36 Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Média Ativos Totais Necessidades de Recursos Permanentes Sazonais 7 ANÁLISE DA GESTÃO DE CAIXA 7.1 INDICADORES DE ATIVIDADE Os Principais indicadores de atividade são: o giro de estoques, o giro de clientes (ou contas a receber) e o giro de fornecedores (ou de contas a pagar). O giro de estoque nos fornece o quanto gira ou liquida todo o estoque. Esse número nos dá a dimensão de quanto eficientemente nós estamos administrando o estoque. GE = Custo das vendas Valor médio de estoques O giro de contas a receber possui um cálculo bastante semelhante ao do Giro de estoque, medindo a rapidez com que podemos cobrar as vendas efetuadas. GCR = Venda anual Valor médio anual de contas a receber O giro de contas a pagar, igualmente, possui um cálculo bastante semelhante ao do giro de estoque, medindo a rapidez com que a empresa efetua compras. GCP = 7.2 Compra anual Valor médio anual de contas a pagar CICLOS OPERACIONAL E FINANCEIRO DAS EMPRESAS Podemos definir ciclo operacional como sendo o período de tempo, geralmente em dias, que vai da data em que a empresa adquire 37 matérias primas até a data em que recebe o dinheiro pela venda do produto acabado resultante. “...é o modo pelo qual um produto passa pelas contas de ativo circulante começa sua vida como estoque, é convertido em contas a receber ao ser vendido e é finalmente transformado em caixa quando recebemos o valor da venda. Note que, a cada etapa o ativo se desloca para mais perto da forma de caixa.” O ciclo operacional pode ser compreendido através do seguinte diagrama abaixo: ESTOQUE CAIXA DUPLICATAS Á RECEBER Pode ser calculado através da fórmula: CO = PMRE + PMRV É importante destacar que cada atividade tem suas características próprias. O ciclo de operação e o ciclo financeiro de uma empresa agrícola que produz milho, seguramente, são diferentes dos ciclos de outra empresa também agrícola que produza café. O ciclo operacional e o ciclo de caixa de um estaleiro são diferentes dos ciclos de uma fábrica de caneta. As atividades normais de uma empresa comercial, por exemplo, compreendem diversas fases, a saber: a) compra (a vista ou a prazo); b) estocagem (curta ou demorada); e, c) venda (a vista ou a prazo. Como ilustração, suponhamos um supermercado que trabalhe com as seguintes condições: Período médio de rotação dos estoques = 35 dias. Período médio de recebimento das vendas = a vista = 0 dia. Período médio de pagamento das compras = 70 dias. Graficamente: Onde: Compra CO = Ciclo operacional PMRE = Período (ou prazo) médio de rotação de estoques PMRV = Período (ou prazo) médio de recebimento das vendas Compra Já o ciclo financeiro, também denominado ciclo de caixa é o “...período de tempo em que os recursos da empresa se encontram comprometidos entre o pagamento dos insumos e o recebimento pela venda do produto acabado resultante.”10 10 GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7ª Ed. Editora Harbra, 1997. Vende e recebe PMRE = 35 dias Paga PMPC = 70 dias Recebe Paga Ciclo Financeiro = – 35 dias Compra Recebe Ciclo Operacional = 35 dias O período médio de rotação dos estoques compreende o tempo 38 que a mercadoria permanece na empresa, após ser adquirida. O período médio de pagamento das compras compreende o período que a empresa tem para pagar suas compras após ter recebido a mercadoria. O período médio de recebimento das vendas compreende o período que o cliente tem para pagar à empresa que efetuou a venda, após o recebimento das mercadorias. Nesse exemplo do supermercado, as vendas são a vista. O ciclo financeiro (CF), ou ciclo de caixa (CC) é o período que a empresa leva para que o dinheiro volte ao caixa, isto é, compreende o prazo médio de rotação do estoque, mais o prazo médio de recebimento das vendas, menos o prazo médio de pagamento das compras. No exemplo, temos: CF = PMRE + PMRV – PMPC CF = 35 + 0 – 70 CF = – 35 dias Para este supermercado, observamos que sua atividade permite trabalhar, durante 35 dias, com o dinheiro do fornecedor, isto é, o supermercado recebe 35 dias antes de pagar. Portanto, o supermercado não precisará de recursos próprios para financiar sua atividade. Já o ciclo operacional vai da data em que a empresa adquire matérias primas até a data em que recebe o dinheiro pela venda do produto acabado resultante. Portanto, CO = PMRE + PMRV CO = 35 + 0 CO = 35 dias. Enquanto na empresa comercial a ênfase de sua atividade está na intermediação, ou seja, compra e venda de mercadorias, numa empresa industrial ocorre à transformação da matéria-prima em produtos destinados ao uso ou ao consumo, ou mesmo destinados à produção de outros bens. Em resumo, o processo numa indústria tem a seguinte seqüência: Compra de matéria-prima ↓ Estocagem de matéria-prima ↓ Transformação da matéria-prima, agregando: * Mão-de-obra direta * Componentes * Custos indiretos de fabricação ↓ Estocagem do produto acabado ↓ Venda do produto acabado Nesse esquema relativo a uma empresa industrial, o ciclo da operação começa na aquisição da matéria-prima e termina na venda do produto acabado. O tempo envolvido dependerá do tipo de atividade da empresa e do grau de modernização de seus processos e de sua administração. Além das etapas esquematicamente representadas, há as ocorrências de pagamento das compras e de recebimento das vendas. Suponhamos uma empresa industrial que trabalhe com as 39 seguintes condições: em que paga ao fornecedor (T2) e aquele em que recebe do cliente (T4), que no caso equivale a 210 dias. Prazo médio de rotação dos estoques = 180 dias Prazo médio de recebimento das vendas = 120 dias Prazo médio de pagamento das compras = 90 dias Compra CF = PMRE + PMRV – PMPC CF = 180 + 120 – 90 CF = 210 dias Tanto nas empresas comerciais quanto nas industriais, as atividades básicas podem ser sintetizadas em quatro grandes eventos, ou seja: Vende PMRE = 180 dias Compra Paga PMPC = 90 dias Quando ocorre a compra Comerciais Vende PMRV = 120 dias Recebe Quando ocorre o pagamento Financeiros Ciclo financeiro = 210 dias Quando ocorre o recebimento Ciclo operacional = 300 dias T1 T2 T3 Quando ocorre a venda EVENTOS Para o cálculo de cada um dos prazos, temos: T4 Observamos que, após a entrada das matérias-primas e componentes, a empresa os transforma em produtos acabados e posteriormente os vende. O prazo médio de rotação dos estoques é de 180 dias. Depois de efetuada a venda, os clientes levam aproximadamente 120 dias para pagar. Assim sendo, o ciclo operacional é de 300 dias: CO = PMRE + PMRV CO = 180 + 120 CO = 300 dias É importante destacar que o ciclo de caixa é positivo. Dessa forma, a empresa financia o período compreendido entre o momento PMRE = Estoque médio anual x 360 Custo das vendas PMRV = A receber médio anual Venda média por dia PMPC = Valor médio a pagar x 360 Valor das compras O ciclo de caixa também pode ser analisado pelo quociente de posicionamento relativo (QPR), conforme fórmula a seguir: QPR = PMRE + PMRV PMPC 40 O quociente de posicionamento relativo visa conhecer a relação existente entre os prazos de recebimento e de pagamentos. Um quociente elevado indica que a empresa tem dificuldades em liquidar suas dívidas. A medida que diminui o período médio de recebimento de vendas em relação ao prazo médio de pagamento de compras, estará sendo criadas condições mais favoráveis para obter melhor índices de liquidez. Como o excesso de recebíveis diminui o "Giro do Ativo" é preciso aumentar a margem de lucro sobre as vendas para compensar o efeito negativo do giro baixo. Isto nem sempre é possível. Da mesma forma dificilmente é possível modificar de modo significativo o prazo médio de pagamentos de compras, restando agir sobre o período médio de rotação do estoque. O ideal é manter um quociente menor ou igual a um. 7.3 GIRO DE CAIXA Definido a partir do conceito do ciclo de caixa, o giro de caixa representa o número de vezes em que o caixa girou no período de análise. O giro de caixa é representado pela seguinte relação: GC = 360 Ciclo de caixa Quanto maior for o giro de caixa, menor será a necessidade de caixa para suportar as operações. Da mesma forma que o giro do estoque, o giro do caixa deve ser maximizado, sem no entanto, incorrer no risco da falta de recursos. 7.4 CAIXA MÍNIMO OPERACIONAL Conforme Assaf Neto e Silva (1995), tomando-se o desembolso total de caixa em um ano e o giro de caixa é possível calcular o caixa mínimo operacional, como “a razão entre o desembolso de caixa anual previsto e o giro de caixa”. CMO = Onde: DTA GC CMO = Caixa Mínimo Operacional DTA = Desembolso Total Anual O caixa mínimo operacional indica o montante de dinheiro a ser mantido em caixa. Gitman (2004), critica o CMO, alegando que o modelo considera que as operações de compra, produção e vendas (e os respectivos desembolsos e ingressos) se comportam de maneira uniforme durante o período de análise e por tanto o volume encontrado para o caixa corresponde a um mínimo necessário sem nenhuma reserva para atender as incertezas e os desequilíbrios existentes no período. 7.5 EXERCÍCIOS DE REVISÃO A) (PROVÃO 97) Considere os dados abaixo, referentes ao balanço patrimonial resumido de uma empresa no final de um determinado ano. Ativo permanente líquido Caixa Contas a pagar R$ 350,00 R$ 100,00 R$ 150,00 41 Contas a receber Estoques Exigível a longo prazo Salários a pagar R$ 300,00 R$ 250,00 R$ 300,00 R$ 50,00 GRÁFICOS DE ESTRUTURA PATRIMONIAL ESTRUTURA I O valor do Patrimônio Líquido dessa empresa, em reais, é: (a) 200,00 (b) 350,00 (c) 500,00 (d) 1.000,00 (e) 2.050,00 ATIVO PASSIVO Circulante 67% Circulante 46% Permanente 33% 100% PL 54% 100% ESTRUTURA II ATIVO Circulante 33% Permanente 67% 100% PASSIVO Circulante 49% PL 51% 100% B) (PROVÃO 98) ESTRUTURA III Interprete o Balanço Patrimonial da Companhia ALPHA e os gráficos de estrutura patrimonial apresentados abaixo e responda às questões 1, 2 e 3. ATIVO BALANÇO PATRIMONIAL PASSIVO Circulante Disponibilidades Duplicatas a Receber (-) Provisão Devedores Duv. Estoques Permanente Imobilizado (-) Depreciação Acumulada Total do Ativo 1.500 20.000 (300) 8.800 Circulante Fornecedores Salários e Encargos Dividendo a Pagar Empréstimo Bancário Provisão para Imp. de Renda 9.380 2.400 1.000 5.000 2.820 20.000 Patrimônio Líquido (5.000) Capital Social Reserva Legal Reservas de Lucros Lucros (P) Acumulados 11.000 600 5.800 7.000 45.000 Total do Passivo 45.000 ATIVO PASSIVO Circulante 35% Circulante 35% Permanente 65% PL 65% 100% 100% ESTRUTURA IV ATIVO PASSIVO Circulante 65% Circulante 45% Permanente 25% PL 55% 90% ESTRUTURA V ATIVO Circulante 33% PASSIVO Circulante 55% Permanente 67% PL 45% 100% 100% 100% 42 mudar sua política de recebimento, de quantos dias serão seus ciclos financeiro e operacional? 1) A estrutura patrimonial da Companhia ALPHA corresponde ao gráfico da Estrutura: (a) I (b) II (c) III (d) IV (e) V F) Casa Móveis Sucesso indústria e comércio Ltda 2) Das empresas representadas graficamente, a que se encontra mais próxima da insolvência técnica é a da Estrutura: (a) I (b) II (c) III (d) IV (e) V Em janeiro de 2000, Magda Soares assumiu o cargo de tesoureira da Casa de Móveis Sucesso. Sua decisão imediata foi buscar uma visão sistemática das operações financeiras de cada área da empresa, começando pela análise das atividades financeiras a curto prazo. 3) Considerando que todas as empresas representadas graficamente tiveram a mesma receita bruta de venda, a que apresentou o maior giro do ativo permanente foi a da Estrutura: (a) I (b) II (c) III (d) IV (e) V C) Uma determinada empresa está planejando os seus períodos médios, tanto de estoque, pagamento e recebimento. De acordo com os dados, responda: a) PME = 50 dias , PMP = 35 dias e CF = 55 dias. Qual é o Ciclo Operacional? A Casa de Móveis Sucesso especializou-se numa linha de móveis chamada “Linha Moderna para Escritórios”. De alta qualidade, esses móveis atraem clientes que desejam peças exclusivas para seus escritórios. A maioria dos móveis dessa linha é feita sob encomenda, uma vez que os clientes podem escolher dentro da ampla variedade de acabamentos e cores. Seus principais insumos são materiais plásticos e metais. D) Suponha um período de estoque de 200 dias, período médio de pagamento de 100 dias e de recebimento de 45 dias. Qual será o Ciclo Financeiro? Tendo-se decidido a analisar as práticas correntes de administração de caixa e seus efeitos, Magda precisava levantar os atuais ciclos operacional e financeiro da empresa. Suas investigações levaram-na a saber que as compras de matérias-primas e outros suprimentos se fazem em pequenos volumes, sob contas em aberto junto aos fornecedores, o que impede a obtenção de descontos financeiros. A maioria dos fornecedores não oferece descontos e geralmente suas condições de crédito são para pagamento em trinta dias. Adicionalmente, uma análise sobre as duplicatas a pagar revelou ser esse o período médio de pagamento da empresa. Magda consultou dados da indústria moveleira, descobrindo que a média geral situavase em trinta e nove dias. E) Banana Passada Ltda, uma empresa nacional de frutas, mantém um estoque em média de 65 dias, paga a seus fornecedores, em média, em 30 dias e recebe de seus clientes em 24 dias. Seu plano é de receber de seus clientes em até 18 dias. Se a empresa conseguir Em seguida, Magda dedicou-se à análise do ciclo de produção e das políticas de estoque. A Casa de Móveis Sucesso não retém estoques além do necessário, seja em matérias-primas ou em produtos acabados, e o período médio de estoques é de cento e dez dias. b) PME = 50 dias, PMR= 40 dias e CF= 59 dias. Qual é o CO? c) PME = 50 dias, PMR = 40 dias, PMP = 35 dias. Qual é o CF? d) PME = 50 dias, PMR = 40 dias e CF = 55 dias. Qual é o PMP? 43 Quanto esse aspecto, pode-se constatar pela revista da associação de produtores que o padrão da indústria era de oitenta e três dias. Em acordo com o restante das indústrias de móveis especiais, a empresa oferece período de crédito de sessenta dias. Investigações junto à associação comercial revelaram ser exatamente esse o período médio de cobrança, quando se ofereciam sessenta dias de prazo aos clientes. A empresa gastava aproximadamente $ 26.500.000 por ano em investimentos no ciclo operacional, valor este que Magda considerou como nível mínimo de dispêndio em 2000. Sua preocupação era saber se a administração de caixa da empresa era tão eficiente quanto poderia ser. Por outro lado, a empresa pagava 15% ao ano sobre financiamentos junto a terceiros e, por essa razão, preocupava-se com os custos decorrentes de possíveis ineficiências na administração do ciclo de caixa da empresa. (a) $ 26.500.000,00 (b) $ 11.409.722,00 (c) $ 8.759.722,00 (d) $ 10.305.555,06 (e) $ 2.650.000,00 H) Mini Caso – A BARCOPOLO S/A Você, como gerente financeiro da empresa BARCOPOLO S/A, ficou encarregado de apresentar respostas para uma série de questões formuladas pelos acionistas minoritários. Para tanto, utilize as fórmulas na lousa, se necessárias, bem como o balanço patrimonial e a demonstração de resultado com os exercícios findos de 2004 e 2005. Outrossim, considere o ano comercial (360 dias) BALANÇO PATRIMONIAL Exercícios findos em 31 de dezembro de 2005 e 2004 (valores em milhares de reais) ATIVO 2005 2004 PASSIVO 2005 2004 Circulante Circulante Com base nas informações anteriores, responda o que abaixo segue: 1) Admitindo-se a data em que a empresa adquire matérias-primas até a data em que recebe o dinheiro pela venda do produto acabado resultante, o ciclo operacional é de: Disponibilidades Duplicatas a receber Estoques Fornecedores 30.000 60.000 Emprés. e financ. (b) 75 dias (c) 185 dias (d) 30 dias (e) 155 dias 2) Da mesma forma, admitindo-se que as compras, a produção e as vendas se dão num,a base contínua ao longo do ano, de quanto é o ciclo financeiro da empresa ? 