5 milhões
de nível moderado a grave. Nos últimos anos, durante a reforma psiquiátrica do Brasil, que
teve seu ápice na década de 90, (um eco da reforma que ocorreu na Europa e EUA, por
volta da década de 70), até hoje, foram desativados cerca de 90 mil leitos em hospitais
psiquiátricos (Revista em discussão! 2011). Porém, os princípios do movimento
antimanicomial não iam contra os princípios dos hospitais psiquiátricos em sua origem,
mas sim, contra a forma como eram tratados os doentes mentais e a forma com que eram
feitos os diagnósticos. Por ser uma doença com diagnóstico de cunho subjetivo, o médico
psiquiatra tomava o título de “mestre da loucura” e era quem decidia quem seria internado
ou não, sem escolha ou participação do doente.
Vários outros motivos justificaram o movimento: o advento da psiquiatria organicista,
que tratava a doença mental apenas com drogas psicoativas e intervenções físicas; o
tratamento desumano dado aos internados; os questionáveis métodos de recuperação,
que incluíam eletrochoques e lobotomia; as superpopulações dos hospitais; e o fato de que
não havia atividades para que os internos pudessem se recuperar e socializarem entre si,
como por exemplo, natação, aulas de artes, esportes, etc; que faziam parte do tratamento,
mas não eram utilizadas.
Nos tempos atuais, quase vinte anos após o ápice do antimanicomialismo, apesar
do movimento ter sido considerado um sucesso, estudos tem indicado um crescimento
substancial no número de doentes mentais em nossa sociedade, e a maioria deles é
tratada com medicamentos com fortes efeitos colaterais. Angell (2012) levanta um
questionamento sobre até que ponto os remédios psicoativos tem relação com o
crescimento do número de diagnósticos de doenças mentais. Já Sacks (2009) escreve
sobre as virtudes perdidas do hospício, que segundo ele, “ofereciam controle e proteção
para os pacientes,” o que era crucial para recuperação. Os bons hospitais ofereciam
estabilidade, rotina, tranqüilidade, abrigo, e naturalmente, atividades para que os internos
reaprendessem a conviver em comunidade.
8
Nogueira (2005) fala dos princípios de uma personalidade desintegrada, alienada e
desamparada, que dá origem à doença mental em diversos níveis. A autora teoriza sobre
até que ponto o paciente usa o espaço físico do hospital como seu ego auxiliar para
amenizar o sentimento de desamparo. Logo, o espaço e o ambiente tem grande influência
na terapia reconstitutiva da personalidade e no retorno de modo realmente saudável do
paciente à sociedade.
2.2 -Justificativa Público alvo
O hospital será voltado para pessoas que sofrem de doenças mentais de nível
moderado a grave, e que a doença as impeçam de ter um convívio social saudável,
pessoas a quem os tratamentos alternativos não tenham surtido efeito. O público alvo do
hospital será a população dos 11 municípios mais próximos de Muriaé, pertencentes à
microrregião de Muriaé, totalizando uma população de 163.996 habitantes, segundo dados
do IBGE (2014). O hospital terá capacidade para 74 internações simultâneas, cálculo feito
de acordo com a Portaria nº 1101/GM de 12 de julho 2002, que estipula 0,45 leitos para
cada 1000 habitantes.
Figura 1 – Microrregião de Muriaé
Fonte: Blog Professor Marciano Dantas.
9
2.3 - Justificativa do local
Nas cidades próximas de Muriaé, na região da Zona da Mata mineira, apenas uma
cidade se destaca no tratamento de doentes mentais: é a cidade de Juiz de Fora (a
aproximadamente 161,4km de Muriaé). Leopoldina (a aproximadamente 63km de Muriaé),
teve recentemente um hospital com 161 leitos fechados por falta de repasse de verbas do
governo. Ele tinha um alcance de 89 municípios, com população de 1.292.000 e a partir do
fechamento cada cidade que fazia parte do raio de alcance do hospital passou a ser
responsável por seus próprios doentes mentais. Dentre as 9 clínicas e hospitais
psiquiátricos de Juiz de Fora, 6 foram fechadas nos últimos 3 anos. Um dos principais
hospitais, o Dr. Aragão Villar foi interditado em 2013 por órgãos sanitários por falta de
condições físicas e de profissionais para o funcionamento do mesmo.
Ao todo, temos em Juiz de Fora 345 leitos, sendo 316 espalhados em 3 hospitais
especializados, e os outros 29 em hospitais gerais. Nas cidades de Carangola, Cataguases
e Viçosa temos ao todo 14 leitos em hospitais gerais. (Dados: CnesWeb)
Figura 2 - Microrregiões da Zona da Mata e Numero de Leitos psiquiátricos.
Fonte: Blog Professor Marciano Dantas.
10
Em Muriaé há dois hospitais gerais (Casa de Saúde Santa Lúcia e Casa de
Caridade de Muriaé – Hospital São Paulo), um hospital especializado em cardiologia
(Prontocor Muriaé Ltda) e um hospital de oncologia (Hospital do Câncer de Muriaé –
Fundação Cristiano Varella). Não há hospitais nem clinicas especializadas em psiquiatria,
como também não tem leitos reservados em nenhum hospital geral.
Figura 3 - Rede Hospitalar de Muriaé. Fonte: Google Earth. Editado pela autora.
O terreno foi escolhido a partir do entendimento da forma de tratamento que será
oferecida pelo hospital. Primeiramente, por ser um hospital de internação, a escolha
preferencialmente deveria ser por um terreno dentro da cidade para facilitar o
acompanhamento da família dos pacientes, e longe do centro, um local mais tranquilo e
com menos trânsito, pois apesar da proposta do tratamento ser com o retorno ao convívio
social, isso se dá junto com os outros pacientes.
11
Figura 4 - Fonte: Google Earth. (Editado pela autora).
Área de Proteção Permanente
Terreno
Figura 5 - Vista Sudeste- Foto: Acervo da autora.
Figura 6 - Vista Noroeste- Foto: Acervo da autora.
12
Figura 7 - Vista Rua lado Nordeste do Terreno - Foto: Acervo da autora.
13
3. ANÁLISES DO TERRENO E ENTORNO
3.1 - Local de Intervenção e entorno
A delimitação da área para análise levou em consideração o terreno em relação à
rodoviária da cidade, pois é um ponto de importância para a mobilidade entre as cidades,
visto que o hospital será de alcance intermunicipal.
Figura 8 - Local de Intervenção e entorno. Fonte: Levantamento Geofísico de Muriaé e Google Earth. Editado pela autora.
14
3.2 - CONDICIONANTES AMBIENTAIS
3.2.1 - Ventilação, insolação e hidrografia
A cidade de Muriaé se situa na Zona da Mata mineira, que fica localizada numa área
de Mata Atlântica. O clima é tropical, quente e úmido no verão, chegando a temperaturas
máximas de 40°, seco e com temperaturas medianas no inverno, com média de 20° com
baixo índice de precipitações. Entre os meses de novembro e fevereiro, há alto índice de
precipitações, e no lado sul do rio Muriaé há frequentes inundações, sendo a pior dos
últimos anos a inundação de 2012, que atingiu todas as cidades por onde passa o rio
Muriaé. O vento predominante da região é o Sul-sudeste (SSE), de acordo com o Instituto
Nacional de Meteorologia (INMET). O terreno não sofre com inundações. O projeto deverá
levar em consideração medidas para amenizar as altas temperaturas do local e aproveitar
a direção do vento predominante.
15
Figura 9 - Hidrografia e Clima. Fonte: Levantamento Geofísico de Muriaé e Google Earth. Informações sobre o clima cedidas pelo
INMET. Editado pela autora.
16
Figura 10 - Gráfico climático de Muriaé.
Fonte: Muriaé in Wikipédia.
Figura 11 - Inundação rio Muriaé em 2012.
Fonte: Site Carangola, uma linda cidade, 2015.
3.2.2 - Mata e Vegetação
Ao norte há uma região de mata fechada, que é uma Área de Proteção Permanente
(APP). No entorno imediato do terreno há uma grande zona permeável com vegetação
rasteira, assim como nos canteiros mais ao centro da região analisada. A massa arbórea
tem maior concentração logo abaixo da APP e alguns pontos menos concentrados nas
zonas residenciais a leste e nos canteiros da rodovia. Ao sul quase não há pontos de
vegetação. Do terreno onde será implantado o projeto se tem uma vista para a APP, o que
cria um clima agradável e diminui a temperatura local, por isso, o projeto levará em conta a
17
vista para ser aproveitada por todos, construindo assim, na ponta noroeste do terreno um
local para uso coletivo.
Figura 12 - - Vegetação. Fonte: Levantamento Geofísico de Muriaé e Google Earth. Editado pela autora.
3.2.3 –Topografia
O trecho analisado compreende uma área que vai da altitude de 190 m. a. n. m.
(metros acima do nível do mar) até 250m. A área com a maior altitude é onde se situa a
mata preservada, e o trecho mais baixo é ao sul, mais próximo do rio, se aproximando do
18
centro da cidade, a área mais adensada dentro do trecho analisado. O terreno escolhido
tem aproximadamente 8 metros de desnível, variando de 215 m de altitude na extremidade
sudeste até 223 m na extremidade noroeste. A parte mais baixa do terreno poderá ser
nivelada, mas a topografia da parte noroeste vai ser aproveitada na concepção da forma.
Figura 13 - Topografia. Fonte: Levantamento Geofísico de Muriaé e Google Earth. Editado pela autora.
3.3 - CONDICIONANTES URBANOS
3.3.1 - Hierarquia viária
O acesso ao terreno se dá por vias locais. O entorno do terreno tem pouco fluxo de
veículos, e isso se mostra importante pelo aspecto de refúgio e tranquilidade da proposta
19
projetual. A maior parte das vias do bairro Boa Vista são locais, e no bairro da Gávea há
algumas vias coletoras. As vias arteriais ficam relativamente longe do terreno e não
interferem diretamente no projeto.
Figura 14 - Fonte: Vias Principais. Levantamento Geofísico de Muriaé e Google Earth. Editado pela autora.
20
Figura 15 - Hierarquia Viária. Fonte: Levantamento Geofísico de Muriaé e Google Earth. Editado pela autora.
3.3.2 - Cheios e Vazios
No entorno imediato do terreno há poucas construções. Mais ao norte existe uma
área de proteção permanente, e a medida que se aproxima do centro vemos um
adensamento gradativo. A maior densidade está na margem sul do Rio Muriaé e a oeste,
21
onde fica um bairro residencial. O projeto ficará situado em um local relativamente longe do
adensamento, e por isso, o caráter de refúgio poderá ser melhor desenvolvido.
Figura 16 - Livre e Construído. Fonte: Levantamento Geofísico de Muriaé e Google Earth. Editado pela autora.
3.3.3 - Usos e Funções
A predominância de uso do solo em toda a área analisada é residencial. Porém no
entorno imediato ao terreno, nos poucos locais construídos, temos mais construções de
22
uso industrial. A oeste temos um bairro residencial, com poucas construções utilizadas
para outros fins. Ao sul temos o bairro mais adensado, que também é residencial em sua
maioria, apesar de termos alguns pontos de comércio e algumas poucas instituições.
Apenas no centro da área analisada há uma pequena parte com uso comercial. Pelo
terreno estar ao lado de uma confecção, o estacionamento ficará entre a confecção e o
hospital para que haja um maior isolamento da área industrializada.
Figura 17 - Uso do solo. Fonte: Levantamento Geofísico de Muriaé e Google Earth. Editado pela autora.
23
3.3.4 – Gabarito
No entorno imediato do terreno temos predominância de prédios de 1 a 3
pavimentos. Já no bairro da Gávea, que fica a leste, há maior número de construções com
2 pavimentos. No bairro da Barra, ao sul, a maioria é de 1 a 4 pavimentos, sendo que
alguns chegam a 6. Poucas edificações chegam a 7 pavimentos na área analisada.
A ideia inicial do projeto é ser apenas térrea, sendo assim, não influenciará na
paisagem urbana.
24
Figura 18 - Gabarito. Fonte: Levantamento Geofísico de Muriaé e Google Earth. Editado pela autora.
3.3.5 - Pontos Nodais
Como referência à localização do terreno, temos o terminal rodoviário e o Centro
Administrativo Municipal Presidente Tancredo Neves, os Supermercados Sales e
25
Bahamas. Como o hospital é de alcance intermunicipal, é importante ter o terreno próximo
à rodoviária para facilitar as visitas dos familiares.
Figura 19 - Pontos Nodais. Fonte: Levantamento Geofísico de Muriaé e Google Earth. Editado pela autora.
26
Figura 20 - Terminal Rodoviário. Fonte: Panorâmio.
Figura 21 - Centro Administrativo. Fonte: Acervo Pessoal.
Figura 22 - Supermercado Bahamas. Fonte: Acervo Pessoal.
27
Figura 23 - Supermercado Sales. Fonte: Acervo Pessoal.
28
4. HISTÓRICO
4.1 - Século XVI - Renascença: A nau dos insensatos
Na época do renascimento, muitos mitos gregos foram relembrados, dentre eles, o
dos Argonautas - mito que conta a história dos tripulantes da nau Argo, que navegaram os
mares em busca do velocíno de ouro – que deu origem a outras alegorias relacionadas a
essas embarcações, que levavam seus tripulantes e passageiros em busca de riqueza, ou
de suas próprias verdades e seus destinos. Dentre essas alegorias temos a “Nau dos
Príncipes e das Batalhas da Nobreza” em 1502 a “Nau das Damas Virtuosas” em 1503 e
também houve uma Nau da Saúde.
Dentre todas uma se destacou: a Narrenschiff, que simbolizava a Nau dos Loucos,
em que os seus tripulantes não sabiam pra onde iam, nem se importavam com isso.
Algumas fontes citam que a Nau dos Loucos era uma paródia da Igreja Católica, que era
representada na época como a Arca da Salvação.
Apesar da representatividade da Nau dos Loucos, que simbolizava muito bem a vida
errante e alienada que os insensatos viviam, ela foi a única que não ficou apenas na
alegoria. A Nau dos Loucos realmente existiu, e levava a sua carga insana para o alto-mar,
