Implantação e Manejo de Florestas

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Implantação e
Manejo de
Florestas
Comerciais
Paulo Henrique Müller da Silva
Aline Angeli
Documentos Florestais, Nº 18, maio de 2006
ISSN 0103-4715
http://www.ipef.br/publicacoes/docflorestais
Documentos Florestais Nº 18, maio de 2006
Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
Sumário
Introdução .......................................................................................................................1
Sistemas de propagação de mudas .............................................................................1
Propagação via semente ..............................................................................................1
Propagação vegetativa .................................................................................................2
Produção de mudas e recomendações de adubação no viveiro ...............................3
Produção de mudas no sistema de sacos plásticos .....................................................4
Produção de mudas no sistema de tubetes ..................................................................5
Plantio e tratos silviculturais ........................................................................................6
Capina ..........................................................................................................................6
Preparo do solo ............................................................................................................6
Fertilização ...................................................................................................................7
Avaliação da necessidade de adubação .................................................................7
Recomendações de adubação ................................................................................7
Combate à formiga e cupins ........................................................................................9
Plantio ........................................................................................................................10
Irrigação .....................................................................................................................10
Replantio .................................................................................................................... 11
Condução da floresta................................................................................................... 11
Desrama ..................................................................................................................... 11
Desbastes ..................................................................................................................12
Colheita florestal ..........................................................................................................12
Bibliografia....................................................................................................................13
I
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Introdução
A primeira preocupação que deve se ter ao implantar uma floresta é a origem dos materiais
genéticos, sementes ou mudas, que estão sendo utilizados, pois a qualidade do material pode
fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso da floresta plantada. Para ter certeza da qualidade
é necessária aquisição em estabelecimentos credenciados nos quais se pode obter material adequado às condições locais e finalidade.
As metodologias utilizadas para implantação e o sistema de manejo da floresta são os outros
fatores que estão diretamente relacionados com o sucesso da plantação, sendo assim importante
realizá-las de acordo com as características locais e com a finalidade, preferencialmente, com a
orientação de profissional habilitado.
Sistemas de propagação de mudas
Para maior produtividade das florestas plantadas devem-se obter materiais oriundos de processos de melhoramento florestal, que consistem na seleção e propagação de plantas com características desejadas, como maior crescimento, melhor qualidade da madeira, brotação vigorosa
e resistência a doenças e pragas. Os materiais selecionados também são chamados de plantas
superiores.
A propagação das plantas superiores pode ser realizada via semente ou via vegetativa (clonagem).
Propagação via semente
Esse tipo de propagação garante a manutenção de ampla base genética, ou seja, maior
variabilidade entre os indivíduos, possibilitando a obtenção de materiais distintos e adaptados
a diferentes condições de solo e clima. As sementes podem ser obtidas em Área de Coleta de
Sementes (ACS), Área de Produção de Sementes (APS), Pomar de Semente por Mudas (PSM),
Pomar de Semente Clonal (PSC).
Área Coleta de Sementes (ACS)
Na ACS são selecionadas algumas árvores, denominadas planta-mãe, com características
desejáveis, e com isso, cada semente terá 50 % do material genético de origem conhecida. A
principal vantagem desse sistema é a grande disponibilidade de pólen, resultando em maior troca
genética e maior nível de polinização. Conseqüentemente, grande quantidade de sementes viáveis
e maior variabilidade genética.
Os ganhos obtidos nessa área são relativamente baixos e é recomendada para o início do
melhoramento de material introduzido em dada região.
Área de Produção de Sementes (APS)
Na APS é feito desbaste seletivo, retirando-se as árvores cujas características não são desejáveis. Assim, cada semente terá 100 % do material genético proveniente de árvores com características selecionadas. As principais vantagens desse sistema são: produção de sementes com
material genético superior; baixo custo e em curto período.
Essa área deve ficar isolada de outras onde existam florestas que possam estar polinizando
os indivíduos selecionados.
Pomar de Semente por Mudas (PSM)
O PSM é implantado a partir da seleção de plantas de um teste de progênie (estudo feito sobre
o comportamento das diferentes plantas selecionadas de diferentes populações). A área deve
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ficar devidamente isolada e corretamente manejada para produção de sementes. Esse sistema
tem maiores ganhos genéticos, mas não é recomendado na introdução de material genético.
Pomar de Semente Clonal (PSC)
O PSC consiste na pré-seleção de diferentes materiais com as características desejáveis a
serem clonados e implantados - com o devido isolamento - de modo a direcionar o cruzamento
entre diferentes clones superiores. Nesse sistema ocorrem grandes ganhos genéticos e também
pode ocorrer a precocidade na produção de sementes, quando a propagação é realizada via
enxertia.
Propagação vegetativa
A propagação vegetativa ou clonagem é utilizada para obter ganhos genéticos de maneira mais
rápida, pois essa técnica conserva características da planta mãe, além da maior uniformidade
obtida nos plantios. Mas, deve-se ressaltar que mesmo nesse tipo de floresta podem ocorrer diferenças entre um mesmo clone devido às diferenciações ocorridas durante a fase de propagação
do material e às variações locais.