208.000 Salários a pagar 45.000 35.000 220.000 8.000 15.000 550.000 289.000 Imp. e contrib. a rec. 557.000 393.000 420.000 Depósitos judiciais 20.000 30.000 Financiamentos 70.000 103.000 Valores a receber 28.000 16.000 Outras contas 20.000 22.000 48.000 46.000 90.000 125.000 (b) 155 dias (c) 185 dias (d) 75 dias (e) 30 dias 340.000 266.000 Imobilizado Diferido G) De acordo com o ciclo financeiro , de quanto é a necessidade de financiamento atual da empresa ? (Nota: considere um ano de 360 dias). ELP Permanente Investimentos (a) 140 dias 60.000 310.000 300.000 Realizável a LP (a) 170 dias 130.000 210.000 Patrimônio líquido 49.000 360.900 240.000 Reservas de capital 900 1000 16.000 19.000 Reservas de lucros 200.000 160.000 540.900 427.000 1.023.900 972.000 425.900 ATIVO 110.000 Capital social 1.023.900 369.000 972.000 PASSIVO 44 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Exercícios findos em 31 de dezembro de 2005 e 2004 (valores em milhares de reais) 2005 2004 Receita operacional bruta 1.848.931 1.468.121 Deduções de vendas Impostos e devoluções (243.486) (179.598) Receita líquida de vendas 1.605.445 1.288.523 Custo dos produtos vendidos e serviços prestados (1.332.010) (1.038.703) Lucro bruto 273.435 249.820 (Despesas) outras receitas operacionais Com vendas (94.151) (99.093) Remuneração dos administradores (6.434) (6.706) Despesas de administração (61.062) (59.632) Despesas financeiras (112.634) (87.965) Receitas financeiras 110.419 114.596 Resultado da equivalência patrimonial Outras receitas operacionais 5.159 (6.494) Lucro operacional 114.732 104.526 Resultado não operacional (7.118) (488) Lucro antes do IR, da contrib. social e das part. estatutárias 107.614 104.038 IR e contribuição social (16.516) (17.304) Particip. dos administradores nos lucros (5.357) (5.287) Lucro do exercício antes da participação dos minoritários 85.741 81.447 Participação dos minoritários (719) (511) Lucro líquido do exercício 85.022 80.936 Realize uma análise completa da empresa em questão e emita o respectivo relatório. (d) IME (I), PMP (D) e PMC (D) (e) IME (I), PMP (I) e PMC (D) J) A Hoje S/A não realiza suas vendas a vista. Mantém os seguintes prazos médios: PME = 60dias PMR = 30dias PMP = 25dias Determine os Ciclos Operacional e Financeiro. k) A Cia. Amanhã, apresentou o demonstrativo abaixo, determine seus Ciclos Econoômico, Operacional e Financeiro e o Giro de Caixa. Ativo Circulante Disponível 8.000,00 Dupl. A Receber 40.000,00 Estoques 50.000,00 Total 98.000,00 Demonstrativo Vendas 500.000,00 (-) Custo das Mercadorias 350.000,00 I) (PROVÃO 97) Uma das áreas-chave da administração do capital de giro de uma empresa é a administração de caixa. O ciclo de caixa, que representa o tempo em que o dinheiro da empresa está aplicado, mantém relações diretamente (D) e inversamente (I) proporcionais com as seguintes variáveis: idade média de estoque (IME), período médio de pagamento (PMP) e período médio de cobrança (PMC). Indique a opção que apresenta à correta relação entre as respectivas variáveis e o ciclo de caixa. (a) IME (D), PMP (D) e PMC (I) (b) IME (D), PMP (I) e PMC (D) (c) IME (I), PMP (D) e PMC (I) Passivo Circulante Fornecedores 30.000,00 Contas a Pagar 26.000,00 Empréstimos Bancários 28.000,00 84.000,00 Vendidas Outros Estoque Final ano anterior 40.000,00 PME= PMR= PMP= (CMV) 45 8 PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE CURTO PRAZO 8.1 ORÇAMENTO DE CAIXA O orçamento de caixa possibilita ao administrador planejar suas necessidades de caixa de curto prazo. A preocupação é identificar os superavits e déficits de caixa. Uma empresa, por exemplo, que espera um excesso de caixa pode planejar aplicações no curto prazo, enquanto que outra, com déficit de caixa, deve providenciar financiamento a curto prazo. Em suma, o orçamento de caixa dá ao administrador financeiro uma visão clara da época em que ocorrerão recebimentos e pagamentos previstos durante um determinado período. Em geral, o orçamento de caixa abrange o período de um ano, embora possa ser desenvolvido para qualquer período. O período coberto, normalmente, é subdividido em intervalos. O número e o tipo de intervalos vão depender da natureza do negócio. Quanto mais sazonais e incertos forem os fluxos de caixa da empresa, tanto mais numerosos devem ser os intervalos. Uma vez que muitas empresas se defrontam com um padrão sazonal de fluxo de caixa, freqüentemente, o orçamento de caixa é apresentado mês a mês. As empresas com padrões estáveis de fluxo de caixa podem usar intervalos trimestrais ou anuais. Se for feito um orçamento de caixa para um período superior a um ano, justificam-se intervalos temporais menos freqüentes devido à dificuldade e incerteza de se prever vendas e itens que envolvem o caixa. 8.2 TERMINOLOGIA Ingressos: É à entrada de recursos financeiros no caixa da empresa. Desembolsos ou pagamentos: É à saída de recursos financeiros do caixa da empresa. Nível desejado: Também denominado de saldo mínimo de caixa. Tratase do valor mínimo determinado pela administração a ser mantido em caixa. Projeções: É a estimativa futura dos saldos de caixa. Assim sendo, está sujeito a alterações constantes. Fluxo operacional: É o fluxo de caixa gerado pelas atividades operacionais normais da empresa. Fluxo líquido: Diferença matemática entre recebimentos e pagamentos de uma empresa em um dado momento. Assim sendo, por exemplo, o fluxo de líquido de caixa diário de uma empresa poderá ser nulo, negativo ou positivo. Se nulo, o saldo de caixa da empresa não será alterado; se negativo, o saldo de caixa será diminuído e, se positivo, o saldo de caixa será aumentado. 8.3 PREVISÃO DE VENDAS O insumo básico a qualquer orçamento de caixa é a previsão de vendas, normalmente fornecida ao administrador financeiro pelo departamento de marketing. Com base nessa previsão, o administrador financeiro estimará os fluxos de caixa mensais, resultantes da projeção dos recebimentos de vendas e gastos relacionados com a produção, estoques e distribuição. Também é exigida para sustentar o nível previsto de produção e vendas e a possibilidade de sua obtenção. A previsão de vendas pode estar baseada numa análise de dados externos ou internos. Uma previsão externa é baseada nas relações que podem ser observadas entre as vendas da empresa e certos indicadores econômicos, como o PNB, a renda pessoal disponível e novas construções civis. Geralmente, existem previsões desses indicadores a partir dos quais a empresa poderá estimar seu nível futuro de vendas. 46 Esta abordagem se justifica pois uma previsão das atividades econômicas permitiria uma estimativa das futuras vendas da empresa, já que estas estão intimamente relacionadas a alguns aspectos da atividade econômica. Previsões internas são aquelas baseadas na elaboração de previsões de vendas através dos canais de vendas da empresa. Em geral, pede-se aos vendedores que estimem o número de unidades de cada tipo de produto que eles esperam vender no período seguinte. Essas previsões são coletadas pelo gerente de vendas regional que pode ajustar os valores usando seu próprio conhecimento de mercados específicos ou a capacidade de previsão dos vendedores. Finalmente, pode-se fazer ajustes para outros fatores internos tais como a capacidade produtiva. As empresas, em geral, usam dados de previsão externa e interna para compor a previsão final de vendas. Os dados de previsão interna propiciam uma visão clara das expectativas de vendas, enquanto os dados de previsão externa fornecem uma maneira de ajustar estas expectativas, levando em consideração fatores econômicos gerais. Muitas empresas que vendem bens de primeira necessidade não são muito afetadas por fatores econômicos, ao passo que as vendas de outras empresas variam bastante com mudanças na atividade econômica. Muitas vezes, a natureza do produto afeta a escolha dos métodos de previsão usados. 8.4 PLANEJAMENTO DE RESULTADO - DEMONSTRAÇÕES PROJETADAS O processo de planejamento do lucro está centrado na elaboração de demonstrações projetadas: Demonstrações do Resultado e Balanços Patrimoniais. A elaboração dessas demonstrações exige cuidadosos procedimentos que levam em conta as receitas, custos e despesas resultantes do nível de operações antecipadas. Os passos fundamentais apresentados no fluxograma da página 38. neste processo foram As peças necessárias à elaboração de demonstrações projetadas, utilizando-se a técnica simplificada, são as demonstrações financeiras do ano anterior e a previsão de vendas para o ano seguinte. A técnica simplificada baseia-se na crença de que as relações financeiras verificadas nas demonstrações financeiras históricas não se modificarão no período seguinte. 8.5 ESTUDO DE CASO – ORÇAMENTO DE CAIXA Você foi encarregada(o) de elaborar o orçamento de caixa para os meses de março, abril e maio da empresa “10 de Julho”, sabendose o que segue: a) vendas já realizadas em janeiro e fevereiro, respectivamente: $ 100.000 e $ 200.000; b) previsão de vendas para março, abril e maio, respectivamente: $400.000, $ 300.000 e $ 200.000; c) política de crédito concedida nas vendas resulta da seguinte forma de recebimentos: 20% à vista, 50% em 30 dias e 30% em 60 dias; d) em maio, a empresa receberá $ 30.000 de um empréstimo concedido a uma outra empresa do grupo; e) as compras representam 70% das vendas do mês, sendo que, desse montante, 10% é pago à vista, 70% em 30 dias e os restantes em dois meses após a compra; f) o aluguel mensal de $ 5.000 será pago sem reajuste no período em análise; g) os ordenados e salários podem ser calculados somando 10% de suas vendas mensais ao montante fixo de $ 8.000; h) os impostos no valor de $ 25.000 deverão ser pagos em maio; i) em abril será comprada, à vista, uma nova máquina no valor de $ 130.000; j) um pagamento de juros no valor de $ 30.000 será efetuado em maio; 47 k) foi decidido que o saldo mínimo de caixa deverá ser de $ 25.000 mensais. l) em março, os sócios realizarão uma retirada em dinheiro no valor de $ 20.000; m) o saldo final de caixa, em fevereiro, foi de $ 50.000; O primeiro passo a ser executado é o levantamento da programação de Recebimentos Projetados para a empresa, conforme quadro seguinte: Tab.: 01 - Programação de Recebimentos Projetados (em $ 1000) jan. fev. mar. abr. mai. Previsão de vendas impostos, aquisição de equipamentos, pagamentos de juros, reembolso de empréstimos e recolhimento ao fundo de amortização, requisições ou resgates de ações. Tab.: 02 - Programação de Pagamentos Projetados (em $ 1000) jan. Fev. mar. abr. mai. Compras Compras à vista Pagamentos Após um mês Após dois meses Vendas à vista Dividendos Cobranças Aluguéis Após um mês Ordenados e salários Após dois meses Pagamento de juros Outros recebimentos Aquisição de equipam. Total Total Nota: Normalmente, seria de esperar que as porcentagens de cobrança totalizassem um pouco menos de 100%, refletindo o fato de que algumas das duplicatas não são cobráveis. Neste exemplo, a soma das porcentagens de cobrança é de 100% (isto é, 20%+50%+30%), refletindo o fato de que todas as vendas são supostamente cobradas, sendo a inadimplência considerada irrelevante. Após a realização da projeção de recebimentos, parte-se para a apuração de todos os pagamentos projetados para o período, lembrando que os pagamentos mais comuns realizados por uma empresa são: compras à vista, pagamentos de duplicatas, pagamentos de dividendo, aluguéis, ordenados e salários, recolhimento de Recolh/o de impostos Finalmente, com base nas duas últimas tabelas, será possível realizar o orçamento de caixa da empresa, conforme tabela da página seguinte. Com a mesma, será possível realizar a interpretação de caixa, ou seja, a constatação de déficit ou excesso de caixa em cada um dos períodos cobertos pela projeção. Os fundos em excesso poderão ser aplicações financeiras de curto prazo ou em títulos negociáveis. Os déficits terão que ser financiados com empréstimos (normalmente de curto prazo). Assim sendo, o administrador financeiro deve se precaver com a escolha de investimentos, bem como a abertura de uma linha de crédito ou acordo 48 que assegure a disponibilidade de fundos, se este for o caso. Normalmente, o administrador financeiro tomará o cuidado de tomar emprestado mais do que o financiamento máximo indicado no orçamento de caixa devido à incerteza dos saldos finais de caixa que se baseiam na previsão de vendas e outras variáveis (conforme visto anteriormente). Tab.: 03 - Orçamento de Caixa da Empresa (em $ 1000) mar. abr. mai. Total de recebimentos sofisticado e eficiente de reduzir a incerteza do orçamento de caixa denominado simulação. A simulação é realizada periodicamente com base nas variações históricas de todas as variáveis possíveis (vendas, crescimento econômico, compras, taxas de juros etc.). Assim, com as técnicas estatísticas, equipamentos adequados (Hardwarwe e softwares) e expectativas futuras, é possível criar uma distribuição probabilística do comportamento do fluxo de caixa da empresa. Vale a pena lembrar que este processo resulta num sistema de informações complexo e muito desenvolvido. 8.7 ESTUDO DE CASO – PROJEÇÃO DE RESULTADOS Total de pagamentos Fluxo de caixa líquido Saldo inicial de caixa Saldo final de caixa Saldo mínimo de caixa Financiamento necessário Saldo de caixa excedente 8.6 REDUÇÃO DA INCERTEZA NO ORÇAMENTO DE CAIXA Além de muita cautela no preparo das previsões de vendas e de outras estimativas incluídas no orçamento de caixa, há dois modos de se reduzir à incerteza de um orçamento de caixa. Um deles é a elaboração de vários orçamentos de caixa: um baseado numa previsão pessimista, outro com base na previsão provável e, finalmente, um terceiro com previsão otimista. Esta técnica é denominada análise de sensibilidade e permite ao administrador financeiro a idéia dos fluxos finais de caixa que podem ser esperados diante das diversas expectativas. Uma avaliação criteriosa permitirá a percepção do risco da alternativa, de modo a tomar decisões financeiras a curto prazo mais seguras e inteligentes.Existe também um processo mais A firma “Pequenas Encrencas, Grandes Negócios”, produz dois modelos de Relê: o modelo X e o modelo Y. Embora cada modelo seja produzido pelo mesmo processo, exigem quantidades diferentes de matéria-prima e mão-de-obra. Têm-se as seguintes informações: a) Demonstração de resultado do ano findo: TAB.: 01 – Demonstração do Resultado em 31 de dezembro de 2003. Vendas $ 100.000 Menos (CPV) Fixos 40.000 Variáveis (40% das vendas) 40.000 Lucro Bruto $ 20.000 Menos: Despesas Operacionais Fixas 5.000 5.000 Variáveis (5% das vendas) Lucro Operacional $ 10.000 1.000 Menos: Despesas de Juros (totalmente fixa) Lucro antes do Imposto de Renda $ 9.000 Imposto de Renda 2.250 Lucro Líquido $ 6.750 49 b) Balanço Patrimonial: TAB.: 02 – Balanço Patrimonial em 31 de dezembro de 2003. Ativo Passivo e Patrimônio Líquido Caixa Títulos negociáveis Duplicatas a receber Estoques Total do ativo circulante Ativo permanente Total $ 6.000 4.000 13.000 16.000 $ 39.000 51.000 $ 90.000 Duplicatas a pagar Imposto a pagar Títulos a pagar Outros passivos circulantes Total do passivo circ. Exigível a longo prazo Patrimônio líquido Capital social Lucros acumulados Total $ 7.000 300 8.300 3.400 $ 19.000 $ 18.000 $ 30.000 $ 23.000 $ 90.000 c) Previsão de Vendas: Tab.: 03 – Previsão de Vendas para 2004. Vendas em unidades Modelo x 1.600 2.000 Modelo Y Vendas em $ $ 40.000 Modelo X ($ 25/unidade) 70.000 Modelo Y ($ 35/unidade) $ 110.000 Total TAB.: 04 – Projeção da Demonstração do Resultado em 31 de dezembro de 2004 Vendas ........................................................ Menos (CPV) Fixos ............................................................ Variáveis (40% das vendas) ....................... Lucro Bruto ................................................. Menos: Despesas Operacionais Fixas ............................................................ Variáveis (5% das vendas) ......................... Lucro Operacional ....................................... Menos: Despesas de Juros (totalmente fixa) Lucro antes do Imposto de Renda .............. Provisão para o Imposto de Renda ............. Lucro Líquido ............................................... Uma técnica simplificada para desenvolver o Balanço Patrimonial projetado envolve estimar os níveis desejados de certas contas do Balanço e calcular o valor de outras contas. Isto posto, faça a projeção de balanço da empresa “Pequenas Encrencas, Grandes Negócios”, considerando as seguintes suposições: Para o desenvolvimento das demonstrações projetadas, o insumo básico é a previsão de vendas. A Tabela 3 mostra a previsão de vendas por modelo para o ano de 2004. A mesma baseia-se em dados externos (ambiente) e internos (empresa). 1. O saldo mínimo de caixa desejado é de $ 6.000. A primeira demonstração a ser projetada é a demonstração de resultado do exercício. Assim, com os dados fornecidos até o presente momento, projete a respectiva demonstração. 3. As duplicatas a receber serão, em média, uma vez e meia às vendas mensais (isto é, um período de cobrança de 1,5 x 30 dias = 45 dias) já que as vendas anuais da “Pequenas Encrencas, Grandes Negócios” foram projetadas em $ 110.000; as duplicatas a receber 2. O valor dos títulos negociáveis não deve se modificar, ficando em $ 4.000. 50 serão, em média, $ 13.750 (1/8 x $ 110.000) em qualquer mês (um oitavo representa um mês e meio, expresso como fração de um ano). 4. O estoque final deve ficar a um nível próximo de $ 16.000, dos quais 25% devem ser de matérias-primas, enquanto que os restantes 75% devem constituir-se em produtos acabados. TAB.: 05 – Balanço Patrimonial Projetado para 31 de dez. de 2004.11 Ativo 5. Será adquirida uma nova máquina ao custo de $ 20.000 e a depreciação total anual alcançará $ 8.000. 6. Espera-se que as compras representem cerca de 30% das vendas anuais e, a empresa pretende estender o período de pagamento de suas duplicatas para 72 dias. Assim, as duplicatas a pagar devem igualar-se, em média, a 1/5 das compras ou seja, $ 6.600 (1/5 x $ 33.000). 7. Espera-se que o imposto de renda iguale-se a 1/4 do Lucro Antes do Imposto de Renda (valor esse extraído da Demonstração do Resultado projetada já desenvolvida). Passivo e Patrimônio Líquido Caixa..................................... Duplicatas a pagar................. Títulos negociáveis............... Imposto de renda a pagar...... Duplicatas a receber............. Títulos a pagar....................... Estoques Outros passivos circulantes... Matérias-primas.................. Total do passivo circulante. Produtos acabados............. Exigível a longo prazo............ Total do ativo circulante.... Ativo permanente.................. Patrimônio líquido Capital social...................... Lucros acumulados............ Total..................................... 8. Os títulos a pagar devem permanecer inalterados de seu nível corrente histórico de $ 8.300. Total....................................... Valor de balanceamento........ Total (ajustado)..................... 9. Não se espera qualquer alteração nos outros passivos circulantes. 10. Espera-se que o exigível a longo prazo e o capital social fiquem inalterados, pois não estão programados lançamentos de debêntures nem de ações ordinárias. 11. Os lucros acumulados crescerão do nível inicial de $ 10.875 para $ ______________. O aumento de $ ___________ representa o montante de lucros acumulados calculado na demonstração do resultado projetada. Durante a execução do Balanço projetado para 2004, com base nessas suposições, fica evidente a necessidade de um valor de $ ______________ (valor de balanceamento) para equilibrar o Balanço. Caso este valor seja positivo, indicará a soma que a empresa terá de obter recursos para financiar o aumento de vendas previsto em 2004. Caso o valor desse financiamento seja negativo, tem-se a indicação de excesso de recursos e, nesse caso, os recursos poderiam ser destinados ao pagamento de empréstimos, recompra de ações, pagamento de dividendos etc. 11 utilizando a técnica simplificada 51 8.8 EXERCÍCIOS a) (Provão 97 – questão 39) A empresa YYY está preparando uma projeção trimestral (jan., fev. e mar./19X7) relativa às vendas a serem realizadas no referido período. Tal empresa sempre realizou e vai continuar realizando suas vendas da seguinte maneira: 40% à vista, 40% em 30 dias e 20% em 60 dias. As vendas projetadas pela empresa para o referido trimestre deverão ser as seguintes: R$ 40.000 em jan./19X7, R$ 60.000 em fev./19X7 e R$ 80.000 em mar./19X7. Se o saldo da conta “contas a receber”, no balanço realizado no final de dez./19X6 foi de R$ 20.000,00, qual deverá ser o saldo final da citada conta, em reais, no balanço projetado para o final de mar./19X7? Caso a empresa apresente superávit de caixa o excedente deverá ser investido em aplicações financeiras de liquidez mensal junto ao banco já descrito com rendimento previsto de 10% am. FLUXO DE CAIXA PROJETADO (VALORES EM $ MIL) DISCRIMINACÃO MESES Julho agosto setembro outubro novembro Dezembro 1- Recebimento de Vendas 2- Recebimento de Juros 3- Outros Recebimentos 4- Pagamentos de Compras 5- Pagamento de Despesas (A) 40.000,00 (D) 70.000,00 (B) 50.000,00 (E) 80.000,00 (C) 60.000,00 b) G. LADEIRA A seguir são apresentados alguns dados da empresa G. Ladeira Ltda, necessários para a elaboração do fluxo de caixa para o próximo semestre. DISCRIMINACÃO MESES julho agosto setembro outubro novembro dezembro 1- Saldo Inicial 80 2- Recebimento de Vendas 700 750 820 880 700 780 3- Outros Recebimentos 100 200 100 100 100 4- Pagamentos de Compras 280 300 290 310 240 270 5- Pagamentos de Despesas 350 400 360 390 300 340 6- Outros Pagamentos 310 50 0 30 20 30 A empresa deverá manter um saldo mínimo de caixa de R$ 100 Caso a empresa necessite de recursos para o caixa a mesma mantém uma conta com linha de crédito junto ao Banco Carrefurto S/A (conta garantida), à taxa de juros 20% a.m. 6- Pagamento de Juros 7- Outros Pagamentos 8- Fluxo Líquido de Caixa 9- Saldo Inicial 10- Saldo Final 11- Saldo Mínimo de Caixa 12- Sobras ou Déficit de Caixa 13- Empréstimo 14- Aplicação financeira c) LUCRO CERTO A empresa Lucro Certo pretende realizar um Fluxo de Caixa diário, a partir do dia 01/01/2003. A Lucro Certo possui um Saldo Final do dia 31/12/2002 de $ 10,00, uma Receita Real nos seguintes dias: 1/1 - $ 1,00, 2/1 - $ 3,50, 3/1 - $ 0,50, 4/1 - $ 0,50, 5/1- $ 0,50, 8/1 - $ 0,50, 9/1 - $ 16,00, 10/1 - $ 11,00, 11/1 - $ 10,00 e 12/1 - $ 16,00. Possui, também, uma Receita Estimada de $ 3,00 para o dia 9/1. O pagamento de seus Fornecedores está programado da seguinte 52 forma: 1/1 - $ 2,50, 3/1 - $ 3,50, 5/1 - $ 3,00, 9/1 - $ 2,00, 10/1 - $ 10,00, 11/1 – $ 12,00 e 12/1 - $ 4,50. Ao final de 19X7, a empresa XYZ apurou os seguintes dados econômico-financeiros: Seus impostos possuem data limite de pagamento no dia 10/1, no valor de $ 4.00. DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS XYZ - Valores em R$ 19X7 O pagamento de seus funcionários será realizado nos seguintes dias: 1/1 - $ 7,50, 2/1 - $ 2,50, 3/1 - $ 1,00, 4/1 – 1.00 e 8/1 - $ 3,00. A empresa também possui despesas de segunda a sexta-feira de $ 0,50 todos os dias, e faz o pagamento de despesas bancárias nas sextasfeiras no valor de $ 1,00. Receita operacional Custos e Despesas Operacionais Despesas Financeiras Imposto de Renda LUCRO LÍQUIDO 2.550 (1.810) (55) (114) 571 Faça um Fluxo de Caixa Diário, apenas do período de 01/1 a 12/1, que apresente: o saldo inicial, o saldo diário e o saldo final. FLUXO DE CAIXA Dia da Data Saldo Receita Receita Semana Forne- Pessoal Impostos Outras Despesas Saldo Saldo Inicial Real Estimada credores Seg. 01/jan Ter. 02/jan Qua. 03/jan Qui. 04/jan Sex. 05/jan Sáb. 06/jan Dom. 07/jan Seg. 08/jan Ter. 09/jan Qua. 10/jan Qui. 11/jan Sex. 12/jan Total D) PROVÃO 97 Despesas Bancárias do Dia Final XYZ - Valores em R$ 19X7 Fluxo de caixa operacional ( - ) Dispêndio de capital ( - ) Acréscimos ao capital de giro FLUXO DE CAIXA TOTAL 840 595 268 (23) Obs.: O Fluxo de caixa operacional reflete a diferença entre todas as entradas e saídas de caixa provenientes das operações da empresa. Por que ocorrem diferenças entre os valores de lucro líquido e os de fluxo de caixa? _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ 53 _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ E) PROVÃO 97 Nas demonstrações de resultado das empresas que são regidas pelo regime de competência, existem itens que são deduzidos para fins de cálculo do imposto de renda, mas que não exigem qualquer desembolso. Assinale a opção que indica as despesas mais comuns que NÃO representam o referido desembolso. 9 MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA Vários modelos foram desenvolvidos para tentar refletir o comportamento dos fluxos de fundos. O objetivo principal desses modelos é servir de ferramenta para gestão, tentando minimizar perdas de rentabilidade derivadas de deficiente previsão do caixa. É necessário reconhecer que estes modelos possuem uma série de restrições que limitam sua utilidade prática. 9.1 MODELO DO CAIXA MÍNIMO OPERACIONAL (CMO) O CMO já abordado anteriormente exige o cômputo dos prazos médios de estocagem, de cobrança e de pagamento. A partir deles obtem-se o ciclo de caixa gerando primeiramente o ciclo de caixa e, em seguida, o Giro de caixa. Conforme Assaf Neto e Silva (1995), tomando em conta o desembolso total de caixa em um ano e o giro de caixa é possível calcular o caixa mínimo operacional. (a) indenizações e encargos trabalhistas; (b) amortizações e depreciação; (c) Salários e benefícios; (d) imposto de renda e tributos; (e) juros e dividendos. CMO = Onde: DTA GC CMO = Caixa Mínimo Operacional DTA = Desembolso Total Anual Trata-se de uma forma simples de estabelecer o montante de recursos que a Empresa deverá manter em seu caixa. 54 Onde: 9.2 MODELO BAUMOL Este modelo tem o nome do pesquisador que propôs utilizar o conceito de lote econômico de compra para determinar o nível ideal de caixa. Este modelo é aplicado quando existem entradas periódicas de dinheiro no caixa e saídas constantes de recursos. Este modelo pode ser aplicado em empresas que possuem clientes que concentram o pagamento em determinado dia do mês, e a empresa tenha que efetuar desembolsos ao longo do mês. São exemplos as empresas de consultoria, escritórios de contabilidade e escolas. Supondo a possibilidade, de um investimento de curto prazo, a empresa pode transformar um fluxo regular de recebimentos de caixa em diversos fluxos, desde que aplique parte do recebimento inicial e, com o tempo, resgate o dinheiro para honrar seus compromissos. Este modelo parte premissa de que a parcela do dinheiro investido a curto prazo proporciona um ganho na forma de juros, e que cada operação de investir/desinvestir implica em um custo (desde impostos de transações financeira até o custo do tempo que o funcionário leva para fazer a operação de ligar para o banco e solicitar a transferência de recursos da conta de investimentos). O modelo de Baumol confronta os rendimentos obtidos com investimento de curto prazo e o custo de cada operação de aplicação e resgate, determinando quantos montantes iguais o recebimento original será dividido, de modo a maximizar o lucro. O valor econômico de conversão é obtido por: VEC = 2×b× R i VEC = valor econômico de conversão i = taxa de juros R = recebimento periódico b = custo da operação Limitações do Modelo de Baumol: a) supõe entradas e saídas de caixa estáveis e previsíveis b) não considera tendência sazonal ou cíclica Exemplo: O escritório de Advocacia Petição, recebe no dia primeiro de cada mês R$ 9.600,00 pela prestação de seus serviços aos seus clientes. A taxa de juros de mercado é de 1 % a.m. e cada vez que é feita uma operação, seja de investimento/resgate, a empresa despende R$ 3,00 ao custo vinculado a esta operação. Supondo um mês de 20 dias úteis determine o valor ideal de resgate, o número de operações e a frequência destas operações. 55 Assim, serão realizadas .............. operações de transferências de recursos, sendo que cada um dos resgates no valor de R$ ............................ . Ou seja, a cada ........... dias haverá uma transferência de fundos da aplicação financeira para o caixa da empresa. 9.3 MODELO DE MILLER E ORR suficiente para que o caixa, após tal operação, retorne a determinado nível, denominado ponto de retorno. Ponto de Retorno: o ponto de retorno depende (a) dos custos de conversão, (b) do custo de oportunidade diário dos recursos e (c) da variação dos fluxos de caixa líquido diários (entradas menos saídas diárias de caixa). A equação para determinação do ponto de retorno (z) é: Existindo incerteza quanto aos fluxos de caixa futuros, isto é, quando a empresa não consegue prever com segurança suas entradas e saídas de caixa, o modelo de Miller-Orr é geralmente considerado mais realista e apropriado do que o modelo de Baumol. Como o fluxo de caixa é aleatório, não existe um momento predeterminado para que as operações de aplicação e resgate sejam executadas, como ocorre no modelo de Baumol. Por este motivo, o modelo Miller-Orr busca-se determinar um saldo mínimo e um saldo máximo de caixa. Quando o saldo de caixa estiver abaixo do limite inferior (saldo mínimo) faz-se necessário um resgate da aplicação, com transferência de recursos do investimento para o caixa, restabelecendo, desta forma, a liquidez da empresa. Por outro lado, quando o caixa estiver acima do limite superior admitido, deverá ocorrer uma aplicação de parte dos recursos, evitando-se o excesso de liquidez. O modelo assume como premissas que os fluxos de caixa líquidos da empresa seguem uma distribuição normal de probabilidade com média zero, que o desvio padrão não varia através do tempo e que não há correlação entre os fluxos de caixa ao longo do tempo. Parte da existência de dois ativos, um caixa, e um investimento caracterizado por ter baixo risco e alta liquidez. Em ambos os casos, a empresa realiza transferências de recursos entre os dois ativos (caixa e investimentos), de modo que a flutuação do caixa no tempo fique dentro de um intervalo. O montante de recursos a ser transferido (aplicado ou resgatado) deve ser z = m+3 0,75 × b × δ 2 i Onde: z = ponto de retorno (cx ótimo) b = custo da transação (investimento/resgate) δ2 = variância diária do caixa i = taxa de juros diária m = limite inferior Limite Superior: o limite superior do saldo de caixa corresponde a três vezes o ponto de retorno. Conversão de Caixa em Aplicação Financeira: quando o saldo de caixa atinge o limite superior, um montante equivalente ao limite superior menos o ponto de retorno é aplicado. Caixa convertido em Investimento = limite superior - ponto de retorno Limite Inferior: o valor do caixa mínimo será determinado pela empresa e deve levar em consideração a aversão da gerência ao risco. Quando o saldo de caixa mínimo, o montante de investido em aplicação de curto prazo resgatado é exatamente o ponto de retorno. 56 O modelo funciona da seguinte forma, a empresa determina um nível de caixa mínimo de acordo com sua tendência ao risco. Ela deixará oscilar o nível de caixa num intervalo compreendido entre o limite máximo determinado e o limite mínimo, intervindo unicamente quando o caixa alcança o nível máximo permitido realizando uma operação de investimento devolvendo o caixa ao seu nível ótimo (pelo valor de H – Z*), ou quando o caixa alcança o nível mínimo permitido realizando uma operação de desinvestimento devolvendo o caixa a seu nível ótimo (pelo valor de Z*- L). Graficamente: 9.4 GESTÃO DE DUPLICATAS A RECEBER (GESTÃO DE RECEBÍVEIS) Entre os objetivos do gestor financeiro destaca-se como principal a maximização do lucro da empresa. Quando a margem de lucro é grande, a possibilidade da empresa optar por uma política de crédito liberal é plenamente justificável. Todavia, quando a margem de lucro é relativamente pequena, a flexibilidade do crédito pode, como conseqüência, aumentar o nível de incobráveis comprometendo assim a rentabilidade. Outro fator importante na política de duplicatas a receber é o montante de recursos que a empresa pode investir em capital de giro. Este volume, por sua vez, determinará maiores ou menores volumes de vendas, pois se a empresa possuir recursos limitados, terá dificuldades em conceder crédito a prazos mais longos comprometendo a ampliação das vendas. Por outro lado, se a empresa estiver em condições de investir em duplicatas a receber, ao flexibilizar o crédito, corre o risco de ter um aumento em seu nível de incobráveis. Cabe ao gestor financeiro buscar um equilíbrio que minimize o dilema risco-retorno. 