ou aportava em cidades diferentes da sua origem.
A peregrinação em busca de iluminação individual era comum na época, e não se
sabe bem se era essa a função das navegações com os loucos (a busca da cura
milagrosa), ou se era pra livrar as cidades deles, ou ambas. Não se acreditava na cura
para a loucura, era uma doença mantida no campo do metafísico.
Algumas cidades mandavam seus loucos para outras cidades, e assim, quando os
navios aportavam e deixavam lá seus passageiros, as pessoas relacionavam o mar com a
loucura. E foi assim que surgiu a crença de que as pessoas ficavam loucas em alto-mar, e
eram as ondas e a falta de estabilidade que provocavam isso. Algumas pessoas
relacionavam a melancolia ao clima úmido de algumas cidades.
Depois de algum tempo cada cidade se responsabilizou em cuidar dos seus loucos,
e os trancafiavam junto dos criminosos, nas prisões, sem tratamento adequado.
4.2 - Século XVII - Institucionalização
Os primeiros asilos para doentes mentais foram os antigos leprosários. Quando a
hanseníase regrediu e diminuiu consideravelmente o número de doentes, a doença
29
venérea substituiu primeiramente a lepra como a doença da exclusão. Logo depois, na
renascença, os leprosários passaram a abrigar todos os rejeitados da sociedade, como,
prostitutas, pobres, incuráveis, vagabundos, e os loucos.
Os asilos não tinham a intenção de tratar, apenas abrigara os que não tinham onde
ficar e não podiam conviver em sociedade. Neles, as pessoas eram deixadas para morrer
e eram cuidadas pelos benemerentes, que acreditavam que iam ganhar o reino de Deus
através de suas ações de caridade. (NOGUEIRA, 2005).
Os primeiros hospícios foram criados por volta do século XVII. Eram alas em
hospitais gerais que cuidavam dos doentes que não tinham condições de se tratar em
outros hospitais. Nenhum dos que cuidavam dos loucos nesses lugares tinham qualquer
formação ou treinamento no campo da psiquiatria, assim, nenhum deles recebia
tratamento adequado. De acordo com Nogueira:
Era comum encontrar nas edificações quartos estreitos com pouca circulação
de ar, ausência de luz e excessiva umidade. O leito era um tablado preso à parede
ou feito de palha espalhada no próprio piso. Este se tornava um depositário de urina
e fezes, produzindo um odor insuportável. Normalmente se utilizada uma pedra,
como parte do mobiliário, à qual o louco poderia ficar acorrentado. Em uma espécie
de concha cavada na própria pedra era depositada a água. Na cela havia uma
pequena abertura de comunicação por onde se passavam os alimentos. Também
era comum a utilização de grades visando trancafiar os loucos nesses hospitais de
exclusão. (2005, pag. 36)
A diferença que esses novos hospícios tinham do asilo, era a separação que o
doente mental tinha em relação aos outros doentes. No asilo, eles não eram separados em
alas como nos hospitais gerais. E assim, a observação das doenças passou a ser mais
frequente, e esse foi o primeiro passo para a construção de uma edificação especializada.
4.3 - Século XVIII - Hospital como instrumento terapêutico
Até o século XVIII, a prática médica era mantida fora do hospital, e quem a realizava
eram as igrejas e instituições de caridade. O hospital começou a ser entendido como um
instrumento terapêutico depois do inquérito realizado por Tenon, um médico que visitou
hospitais da Europa a fim de reconhecer erros nas construções, pois nessa época eles
perceberam que os hospitais não eram bons o suficiente para curar as doenças. Na
verdade, o meio hospitalar mais propagava as doenças do que as curava, e foi a partir
desse inquérito que começou a se entender a importância que o ambiente hospitalar
poderia ter no alcance da cura.
30
Mas os relatos de Tenon pouco falavam sobre aspectos arquitetônicos. Ele se ateve
aos números, como diz Nogueira:
“Tenon realiza uma descrição funcional da edificação, cujo espaço passa a
ser organizado a partir de cifras, abordando dados como o número de doentes do
hospital, a relação entre número de doentes e leitos, a área útil do prédio, a extensão
e altura das salas, a cubagem do ar que cada doente dispunha, a taxa de
mortalidade e cura. Aponta, ainda, uma estreita relação entre fenômenos patológicos
e espaciais. Como exemplo cita qual deve ser a relação de vizinhança entre
pacientes ara evitar a propagação de doenças no meio hospitalar, qual a melhor
localização da lavanderia e o percurso apropriado para a circulação de roupa suja e
limpa”. (2005, p.38).
A partir dessa época os estudiosos passaram a ver a importância da participação do
médico no dia-a-dia hospitalar, e a maioria deles afirmava que a construção do hospital
não deveria ser função de um arquiteto, mas sim do médico.
O fato de que os hospitais eram um vetor de propagação de doenças foi crucial para
a reforma hospitalar do século XVIII. Temos dentro dessa reforma quatro aspectos que
foram importantes para a evolução da psiquiatria como é estudada nos dias atuais.
Primeiramente, a preocupação foi de anular os efeitos negativos que o hospital tinha sobre
as doenças, organizar o hospital a fim de que ele contasse mais com a participação dos
médicos, e, com isso evitar a propagação das doenças entre os pacientes e dentro da
cidade. A segunda preocupação foi em relação à localização do hospital, o que gerou sua
retirada do centro da cidade e a mudança para os arredores. A terceira mudança foi em
relação a participação e a capacitação do médico. Até aquele momento, o hospital ficava
na mão das obras religiosas e de caridade, e depois dessa reforma, ele passou a ser um
espaço de formação médica, onde os doentes podiam ser estudados e assim aumentar o
conhecimento que se tinha até então. O quarto aspecto foi o entendimento da psiquiatria
como uma especialização da área da medicina, que passou a ser mais reconhecida, aceita
e estudada. (Nogueira, 2005).
Foi nessa época em que três contemporâneos fizeram estudos de ideologias de
como deveriam ser construídos os hospitais que seriam especializados. Philippe Pinel,
considerado hoje como pai da psiquiatria, foi o primeiro a idealizar um espaço específico
para tratamento da loucura. Além dele, Jean-Étienne Esquirol e Samuel Tuke também
fizeram suas idealizações. Os três foram bastante influenciados pelos principios
humanistas dos iluministas da Revolução Francesa.
31
O espaço terapêutico proposto por Pinel eliminou todas as formas de contrição que
os antigos espaços adaptados dispunham. No desejo de devolver a condição humana do
doente, ele, segundo Nogueira:
“(...) decidiu retirar as cordas, as correntes, as algemas, as correias que
prendiam os loucos, e também intervir no espaço físico do manicômio, com
preocupações rigorosamente médicas de diagnóstico e tratamento.” (2005, pag. 44).
Pinel defendia que todos os preconceitos teológicos, teóricos ou metafísicos
deveriam ficar de lado na hora do diagnóstico do paciente. E como na época pouco se
sabia sobre as especificidades dos tipos de doença mental, a organização espacial dos
internos era muito importante para o estudo das doenças. Os pacientes deveriam ser
separados por peculiaridades do comportamento, e não só separados apenas como
“agressivos e não agressivos” como era feito até então. Por esse método, as observações,
diagnóstico e principalmente o tratamento seriam mais fáceis.
Foi Philippe Pinel quem implementou o movimento NO-RESTRAINT (sem restrição,
ou sem limitação). Apesar disso, o movimento não defendia uma total ausência de
controle. Em substituição às correntes e algemas, foi adotada a camisa-de-força. Segundo
Nogueira:
“(...) o manicômio, com a reforma de Pinel, passa a ter duas funções básicas
e peculiares: Servir como ambiente privilegiado para observação sistemática do
comportamento dos pacientes, com o intuito de refinar o diagnóstico, e também o de
assegurar aos pacientes experiencias reais que corrigissem “pedagogicamente” os
vícios de sua razão desviada.” (2005, pag. 45).
O espaço terapêutico proposto por Esquirol tinha por finalidade maior o tratamento,
diferente do proposto por Pinel, que tinha também a finalidade de formular uma nosografia
(descrição e classificação das doenças) da loucura. (NOGUEIRA, 2005)
32
Figura 24 - Hospital Psiquiátrico construído dentro de parâmetros dos estudos de Pinel e Esquirol. Fonte: BlogTO.
Figura 25 - Hospital Psiquiátrico construído dentro de parâmetros dos estudos de Pinel e Esquirol. Fonte: BlogTO.
Esquirol era um dos que defendiam que o hospital psiquiátrico não deveria ser
confiado apenas ao arquiteto, mas a participação do médico era crucial nessa etapa
também.
33
As ideologias de Esquirol eram muito voltadas ao espaço físico. Ele defendia que os
pacientes tinham que ser separados no hospital por aspectos sintomáticos, e que as
enfermarias tinham que ser projetadas de acordo com cada tipo de doença mental.
[Esquirol] Alertava que estas enfermarias não poderiam ser construídas de
forma uniforme, pois cada grupo necessitaria de um tipo específico de alojamento,
ou seja, dever-se-ia adequar o espaço às necessidades de cada patologia. Por
exemplo, para os furiosos oferecer-se-iam meios de segurança que seriam inúteis e
até nocivos ao restante das enfermarias. Já para os convalescentes, o espaço não
se deveria diferir em nada de uma casa comum. (NOGUEIRA. 2005, pag. 46).
Tanto para Pinel quanto para Esquirol, era clara a necessidade de devolver a
humanidade dos doentes mentais e a necessidade de se estabelecer a psiquiatria como
uma especialização da medicina. Nesse sentido, os hospitais passaram a serem mais
abertos, amplos e arejados, e a participação dos médicos passou a ser essencial em todas
as partes do processo de recuperação dos pacientes.
O inglês Samuel Tuke acreditava que a doença mental vinha do processo de
separação da natureza em que a sociedade se encontrava. Todas as preocupações e
ansiedades causavam uma perda da razão, e por esse motivo, ele acreditava que o
hospital psiquiátrico deveria estar localizado fora da cidade, em algum lugar agradável e
bucólico, que ele denominava como Retiro.
Tuke defendia que se o doente convivesse em um local previsível e sem grandes
emoções, com um modelo de família patriarcal, onde o médico era a figura mais
importante, (não superior) ele reencontraria de volta sua natureza na razão.
Um dos aspectos mais importantes do seu trabalho foi o que ele chamou de
"tratamento moral". O doente não deveria ser alienado em relação a sua doença, mas ele
deveria buscar dentro de si a sua própria cura. Enquanto quase todas as correntes de
pensamento pendiam para o tratamento alienista, o tratamento proposto por Tuke era o
olhar de um igual, de alguém equivalente, não de alguém superior. E esse olhar faria o
doente descobrir dentro de si a sua racionalidade perdida. O doente tinha parte no
tratamento, ele não ficava a mercê do alienista. Era conhecido como "o olhar do outro
como um espelho". Segundo Foucault, é através desse olhar do outro que o doente toma
consciência de sua culpabilidade e passa a buscar a sua liberdade, e assim retornar à
razão. Segundo Nogueira:
34
O olhar que Tuke propõe não é o mesmo olhar proposto por Pinel, pois este
olhar não atingia o louco diretamente, apenas capturava sua superfície monstruosa,
sua animalidade visível, mas comportava uma forma de reciprocidade uma vez que
ali o homem não podia ler, como num espelho, o movimento de sua própria queda.
(2005, pag. 52).
Samuel Tuke ficou à frente da administração de um hospital que foi fundado por seu
avó, Willian Tuke, o Retiro de York. A instituição era mantida pela Sociedade Religiosa dos
Amigos, também conhecida como Os Quackers. As ideias de Tuke eram fortemente
influenciadas por essa religião.
Figura 26 - Retiro de York. Fonte: The Retreat in Wikipedia.
4.4 - Século XIX – O “Espaço da mente”
O século XIX foi marcado por duas correntes de pensamento: a organicista e a
moralista.
No tratamento moralista, acreditava-se que a doença mental era um desvio de
racionalidade, e que necessitava de um local para o tratamento. Um lugar onde o doente
poderia ter a chance de reencontrar a sua razão e ser curado de sua doença. Nessa
corrente de pensamento era muito importante o papel do hospital como local terapêutico.
35
No tratamento organicista, a doença era tratada como uma lesão em um órgão, ou a
falta de algum hormônio, etc. O problema tinha origem orgânica e o espaço do hospital não
ajudaria ou atrapalharia o tratamento que era feito com remédios.
Com a visão organicista mais aceita, pelo fato de ser mais cientificamente
comprovável, o hospital deixou de ser tomado como um instrumento terapêutico e passou
a ser um local de observação, um lugar em que os doentes eram mantidos com
tratamentos físicos e através da utilização de fármacos. De fato, nessa época, a psiquiatria
passou a ser aceita como uma especialização da medicina, pelo tratamento científico que
foi dado às doenças. O hospital passou a ser, não apenas um local para observação, mas
também um local de experimentações. Foi nessa época que surgiu a figura do “mestre da
loucura”.
O “mestre da loucura” era quem detinha o poder de fazer a doença aparecer ou
desaparecer quando bem entendesse. O tratamento utilizado na época era formulado para