Existem diversos métodos para a propagação vegetativa de plantas, jovens ou adultas, e para
todos os métodos deve-se trabalhar em condições de umidade e temperatura controlada e outros
meios específicos para cada sistema.
Micro-propagação
Esse método de propagação vegetativa é baseado nas técnicas de cultura de tecidos, realizado a partir de calos, órgãos, células e protoplastos. A cultura de tecidos consiste em cultivar
segmentos da planta em tubos de ensaio contendo soluções nutritivas e hormônios na dosagem
adequada para o desenvolvimento, após o qual as plantas passarão por aclimatização e, posteriormente, serão levadas ao campo. Nesse sistema é possível obter com rapidez a produção de
um grande número de mudas idênticas.
Macro-propagação
2
O método de macro-propagação é baseado nos métodos convencionais de estaquia e enxertia.
Estaquia – É o processo de enraizamento de estacas obtidas de material selecionado. A técnica
de enraizamento de estacas é perfeitamente dominada e até certo ponto simples, para as nossas
condições. O custo de produção é extremamente compatível tendo em vista os ganhos conseguidos. Essa é a metodologia mais utilizada nas grandes empresas florestais que obtêm as estacas
nos mini-jardins clonais (mini-propagação). Podem existir nesse processo, além da metodologia,
algumas características inadequadas para o enraizamento das estacas, como o material genético
e a idade (o material adulto apresenta maior dificuldade de enraizamento).
Mini-jardim clonal e preparo de mini-estaca
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Enxertia – É o processo de inserção da parte superior de uma planta em outra, através da implantação do ramo, gema ou borbulha da planta a ser multiplicada (cavaleiro) sobre o porta-enxerto
(cavalo). Nesse procedimento pode ocorrer a rejeição do material, sendo que a melhor maneira
de evitá-lo é utilizar plantas jovens.
Etapas para seleção de material
Para a realização do processo de clonagem é importante a correta seleção do material, também chamado de matriz.
A seleção de matrizes compreende três etapas, sendo:
1ª Etapa: Seleção de árvores com base nas características desejadas mensuráveis no campo,
tais como: crescimento em altura e diâmetro, forma do fuste e/ou estado fitossanitário (índice de
seleção de 1:1500).
2ª Etapa: Seleção com base nas características desejadas mensuráveis no laboratório, como:
densidade, composição química, entre outras características (índice de seleção de 50% das árvores selecionadas na 1ª etapa).
3ª Etapa: Seleção de material com características desejáveis na propagação vegetativa como a
alta capacidade de enraizamento.
Enraizamento
A maior dificuldade da propagação vegetativa de plantas adultas é o enraizamento, sendo
necessário trabalhar com material fisiologicamente juvenil ou rejuvenescido. As técnicas de rejuvenescimento podem ser realizadas através da poda drástica, aplicações de citocininas, propagação seriada via enxertia, propagação seriada via estaquia e micropropagação. Outros fatores
também são importantes para o enraizamento, tais como a nebulização (prevenindo o estresse
hídrico), o estado nutricional, a utilização de hormônios (para eucaliptos são utilizados o ácido
indolbutírico-AIB e o ácido naftalenoacético-ANA) e condições adequadas de desenvolvimento.
Para a propagação vegetativa de eucalipto adulto é recomendada a utilização dos brotos epicórmicos originários da base das árvores.
Produção de mudas e recomendações de adubação no viveiro
Os recipientes mais utilizados para a produção de mudas de eucalipto e Pinus são os sacos
plásticos e os tubetes, levando-se em conta a quantidade de mudas a serem produzidas e a
duração do viveiro. Em pequena escala e em viveiros temporários é aconselhável a utilização de
sacos plásticos, em função do menor custo inicial.
Recipientes para produção de mudas de Eucalyptus e Pinus
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Produção de mudas no sistema de sacos plásticos
As dimensões para os recipientes de saco plástico podem variar de 5,0 a 8,0 cm de diâmetro e
de 12,0 a 15,0 cm de altura. É conveniente que os sacos plásticos tenham, no mínimo, 4 orifícios
na parte inferior.
Como substrato para preenchimento, recomenda-se terra de subsolo isenta de sementes de
plantas indesejáveis e de microorganismos que prejudicam o desenvolvimento das mudas. São
preferíveis os solos areno-argilosos, pois apresentam boa agregação, permitem drenagem e possuem boa capacidade de reter água.
A montagem do canteiro pode ser realizada com o auxílio de duas ripas de madeira em toda a
lateral e recomenda-se largura máxima de 0,80 m para o canteiro. Os sacos plásticos, já cheios
com substrato, devem ser organizados em uma superfície plana, sendo colocados encostados
uns aos outros para que não ocorra o tombamento das mudas.
A semeadura deve ser feita de maneira direta, distribuindo de 2 a 4 sementes por saco plástico. As sementes devem ser colocadas em profundidade máxima de duas vezes ao diâmetro
da semente. Logo após a semeadura, cobrir com uma leve camada de terra fina ou de material
orgânico (casca de arroz ou serragem). O canteiro precisa ser coberto com sombrite até o final
da fase de germinação e deve-se realizar de 2 a 3 irrigações por dia.