9.4.1 Política de crédito O limite máximo assumido pela empresa, ou seja, o ponto que o fluxo de caixa não pode ultrapassar, pode é dado por: H = M + 3Z Onde: H = Limite superior de Caixa A política de crédito fixa parâmetros da empresa quanto à seleção, padrões e condições de crédito. No momento da definição de sua política de crédito, a empresa deve levar em consideração o fluxo de caixa proveniente desta política e o investimento para colocá-la em prática As principais medidas financeiras de uma política de crédito são o investimento de capital, o investimento em estoques, as despesas de cobrança e as despesas com devedores duvidosos. 57 9.4.2 Seleção de Crédito 9.4.4 Condições de Crédito A Seleção de Crédito consiste em determinar se o crédito deve ser concedido a um cliente e o limite quantitativo a ser concedido. Os 5 Cs do Crédito são: As especificação dos requisitos para quitação exigidos dos clientes As condições de crédito compreendem: 1) 2) 3) 4) 5) Caráter Capacidade de pagamento (liquidez e endividamento) Capital (solidez financeira indicada pelo patrimônio líquido) Colateral (ativos disponíveis para garantir o crédito) Condições (influência da conjuntura que pode afetar as partes) Obtenção de Informações: a) Demonstrações contábeis e financeiras b) Empresas prestadoras de serviços (Dun & Bradstreet, Serasa, SCI, SPC) c) Publicações especializadas em indicadores padrões d) Trocas diretas de informações de crédito e) Vendedores f) Visita as instalações da empresa e entrevistas com seus executivos 9.4.3 Padrões de Crédito Padrões de Crédito: requisitos mínimos exigidos para a concessão de crédito a um cliente com segurança: Mudanças nos padrões acarretam variações: a) b) c) d) Volume de vendas Investimento em duplicatas a receber Perdas com devedores incobráveis Despesas gerais de crédito e cobrança a) Desconto financeiro b) Período para obtenção do desconto financeiro c) Período de crédito (sazonalidade das vendas, política de crédito da concorrência, natureza do produto, conjuntura econômica, prazo de pagamento dos fornecedores, metas gerenciais da empresa) 9.5 EXERCÍCIOS A) CAIXA MÍNIMO OPERACIONAL A Cia. Amanhã projetou para o exercício, desembolsos totais líquidos de R$ 2.700.000,00. Temos conhecimento que seu Ciclo Financeiro chega a 45 dias (intervalo de tempo em que a empresa somente desembolsa recursos, ocorrendo entradas somente a partir do 46º dia). Determinar o Caixa Mínimo Operacional da empresa. B) CAIXA MÍNIMO OPERACIONAL Caso a Amanhã, venha a alterar seu ciclo financeiro para 24 dias, qual será seu Caixa Mínimo Operacional? Sabemos que o custo de oportunidade é de 12%, determine se a alteração apresentou alguma economia. C) CAIXA MÍNIMO OPERACIONAL Caso a Empresa altere seu ciclo financeiro para 60 dias, encontrar o Caixa Mínimo Operacional e considerando-se o custo de oportunidade de 12% determine o custo adicional 58 F) MODELO DE MILLER E ORR D) MODELO DE BAUMOL Considera as seguintes informações: Suponha que a empresa CIA. CASAGRANDE projete saídas de caixa de R$ 1.800.000,00 para o próximo exercício. Para minimizar o investimento em caixa, a administração pretende aplicar o modelo de Baumol. O analista financeiro da empresa estimou o custo de conversão de títulos negociáveis em caixa com sendo R$ 45,00 por operação e o custo anual de oportunidade de se manter caixa ao invés de ter os recursos aplicados em títulos negociáveis de 8%. a) Calcule o montante ótimo de caixa a ser transferido de títulos negociáveis. b) Qual deverá ser o saldo médio de caixa? c) Quantas operações deverão ser feitas no ano. d) Calcule o custo total associado ao uso do VEC, obtido em "a". e) Se a empresa fizer 12 conversões de mesmo montante ao longo do ano (uma por mês), qual será o custo total da conversão, o custo total de oportunidade e o custo total E) MODELO DE BAUMOL A Cia. Timão, uma pequena distribuidora de produtos esportivos, prevê que suas saídas de caixa para próximo ano serão de R$ 1.500.000,00. Seu custo de conversão unitário foi determinado em estudo recente como sendo R$ 30,00, e suas aplicações em títulos negociáveis rendem atualmente 8% ao ano. a) Calcule o montante ótimo de caixa a ser transferido de títulos negociáveis. b) Qual deverá ser o saldo médio de caixa? c) Quantas operações deverão ser feitas no ano. d) Calcule o custo total associado ao uso do VEC, obtido em "a". Demanda de Caixa Custo de Conversão Taxa para Aplicação em títulos negociáveis Estimativa da variação dos fluxos de caixa diários Limite Inferior R$3.000.000,00 R$ 50,00 15% ao ano ou 0,04167% ao dia R$ 35.000,00 Zero Pede-se: calcular o ponto de retorno, o limite superior e analisar o comportamento do saldo de caixa nas condições dadas.. G) MILLER E ORR A Drummond S.A. utiliza-se do modelo Miller-Orr para gerenciar o nível de seu caixa. Recentemente, alguém perguntou qual seria a sensibilidade sobre o ponto de retorno e o limite superior para mudanças nos custos de conversão, na variação diária dos fluxos de caixa e no custo de oportunidade (expresso em termos de taxa diária). Os valores atualmente empregados são de R$50,00 por operação de conversão, variação diária dos fluxos líquidos de caixa de R$ 2 milhões e um custo de oportunidade anual de 18%. (considerar o limite inferior igual a 450,00). Calcule o ponto de retorno e o limite superior, utilizando os valores atuais. H) MILLER E ORR A Cia. Amanhã apresentou custos de conversão de transação (investimento/resgate) de R$30,00; sendo a taxa de juros de 8% ao ano ou 0,0222% ao dia (8%÷360) e a estima-se que variação dos 59 fluxos líquidos de caixa diários é de R$27.000,00 sendo que e o valor mínimo caixa igual a zero. Pede-se: calcular o ponto de retorno, o limite superior e analisar o comportamento do saldo de caixa nas condições dadas. I) POLÍTICA DE CRÉDITO A Cia. Amanhã vende 60.000 unidades anuais a R$ 10,00, tendo como custo unitário variável o valor de R$ 6,00 1 atual de vendas no . A empresa pretende afrouxar os padrões de crédito esperando aumento de 5% nas vendas, aumento do período médio de recebimento de 30 para 45 dias e dos devedores incobráveis de 1% para 2% das vendas. O retorno exigido sobre os investimentos da empresa é de 15% ao ano. a) Organização dos Dados para Análise Situação Proposta Vendas Anuais a Prazo Custo Fixo Custo Variável Perda com Incobráveis Prazo Médio de Recebimento Situação Atual Contribuição Marginal aos Lucros Situação Proposta Giro de Duplicatas a Receber Investimento Médio em Duplicatas a Receber Investimento (redução de investimento) Marginal em Duplicatas a Receber Custo (ou Ganho) do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber d) Custo Marginal dos Devedores Incobráveis e) Análise da Proposta Contribuição Marginal aos Lucros b) Cálculo da Margem de Contribuição Adicional Vendas ( - ) Custo Variável ( - ) Custo Fixo Situação Atual Situação Proposta Situação Atual Custo (ou Ganho) Marginal com Incobráveis A empresa deve afrouxar os padrões de crédito? Situação Atual c) Custo do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber Situação Proposta ( - / + ) Custo/Ganho do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber ( - / + ) Custo/Ganho Marginal com Devedores Incobráveis Resultado Marginal Líquido com a Implementação da Proposta J) CRÉDITO A Cia. Amanhã pretende introduzir desconto de 2% para pagamento até 10 dias. Espera-se que com o desconto, 60% das vendas serão feitas com desconto e as vendas aumentarão 5%. O PMR deve cair 60 para 15 dias e as perdas com incobráveis cairão para 0,5% das vendas. O desconto deve ser concedido? Custo do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber Organização dos dados para Análise Giro de Duplicatas a Receber Investimento Médio em Duplicatas a Receber Investimento (ou redução de investimento) Marginal em Duplicatas a Receber Custo (ou Ganho) do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber Situação Atual Situação Atual Situação Proposta Vendas Anuais a Prazo Custo Fixo Custo Variável Perda com Incobráveis Desconto Financeiro Prazo Médio de Recebimento Custo Marginal dos Devedores Incobráveis Margem de Contribuição Adicional Situação Atual Vendas Situação Proposta Situação Proposta Situação Atual Custo (ou Ganho) Marginal com Incobráveis ( - ) Desconto Análise da Proposta Vendas Líquidas ( - ) Custo Variável Contribuição Marginal aos Lucros ( - ) Custo Fixo Contribuição Marginal ao Lucros ( - / + ) Custo/Ganho do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber ( - / + ) Custo/Ganho Marginal com Devedores Incobráveis Resultado Marginal Líquido com a Implementação da Proposta Situação Atual 61 L) CREDITO Custo do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber A Cia. Pesqueira está pensando em estender seu período de crédito de 30 para 60 dias. A empresa vende atualmente 150.000 anzóis ao preço unitário de R$ 3,00. O período médio de cobrança é de 40 dias, os devedores incobráveis são 0,5% das vendas, o custo variável unitário é de R$ 2,30 e o custo total unitário ao volume atual é de R$ 2,60. A alteração no período de crédito deve aumentar as vendas para 170.000 unidades anuais, aumentar o devedores incobráveis para 2% e estender o período médio de recebimento para 72 dias. Você recomendaria a alteração supondo que a empresa exija um retorno mínimo sobre os investimentos que faz de 18% ao ano? Situação Proposta Vendas Anuais a Prazo Custo Fixo Custo Variável Perda com Incobráveis Desconto Financeiro Prazo Médio de Recebimento Situação Atual Análise da Proposta Situação Atual Contribuição Marginal ao Lucros Custo Marginal dos Devedores Incobráveis Custo/Ganho Marginal com Incobráveis Cálculo da Margem de Contribuição Adicional Vendas ( - ) Custo Variável ( - ) Custo Fixo Situação Proposta Situação Proposta Organização dos Dados para Análise Situação Atual Situação Atual Giro de Duplicatas a Receber Investimento Médio em Duplicatas a Receber Investimento (ou redução de investimento) Marginal em Duplicatas a Receber Custo/Ganho do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber Situação Proposta Contribuição Marginal aos Lucros ( - / + ) Custo/Ganho do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber ( - / + ) Custo/Ganho Marginal com Devedores Incobráveis Resultado Marginal Líquido com a Implementação da Proposta 62 M) CRÉDITO Custo Marginal dos Devedores Incobráveis Refaça o exercício anterior, supondo que as alterações sejam em sentido inverso, ou seja, o período de crédito deve ser diminuído de 60 para 30 dias. Situação Proposta Situação Atual Custo Marginal com Incobráveis Organização dos Dados para Análise Análise da Proposta Situação Atual Situação Proposta Vendas Anuais a Prazo Custo Fixo Custo Variável Perda com incobráveis Prazo Médio de Recebimento (PMR) Cálculo da Margem de Contribuição Adicional Situação Atual Situação Proposta Vendas ( - ) Custo Variável ( - ) Custo Fixo Contribuição aos Lucros Marginal Custo do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber Situação Atual Giro de Duplicatas a Receber Invest. Médio em Dupl. a Receber Invest. Marginal em Dupl. a Receber Custo do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber Sit. Proposta Contribuição Marginal aos Lucros ( - / + ) Custo do Investimento Marginal em Duplicatas a Receber ( - / + ) Custo Marginal com Devedores Incobráveis Resultado Marginal Líquido com a Implementação da Proposta 63 10 FONTES DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO – CÁLCULOS comprador e paga à vista ao fornecedor. Conforme Fortuna (2002) e Mellagi Filho (1998), a operação de vendor apresenta diversas vantagens tanto para o vendedor como para o comprador como, por exemplo, a agilidade na concessão de crédito. a) Vendor. b) Compror Di Agustini (1999) destaca que vendor é uma forma de financiamento de capital de giro que têm como característica principal à cessão do crédito, permitindo, assim, que uma empresa venda seu produto a prazo e receba à vista. Para Lemes Júnior et al. (2002), vendor é um financiamento da venda com cessão de crédito. O fornecedor vende a prazo e recebe à vista, porém assume o risco do não pagamento junto à instituição financeira que financia a operação. A Figura, a seguir, correlaciona os participantes de uma operação de vendor. Fornecedor Cliente Vende para o cliente e transfere o crédito para o banco assumindo o risco Paga para o banco Banco Paga a vista o Fornecedor e financia o Cliente Analisando a Figura, pode-se entender melhor como é realizada uma operação de vendor. O fornecedor realiza a venda e transfere o crédito ao banco assumindo o risco da operação, caso o comprador não pague ao banco na data do vencimento. Segundo Fortuna (2002), como o risco junto ao banco é assumido pela empresa vendedora, é imprescindível que a empresa compradora seja cliente tradicional da mesma. O comprador compra e recebe financiamento do banco. Por sua vez, o banco financia o O compror é uma operação semelhante ao vendor, contudo em vez de ser realizada pelo vendedor é feita pelo comprador que passa a ser o fiador do contrato com o banco. O banco efetua o pagamento à vista ao fornecedor não o envolvendo no processo (Fortuna, 2002). Na definição de Di Augustini (1999), o banco oferece o crédito à empresa com destinação específica o que pode reduzir o spread em relação a uma operação de empréstimo para capital de giro garantido por avalista ou nota promissória. Sobre o valor financiado incide juros e IOF, além de uma tarifa de contratação. c) Crédito Rotativo Segundo Fortuna (2002), o crédito rotativo é uma linha de crédito aberta com um limite, podendo este ser utilizado pela empresa à medida de suas necessidades ou mediante a apresentação de garantias em duplicatas. Os juros e o IOF são cobrados de acordo com a utilização dos recursos. Para Lemes Júnior et al. (2002), o crédito rotativo tem um funcionamento semelhante a uma conta-corrente com limite de crédito e prazo preestabelecido. A empresa pode efetuar saques a descoberto dentro desse limite sem maiores burocracias. Os encargos financeiros são, normalmente, altos, mas são pagos somente pelo período que a conta permanece devedora. d) Desconto de Títulos De acordo com Fortuna (2002), desconto de títulos é um adiantamento de recursos feito pelo banco aos clientes, sobre valores referenciados em duplicatas de cobrança ou notas promissórias, antecipando, assim, o fluxo de caixa do cliente. Para Lemes Júnior et 64 al. (2002), o desconto significa a negociação de um título representativo de crédito, junto a um banco comercial, antes do seu vencimento. Di Agustini (1999) enfatiza que se o sacado não efetuar o pagamento na data de vencimento, o banco tem direito de regresso contra o cedente. Assim, o risco do não recebimento do título não é do banco e sim da empresa que efetuou o desconto. Lemes Júnior et al. (2002) destaca as seguintes modalidades de desconto de títulos: desconto de duplicatas; desconto de notas promissórias; e, empréstimo por contrato. g) Empréstimos de Capital de Giro. Na definição de Fortuna (2002), empréstimos de capital de giro são operações tradicionais de empréstimos que atendem às necessidades de capital de giro das empresas. São feitos através de um contrato que estabelece prazos, taxas, valores e garantias. O plano de amortização, geralmente, envolve prazo de até 180 dias. Duplicatas com até 150% do principal emprestado podem ser usadas como garantias, proporcionando, assim, taxas de juros mais baixas. No caso de outras garantias serem entregues, como aval e notas promissórias, os juros são mais