alienar a pessoa doente da doença em si. Ele não era mais parte de si próprio, mas estava
a mão, sujeito as vontades do alienista. Segundo Foucault:
Todas as técnicas ou procedimentos efetuados no asilo do século XIX −
isolamento, interrogatório particular ou público, tratamentos−punições como a ducha,
pregações morais, encorajamentos ou repreensões, disciplina rigorosa, trabalho
obrigatório, recompensa, relações preferenciais entre o médico e alguns de seus
doentes, relações de vassalagem, de posse, de domesticidade e às vezes de
servidão entre doente e médico − tudo isto tinha por função fazer do personagem do
médico o "mestre da loucura"; aquele que a faz se manifestar em sua verdade
quando ela se esconde, quando permanece soterrada e silenciosa, e aquele que a
domina, a acalma e a absorve depois de a ter sabiamente desencadeado. (p. 70)
O século XIX foi marcado pela construção de diversos hospitais. O primeiro hospício
brasileiro, o Hospital Pedro II, foi instituído no ano de 1841. Um dos maiores hospícios da
época se localizava em Paris, o Salpêtrière, que era o abrigo de cerca de 4000 mulheres.
Ele chegou a ser o maior hospital psiquiátrico da França, era conhecido como “pequeno
arsenal”, onde eram depositadas as “mulheres incuráveis, (...) vagabundos, mendigos,
indigentes, mulheres caducas, velhas, epiléticas, filhas incorrigíveis e inocentes
maltratadas (...)”.(NOGUEIRA, 2005, pag. 54).
36
Figura 27 - Pinel no Hospital de Salpêtrière. Fonte: Hospital de Salpêtrière in Wikipedia.
No ano de 1862, Salpêtrière recebeu uma reformulação em uma das alas e foram
separados os alienados, os epiléticos e os histéricos. Charcot ficou responsável pela ala
das histéricas e dizia que era como “mergulhar em um “museu de patologia vivo”
(NOGUEIRA, 2005, pag. 54). A partir daí, Charcot ficou famoso pelos seus estudos.
Médicos de toda Europa iam visitar o hospital para conhecer e vivenciar os experimentos
dele, em demonstrações do processo de desenvolvimento da patologia em um anfiteatro,
dando um aspecto espetacular a isso. Até esse momento histórico nunca se tinha
estudado a fundo essa doença.
37
Figura 28 - Charcot apresentando uma de suas lições a um grupo de médicos. Fonte: Wikimedia.
Freud visitou Salpêtrière entre 1885-86, durante sua estadia na França, para assistir
aos experimentos de Charcot. Foi a partir daí que ele se interessou em elaborar uma teoria
sobre as psicopatologias e dedicou grande parte dos seus estudos à histeria. Porém, ele
não acreditava que os problemas psicológicos vinham de lesões no cérebro.
Até aquele momento, os tratamentos e estudos sobre as doenças mentais não
levavam em consideração a fala do paciente, que era considerada vazia de razão e cheia
de subjetividade. Foi Freud quem aboliu o olhar e o silêncio através da elaboração de uma
metapsicologia.
Em uma época em que os psiquiatras se empenhavam para dar à psiquiatria um
caráter científico, Freud começou a formular suas teorias imbuídas de subjetividade, o que
fez com que inicialmente ela fosse considerada por muitos anticientífica.
Segundo
Nogueira:
A metapsicologia, proposta por Freud, permitiu uma mudança de eixo na
estruturação da clínica, onde a fala aparece como uma outra possibilidade de eixo
organizador do espaço. (2005, pag. 57).
38
A partir desses estudos, Freud questiona todos os espaços terapêuticos existentes,
pois eles não consideravam o paciente em sua individualidade. Ele era considerado um
sujeito universal. Sendo assim, elaborou um espaço da mente. Ele acreditava que o mundo
interno do paciente regia o mundo externo mediado pela subjetividade, “a “alma” não é um
lugar único, ao contrário, ela tem vários lugares.” (NOGUEIRA, 2005, pag. 58). Assim,
cada pessoa tem uma percepção diferenciada do mundo exterior, a partir de sua visão do
mundo interior. Segundo Nogueira:
(...) o que a psicanálise trouxe, com uma certa contundência, é a existência
de um sujeito singular, inscrito na sua dimensão de pathos e com múltiplas
possibilidades de vivência espacial, que não pode ser fixada. (2005, pag. 57).
Nogueira apud Dalgalarrondo:
A vivência de espaço de um indivíduo em estado maníaco é a de um espaço
extremamente dilatado e amplo, que invade o espaço de outras pessoas. O maníaco
desconhece as fronteiras espaciais e vive como se todo o espaço externo fosse seu.
O espaço externo não oferece resistência a seu eu.
Nos quadros depressivos, o espaço externo pode ser vivenciado como muito
encolhido, contraído, escuro e pouco penetrável pelo indivíduo e por outros.
Já o indivíduo com quadro paranóide, vivencia o espaço interno como
invadido por aspectos ameaçadores, perigosos e hostis do mundo. O espaço externo
é percebido como sufocante, pesado, perigoso e potencialmente aniquilador. (2005,
pag. 59 apud 2000, pag. 80).
Sendo assim, a psicanálise de Freud devolve ao paciente mental a sua
subjetividade e dá à sua fala, ignorada até então, um aspecto terapêutico.
Foi também no final do século XIX, por consequência do sobrepoder do médico, que
apareceu o movimento antimanicomial, que questionava as relações entre médico e
paciente. Segundo Foucault:
(...) a crise foi inaugurada e a idade ainda mal esboçada da anti−psiquiatria
começa quando se desconfiou, para em seguida se ter certeza, que Charcot
produzia efetivamente a crise de histeria que descrevia. Tem−se ai mais ou menos o
equivalente à descoberta feita por Pasteur de que o médico transmitia as doenças
que devia curar.(pag. 71).
O movimento antimanicomial tinha por objetivo a retirada dos pacientes dos
manicômios. Segundo Nogueira:
Havia três razões que sustentavam este movimento: a ideia de que o contato
com a vida normal poderia trazer a cura para os doentes; a urgência de reduzir a
39
população dos manicômios superlotados, correlativa à impossibilidade de se
oferecer tratamento conveniente a todos os internados; e a elevação crescente dos
custos que os manicômios acarretavam aos cofres públicos, devido ao elevado
número de internações. (2005, pag. 63).
Mas havia também muitas dificuldades a enfrentar antes da abertura dos asilos. O
problema de se ter loucos soltos pelas ruas, a perda do contato do paciente com os
familiares, o que atrapalhava o retorno dos doentes, e também o fato de que grande parte
dos pacientes tinham sido levados ao manicômio por parentes e isso significava que eles
não eram desejados no âmbito familiar, e que se voltassem passariam por dificuldades de
aceitação social, o que poderia acarretar até na piora de seu estado. A sociedade fora do
hospital ainda era considerado perigoso. Tanto o convívio social quanto o convívio familiar,
para muitos, poderia trazer uma agravação da situação do doente.
Um médico que foi contra o movimento antimanicomial foi Jules Falret, diretor do
hospital Salpêtrière em 1890 e presidente da Sociedade Médico-Psicológica. Ele defendia
o tratamento moral da loucura proposto por Pinel e Esquirol e que deveria acontecer no
ambiente hospitalar. Outro aspecto importante que ele defendia era que, se o manicômio
fosse esvaziado dos que eram considerados curáveis para abrir espaço para os crônicos,
todo o embasamento de tratamento não faria sentido, pois o tratamento era para aqueles
que poderiam ainda ser curados.
Apareceram algumas alternativas à devolução do doente ao seio de sua família,
como por exemplo, as colônias agrícolas construídas perto dos manicômios. Além de estar
perto do hospital, ele ainda poderia trabalhar, e de acordo com Pinel o trabalho não
remunerado era uma forma de tratamento, e ajudava o hospital com a alimentação, e
permitia a admissão de novos pacientes.
40
Figura 29 - Hospital Colônia de Itapuã. Fonte: Secretaria de Saúde do estado do Rio Grande do Sul.
Também houve a idéia de colocar os doentes em casas isoladas, com famílias
estranhas que os aceitassem. Os médicos escolhiam famílias que seriam aptas a receber
o paciente e eles o controlavam regularmente, permitindo a reinternação se fosse
necessário.
Falret idealizou um modelo de casas isoladas. De acordo com Nogueira:
Propõe que em uma área ampla deveriam ser agregadas casas isoladas e
nelas colocadas um número reduzido de pacientes. Era um sistema que permitiria
aos insanos uma ampla liberdade de circulação e consciência. Este sistema foi
implantado e ficou conhecido na Inglaterra, como Cottage System. A vantagem deste
era que ficava assegurada, ao paciente, a sua liberdade da disciplina manicomial
mas, ao mesmo tempo, garantia-se a supervisão das condições de vida e o
tratamento médico indispensável a ele. (2005, pag. 67)
Apesar do sobrepoder dos médicos ter desencadeado o início do movimento
antimanicomial, ele não ia contra os hospitais psiquiátricos. Nogueira apud Pessoti.
As propostas de desinternação, nos diz Pessotti (1996), não configuravam
uma contestação ao manicômio como se ele fosse ineficaz, ou fosse, por algum
motivo médico, digno de rejeição e substituição radical por outros sistemas de
assistência psiquiátrica. Tanto é assim, que os manicômios continuaram sua
trajetória, mudando-se apenas o enfoque doutrinário e a escolha dos métodos de
tratamento que, por sua vez, implicaram em mudanças das condições de vida dos
alienados, seja ela dentro ou fora do manicômio. (2005, pag. 69).
41
4.5 - Século XX – Das comunidades terapêuticas à Antipsiquiatria
O século XX foi marcado por diversas mudanças de pensamentos no âmbito
psiquiátrico. Foi nesse século que foram descobertos os remédios psicoativos e que foram
inventadas a eletroconvulsoterapia e a lobotomia. Neste mesmo período foram fundadas
as primeiras comunidades terapêuticas, e foi quando a antipsiquiatria e a reforma
psiquiátrica tomaram força.
As primeiras comunidades terapêuticas surgiram nos anos 1950, com Maxwell
Jones que propôs um novo modelo de internação. Antes dele, H.S. Sullivan já tinha, em
1929, fundado uma ala experimental no Hospital Sheppard e EnocPratt para tratamento de
casos de esquizofrenia agudo em pacientes adolescentes.
As comunidades terapêuticas se baseavam no tratamento dentro do âmbito familiar.
Só que para isso, o ambiente hospitalar e as relações entre funcionários e pacientes foram
repensadas, para que tudo pudesse lembrar uma pequena sociedade ou um grupo familiar.
Além disso, a família real do paciente passou a ser incluída no tratamento. Apesar
disso, tinha-se conhecimento de que o desequilíbrio racional e emocional do paciente
pudesse ter a ver com a relação familiar. Segundo Nogueira:
Por considerar o ambiente familiar um possível gerador de conflitos, a
comunidade terapêutica trabalhou no fortalecimento psíquico do indivíduo portador
de distúrbios afetivos, para que este pudesse resistir ao confronto, tanto no seio de
sua própria família, no momento em que este tivesse que retornar, como também
para a convivência na sociedade como um todo. (2005, pag. 71)
Esse novo modelo de tratamento não suscitou em um novo modelo arquitetônico
como fez os estudos de Pinel, Esquirol, Tuke e Falret. Diz Nogueira:
Esta é a transformação do lócus da comunidade como espaço da existência,
ou seja, alem do potencial curativo atribuído anteriormente ao lugar, a comunidade é
um espaço que abriga também a existência (2005, pag. 72).
Apesar de todo o caráter humanizado que os projetos no âmbito social receberam
após a Segunda Guerra Mundial, alguns hospitais psiquiátricos ainda eram palco de
tratamentos desumanos.
Além das internações por diagnósticos peculiares (algumas mulheres eram
consideradas aptas a internação com diagnósticos de tristeza, por serem feministas, por
42
terem perdido a virgindade antes do casamento, etc), os métodos de tratamento passaram
a ser ainda mais cruéis e de eficácia questionável. A lobotomia constava em uma técnica
de ruptura do ligamento dos lobos frontais com o resto do cérebro. Inicialmente esse
tratamento era aplicado em pacientes com diagnóstico de esquizofrenia e epilepsia, mas
com o tempo passou a ser considerada uma cura milagrosa de diversas doenças, como
ansiedade e depressão. Apesar de grande parte dos pacientes não saírem vivos da
cirurgia, e outra grande parte perder importantes funções cognitivas, o método foi utilizado
largamente no tratamento psiquiátrico.
Figura 30 - Esquema de lobotomia do lobo frontal com a técnica de "picador de gelo". Fonte: DizionariodellaSalute.
Outro método, a eletroconvulsoterapia, foi inventado da observação de que alguns
pacientes com esquizofrenia e epilepsia tinham melhora nas alucinações logo após os
ataques. Assim, o eletrochoque tinha por finalidade induzir um ataque epilético, e assim
diminuir os sintomas das outras doenças. Esse tratamento passou a ser utilizado como
método de punição por mal comportamento na maioria dos hospícios, e muitos pacientes
não saiam vivos dessas seções.
Nos anos 60, dentro desse contexto social, a antipsiquiatria tomou força. Ela põe em
contrassenso o poder e o saber médico, a institucionalização da loucura, os métodos de
tratamentos, os diagnósticos, enfim, tudo o que se sabia até aquele momento sobre a
psiquiatria passou a ser questionável. De acordo com Franco Rotelli:
Faz-se necessário repetir algo para nós óbvio, mas desconhecido para
muitos: a instituição que colocamos em questão nos últimos vinte anos não foi o
