Universidade Federal de Rondônia - UNIR Centro de Pesquisas em Medicina Tropical - CEPEM Instituto de Pesquisas em Patologias Tropicais - IPEPATRO Unidade Laboratorial de Virologia Análise Filogenética dos vírus 2 e 3 do Dengue no Estado de Rondônia Glauciane da Silva Bifano Tavares Porto Velho - RO 2009 Universidade Federal de Rondônia - UNIR Centro de Pesquisa em Medicina Tropical - CEPEM Instituto de Pesquisas em Patologias Tropicais - IPEPATRO Unidade Laboratorial de Virologia Análise Filogenética dos vírus 2 e 3 do Dengue no Estado de Rondônia Orientado(a): Glauciane da Silva Bifano Tavares Orientador: Dr. Weber Cheli Batista Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação, Núcleo de Saúde da Universidade Federal de Rondônia, como requisito para obtenção do grau de mestre em Biologia Experimental. Área Concentração: Patógeno/ Hospedeiro. Apoio: Centro de Pesquisas em Medicina Tropical - CEPEM; Instituto de Pesquisas em Patologias Tropicais - IPEPATRO; Porto Velho - RO 2009 de FICHA CATALOGRÁFICA Tavares, Glauciane da Silva Bifano Análise Filogenética dos vírus 2 e 3 do Dengue no Estado de Rondônia/ Tavares, Glauciane da Silva Bifano Porto Velho:2009 77 fls. Dissertação (Mestrado) - Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR. Porto Velho - RO, 2009. Área de concentração: Patógeno/ Hospedeiro Orientador: Dr. Weber Cheli Batista Palavras chaves dengue, RT-PCR, sequenciamento, genótipos, filogenia Universidade Federal de Rondônia - UNIR Centro de Pesquisas em Medicina Tropical - CEPEM Instituto de Pesquisas em Patologias Tropicais - IPEPATRO Unidade Laboratorial de Virologia Análise Filogenética dos vírus 2 e 3 do Dengue no Estado de Rondônia Glauciane da Silva Bifano Tavares Porto Velho - RO 2009 AGRADECIMENTOS Ao meu Senhor Deus, que me deu o dom da vida, os dias e as noites, tendo cada dia como um presente, me dando forças e coragem nessa caminhada. A meus pais que mesmo distantes estiveram sempre presentes com palavras de incentivos, amor e carinho. Aos tios Luis Augusto, Maria Marta e prima Glauce Anne que me deram a oportunidade para lutar pelos meus ideais e chegar até aqui. Ao meu esposo Alcy Tavares, que de forma incondicional esteve ao meu lado, me ensinando a ser tolerante e paciente, sempre me dando palavras de incentivos. Aos meus sogros Hélia, Jorge, sobrinhos Cristine, Antonio, cunhados Julia e Neto, por me acolherem tão bem quando eu mais precisei. A minha amiga Danielle por sempre me incentivar. Aos meus colegas de laboratório pelo aprendizado e companheirismo. A aluna de iniciação científica Maiara, por sempre estar dispostas a me ajudar na bancada com os experimentos. A Marlucia (Kiki), Dona Nair, Adair e Antônio que sempre estiveram dispostos a ajudar e facilitar a parte técnica, dando suporte para nossos experimentos. Ao Instituto de Pesquisas em Patologias Tropicais- IPEPATRO e ao Laboratório de Virologia - CEPEM. As secretárias do CEPEM/IPEPATRO e todos aqueles que estiveram ao meu lado, ajudando diretamente e indiretamente para a finalização desta etapa tão importante da minha vida. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Ao Prof. Luiz Hildebrando Pereira da Silva que possibilitou conhecer a pesquisa, sendo exemplo de dedicação. Ao Dr. Weber Cheli Batista, que abriu as portas do laboratório de virologia, com todo o suporte para desenvolvimento e conclusão experimental deste trabalho. Ao Doutorando Christian Julián Villabona do Laboratório de Evolução Molecular e Bioinformática da USP, por ter dado grande contribuição com as análises filogenéticas. A Msc. Deusilene Souza Vieira que forneceu ensinamentos científicos nos meus primeiros passos dentro da prática laboratorial. A Msc. Joana D´Arc e ao Biólogo Francisco que estiveram ao meu lado quando precisei, com palavras de incentivos. Aos Laboratórios de Epidemiologia Molecular, Plataforma Técnica de Hepatites - CEPEM/IPEPATRO, e Dr. Eduardo Rezende Honda que me deram suporte para clonagem das amostras. MUITO OBRIGADA! Índice Lista de Figuras Lista de Tabelas Abreviaturas Resumo Abstract 1- Introdução 1.1- Dengue. .................................................................................................. 20 1.2- Histórico do Dengue. .............................................................................. 21 1.2.1- Dengue no Brasil. ................................................................................ 22 1.2.2- Dengue no Estado de Rondônia. ........................................................ 23 1.3- Morfologia e Genoma do vírus dengue. ................................................. 24 1.4- Diagnóstico Laboratorial. ........................................................................ 26 1.4.1- Diagnósticos Sorológicos. ................................................................... 26 1.4.2- Isolamento Viral. .................................................................................. 26 1.4.3- Diagnósticos Moleculares.................................................................... 27 1.5- Sequenciamento Viral ............................................................................ 28 2- Objetivos 2.1- Objetivo Geral......................................................................................... 31 2.2.2- Objetivos Específicos. ......................................................................... 31 3- Material e Métodos 3.1- Cadastro pessoal, coleta de dados clínicos e epidemiológicos. ............ 33 3.2- Amostra biológicas. ................................................................................ 33 3.3- Isolamento viral. ..................................................................................... 33 3.4- Extração do RNA Viral............................................................................ 34 3.5- Transcrição Reversa e Reação da Polimerase em Cadeia (RT-PCR) .. 35 3.5.1- Confecção do cDNA. ........................................................................... 35 3.5.2- PCR. .................................................................................................... 35 3.5.2.1- Primers D1 e D2. .............................................................................. 35 3.5.2.2- Primers DEN2-S e DEN2-C.............................................................. 36 3.5.3- Eletroforese dos Produtos da PCR. .................................................... 37 3.5.3.1- Gel de Agarose 1,5%.. ..................................................................... 37 3.5.4- Hemi-nested-PCR. .............................................................................. 38 3.5.4.1- Eletroforese do Produto da Hemi-nested-PCR. ............................... 39 3.5.4.2- Gel de Agarose 2,0%.. ..................................................................... 39 3.6- Clonagem. .............................................................................................. 39 3.6.1- Purificação dos amplicons para clonagen.. ......................................... 39 3.6.1.1- Confirmação da Purificação. ............................................................ 39 3.6.2- Ligação em vetor de clonagem. .......................................................... 40 3.6.3- Preparo de bactérias competentes...................................................... 40 3.6.4- Transformação Bacteriana. ................................................................. 41 3.6.5-.Extração do DNA Plasmidial. .............................................................. 41 3.6.6- Digestão do vetor ................................................................................ 42 3.6.7-.Sequenciamento ................................................................................. 42 3.7-.Análise das Sequências ......................................................................... 43 3.7.1- BLAST. ................................................................................................ 43 3.7.2- Árvore Filogenética.............................................................................. 43 4- Resultados 4.1- Isolamento viral. ..................................................................................... 45 4.1.1- Em células C6/36. ............................................................................... 45 4.2- RT-PCR. ................................................................................................. 45 4.2.1- Primers D1 e D2. ................................................................................. 45 4.2.3-.Primers TS1, TS2, TS3 e TS4 ............................................................. 46 4.2.4- Primers DEN2-C e DEN2-S................................................................. 47 4.3-.Clonagem dos fragmentos ..................................................................... 48 4.3.1-.Purificação dos fragmentos de DNA amplificados .............................. 48 4.3.2- Ligação do fragmento ao vetor. ........................................................... 49 4.3.3- Confirmação da clonagem................................................................... 49 4.4- Sequenciamento..................................................................................... 50 4.5- Árvore Filogenética................................................................................. 