Untitled - Editora CEAC

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Apresentação
Publicado em 18 de abril de 1857, O Livro dos
Espíritos completou 158 anos, com suas bases imu‑
táveis, porquanto enunciam as próprias leis divinas
que nos regem, como a reencarnação, a lei de causa
e efeito, a mediunidade, o intercâmbio com o além, a
existência e imortalidade da alma, as consequências
das ações humanas…
Tudo isso apresentado com clareza meridiana
e desdobrado nos demais livros da Codificação e na
Revista Espírita.
Sempre comento que só não aceita esses postula‑
dos quem não se dá ao trabalho de examiná‑los, por‑
quanto são irresistíveis na sua lógica e objetividade.
15 - Apresentação
Dentre estes, os materialistas de carteirinha,
aqueles que se recusam a conhecer o maravilhoso
patrimônio legado por Kardec, na base do não vi e
não acreditei ou não experimentei e não gostei.
***
Após um século e meio, houve transformações
radicais na sociedade humana, com um progresso
inimaginável em todas as áreas do conhecimento.
Mais do que nunca se faz indispensável nos de‑
brucemos sobre a atualidade, buscando explicações
à luz da Doutrina Espírita, embora as respostas nem
sempre estejam ali explicitadas, porquanto há temas
não cogitados naqueles tempos recuados.
Alguns exemplos: casamento gay, anencefalia,
discos voadores, planeta em Capela, ecologia, aqueci‑
mento global, células-tronco, paralelismo psicofísico,
fundamentalismo muçulmano, atentados terroristas,
drogas, depressão, violência urbana…
Não obstante, podemos ter o ponto de vista
dos espíritas, à luz do conhecimento doutrinário,
facultando‑nos não apenas um entendimento do que
está acontecendo, mas, sobretudo, a tranquilidade e o
discernimento necessários, a fim de conservarmos o
16 - Apresentação
equilíbrio e a serenidade, situando‑nos como legítimos
colaboradores do Cristo, governador de nosso planeta.
Isso é indispensável nesta fase conturbada de
transformações pelas quais passa a Humanidade, no
advento de um mundo melhor.
Não é minha intenção falar de cátedra, preten‑
dendo que os comentários aqui apresentados sobre
temas de atualidade sejam inquestionáveis.
São ilações inspiradas nos postulados doutriná‑
rios, mas nem por isso isentas de questionamento,
mesmo porque a intenção é exatamente essa: instigar
a reflexão e o debate. Como ensina o velho provérbio,
é da discussão que nasce a luz, desde que não a impeça‑
mos com o curto-circuito da discórdia inspirada na
mera vocação de contestar, favorecendo a indesejável
pancadaria verbal.
***
Aproveitando consultas de leitores de meus tex‑
tos e ouvintes de minhas palestras, selecionei 50 temas,
com 400 perguntas, divididas nos três fundamentos da
Doutrina Espírita: Ciência, Filosofia e Religião.
É nesse contexto que procurei abordar aqueles
temas e outros de relevância, oferecendo amplo
17 - Apresentação
material para oportuna incursão pelos princípios
espíritas, em favor do leitor interessado numa visão
da atualidade, à luz do Espiritismo.
Ficarei feliz se a intenção explicitada no título
for concretizada em você, caro leitor.
Bauru, maio de 2015
e‑mail: [email protected]
site: www.richardsimonetti.com.br
18 - Apresentação
CIÊNCIA
As ideias religiosas, longe de perderem alguma
coisa, se engrandecem, caminhando de par com a
Ciência.
Esse o meio único de não apresentarem lado
vulnerável ao cepticismo.
Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos
CIÊNCIA 1
Vida em Marte
1 – Há vida inteligente no planeta Marte?
Segundo a atualidade científica, a resposta é nega‑
tiva para todo o sistema solar. Mercúrio e Vênus,
mais próximos do Sol, são muito quentes; Marte,
Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão, distan‑
tes dele, são muito frios. Cogita‑se de vida bioló‑
gica em alguns desses planetas ou seus satélites,
mas elementar, composta por micro‑organismos.
2 – São planetas desertos sob o ponto de vista humano?
