Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Engenharia – Campus de Ilha Solteira Departamento de Engenharia Elétrica ELE1101 – Máquinas Elétricas II MÉTODOS DA REDUÇÃO DE CORRENTE DE PARTIDA PARA OS MIT E MIM. Número 200525301 200511091 200324510 200611231 Nome Rafael Favaro Quadrado Marcos Vinicius Bertoncini Mário H. R. Bonfim Vinicius S. R. Silva Turma 02 Prof. Dr. Francisco C. V. Malange Ilha Solteira, 30 de Novembro de 2010 -1- 1 – Objetivos Partir um motor de indução trifásico, a vazio, usando diferentes métodos e observar para cada caso o que ocorre com a corrente de partida; Verificar o funcionamento do motor de indução monofásico (MIM). 2 – Materiais Utilizados MIT de 6 pontas; MIM com capacitor permanente; Amperímetro; Voltímetro; Fonte AC variável - 0 a 240V; Cabos para ligações; Chave Estrela/Triângulo; Chave Reversora; Chave Compensadora; Bancada de Didática de Controle de Máquinas. -2- 3 – Introdução Teórica 3.1 – Métodos de Partida do MIT Ao adquirir um grupo gerador, muitos clientes relatam ao vendedor as suas necessidades, em termos de capacidade instalada e potência necessária, em função de máquinas, equipamentos e iluminação, recebendo então, a indicação de um determinado modelo, que no entendimento do vendedor, tem capacidade suficiente para suprir as necessidades da instalação. Na maioria dos casos, a questão relacionada com a partida dos motores elétricos é aventada, mas não tratada com as considerações técnicas requeridas. Como se sabe, os motores elétricos, ao serem ligados, instantaneamente, permitem que um grande fluxo de corrente elétrica circule através dos seus enrolamentos. Isso ocorre porque, estando parado, não há força contra-eletromotriz que se oponha ao fluxo de corrente. Ao iniciar as primeiras revoluções, com o surgimento da força contraeletromotriz, o fluxo de corrente diminui e se estabiliza no seu valor nominal. O valor máximo instantâneo da corrente solicitada durante a partida varia em função do tipo de construção do motor e proporcionalmente a sua potência. Para o dimensionamento do Grupo Gerador adequado a cada situação, a consideração dos motores elétricos existentes a serem acionados é de fundamental importância, pois diversos problemas podem resultar do uso de um Grupo Gerador subdimensionado, com implicações no funcionamento de outros componentes elétricos e eletrônicos também alimentados pelo mesmo Grupo Gerador. É comum encontrarmos motores com corrente de partida igual a 7 ou 8 vezes a corrente nominal. Porém, para os motores de produção seriada, normalmente encontrada no mercado, a corrente de partida situa-se entre 5,5 e 7,00 vezes a corrente nominal. (5,5 x IN < IP < 7,00 x IN). São três os métodos de partida mais utilizados no acionamento de motores elétricos de indução: 1) - Partida direta; 2) - Com chave estrela-triângulo e 3) - Com chave compensadora. -3- 3.2 – Métodos de Partida do MIM 3.2.1 - Motor de Fase Dividida Possui um enrolamento auxiliar espacialmente defasado de 90° em relação ao enrolamento principal. Quando é atingida uma determinada rotação, este enrolamento auxiliar é desconectado do circuito do motor por intermédio de uma chave centrífuga. Já que é dimensionado para atuar somente durante a partida, se não for desconectado acabará por queimar. Na prática, o ângulo de defasagem entre os campos nos dois enrolamentos (principal e auxiliar) é bem menor que 90° o que resulta em conjugado de partida igual ou pouco superior ao nominal. Por isso esse tipo de motor é usado para cargas de pequena potência e conjugados de partida moderados (por exemplo: ventiladores, exaustores, bombas centrífugas, etc.). Figura 3.1: Circuito equivalente e característica conjugado x velocidade de um motor de fase dividida. 