O desbaste é realizado quando as mudas ainda são pequenas (3 cm), deixando apenas a mais
vigorosa no recipiente. Nessa fase, pode ser realizada uma repicagem aproveitando as mudas
retiradas, transplantando-as para outros sacos plásticos nos quais não ocorreu a germinação
das sementes.
As mudas podem apresentar grande diferença em seu desenvolvimento, por isso é importante
a sua movimentação, separando-as por tamanho a fim de efetuar novas adubações nas mudas
menores para que elas alcancem o tamanho das demais.
Adubação das mudas
4
Os métodos, as doses e as épocas de incorporação de adubos nos substratos de cultivo devem
ser muito criteriosos, pois além de garantir o bom crescimento e qualidade das mudas, a adubação
é o principal meio que o viveirista tem para “segurar” ou “adiantar” o crescimento das mesmas no
viveiro. Os adubos mais recomendados, devido as suas características físicas e químicas são:
o sulfato de amônio, superfosfato simples e cloreto de potássio, usados, preferencialmente, na
forma de pós para facilitar a homogeneização das doses no substrato de cultivo das mudas.
A melhor forma de fazer a aplicação de adubos nesse sistema consiste no parcelamento das
doses recomendadas, ou seja, cerca de 50% das doses de N e de K2O e 100% das doses de
P2O5 e micronutrientes são misturadas à terra de subsolo, antes do enchimento dos sacos plásticos, o que é denominado adubação de base. O restante das doses é aplicado em cobertura,
parceladamente, na forma de soluções ou suspensões aquosas.
Recomendam-se as seguintes dosagens de adubos:
a) Adubação de Base: São utilizados 150 g de N, 700 g de P2O5, 100 g de K2O e 200 g de “fritas”
(coquetel de micronutrientes na forma de óxidos silicatados) por cada metro cúbico de terra de
subsolo. Normalmente, os níveis de Ca e Mg na terra de subsolo são muito baixos e por essa
razão recomenda-se a incorporação de 500 g de calcário dolomítico para cada metro cúbico de
terra.
b) Adubação de Cobertura: São utilizados 100 g de N e 100 g de K2O, parcelados em 3 ou 4
aplicações. Para a aplicação desses nutrientes, recomenda-se dissolver 1 kg de sulfato de amônio
e/ou 300 g de cloreto de potássio em 100 L de água. Com a solução obtida regar 10.000 mudas.
Recomenda-se intercalar as adubações nitrogenadas com as potássicas, ou seja, numa aplicação
utilizar N e K2O, na seguinte, apenas N e assim por diante.
As aplicações deverão ser feitas no final da tarde ou ao amanhecer, seguidas de leves irrigações
apenas para diluir ou remover os resíduos de adubo que ficaram depositados sobre as folhas.
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As adubações de cobertura devem ser feitas em intervalos de 7 a 10 dias, sendo a primeira
realizada de 15 a 30 dias pós-emergência. A época de aplicação das demais poderá ser melhor
determinada pelo viveirista ao observar as taxas de crescimento e as mudanças de coloração
das mudas.
Quando as mudas já estiverem formadas, portanto, prontas para serem plantadas no campo,
recomenda-se, antes da expedição das mesmas, fazer a “rustificação” para amenizar seus estresses no campo. Na fase de “rustificação”, que dura de 15 a 30 dias, reduzem-se as regas e
suspendem-se as adubações de cobertura. No início dessa fase, recomenda-se a realização de
uma adubação contendo apenas K para auxiliar a adaptação das mudas às condições adversas
de campo. O processo de rustificação pode ser descartado se o plantio for realizado em condições
favoráveis, ou seja, com disponibilidade de água.
Produção de mudas no sistema de tubetes
Os tubetes mais utilizados para a produção de mudas de eucalipto e de Pinus têm volume de
aproximadamente 50 cm³ e nesses recipientes, obrigatoriamente, devem existir estrias internas
que conduzam o sistema radicular. Atualmente, existem estudos promissores quanto a: i) utilização de tubete de 30 cm³ de volume, o qual pode ser utilizado por empresas que tem domínio da
metodologia de adubação e irrigação no viveiro e nos primeiros meses após o plantio; e ii) utilização de tubetes biodegradáveis, que facilitam diversas operações de plantio e aparentemente
não compromete o desenvolvimento das mudas.
Esse sistema utiliza substratos orgânicos como esterco de curral curtido, húmus de minhoca,
cascas de eucalipto e Pinus decompostas e bagacilho de cana decomposto. Tais substratos são
geralmente utilizados como principais componentes de misturas que incluem também palha de
arroz carbonizada, vermiculita e terra de subsolo arenosa, sendo que os três últimos são utilizados
para melhorar as condições de drenagem do substrato.
Não existe a proporção ideal dos componentes e cada viverista acaba aperfeiçoando sua mistura com o tempo. Para iniciar esse sistema de produção, recomenda-se a seguinte composição
de substrato:
i) 70% de composto orgânico ou húmus de minhoca e 30% de casca de arroz carbonizada; ou
ii) 60% de composto orgânico ou húmus de minhoca e 20% de casca de arroz carbonizada e 20%
de terra arenosa.