altos. e) Hot-Money h) Leasing. Os chamados empréstimos hot-money são outra forma de empréstimos por contrato. Para Di Agustini (1999), o s empréstimos hot-money são alternativas de financiamento de capital de giro de curtíssimo prazo destinadas a suprir necessidades momentâneas de caixa. Os contratos de hot-money são garantidos, normalmente, por nota promissória. Lemes Júnior et al. (2002) destacam que os encargos financeiros desse tipo de operação são cobrados pelo período do empréstimo, porém, segundo Meurer (2003), tal operação apresenta elevado custo financeiro. f) Contas Garantidas. As contas garantidas são contas vinculadas à conta corrente da empresa, usadas quando o saldo se torna devedor. Quando isso acontece são feitos saques automaticamente para que os débitos sejam supridos. É necessário fazer um aviso prévio para o banco realizar a transferência da conta garantida para a conta corrente, incidindo sobre o saque o IOF. Foregon ap. Meurer (2003) acrescenta que os juros devidos pelos excessos das contas correntes são cobrados mensalmente e diferem do cheque especial, pois é uma conta separada, desvinculada da conta corrente, sendo que a garantia, geralmente, é uma nota promissória em branco. Arrendamento mercantil ou leasing é uma forma da empresa ter um bem sem realizar a compra. A operação pressupõe um arrendador, proprietário do bem, e um arrendatário, que terá direito de utilização do bem mediante um contrato e por um prazo previamente determinado. As principais vantagens do leasing são: financiamento total do bem; liberação de capital de giro; dupla economia de imposto de renda (dedução de aluguéis e não imobilização de equipamentos); aceleração da depreciação; e, simplificação contábil (Fortuna, 2002). O leasing não sofre incidência de IOF mas está sujeito ao pagamento de ISS sobre o valor total. i) Factoring. A definição de factoring implica aquisição, pro soluto, de créditos de empresas, originados de suas vendas ou de prestação de serviços a prazo, pela casa de factoring combinado com a contínua prestação de serviços de alavancagem mercadológica, de seleção de riscos ou de outros serviços (Leite,1999). Segundo Di Augustini (1999), por não ser caracterizada como uma operação financeira não ocorre incidência de IOF sobre a operação de factoring. Porém, a operação é tributada pelo ISS sobre o serviço prestado. Lemes Júnior et al. (2002) enfatizam que os custos da operação de factoring tendem a ser 65 maiores do que os custos de empréstimos devido ao fato de a casa de factoring assumir o risco de inadimplência do devedor e de ela prestar outros serviços não-financeiros. j) BNDES. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES é uma empresa pública federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior que tem como objetivo financiar a longo prazo os empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do país. Os tipos de investimentos apoiados são: implantação, expansão e modernização de atividades produtivas e da infra-estrutura; comercialização de produtos e serviços no Brasil e no exterior; capacitação tecnológica; e, treinamento de pessoal, formação e qualificação profissional. Os itens não financiáveis são: terrenos e benfeitorias existentes; máquinas e equipamentos usados (exceto para microempresas); animais para revenda, formação de pastos em áreas de preservação ambiental; veículos; capital de giro para exportação, agropecuária e serviços, exceto, microempresas prestadoras de serviço. 11 11.1 APLICAÇÕES DE RECURSOS OCIOSOS CERTIFICADOS DE DEPÓSITO BANCÁRIO (CDB) Os certificados de depósito bancário (CDBs), foram criados pela Lei nº 4.728, de 14/7/1965. São títulos que representam uma promessa de pagamento futuro firmada pela instituição financeira emissora. São os mais antigos e utilizados títulos de captação dos bancos múltiplos com carteira comercial, de investimento e/ou desenvolvimento, os bancos comerciais, os bancos de investimento e os bancos de desenvolvimento, sendo oficialmente conhecidos por “depósitos a prazo”. Com a edição da Circular nº 2.905, de 30/6/1999, que produziu efeito a partir de 2/8/1999, os títulos com remuneração contratada com base em taxas pré-fixadas deixaram de estar sujeitos a prazos mínimos. As operações referenciadas em TR e TJLP passaram a ter prazo mínimo de 1 mês, e as referenciadas em TBF, 2 meses. A Circular estabeleceu, ainda, que estariam livres de prazos mínimos os títulos com remuneração contratada com base em taxas flutuantes desde que estas fossem regularmente calculadas, de conhecimento público e baseadas em operações contratadas a taxas de Mercado pré-fixadas, com prazo não-inferior ao período de reajuste estipulado em contrato. São exemplos destas taxas a Taxa SELIC e a Taxa Média de Depósitos Interfinanceiros de Um Dia, ou Taxa DI. Admite-se, também, a emissão de Certificados de Depósito Bancário com reajuste de valor por índice de preço, desde que tenham prazo e periodicidade de reajuste mínimos de um ano e que o índice de preços em questão seja regularmente calculado e de conhecimento público, como o IGP-M divulgado pela FGV, por exemplo. 66 Apesar de alguns tipos de Certificados de Depósitos Bancários não terem prazos mínimos, a Portaria MF nº 264, de 30/6/1999, determinou a incidência de IOF sobre os rendimentos das operações realizadas nos Mercados de renda fixa desincentivando os resgates nos prazos inferiores a 30 dias. Ao aplicar seus recursos em um CDB, o investidor deve estar ciente do risco de que o banco que emitiu o CDB fique inadimplente. Nesse caso, a aplicação é garantida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), vinculado ao Governo Federal, somente até o valor máximo de R$ 20.000,00 por cada CPF. Os Certificados de Depósito Bancário são transferíveis por endosso nominativo e podem ser resgatados a critério da instituição emissora antes do prazo de vencimento, desde que respeitados os prazos mínimos. Além disso, não podem ser prorrogados, mas renovados a partir de uma nova contratação. Os Recibos de Depósito Bancário têm as mesmas características de um CDB, com a diferença de que os recibos não podem ser negociados no Mercado secundário nem permitem a retirada antecipada dos recursos depositados. Contudo, os Recibos de Depósito Bancário podem ser rescindidos em caráter excepcional, desde que com acordo da instituição depositária. Neste caso, só poderá ser devolvido ao investidor, o valor do principal depositado, sem os juros. Normalmente, as aplicações têm prazos que variam entre 30 dias e 180 dias. Em geral, os bancos concedem taxas melhores de acordo com o volume investido, isto é, quanto maior o investimento, melhor deve ser a taxa que você receberá do banco. Os CDBs não podem ser prorrogados, somente renovados, de forma que na data de vencimento do seu CDB, os juros que você recebeu, no período, serão depositados na sua conta corrente, descontados dos impostos. A grande desvantagem dos CDBs em confronto com os Fundos de Investimento de renda fixa reside, exatamente, nesta necessidade de renovar a aplicação. Ao contrário do que acontece com os Fundos de Investimento, nos quais a CPMF só é cobrada uma vez, nos CDB, ela é cobrada a cada renovação da aplicação, o que acaba corroendo parte da rentabilidade da aplicação. Por este motivo, os certificados com remuneração atrelada às taxas SELIC ou DI são, geralmente, emitidos sem prazo de vencimento, sendo acordado, entre a instituição financeira e o investidor, um prazo a partir do qual será permitido o seu resgate. Dessa forma, evita-se o custo de novas contratações. Os ganhos obtidos na aplicação em CDB estão sujeitos ao IRRF pelo banco que o emitiu. 11.2 LETRAS DE CÂMBIO (LC) As Letras de Câmbio representam o instrumento de captação específico das Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento – as chamadas "Financeiras" – e são emitidos sempre com base em uma transação comercial. Elas são emitidas pelos financiados dos contratos de crédito e aceitas pelas instituições financeiras participantes da operação. Com o aceite e a coobrigação das Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento, a Letra de Câmbio é vendida a investidores do Mercado financeiro, cumprindo seu objetivo de obter recursos para o financiamento do crédito direto ao consumidor. Esses títulos estão regulados pelo art. 27 da Lei nº 4.728, de 14/7/1965, e podem ser emitidos com taxas pré-fixadas, flutuantes ou pós-fixadas em TR, TJLP ou TBF. O prazo mínimo para o vencimento é de 60 dias e o máximo é de 180 dias. 67 11.3 FUNDO DE RENDA FIXA Os fundos de investimentos funcionam como um consórcio, eles não se beneficiam do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O FGC protege depósitos de caderneta de poupança, CDB, letras hipotecárias, letras de câmbio e depósitos em conta corrente. O teto de valor garantido é de R$ 20.000 por CPF e por instituição financeira, isto, é se você tem uma caderneta de poupança com R$ 10.000, um CDB de R$20.000 e uma conta corrente com R$ 5.000, então você deverá receber R$ 20.000,00 em caso de falência da instituição financeira. Entretanto, se você tivesse R$ 20.000 aplicados em um fundo de renda fixa, ao invés de CDB, então você receberá apenas R$ 15.000 em caso de falência do banco. Vale lembrar que como os fundos de investimentos são pessoas jurídicas distintas da instituição administradora, então eles não devem ser afetados pela falência do banco. Os fundos de renda fixa são regulados pelo Bacen e constituindo-se na maior classe de fundos de investimento, sendo composta por 4 subclasses: renda fixa tradicionais, renda fixa crédito, renda fixa multi-índices e renda fixa alavancados, detalhadas abaixo: a) Renda fixa tradicional: Estes fundos aplicam seus recursos, sobretudo, em títulos de renda fixa pré-fixados, e por isto são recomendados em cenários em que se espera uma redução nas taxas de juros. Dentre as subclasses de fundos de renda fixa esta é a de menor risco, pois investe apenas em títulos públicos e não utiliza alavancagem ou derivativos. Devem manter, no mínimo, 80% de sua carteira em títulos públicos federais ou ativos com baixo risco de crédito. b) Renda fixa crédito Na tentativa de obter rendimentos mais atrativos que os renda fixa tradicionais diversificam suas aplicações em renda fixa, investindo também em títulos privados, como debêntures de empresas brasileiras. Desta forma, além de estar exposto aos riscos do mercado de juros, o investidor também corre risco de crédito caso as empresas que emitiram os títulos enfrentarem dificuldades financeiras atrasando ou suspendendo o pagamento dos juros destes títulos, o que acabaria refletindo no valor das cotas. c) Renda fixa multi-índices: Engloba os fundos de renda fixa que buscam alcançar rentabilidade mais atrativa através do investimento em ativos de renda fixa de qualquer espectro de risco de crédito, ou seja, títulos públicos ou privados, assim como adotam estratégias que impliquem em risco de índices de preço. Desta forma, fazem parte desta categoria os fundos de renda fixa com risco de indexadores (fundos IGPM, etc.), sem alavancagem. Estes fundos não podem investir em ativos que impliquem em risco de oscilações de moeda estrangeira e de renda variável (ações, etc). d) Renda fixa alavancados: A única diferença com relação aos multi-índices é que estes fundos podem inclusive realizar operações que impliquem em alavancagem do patrimônio, enquanto nos multi-índices isto não é permitido. 11.4 FUNDO DE RENDA VARIÁVEL Os fundos de renda variável devem ter no mínimo 51% de seu patrimônio em ações, podendo atuar no mercado futuro e são regulados pela CVM. Podem sofrer fortes oscilações, tanto positivas quanto negativas. Costumam investir no mercado de derivativos para travar as perdas de patrimônio, quando as ações despencam mais que o límite suportável pelos cotistas. É uma excelente oportunidade quando os preços das ações estão baixos e há perspectivas reais de crescimento das empresas e 68 do país. Podem não compensar o risco, quando os juros pagos pelo governo são maiores que a rentabilidade das empresas. São referenciados em um índice, como o brasileiro Ibovespa. Os fundos passivos vão tentar se espelhar o Ibovespa e prometem o mesmo rendimento do fundo. Outros fundos, os ativos, podem prometer superar o rendimento do Ibovespa. Também há os fundos setoriais, que dirigem os investimentos em papéis de determinados setores como telecomunicações, energia e bancos. 11.5 ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO A FORNECEDORES Caso a empresa possua disponibilidades e deseje antecipar o pagamento aos seus fornecedores é necessário que o valor a ser pago valha mais a pena do que aplicar os recursos disponíveis no mercado financeiro. Como exemplo, admita que a empresa XXX deva um título com valor de face de $1.000,00, com vencimento em 4 meses. A empresa XXX possui recursos suficientes para quitar a dívida ou continuar a aplicar no mercado financeiro a uma taxa de 1% ao mês. Cabe ao administrador determinar o valor máximo pelo qual valeria a pena quitar o referido título. Compilando os dados temos: Valor nominal = $ 1.000 (Valor futuro) i = 1% ao mês. n = 4 meses O primeiro passo é determinar o valor atual do título, através da seguinte fórmula: PV = FV (1+i ) −n Assim temos: PV =$1000(1+ 0,01) −4 PV =$960,08 Assim, a empresa XXX apenas deverá antecipar o pagamento ao seu fornecedor caso o mesmo aceite hoje um valor menor que $ 960,08. 69 12 ENGENHARIA FINANCEIRA Engenharia é a aplicação prática de princípios matemáticos ou científicos na resolução de problemas ou no projeto de produtos ou serviços. Já a base de conhecimentos do engenheiro financeiro é a economia financeira, ou a aplicação de princípios econômicos á dinâmica dos mercados mobiliários, especialmente com o propósito de estruturar, determinar o preço e administrar o risco dos contratos financeiros. Ao elaborar a estratégia de administração do risco ou dos títulos mobiliários, o engenheiro financeiro também trabalha dentro de restrições físicas e orçamentárias. Os engenheiros financeiros podem projetar diferentes tipos de estratégias ou instrumentos financeiros para produzir o resultado final. Ele tem habilidade em projetar rotas alternativas para o mesmo fim, todas essencialmente semelhantes mas cada uma com suas vantagens e desvantagens. Algumas alternativas oferecidas podem ser contratos derivativos, pois seus resultados finais são função(ou derivam) do valor de um índice subjacente. É importante ressaltar, que existem várias maneiras de se aplicar a engenharia financeira, desde operações de hedge até operações envolvendo derivativos. 12.1 FUNDAMENTOS DA ENGENHARIA FINANCEIRA Na concepção e implementação das estratégias da empresa, os administradores sempre fizeram uso das habilidades específicas dos mais variados especialistas, desde profissionais de marketing até especialistas em produção. Agora, um punhado crescente de administradores veteranos descobriu que os praticantes de uma nova especialização técnica - a engenharia financeira - podem ajuda – los a alcançar os objetivos estratégicos de suas companhias. Descobriram que a engenharia financeira tem o poder não só de reduzir o custo das atividades existentes, mas também de possibilitar o desenvolvimento de novos produtos, serviços e mercados. As técnicas financeiras avançadas vêm trazer novas soluções, para amplos problemas estratégicos – nas áreas de marketing, produção, recursos humanos, relações com investidores e reestruturação estratégica. Apresentamos, neste trabalho, cinco estudos de caso que ilustram como a engenharia financeira pode ser aplicada de forma inovadora, orientando os administradores na determinação de quando o uso de tais técnicas seria adequado. Os casos demonstram que a estreita colaboração entre administradores e engenheiros financeiros pode ajudar a criar uma vantagem competitiva que pode se traduzir de formas diversas: diferenciando os produtos através de um número maior de opções de preço e entrega, aumentando a capacidade de produção com alternativas flexíveis ao investimento de capital, modificando as características do risco de ser acionista, ou mantendo fusões estratégicas na linha, através da criação de situações do tipo ganhar ou ganhar. O que se pretende ao mostrar estes casos é seguir o olhar do engenheiro financeiro que pensa como estrategista(ou do estrategista que pensa como engenheiro financeiro). Isto quer dizer “acompanhar o risco”, através do processo de identificar as fontes de risco, avaliar a vantagem estratégica de correr o risco, criar instrumentos financeiros para transferir o risco, e usar os mercados financeiros para avaliar e repelir o risco. 