manicômio mas a loucura. Discordo daqueles que dividem os dois períodos: o
período manicomial do atual, não só por aquilo que obviamente é diferente (surplus
de violência, papel da periculosidade social, totalização das pessoas), mas também
43
por aquilo que para nós não mudou: a própria essência da questão psiquiátrica.
(1988, pag. 1).
Rotelli foi um dos grandes responsáveis pela desinstitucionalização dos hospitais na
Itália. Ele foi diretor dos serviços de saúde de Trieste e é atualmente Conselheiro Regional
e Presidente da Saúde e Política Social da Região Friuli Venezia, e defende que deve ser
dado ao manicômio um novo caráter. O hospital psiquiátrico deve ser um laboratório, um
local de labor, onde o paciente possa se despir de sua máscara de identidade
estereotipada que se sobrepõe sobre todo o doente mental e assim reencontrar o seu
papel na sociedade. Mas, apesar de defender a desinstitucionalização, o caminho a ser
percorrido para a desinternação não é tão curto. Segundo Nogueira:
(...) em Trieste, a prática da desinternação exigiu que algumas medidas
fossem tomadas.(...) retomaram-se as relações com as famílias; levaram os loucos
para a cidade; deram alta àqueles que tiveram esta possibilidade; buscaram-se
soluções de moradia e de trabalho, realizaram-se festas e reuniões abrindo o
manicômio para a cidade. Enfim, o conceito de um espaço ficou substituído pelo
conceito de liberdade como terapia. (2005, pag. 73).
Os muros que limitavam o interno e o externo ao manicômio não são mais
construídos com tijolos e pedras. A noção de limite passa a ser o “Outro”. (2005,
pag. 74).
No meio do processo de desinternação surge a figura do hóspede. Já que uma das
maiores críticas é que o paciente era levado para tratamento contra sua vontade, a figura
do hóspede é aquele que entra no hospital quando quer, e também sai quando quer. Não é
roubado dele sua identidade social nem sua personalidade jurídica. “Vai-se para dentro
porque fora não se encontra respostas à própria angustia, ou simplesmente porque não se
encontram relações de suporte para a própria vida.” (NOGUEIRA, 2005).
Torna-se crucial nesse contexto, que o arquiteto repense seus conceitos para
abrigar a existência humana e o conceito de lar na hora de projetar. “(...) o estudo do
inconsciente, através de sua ciência específica, a psicanálise, se faz presente e necessária
como instrumental teórico para a realização deste salto qualitativo que estas questões nos
colocam.” (NOGUEIRA, 2005).
4.6 - Século XIX até a atualidade – Breve histórico sobre a psiquiatria no Brasil
A psiquiatria se constituiu no Brasil no início do século XIX. O primeiro hospital
psiquiátrico fundado foi o Hospício Pedro II, em comemoração a maioridade de Dom Pedro
44
II. Inaugurado no dia 5 de dezembro de 1852 e seguia o recém instituído modelo francês.
Antes disso os doentes mentais eram internados nas Santas Casas de Misericórdias. Os
hospitais que foram construídos depois eram normalmente de arquitetura suntuosa, o que
gerou duas interpretações opostas. Segundo Miranda Sá Jr:
Os historiadores otimistas os explicavam como sendo fruto da caridade cristã,
do desejo de minorar o sofrimento alheio, de solidarizar-se com quem padece uma
doença que todos temem. Os pessimistas, por sua vez, atribuem-nos ao desejo de
esconder a miséria e a loucura, de aumentar o sofrimento do sofredor. (2007, pag.
157).
Figura 31 - Palácio Universitário da UFRJ, antigo Hospício Pedro II. Fonte: Hospicio Pedro II in Wikipedia
A primeira lei que regulamentava a assistência aos doentes mentais data do ano de
1852 e foi inspirada pelas idéias de Esquirol.
Em 1884 foram instaladas cátedras de psiquiatria nas faculdades de medicina do
Rio de Janeiro e Bahia. Isso foi importante para que as doenças mentais fossem tratadas
não mais unindo outras enfermidades. As intervenções dos psiquiatras das Santas Casas
sofreram grande influência das ideias de Pinel que propunham afastar o louco do que era
considerada a fonte de suas loucuras, ou seja, a família, a sociedade e seus hábitos de
forma geral. (FERNANDES, 2009).
Com a Proclamação da República, o Hospício Pedro II passou a ser chamado de
Hospital Nacional dos Alienados e sua administração passou para o estado, que colocou
45
Juliano Moreira na direção. Os hospitais psiquiátricos nessa época passaram a ser um
dispositivo de exclusão a todos aqueles que não se encaixavam nos parâmetros sociais da
época. Qualquer pessoa que fosse incômoda à família ou ao governo era mandada para
ser internado em algum hospital psiquiátrico. Tudo isso sofreu influência da teoria da
degenerência, que segundo Fernandes significa:
A teoria da degenerescência propunha a higienização e disciplinarização da
sociedade além de pregar uma hierarquia social, estando no ápice dela a raça ariana
e na base a raça negra (segundo a teoria mais propensa à degeneração por sua
suposta inferioridade biológica). Essas idéias ganharam mais força com o
agravamento dos problemas sociais na virada do século (necessidade de controle
das massas). A questão da ordem, do controle é tomada de grande importância.
Pode-se entender, portanto, o porque da ênfase na criação de asilos, eles são
espaços de exclusão dos desordeiros. (2009).
No início do século XX, o Brasil passou a construir hospitais inspirados nos modelos
das colônias agrícolas de Falret. Alguns exemplos são: o Hospital Colônia de Itapuã, no
Rio Grande do Sul, a Colônia dos Alienados da Ilha do Governador e a Côlonia Juliano
Moreira, no Rio de Janeiro, o Hospital Colônia de Barbacena em Minas Gerais.
Figura 32 - Hospital Colônia de Barbacena. Fonte: Blog Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena.
46
Esse último, fundado em 1903 e tinha capacidade para 200 internos. Possuía 16
pavilhões independentes, cada um para uma função específica. Chegou a abrigar 5000
pacientes, e para isso, aboliram as camas e espalhavam palha no chão para que os
doentes dormissem ocupando menos espaço. Grande parte dos doentes mentais do país
eram enviados em “trens de doidos” para o tratamento em Barbacena. Ele logo se tornou
uma referência para a psiquiatria e era procurado por todos os estados brasileiros. Estimase que 70% dos internos do Hospital Colônia não tinham diagnósticos de doenças mentais,
mas eram indesejáveis na sociedade e em suas famílias. Nos anos 50, quando o número
de internos chegava a 5000 pacientes, e estima-se que em média 16 pessoas morriam por
dia, de doença, fome, frio e maus tratos. Ao todo, morreram em torno de 60 mil pacientes,
no que ficou conhecido como o Holocausto Brasileiro.
Os funcionários e diretores do
hospital lucravam com as verbas desviadas, o trabalho não remunerado dos pacientes, e a
venda de corpos e órgãos para as faculdades de medicina do país.
No ano de 1961, os repórteres Luiz Alfredo e José Franco visitaram o hospital e
fizeram a primeira reportagem denúncia sobre o que acontecia no Colônia. No final da
década de 70, o médico Ronaldo Simões, depois de ter conhecido Foucault e recebido
influências de sua filosofia, denunciou o que acontecia no hospital no III Congresso Mineiro
de Psiquiatria.
Mas a grande visibilidade se deu realmente quando o psiquiatra italiano Franco
Basaglia visitou o Hospital Colônia levado pelo colega mineiro Antonio Soares Simone.
Basaglia era diretor do hospital de Trieste, considerado pela OMS como referência no
campo da saúde mental. Em 1979, Franco Basaglia estava no Brasil para visitar os
hospitais psiquiátricos e ficou perplexo com o que viu em Barbacena. Depois disso ele
convocou a imprensa e denunciou o que havia presenciado. O episódio ganhou as
manchetes dos jornais do país e do mundo. Com esse fato, o movimento antimanicomial e
antipsiquiátrico ganhou ainda mais força e foi iniciada a Reforma Psiquiátrica do Brasil.
A Reforma Psiquiátrica previa que fossem extintos o máximo possível de leitos
psiquiátricos, e que sejam substituídos por outras formas de tratamento. Segundo MirandaSá Jr:
A ABP(Associação Brasileira de Psiquiatria) preparou um Projeto de Lei para
estabelecer o que seria um Estatuto do Enfermo Psiquiátrico, que previa a
desospitalização progressiva, á medida que fossem instalados serviços de cuidados
primários (nas unidades sanitárias), secundários (nas policlínicas e hospitais gerais)
47
e terciários (hospitais especializados e centros de habilitação e reabilitação), todos
integrados na rede geral de assistência médica e social (...) (2007, pag. 158).
Apesar de conter uma teoria de humanização muito grande, a reforma psiquiátrica
brasileira falhou em muitos aspectos. O repasse da verba federal para os cuidados com a
saúde mental caíram de 5,7% para 2,6%, e se antes a verba ia toda para os hospitais, ela
passou a ser dividida com os outros programas do governo de recuperação dos doentes
mentais. Muitos hospitais fecharam as portas por falta de dinheiro, deixando muitos
doentes nas ruas, sem ter para onde ir e sem outras opções de tratatamento.
A desinternalização se deu antes que fossem disponibilizados outros tipos de
tratamento. Desde o início do movimento até os dias de hoje, foram desativados cerca de
90 mil leitos psiquiátricos no Brasil, e agora se tem disponível cerca 0,34% da quantidade
que seria necessária. Só nos últimos 3 anos foram desativados cerca de 3 grandes
hospitais psiquiátricos na Zona da Mata mineira, não pelos preceitos da lei antimanicomial,
mas por falta de repasse de verba, por denúncias de maus tratos e por insalubridade. As
desinternações não são acompanhadas por profissionais de saúde.
Um dos tratamentos alternativos, o CAPS (Centro de Assistência Psicossocial), em
cerca de 1500 centros espalhados pelo Brasil, é considerado insuficiente. Segundo
Miranda-Sá Jr:
Pode-se crer que os burocratas apoiaram o projeto anarquista porque ele era
menos dispendioso e permitia que o poder federal repassasse o encargo para os
municípios, livrando-se das responsabilidades que havia assumido desde
1930.(2007, pag. 158).
E tem sido assim até os dias de hoje. O fechamento de hospitais, a diminuição do
repasse de verba, o pouco caso que se tem feito com os pacientes mentais do país, que
traz ainda mais sofrimento para o doente e sua família, tudo isso sendo mascarado e
justificado pelo movimento chamado Reforma Psiquiátrica Brasileira.
48
5. VISITAS TÉCNICAS
5.1 - CAPAAC - Centro de Atendimento Psiquiátrico Aristides Alexandre Campos
O CAPAAC se localiza no município de Cachoeiro de Itapemirim no estado do
Espírito Santo e tem capacidade de internação de 38 pacientes. A instituição funciona
como pronto atendimento e também com internação. O setor de pronto atendimento já foi
um CAPS (Centro de Assistência Psicossocial) e agora é a ala onde recebem os novos
pacientes e onde os casos mais graves ficam em observação, e caso haja necessidade de
internação eles são encaminhados para outros hospitais ou são mandados para a ala de
internação do próprio hospital.
O Centro tem 40 anos de existência e foi fundado inicialmente para tratar
tuberculose, já foi centro de tratamento de hanseníase e há 30 anos está no ramo do
tratamento psiquiátrico. (Informações cedidas por funcionários locais).
De acordo com o site da Secretaria da Saúde do Estado do Espírito Santo:
A sua missão é "oferecer assistência de qualidade, em Saúde Mental, com
abordagem em Equipe Multidisciplinar, em sistema de internação, além de prestar
atendimento de urgência, aos portadores de transtornos mentais".
Visa trabalhar dentro de um programa operativo que possibilite atender o
paciente na crise, organizar sua vida dentro da comunidade hospitalar, preparando-o
e a sua família, através de ações terapêuticas que promovam sua reintegração
familiar e social. (2015).
O hospital possui centros de recreação, uma pequena quadra de basquete, sala de
artesanato, auditório, além dos consultórios, farmácias, etc. O tratamento oferecido conta
com a participação da família e quando são realizadas festas, como a festa junina por
exemplo, o hospital abre as portas também para a comunidade.
49
Figura 33 - Fluxograma de Setores. Fonte: Arquivo Pessoal.
Na entrada do hospital há a sala de espera do pronto atendimento com um posto
para recepcionista e uma sala de arquivos. A recepção tem dois banheiros para o público
externo. O acesso para a ala de internação e o setor de pronto atendimento se dá pela
recepção.
A ala de internação é composta por um bloco com pátio central contendo os
consultórios, o refeitório dos pacientes, e as enfermarias.
O lado dos consultórios tem ligação direta com a ala do pronto atendimento, onde
ficam o consultório do psiquiatra, a farmácia, e os quartos de observação.
Pelo lado esquerdo da fachada do hospital há o acesso para a garagem, e é por ela
que se dá o acesso a alguns dos setores de serviço do hospital, como a cozinha, o
almoxarifado, a sala onde se guardam as roupas, a sala de terceirizados, o acesso para o
segundo pavimento (onde ficam as salas de administração), a sala da nutricionista, e a
sala de manutenção. Ao fundo há o acesso para o setor de terapia, onde ficam as salas de
artesanato, auditório, e a pequena quadra de basquetes, que também se tem acesso pela
ala de internação.
50
O hospital possui:
Entrada Principal:

Recepção;

2 banheiros (masculino e feminino);

Sala de arquivo;

Sala de espera;

Consultório do serviço social.
Ala de internação:

Quartos com banheiro;

Refeitório para pacientes;

Pequena cozinha para distribuição da comida;

Vestiário de técnicos de enfermagem e enfermeiros;

Sala de descanso dos enfermeiros;

Consultório médico;

Consultório psicóloga;

Sala diretora;

Sala administradora geral;

Posto de enfermagem.

Jardim.
Área de Terapia:

Ateliê;

Quadra de basquete;

Auditório;

Sala do supervisor da área;

Jardim.
Ala de Pronto Atendimento:

Consultório do Psiquiatra;

Sala de descanso médico;

Quartos para observação com banheiro;
51

Farmácia;

Posto de enfermagem;

Copa.
Setor de Serviços Gerais:

Almoxarifado;

Sala nutricionista;

Sala dos terceirizados;

Sala do chefe de manutenção;

Sala de manutenção;

Sala de descanso dos motoristas;

Garagem;

Sala de administração;

Cozinha;

Refeitório funcionários;

Expedição de rouparia.
Figura 34 - Implantação. Fonte: Google Earth. Editado pela autora.
52
Figura 35 - Fachada CAPAAC. Fonte: Arquivo Pessoal.
O CAPAAC é localizado dentro da cidade, em um bairro misto (residencial e
comercial), com um adensamento médio. Na rua onde ele foi implantado (Avenida
Leopoldo Smazaro) há pouco fluxo de carros.
O hospital é composto por um átrio interior, como um claustro, que serve como um
jardim de contemplação, com alguns bancos para descanso.
Figura 36 - Composição Formal planta baixa. Fonte: Google Earth. Editado pela autora.
O espaço interno do hospital tem clima agradável, mas não deixa de parecer um
ambiente hospitalar. A maioria das paredes são pintadas de branco e verde e só há grades
53
para fechar o refeitório, enquanto não está sendo usado. Os quartos ficam abertos durante
o dia. A construção é de alvenaria e a cobertura é de laje com telhado de 8 águas.
A composição da fachada consta em um plano retangular horizontal, com a adição
de um volume marcando a entrada principal. São dois pequenos pilares de seção circular e
cobertura de forma triangular.
5.2 – Clínica Psiquiátrica Villa Verde – Bromélias
A clínica psiquiátrica Villa Verde é uma clinica particular que tem quatro unidades e
está transferindo duas de suas unidades para uma construção nova. A unidade analisada é
a Villa Verde Bromélias, que fica localizada no parque Bromélias em Juiz de Fora. Ela é
implantada fora do perímetro urbano e tem aspecto de pousada. O Parque das Bromélias é
um local onde há muitos sitios e a clínica é uma das construções mais afastadas da
cidade. A estrada por onde se chega nela é pavimentada com paralelepípedos e o hospital
é cercado por muros altos. Logo na chegada há uma sacada com vista para as montanhas.
Figura 37 - Sacada com vista para montanhas. Fonte: Arquivo Pessoal.
54
Figura 38 - Sacada com vista para montanhas. Fonte: Arquivo Pessoal.
Do lado esquerdo está localizada a recepção e a ala administrativa. Ao lado há uma
rampa de acesso à ala de internação. A clínica é de alvenaria e a cobertura é de telha. Há
predominância de cores fortes e aconchegantes, como o amarelo, laranja, marrom e tetos
e pisos internos são de madeira. Há também uma piscina e uma quadra.
Figura 39 - Setor de Internação. Fonte: Arquivo Pessoal.
O prédio principal é rodeado por espaços verdes e há muitos espaços de lazer e
convivência.
55
Figura 40 - Área de Convivência. Fonte: Site Villa Verde JF.
Figura 41 - Área verde. Fonte: Site Villa Verde JF.
56
Figura 42 - Espaço de Convivência. Fonte: Site Villa Verde JF.
De acordo com o site da Clínica:
O Complexo Vila Verde reúne hoje quatro unidades e tem como objetivo o
atendimento de pessoas com transtornos psiquiátricos e psicológicos.
Todas as unidades contam com um grande número de profissionais, os quais
estão em constante aprimoramento, a fim de qualificar os atendimentos prestados
aos pacientes e seus familiares.
São oferecidos tratamentos para todos os tipos de psicopatologias
(depressões, fobias, esquizofrenias, transtornos de humor, transtornos de
personalidade) e dependências químicas, seja na prevenção e informação ou no
tratamento pontual do paciente. (2015).
Não há vizinhança imediata para a clínica, e o entorno tem muita vegetação. O
terreno onde o hospital foi implantado tem um grande desnível. A clínica é composta por
três blocos. O bloco no nível da entrada é onde se localiza o setor administrativo. Os
outros dois blocos que ficam no nível inferior do terreno e abrigam a internação.
57
Setor de administração
Setor de internação
Piscina
Quadra
Figura 43 - Implantação. Fonte: Google Earth. Editado pela autora.
Figura 44 - Fluxograma. Fonte: Arquivo Pessoal.
58
6. LEGISLAÇÃO
6.1 - Uso e Ocupação do Solo. (Decreto Lei 530/88)
Para o projeto do hospital, devemos analisar algumas leis específicas e leis de uso e
ocupação do solo da cidade de Muriaé – MG. De acordo o Decreto Lei 530/88, a zona
onde está o terreno é a ZR 1 (Zona Residencial tipo 1), e de acordo com o anexo III dessa
lei, o tipo de construção é Institucional Tipo 15. (Edificação nova, área do lote maior que
800m², frente mínima de 20m, taxa máxima de ocupação do solo de 65%, coeficiente de
aproveitamento de 6. Sobre os afastamentos, frontal: 3,0m; posterior: 2,0m; lateral: 3,0m. E
também dita o número de vagas para estacionamento, que é de 1 vaga para cada 100m²
construídos).
De acordo com o Anexo II do mesmo decreto, a ZR1 pode receber os tipos de
institucional 13 e 14, e apenas as Zonas Comerciais 1, 2 e 3 podem receber o institucional
tipo 15. Porém, visto que a lei é do ano de 1988 e está defasada, e também levando em
consideração o tipo de edificação, a implicação e importância que a implantação passa a
ter de acordo o tratamento que será oferecido no hospital, não há um terreno que possa
ser utilizado dentro das Zonas Comerciais 1, 2 e 3, pois desde 1988 houve um grande
adensamento da área.
Portanto será usado para esse trabalho as diretrizes do Anexo III e não as do Anexo
II.
6.2 - Portarias
A portaria que dita o número de leitos é a Portaria nº 1101 GM, de 12 de junho de
2002. De acordo com a tabela encontrada no parágrafo 3.6:
PARÃMETROS RECOMENDADOS
LEITOS POR
Variação entre as
%
Número absoluto de
ESPECIALIDADE
Regiões
sobre Necessidade leitos sobre total da
total de leitos
população
Cirúrgica
0,44 a 0,70
14,99
0,44
Clínica Médica
0,67 a 1,13
26,82
0,78
Cuidados
Prolongados
0,02 a 0,18
(Crônico)
5,62
0,16
Obstétrica
0,43 a 0,63
9,49
0,28
Pediátrica
0,45 a 062
14,06
0,41
Unidade de
Medida
Leitos/1.000hab.
Leitos/1.000hab.
Leitos/1.000hab.
Leitos/1.000hab.
Leitos/1.000hab.
59
Psiquiátrica
Reabilitação
Tisiologia
Psiquiatria
Hospital Dia
Fator de
Ajuste*
TOTAL
0,05 a 0,61
0 a 0,01
0,01 a 0,02
0,01 a 0,02
----------------------2,07 a 3,38
15,31
4,72
0,43
2,73
5,83
100
0,45
0,14
0,01
0,08
0,17
2,92
Leitos/1.000hab.
Leitos/1.000hab.
Leitos/1.000hab.
Leitos
/1.000hab.
Leitos
/1.000hab.
Leitos/1.000hab.
O programa de necessidades será feito a partir das exigências da Portaria nº
251/GM, de 31 de janeiro de 2002, que:
“Estabelece diretrizes e normas para a assistência hospitalar em psiquiatria,
reclassifica os hospitais psiquiátricos, define e estrutura, a porta de entrada para
as internações psiquiátricas na rede do SUS e dá outras providências.
(...)2.5 O hospital psiquiátrico especializado deverá destinar 1 enfermaria
para intercorrências clínicas, com um mínimo de 6m2/leito e número de leitos
igual a 1/50 do total do hospital, com camas “Fowler”, oxigênio, aspirador de
secreção, vaporizador, nebulizador e bandeja ou carro de parada, e ainda:
• sala da curativo ou, na inexistência desta, 01 carro de curativo para cada 03
postos de enfermagem ou fração;
• área externa para deambulação e/ou esportes, igual ou superior à área
construída.
2.6 O hospital psiquiátrico especializado deverá ter sala(s) de estar, jogos,
etc., com um mínimo de 40 m2, mais 20m2 para cada 100 leitos a mais ou fração,
com televisão e música ambiente nas salas de estar.
2.7 .Recursos Humanos
Os hospitais psiquiátricos especializados deverão contar com, no mínimo:
• 01 médico plantonista nas 24 horas;
• 01 enfermeiro das 19:00 às 7:00 H, para cada 240 leitos;
E ainda:
• Para cada 40 pacientes, com 20 horas de assistência semanal, distribuídas no
mínimo em 04 dias, um médico psiquiatra e um enfermeiro.
• Para cada 60 pacientes, com 20 horas de assistência semanal, distribuídas no
mínimo em 04 dias, os seguintes profissionais:
• 01 assistente social;
60
• 01 terapeuta ocupacional;
• 01 psicólogo;
• 04 auxiliares de enfermagem para cada 40 leitos, com cobertura nas 24 horas.
E ainda:
• 01 clínico geral para cada 120 pacientes;
• 01 nutricionista e 01 farmacêutico. (...)”
6.3 - Normas Técnicas
Os tamanhos de corredores, banheiros, escadas e demais cômodos seguirão os
parâmetros de acessibilidade da NBR 9050/2004
Os cômodos específicos das áreas de medicina, como salas de curativos e postos
de enfermagem seguirão as normas da Anvisa. Toda a construção seguirá a legislação de
incêndio.
61
7 .REFERÊNCIAS PROJETUAIS
7.1 - Referências Específicas
7.1.1 - Hospital Psiquiátrico Kronstad – Bergen, Noruega
O Hospital Psiquiátrico Kronstad foi projetado pela equipe OrigoArkitektgruppe em
2013 e é um exemplo de como a doença mental vem sendo tratada na atualidade em
outros lugares do mundo.
Cada detalhe do projeto foi pensado para que a estada dos pacientes fosse
aproveitada para recuperação de sua saúde mental.
O projeto tem área de 12.500m² e conta com muitas áreas verdes de convivência,
os andares superiores são mais reservados e é onde fica a ala de internação. E o primeiro
andar possui uma policlínica para adultos, além de enfermarias para estadias curtas. Além
disso, também foi construída uma praça pública ao norte do edifício para interação da
sociedade com o hospital. A fachada é verde e branca, o branco dá a sensação de
conforto e estabilidade, e a fachada verde é feita de painéis que lembram o bambu, e dão
uma sensação de integração à natureza e tranquilidade.
O hospital foi implantado em uma área adensada e fica em frente a uma linha de