3.2.2 - Motor de Capacitor de Partida O que diferencia este motor do de fase dividida é a inclusão de um capacitor em série com a fase auxiliar, o que permite a obtenção de ângulos de defasagem bem maiores e, consequentemente, conjugados de partida bem mais elevados (entre 200 e 350% do conjugado nominal). O circuito do enrolamento auxiliar também é desligado através de chave centrífuga quando o motor atinge entre 75 e 80% da rotação síncrona. É fabricado na faixa de potências de 1/4 a 15 cv e é usado numa grande variedade de aplicações. -4- Figura 3.2: Circuito equivalente e característica conjugado x velocidade de um motor de capacitor de partida. 3.2.3 - Motor de Capacitor Permanente Neste tipo de motor, o enrolamento auxiliar e seu capacitor em série ficam permanentemente conectados, não sendo necessária a chave centrífuga. Isto é bom porquê a ausência de partes móveis facilita a manutenção. O conjugado máximo, o rendimento e o fator de potência desses motores são melhores que os de outros tipos, aproximando-se aos valores obtidos em motores trifásicos. Em contrapartida, seu conjugado de partida é menor que o dos motores de fase dividida (entre 50% e 100% do conjugado nominal), limitando sua utilização a equipamentos como pequenas serras, furadeiras, condicionadores de ar e máquinas de escritório. São fabricados normalmente para potências entre 1/5 a 1,5 cv. Figura 3.3: Circuito equivalente e característica conjugado x velocidade de um motor de capacitor permanente. -5- 3.2.4 - Motor com Dois Capacitores É uma "mistura" dos 2 anteriores: possui um capacitor de partida, desligado através de chave centrífuga quando o motor atinge cerca de 80% de sua rotação síncrona, e um outro que se encontra permanente mente ligado. Com isso, possui todas as vantagens daqueles motores: alto conjugado de partida, alta eficiência e fator de potência elevado. No entanto seu custo é elevado e só é fabricado para potências superiores a 1 cv. Figura 3.4: Circuito equivalente e característica conjugado x velocidade de um motor de 2 capacitores. 3.2.5 - Motor de Campo Distorcido Também chamado de motor de polos sombreados, este motor consegue criar um campo girante através de modificações feitas em seus polos, o que pode ser feito de várias maneiras, caracterizando 3 tipos de motores: · polos salientes · "esqueleto" · de enrolamentos distribuídos Um dos mais comuns é o de polos salientes (figura abaixo), onde uma parte da cada polo (entre 25% e 35%) é abraçada por uma espira de cobre em curto-circuito. O fluxo magnético produzido nesta espira fica atrasado em relação ao fluxo da parte não abraçada pela mesma, resultando num campo girante que sempre se move na direção da parte não abraçada para a parte abraçada do polo. Estes motores apresentam um único sentido de rotação. A maneira mais prática de obter-se rotação no sentido oposto é mudar a posição da ponta do eixo em relação ao estator; outros métodos são possíveis, porém muito onerosos. -6- Devido ao seu método de partida, é o motor mais simples, confiável e econômico. Porém, seu conjugado de partida é bastante baixo (15% a 50% do Cnom) e apresenta fator de potência e rendimento baixos. Por este motivo é fabricado para pequenas potências (tipicamente de alguns milésimos de cv até 1/4 cv), podendo ser usado em processos de movimentação de ar (ventiladores, exaustores, secadores de roupa e de cabelo), pequenas bombas, compressores, projetores de slides, toca-discos e outros eletrodomésticos. Figura 3.5: Circuito equivalente e característica conjugado x velocidade de um motor de campos distorcido com polos salientes. -7- 4 – Procedimentos Experimentais e Resultados Obtidos 4.1 – Métodos de Partida (MIT) 4.1.1 – Partida Direta Inicialmente foram anotados os dados de placa do MIT de 6 pontas utilizado no experimento. Tabela 4.1: Dados de placa do MIT de 6 pontas. Dados de Placa MIT 6 pontas Gaiola de Esquilo Fases: Trifásico 