Para aquisição das sementes, semeadura nos recipientes, cobertura e irrigação devem ser
observadas as instruções do sistema de sacos plásticos.
O desbaste ou raleamento deve ser realizado com as mudas ainda pequenas (3 cm), deixando
apenas a mais vigorosa no recipiente. Não se recomenda a realização da repicagem nesse sistema
devido ao baixo aproveitamento dessa operação em tubete, devendo-se realizar o raleamento
com o corte das mudas na altura do coleto de modo a não danificar o sistema radicular da planta
selecionada.
As mudas podem apresentar grande diferença no desenvolvimento, sendo importante a
movimentação separando-as por tamanho e efetuar novas adubações nas mudas menores para
que alcancem o tamanho das demais. Nesse sistema de produção é importante a abertura do
espaçamento entre as mudas ao longo do desenvolvimento das mesmas.
Adução das mudas
Semelhante às recomendações feitas para o sistema de produção de mudas em sacos plásticos,
a melhor forma de fazer a aplicação de adubos nos substratos utilizados no sistema de tubetes é
a parcelada, parte como adubação de base e parte como adubação de cobertura.
a) Adubação de Base: Utiliza-se 150 g de N, 300 g de P2O5, 100 g de K2O e 150 g de “fritas” para
cada metro cúbico de substrato. Geralmente, os níveis de pH, Ca e Mg nos substratos utilizados
nesse sistema são elevados; por isso a aplicação de calcário é dispensada e não recomendada,
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evitando-se problemas como a volatilização de N e deficiência de micronutrientes induzida por
níveis elevados de pH, dentre outros.
b) Adubação de Cobertura: devido à grande permeabilidade do substrato, que facilita as lixiviações, e ao pequeno volume de espaço destinado a cada muda, fazem-se adubações de cobertura mais freqüentes que aquelas feitas para a formação de mudas em sacos plásticos. Para a
aplicação, recomenda-se dissolver 1 kg de sulfato de amônio e/ou 300 g de cloreto de potássio
em 100 L de água. Com a solução obtida, regar 10.000 mudas, a cada 7 dias de intervalo, até
que as plantas atinjam o tamanho desejado.
A intercalação das aplicações de K, bem como, as demais recomendações feitas no sistema
de produção de mudas em sacos plásticos, descritas anteriormente, devem ser consideradas
também nesse sistema.
Plantio e tratos silviculturais
Para a obtenção de uma boa produtividade florestal devem ser considerados vários fatores,
entre os quais práticas corretas de preparo do solo, de plantio e de fertilização.
Capina
A capina é necessária para reduzir a competição com plantas invasoras. Essa operação pode
ser realizada com herbicida ou com roçadoras, sendo realizada pré e pós-plantio.
Pré-plantio – A capina deve ser realizada na área total, alguns dias antes do plantio, podendo
ser feita após o preparo de solo. O resíduo vegetal não precisa ser removido da área, mas devese apenas retirar o que está sobre a cova ou na linha de plantio. Esses resíduos têm grande
importância para manter a produtividade da floresta, pois constituem fonte de matéria orgânica
na qual estão contidos nutrientes que serão lentamente disponibilizados para as plantas.
Pós-plantio – A capina deve ser realizada, ao longo da linha de plantio, com 1 m de largura. Para
a execução dessa etapa recomenda-se a utilização de equipamento costal. É necessário realizar a capina a cada 3 ou 4 meses, dependendo do crescimento das plantas invasoras durante o
desenvolvimento inicial da floresta.
Preparo do solo
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No preparo do solo, recomenda-se apenas a realização da subsolagem com profundidade
variando de 30 a 60 cm, dependendo do tipo de solo (para solos argilosos emprega maior profundidade). Nessa etapa, pode–se realizar simultaneamente a adubação de base, sendo aconselhável
a realização do preparo do solo, no máximo, 10 dias antes do plantio.
Para subsolagem utiliza-se o espaçamento de 3 m entre as linhas de
plantio. Essa distância é recomendada
para possibilitar o trânsito de tratores na
floresta plantada. Na linha de plantio,
o espaçamento entre as plantas pode
variar de 1 a 3 m dependendo da finalidade e da qualidade genética do material. Na maioria dos plantios, é adotado
o espaçamento de 3 x 2 m, totalizando
1.666 plantas por hectare.
← Equipamento para preparo de solo
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Em locais onde não é possível realizar a subsolagem, procede-se à abertura de covas, que
devem ser grandes, no mínimo 30 x 30 cm, evitando que as raízes encontrem impedimento para
seu desenvolvimento.
Fertilização
A necessidade da adubação baseia-se do fato de que o solo não é capaz de fornecer todos os
nutrientes dos quais as plantas precisam para seu adequado crescimento. Isso ocorre porque os
solos usados para os plantios florestais são muito intemperizados e lixiviados e pelo contínuo processo de exportação de nutrientes devido às diversas rotações de culturas agrícolas ou florestais.
As características e quantidade de adubos a aplicar dependem das necessidades nutricionais da
espécie, da fertilidade do solo, da reação dos adubos com o solo, da eficiência dos adubos e de
fatores de ordem econômica.
