Pronunciamento (Do Senhor Deputado Chico Alencar, PSOL/RJ) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados e todo(a)s o(a)s que assistem a esta sessão ou nela trabalham Transcrevo carta de entidades de defesa dos infectados pela hepatite C, para que novos medicamentos, com comprovada eficácia, sejam liberados e VIDAS sejam salvas. Somo-me a este apelo tão dramático quanto justo! Exmo Sr. Dr. Arthur Chioro MD Ministro da Saúde do Brasil As organizações da sociedade civil, representantes dos infectados com hepatite C conhecedoras de sua decisão pela utilização dos novos medicamentos orais no SUS para tratamento da hepatite C, não somente como uma economia para o orçamento, mas também, com o aumento da resposta terapêutica e os benefícios para os pacientes hoje à margem da terapia, vem respeitosamente solicitar a Vossa Excelência para interceder no limite da sua atuação perante a ANVISA para a imediata aprovação dos novos medicamentos. A aprovação da ANVISA é urgente! No início do ano por Decreto do Ministério da Saúde foi formado um comitê tripartite para acelerar os trâmites burocráticos na aprovação e incorporação no SUS de medicamentos para AIDS e hepatites, assim em conjunto ANVISA, Secretaria de Ciência e Tecnologia – MS – e Secretaria de Vigilância em Saúde – MS – decidem em uma só instância se um medicamento é viável de ser aprovado e incorporado no SUS. Em função do preço negociado com os fabricantes foi obtido um desconto de 93% sobre o preço praticado nos Estados Unidos. O custo para o SUS por paciente tratado de hepatite C com os novos medicamentos de uso oral passa a ter uma redução de aproximadamente 60% em relação ao tratamento triplo da hepatite C. Melhor ainda, enquanto o tratamento atual consegue curar 60% dos pacientes os novos medicamentos curam entre 90 e 95% dos pacientes tratados. Incorporando esses medicamentos no SUS, com o mesmo orçamento atual será possível aumentar a oferta atual de 12.600 tratamentos/ano para 30.000 tratamentos/ano, isso sem necessidade de aumentar sequer um centavo o orçamento. Melhor ainda, se hoje resultam curados aproximadamente 6.500 pacientes, com um tratamento longo e sofrido de 48 semanas, com os novos medicamentos a cura estará beneficiando entre vinte e vinte e cinco mil pacientes, em tratamento de somente 12 semanas e com mínimos efeitos colaterais. Considere-se também a economia da não utilização de recursos, inclusive hospitalares, para o manuseio dos eventos adversos. Sem falar nos impactos da redução de transplantes e retransplantes hepáticos e suas complicações. Senhor Ministro, esses medicamentos, já aprovados há pelo menos um ano pelas agências reguladoras dos principais países do mundo, inexplicavelmente ainda não estão aprovados no Brasil. A demora da ANVISA pune o paciente, o governo e o SUS. Incentiva, lamentavelmente, que os pacientes recorram à Justiça, com todos os malefícios decorrentes da judicialização da saúde. Senhor Ministro, solicitamos sua pronta, decisiva e resolutiva intervenção para solucionar essa pendência com a ANVISA, bem como para que as demais etapas intraMinistério da Saúde (CONITEC) sejam o mais célere possível, com anseio de estarem incorporados ao SUS antes de virarmos o ano. Essa nobre atitude beneficiará doentes graves que necessitam desses medicamentos e evitará o gasto extra de dinheiro do orçamento da saúde. Certos de que, com sua sabedoria, entenderá o problema, agradecemos antecipadamente a sua intervenção para solucionar a atual situação. Assinam a presente o Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite, o Grupo Esperança de Apoio a Portadores de Hepatite, a Sociedade Brasileira de Infectologia e mais de 50 ONGs e associações por todo o Brasil. Agradeço a atenção, Sala das Sessões, 09 de dezembro de 2014. Chico Alencar Deputado Federal, PSOL/RJ.