70 12.2 A ENGENHARIA FINANCEIRA NA PRÁTICA a) a Tennessee Valley Authority - TVA Com o aumento da procura há necessidade de se avaliar o que será melhor: expandir ou adquirir mais capacidade de produção para poder atender a essa procura. Esse problema torna maior quando aumentar a capacidade requer financiamento de capital em grande escala, o que pode limitar a flexibilidade essencial no mercado com muita rapidez. A TVA, que é uma empresa pública que administra as águas do rio Tenneessee (EUA) de modo a produzir eletricidade para o sudeste. A princípio a TVA construiu represas hidrelétricas, usinas a vapor e nucleares, e atendia sua demanda através da transformação de tijolos, argamassas e turbinas em energia e reatores em energia. Em 1994, a empresa precisava expandir sua capacidade instalada a um nível muito elevado, pois haverá começado a desregulamentação da indústria de energia elétrica e o mercado de eletricidade estava em ebulição. O custo do programa nuclear ao longo de 28 anos era de 25 bilhões. De acordo com as estimativas em 1994 o investimento necessário era de 1,7 bilhões por ano, até 2000. O endividamento da empresa também estava limitado. Com a evolução das transações em bolsa de energia esta opção oferecia a TVA uma maneira clara de atender a demanda crescente, comprando a energia, ao invés de fabricar com tijolos e argamassa. Pois contratar a compra de energia a longo prazo a preço e quantidade fixos fica mais em conta que construir novas usinas. A melhor opção era comprar opções no mercado futuro o que lhe daria o direito mas não a obrigação de comprar energia de outras companhias de serviços de utilidade pública, sendo assim, compra–se mais energia de acordo com a sua necessidade criando uma usina virtual. Para formalizar e garantir que seus parceiros iriam honrar seus contratos e ao mesmo tempo determinando o preço dos contratos, a TVA implantou um plano de compras de opções que deu origem a uma carteira de opções. Esta carteira de opções se apresenta tão importante para o futuro da companhia de serviços de utilidade pública como são os engenheiros de projetos de energia elétrica, pois possui todas as informações necessárias para a tomada de decisão no investimento. b) MW Petroleum Corporation Dentre as fusões e aquisições ocorridas, muitas fracassam devido à diferenças de percepção entre comprador e vendedor e outros fracassam mesmo com pouca distância entre as partes, mas porque os negociadores não possuem recursos técnicos para remover os obstáculos que impedem seus planos. A Amoco Corporation, petroquímica, com faturamento superior à US$28 bilhões, após uma avaliação a longo prazo, concluiu que deveria se desfazer de suas propriedades marginais de petróleo e gás. Por isso criou uma nova organização a MW Petroleum Corporation – Entidade independente de desenvolvimento e exploração. Teria participação na renda de 9.500 poços em mais de 300 campos. Uma das opções da Amoco seria a possibilidade de venda da MW como companhia independente de petróleo de tamanho médio. Entre possíveis compradores, a Apachi Corporation – companhia de gás e petróleo, a qual sua estratégia consiste em adquirir propriedades que as grandes consideravam marginais e, 71 então, usar sua perícia, e baixos custos operacionais para obter lucros maiores. Usando a engenharia financeira, ambas as partes reconhecem que os riscos desta transação poderiam ser compartilhados. Mas o mercado de gás e petróleo tinha passado por um período tumultuado, devido à invasão do Kuwait pelo Iraque. Com isso o preço do petróleo sobe muito e aumenta também a incerteza quanto a sua direção. Criou – se assim um collar - combinação de uma opção de compra e outra de venda. Na qual a engenharia financeira utilizou dados reais e modelos financeiros para determinar o valor da combinação. A Amoco esperava alta e a Apache baixa dos preços do petróleo, assim, embora ambas as empresas concordassem na maioria dos pontos técnicos da MW Petroleum, suas diferenças em relação aos preços do petróleo armaram uma barreira no caminho da negociação. Após o negocio fechado ambos os lados recebem propostas para liquidar suas posições, encerrando assim sua exposição ao risco. Financiadores da aquisição da Apache taxaram suas propostas de financiamento nas piores simulações, sendo assim não se poderia chegar a um acordo. A solução dependia de uma obra da engenharia financeira. A Amoco forneceria a Apache garantias de suporte de preço até um determinado teto, ela faria pagamentos de compensação a Apache, caso os preços do petróleo caíssem abaixo de um determinado nível de suporte de preço nos dois primeiros anos depois da venda, ou seja, faria pagamentos de compensação à Apache. Que por sua vez poderia ter suas receitas e lucros a curto prazo, protegidos de uma possível queda nos preços de gás e do petróleo. Em troca dessa garantia, a Apache pagaria à Amoco caso os preços do petróleo e do gás excedessem um determinado nível de participação nos preços durante os próximos cinco a oito anos. Mesmo a Apache pagando mais pela MW se os preços subissem, o aumento da receita proveria meios para efetuar pagamentos. Esta foi uma solução em que ambas as partes saíram ganhando porque cada parte obteria o preço que havia previsto caso sua previsão fosse acertada. Como foi apresentado nos exemplos e situações anteriores, a engenharia financeira pode apresentar soluções para problemas empresariais e, até mesmo, pessoais. O engenheiro financeiro fundamenta-se nos estudos enigmáticos dos fatores de risco, ao analisar fatores imprescindíveis e ao mesmo tempo relatando aos administradores fatores preponderantes a escolha de estratégias para os demais casos futuros da empresa. Como os exemplos citados anteriormente, demonstram que a engenharia financeira abrange os diversos aspectos para cada aplicação. Pois os líderes e gerentes de empresas não buscam simplesmente o lucro acima de tudo, nestas novo tempo de economia globalizada, eles estão buscando assegurar sua instabilidade perante o mercado, para isso analisam os reflexos de cada uma de suas ações e atitudes com projeções e previsões para o futuro, vale a pena lembrar que estas projeções não estão relacionados somente aos fatores produtivos, mas também com os acionistas, credores e a própria concorrência como vimos nos exemplos. Mas para tanto estas buscam repelir ou extinguir o máximo risco possível, por isso o uso indispensável da engenharia financeira, para a busca da estratégia que atinjam a esses propósitos. 72 Um ponto interessante apresentado nos exemplos, foram à maneira que eles usaram a engenharia financeira, sendo que seus produtos não tinham mercado desenvolvido, mas visto os grandes riscos que estavam por correr, a engenharia financeira buscou da mesma forma minimizados, mesmo que fossem custosos porém eficazes. O uso da engenharia financeira se mostra cada vez mais usual, principalmente neste mundo globalizado em que vivemos hoje, onde a influencia da concorrência exigem que os lucros produtivos antes com margens significativas estejam cada vez menores, obrigando os gerentes e lideres de grandes corporações a analisarem e buscar meios de sobrevivências de seus ativos no mercado financeiro. A engenharia financeira busca conciliar um preço justo a ser pago pelo risco buscado (risco mínimo) para tanto os administradores devem levar em consideração o quanto custa pagar por esse risco, e por outro lado esta busca uma flexibilidade das ações a serem tomadas pelas empresas. A engenharia financeira fundamenta-se na vivencia do mercado financeiro, conhecendo aspectos, e prevendo variações futuras e elaborando estratégias que busquem os resultados esperados, mesmo que estes exijam altos investimentos, ou até ter que assumir outros riscos em busca da minimização do mesmo. Mesmo em seus projetos a engenharia financeira com freqüência aponta que o preço de tal risco a evitar é assumir outro risco, na maioria dos casos, esse risco provém das variações e custos adicionais com índices futuros, é o chamado risco implícito, porém além desses existem outros que são de difíceis quantificação e previsão pelos administradores como: Como vimos nos exemplos; A Amaco que possuía dúvidas em passar uma de suas divisões que gerava apenas receitas marginais, para concorrência temendo levar prejuízos futuros deste ativo produtivo; E o da TVA, que não se decidia em investir em construção de novas instalações, ou comprar de contratos futuros, que poderiam atender suas necessidades futuras de atendimento da demanda, eliminando o risco da mesma em investimentos cuja maturidade era incerta vista a crescente concorrência. Em ambos os casos a engenharia financeira esteve presente escolhendo na medida certa a estratégia e os rumos a serem tomados. a) A quebra do contrato de empresas infiéis e com graus de risco que a engenharia financeira busca quantificar. b) O risco de desempenho das empresas em sua vida produtiva ou financeira. c) O risco de base; quando no mercado não existe contratos com medidas que buscam proteção ao risco determinados pela engenharia financeira , e sim semelhantes tendo que ser aceito como substitutos. d) Risco de liquidez, que ocorre quando a empresa sofre variações inesperadas no seu fluxo de caixa e variação de capital. e) E finalizando as mudanças legais a qual está sujeita, variações na política monetária, tributária, legislativa e principalmente mudanças de governo. Por esse motivo, é comum que a engenharia legal trabalhe junto com a engenharia financeira para aumentar a confiabilidade de seus projetos. Porem existem fatores que podem atrapalhar os projetos da engenharia financeira, dentre eles alem dos riscos implícitos também constam àqueles imprevistos e de difíceis quantificação e ainda as mudanças repentinas nas políticas fiscais, econômicas e planos governamentais. 12.3 OPERAÇÃO OFF-BALANCE (OFF-BUDGET) Este tipo de risco compreende as transações não identificáveis num balanço de uma instituição financeira, mas que agem nas formas futuras do demonstrativo contábil da empresa, criando ativos e 73 passivos contingentes. As operações com derivativos, fundos de investimento, projet finance, joint-ventures etc. Pesquisa realizada entre os órgãos de supervisão de entidades financeiras nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Japão e outros países, revelou preocupação pelo aumento dos itens fora do balanço. A pesquisa revelou: a) dois terços das linhas de crédito dos bancos são alocados às contrapartes dos itens fora do balanço; b) cada um dos 30 maiores bancos do mundo têm em média uma exposição de 1,1 a 1,4 trilhões de itens fora do balanço; c) 50% dos itens fora do balanço são realizados entre bancos; d) os bancos localizados nos grandes centros financeiros derivam, em média, 75% de suas outras receitas de comissões de produtos derivativos; e) as transações diárias realizadas em Nova York a 2,5 trilhões representam a metade do PIB dos Estados Unidos; f) alguns bancos estrangeiros têm maior exposição em Nova York que em seus países de origem. (Australianos são exemplo); g) existe grande concentração dos itens fora do balanço em poucos bancos; Os motivos para o rápido crescimento dessas atividades se devem a fatores ambientais tais como a volatilidade de preços (taxa de juros, taxa de câmbio, ações, etc.), globalização da indústria e do sistema financeiro, assimetria de impostos, avanços tecnológicos, incremento da competição entre entidades financeiras no mercado de derivativos. Também concorrem os fatores internos como a necessidade de liquidez do mercado, aversão ao risco aumento dos modelos quantitativos etc. 12.4 SPECIAL PURPOSE COMPANY (SPC) As característica básicas de um project finance residem no fato de que o empreendimento é visto e avaliado isoladamente, sem quaisquer influências de seus controladores, ou seja, a rentabilidade e as garantias são fornecidas pelo próprio empreendimento ou projeto. Assim, as garantias reais são substituídas pelos recebíveis. Para o investidor, uma das maiores vantagens de uma SPE está no fato de permitir um perfeito isolamento das outras atividades comerciais dos acionistas controladores e um acesso direto e menos complicado aos ativos e recebíveis do empreendimento pelos agentes financiadores, nos casos de inadimplência. Produto de engenharia financeira, o project finance é considerado um arranjo financeiro que implica em uma mudança na avaliação do risco do empreendimento. De forma sucinta, um project finance pode ser definido como uma operação integrada na qual os financiadores do projeto esperam obter receitas a partir da operação ou expansão do empreendimento intensivo de capital, com vistas à amortização do investimento realizado. A estruturação de um project finance é bastante complexa e exige amplas negociações entre os sócios (investidores) e os credores, bem como com os clientes, fornecedores, seguradoras e entidades governamentais. 74 13 GESTÃO DE PROTEÇÃO ÀS OPERAÇÕES DO ATIVOS E ÀS OPERAÇÕES DO PASSIVO DA EMPRESA 13.1 CÂMBIO A operação de compra e venda de câmbio é um acordo que obriga prestações recíprocas das partes envolvidas. O vendedor tem a obrigação de entregar a moeda estrangeira e o comprador, por sua vez, a moeda doméstica na proporção da taxa de câmbio negociada. Juridicamente, esta operação corresponde a um contrato bilateral, existindo vínculo entre as obrigações dos contratantes, as quais só se justificam como causa recíproca uma da outra. O art 476 do Novo Código Civil (Lei 10.406, de 102002) estabelece: Art. 476 - Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Sob os diversos aspectos jurídicos em que podem ser classificados os contratos bilaterais de compra e venda de moeda estrangeira, destacam-se duas características. A primeira deve-se ao fato de o contrato representar uma convenção sinalagmática, significando que se uma das partes não honrar suas obrigações não poderá exigir o pagamento de sua contraparte, mesmo entrando em processo de liquidação ou falência. A segunda característica é que estes são contratos solenes. Isto é, dependem dos termos prescritos em lei para se aperfeiçoarem e estão sujeitos aos regulamentos estabelecidos pelo Banco Central. Resumindo, um contrato negociado entre as mesas de operações somente se transformará em instrumento jurídico após o preenchimento das formas definidas pelo Banco Central. As operações de compra e moeda estrangeira no Brasil estão sujeitas à regulamentação específica e são contratadas e liquidadas por instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central. O art 4º, inciso V, da Lei º 4.595, de 311964, estabelece a competência do Conselho Monetário Nacional – CMN para fixar as diretrizes e normas da política cambial, inclu a compra e venda de ouro e quaisquer operações em moeda estrangeira. De acordo com o art. 9o da referida lei, compete, ao Banco Central, a execução destas diretrizes e normas, inclu as relativas à política cambial. Excluído: igo Excluído: n Excluído: de dezembro de Excluído: sive Excluído: igo Excluído: sive Ainda, conforme o art 10º desta mesma lei, compete privativamente ao Banco Central ser o depositário das reservas oficiais de ouro e moeda estrangeira e conceder autorização às instituições financeiras, a fim de que possam praticar operações de câmbio. O art. 11, em seguida, determina a