50 4.5.1- Genotipagem DENV-2 e DENV-3........................................................ 51 5- Discussão..................................................................................................... 57 6- Conclusões. ................................................................................................. 62 7- Referências .................................................................................................. 64 8- Anexo 8.1- Anexo I. .................................................................................................. 77 Lista de Figuras Figura 1: Mapa do Estado de Rondônia. ........................................................... 24 Figura 2: Representação esquemática do vírus do dengue. ............................. 24 Figura 3: Genoma do dengue ............................................................................ 25 Figura 4: Monocamada de células C6/36, ......................................................... 34 Figura 5: Local de anelamento dos primers D1/D2 ........................................... 36 Figura 6: Local de anelamento dos primers DEN2-S/ DEN2-C ......................... 37 Figura 7: Representação Esquemática Vetor de Clonagem pDrive ................. 40 Figura 8: Modelo esquemático do vetor de clonagem após transformação ...... 42 Figura 9: Monocamada de células C6/36 não infectada A e infectada B .......... 45 Figura10 : Amplificação da RT-PCR com primers D1/D2.................................. 46 Figura 11: Amplificação da Hemi-nested-PCR .................................................. 46 Figura 12: Amplificação RT-PCR com primers DEN2-S/DEN2-C ..................... 47 Figura 13: Purificação dos amplicons ................................................................ 48 Figura 14: Ligação do inserto ao vetor de clonagem......................................... 49 Figura 15: Digestão enzimática ......................................................................... 50 Figura 16a: Árvore filogenética dos vírus dengue 1 a 4 .................................... 52 Figura 16b: Árvore filogenética dengue-3.......................................................... 53 Figura 16c: Árvore filogenética dengue-2 .......................................................... 54 Lista de Tabelas Tabela 1: Distribuição de amostras analisadas nos municípios de Rondônia... 33 Tabela 2: Descrição das sequências dos primers D1/D2 .................................. 36 Tabela 3: Descrição das sequências dos primers DEN2-S/ DEN2-C ............... 37 Tabela 4: Descrições das sequências dos primers TS1 a TS4 ......................... 38 Tabela 5: Resultado da identificação do vírus dengue em Rondônia ............... 48 Tabela 6: Dados dos vírus dengue 2 e 3 isolados em Rondônia ...................... 55 Lista de Abreviaturas AcK: Acetato de Potássio Amp: Ampicilina BOD: Biochemical Oxygen Demand C-: Controle Negativo C: Proteína Estrutural do capsídeo do vírus dengue C+: Controle Positivo C6/36: Célula de mosquito Aedes albopictus CaCl2: Cloreto de cálcio cDNA: DNA complementar CEPEM: Centro de Pesquisa em Medicina Tropical DENV- 1: Vírus da dengue sorotipo 1. DENV- 2: Vírus da dengue sorotipo 2. DENV- 3: Vírus da dengue sorotipo 3. DENV- 4: Vírus da dengue sorotipo 4. DENV: Vírus dengue DMSO: DimetIl sulfoxido DNA: Àcido desoxiribonucléico dNTPs: Desoxirribonucleotídeos trifosfatados DO: Densidade óptica. DTT: Ditiotreitol. E. coli: Escherichia coli E: Proteína estrutural de envelope do vírus dengue EDTA: Ácido etilenodiamino tetra-acético EUA: Estados Unidos da América FC: Fixação do Complemento FD: Febre do Dengue FHD: Febre hemorrágica da dengue GI: Genótipo I GII: Genótipo II GIII: Genótipo III GIV: Genótipo IV GV: Genótipo V GARLI: Genetic Algorithm for Rapid Likelihood Inference GenBank: Banco de Dados GTR: General Time Reversible HI: Inibição de hemaglutinação IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IFI: Imunofluorescência Indireta IgG: Imunoglobulina da classe G IgM: Imunoglobulina da classe M IPEPATRO: Instituto de Pesquisas em Patologias Tropicais IPTG: Tio β-galoctopiranosídeos de isopropila Kb: kilobases KCl: Clorete de Potássio kDa: kilodaltons L-15: Leibowitz-15 LB: Luria Bertani M: Proteína Estrutural de Membrana do vírus dengue MgCl2: Cloreto de Magnésio MnCl2: Cloreto de Manganês NS1: Proteína não Estrutural do vírus dengue NS2a: Proteína não Estrutural do vírus dengue NS2b: Proteína não Estrutural do vírus dengue NS3: Proteína não Estrutural do vírus dengue NS4a: Proteína não Estrutural do vírus dengue NS4b: Proteína não Estrutural do vírus dengue NS5: Proteína não Estrutural do vírus dengue OMS: Organização Mundial de Saúde ORF: Cadeia aberta de leitura PAHO: Organização Pan-Americana de Saúde PAUP: Phylogenetic Analysis Using Parsimony Pb: Pares de base PCR: Reação em cadeia da polimerase Pd(N)6: “Primer” randômico pH: Potencial hidrogeniônico prM: Proteína Precursora de Membrana PVH: Porto Velho q.s.p: Quantidade suficiente para o volume RNA: Ácido ribonucléico RT-PCR: Reação em cadeia da polimerase precedida de transcrição reversa. SCD: Síndrome de choque do dengue SVS: Secretaria de Vigilância em Saúde TA: Temperatura ambiente TAE: Tris-acetato-EDTA Tetra: Tetraciclina TN: Teste de neutralização U: Unidades UV: Ultra violeta V: Volume WM: Marcador de peso molecular X-gal: 5-bromo-4-cloro-3-indolil-b-D-galactosideo YFV: Vírus da Febre Amarela Análise Filogenética dos vírus 2 e 3 do Dengue no Estado de Rondônia Unidade Laboratorial de Virologia, Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de Porto Velho, Rodovia BR-364, 78910-210 Porto Velho- Rondônia, Brasil. RESUMO O dengue, pertencente ao gênero Flavivirus, é considerado a arbovirose de maior incidência e prevalência, constituindo um grave problema de saúde pública em regiões tropicais e subtropicais, afetando o homem tanto em termos de morbidade quanto em mortalidade, ocorre associado aos aspectos epidemiológicos característico das áreas tropicais, na qual as condições do ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do vetor. Esse trabalho teve como objetivo desenvolver um estudo filogenético molecular dos sorotipos 2 e 3 do vírus dengue, determinando os genótipos circulantes no estado de Rondônia entre 2002 a 2006. Foram analisadas 190 amostras sobrenadantes de cultura celular C6/36 infectadas com o vírus dengue isolados do soro de pacientes dos municípios: Porto Velho, Ariquemes, Cacoal, Colorado D’ Oeste, Jarú, Ouro Preto D’ Oeste e Vilhena. As amostras foram submetidas à extração do RNA viral, seguido da amplificação dos genes C/prM e E através da metodologia da RT-PCR utilizando dois pares de primers diferentes: D1/D2 seguido de Hemi-nested-PCR (Lanciotti et al., 1992) e DEN2-S/DEN2-C (Figueiredo et al., 1997), para confirmação do sorotipo viral. Os produtos foram clonados. As sequências obtidas foram analisadas através de programas (Garli/Paup) para obtenção de árvores filogenéticas. Das 190, somente 80 amostras foram identificadas como DENV, sendo 79 identificadas como DENV3 e apenas uma como DENV-2. Em seguida 15 amostras foram clonadas e seis sequenciadas, e classificadas em DENV-3 genótipos III e V, DENV-2 genótipo Américo/Asiático. O genótipo III do DENV-3 formou um ramo, onde os clados mostraram vírus de origem asiática, leste da África e América do Sul e Central, o genótipo V formou um ramo onde os clados mostraram vírus de origem das Américas, sul do Pacífico e Ásia. O DENV-2 genótipo Américo/Asiático formou um ramo, onde os clados se apresentam com vírus de origem das Américas e Ásia. Em conclusão, foram encontrados os genótipos III e V DENV-3 e genótipo Américo/Asiático DENV-2, e o estudo filogenético provê uma evidência da circulação do vírus dengue dentro do estado de Rondônia, vindo de outras áreas do Brasil ou até mesmo de outros países. Palavras-chave: dengue, RT-PCR, sequenciamento, genótipos, filogenia. Phylogenetic analysis of Dengue 1 and 2 virus in the state or Rondônia Virology Lab.Unit. Tropical Medicine Research Center of Porto Velho, Rodovia 364, 78910-210 Porto Velho – Rondônia, Brazil. ABSTRACT The dengue, which belongs to the Flavivirus gender, is considered the most current and frequent arbovirose, causing a huge public health problem in tropical and subtropical regions, affecting man not only in terms of morbity but also in mortality, it occurs associated with epidemiologic aspects in tropical areas, in which the environmental conditions are perfect to develop and spread the vetor. The objective of this work was to develop a molecular phylogenetic study of the serum 1 and 2 of the Dengue virus, determining the circulating genotype in the state of Rondônia between 2002 and 2006. It was analysed 190 samples of cellular culture of C6/36 infected with dengue virus isolated from the serum of the patient in Porto Velho, Ariquemes, Cacoal, Colorado do Oeste, Jaru, Ouro Preto do Oeste and Vilhena counties. The samples were subordinated to the extraction of the viral RNA, fallowed by the amplification of the part of the gene C/PrM and E through the methodology of RT-PCR (Lanciotti et al, 1992) and DEN2-S/DEN2-C (Figueiredo et al, 1997), for the viral type confirmation. The products were cloned. The obtained sequences were analysed by programs (Garli/Paup) to acquire phylogenetic trees. From 190 just 80 samples were mapped as DENV, being 79 mapped as DENV-3 and only one as DENV-2. After that 15 samples had beem clanadas and to sequence, and classified in DENV-3 genotype III and V, DENV-2 genotype American/Asian. The genotype III DENV-3 formed a branch where the clades showed virus from Asia, East Africa, also Central and South America. The genotype V formed a branch where the clades had shown virus originated from South America, South Pacific and Asia. The genotype Americ/Asiatic DENV-2 formed a branch of clades where has shown virus of America and Asia origin. In conclusion, the genotypes III and V DENV-3 and genotype Américan/Asian DENV-2 had been found, and the phylogenetic study provides an evidence of the dengue virus circulation inside the state of Rondônia, coming from other areas and even other countries. Key Words: Dengue, RT-PCR, Sequence, genotype, phylogeny. 