Avaliação da necessidade de adubação
O método de mais fácil execução, de baixo custo, que pode ser efetuado antes do plantio ou
ainda durante qualquer estágio nutricional das árvores, é a análise de solo. Esse método constitui a forma mais prática e viável de avaliar a fertilidade do solo e possibilita a recomendação
adequada de adubação.
Amostragem do solo
Para realizar a amostragem de solo seguem-se os mesmos princípios básicos definidos para
as culturas agrícolas, principalmente o princípio da coleta de diversos pontos para a formação
de uma amostra representativa da área. A camada de solo mais importante a ser amostrada é
a superficial (0-20 cm), onde ocorrem, mais intensivamente, os processos de absorção de nutrientes pelas raízes. Contudo, recomenda-se analisar camadas de solo de maior profundidade
para verificar possíveis restrições químicas ao desenvolvimento radicular.
Recomendações de adubação
Recomendação de calagem
As espécies de Eucalyptus e Pinus plantadas no Brasil são adaptadas a baixos níveis de fertilidade do solo. Essas espécies são pouco sensíveis a acidez do solo e toleram altos níveis de Al
e Mn, de modo que utiliza-se o calcário dolomítico, preferencialmente, para suplementar o solo
com quantidades adicionais de Ca e Mg. Pode-se tomar como base de cálculo das doses a serem
aplicadas a exportação de 300 a 500 kg de Ca por hectare para solos de baixa a média fertilidade, respectivamente. Essas quantidades de Ca correspondem a doses de calcário dolomítico
equivalentes a 1.500 e 2.500 kg por hectare. O calcário poderá ser distribuído a lanço na área
total ou aplicado em faixas de 1,0 a 1,5 m de largura sobre as linhas de plantio. Não é necessária
sua incorporação, tampouco a utilização de calcário com alto Poder Relativo de Neutralização
Total (PRNT). Aconselha-se realizar a aplicação do calcário, aproximadamente, 45 dias antes do
plantio.
Em áreas de implantação de Pínus, que retiram quantidades bem menores de Ca do solo,
uma alternativa para repor as quantidades de Ca e Mg exportadas é o uso de fertilizantes que
contenham esses nutrientes em sua composição.
O cálculo para a dosagem de calcário é:
Eucalyptus: Dosagem = 10 {[20 - (Ca + Mg)]/PRNT}
• Dosagem em t/ha
• Teores de Ca e Mg em mmolc.dm-³
• Valores de PRNT em %
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Recomendação de macro e micronutrientes
As tabelas apresentam as quantidades totais de N, P2O5 e K2O recomendadas para o estabelecimento de florestas.
Recomenda-se para as espécies de Pinus, bem menos exigentes nutricionalmente que as
espécies de Eucalyptus, doses de N, P2O5 e K2O correspondentes a 30 a 50% daquelas recomendadas para os eucaliptos.
Recomendações de adubação nitrogenada para florestamentos com espécies de Eucalyptus e Pinus.
Gênero
Matéria orgânica (g/dm³)*
16 - 40
N (kg/ha)
40
20
0 - 15
60
30
Eucalyptus
Pinus
> 40
20
0
* 10 g/dm 3 = 1%
Recomendações de adubação fosfatada para florestamentos com espécies de Eucalyptus e Pinus.
Teor de
Argila (%)
< 15
15 – 35
> 35
Gênero
0-2
Eucalyptus
Pinus
Eucalyptus
Pinus
Eucalyptus
Pinus
60
30
90
45
120
60
Nível de P resina (mg/dm³)*
3-5
6-8
P2O5 (kg/ha)
40
20
70
35
100
50
* 1 mg/dm³ = 1 mg/cm³ = 1 ppm
20
0
50
0
60
0
>8
0
0
20
0
30
0
Recomendações de adubação potássica para florestamentos com espécies de Eucalyptus e Pinus.
Teor de
Argila (%)
< 15
15 – 35
8
> 35
Gênero
Eucalyptus
Pinus
Eucalyptus
Pinus
Eucalyptus
Pinus
0 - 0,7
50
30
60
40
80
50
Nível de K (mq/100cm³)*
0,8 - 1,5
30
20
40
30
50
40
* 1 meq/100 cm³ = 10 mmol/dm³
>1,5
0
0
0
0
0
0
Para evitar a perda de nutrientes por volatilização, lixiviação, imobilização e erosão, recomendase que a adubação seja feita de forma parcelada, parte no plantio e o restante em cobertura.
Deve-se realizar a aplicação de B e Zn quando a análise de solo apresentar teores inferiores
a 0,21 e 0,6 mg/dm-³, respectivamente, sendo aplicado de 1 a 2 kg/ha desses elementos.
Adubação de plantio ou de base.
Para a adubação de plantio é recomendado utilizar 20 a 40% das doses de N e K2O e 100%
da dose de P2O5. Os micronutrientes também podem ser aplicados nessa adubação, principalmente B e Zn. Esses nutrientes podem ser aplicados conjuntamente com o N, P e K, utilizando-se
formulações de fertilizantes que os contenham 0,3% de B e 0,5% de Zn ou então aplicar 10 g de
FTE (“Fritas”) por planta.Com essas dosagens se aplicam cerca de 0,75 a 1 kg/ha de B e 1,25 a
1,5 kg/ha de Zn. A aplicação de B é particularmente importante nas regiões onde as deficiências
hídricas são elevadas e ocorrem as secas de ponteiro.