60Hz Fp=0.7 Tensão 220/380 V Potência Nominal 0.12kW (0.16 cv) In 0.774/0.448 A Velocidade de Rotação 3380 rpm Em seguida, partiu-se o motor na configuração delta nas seguintes condições da tabela 4.2, verificando um sentido de giro do horário do rotor. Tabela 4.2: Dados do funcionamento do MIT em partida direta. In (A) IP (A) IO (A) ωR (rpm) (Corrente nominal) (Corrente partida) (Corrente a vazio) (rotação) 220 0,774 1,5 0,62 3575 180 0,774 1,4 0,46 3565 160 0,774 1,35 0,40 3562 V (Volts) Neste caso, observou que quanto menor a tensão de alimentação direta menor a corrente de partida. No entanto, o nível de tensão deve ser tal que não permita que os contatos do contator ricocheteiem, ou seja, não intertrave. 4.1.2 – Partida Direta com Reversão de Velocidade Utilizando da montagem do item anterior e com tensão nominal de alimentação (Vlinha= 220 V), inverteu-se uma das fases de alimentação para mudar o sentido de giro do rotor (anti-horário) e verificar o comportamento do motor, como mostra a tabela 4.3. -8- Tabela 4.3: Dados medidos a plena carga com inversão de velocidade. In (A) IP (A) IO (A) (Corrente nominal) (Corrente partida) (Corrente a vazio) (rotação) Sentido de ωR 220 0,774 1,5 0,62 3572 Anti-horário 220 0,774 1,55 0,58 3568 Horário V (Volts) ωR (rpm) Através da tabela acima se observou que a reversão do sentido de giro não muda o comportamento elétrico do motor na partida e em regime permanente. Com Reversão direta a corrente de partida chegou a 2,5A na partida. 4.1.3 – Partida com Chave Automática ESTRELA/TRIANGULO Inicialmente foram anotados os dados de placa do MIT de 6 pontas montado com partida em Y/Δ, de acordo com a tabela 4.4. Tabela 4.4: Dados de placa do MIT de 6 pontas com partida Y/Δ. Dados de Placa MIT 6 pontas Motor Trifásico 60 Hz Isolação B Tensão 220/380 V 1730 rpm In 6.5/3.8 A F.S. 1.2 Em seguida, partiu-se o MIT ajustando o relé de tempo e observou-se o ocorrido com as correntes de partida e comutação (valores de linha), como mostra a tabela 4.5. Tabela 4.5: Dados medidos. In (A) IP (A) ICOM (A) (Ajuste relé) (Corrente nominal) (Corrente partida) (Corrente de comutação) (Corr. a vazio) 5 6,5 9,5 4,5 2,3 3 6,5 9,5 4,5 2,3 t (s) -9- IO (A) em Δ 6,5 1 9,5 4,0 2,3 Neste caso, observou-se que quanto menor o tempo de comutação maior a corrente de comutação. Sendo a tensão de fase antes da comutação VY=135V e depois VΔ=225V. 4.1.4 – Partida com Chave Compensadora Inicialmente foram anotados os dados de placa do MIT de 6 pontas montado com chave compensadora, de acordo com a tabela 4.6. Tabela 4.6: Dados de placa do MIT de 6 pontas. Dados de Placa MIT 6 pontas Gaiola de Esquilo Fases: Trifásico Tensão 220/380 V 60Hz 2 cv In 7.6/4.4 A FS 1.15 Classe B Velocidade de Rotação 1150 rpm Em seguida, realizou a partida do MIT em Δ para cada tap e verificou-se o comportamento da corrente de partida, conforme tabela 4.7. Tabela 4.7: Dados medidos. TAP autotrafo (%) Tensão de Linha 50 In (A) IP (A) IO (A) em Δ (Corrente nom.) (Corrente partida) (Corr. a vazio) 111 7,6 16,0 5 65 145 7,6 18,5 5 80 180 7,6 20,0 5 (Motor) Observou-se através da tabela 3.7 que a corrente de partida foi reduzida proporcionalmente à redução de tensão, ou seja, ao ajuste de tap. - 10 - 4.2 – Reconhecimento do MIM Inicialmente foram anotados os dados de placa do MIM, conforme a tabela 4.8. Tabela 4.8: Dados de placa do MIM. Dados de Placa MIM (0.5 cv) Monofásico 60 Hz Categoria B Tensão 110/220 V 3450 rpm 6 1 In 9.0/4.5 A 220 V 110 V 5 F.S. 1.35 2 3 L1 6 5 4 L2 1 2 3 4 L2 L1 Através do multímetro digital identificou-se os terminais do MIM, onde: 1 – 3: bobina (2 Ω); 2 – 4: bobina (1,9 Ω); 5 – 6: Circuito auxiliar (∞ Ω) Devido ao capacitor no circuito auxiliar R=∞. Em seguida, executou-se as configurações 110V e 220V segundo a placa de identificação e obteve-se os seguintes