1- INTRODUÇÃO 1.1- Dengue A dengue é considerada a arbovirose de maior incidência e prevalência, constituindo um grave problema de saúde pública em regiões tropicais e subtropicais, afetando o homem tanto em termos de morbidade quanto em mortalidade (Halstead, 1990, Monath, 1994). Atualmente, a febre do dengue e suas formas mais graves, mostram expansiva distribuição geográfica e atividade epidêmica. Apresenta-se como uma doença febril aguda, de etiologia viral, transmitida ao homem pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. O vírus do dengue (DENV) pertence à família Flaviviridae, gênero Flavivírus ( Westaway et al.,1985, Gubler, 1987, Ruggli & Rice, 1999). Os DENV são classificados em quatro sorotipos específicos, devido suas características antigênicas: dengue sorotipo 1 (DENV-1), dengue sorotipo 2 (DENV-2), dengue sorotipo 3 (DENV-3) e dengue sorotipo 4 (DENV-4) (Scherer, 1968 apud Focaccia & Veronesi, 2002). Cada um desses sorotipos possui genótipos que diferenciam entre si por variações na sequência de nucleotídeos, em nível de genes da glicoproteína E, e da junção dessa glicoproteína com a proteína NS1 (Calisher et al., 1989) A infecção com qualquer um dos quatro sorotipos varia desde assintomáticas, levando a uma doença febril, podendo apresentar sintomas leves e moderados, conhecida como febre do dengue (FD), ou dengue clássico que pode comportar-se como uma síndrome viral inespecífica e benigna. As infecções podem evoluir para quadros mais graves ou até mesmo fatais, com o aparecimento de hemorragias, febre hemorrágica do dengue (FHD) ou síndrome choque do dengue (SCD) (Halstead, 1989, Gluber, 1998). Uma infecção primária com qualquer um dos sorotipos do DENV confere proteção parcial e temporária contra os outros sorotipos, sendo possível ocorrência de infecções secundárias ou sequenciais. Frequentemente se associa a gravidade da doença a infecções secundárias heterotípicas do dengue (Rothman & Ennis, 1999). Acredita-se que infecções secundárias ou múltiplas pelo DENV são um dos principais fatores de risco para evolução da FHD/SCD, além de outros fatores que podem influenciar como: virulência da cepa viral; características genéticas do hospedeiro; além do estado imunológico do paciente (Rosen, 1977, Gubler et al.,1978, Bravo et al., 1987). Clinicamente, as formas mais graves da dengue, a FHD/SCD, são de difícil diagnóstico, podendo ser confundidas com outras doenças caracterizadas por distúrbios da permeabilidade capilar (Henchal & Putnak, 1990). No entanto, o processo fisiopatológico para o desenvolvimento da FHD/SCD da dengue ainda não foi totalmente esclarecido (Rothman, 2004, Guzman & Kouri, 2008). 1.2- Histórico do Dengue As primeiras descrições e registros de epidemias compatíveis com dengue datam de aproximadamente 1779-1780, na Ásia, África e América do Norte ( Siler et al., 1926, apud Boletim Epidemiológico, PAHO, 1997). A primeira descrição clínica da dengue foi feita por Benjamin Rush em 1780, na Philadelphia- EUA, embora se suspeite que o DENV venha causando epidemias há vários séculos. Em 1906, Bancroft descreveu que a transmissão do DENV era feita pelo mesmo vetor da febre amarela, o mosquito Aedes aegypti. A partir de 1954, Hammon et al., descreveram uma nova manifestação clínica causada pelo DENV, caracterizada por hemorragia generalizada e estado de choque (Figueiredo & Fonseca, 1996). O DENV foi isolado pela primeira vez na década de 40 no Japão, a cepa isolada foi de dengue sorotipo 1 sendo então considerada a cepa padrão e denominada de Mochizuki (Hotta & Kimura, 2001, Zulkarnain et al., 1994). No ano de 1945, duas outras cepas de DENV foram isoladas, no Havaí e em Nova Guiné, observando a presença de características antigênicas distintas, levando a conclusão de que havia mais de um sorotipo (Sabin, 2002, Martinez-Torres, 1990). Em 1968, Scherer sugeriu ao comitê da Organização Mundial de Saúde (OMS) a classificação do DENV de acordo com suas características antigênicas, sendo assim, as cepas isoladas do Japão e Havai, foram classificadas em DENV sorotipo 1, de Nova Guiné em DENV sorotipo 2 e os isolados do sudeste asiático como DENV sorotipo 3 e 4 (Scherer, 1968 apud Veronesi, R. and Focaccia, R. Tratado de Infectologia, 2002). Na década de 50, a Organização Pan-americana de Saúde (PAHO, 1997), estabeleceu uma campanha para erradicar o Aedes aegypti, resultando na erradicação do ciclo viral na América Central e do Sul. Porém, os sorotipos DENV-2 e DENV-3 permaneceram circulando em algumas ilhas do Caribe durante esse período, resultando em uma mudança de perfil clínico e epidemiológico da doença (Gubler e Clark, 1995). A primeira epidemia de febre hemorrágica ocorreu entre os anos de 1953 e 1954, nas Filipinas e Tailândia, expandindo-se para vários países asiáticos, ilhas do sul do Pacífico e nas Américas (Hammon et al., 2002). Na década de 70, o problema de epidemias do DENV agravou-se particularmente nos países tropicais de todos os continentes. A primeira epidemia de FHD/SCD descritas nas Américas, onde foi isolado DENV-2 acorreu nos anos 80, em Cuba (Kouri et.al., 1986). A severidade da doença foi associada à circulação do sorotipo DENV-2 de origem asiática (Rico-Hesse., 1990, Guzman et al., 1995). A FHD foi registrada na Venezuela em 1989, e em seguida foi notificado em outros países da América do Sul, simultaneamente com a introdução do DENV-3 que não havia sido notificado nas Américas desde 1977. A FHD não havia sido diagnosticada na América Central até o ano de 1994 (Gubler & Clark.,1995). Na década de 90, epidemias de dengue clássica e/ou FHD/SCD foram descritas em vários centros urbanos, afetando cerca de 25 países do continente americano (Pinheiro & Corber, 1997). Em 1994, registrou-se a reintrodução do sorotipo 3 que ocorreu simultaneamente no Panamá e Nicarágua, causando uma epidemia grave de dengue hemorrágico (Guzman et al., 1996, Harris et al., 1999), e em 1995, no México (PAHO, 1997). 1.2.1- Dengue no Brasil A primeira epidemia do vírus dengue com confirmação laboratorial aconteceu em 1982, na cidade de Boa Vista, capital do Estado de Roraima, onde foram isolados DENV-1 e DENV-4. Estes agentes estavam circulando em diversos países do Caribe, no norte da América do Sul e sua introdução, possivelmente, ocorreu por via terrestre, pela fronteira da Venezuela (Osanai et al.,1986). Na década de 80 a dengue tornou-se um problema de saúde pública nacional quando houve a dispersão do DENV-1 por diversos estados do país, sendo introduzido na cidade de Nova Iguaçu-RJ (Schatzmayr et al., 1986). A situação da dengue foi agravada pela introdução do DENV-2 no estado do Rio de Janeiro no ano de 1990, que resultou no aparecimento das formas mais graves da doença (Nogueira et al., 1990). No período compreendido entre 1986 e 1993, as epidemias atingiram mais os grandes centros urbanos, porém, a ausência de uma política nacional eficaz de combate ao vetor resultou na rápida dispersão do vírus pelo país e, consequentemente, na ocorrência de epidemias em diversos Estados (Boletim Epidemiológico- Fundação Nacional de Saúde, Ministério da Saúde, 1999) O DENV-3 foi introduzido no Brasil em 1998, oriundo de casos importados em São Paulo e se disseminou por todo país de forma rápida e desde então várias epidemias vêm ocorrendo simultaneamente em todo o país. Dois anos após a introdução, o mesmo sorotipo viral causou epidemias no estado do Rio de Janeiro com confirmação laboratorial de 91 casos em três diferentes municípios (Rocco et al., 2001). 1.2.2- Dengue no estado de Rondônia O estado de Rondônia, localizado totalmente na Amazônia Legal e na região norte do Brasil, possui 238.512,80 km2. Faz fronteira com Bolívia em uma extensão de 1.342 km de linha divisória em sua totalidade delimitada por rios. Os limites territoriais são: ao norte, nordeste e noroeste com o Estado do Amazonas; ao leste e sudeste com o Mato Grosso; ao sul e sudoeste com a República da Bolívia. Possui 32 municípios localizados na Amazônia Legal e 20 municípios situados em faixa de fronteira. Tem uma população estimada em 1.453.756 habitantes (IBGE, 2007). Está em uma região favorável a propagação de arbovírus. Primeiro, por sua posição geográfica, ligando por rodovia o estado do Acre e atualmente o Peru através da Rodovia Interoceânica, uma rota importante para os portos do Pacífico, aos outros estados do Brasil, assim, havendo intensa circulação de caminhões das mais diversas regiões do país. Segundo, por fazer fronteira com a Bolívia possibilita a entrada de novos arbovírus. Terceiro, o Estado ainda está em plena expansão de suas fronteiras agrícolas, com a derrubada de floresta, colocando o homem como hospedeiro acidental e favorecendo o aparecimento de arboviroses silvestres. A figura 1 mostra a localização do estado de Rondônia em relação ao Brasil e em destaque a rodovia BR 364 e a fronteira com a Bolívia. BR - 364 Fronteira Brasil/Bolívia BOLIVIA Fonte: http://br.geocities.com/rondonianaweb/mapa_rondonia.jpg Figura 1- Mapa mostrando a localização do estado de Rondônia em relação à região norte do Brasil. Em destaque vermelho o contorno da BR 364 e em azul a fronteira com a Bolívia. 