Não são habitados por seres pensantes, biolo‑
gicamente falando, mas não são desertos sob o
ponto de vista espiritual. Oportuno lembrar a
questão 55, de O Livro dos Espíritos: Todos os globos
21 - Para Ler e Refletir
que circulam no espaço são habitados? Responde o
mentor: Sim, e o homem da Terra está longe de ser,
como supõe, o primeiro em inteligência, em bondade
e em perfeição. Entretanto, há homens que se julgam
muito fortes e pretendem que só este pequeno globo
tenha o privilégio de abrigar seres racionais. Orgulho
e vaidade! Acreditam que Deus criou o Universo só
para eles. Podemos concluir que, de acordo com
suas condições, o planeta será habitado, inva‑
riavelmente, por Espíritos, sejam encarnados ou
desencarnados.
3 – Marte teria, então, vida espiritual?
Exatamente. A dimensão espiritual desdobra‑se
em imensas coletividades de Espíritos que lá
vivem. Não apenas em Marte, mas em todos
os demais planetas de nosso sistema solar e de
outros sistemas. Deus não coloca mundos a girar
no espaço por mero diletantismo. Quando não
tenham vida biológica, ancoram comunidades
que neles desenvolvem experiências evolutivas,
compatíveis com suas necessidades.
4 – Não há possibilidade de equívoco da Ciência, quanto
à habitabilidade biológica de Marte?
Talvez. Consideremos, entretanto, que hoje so‑
fisticados aparelhos oferecem informações muito
precisas sobre as condições físicas dos planetas
22 - Richard Simonetti
de nosso sistema. Por outro lado, as sondas
espaciais norte‑americanas vêm fotografando,
filmando e vasculhando o planeta, que oferece
visão desolada, semelhante à superfície lunar.
5 – Não viveriam os marcianos no subsolo, inacessíveis
às investigações de nossa ciência?
Admitindo‑se essa hipótese, seria estranho não
se detectar nenhum traço de sua presença na
superfície, em postos de observação que ne‑
cessariamente deveriam existir, até mesmo por
questões de segurança.
6 – E se os marcianos estivessem interessados em se
ocultar às observações de fora?
Parece‑me uma preocupação pueril e extrema‑
mente complicada, praticamente impossível.
Imaginemos uma providência dessa natureza
na Terra. Como disfarçar as evidências de vida,
evitando sejam detectadas por civilizações ex‑
traterrestres? Uma cultura mais evoluída teria
interesse em fazer‑se observada, com louvável
intenção: a permuta de experiências.
7 – Nos livros Cartas de uma Morta e Novas Men‑
sagens, psicografia de Francisco Cândido Xavier
(1910‑2002), os Espíritos Maria João de Deus
23 - Para Ler e Refletir
(1881‑1915), mãe do médium, e Humberto de Campos
(1886‑1934) reportam‑se a uma população marciana.
Isso não conflita com as informações da Ciência sobre
o planeta?
Não podemos descartar a possibilidade de que
nossos cientistas estejam equivocados. Por outro
lado, aqueles Espíritos podem simplesmente
ter visualizado paisagens espirituais em Marte.
Isso poderia ocorrer com um Espírito visitante
de outro planeta que se reportasse a Nosso Lar,
a cidade espiritual descrita por André Luiz,
passível de ser confundida com uma de nossas
metrópoles na crosta.
8 – Há também uma controvérsia em relação à condição da
população marciana. Maria João de Deus e Humberto
de Campos falam de coletividades mais adiantadas do
que os habitantes da Terra. No comentário à questão
188 de O Livro dos Espíritos, Kardec diz que, se‑
gundo informações da espiritualidade, a população
marciana é mais atrasada do que a terrestre.
Essa observação de Kardec foi incluída na pri‑
meira reimpressão de O Livro dos Espíritos, em
1860, provavelmente baseada em mensagens do
Espírito Georges, publicadas pela Revista Espírita,
em outubro do mesmo ano. Há muitas incorre‑
ções da entidade em relação a Marte e Júpiter.
24 - Richard Simonetti
Foram reproduzidas por Kardec porque eram
extremamente precários, na época, os conheci‑
mentos sobre o assunto. Fico com as informa‑
ções veiculadas por intermédio de Chico Xavier,
considerada a confiabilidade do médium e o fato
de que há hoje uma universalidade em torno
delas, porquanto têm sido confirmadas por res‑
peitáveis médiuns, como Divaldo Pereira Franco
(1927), Yvonne do Amaral Pereira (1900‑1984),
Carlos Baccelli (1952), Francisco Peixoto Lins
(1905‑1966), César Burnier (1900‑1989), Adelaide
Augusta Câmara (1874‑1944) e muitos outros.
