Nova estratégia amplia acesso ao tratamento da tuberculose Reformulação e ampliação do programa permitem que equipes do PSF possam diagnosticar e atender vítimas da doença Todos os anos registram-se no Brasil em torno de 85 mil novos casos de tuberculose. O número é considerado elevado pelo Ministério da Saúde e revela graves deficiências no trabalho de controle da doença. Acredita-se que este quadro se deve ao antigo Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), realizado apenas por alguns centros de referência. Para mudar isso, o ministério vem reformulando esse programa para capacitar todas as unidades e equipes de saúde no atendimento aos portadores da doença. O diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Expedito Luna, diz que a reformulação e a expansão tornam o Programa de Controle da tuberculose mais acessível aos pacientes. “O objetivo é fazer com que todas as unidades básicas e equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) possam realizar o diagnóstico e oferecer o tratamento adequado às vítimas de tuberculose”, reforça Expedito Luna. A reformulação do programa teve início em 2003, quando começou a ser definida a nova estratégia descentralizadora de controle da doença. No trabalho de expansão desse programa, foram treinados, em 2004, 12 mil profissionais das equipes do PSF, para diagnosticar e acompanhar o tratamento dos pacientes nas visitas rotineiras às comunidades. Só em 2004, o Ministério da Saúde investiu R$ 30 milhões no PNCT. Expedito Luna explica que com a visita dos agentes de saúde é possível oferecer um tratamento supervisionado da tuberculose. Durante essas visitas, os profissionais de saúde verificam se, de fato, o medicamento está sendo usado pelo paciente. Isso porque, já no primeiro mês de tratamento, o portador da doença obtém melhoras significativas e acha que está curado. Geralmente, nesse período, o paciente pára de tossir e a indisposição geral causada pela tuberculose desaparece. O problema é que, ao interromper o tratamento, o paciente torna-se candidato a desenvolver uma tuberculose resistente à medicação. A iniciativa do Ministério da Saúde de promover o acompanhamento do tratamento da tuberculose por meio dos agentes de saúde se deve principalmente à associação entre a doença e condições sócio-econômicas precárias. “É complicado exigir dos pacientes, em sua maioria vítimas do desemprego, usuários abusivos de álcool e com problemas de locomoção, que peguem um transporte para o centro da cidade para fazer uma consulta médica para receber a medicação, oferecida mês a mês”, destaca Expedito. “Muitas vezes, o indivíduo até faz o diagnóstico, mas não consegue terminar o tratamento – que dura seis meses – por ter que voltar mensalmente ao centro de saúde para receber o medicamento” completa. Prêmio – Em novembro de 2004, o Ministério da Saúde distribuiu um prêmio para os municípios que atingiram a meta de impacto de controle da tuberculose. O objetivo do ministério é curar, pelo menos, 85% dos que adoecem por ano. Se isso não for feito, cada paciente pode transmitir a bactéria da tuberculose para mais duas pessoas. “Curando 85% dos pacientes, conseguiremos diminuir o número de casos”, ressalta Expedito Luna. Em 2004, cerca de 30 municípios brasileiros foram premiados por atingir essa meta e receberam uma menção honrosa. A tuberculose é transmitida por bactérias que se propagam pelas vias respiratórias. Causada pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis), a tuberculose passa de um indivíduo para o outro quando um doente tosse ou espirra perto de uma pessoa saudável em contato prolongado. Os sintomas mais comuns são tosse com expectoração (catarro) por mais de três semanas, febre vespertina, dor torácica, perda de peso e do apetite e falta de ar. Cerca de 90% dos casos de tuberculose são pulmonares, mas a doença pode atingir várias outras partes do corpo como sistema linfático, pleura e meninges, entre outras. A doença se manifesta com maior freqüência nas áreas subdesenvolvidas. O crescimento populacional nas periferias das grandes cidades contribuiu para o aumento do número de casos no País. Observa-se uma grande concentração da ocorrência de tuberculose em todas as metrópoles brasileiras. Outro ponto que agrava essa situação em todo o mundo é a associação da tuberculose com a Aids. No Brasil, 8% dos pacientes com tuberculose também têm Aids. A principal medida para controlar a tuberculose é o diagnóstico precoce, para que se faça o tratamento adequado. Todas as pessoas que apresentam tosse com catarro há mais de três semanas, acompanhada ou não dos outros sintomas da doença, devem procurar uma unidade do Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar o exame de escarro.