1.3- Morfologia e Genoma do vírus dengue Os vírus dengue são esféricos, envelopados, com projeções na superfície e medem aproximadamente 50-60 nm de diâmetro. O RNA viral é envolto por um nucleocapsídeo de simetria icosaédrica, composto por uma única proteína denominada proteína de capsídeo (C), circundada por uma bicamada lipídica associada às proteínas de membrana (M) e de envelope (E) (Russell et al., 1980, Schlesinger et al., 1990), conforme esquema ilustrado na figura 2. Figura 2- Representação esquemática do vírus do dengue. Em M: proteína da Membrana. Em E: proteínas do Envelope. Em C: proteína do Capsídio. Em ssRNA: o material genético constituído por RNA de fita simples. O genoma dos Flavivirus é constituído por uma única molécula de RNA de fita simples e polaridade positiva, com comportamento de RNA mensageiro. Com cerca de 11.000 nucleotídeos (11Kb), é traduzido em uma poliproteína com peso molecular de 3.3x106 daltons (Rice, 1996; Monath, 1990), possui uma fase aberta de leitura, codificando proteínas estruturais e não estruturais. Os genes que codificam proteínas estruturais são: do nucleocapsídeo (C), proteínas da membrana (prM/M), envelope (E), estão localizados na região 5’ do genoma viral. As proteínas estruturais têm um papel importante na biologia do vírus, uma vez que, são responsáveis por várias atividades biológicas, incluindo montagem e maturação do vírus, fusões celulares, imunogenicidade, induzindo anticorpos neutralizantes e anticorpos inibidores da hemaglutinação. Na extremidade 3’, estão localizados os genes que codificam as proteínas não estruturais: NS1, NS2a, NS2b, NS3, NS4a, NS4b e NS5 que atuam como helicases, proteases e polimerases virais (Chambers et al., 1990; Lindenbach & Rice, 2003), conforme representado na figura 3. As proteínas não estruturais são responsáveis pela replicação do vírus e processamento da poliproteína, embora o mecanismo exato de ação da maioria delas ainda não esteja completamente esclarecido (Rice et al., 1985; Rice, 1996). Figura 3- Esquema representativo do genoma do dengue e proteínas codificadas (adaptado de Chambers et al., 1990) 1.4- Diagnósticos Laboratoriais O diagnóstico da infecção pelo vírus dengue pode ser realizado através de testes sorológicos, isolamento viral ou detecção do genoma viral (King et al.,1991, Guzman et.al, 1996). 1.4.1- Diagnósticos Sorológicos Atualmente é usado o ensaio imunoenzimático - ELISA para detectar a presença de anticorpos anti-dengue no soro do paciente. O ELISA e suas variantes, como por exemplo, o MAC-ELISA, discrimina imunoglobulinas das classes M e G (IgM/IgG) distinguindo por indicações dos níveis séricos de uma ou outra a possibilidade de uma primo-infecção ou infecção secundária. Outros testes sorológicos menos utilizados por sua complexidade técnica são: inibição da hemaglutinação (IH), fixação do complemento (FC) e teste de neutralização (TN) (Chunguer et al., 1989). 1.4.2- Isolamento Viral Quatro métodos são habitualmente usados para o isolamento viral: inoculação intracerebral em camundongos recém-nascidos; inoculação em cultura de células de mamíferos ou mosquitos e inoculação intratorácica em mosquitos; (King et al., 1991, Guzman & Kouri, 1996). A inoculação intracerebral em camundongos recém-nascidos foi inicialmente utilizada para o isolamento viral dos 4 sorotipos do DENV, no entanto, apresenta desvantagens tais como: elevado custo, demora para isolamento; e baixa sensibilidade. Esses problemas fazem com que a metodologia não seja recomendada para isolamento viral (Gubler et al., 1988). A inoculação em cultura de células de mamíferos, apresenta limitações e desvantagens similares com a metodologia descrita anteriormente. Esta metodologia embora empregada por muitos laboratórios, atualmente não é recomendada para isolamento de rotina do DENV, principalmente por ser uma metodologia que requer tempo e custo elevado (Guzman & Kouri, 1996). O cultivo em células de mosquito é uma das metodologias mais empregadas no isolamento viral (Gubler et al.,1988). A linhagem mais utilizada é a C6/36, clone do Aedes albopictus (Gubler et al.,1984). As células C6/36 proporcionam uma metodologia rápida, sensível e econômica para o isolamento do vírus (Gubler et al., 1988). A confirmação do isolamento independente de alteração morfológica, efeito citopático, realizado após sete dias de incubação, utilizando anticorpos policlonais ou monoclonais, sendo estes para o sorotipo-específico em teste de IF (Figueiredo et al., 1992). A metodologia de inoculação intratorácica em mosquitos é a mais sensível, no entanto, é o método menos utilizado para isolamento do DENV. As espécies de vetores mais utilizadas para o isolamento viral: Toxorhynchities amboinensis e Toxorhynchities splendens, onde ambos os sexos são suscetíveis. O DENV replica-se geralmente em altos títulos (106 a 107 MID50), em cerca de quatro a cinco dias, dependendo da temperatura de incubação. A detecção viral é realizada através de imunofluorescência indireta (IFI) nos tecidos do mosquito, normalmente do cérebro ou glândulas salivares. As desvantagens são o intenso trabalho e a necessidade de insetário para a produção de um grande número de mosquitos (Kuberski et.al.,1977, Gluber et al., 197, Gubler et al., 1988). 1.4.3- Diagnósticos Moleculares Nas décadas de 80 e 90, com o surgimento da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e da reação em cadeia da polimerase precedida da Transcrição Reversa (RT-PCR) a identificação de vírus tornou-se mais rápida (Chomczynski & Sacchi, 1987, Mullis et al., 1987). Diversos primers foram desenvolvidos e metodologias complementares, tais como a nested-RTPCR foram incluídas na detecção do genoma viral (Henchal et al., 1991, Morita et al., 1991; Lanciotti et al., 1992, Tanaka et al., 1993, Deubel et al., 1997). A metodologia de RT-PCR foi descrita por Saiki e desenvolvida por Kari em 1986, sendo considerada uma técnica que possibilita da amplificação “in vitro” de uma determinada região do genoma viral. É considerada uma metodologia rápida e sensível, se corretamente padronizada, pode ser usada para detecção do genoma em amostras clínicas humanas, biópsias ou tecidos de autópsia (Deubel et al., 1990). Atualmente, novas metodologias moleculares vêm sendo desenvolvidas para o diagnóstico do DENV, tais como: hibridação de ácidos nucléicos e PCR em tempo real (Real time PCR). No teste de hibridação dos ácidos nucléicos, é usado RNA extraído do sobrenadante de células infectadas com vírus ou “pools” de A. albopictus utilizando sondas biotiniladas ou com 32 P (Igarashi, 1978). Esta metodologia apresenta alta sensibilidade, sendo utilizado em estudos epidemiológicos, diagnóstico viral em amostras clínicas e também em tecidos fixados de autopsias (Henchal et al., 1987, Khan et al., 1987). O diagnóstico molecular baseado na amplificação de sequências de ácidos nucléicos através das técnicas de RT-PCR e Real-Time-PCR, estão substituindo gradualmente os métodos de isolamento viral de soro em fases agudas da infecção, podendo em alguns casos, determinar resultados mais rápidos e sensíveis (Lanciotti et al., 2000, Lanciotti., 2003, Shu & Huang, 2004). A metodologia de Real-Time-PCR, por ser um processo semiautomatizado, é considerada de alta confiabilidade e reprodutíbilidade (Bustin, 2002). Os avanços no desenvolvimento de fluoróforos e nucleotídeos quimicamente marcados permitiram o desenvolvimento da técnica de fluorocromos para Real-Time-PCR. Vários protocolos de aprimoramento e aplicação desta técnica, visando o diagnóstico do DENV, foram publicados demonstrando a sua aplicabilidade (Callahan et al., 2001, Houng et al., 2001, Drosten et al., 2002), no entanto, esta técnica requer aparelho sofisticado e pessoal qualificado. 1.5- Sequenciamento Viral Desde a década de 80, o genoma completo de vários Flavivírus foram sequenciados, começando pelo vírus da febre amarela (YFV), seguido pelos 4 tipos de DENV (Rice et al., 1985, Mason et al., 1987, Hahn et al., 1988, Osatomi et al., 1990). Através do sequenciamento do genoma pode se fazer o alinhamento dos nucleotídeos usando uma extensa variedade de programas com diversos algoritmos que fazem inferências na análise de similaridade das sequências nucleotídicas permitindo construir árvores filogenéticas com finalidade de analisar e comparar as relações evolutivas e até mesmo a origem dos sorotipos sequenciados. Atualmente o sequenciamento do genoma do DENV é utilizado não apenas para indicar a origem do vírus, mas também mutações que provavelmente podem causar diferença em sua patogenia (Aquino et al., 2005). Diante da presença de diferentes sorotipos do vírus dengue no quadro epidemiológico do estado de Rondônia, e do fato de serem constantes as epidemias. Justifica-se esse estudo para possibilitar o conhecimento filogenético dos genótipos dos vírus dengue circulante, bem como suas origens, pois a presença de mais de um genótipo podem causar diferentes perfis clínico e uma maior incidência de Febre Hemorrágica do Dengue. 