A adubação de plantio terá como finalidade promover o crescimento inicial das mudas nos
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primeiros meses pós-plantio, suplementando o solo com montantes adicionais de nutrientes que
irão atender a demanda nutricional das mudas. Nessa fase inicial de desenvolvimento, o sistema
radicular está contido em um volume de solo muito restrito sendo importante a aplicação correta
do adubo de modo que esse esteja disponível para a planta.
O método mais indicado é a aplicação localizada das fontes de P em filetes contínuos no interior
dos sulcos de plantio, junto com a subsolagem ou em covetas laterais, logo após o plantio. As
covetas devem ficar aproximadamente a 10 cm de distância da muda, e todo o adubo colocado
em 1 ou 2 covetas de até 15 cm de profundidade por planta. Essas recomendações são válidas
para adubos simples ou mistos que têm, como fontes de P, fertilizantes com alta solubilidade em
água, como por exemplo: superfosfato simples, superfosfato triplo, fosfato monoamônio e fosfato
diamônio, dentre outros. Os termofosfatos e os fosfatos naturais parcialmente acidulados devem
ser aplicados em faixas de 1,00 a 1,50 m de largura, de preferência, sob a linha de plantio.
As fontes de N e K2O podem ser aplicadas juntamente com
o P2O5 ou incorporadas à terra que irá preencher as covas de
plantio. Nesse último caso, principalmente nas regiões com
maiores deficiências hídricas, a aplicação do adubo deverá
ser mais criteriosa, evitando-se a perda de mudas por seca fisiológica, causada pelo efeito salino das fontes de N e K2O.
A escolha dos adubos tem grande repercussão para o
equilíbrio nutricional das árvores e, conseqüentemente, para
o seu crescimento. Por isso, se recomenda a utilização de
fertilizantes que contenham elementos secundários, tais como
Ca, Mg, S e micronutrientes. Dependendo das circunstâncias, a aplicação de calcário (como fonte de Ca) poderá ser
dispensada, por exemplo, quando se utilizam superfosfato
simples e/ou termofosfatos como fontes de P.
← Adubação em covetas laterais
Adubação de cobertura
Nessa adubação, cerca de 60 a 80% das doses de N e K2O têm sido recomendadas. Essas
doses geralmente são parceladas em 2 a 4 aplicações, dependendo da disponibilidade de recursos
e das concepções e diretrizes técnicas adotadas para a realização das fertilizações.
Para definir as épocas de aplicação dos fertilizantes é fundamental considerar as fases de
crescimento da floresta. O ideal é parcelar as adubações de cobertura nas idades aproximadas de
3, 6, 12 e 15 meses para Eucalyptus e 3, 9 e 18 meses pós-plantio para o Pinus. A melhor forma
de definir as épocas das adubações é através do acompanhamento de um profissional que, por
medições dendrométricas do crescimento da floresta e diagnósticos de análises químicas, pode
caracterizar o desenvolvimento da floresta e recomendar o melhor período de adubação.
As aplicações dos adubos podem ser feitas em meia-lua ou em filetes contínuos na projeção
das copas e após o fechamento das mesmas, em faixas de 30 cm ou mais, entre as linhas de
plantio. Essas aplicações não devem coincidir com os períodos de intensas chuvas e tampouco
quando os níveis de umidade do solo estiverem muito baixos.
Combate à formiga e cupins
O combate às formigas cortadeiras, saúva e quenquém, que podem causar grandes danos
ao plantio, deve ser realizado de maneira sistemática e com aplicações sobre os montes de terra
solta dos formigueiros, utilizando-se iscas no período pré-plantio. A aplicação deve ser realizada
em épocas secas e, após essa primeira etapa, deve-se manter o monitoramento da área para
evitar maiores problemas.
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Outra praga que pode causar perdas de mudas na fase inicial de desenvolvimento da floresta
é o cupim. Quando constatado a presença de cupim na área de plantio é importante realizar a
aplicação de um produto que controle o ataque, evitando-se danos ao sistema radicular das mudas. O mais recomendado é a aplicação preventiva de cupinicida via imersão dos torrões antes
do plantio em uma solução que impregna no substrato e no sistema radicular.
Plantio
Em áreas que foram subsoladas e com mudas produzidas em tubetes, pode-se realizar o
plantio com o auxílio de plantadoras. Em outras condições é necessária a abertura de covas e a
realização do plantio manual. A muda deve ser colocada com o coleto ao nível do solo e, logo após
o plantio, pressiona-se o solo ao redor da muda para não deixar bolsões de ar. As embalagens,
tubete ou saco plástico, devem ser recolhidas e depositadas em locais apropriados.
Plantio de Eucalyptus manual e mecanizado
Irrigação
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Recomenda-se a irrigação logo após o plantio,
principalmente quando esse for realizado em período
seco. Se durante a fase inicial de desenvolvimento
houver um período de seca maior que 4 e 7 dias
- para mudas provenientes, respectivamente, de
tubete e saco plástico - é necessário à realização da
irrigação. Recomenda-se usar aproximadamente 2
litros de água por planta.