trem, uma área de alto tráfego e movimentação, tanto de pedestres quanto de automóveis.
Porém, o espaço interno consegue trazer um ambiente de refúgio para os pacientes, com a
utilização de muita área verde e a ambientação é aconchegante, mesmo sendo utilizados
componentes contemporâneos.
62
Figura 45 - Implantação. Fonte: Google Street View. Editado pela autora.
Figura 46 - Campo de Futebol. Fonte: ArchDaily Brasil.
Figura 47 - Fachada. Fonte: ArchDaily Brasil.
63
Figura 48 - Praça Pública. Fonte: ArchDaily Brasil.
Figura 49 - Refeitório. Fonte: ArchDaily Brasil.
Figura 50 - Quadra de Tenis e Terraço verde. Fonte: ArchDaily Brasil.
64
Figura 51 - Espaços de Convivência. Fonte: ArchDaily Brasil.
Figura 52 - Espaços de Convivência. Fonte: ArchDaily Brasil.
Figura 53-Espaços de Convivência. Fonte: ArchDaily Brasil.
65
Figura 54 - Composição formal planta baixa. Fonte: Archdaily Brasil. Editado pela Autora.
A planta baixa do hospital é composta de um plano retângular com três subtrações.
Gerando pátios para a convivência dos pacientes, e aumentando o aproveitamento da luz
natural.
Figura 55 - Composição formal volumétrica. Fonte: Google Street View. Editado pela autora.
O volume é composto por um paralelepípedo com uma subtração na parte inferior,
onde fica a praça pública. E é sustentado por pilares de seção circular inclinados. Na parte
superior tem a adição de um paralelepípedo menor. A fachada é composta por um plano
66
branco, com uma área verde, lembrando o bambu. O edifício é horizontal, porém as
janelas são em fita vertical, o que dá a impressão do edifício ser mais alto. O térreo tem um
recuo na fachada frontal, e no norte do edifício o recuo forma uma praça de uso público.
Figura 56– Corte Transversal. Fonte: ArchDaily Brasil.
Figura 57 – Corte Transversal. Fonte: ArchDaily Brasil.
Os átrios geram jardins em diferentes níveis, aumentando a sensação de calma e
formando um abrigo para os pacientes. Os jardins também são utilizados para o convívio
entre os pacientes. O hospital é organizado em torno desses três átrios.
67
A localização em área adensada e a entrada em frente alinha de trem gerou a
preocupação em fazer um projeto que se voltasse não só para o público interno mas para
a cidade em geral. O estacionamento fica no subsolo.
Figura 58 - Planta Baixa Térreo. Fonte: ArchDaily Brasil.
Figura 59 - Planta Baixa Primeiro Pavimento. Fonte: ArchDaily Brasil.
68
Os cômodos são dispostos ao redor dos átrios e a circulação é facilitada com o
reconhecimento dos jardins. Os quartos são dispostos em grupos pequenos, pois assim
facilita o monitoramento dos pacientes e aumenta a percepção de individualidade, coisa
que seria dificultada caso todos os quartos estivessem dispostos juntos.
7.1.2 - Centro Psiquiátrico Friedrichshafen
Figura 60 – Centro Psiquiátrico Friedrchshafen. Fonte: ArchDaily Brasil.
O centro Psiquiátrico Friedrichshafen é uma construção anexa ao Hospital de
Friedrichshafen. Ele fica localizado na Alemanha na cidade de mesmo nome, e foi
projetado pelo grupo Julian Arons, Magdalena Falska, António Henriques, Christian Huber,
LeanderMoons, JördisPetzold, Joachim Staudt, Sofia Theodorou. O centro foi inaugurado
no ano de 2011 e tem uma área de 3.274,00m².
O hospital foi construído sobre um terreno com declividade e seguiu a inclinação,
possibilitando entradas em dois níveis diferentes. A construção se fecha em um pátio
interior, e as grandes salas de terapia tem relação com o jardim interno pelas paredes de
vidro. O ambiente foi projetado para dar a sensação de relaxamento e em quase nada
lembra que é um anexo de um hospital. Os dois principais materiais que fora utilizados
foram o concreto e a madeira. A utilização desses materiais deu ao ambiente um aspecto
agradável e convidativo.
69
Figura 61 - Sala de Terapia. Fonte: ArchDaily Brasil.
Figura 62 - Jardim dos pacientes.
A fachada interna do hospital se relaciona com o jardim pelos seus painéis de vidro.
Isso dá transparência ao conjunto e apesar de ser fechado, deixa a sensação de que o
paciente não está preso. Os materiais encontrados na fachada são o vidro, painéis de
madeira e o concreto aparente. As áreas de circulação tem contato direto com o exterior
pelas paredes de vidro.
70
Figura 63 - Circulação. Fonte: ArchDaily Brasil.
Figura 64 – Refeitório. Fonte: ArchDaily Brasil.
O refeitório é um exemplo de como foi utilizado o aço e a maneira, criando um
ambiente que em nada faz lembrar que se está em um hospital, se assemelhando a uma
cozinha residencial, um ambiente agradável.
71
Figura 65 - Implantação. Fonte: Google Earth.
O centro psiquiátrico fica em um terreno longe do adensamento da cidade e isso
permitiu que o hospital se abrisse também para o exterior. O edifício se relaciona com o
exterior através de janelas de vidro, porém, se comparado as aberturas para o interior, a
relação com o exterior é pequena. Os fechamentos são através de painéis de madeira
emoldurados pelo concreto.
Figura 66 - Composição formal volumetria. Fonte:ArchDaily Brasil. Editado pela autora.
O projeto arquitetônico é composto de blocos retangulares em volta de um átrio. O
segundo andar é o acréscimo de um bloco com um pequeno avanço em relação ao andar
inferior.
72
Figura 67 - Composição formal planta baixa. Fonte: ArchDaily Brasil. Editado pela autora.
A planta baixa conta com três blocos dispostos em volta do átrio, dois paralelamente
e um ortogonalmente.
Figura 68 - Fachada. Fonte: ArchDaily Brasil.
73
Figura 69 - Planta Baixa. Fonte: ArchDaily Brasil.
Os quartos são dispostos ao longo da fachada externa e as áreas de convivência
são abertas para o interior. A circulação acontece de modo simples ao longo desses
cômodos, paralelamente a linha de delimitação da fachada.
74
Figura 70 - Planta Baixa. Fonte: ArchDaily Brasil.
Os refeitórios são abertos ao exterior com grandes portas de vidro e continuadas em
um deck com um local de refeição externo. Eles são conjugados com uma sala de estar e
75
ficam dispostas entre as áreas de circulação, unindo dois setores de internação. Cada
quarto é equipado com um banheiro e dois leitos.
7.1.3 – Comparativo
Ambos os projetos são voltados para o bem estar do paciente. Buscam uma
ambientação agradável, com jardins e usos de materiais que passam a sensação de
segurança e aconchego.
O primeiro, na Noruega, tem uma área quase quatro vezes maior que o segundo, na
Alemanha. Mas ambos têm em sua essência a mesma tipologia arquitetônica. As
duas
construções tem um espaço no interior, para aproveitamento da iluminação natural.
O hospital de Kronstad é organizado em torno de três átrios, e o hospital de
Friedrichshafen é disposto em volta de um átrio. Algumas áreas de circulação dos dois tem
relação com espaços verdes e são rodeadas por paredes de vidro.
Figura 71 - Circulação (Esquerda - Friedrichshafen; direita - Kronstad). Fonte: ArchDaily Brasil.
76
Figura 72 - Refeitório. (Uso de madeira). (Esquerda - Friedrichshafen; direita - Kronstad). Fonte: ArchDaily Brasil.
Os dois refeitórios tem a utilização de materiais que causam a sensação de
aconchego e tranquilidade e dão um aspecto que difere da maioria dos hospitais, dando
um aspecto de lar. Tanto no hospital de Konstrad como no centro de Friedrichshafen foi
utilizada a madeira, e grandes painéis de vidro se relacionando com o exterior.
Figura 73 - Átrio. (Esquerda - Friedrichshafen; direita - Kronstad). Fonte: ArchDaily Brasil.
Os hospitais analisados são dispostos em tornos de átrios, aproveitando a
iluminação e ventilação naturais e criando ambientes agradáveis de convívio entre os
pacientes.
77
Figura 74 - Planta baixa. (Esquerda - Friedrichshafen; direita - Kronstad). Fonte: ArchDaily Brasil.
A disposição dos cômodos é feita em torno das aberturas internas e a circulação
acontece de forma simples entre esse esses cômodos. Em algumas partes da construção
a circulação acontece ao lado dos jardins.
O acesso ao centro psiquiátrico da Alemanha tem relação direta ao acesso do
Hospital Geral ao qual ele é agregado. O da Noruega tem relação com a linha de trem que
passa em frente ao hospital.
Ambos os hospitais usam a madeira no revestimento, porém no revestimento da
fachada, o hospital Kronstad tem predominância do branco e verde e o de Friedrichshafen
tem painéis de madeira e concreto.
O hospital de Kronstad fica em uma área adensada de alto tráfego no centro da
cidade, enquanto o Centro Psiquiátrico alemão fica longe do centro e em uma área com
poucas construções.
78
7.2 - REFERÊNCIAS GERAIS
7.2.1 - Houseunderthe Oaks por Juri Troy Architects
Figura 75 - Houseunderthe Oaks. Fonte: Revista Kaza.
Essa casa foi projetada pelo grupo Juri Troy Architects e foi construída na Áustria
para uma família que gosta de ter contato com a natureza. Toda madeira utilizada para a
construção é do local.
Figura 76 - Fachada. Fonte: Revista Kaza.
Os aspectos relevantes para a escolha do projeto foram: a integração com a
natureza local; o uso dos materiais (madeira e vidro); o aproveitamento da inclinação
natural do terreno, a linearidade do projeto e o aspecto de refúgio.
79
Figura 77 - Vista da Varanda. Fonte: Revista Kaza.
7.2.2 - ÖstraPsychiatry Hospital – White
O ÖstraPsychiatry Hospital fica na Suécia, e foi projetado pelo grupo White e
inaugurado no ano de 2007. O hospital foi projetado para transmitir sentimento de calma e
conta com quartos individuais para aumentar a sensação de individualidade do paciente.
Ele conta com luz natural, vistas e acesso aos jardins.
Figura 78 - Vista para o jardim. Fonte: Arkitektur.
80
Figura 79 - Jardim. Fonte: Architizer.
Figura 80 - Área de convivência. Fonte: Architizer.
Os aspectos relevantes do projeto são o aproveitamento da luz natural, a arquitetura
intimista e pessoal, os materiais utilizados e os jardins.
81
8. PROGRAMA DE NECESSIDADES
Para elaboração do programa de necessidades mínimo, foram consultadas as leis e
normas que estão citadas no capítulo 6, e usadas as referencias das visitas técnicas. O
hospital contará com 74 leitos.