2- OBJETIVOS 2.1- Objetivo Geral • Identificar os genótipos dos vírus dengue sorotipos 2 e 3, entre os períodos 2002 a 2006, através da análise filogenética e estabelecer a origem dos vírus circulantes no estado de Rondônia. 2.2- Objetivos Específicos • Repassar em células C6/36 todas as amostras virais utilizadas no estudo, correspondente ao período de 2002 a 2006; • Realizar a RT-PCR para obtenção dos fragmentos (amplicons) a serem utilizados na clonagem, ao mesmo tempo reconfirmar o sorotipo viral. • Clonar em vetor pDrive (QIAgen) os amplicons obtidos para sequenciamento gênico; • Obter árvores filogenéticas comparando os vírus isolados em Rondônia com os isolados no Brasil e em outros locais do mundo. 3- MATERIAL E MÉTODOS 3.1- Cadastro de dados do estudo Este estudo foi realizado durante o período de 2007 a 2009, com amostras sobrenadantes de cultura celular C6/36 infectadas com vírus dengue, caracterizadas pela unidade laboratorial de virologia, de indivíduos apresentando sintomas de 1 a 4 dias (período agudo da viremia) sugestivos para dengue, Anexo I, e que estavam estocadas a -80 ºC. Segundo parecer do Comitê de Ética em Pesquisa do CEPEM/IPEPATRO. 3.2- Amostras biológicas Foram analisadas 190 amostras, coletadas entre os períodos de 2002 a 2006, nas localidades: Porto Velho no Ambulatório do CEPEM; na Policlínica Municipal Dr. Hamilton Gondin, na Policlínica Dr. José Adelino. Em Ouro Preto D’ Oeste no Hospital Municipal e no município de Colorado D’ Oeste na Unidade Mista Drª Laura Maria de Carvalho Braga, nos Prontos Socorros Municipais de Ariquemes, Cacoal, Jarú e Vilhena. Como demonstrado na tabela 1. Tabela 1: Distribuição das amostras analisadas nos municípios de Rondônia. Municípios Número de amostras Ariquemes 6 Cacoal 19 Colorado D’Oeste 22 Jarú 13 Ouro Preto D’Oeste 24 Porto Velho 94 Vilhena 12 Total 190 3.3- Isolamento viral Para o isolamento viral foram cultivadas células de mosquito Aedes albopictus, clone C6/36 em placas estéreis de 24 orifícios (Corning, USA) (Figueiredo, 1990). As células foram mantidas com meio Leibowitz-15 (L-15) (Gibco BRL, USA), suplementadas com 10% de soro fetal bovino (Gibco BRL, USA) 1000U/mL de penicilina e 1mg/mL de estreptomicina. As células foram mantidas em estufa BOD a 28ºC e visualizadas em microscópio invertido (Nikon, USA) diariamente até a formação de monocamadas celular confluente conforme figura 4. Figura 4: Fotografia de uma monocamada de células C6/36, obtida em microscópio óptico com aumento 400x. Para infecção da monocamada o fluído celular infectado foi diluído em 1:10 com volume final de 500 µL em meio L-15 completo. Foi inoculado o diluído por 1 hora em estufa BOD a 28ºC. Após esse período de incubação foi acrescentado 1mL do meio L-15 completo em cada poço das placas e armazenado a 28ºC durante 7 dias. As monocamadas celulares inoculadas eram inspecionadas diariamente em microscópio invertido (Nikon, USA) para detecção de efeito citopático, uma alteração morfológica que o vírus causa na célula formando vacuolização, arredondamento, aumento do núcleo e inclusões. No sétimo dia foi recolhido todo o material inoculado e armazenado no -80ºC até o momento do uso. Para obtenção de um maior título viral foram realizadas três passagens sucessivas do fluído em cultura celular. Como controles foram utilizados: controles positivos cepas de DENV-2 (CEA 2462) e DENV-3 (PVH) e controle negativo, sobrenadante de cultura de C6/36 não infectada. 3.4- Extração do RNA Viral Para extração do RNA viral contido no sobrenadante de cultura celular infectada, foi utilizado o Kit QIAamp® Viral RNA (QIAgen,, Alemanha), conforme instruções do fabricante. 3.5. Transcrição Reversa e Reação da Polimerase em Cadeia (RT-PCR) 3.5.1 Confecção do cDNA Para a confecção da fita de DNA complementar (cDNA) através da transcrição reversa, incubou-se 5µL do RNA extraído com 1µL (3µg) de primer randômico pd(N)6 (GIBCO® BRL, USA), 1µL de dNTPs 10mM (Gibco BRL, USA). Aqueceu-se as amostras por 1 minuto a 95°C, em seguida incubou-se no gelo por 5 minutos e logo após acrescentou-se 4µL do tampão Buffer 5x (Gibco BRL, USA), 1µL DTT 0.1M, 200U/µL SuperScript (Gibco BRL, USA), 10U/µL de inibidor RNase (Gibco BRL, USA) e completou-se com água ultrapura volume para 20µL, incubou-se as amostras por 25°C por 10 minutos, 2 horas a 37°C e ao final por 5 minutos a 85°C para desnaturação da enzima transcriptase reversa. 3.5.2- PCR 3.5.2.1. Primers D1 e D2 (Lanciotti et al., 1992) Para a amplificação do fragmento do gene das proteínas C-prM e identificar o vírus dengue, foram utilizados o par de primers D1 e D2, que amplifica um fragmento de 511pb, correspondente a sequência gênica que codifica parte das proteínas estruturais do capsídeo e pré-membrana (C-prM). As sequências dos primers estão indicadas na tabela 2, assim como uma representação do local de anelamento dos primers é mostrado na figura 5 (Lanciotti et al., 1992). Para a PCR misturou-se 5µL de cDNA com 50nM de iniciadores específicos, sense e anti-sense, 0,2 mM de desoxinucleotídeos, 1,5mM de MgCl2, 2,5U de Taq DNA polimerase termoestável (Invitrogen USA), solução tampão 10X da enzima (Invitrogen - USA), e água para completar um volume final de 50µL. As amostras foram submetidas a aquecimento inicial 94ºC por 5 min seguido de 30 ciclos térmicos nas temperaturas de 94ºC por 1min para desnaturação; 53ºC por 1min para anelamento, seguido de, 72ºC por 2min para extensão e uma extensão final de 72ºC por 10min em termociclador (Eppendorf, Alemanha). Os produtos da PCR, foram estocados a 4ºC até serem utilizados. Tabela 2: Descrição das sequências dos primers utilizados para amplificação da intersecção dos genes correspondente as proteínas do capsídeo e prémembrana do vírus do dengue. Primers D1 D2 Sequências 5’TCA ATA TGC TGA AAC GCG CGA GAA ACC G 3’ 5’TTG CAC CAA CAG TCA ATG TCT TCA GGT TC 3’ Região do genoma C-prM C-prM Figura 5: Esquema representado o local de anelamento dos primers utilizados para a PCR no genoma do dengue. 3.5.2.2. Primers DEN2-S e DEN2-C (Figueiredo et al., 1997) Para identificação do vírus do dengue sorotipo 2, foi utilizado o par de primers DEN2-S e DEN2-C específicos para DENV-2, amplificando um fragmento de 210pb (Figueiredo et al., 1997). Para a PCR as amostras foram submetidas a aquecimento inicial de 94ºC por 5min seguido de 30 ciclos térmicos nas temperaturas de 94ºC por 1min para desnaturação; 54ºC por 1min para anelamento seguido de 72ºC por 2min para extenção e uma extenção final de 72ºC por 10min. Os produtos da PCR, foram estocados a 4ºC até serem utilizados. As sequências dos primers DEN2-S e DEN2-C estão descritas na tabela 3 assim como o gene amplificado por ele. Na figura 6 está representado o local de anelamento dos primers em relação ao genoma do vírus dengue. Tabela 3: Descrição das sequências dos primers utilizados para amplificação do gene E do vírus do dengue. Primers Região do Sequências genoma DEN2-S 5’ GTT CCT CTG CAA ACA CTC CA 3’ E DEN2-C 5’ GTG TTA TTT TGA TTT CCT TG 3’ E Primer DEN2-S E Primer DEN2-C Figura 6:- Esquema descritivo representado o local de anelamento dos primers utilizados na PCR com DEN2-C e DEN2-S específicos para dengue sorotipo 2. 3.5.3. Eletroforese dos Produtos da PCR. 3.5.3.1. Gel de Agarose 1,5%. Para confirmação da amplificação correspondente aos genes de interesse, foi realizada eletroforese em gel de agarose a 1,5% (GIBCO BRL, USA), com solução tampão TAE 1X (0.09M de Tris base, 0,09M de ácido bórico e 0,002M de EDTA) e acrescido de brometo de etídio 0.1% (Sigma Chemical Company, St.Louis, USA). Um volume de 5µL de cada amostra foi aplicada no gel de agarose e submetida à eletroforese, a 100V; 400W; por 30 minutos. Após, o gel foi visualizado em transluminador ultravioleta (UV). Os amplicons foram comparados a um marcador peso molecular de 100pb e controles positivos de DENV (Invitrogen® - USA). Através da análise de relação com a migração dos amplicons e o marcador de peso molecular obteve-se os tamanhos de 511 pb e 210pb, respectivamente. 3.5.4. Hemi-nested-PCR (Lanciotti et al., 1992) Para caracterização do sorotipo viral do dengue foi realizado uma Heminested-PCR, utilizando os amplicons obtidos na PCR, juntamente com o primer D1 e os primers TS1, TS2, TS3 e TS4, que geram fragmentos de peso molecular conforme mostrados na tabela 4. A diferença de peso molecular determina qual é o sorotipo viral do dengue. Tabela 4- Descrições das sequências dos primers anti-sense utilizados para obtenção do sorotipo do vírus da dengue e seu peso molecular correspondente. Tamanho Primers Sequências do Sorotip o viral Amplicon TS1 5’CGT CTC AGT GAT CCG GGG G 3’ 482 pb DENV 1 TS2 5’CGC CAC AAG GGC CAT GAA CAG 3’ 119 pb DENV 2 TS3 5’ TAA CAT CAT CAT GAG ACA GAG C 3’ 290 pb DENV 3 TS4 5’ CTC TGT TGT CTT AAA CAA GAG A 3’ 392 pb DENV 4 Para a Hemi-nested-PCR as amostras foram submetidas a um aquecimento inicial de 94ºC por 5 minutos seguido de 25 ciclos térmicos nas temperaturas de 94ºC por 1min; 53ºC por 1min e 72ºC por 2min seguido de uma extensão final de 72ºC por 10min em termociclador (Eppendorf, Alemanha). 