← Irrigação de 3 linhas de plantio simultaneamente
Para a diminuição da quantidade e do custo da
operação de irrigação, pode-se utilizar o gel, aplicado
seco na cova de plantio ou em volta do torrão da
muda (a “milanesa”), ou ainda, pré-hidratado na cova
de plantio. Se aplicado seco deve ser hidratado logo
após o plantio, sendo então necessária a realização
da irrigação.
← Gel seco aplicado em volta do torrão e pré-hidratado
na cova de plantio
Documentos Florestais Nº 18, maio de 2006
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O gel é um poliacrilato-acrilamida neutralizado com hidróxido de potássio e amônio, insolúvel
em água e com alta capacidade de absorção. Em contato com água, os cristais incham rapidamente, criando um gel pela absorção e reservando água o que prolonga a disponibilidade para
as plantas.
Replantio
O replantio deve ser realizado quando o índice de mortalidade das mudas ultrapassar 10%,
sendo aconselhável realizar essa operação no período de 15 a 30 dias após o plantio. Taxas de
mortalidade inferiores a 10 % não trazem grandes prejuízos à produtividade da floresta, desde
que as falhas não se encontrem juntas, formando reboleiras.
Condução da floresta
Para a obtenção de madeira com maior valor agregado, ou seja, toras com maior diâmetro
e livre de nós, é necessário o manejo adequado da floresta através das práticas de desrama e
desbaste.
Desrama
Essa operação visa à obtenção de toras sem a presença de nós, melhorando a qualidade e
aumentando o valor da madeira. A eliminação dos galhos é uma prática aplicada às florestas que
visam à produção de madeira para movelaria, pisos, produção de chapas laminadas etc.
As florestas devem receber a desrama quando o diâmetro do tronco estiver com o tamanho
apropriado para a finalidade desejada, ou seja, inicia-se quando a base do segmento do tronco a
ser desramado atingir o diâmetro máximo aceitável para o núcleo nodoso. Não se deve esperar
muito tempo para retirar os galhos mortos, pois esses irão transforma-se em sérios defeitos da
madeira, pois quando secos podem se desprender da peça. As florestas podem passar por dois
processos de desrama: a natural e a artificial.
- Desrama natural: Ocorre de forma natural, portanto sem manejo. A espécie utilizada e o espaçamento de plantio influenciam diretamente nesse processo, sendo que em condições favoráveis,
as árvores ficam com galhos pequenos e a queda é precoce.
- Desrama artificial: A desrama artificial é realizada de maneira manual, com o auxílio de ferramentas de corte. É a prática que tem obtido melhor resultado quando o objetivo é a produção
de madeira limpa e/ou com nós firmes. A desvantagem dessa operação é o custo, em função da
quantidade de mão-de-obra envolvida.
A desrama artificial deve ser limitada aos indivíduos que apresentam as melhores características
para a serraria ou laminação. Na maioria dos casos, realiza-se apenas a desrama das árvores que
serão conduzidas até o final do ciclo de corte, correspondente a aproximadamente 400 árvores/ha.
Ocasionalmente, pode-se desramar um grande número de árvores antes do primeiro desbaste,
pois se trabalha em uma altura que é facilmente atingida e a seleção das árvores superiores, na
fase inicial do plantio, é complicada.
As toras de maiores diâmetros são obtidas na parte inferior do fuste e é apenas dessa região
que devem ser retirados os galhos. A altura máxima da desrama varia de 4 a 8 metros do solo.
A retirada dos galhos mortos e secos (poda seca) pode ser realizada em qualquer período do
ano. Para a retirada dos galhos vivos (poda verde) recomenda-se realizá-la no período de maior
crescimento vegetativo, quando a cicatrização é mais rápida. Deve-se ressaltar que a poda verde
pode provocar diminuição no crescimento da árvore, pois diminui a área fotossintetizante da planta
e, portanto, recomenda-se não remover volume superior a um terço da copa.
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Área não desramada e área com 100 % das árvores desramadas
Desbastes
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O desbaste é a retirada de algumas árvores durante o período de desenvolvimento da floresta.
Essa retirada visa a diminuir a competição existente entre as plantas, disponibilizando maior
quantidade de recursos, principalmente água e luz, para as plantas remanescentes. Com maior
quantidade de recursos, as remanescentes irão apresentar maiores taxas de crescimento, aumentando, desse modo, o volume de madeira por planta. O programa de desbastes é realizado
em ciclos longos de corte, no qual se retiram gradativamente as árvores, não deixando a floresta
totalmente exposta.
Nas florestas plantadas, podem ser utilizados dois tipos de desbaste: o sistemático e o seletivo.
Desbaste sistemático – Consiste na retirada das plantas sem prévia avaliação, por exemplo,
retirada de uma em cada 4 linhas de plantio. Os desbastes sistemáticos podem ser aplicados
em povoamentos altamente uniformes, nos quais as árvores pouco se diferenciaram entre si.
Esse sistema é mais simples e mais barato, mas, em caso de não uniformidade da floresta, a sua
utilização acarreta em perda de indivíduos superiores.