74 leitos sendo divididos em quartos individuais e coletivos;

1 enfermaria com 2 leitos com 12m², constituídas de (camas Fowler, oxigênio,
aspirador de secreção, vaporizador, nebulizador e bandeja ou carro de
parada)

1 sala de curativo de 9m²;

3 postos de enfermagem de 9m² cada;

Refeitórios dos pacientes com 100m²;

Recepção;

Banheiro masculino e feminino para público externo;

Sala de espera;

Arquivo.
Área para terapia:

Área descoberta para deambulação e esportes com área igual ou superior a
área construída;

Sala de jogos;

Sala de ginástica;

Sala de Estar / televisão;

Ateliê;

Sala de dança;

Teatro;
Consultórios (todos com 9m² cada)

Psiquiatra;

Assistente social;

Terapeuta ocupacional;

Psicólogo;
82

Clínico geral;

Nutricionista.
Setor médico, administrativo e de serviços gerais:

Cozinha – 30m²;

Sala de descanso médico - 9m²;

Copa - 15m²;

Farmácia – 15m²;

Almoxarifado – 9m²;

Sala de terceirizados – 13m²;

Sala de manutenção – 9m²;

Sala de administração – 9m²;

Sala de reuniões – 15m²;

Sala de recursos humanos – 9m²;

DML;

Lavanderia – 15m²;

Rouparia;

Banheiro funcionários;

Vestiário;

Recepção de serviço
O estacionamento terá uma vaga para cada 100m² construídos.
De acordo com a Portaria nº 251/GM, de 31 de janeiro de 2002, um hospital
psiquiátrico com 74 leitos deverá contar com os seguintes funcionários relacionados a área
de saúde:

01 médico psiquiatra;

01 enfermeiro;

01 assistente social;

01 terapeuta ocupacional;

01 psicólogo;

06 auxiliares de enfermagem;

01 clínico geral;
83

01 nutricionista;