3.5.4.1- Eletroforese do Produto da Hemi-nested-PCR. 3.5.4.2- Gel de Agarose 2,0%. Para a confirmação da amplificação correspondente aos fragmentos de tamanhos diferentes, foi realizada uma eletroforese em gel de agarose a 2,0% (GIBCO BRL, USA), com solução tampão TAE 1X (0.09M de Tris base, 0,09M de ácido bórico e 0,002M de EDTA) e acrescido de brometo de etídio 0.1% (Sigma Chemical Company, St.Louis, USA). Um volume de 5µL de cada amostra foi aplicada no gel de agarose e submetida à eletroforese, a 100V; 400W; por 30 minutos. Após, os fragmentos foram visualizados em transluminador ultravioleta (UV). Os amplicons foram então comparados a um marcador de 100pb e controle positivo para DENV-3 (Invitrogen® - USA). 3.6 Clonagem 3.6.1. Purificação dos amplicons para clonagen. Os amplicons correspondentes a 511pb foram seccionados do gel de agarose. Posteriormente colocados em microtubo de 1,5 mL, a purificação foi realizada com QIAquick Gel Extraction Kit (QIAgen, Alemanha) de acordo com instruções do fabricante. 3.6.1.1. Confirmação da purificação Para a confirmação da purificação foi realizada eletroforese em gel de agarose a 1,0% (GIBCO BRL, USA), com solução tampão TAE 1X (0.09M de Tris base, 0,09M de ácido bórico e 0,002M de EDTA) e acrescido de brometo de etídio 0.1% (Sigma Chemical Company, St.Louis, USA). Um volume de 5µL de cada amostra foi aplicada no gel de agarose e submetida à eletroforese, a 100V; 400W; por 30 minutos. Após, o gel foi visualizado em transluminador ultravioleta (UV). O produto purificado foi comparado com um marcador de 250pb (Invitrogen® - USA). Em seguida ligado a um vetor de clonagem. 3.6.2. Ligação em vetor de clonagem Utilizou-se o kit de clonagem (QIAgen, Alemanha), para a inserção de fragmentos do gene da proteína C-prM. O vetor está representado esquematicamente na figura 7. Para ligação do fragmento ao vetor de clonagem foram utilizados: 3,0µL do produto de purificação, com cerca de 220ng, 0,5 µL do vetor, 2,5µL de tampão 5X com ligase, incubou-se a 4°C por 16 horas. O produto da ligação foi estocado a –20°C até o momento do uso. Fonte: http://www1.qiagen.com/literature/images/pDrive_cloning_vector.gif Figura 7- Representação esquemática do vetor pDrive (QIAgen, Alemanha). 3.6.3. Preparo de bactérias competentes Para obtenção de células competentes foram utilizadas bactérias da espécie Escherichia coli, linhagem TOP 10 F’ estocadas a -80oC em meio LB/ DMSO 10%, foram semeadas em placas contendo meio sólido LB-agar 1,5%, 12,5µg/mL de tetraciclina e posteriormente incubadas a 37oC por 18 horas. Após o crescimento das colônias, uma de cada foi inoculada em 5mL de meio LB líquido com tetraciclina para crescimento a 37oC durante 20 horas em agitação constante (250 rpm/minutos) e 0,5 mL da cultura foi inoculada em 50 mL de meio LB acrescido de 5µL de tetraciclina. As culturas foram coletadas em fase exponencial de crescimento determinada pela absorbância de 600 nm em 0,45 e 0,55 nm de densidade óptica (D.O.). Logo após foram adicionados às bactérias 1mL de MgCl2 a 1M gelado e incubou-se a cultura por 15 minutos a 4oC. Em seguida, as bactérias foram centrifugadas a 4500rpm por 15 minutos a 4oC. O sedimento foi ressuspendido em 20mL de tampão contendo Acetato de potássio (AcK) 30mM pH:7,5, MnCl2 50mM, CaCl2 10mM e glicerol autoclavado a 15%, e novamente incubada por 15 minutos a 4oC. E em seguida centrifugadas a 4500rpm por 15 minutos a 4oC, o sedimento final foi ressuspendido em 2mL do tampão contendo: MOPS 10mM pH:7,0, CaCl2 75mM, KCl 10mM e glicerol autoclavado a 15%. Para o armazenamento distribuiu alíquotas de 200µL e em seguida foram congeladas o instantaneamente em nitrogênio líquido e estocadas a -80 C. 3.6.4. Transformação Bacteriana As células competentes TOP 10 F’ foram transformadas com DNA plasmideal utilizando a metodologia descrita por Sambrock et al. (1989) com algumas modificações. Brevemente, 2µL da reação de ligação ou 0,1 ng de DNA de plasmídeo pDrive (QIAgen, Alemanha), foram adicionadas a 50µL da suspensão de células competentes. A mistura foi colocada em gelo por 30 minutos. Após este período, as células foram mantidas a 42oC por 1 minuto e novamente retornadas ao gelo por 10 minutos, logo após foram acrescentados 110µL de meio S.O.C (GIBCO BRL, USA) e incubada por 30 minutos a 37oC para crescimento bacteriano e posteriormente semeadas em placas de LB-agar 1,5% suplementadas com ampicilina (100µg /mL), tetraciclina (50µg /mL) e adicionalmente IPTG (100µg /mL), X-gal (200µg /mL). As placas foram incubadas por 12 horas a 37°C. 3.6.5.Extração do DNA Plasmidial As colônias resultantes da transformação foram selecionadas com base em sua coloração, foram escolhidas as colônias brancas. A representação de uma placa com colônias com inserto (brancas) e sem inserto (azuis) são representadas na figura 8. As colônias brancas foram escolhidas ao acaso nas placas LB-agar/Tetra/Amp/IPTG/X-gal e processadas para isolamento de DNA plasmideal. As colônias selecionadas das placas foram cultivadas em 2mL de meio LB-líquido/tetraciclina/ampicilina a 37oC por 18 horas, em agitação constante (280 rpm/minuto). Os plasmídeos foram extraídos usando o procedimento de mini-preparação descrito em Sambrock et al. (1989.) Colônias Brancas A B Figura 8- Em A: Modelo esquemático do vetor de clonagem. Em B: Após as bactérias sofrerem transformação. 3.6.6. Digestão do vetor Para verificar se os vetores extraídos pela metodologia de mini preparação possuíam o inserto, foi utilizada a enzima de restrição Eco RI (Promega, USA). Para isso, foram utilizados 3µL dos plasmídeos extraídos, 1µL de tampão 10X Buffer, 0,3µL de Eco RI e água q.s.p 10µL a mistura foi incubada a 37°C por 2 horas. Foi utilizada a eletroforese em gel de agarose a 1,5%, acrescido de brometo de etídio a 0,1% (Sigma Chemical Company, St.Louis, USA), para a confirmação visual da digestão e comparação ao marcador de 250pb (Invitrogen®, USA). 3.6.7. Sequenciamento Para determinação das sequências nucleotídicas da região C-prM as amostras de clones foram selecionados para o sequenciamento. Cada clone foi sequenciado utilizando o Big Dye Terminator Cycle Sequencing kit (Applied Biosystem, USA). A PCR seguiu os seguintes ciclos: um ciclo para desnaturação das fitas de 96ºC por 2 min; 25 ciclos de 96ºC por 45 segundos, 50ºC por 30 segundos e 60ºC por 90 segundos. Após os ciclos as amostras foram deixadas em 60ºC por 4 min e no gelo por 2 min conforme o manual do fabricante. (Applied Biosystem), o sequenciamento das reações foram realizados no sequenciador ABI PRISM 310 Genetic Analyzer (Applied Biosystem, USA), realizado no Instituto de Ciências Biológicas -ICB2 da USP, Dr. Gerhard Wunderlich. 3.7. Análise das Sequências Para obter a sequência do gene C-prM de DENV-2 e DENV-3 foi utilizado o programa ENTREZ do National Center for Biotecnology Informática – NCBI. (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query). 3.7.1- BLAST O BLAST (Basic Local Alignment Search Tool) encontra regiões de similaridade entre as sequências. O programa compara sequências nucleotídeos ou proteínas com as contidas no banco de dados e calcula uma estatística significante. Foi usado para uma busca de similaridade após o sequenciamento, entre os clones e as sequências contidas no banco de dados. 3.7.2. Árvore Filogenética O método de bootstrap foi utilizado para testar a significância estatística para cada ramo da árvore gerada. Os valores de bootstrap foram obtidos por re-amostragem dos dados com 100 replicatas utilizando-se os programas Garli (Genetic Algorithm for Rapid Likelihood Inference) e Paup (Phylogenetic Analysis Using Parsimony), realizado no Laboratório de Evolução Molecular e Bioinformática- LEMB da USP, Dr. Paolo Zanotto. Os dados foram compilados nos softwares Garli, que usa um algoritmo genético modificado para inferir rapidamente filogenias baseadas em dados dos nucleotídeos. Ele usa o General Time Reversible (GTR), que é um modelo de substituição nucleotídica e simultaneamente verifica a mistura de topologia, ramos, taxa de heterogeneidade e modelo parâmetros que maximiza a probabilidade dos dados da filogenia. O Paup é usado para inferência evolucionária de árvores filogenéticas. 4- RESULTADOS 4.1. Isolamento viral 4.1.1 - Em células C6/36 As 190 amostras de sobrenadante de cultura celular, infectados com sorotipos 2 e 3 do dengue, foram reinoculadas em monocamada célular C6/36 para obtenção do volume sobrenadante e título viral para o trabalho. Essas amostras foram observadas diariamente em microscópio invertido (Nikon, USA) e 20 amostras (10,5%) apresentaram alterações na sua morfologia, apresentando efeito citopático provocado pela multiplicação viral, indicando a presença de infecção viral figura 9. Porém, como o efeito citopático é um indicativo subjetivo da infecção viral, aqueles poços que não apresentaram efeito citopático também foram submetidos a RT-PCR. A B Figura 9: Fotografia de monocamada de células C6/36. Em A, monocamada celular sem infecção viral. Em B, monocamada celular infectada com o vírus da dengue. Em destaque no círculo vermelho o efeito citopático provocado pela infecção viral. 