resultados: Tabela 4.9: Resultados ensaio MIM. V (V) In (A) IP (A) IO (A) ωR (rpm) V[1-3] V[2-4] V[1-4] 110 9,0 30 7,4 3592 126,2 126,2 126,2 220 4,5 15 2,9 3594 110 110 221 Para inverter a velocidade do MIM, inverteu-se o sentido da corrente do enrolamento principal ou do auxiliar. Neste caso, inverteu-se o sentido da corrente do circuito auxiliar trocando 5 por 6 e verificou-se a inversão de giro do rotor. A seguir a figura 4.1 mostra a chave faca para inversão de giro, sendo que o motor só inverte se primeiramente for parado, para 110V ou 220V. - 11 - Fig 4.1: Chave faca para inversão de giro. - 12 - 5 – Discussões e Conclusões Para a primeira parte do experimento foi montado a seguinte tabela: Motor I Tabela 5.1: Comparativo entre os métodos analisados em laboratório. Métodos In = 0,774 A Vn = 220 Volts Ip (%) V (%) V = 220 Volts 193,80 100,00 V = 180 Volts 180,88 81,82 V = 160 Volts 174,42 72,73 323,00 100,00 Partida a plena tensão (direta) Partida a plena tensão com reversão de velocidade Motor II Tabela 5.2: Comparativo entre os métodos analisados em laboratório. In = 6,5 A Vn = 220 V Métodos Ip (%) V (%) 146,15 57,73 Partida com chave automática ESTRELA/TRIÂNGUO Tempo = 3 seg., Tempo = 5 seg., Tempo = 10 seg. Motor III Tabela 5.3: Comparativo entre os métodos analisados em laboratório. In = 7,6 A Vn = 220 V Métodos Ip (%) V (V) Tap = 80% 263,16 180 Tap = 65% 243,42 145 Tap = 50% 210,53 111 Partida com chave compensadora - 13 - Ambos os métodos utilizam redução de tensão como método de redução de corrente de partida. Concluímos pelas tabelas que o melhor método de partida é a chave estrela/triângulo, apesar de mais caro, é o que mais reduz a corrente de partida, o que pode ocasionar numa redução no dimensionamento das instalações elétricas e proteções, bem como todos os componentes elétricos envolvidos num motor, porém também reduz em 1/3 o torque de partida, portanto pode não ser eficiente em alguns casos. No caso de motores de pequeno porte não há a necessidade de uma chave como a estrela/triângulo, pode-se partir direto, o compensador de tap, demonstrou pelos ensaios, que não tem um resultado tão satisfatório considerando o alto custo desse tipo de transformador. Na segunda parte do experimento, observamos um método de partida do MIM, que é o de capacitor de partida. Tal método utiliza um capacitor devidamente dimensionado para defasar a corrente do enrolamento auxiliar, logo após atingir a velocidade nominal a chave centrífuga abre o circuito do enrolamento auxiliar. Há outros métodos, como o Método da Fase Separada, que o enrolamento principal é montado no fundo da ranhura com condutores grossos, fazendo este ter reatância maior, o enrolamento auxiliar montado com condutores finos e no topo da ranhura, fazendo com que a reatância dele seja menor. Nesta configuração há a presença da chave centrifuga, pois após a partida se o enrolamento auxiliar não for desconectado, consumirá muita potência por ser de fio fino, e ter resistência elevada. Outro método é do capacitor permanente, neste método não há necessidade de chave centrífuga pois o enrolamento auxiliar não será desconectado do circuito. Há o método dos dois capacitores, que é uma mistura do método do capacitor de partida e do capacitor permanente, neste caso haverá os dois capacitores, no entanto o capacitor de partida será desconectado do circuito através da chave centrifuga, o permanente continuará conectado com o enrolamento principal e à rede. O ultimo método é o de polo sombreado onde uma parte da cada polo (entre 25% e 35%) é abraçada por uma espira de cobre em curto-circuito. O fluxo magnético produzido nesta espira fica atrasado em relação ao fluxo da parte não abraçada pela mesma, resultando num campo girante que sempre se move na direção da parte não abraçada para a parte abraçada do polo. - 14 -