competência do Banco Central para atuar no sentido do funcionamento regular do ercado cambial, da estabilidade relativa das taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de pagamentos. Excluído: igo No contrato de câmbio não são suscetíveis de alteração o comprador, o vendedor, o valor em moeda estrangeira, o valor em moeda nacional, o código da moeda estrangeira e a taxa de câmbio. Excluído: . Conforme estabelece a Circular nº 3.083, de 302002, as operações de compra e de venda de moeda estrangeira pelo Banco Central, no ercado interbancário, serão realizadas exclusivamente com instituições credenciadas para esta finalidade, os dealers. Excluído: de janeiro de Os dealers são selecionados entre as instituições autorizadas a operar no ercado de âmbio, mediante a avaliação de desempenho com base na média ponderada de 5 itens, são eles: I – o volume de câmbio negociado pela instituição no ercado interbancário, com peso 0,5; Excluído: Excluído: igo Excluído: no Excluído: de janeiro de Excluído: igo Excluído: o Excluído: m Excluído: m Excluído: m Excluído: c Excluído: m 75 II – o volume de operações de cambio vinculadas a importações e exportações negociado pela instituição, com peso 3,0; III – o volume de títulos da dívida pública com correção cambial negociado pela instituição, com peso 1,5; IV – o volume de câmbio financeiro negociado pela instituição, com peso 3,0; e V – informações prestadas ao Banco Central do Brasil, com peso 2. O objetivo deste último item é avaliar a qualidade das informações prestadas e a forma de atuação de cada instituição no mercado de âmbio. O período de validade de cada credenciamento de dealers será de seis meses, abrangendo os meses de junho a novembro e de dezembro a maio, sendo obrigatório o rodízio de, pelo menos, três instituições a cada novo período de credenciamento. O número de dealers é de 25 instituições e, além da classificação por desempenho, a instituição deve atender a alguns requisitos, como estar em funcionamento por mais de 6 anos, gozar de boa saúde econômico-financeira e dispor de linha exclusiva de comunicação com a mesa de operações do Banco Central. Os dealers têm, como obrigação, participar dos leilões, dar cotação da moeda estrangeira quando solicitados, prover liquidez ao ercado e fornecer, diariamente, informações ao Banco Central sobre suas atividades. A regulamentação prevê ainda que uma instituição pode ser descredenciada caso se utilize da condição de dealer para dominar, manipular ou impor condições que ensejem a formação artificial de preços. Um contrato de venda de moeda estrangeira realizado por uma empresa exportadora para entrega futura subordina-se à prévia existência de um importador no Exterior, que deve ser comprovada por documentação específica. Tão logo receba as divisas decorrentes da venda da mercadoria, o exportador deve entregá-la a um banco autorizado a operar com câmbio para que se efetue a liquidação do contrato de câmbio. O vínculo entre o banco comprador e o exportador é formalizado por meio do contrato de câmbio. Uma vez celebrado o contrato, o exportador assume a obrigação de vender a moeda estrangeira, independentemente do resultado de sua operação comercial. A contratação do câmbio poderá ocorrer prévia ou posteriormente ao embarque da mercadoria, podendo ser efetuada até 360 dias antes do embarque da mercadoria ou até 180 dias após o seu embarque. Excluído: Excluído: Excluído: c Os contratos de câmbio de pagamento antecipado de exportação são celebrados para liquidação pronta, ou seja, imediatamente após a contratação. Os contratos das demais operações comerciais são celebrados, normalmente, para liquidação futura. Os prazos limites para que se realize a liquidação dos contratos de câmbio são: Exportações Liquidação Pronta D+2 Excluído: a Liquidação Futura D +750 Excluído: m Definir com clareza a forma de pagamento que deverá ser observada em uma operação de exportação é de fundamental relevância para ambas as partes. Assim, a escolha da modalidade de pagamento deve atender simultaneamente aos interesses do exportador e do importador. Excluído: 76 São as seguintes às modalidades de pagamento no comércio exterior: - Pagamento Antecipado; - Cobrança Documentária; - Carta de Crédito. a) Pagamento Antecipado Nesta modalidade, o importador paga o exportador antes do envio da mercadoria, caracterizando um financiamento. Trata-se da opção mais interessante para o exportador, que recebe antecipadamente o pagamento. O risco é assumido pelo importador, que pode não receber a mercadoria ou recebê-la em condições nãoacordadas anteriormente com o exportador. Embora o Pagamento Antecipado não seja procedimento muito adotado, pode ocorrer quando houver relação de confiança entre as empresas envolvidas. Pode, ainda, ser utilizado entre matrizes e filiais, e também pela empresa importadora que procura garantir-se quanto a possíveis oscilações futuras de preço. O prazo para aplicação do câmbio pelo exportador em guia de exportação é de até 360 dias após a data de entrada das divisas. Ultrapassado este prazo, a operação é registrada como investimento ou empréstimo. Tão logo a mercadoria seja embarcada, o exportador deverá encaminhar, ao importador, os documentos originais de exportação, para que este possa desembaraçá-la no ponto de destino, bem como fornecer cópias destes documentos ao banco responsável pela contratação do câmbio. b) Cobrança Documentária Nesta modalidade de cobrança, o exportador envia a mercadoria ao país de destino e entrega os documentos de embarque e a letra de câmbio, conhecida igualmente por "cambial" ou "saque", ao banco negociador do câmbio no Brasil, denominado "banco remetente", que, por sua vez, os encaminha, por meio de carta-cobrança, ao seu banco correspondente no Exterior, denominado "banco cobrador". O banco cobrador entrega os documentos ao importador, mediante pagamento ou aceite do saque. De posse dos documentos, o importador pode desembaraçar a mercadoria importada. Em alguns casos, o exportador envia, diretamente ao importador, os documentos para a liberação da mercadoria, e cabe, ao banco cobrador, apresentar a letra de câmbio para recebimento do pagamento ou aceite. Nesta hipótese, se o importador recusar-se a pôr o seu "aceite" na letra de câmbio, o exportador não terá base legal para acioná-lo judicialmente. O risco do exportador dependerá do tipo de cobrança. Se a cobrança é à vista, o importador efetua o pagamento ao banco cobrador e recebe a documentação para desembaraço da mercadoria. O risco do exportador é limitado, pois, caso o investidor não realize o pagamento, não receberá a mercadoria, que poderá ser revendida a um terceiro. Se a cobrança é a prazo, o banco entrega os documentos ao importador contra aceite. O importador efetuará o pagamento no vencimento do saque e, caso não o faça, estará sujeito a sanções legais. A cobrança a prazo é o procedimento mais usual nas exportações. O prazo de pagamento pode ser contado a partir da data da emissão da letra de câmbio, do aceite do importador ou do embarque da mercadoria. Todos esses procedimentos de cobrança e remessa de documentos implicam despesas, como comissões dos bancos intervenientes, gastos com comunicação e impostos. Em geral, estes custos são assumidos pelo exportador. c) Carta de Crédito Trata-se da modalidade que oferece maior respaldo ao exportador, pois envolve uma operação garantida por um ou mais 77 bancos. Ela pode ser definida como uma ordem de pagamento condicionada ao atendimento de todas as exigências por parte do exportador. A Carta de Crédito é emitida por um banco, denominado "banco emissor", na praça do importador, a seu pedido, e representa um compromisso de pagamento do banco ao exportador da mercadoria. Na Carta de Crédito, são especificados o valor, o beneficiário (exportador), documentação exigida, prazo, portos de destino e de embarque, descrição da mercadoria, quantidades e outros dados referentes à operação de exportação. Uma vez efetuado o embarque da mercadoria, o exportador entrega os documentos a um banco de sua praça, denominado "banco avisador", que, em geral, é o mesmo banco com o qual negociou o câmbio. Este, após a conferência dos documentos requeridos na carta de crédito, efetua o pagamento ao exportador e encaminha os documentos ao banco emissor no Exterior. O banco emissor entrega os documentos ao importador que, assim, poderá efetivar o desembaraço da mercadoria. O recebimento do pagamento pelo exportador depende, apenas, do cumprimento das condições estabelecidas na carta de crédito. A Carta de Crédito poderá ser negociada à vista ou a prazo. No primeiro caso, o exportador evita a defasagem de tempo entre o embarque da mercadoria e o recebimento do valor correspondente. No segundo, o exportador só terá direito a receber o valor das mercadorias na data de vencimento do saque. Alternativamente, ele poderá pleitear o desconto dessas cambiais ao banco com o qual negociou os documentos. tomar no mercado à vista. É uma forma de o investidor se proteger contra os efeitos das oscilações de preços. Os mercados futuros surgiram diante da necessidade de fazendeiros assegurarem um certo preço para as colheitas futuras. Ao entrar em um acordo com preço no futuro pré-definido, o fazendeiro podia assegurar determinado lucro ou limitar sua perda. A isso chamamos hedge. Esse conceito foi posteriormente adaptado a outros mercados, possibilitando o surgimento de contratos nãoagrícolas. O desenvolvimento desses contratos permitiu que as mesmas estratégias de hedge usadas em mercados agrícolas fossem utilizadas em mercados financeiros. Um contrato futuro corresponde a um acordo entre 2 partes para comprar ou vender determinado ativo em uma certa data, a determinado preço. Vale dizer que existe um outro tipo de contrato, o contrato a termo, cuja definição é a mesma do contrato futuro. Contudo, há algumas diferenças entre os 2, quais sejam: a) contratos futuros são normalmente negociados em bolsas, enquanto que os a termo são negociados em balcão (over-the-counter); b) contratos futuros são padronizados, enquanto que as especificações dos contratos a termo dependem da negociação entre as partes; c) em um contrato a termo uma parte sabe qual é sua contraparte, o que não ocorre no contrato futuro negociado em bolsa; e d) o risco de crédito no contrato futuro é o risco-bolsa, enquanto que no contrato a termo corre-se o risco daquela contraparte com a qual se negocia. Lembre-se: futuros diferem do termo no tocante ao local de negociação, à padronização dos contratos e ao risco de contraparte. Exemplo 13.2 HEDGING Hedging ou hedge é a operação que consiste na tomada de uma posição no mercado futuro aproximadamente igual – mas em sentido contrário – àquela que se detém ou que se pretende vir a Suponha que você trabalhe em uma corretora associada à BM&F. Estamos em março e um fazendeiro entra em contato com você para vender sua colheita de café arábica, a ser realizada 4 meses depois, em julho. Ele se satisfaz se, em julho, conseguir Excluído: junto a 78 vender a saca de 60 quilos a USD 50. Com esse valor ele garante um lucro satisfatório. Seu papel como corretor é o de encontrar alguém que esteja disposto a pagar, em julho, USD 50 a saca de café. Ao fazer isso, você receberá uma comissão. Neste exemplo, o fazendeiro é o vendedor do contrato futuro de café com vencimento em julho (está short). Na outra ponta está o comprador (está long). As partes envolvidas no contrato futuro dificilmente esperam até o vencimento, quando uma parte entregaria dinheiro e a outra a commodity/ativo. Elas normalmente desfazem a posição antes do vencimento. Por exemplo, a parte que está long no contrato de café com vencimento em julho pode fechar sua posição vendendo a mesma quantidade de contrato em uma data antes do vencimento. Seu ganho ou perda seria dado pela mudança nos preços futuros entre o dia em que comprou o contrato e o dia em que vendeu contrato com mesmo vencimento, do mesmo ativo-objeto. Ainda usando como exemplo o contrato futuro de café arábica da BM&F, no campo objeto de negociação consta o seguinte: Café cru, em grão, de produção brasileira, coffe arabica, tipo 6 ou melhor, bebida dura ou melhor, para entrega no Município de São Paulo, SP, Brasil. É especialmente importante para o caso de futuro de commodities especificar detalhadamente o ativo-objeto, uma vez existirem muitas variações na qualidade do produto. No caso de ativos financeiros, essa preocupação é menor tendo em vista a pouca ambigüidade existente em definir os mesmos. Outra especificação importante do contrato é seu tamanho ou unidade de negociação. No caso do contrato de café, são 100 sacas de 60 quilos, cotadas em dólares americanos, com 2 casas decimais. Essa última informação, a cotação, é outra especificação constante de qualquer contrato futuro. A maior parte dos contratos também conta com uma oscilação máxima diária. Ao se limitar às oscilações diárias dos preços, previne-se contra fortes movimentos ocasionados por especulação excessiva. No caso do futuro de dólar comercial, por exemplo, a oscilação máxima permitida é de 5% (para cima ou para baixo) sobre o valor do vencimento negociado, calculados sobre o preço de ajuste do pregão anterior. Outra especificação importante dos contratos futuros são os limites de posição, que referem-se ao número máximo de contratos que um especulador pode deter. O propósito aqui é evitar que a especulação excessiva influencie o mercado. Hedgers (aqueles que buscam proteção) não são afetados por tais limites. Imagine a situação em que 2 pessoas concordam em trocar determinado ativo no futuro a um preço pré-definido. No meio do caminho, uma das 2 partes envolvidas pode se arrepender e desistir do negócio. Ainda, aquele que concordou em comprar o ativo ao preço pré-estabelecido pode não ter os recursos para honrar o compromisso. Enfim, existem riscos envolvidos no acordo. Uma das funções da bolsa de derivativos é fazer com que os riscos sejam minimizados, e ela faz isso por meio das margens. Lembre-se: bolsa de derivativos tem como uma de suas mais importantes funções a minimização de riscos. Isso é feito por meio das margens. O fato das bolsas, via câmaras de compensação (clearing houses), atuarem como contraparte para todos os compradores e vendedores envolveria, obviamente, níveis inaceitáveis de risco de crédito, para a própria bolsa e para seus membros. Por conta disso, todas as câmaras de compensação exigem o pagamento de margens, tanto de comprados quanto de vendidos. Elas são calculadas de forma a assegurar que os membros sejam capazes de cumprir suas obrigações uns com os outros. Existem dois tipos de margem: a inicial envolve, normalmente, montantes pequenos quando comparados ao valor nominal do contrato. Na maior parte dos casos, o depósito inicial de margem pode ser feito em dinheiro, em títulos ou garantias bancárias. O montante inicial exigido como 79 margem pode variar a qualquer momento, a critério da bolsa/câmara de compensação. Em mercados muito voláteis como o nosso, essas mudanças podem ocorrer diversas vezes em um só dia. Todas as posições são marcadas a mercado diariamente pela câmara de compensação, ou seja, reavaliadas de acordo com as condições prevalecentes no mercado. A diferença entre o lucro/perda em relação à avaliação anterior é chamada de margem de variação, que vai ser recebida ou paga pela câmara de compensação. Esse mecanismo dá aos futuros uma característica bastante peculiar: lucros ou perdas são recebidos ou pagos diariamente. Admita que um investidor entre em contato com seu corretor em 14 de fevereiro de 2003. Ele quer comprar 4 contratos futuros de ouro com vencimento em agosto/2003 (supondo que existe tal vencimento). O preço futuro para o vencimento citado é de $ 20 por grama. Sabendo que o tamanho do contrato é de 250 gramas, o investidor se dispõe a comprar 1 quilo de ouro a $ 20 o grama. O corretor vai pedir que o investidor faça um depósito inicial de margem, estabelecido em $ 250 por