4.2. RT-PCR 4.2.1. Primers D1 e D2 (Lanciotti et al., 1992) Após a extração de RNA viral, as 190 amostras foram submetidas a transcrição reversa para obtenção do cDNA através de uso de primers randômicos pd(N)6 (Invitrogen® - USA). Em seguida, submetidas a PCR utilizando os primers específicos. Foram amplificadas 80 amostras gerando fragmentos com 511pb, conforme mostrado na figura 10 e 110 não amplificaram. MW C+ C- 1 2 3 4 5 511pb Figura 10: Fotografia representativa demonstrando os amplicons após corrida eletroforética em gel de agarose 1,5%, corado com brometo de etídio 0,1% e visualizado com luz ultravioleta, para a infecção por dengue. A seta corresponde ao fragmento com 511pb, peso molecular obtido com a RT-PCR com o primer D1 e D2. Em MW: marcador de peso molecular + 100pb; em C (controle positivo) DENV-3 PVH; em C (controle negativo) constituído de sobrenadante de cultura celular C6/36 não infectada. Na linhas de 1 a 5: amplificados do genoma do DENV das amostras. 4.2.3- Primers TS1, TS2, TS3 e TS4 (Lanciotti et al., 1992) As 80 amostras foram submetidas a uma Hemi-nested-PCR com primers TS1 a TS4, 79 amostras apresentaram amplificações de 290pb, caracterizando o sorotipo DENV-3 conforme mostrado na figura 11. Figura 11 – Fotografia representativa demonstrando os amplicons após corrida eletroforética em gel de agarose 2,0%, corado com brometo de etídio 0,1% e visualizado com luz ultravioleta, para caractrizar o sorotipo viral. A seta corresponde ao fragmento com 290pb, peso molecular obtido com a Hemi-nested-PCR com o primer D1 e TS3. Em MW: marcador de peso molecular + 100pb; em C (controle positivo) DENV-3 PVH; em C (controle negativo) constituído de sobrenadante de cultura celular C6/36 não infectada. Nas linhas de 1 a 5: amplificados do genoma do DENV-3 das amostras. 4.2.4. Primers DEN2-C e DEN2-S (Figueiredo et al., 1997) Das 80 amostras apenas uma não foi amplificada através da Heminested-PCR. Sua identificação ocorreu através dos primers demoninados DEN2-C e DEN2-S, identificando o DENV-2 para essa amostra. A amplificação do genoma de DENV-2 é mostrado na figura 12. MW C+ 1 2 210pb Figura 12- Fotografia demonstrando os amplicons após corrida eletroforética em gel de agarose 1,5%, corado com brometo de etídio 0,1% e visualizado com luz ultravioleta, para caracterização viral. A seta corresponde ao fragmento com 210pb, peso molecular obtido com a RT-PCR com o par de primer DEN2S e DEN2C.para DENV-2 com fragmento correspondente + a 210pb. Em: MW, marcador de peso molecular de100pb; em C (controle positivo) DENV-2 CEA 2462. Em 1, amplificação do DENV-2 do soro de paciente. Em 2, (controle negativo) sobrenadante de cultura celular C6/36 não infectada. Assim, confirmou-se o genoma do DENV-2 e 3 nos materiais clínicos de 80 pacientes dos municípios que compõem o eixo da BR 364 conforme disposto na tabela 5. Tabela 5: Resultado por município da identificação do DENV em Rondônia durante os períodos de 2002 a 2006. Amostras Amostras Sorotipo Sorotipo Positivas Negativas Viral Viral Ariquemes 1 5 DENV-3 - Cacoal 1 18 DENV-3 - Colorado D’Oeste 6 16 DENV-3 - Jarú 3 10 DENV-3 - OuroPretoD’Oeste 12 12 DENV-3 - Porto Velho 54 40 DENV- 3 DENV-2 Vilhena 3 9 DENV-3 - Total 80 110 79 1 Municípios 4.3- Clonagem dos fragmentos 4.3.1- Purificação dos fragmentos de DNA amplificados Para clonagem foram purificadas 15 amostras de fragmentos de DNA conforme figura 13. Figura 13 – Fotografia representativa de uma corrida eletroforética em gel de agarose 1,0%, acrescido de brometo de etídio 0,1% e visualizado com luz ultravioleta, contendo os fragmentos purificados após RT-PCR com primers D1 e D2. Em MW, marcador de peso molecular de + 250pb; em C , controle positivo DENV-3 PVH. Em DENV os fragmentos purificados. 4.3.2 - Ligação do fragmento ao vetor Os 15 fragmentos obtidos por RT-PCR, apos purificados como mostrado na figura 13 foram ligados ao vetor de clonagem pDrive (QIAgen, Alemanha) conforme mostrado na figura 14 e inseridos em E.coli. MW C+ INSERTOS 4,36Kb Figura 14 – Fotografia representativa de um gel de agarose 1,5%, corado com brometo de etídio 0,1%, submetido à corrida eletroforética para a confirmação da ligação do vetor pDrive de 3,85Kb com o fragmento da RT-PCR de 511pb, obtendo um fragmento de 4,36 kb. Em MW, + marcador de peso molecular de 1kb; em C , controle positivo DENV-3 PVH. Em Insertos, a união do fragmento correspondente a intersecção do gene C-prM ligado ao vetor de clonagem pDrive. 4.3.3. Confirmação da clonagem Após a transformação bacteriana e extração do plasmídeo, foi realizado a digestão enzimática com Eco RI (Promega, USA). Todas as 15 amostras foram clonadas. Na figura 15 podem ser visualizados os plasmídeos cortados e os fragmentos correspondentes a intersecção dos genes C-prM, com tamanho de 511pb. MW C+ Digestão Enzimática 3,85 kb 511pb Figura 15 – Fotografia representativa de um gel de agarose 1,5%, corado com brometo de etídio 0,1%, submetido à corrida eletroforética para a confirmação da digestão enzimática com + Eco RI. Em MW, marcador de peso molecular de 250pb; e em C , (controle positivo) DENV-3 PVH. Em digestão Enzimática, a digestão das amostras clonadas com 511pb, acima o vetor 3,85Kb. 4.4- Sequenciamento Para confirmar os resultados do isolamento viral e construir a árvore filogenética, foi realizado o sequênciamento gênico das 15 amostras, porém, apenas 6 foram sequênciadas. Estas foram alinhadas com sequências obtidas no GenBank. 4.5- Árvore Filogenética A árvore filogenética obtida pelo programa Garli (Genetic Algorithm for Rapid Likelihood Inference), mostrou na figura 16a que as seis amostras sequênciadas de Rondônia agruparam-se com sequências dos vírus dengue sorotipos 2 e 3 obtidas no GenBank. A sequência de DENV-2 do nosso estudo agrupou-se com sequências de DENV-2 isolados em Nicarágua e Tailândia, o mesmo pode ser notado para as sequências de DENV-3 do nosso estudo que se agrupou com sequências de DENV-3 dos Estados Unidos, Brasil, Venezuela e China, mostrando assim, que os sorotipos foram corretamente identificados. 4.5.1- Genotipagem DENV-2 e DENV-3 A análise filogenética genotípica das seis sequências do gene C-prM dos DENV-2 e DENV-3 apresentaram três genótipos descritos previamente para estes sorotipos (Wittke et al., 2002; Holmes, 2004) tabela 7. Sugeriu a existência da co-circulação de genótipos distintos de um mesmo sorotipo em uma única localidade figura 16b, porém, em períodos diferentes. O DENV-3 genótipo V esteve presente em amostras de Rondônia entre (2002 a 2003) e o genótipo III em amostras coletadas de (2004 a 2006). Em 2006 juntamente com o DENV-3 genótipo III, ocorreu a entrada de um novo sorotipo no estado de Rondônia o DENV-2 que Américo/Asiático figura 16c. em nosso estudo foi genotipado como DV3US00 DV3VE08 DV3BR03 DV3BR01 DV3BR02 DV3BR06 DV3BR04 DV3BR04B DV3SG05 DV3SK00 DV3TW99 DV3PH97 DV3PF94 DV3ID04 DV3ID98 DV3BR02B DV3CH80 DV3BR02C DV3BR03B DV3VN08 DV3KH07 DV3CO94 DV3BDH02 DV3TH01 DV2NI08 DV2BR06 DV2TH01 DV4PR94 DV4VE01 DV1KH07 DV1TH01 0.1 Figura 16a: Árvore filogenética dos vírus dengue 1- 4, obtida pelo método maximum likelihood, o nome dos isolados representados incluem: sorotipo, país de origem e ano de isolamento. AS amostras de Rondônia encontram-se em negrito. Figura 16b: Árvore filogenética DENV-3, obtida pelo método maximum likelihood, mostrando as 5 sequências do gene C-prM, isoladas em Rondônia juntamente com amostras selecionadas do Genbank. Os clados de genótipos específicos são indicados em numerais romanos. As referencias dos isolados usados na análise incluem, país de origem, número de acesso ao GenBank e ano, os números à esquerda dos nós representam valores de confiança. O país e Estado em estudo são representados em azul Brasil (RO). Figura 16c: Árvore filogenética DENV-2, obtida pelo método maximum likelihood, mostrando uma sequência do gene C-prM, isolada em Rondônia juntamente com amostras selecionadas do Genbank. Os clados dos genótipos específicos são indicados por nomes. As referências dos isolados usados na análise incluem, país de origem, número de acesso ao GenBank e ano, os números à esquerda dos nós representam valores de confiança. O país e Estado em estudo são representado em azul Brasil (RO). Tabela 6: Dados dos vírus dengue 2 e 3 isolados em Rondônia. Gene C-prM Local/ Ano Municípios Vírus Genótipo Max Ident Origem Geográfica Brasil/RO_02 Brasil/RO_03 Brasil/RO_04 Brasil/RO_04 Brasil/RO_06 Brasil/RO_06 Porto Velho Porto Velho Ouro Preto Vilhena Porto Velho Porto Velho DENV-3 DENV-3 DENV-3 DENV-3 DENV-3 DENV-2 GV GV GIII GIII GIII Américo/Asiático 99% 90% 98% 98% 99% 92% Leste da Ásia Sul das Américas Sul das Américas 5- DISCUSSÂO 5 - Discussão No presente trabalho, o objetivo foi aplicar embasamentos filogenéticos nos estudos sobre os genótipos dos sorotipos 2 e 3 do vírus do dengue isolados entre 2002 a 2006, para mostrar quais os genótipos circulantes em Rondônia e compará-los com seus similares circulantes no Brasil e no mundo. A região escolhida para o seqüenciamento das amostras foi a junção dos genes C/prM, por se tratar de uma junção mais conservada, e que fornece as inferências ideais para se estudar os genótipos dos vírus dengue. A região escolhida está de acordo com os realizados por Klungthong et al., (2008), que estudou, filogeneticamente, em separado cada região do genoma viral. Segundo