01 farmacêutico.
Além de mais 14 funcionários administrativos, e 74 pacientes. Ao todo, teremos em
média 102 usuários no hospital.
84
9. REFERÊNCIAS
ANGELL, Marcia. A epidemia de doença mental. Revista Piauí. São Paulo. Edição 59,
Agosto de 2011.
ARBEX, Daniela. Holocausto Brasileiro. Vida, genocídio e 60 mil mortes no maior hospício
do Brasil. Editora Geração. 1ª Edição. 2013. 216 pag.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050/2004. Acessibilidade a
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro. 2004. 97p.
BlogTO. Disponível em:
<http://www.blogto.com/city/2011/04/nostalgia_tripping_provincial_lunatic_asylum>.
Acesso em: Maio de 2015.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária E Abastecimento. Instituto Nacional de
Meteorologia. 2012. Brasil. INMET. 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1884/84-GM, de 11 de novembro de 1994.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. coordenação-Geral de
Normas. Normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de
saúde.Brasília,1994. 136p.
BRASIL. Ministério de Estado da Saúde. Portaria n.º 1101/GM de 12 de junho de 2002.
BRASIL. Ministro de Estado da Saúde. Portaria nº 251/GM de 31 de janeiro de 2002.
CAMERAN, Fabiano. Wood Ecológico. Revista Kaza. Disponível em:
<http://www.tecto.com.br/RevistaKaza/Projetos/2014/01/14/WOOD-ECOLoGICO>. Acesso:
15 de maio de 2015.
CANGUILHEM, Georges. O Normal e o Patológico. 6ª edição. dig.
CAPAAC - Centro de Atendimento Psiquiátrico Aristides Alexandre Campos. Secretaria da
Saúde. Disponível em:
<file:///D:/TCC/ARTIGOS/Secretaria%20de%20Estado%20da%20Sa%C3%BAde.htm>.
Acesso em: 14 de maio de 2015.
CARLOS, Antonio. Enchente altera trânsito na cidade e acessos na região. CarangolaMG, uma linda cidade. Disponível em:
<http://carangolalindacidade.blogspot.com.br/2012/01/enchente-em-muriae-mg2012.html>. Acesso em: março de 2015.
CARNEIRO, Marcelo.Panorâmio.Disponível em:
<http://www.panoramio.com/user/4121116?comment_page=2&photo_page=10>. Acesso:
Março de 2015.
CENTRO Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena. Disponível em:
<http://coloniaacasadoshorrores.blogspot.com.br/2012/01/colonia-casa-dos-horrores-debarbacena.html>. Acesso: Maio de 2015.
85
CENTRO Psiquiátrico Friedrichshafen / Huber StaudtArchitekten" [Psychiatric Centre
Friedrichshafen / Huber StaudtArchitekten] 11 May 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Victor
Delaqua) Acessado 13 Mai 2015. <http://www.archdaily.com.br/br/601552/centropsiquiatrico-friedrichshafen-huber-staudt-architekten>.
COELHO, Maria Thereza Ávila Dantas e FILHO, Naomar e Almeida. Normal-Patológico,
Saúde-Doença: Revisitando Canguilhem. Ver. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 9(1): 13.36,
1999.
CORDEIRO, Eliezer de Hollanda. Psychiatryonline Brasil. Disponível em:
<file:///D:/TCC/ARTIGOS/Considera%C3%A7%C3%B5es%20sobre%20a%20hist%C3%B3
ria%20da%20psiquiatria%20no%20brasil.htm>. Acesso em: 14 de maio de 2015.
FERNANDES. Flora. História da Psiquiatria no Brasil. Psicologado. Disponível em:
<file:///D:/TCC/ARTIGOS/Psicologado%20%20Hist%C3%B3ria%20da%20Psiquiatria%20n
o%20Brasil%20_%20Psiquiatria.htm>. Acesso em: 14 de maio de 2015.
FOUCAULT, Michel. A história da loucura na idade clássica. Editora Perspectiva. 1972.
608 pag.
FOUCAULT, Michel. A microfísica do Poder. 174 pag. Dig.
FOUCAULT, Michel. Doença Mental e Psicologia. Editora Tempo Brasileiro. 71 pag.
FROM, Lena. Östra sjukhuset bästa vårdbyggnad. Arkitektur. 8 de novembro de 2007.
Disponível em: <http://tidskriften-arkitektur.blogspot.com.br/2007/11/bsta-vrdbyggnadenkorad.html>. Acesso: 15 de maio de 2015.
GOOGLE EARTH. Google. Disponível em: <https://www.google.com/earth/>.
GOOGLE STREET VIEW.Google.Disponívelem: <https://www.google.com.br/maps>
HISTÓRIA da reforma psiquiátrica no Brasil in Wikipédia. Disponível em:
<file:///D:/TCC/ARTIGOS/Hist%C3%B3ria%20da%20reforma%20psiqui%C3%A1trica%20n
o%20Brasil%20%E2%80%93%20Wikip%C3%A9dia,%20a%20enciclop%C3%A9dia%20liv
re.htm>. Acesso em: 14 de maio de 2015.
HOSPICIO Pedro II in Wikipedia. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:UFRJ-Praia_Vermelha.jpg>. Acesso: Maio de 2015
HOSPITAL Colônia de Barbacena in Wikipédia. Disponível em:
<file:///D:/TCC/ARTIGOS/Hospital%20Col%C3%B4nia%20de%20Barbacena%20%E2%80
%93%20Wikip%C3%A9dia,%20a%20enciclop%C3%A9dia%20livre.htm> . Acesso em: 14
de maio de 2015.
HOSPITAL Colônia de Itapuã.Secretaria de Saúde do estado do Rio Grande do Sul.
Disponível em:
<http://www1.saude.rs.gov.br/wsa/portal/index.jsp?menu=organograma&cod=2552>.
Acesso: Maio de 2015.
HOSPITAL de Salpêtrière in Wikipedia. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Hospital_da_Salp%C3%AAtri%C3%A8re>. Acesso: Maio de
2015.
86
HOSPITAL Psiquiátrico Kronstad / OrigoArkitektgrupp. [KronstadPsychiatric Hospital /
OrigoArkitektgruppe] 04 Feb 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado 14
Mai 2015. <http://www.archdaily.com.br/173463/hospital-psiquiatrico-kronstad-origoarkitektgruppe>
HOUSE underthe Oaks / Juri Troy Architects. 13 Dec 2013. ArchDaily. Accessed 15 May
2015. <http://www.archdaily.com/?p=457693>
IBGE. Censo Demográfico Brasileiro. 2010. Brasil. IBGE. 2013.
INDICADORES – Leitos in Cnesweb. Disponível em:
<file:///C:/Users/WINDOWS7/Desktop/TCC/TCC/REPORTAGENS/CnesWeb%20%20Cadastro%20Nacional%20de%20Estabelecimentos%20de%20Saúde.htm> Acesso
em: 16 de março de 2015.
LEVANTAMENTO GEOFÍSICO DE MURIAÉ. Prefeitura de Muriaé. Arquivo em DWG.
<_geocidade_muriae>. Arquivo Pessoal.
LOBOTOMIA. DizionariodellaSalute. Disponível em:
<http://www.corriere.it/salute/dizionario/lobotomia/index.shtml>. Acesso: Maio de 2015.
MATANÇA em hospital psiquiátrico de Minas completa 52 anos sem punição. 16 de abril,
2013.Opinião e notícia. Disponível em: <http://opiniaoenoticia.com.br/brasil/massacre-emhospital-psiquiatrico-de-minas-completa-52-anos-sem-punicao/> . Acesso em: 14 de maior
de 2015.
MURIAÉ in Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Muriaé>. Acesso em:
março de 2015.
MURIAÉ. DecretoLei n° 530 de 1988.
MURIAÉ. Lei n° 1.232, de 30 de dezembro de 1987.Dispõe sobre o código de obras do
Município de Muriaé e estabelecemedidas correlatas.
MURIAÉ. Lei n° 2.334, de 24 de Agosto de 1999.Dispõe sobre parcelamento do solo
urbano do município de Muriaé, e dá outras providências.
MURIAÉ. Lei n° 3.377, de 17 de outubro de 2006.Institui o Plano DiretorParticipativo e
oSistema Municipal de Planejamento eDesenvolvimento de Muriaé.
MURIAÉ. Lei nº 1.231, de 1987.Dispõe sobre o uso e a ocupação do solo urbano do
Município de Muriaé.
NOGUEIRA, Maribel Azevedo Mendes. Saúde mental e Arquitetura: Espaço e ambiente no
processo terapêutico. Editora Livro Pleno. 2005. 136p.
ORGANIZAÇÃO Mundial da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde. Relatório
sobre a saúde no mundo. 2001. Saúde mental: Nova concepção, nova esperança. 150
pag.
OSTRA Psychiatry Hospital. Architizer. Disponível em:
<http://architizer.com/projects/oestra-psychiatry-hospital/>. Acesso: 15 de maio de 2015.
87
PREFEITURA DE MURIAÉ. Disponível em:
<http://www.muriae.mg.gov.br/site/index.php/conteudo/detalhe/11>. Acesso em: Março de
2015.
REFORMA psiquiátrica eliminou 90 mil leitos em hospitais. Em discussão. Disponível em:
<file:///D:/TCC/REPORTAGENS/Reforma%20psiqui%C3%A1trica%20eliminou%2090%20
mil%20leitos%20em%20hospitais.htm>. Acesso em: 14 de maio de 2015.
RETIRO de York. Fonte: The Retreat in Wikipedia. Disponível em:
<http://en.wikipedia.org/wiki/The_Retreat>. Acesso: Maio de 2015.
Revista Em Discussão.Revista de audiências públicas do Senado Federal. Crack assusta e
revela um Brasil despreparado. Brasília. Ano 2 – Nº 8- agosto de 2011.
ROTELLI, Franco. A instituição inventada. Revista "Per lasalutementale/ For mental health"
1/88 – do “Centro Studi e Ricerche per La SaluteMentaledellaRegioneFriuli Venezia Giulia”.
SACKS, Oliver. As virtudes perdidas do hospício. Dicta e Contradicta. São Paulo. Nº 4.
9 de dezembro de 2009. Disponível em: <http://www.dicta.com.br/edicoes/edicao-4/asvirtudes-perdidas-do-hospicio/> . Acesso em: 2 de março de 2015.
TENÓRIO, Fernando. A reforma psiquiátrica brasileira, da década de 1980 aos dias
atuais: história e conceitos. Versão modificada da dissertação de mestrado A psicanálise
e a clínica da reforma psiquiátrica apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Psiquiatria, Psicanálise e Saúde Mental do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal
do Rio de Janeiro.(IPUB-UFRJ). 1999. 35p.
VILLA Verde JF. Disponível em: <http://www.vilaverdejf.com.br/>. Acesso: Maio de 2015.
WORLD HEALTH ORGANIZATION.World Health Statistics 2011.WHO Library
Cataloguing-in-Publication Data.França. WHO. 7ª edição. 2011. Disponível em:
<http://www.who.int/gho/publications/world_health_statistics/EN_WHS2011_Full.pdf?ua=1>
.Acesso em: 2 de março de 2015.
9. 1 - Referências de imagens
Figuras 81 e 2. Disponível em:
<http://professormarcianodantas.blogspot.com.br/2014/01/o-estado-de-minas-gerais.html>.
Acesso em novembro de 14. Editado pela autora. Dados: IBGE 2014.
Figura 82 - Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Muriaé >. Acesso em março de
2015.
Figura 83 - Disponivel em:
<http://www.panoramio.com/user/4121116?comment_page=2&photo_page=10>. Acesso:
Março de 2015.
Figuras 84 e 25 Disponível em:
<http://www.blogto.com/city/2011/04/nostalgia_tripping_provincial_lunatic_asylum/>.
Acesso: Maio de 2015.
88
Figura 85 - Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/The_Retreat>. Acesso: Maio de
2015.
Figura 86 - Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Hospital_da_Salp%C3%AAtri%C3%A8re>. Acesso: Maio de
2015.
Figura 87 - Disponível em:
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Une_le%C3%A7on_%C3%A0_la_Salp%C3%A9tri
%C3%A8re;_Tableau_de_M._Andr%C3%A9_Brouillet.jpg>. Acesso: Maio de 2015.
Figura 88 - Disponível em:
<http://www1.saude.rs.gov.br/wsa/portal/index.jsp?menu=organograma&cod=2552>.
Acesso: Maio de 2015.
Figura 89 – Disponível em: <http://www.corriere.it/salute/dizionario/lobotomia/index.shtml>.
Acesso: Maio de 2015.
Figura 90 - Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:UFRJPraia_Vermelha.jpg>. Acesso: Maio de 2015.
Figura 91 - Disponível em:
<http://coloniaacasadoshorrores.blogspot.com.br/2012/01/colonia-casa-dos-horrores-debarbacena.html>. Acesso: Maio de 2015.
Figuras 92 , 41 e 42 - Disponível em: <http://www.vilaverdejf.com.br/>. Acesso em: Maio de
2015.
Figuras 93, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 56, 57, 58 e 59 - Disponível em:
http://www.archdaily.com.br/br/01-173463/hospital-psiquiatrico-kronstad-origoarkitektgruppe. Acesso em: Abril de 2015.
Figura 94, 61, 62, 63, 64, 66, 67, 68, 69 e 70. Disponível em:
<http://www.archdaily.com.br/br/601552/centro-psiquiatrico-friedrichshafen-huber-staudtarchitekten>. Acesso: Maio de 2015.
Figura 95, 72, 73 e 74. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/601552/centropsiquiatrico-friedrichshafen-huber-staudt-architekten> e <http://www.archdaily.com.br/br/01173463/hospital-psiquiatrico-kronstad-origo-arkitektgruppe>. Acesso: Maio de 2015.
Figura 96, 76 e 77- Disponível em:
<http://www.tecto.com.br/RevistaKaza/Projetos/2014/01/14/WOOD-ECOLoGICO>. Acesso:
Maio de 2015.
Figura 97 – Disponível em: <http://tidskriften-arkitektur.blogspot.com.br/2007/11/bstavrdbyggnaden-korad.html>. Acesso: Maio de 2015.
Figura 98 e 80 - Disponível em: <http://architizer.com/projects/oestra-psychiatry-hospital/>.
Acesso: Maio de 2015.
89
Download