contrato, ou seja, $ 1000 ao todo. Ao final do dia de negócios, a margem será ajustada de forma a refletir o ganho ou perda do investidor por conta das flutuações no preço futuro. É isso que chamamos de marcação a mercado da margem. Além da margem inicial, existe a chamada margem de manutenção, que situa-se um pouco abaixo daquela (para o presente exemplo vamos supor que ela situa-se em $ 800 para os 4 contratos). Em qualquer momento que a conta de margem do investidor ficar abaixo da margem de manutenção, ocorre o que é conhecido por chamada de margem, que deve ser de uma magnitude tal que iguale a margem inicialmente estabelecida ($ 1000 no exemplo atual). Suponha, por exemplo, que ao final do dia 14 de fevereiro o preço do futuro cai de $ 20 para $ 19,50. O investidor, que está comprado a $ 20, tem uma perda de 1000 x (20-19,50) = $ 500. Haveria, nesse caso, uma chamada de margem de $ 500 para que fosse restabelecida a margem inicial de $ 1000. Vale dizer que a chamada de margem somente ocorre porque foi ultrapassado o limite da margem de manutenção, $ 800. O corretor do investidor que se encontra comprado a futuro teria que passar mais $ 500 para a bolsa, que, então, repassaria para o corretor do investidor que está vendido a futuro na mesma quantidade. Imaginando a situação inversa, quando há um aumento no preço futuro, o corretor da parte vendida passaria a variação da margem à bolsa, que repassaria ao corretor da parte comprada. Vale dizer que todo e qualquer valor depositado na conta de margem do investidor é remunerado, fazendo com que as operações de margem não se traduzam em custo para quem sofre chamadas de margem. No passado, contratos futuros eram frequentemente "entregues", ou seja, o vendedor completava a venda do ativo-objeto ao preço negociado na transação do futuro. Dependendo da especificação contratual e das regras da bolsa em questão, isso poderia envolver a entrega, de fato, da mercadoria, ou, mais frequentemente, envolveria os arranjos necessários a assegurar que a mercadoria estaria guardada em armazém independente, escolhido pela bolsa/câmara de compensação, e sem vínculo com as partes compradas e vendidas. O problema é que alguns ativos teriam entrega bastante inconveniente, quando não impossível (veja o exemplo do futuro de Ibovespa). Assim, para os chamados futuros financeiros, a liquidação passou a ser cash: qualquer posição ainda aberta no momento do vencimento do contrato é fechada ao preço do dia, com o montante a ser pago/recebido calculado da mesma maneira que a variação de margem. Imagine a situação de uma empresa que sabe que terá de vender um ativo em determinada data no futuro. Ela pode esperar por essa data e ver o que apura na venda do referido ativo. Pode ser um valor maior do que receberia se vendesse hoje, mas também pode ser menor. Muitas empresas preferem ficar sabendo, hoje, que valor vai receber no futuro, isto é, preferem eliminar/minimizar o risco. Se essa empresa entrar vendida em um contrato futuro do mesmo ativo, 80 com vencimento coincidindo com a data em que terá que vender o ativo, as perdas de uma eventual queda no preço do ativo seriam compensadas por ganhos na posição vendida a futuro. O oposto se aplica ao caso de uma empresa que tenha que compra um ativo no futuro. ajustadas apenas no vencimento pela diferença, o que implica em maior risco. Na prática, contudo, as empresas enfrentam algumas dificuldades para realizar o hedge "perfeito". No exemplo anterior, o ativo a ser vendido pode não ser objeto de algum contrato futuro negociado em bolsa. Além disso, a empresa pode não saber ao certo quando terá que vender o ativo. Há ainda problemas relacionados ao tamanho-padrão do contrato e o valor a ser "hedgeado" pela empresa, bem como com as coincidências de data para a venda do ativo e o vencimento do futuro. 13.3 SWAP Swap é uma operação de troca de uma rentabilidade futura por outra com o acerto da diferença a pagar ou a receber no vencimento do contrato, não havendo entrega o recebimento do ativo objeto. Por exemplo: uma empresa que possui recursos investindo em um LTN, ou sejam em um título em Reais remunerado por uma taxa de juros prefixada e possua um passivo, isto é, uma dívida em dólares. Neste caso, a empresa pode procurar uma instituição financeira a fim de efetuar um swap, trocando a rentabilidade prefixada do seu ativo pela variação do dólar mais juros, protegendo-se ao fazer com que o indexador de seu ativo seja igual ao indexador de seu passivo. Atualmente, embora as operações de swap sejam feitas em mercado de balcão, as mesmas devem ser registradas na BM&F ou na Cetip. O swap pode servir como uma eficiente ferramenta de hedge, reduzindo os investimentos do agente econômico num determinado indexador. As diferenças entre as posições ativas e passivas são 14 ADMINISTRAÇÃO DO CICLO OPERACIONAL CAIXA 14.1 ADMINISTRAÇÃO DOS VALORES A RECEBER DE 81 O objetivo da administração de valores a receber consiste em dispor de recursos com a maior rapidez possível, sem perder vendas, através da correta seleção de padrões de crédito, condições de crédito e monitoramento de créditos. 14.2 POLITICA DE CRÉDITO São as diretrizes e procedimentos de: a) Seleção de clientes, cobrança, e descontos. Constitui um importante elemento para execução dos objetivos de venda, como instrumento de atração de procura para o que a empresa oferece no mercado. b) O benefício de reduzir os padrões de crédito é o lucro das vendas adicionais; os custos são os débitos incobráveis adicionais e o custo do financiamento adicional das novas contas a receber. c) Os benefícios de se elevarem os padrões de crédito são as reduções das dívidas incobráveis e do menor custo de financiamento das contas a receber; o custo é a redução dos lucros sobre as vendas. Do ponto de vista contábil, quando um crédito é concedido, criase uma conta a receber. As contas a receber e sua gestão constituem aspectos muito importantes da política financeira a curto prazo de uma empresa. Se uma empresa conceder créditos a seus clientes, precisará criar procedimentos de concessão de crédito e cobrança. Para Ross (2000), a empresa terá que lidar com os seguintes componentes da política de crédito: condições de vendas, análise de crédito e política de cobrança. As condições de venda estipulam como a empresa propõe-se a vender seus produtos e serviços. São compostas por três elementos distintos, são eles, o período pelo qual o crédito é concedido (prazo de crédito), o desconto por pagamento à vista e prazo de desconto e tipo de instrumento de crédito. A análise de crédito refere-se ao processo de decidir se o crédito será ou não concedido a determinado cliente. Gitman (2002), afirma que, os analistas de credito freqüentemente utilizam-se dos 5 C’s para orientar suas análises sobre as dimensões-chaves da capacidade creditícia de um cliente. Cada uma dessas cinco dimensões será descrita a seguir: a) Caráter – o histórico do solicitante quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras, contratuais e morais serão utilizados na avaliação do seu caráter. b) Capacidade – o potencial do cliente para quitar o credito solicitado. c) Capital – a solidez financeira do solicitante, conforme indicado pelo patrimônio liquido da empresa. d) Colateral – o montante de ativos colocados à disposição pelo solicitante para garantir os créditos. e) Condições – as condições econômicas e empresariais vigentes, bem como circunstâncias particulares que possam afetar qualquer das partes envolvidas na negociação. O analista de crédito geralmente dá maior importância aos dois primeiros C’s – caráter e capacidade – uma vez que eles representam os requisitos fundamentais para a concessão de crédito a um solicitante. A política de cobrança é o elemento final da política de crédito. Envolve o acompanhamento das contas a receber para detectar dificuldades e conseguir o pagamento de contas vencidas. 14.3 MEDIDAS DE CONTROLE O monitoramento do crédito é uma medida de controle que envolve a revisão contínua das contas a receber para verificar se os clientes estão pagando de acordo com os prazos de créditos estabelecidos. Se não estiverem saldando as contas em dia o sistema de monitoramento deverá identificar o problema. Afinal, pagamentos lentos acarretam 82 custos financeiros em função da ampliação do prazo médio de recebimentos. 14.4 ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES DECISÃO DE COMPRA Q t A decisão de estocar ou não determinado item é básica para o volume de estoque em qualquer momento. Ao tomar tal decisão, há dois fatores a considerar: 1. É econômico estocar o item? 2. É interessante estocar um item indicado como antieconômico a fim de satisfazer um cliente e, portanto, melhorar as relações com ele? T O custo total anual pode ser expresso da seguinte forma: CT = custo unitário do item (ano) + custo de pedido (ano) + custo de armazenagem (ano) A questão de saber se devemos estocar um item, embora seja antieconômico fazê-lo, a fim de prestar melhor serviço ao cliente, representa uma decisão mais difícil, porque freqüentemente é impossível atribuir um exato valor em dinheiro à satisfação do cliente. Quanto deve ser comprado? Dois tipos básicos de custo afetam a decisão sobre o quanto deve ser comprado cada vez. Existem custos que aumentam à medida que a quantidade do material pedido aumenta, porque em média, considerando consumo uniforme, metade da quantidade pedida estará em estoque. Tais custos são aqueles vinculados à armazenagem dos materiais, incluindo espaço, seguro, juros etc. Existem, também, os custos que diminuem à medida que a quantidade de material pedido aumenta, com a distribuição dos custos fixos por quantidades maiores. Lote econômico de compra (sem faltas) O modelo mais simples. Considera as seguintes condições: a) o consumo mensal é determinístico e com uma taxa constante; e b) a reposição é instantânea quando os estoques chegam ao nível zero. CT = P.C + B. Onde: C Q +L Q 2 Qe = 2BC L CT = custo total Q = quantidade do lote B = custo de pedido C = consumo do item L = custo de armazenagem Qe = lote econômico de compra Exercício: O consumo de determinada peça é de 20.000 unidades por ano. O custo de armazenagem por peça e por ano é de $ 1,90 e o custo de pedido é de $ 500. O preço unitário de compra é de $ 2. Com base nos dados acima determine e considerando o ano comercial, determine: a) o lote econômico de compra b) o custo total anual do lote econômico 83 c) o número de pedidos por ano d) a duração entre os pedidos (em dias) 14.5 CONTROLE DE ESTOQUE CURVA ABC O princípio da curva ABC ou 80-20 foi observado por Vilfredo Pareto, na Itália, no final do século passado, num estudo de renda e riqueza, segundo o qual, uma parcela apreciável da renda concentrava-se nas mãos de uma parcela reduzida da população, numa proporção de aproximadamente 80% e 20% respectivamente. Na gestão de estoques, os itens são classificados em três grupos: A, B e C. A – Grupo de itens mais importantes que devem ser tratados com maior atenção pela administração. B – Grupo de itens em situação intermediária. C – Grupo de itens que justificam pouca atenção por parte da administração. 14.6 O investimento em estoques para reduzir as perdas com inflação deve ser feito mediante um estudo criterioso dos perigos da manutenção de altos níveis de estoques. MODELO DE ANÁLISE E CONTROLE DE ESTOQUES A administração de estoques deve atentar às políticas de compras e critérios de controle e à análise desses ativos como reflexo de uma decisão financeira de investimento. Quantidades excessivas de estoques, imprimem maior lentidão ao giro dos ativos e reduzem a rentabilidade da empresa. Baixos níveis de estoques podem truncar a produção por falta de matérias-primas e impedir o atendimento de clientes. O montante de estoques é influenciado pelo comportamento e volume previstos da atividade da empresa e pelo nível de investimentos exigidos A análise e controle de estoques podem ser feitos através de sistemas de Kanban (JIT), MRP ou MRP II. 14.7 FLOAT Float refere-se aos fundos enviados pelo pagante, mas ainda não disponíveis ao que recebe o pagamento. Ele é importante no ciclo de conversão de caixa porque sua presença estende tanto o prazo médio de recebimento quanto o de pagamento. Entretanto, o objetivo deve ser encurtar o prazo de recebimento e ampliar o prazo médio de pagamento. Ambos podem ser conseguidos com a gestão de float. O float é constituído por float de correspondência (tempo entre a postagem do pagamento e seu recebimento); float de processamento (tempo entre o recebimento do pagamento e seu depósito na conta da empresa) e, float de compensação (tempo necessário para a compensação do título). 14.8 IMPACTO DO TED NAS OPERAÇÕES DA EMPRESA A função de um sistema de pagamentos é transferir recursos, bem como processar e liquidar pagamentos entre os diversos agentes atuantes em nossa economia, como pessoas, empresas, governo, Banco Central e instituições financeiras. O risco sistêmico é o risco de falha de um participante ou de um procedimento impossibilitando a liquidação dos demais participantes, causando um impacto em cadeia no sistema. O novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) passou a vigorar em 22 de Abril de 2002 passando as liquidações das operações a serem feitas em tempo real, havendo monitoramento constante de saldo da conta de reservas bancárias, não sendo permitido saldo 84 devedor em nenhum momento do dia. As transferências de valores elevados acima de R$ 5.000,00 são realizadas através de Transferência Eletrônica Disponível (TED). - Harbra, São Paulo, 1997. Antes da implantação do SPB, as liquidações das operações ocorriam sempre no dia seguinte (D+1) em horários pré -determinados; as instituições podem ficar com saldo negativo na conta de Reservas Bancárias durante o dia positivando-se à noite; a liquidação é realizada por diversas entidades: COMPE (Câmara de Compensação), CETIP (Central e Custódia de Títulos), SELIC (Serviço de Liquidação e Custódia) e outros. Segundo o Banco ABN AMRO Real (2002), anterior ao SPB a movimentação bancária das empresas era realizada através de DOC (Documento de Ordem de Crédito) e Compensação de cheques e com a implantação do Novo SPB as empresas possuem outras opções neste para realizar suas operações bancárias. - - São Paulo, Atlas, 1986. - Atlas, 1998. - Moderna Administração Financeira. Campus, Rio de Janeiro, 1999. - DOWNES, Jonh & GOODMAN, Jordan Eliott- Dicionário de termos financeiros e de investimento. Nobel, São Paulo, 1998. SANVICENTE, Antonio Zoratto – Administração Financeira. 3ª ed. Atlas, São Paulo, 1997. ALEXANDRE ASSAF NETO – Administração do Capital de Giro Atal ASSAF, Alexandre Neto - Os Métodos Quantitativos de Análise de BRIGHAM, Eugene F. & HOUSTON, Joel F. – Fundamentos da ROSS, Stenphen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JORDAN, Bradford D. - Princípios de Administração Financeira. São Paulo, SOLOMON, Ezra & PRINGLE, John J. - Introdução à Administração Financeira - São Paulo, Ed. Atlas, 1981. - data. - MARTINS, Eliseu & NETO, Alexandre Assaf - Administração Financeira: as finanças das empresas sob condições inflacionárias. BIBLIOGRAFIA Investimentos - Caderno de estudos, FIPECAPI/FEA-USP, sem IUDÍCIBUS, Sérgio de & MARION, José Carlos - Curso de Contabilidade para não contadores. Atlas, São Paulo, 1998. - GROPPELLI, A. A. & NIKVAKHT, Ehsan – Administração Financeira. 3ª ed. Saraiva São Paulo, 1998. - 15 GITMAN, Lawrence J. – Princípios de Administração Financeira. TREUHERZ, Rolf M. - Análise Financeira por objetivos. 5ª ed. Pioneira, São Paulo, 1999. - WOILER, SANSÃO & MATHIAS - Projetos: elaboração, análise. São Paulo, Ed. Atlas, 1986. planejamento, 85 - ABN – Banco ABN AMRO Real S/A – Reestruturação do Sistema de Pagamento Brasileiro. Disponível em: <http://www.bancoreal.com.br> Acessado em 10 de julho de 2002. • Cível • Comercial • Trabalhista Av. Cruzeiro do Sul, 3153 – Conj. 51 – Santana Fone: 011 - 2950-7526 E-mail: [email protected]