o autor, os alvos mais apropriados para o estudo do dengue foram identificados para o vírus do dengue sorotipo 1, os nove genes com exceção do NS4a; para sorotipo 2 os genes prM/M e, NS1, NS3, NS4a e NS5; para dengue sorotipo 3 todos os dez genes e 3’ não-codificante (3’NTR) e para o dengue sorotipo 4, os genes C, prM/M, E, NS1, NS2a, NS2b, NS4a e NS5 são todos apropriados para gentotipagem. Das 190 amostras selecionadas para o estudo, 80 foram positivas para o vírus do dengue quando usados os primers D1/D2 (Lanciotti et al., 1992), dessas, 79 tiveram o sorotipo caracterizado como DENV-3 através da Heminested-PCR (Lanciotti et al., 1992), e uma como DENV-2 com primers DEN2S/DENV-C (Figueiredo et al., 1997) específicos para o sorotipo 2 do dengue. A falta de êxito no experimento de 110 amostras pode esta relacionada com o tempo e as variações de temperatura durante o armazenamento. Foram escolhidos 15 amplicons para clonagem que posteriormente foram seqüuenciados. Os resultados obtidos com as digestões confirmaram o mapa de restrição do vetor, pois foram liberados os fragmentos dos tamanhos esperado para a região em estudo totalizando 15 clones, dos quais, apenas seis foram sequenciadas, um de DENV-2 e cinco de DENV-3, possivelmente devido a problemas na técnica ou na qualidade dos clones. Amostras obtidas no GenBank, associadas as sequências do nosso estudo, foram analisadas através de pesquisa de alinhamento de dados pelo programa MUSCLE (multiple alignment software for protein and nucleotide sequences) e apresentaram em porcentagem, uma identidade (>90%) quando comparadas com sequências já publicadas do gene das proteínas em estudo. Para construção das árvores filogenéticas utilizou-se os programas GARLI (Genetic Algorithm for Rapid Likelihood Inference) e PAUP (Phylogenetic Analysis Using Parsimony). Com a construção das árvores filogenéticas foi possível identificar os genótipos dos vírus e suas origens geográficas. Essas árvores revelaram a presença dos genótipos III e V para o DENV-3 e genótipo Américo/Asiático para o DENV-2, com origem no sul das Américas e leste da Ásia. Quando comparados os genótipos de cada sorotipo do DENV-3, com o ano de coleta das amostras, observamos que o primeiro genótipo a entrar no estado de Rondônia foi o V em 2002 com sucessiva entrada do genótipo III em 2004.. Com relação aos genótipos do DENV-3, o genótipo V foi encontrado em duas amostras de Porto Velho, coletadas em 2002 e 2003, o genótipo III foi encontrado em três amostras, Vilhena e Ouro Preto D’ Oeste em 2004 e em Porto Velho no ano de 2006. O genótipo Américo/Asiático foi encontrado em apenas uma amostra de Porto Velho em 2006. Cinco genótipos distintos do DENV-3 foram identificados até o momento (Lanciotti et al., 1994, Wittke et al., 2002). Genótipos I a III (GI, GII e GIII) responsáveis pela maioria de infecções pelo DENV-3, são associados a epidemias de DF/FHD no sudeste Asiático, subcontinente Indiano, Sul do Pacífico, Leste da África, e nas Américas. Os genótipos IV e V (GIV e GV) não foram associados a epidemias de DHF, e são representados por uma pequena quantidade de seqüências nas Américas, Sul do Pacífico, e Ásia. Estudos filogenéticos documentaram o DENV-3 com distribuição dentro de países individuais (Aquino et al., 2006, Chungue et al., 1993, Díaz et al., 2006, Islam et al.,2006, Kobayashi et al., 1999, Peyrefitte et al ., 2003, 2005, Podder et al., 2006, Raekiansyah et al., 2005, Rodriguez-Roche et al., 2005, Usuku et al., 2001 Uzcategui et al., 2003, Wittke et al., 2002, Zhang et al., 2005) ou regiões específicas (Messer et al., 2003), mas a compreensão da dispersão global e da história evolucionária dos distintos genótipos de DENV-3 ainda é incompleta Estudos revelam que o genótipo III foi o mais propagado de todos os genótipos de DENV e a maioria das amostras encontradas na Ásia, sul da África e Américas. As sequências mais antigas do genótipo III nas Américas foram identificadas no Panamá e em Nicarágua em 1994 (CDC, 1995, Guzman et al., 1996), mas em estudos realizados por Araújo et al., (2008), sugeriu que o genótipo III estivesse introduzido nas Américas através do México onde as primeiras amostras de genótipo III foram identificadas em 1995 (Briseno-García et al., 1996). Em todo caso, os vírus de genótipo III espalharam rápidamente para outros países, usando diversas rotas independentes na América Central e América do Sul. (Nogueira et al., 2001, Usuku et al., 2001, Rigau-Pérez et al., 2002, Peyrefitte et al., 2003, Uzcategui et al., 2003). Um novo genótipo DENV-3 tem sido relatado circulante no Brasil e na Colômbia, sendo classificado recentemente como genótipo I por Figueiredo et al., (2008) e por Usme-Ciro et al., (2008), mas como genótipo V por Nogueira et al., (2008). Porém estudos realizados recentemente confirmam a existência de dois genótipos distintos (GI e GV) para o DENV-3 no Brasil (Araújo et al., 2009), e ainda alertam para a identificação do genótipo V em amostras com DF/DHF na América do Sul entre 2002-2004, pois este foi considerado uma linhagem extinta com apenas três cepas (Filipinas/1956, no Japão/1973 e na China/1980) encontradas mundialmente antes da identificação do genótipo V na América do Sul. No entanto, outros os estudos realizados por Araújo et al., (2009) em amostras do estado do Pará revelaram uma maior similaridade dos vírus encontrados naquela região com as amostras isoladas nas Filipinas, porém, não conseguiram definir qual era a origem das cepas do genótipo V isoladas e o porquê das cepas brasileiras de GV isoladas durante o ano 2000 indicarem uma similaridade mais elevada ao isolado das Filipinas/1956 do que as cepas asiáticas do GV isoladas durante o período de 1973 e 1980. Contudo, o genótipo V do DENV-3 do nosso estudo mostrou uma maior similaridade com vírus isolados na China. Portanto, mais sequências do DENV-3 GV do Brasil e de outras partes na América do Sul devem ser analisadas para responder a estas questões. Pois uma maior vigilância, uma classificação genética exata dos vírus DENV-3 e os estudos moleculares de epidemiologia são importantes para fornecer uma compreensão adequada das infecções causadas por DENV-3 GV na América do Sul. Este estudo mostrou que em 2006 ocorreu a co-circulação dos DENV-2 e DENV-3. Estudos realizados em Karach no Paquistão mostraram que a cocirculação de DENV-2 e DENV-3 foram os responsáveis pela manifestação mais severa de FHD, eles sugeriram que a entrada de um novo genótipo do DENV-3 GIII, pode ser um dos fatores responsáveis para a manifestação em 2004 naquela região (Dash et al., 2006). E no caso do DENV-2 genótipo Américo/Asiático, estudos revelaram que cepas asiáticas encontradas nas Américas estavam associadas com uma maior incidência de FHD e SCD (Rico-Hesse et al., 1997). Embora, não é nosso objetivo avaliar o perfil clinico para estes casos, torna-se necessário relatar os fatores que podem levar ao aumento da incidência de casos DHF/SCD. A crescente propagação e co-circulação global de diferentes sorotipos do DENV, junto com características naturais, estão sujeita a erros da RNA polymerase conduzindo ao aumento da diversidade genética destes vírus e a evolução de novos genótipos dentro de cada sorotipo (AbuBakar et al., 2002, Bennett et al., 2006, Foster et al., 2003, Holmes and Burch, 2000, Klungthong, et al., 2004, Salda et al., 2005, Uzcategui et al., 2001, 2003). Sendo assim, a filogenia é uma ferramenta fundamental, que além de estimar o passado evolutivo e a origem, fornece informações importantes sobre a dispersão do vírus, sendo este tipo de informação de relevante importância para ser usada, e alertar as autoridades de uma potencial epidemia, mobilizando a implementação de recursos apropriados para a prevenção e controle desta doença (Miagostovich et al., 2003), assim como identificar a entrada de um novo genótipo presente na epidemia que é talvez um dos fatores que conduzem a severas manifestações do FHD. 6- CONCLUSÕES 6- Conclusões Diante dos resultados apresentados neste estudo pode-se concluir que: • A RT-PCR seguida da Hemi-nested-PCR utilizando primers específicos para o diagnóstico molecular do DENV identificou os DENV-2 e DENV-3 em Rondônia; • A confirmação do DENV-2 ocorreu através dos primers DEN2-S/DENV2C específicos para o sorotipo 2 do vírus dengue. • Nas sequências obtidas ratificaram os sorotipos 2 e 3 do dengue, quando comparadas as sequências publicadas no GenBank; • A origem geográfica e os genótipos dos vírus dengue do estado de Rondônia são: DENV-2 (genótipo Américo/Asiático) no Sul das Américas e DENV-3 (genótipos III e V) no Sul das Américas e Leste da Ásia, • O estudo filogenético provê uma evidência da circulação dos vírus dengue dentro do estado de Rondônia, vindo de outras áreas do Brasil ou até mesmo de outros países. 7- REFERÊNCIAS ABUBAKAR, S.,WONHG, P.F., CHAN, Y.F. 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( ) 1 a 4 dias ( ) 5 a 7 dias ( ) 8 a 15 dias ( ) mais de 15 dias Quais os sintomas? ( ( ( ( ( ( ( ) Cefaléia ) Dor ocular ) Mialgia ) Artralgia ) Calafrio ) Prurido ) Dor abdominal ( ( ( ( ( ( ) Gengivorrágia ) Epistaxe ) Vômitos ) Diarréia ) Exantema ) Náuses Qual o último episódio de Malária? ( ) abaixo de 1 mês ( ) entre 1 a 3 meses ( ) acima de 6 meses Qual? ( ) P. falciparum ( ) P. vivax ( ) P. malarie