25 - Para Ler e Refletir
CIÊNCIA 2
Um planeta no
sistema Capela
1 – O que são exoplanetas?
São planetas fora de nosso sistema solar, de‑
tectados por sofisticados cálculos matemáticos,
muito distantes para serem visualizados por
nosso instrumental astronômico. Sua descoberta
ocorre observando‑se alterações na luminosida‑
de e movimento das estrelas, que só podem ser
justificadas pela existência de satélites. Com o
progresso atual houve uma inversão nos cânones
científicos. Até meados do século passado, uma
estrela com família planetária, como nosso Sol,
seria uma exceção. Hoje se concebe o contrário.
Só na Via-Láctea, galáxia onde está situado nos‑
so sistema solar, há, segundo estimativas, pelo
menos seiscentos bilhões de planetas.
27 - Para Ler e Refletir
2 – Como fica a questão do sistema Capela, na constelação
de Cocheiro, a 42 anos‑luz da Terra, onde, segundo
Emmanuel, no livro A Caminho da Luz, há um
planeta habitado, do qual, há perto de dez mil anos,
aconteceu uma emigração para nosso mundo, dando
origem às grandes civilizações? Por que até hoje esse
planeta não foi detectado?
Capela é um sistema estelar múltiplo, composto
de dois sóis maiores e dois menores. Até então
se acreditava que em sistemas dessa natureza
não orbitassem planetas. Daí o desinteresse. Esse
dogma científico está mudando. Concebe‑se hoje
que sistemas múltiplos são muito mais numero‑
sos do que se imaginava e podem, sim, possuir
famílias planetárias.
3 – Há alguma novidade sobre Capela?
A ciência astronômica tem aperfeiçoado instru‑
mental que permite pesquisar em maior pro‑
fundidade esses sistemas múltiplos. Por feliz
coincidência, há interesse em pesquisar Capela,
tendo em vista a relativa proximidade, em termos
astronômicos. Vejo nessa decisão um dedinho da
espiritualidade, favorecendo pesquisas que iden‑
tifiquem planetas naquele sistema.
4 – Qual a importância dessa descoberta?
Seria o primeiro e importantíssimo passo para
comprovar as revelações contidas no livro A
28 - Richard Simonetti
Caminho da Luz. Ficará demonstrado que esse
planeta existe, derrubando teses de confrades
que rejeitam essa possibilidade. Oportuno
lembrar: quando O Livro dos Espíritos revelou a
existência de vida fora da Terra, o paradigma
científico era de enfática negação. O Espiritismo
estava adiante da Ciência, como tem acontecido
em muitos outros aspectos relacionados com a
vida universal.
5 – Com o aprimoramento do instrumental científico e
a descoberta do planeta do sistema Capela, de onde
se deu a famosa emigração para a Terra, teríamos
finalmente a comunicação entre dois planetas?
Esse é um problema extremamente complexo,
porquanto as ondas de rádio viajam à veloci‑
dade da luz, 300 mil quilômetros por segundo.
Significa que uma mensagem daquele planeta
levaria 42 anos para chegar aqui, com idêntico
tempo para a resposta, o que exigiria 84 anos
para a troca de um simples olá!
6 – Sendo essa civilização capelina muito mais evoluí‑
da, não teriam seus cientistas aprimorado técnicas
de comunicação avançadas, capazes de superar essa
dificuldade?
Ainda que estejamos recebendo mensagens desse
planeta em espaço menor de tempo, falta‑nos a
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tecnologia para detectá‑las e decifrá‑las. É algo
que o futuro responderá.
7 – Quais as consequências de uma concretização dessa
possibilidade?
Para o Espiritismo, maravilhosas, confirmando
seus princípios. Para a Humanidade, em primei‑
ro lugar teríamos a certeza de que não estamos
sozinhos no Universo. No campo científico, mui‑
tos avanços seriam alcançados com informações
colhidas de nossos irmãos capelinos.
8 – E no campo religioso?
Provavelmente cairiam por Terra muitos dog‑
mas, como, por exemplo, o pecado original.
Aconteceu lá? Se não aconteceu, o planeta é um
paraíso, apenas porque um casal inicial obede‑
ceu à determinação do Criador para permanecer
na ignorância? Se aconteceu, houve um Cristo
para a salvação? E o juízo final, o apocalipse, foi
consumado? A história se repete lá e em outros
planetas? Haveria uma revolução teológica.
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