Desbaste seletivo - Consiste na retirada de plantas segundo certas características pré-estabelecidas, que variam de acordo com o propósito a que se destina a produção. Para a escolha dessas
árvores, é necessária a prévia seleção no campo, o que não ocorre no desbaste sistemático. O
sistema mais empregado é o seletivo por baixo, que consiste na remoção das árvores inferiores
(dominadas ou defeituosas). Esse método é mais trabalhoso, porém permite melhores resultados
na produção e na qualidade da madeira.
A variação no diâmetro das árvores induzida pelos desbastes é muito ampla. Desbastes leves
podem não causar efeito algum sobre o crescimento. Desbastes muito intenso conseguem o aumento na produção individual das árvores, mas com algumas desvantagens, entre elas: o menor
crescimento em altura, o formato do tronco mais cônico e o aparecimento de mato-competição
e de galhos.
Para determinar a época da intervenção é necessário o acompanhamento do crescimento
da floresta, sendo a realização do desbaste no momento em que a competição entre as árvores
começa a provocar o decréscimo do incremento.
Colheita florestal
A idade de corte - ou rotação - é o tempo necessário para obter a matéria prima da floresta, na
maioria dos casos madeira. A idade ideal de colheita é determinada considerando-se os aspectos
biológicos, econômicos e tecnológicos. Essas características variam de acordo com a espécie, o
espaçamento, as condições locais de solo e clima, e a finalidade da floresta.
Documentos Florestais Nº 18, maio de 2006
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Em florestas plantadas, pode se utilizar a colheita no sistema de uso múltiplo, no qual se utiliza
a retirada das árvores em diferentes épocas (desbaste) para diversas finalidades da madeira, e
o corte raso, que consiste na remoção de todas as árvores existentes no talhão de uma vez. A
colheita pode ser semi-mecanizada, com o auxílio de motosserra ou mecanizado. No sistema
mecanizado, os conjuntos de máquinas mais utilizados no país são harvester/forwarder e fellerbuncher/skidder. Para trabalhar no sistema mecanizado é necessária grande extensão de floresta
devido aos altos custos envolvidos para a obtenção e operação dessas máquinas, que se justifica
apenas para grandes produtores.
A distribuição dos resíduos da colheita está diretamente relacionada com o sistema que será
adotado para o novo ciclo florestal, que pode ser feito por talhadia ou reforma.
Talhadia
É a condução do crescimento dos brotos nas cepas da floresta recém cortada, sendo aconselhada para espécies com boa capacidade de rebrotar, áreas com baixa mortalidade, material
genético de qualidade e espaçamento adequados. Para esse sistema, deve-se manter o resíduo
da colheita sobre a entrelinha de plantio, pois a rebrota ficará comprometida se as cepas forem
cobertas ou danificadas. Outros danos relacionados à colheita estão diretamente ligados aos
impactos do maquinário utilizado, entre eles podem-se citar: a compactação (do solo) que é
agravada por não se realizar o preparo de solo, danos ao sistema radicular, além dos impactos
diretos sobre as cepas. Esses danos se refletem na capacidade de rebrota e desenvolvimento
dos novos fustes.
Para esse sistema, recomenda-se a retirada da madeira deixando a cepa com 10 a 15 cm
de altura. Para a condução da talhadia é aconselhável realizar adubação semelhante àquela
recomendada no plantio e o combate às formigas cortadeiras é de suma importância para evitar
drástica redução na sobrevivência das cepas.
Realiza-se o manejo da brotação visando à recuperação da população original que consiste
na retirada dos brotos inferiores, deixando 1 ou 2 por cepa para compensar as falhas, quando
apresentarem aproximadamente 3 a 4 m de altura, ou seja, após 10 a 14 meses do corte das
árvores. Os brotos escolhidos devem estar bem inseridos na cepa, ter boa forma e sanidade. A
desbrota pode ser realizada de maneira manual ou semi-mecanizada, utilizando-se uma motorroçadora. O rendimento do sistema semi-mecanizado é cerca de três vezes superior ao sistema
manual e com as vantagens de menor desgaste físico do trabalhador, melhor qualidade e maior
segurança.
Esse sistema permite obter duas ou três rotações sucessivas de um único plantio.
Reforma
É o replantio da floresta que normalmente é realizado para a troca de material genético ou
do espaçamento e, comumente, realizado na entrelinha do plantio antigo que, se conduzido por
talhadia, ira apresentar baixa produtividade. Nesse sistema, deve-se manter o resíduo da colheita
sobre a linha de tocos do plantio anterior, de modo a facilitar o preparo da entrelinha para o novo
plantio. Recomenda-se, também, a retirada da madeira deixando a cepa o mais rente possível
ao solo.
Bibliografia
GONÇALVES, F.M.A.; REZENDE, G.D.S.P.; BERTOLUCCI, F.L.G.; RAMALHO, M.A.P. Progresso
genético por meio da seleção de clones de eucalipto em plantios comerciais. Revista Árvore,
Viçosa, v.25, n.3, p.295-301, jul./set.2001.
GONÇALVES, J.L.M.; BENEDETTI, V., ed. Nutrição e fertilização florestal. Piracicaba: IPEF,
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Implantação e Manejo de Florestas Comerciais
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