A MORDIDA ABERTA A mordida aberta é a ausência

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A MORDIDA ABERTA
A mordida aberta é a ausência de contato vertical normal entre dentes
antagonistas. Pode ser anterior ou posterior e se apresentar com o
trespasse vertical dos incisivos (sem contatos oclusais ou funcionais)
ou sem trespasse vertical dos incisivos.
SEM TRESPASSE
VERTICAL
COM TRESPASSE
VERTICAL
A mordida aberta pode estar associada com:





Crescimento vertical preponderante
Musculatura hipotônica
Respiração bucal
Altura facial anterior aumentada
Base craniana posterior curta
As principais causas são:
Deglutição atípica
Sucção digital
Chupeta
Interposição labial
Distúrbios fonoaudiológicos
Respiração bucal
Anquilose dentária
Anormalidades no processo de erupção
Alterações anatômicas e na tonicidade dos músculos linguais e
peribucais
 Macroglossia verdadeira









A sucção digital pode ocasionar mordida aberta combinando
interferência na erupção normal dos incisivos com excessiva erupção
dos dentes posteriores, deslocando a mandíbula para baixo e para
trás.
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Outras causas podem ser :
 Traumas ou patologias condilares
 Iatrogenias
Podem alterar o grau ou a direção do movimento mandibular.
Movimentos ortodônticos que provoquem extrusão ou distalização dos
dentes posteriores podem produzir mordida aberta de causa
iatrogênica.
O diagnóstico utiliza a análise facial, avaliação cefalométrica e
avaliação dentária com exame clínico e de modelos.
Na análise facial podemos observar as proporções entre os terços da
face (geralmente inferior aumentado), o nível de exposição dos
incisivos superiores, o espaço interlabial, o perfil do paciente, a
posição da mandíbula, o vedamento labial.
Na avaliação cefalométrica de Jarabak a altura facial anterior N-Me é
comparada com a altura facial posterior S-Go.
A altura facial posterior, de Jarabak, apresenta valor de ± 61% da
altura facial anterior, expressando esse valor um padrão de
crescimento normal.
Valores menores expressam crescimento
vertical e maiores que 61% expressam crescimento horizontal. Isto é
explicado pelo aumento ou diminuição da altura do ramo,
caracterizando braquicefalia (aumento do comprimento do ramo) ou
dolicocefalia (diminuição da altura do ramo). A cefalometria de
Jarabak também permite avaliar um excesso de crescimento vertical
da maxila que é caracterizado por diminuição do ângulo goníaco
superior e aumento do ângulo goníaco inferior o que pode acarretar
mordida aberta. Nesses casos, o pano palatal mostra a espinha nasal
anterior elevada e a espinha nasal posterior mais baixa.
Na cefalometria do tipo padrão da USP, haverá divergência dos
planos horizontais. Os planos palatino e mandibular formam entre si
ângulo com valor aproximado de 25°. Verificar se há aumento.
Nas cefalometrias de Ricketts e McNamara podemos observar a altura
facial anterior, a posição do incisivo em relação ao plano oclusal
funcional e a tendência de crescimento.
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Na avaliação dentária consideramos que o trespasse vertical é
influenciado pelas dimensões dentoalveolares anterior e posterior,
aumentadas ou reduzidas.
No hábito de sucção digital ou no uso de chupeta, os incisivos
superiores geralmente se apresentam vestibularizados e a altura
alveolar reduzida, em decorrência da interferência ambiental na
erupção dentária.
O fator muscular exerce grande influência na quantidade de erupção,
tanto que casos de desenvolvimento dentoalveolar excessivo, na
região posterior do arco superior, apresentam musculatura hipotônica
associada.
Nos casos de mordida aberta esquelética, é comum o nível de
erupção e a dimensão dentoalveolar se apresentarem dentro dos
limites de normalidade.
O tratamento pode ser executado com mecânica ortodôntica,
ortopedia funcional dos maxilares, terapia miofuncional, cirurgia
ortognática e terapias combinadas.
Na dentição decídua precisamos eliminar hábitos deletérios e corrigir
as disfunções neuromusculares. Nos casos com padrão de
crescimento favorável, a eliminação do hábito e o equilíbrio da
atividade muscular produzem a correção da maloclusão.
Na dentição decídua a mordida aberta esquelética raramente é
observada, mas devemos considerar esta possibilidade quando se
apresentar associada a um aumento da AFAI. Nestes casos, mesmo
com a eliminação do fator etiológico ambiental não ocorre a correção
da maloclusão.
Na dentição decídua, nos casos de mordida aberta esquelética, a
eliminação do hábito objetiva reduzir a gravidade da maloclusão.
Na dentição mista é preciso corrigir os hábitos deletérios juntamente
com qualquer intervenção clínica.
Na dentição mista podemos utilizar no tratamento:
- Barra ondulada associada ou não com parafuso expansor e arco de
Hawley
- AEB com tração alta
- Splint com barra ondulada
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- Aparelhos ortopédicos funcionais: (SN3, Bionator de Balters
fechado, modeladores elásticos de Bimler ou reguladores de função
de Frankel).
Aparelho funcional no tratamento da M.A.
Na dentição mista podemos utilizar também aparelhos fixos:
- Grade palatina adaptada em um arco superior soldado às bandas
- Grade palatina adaptada ao Quadri-hélice ou Bi-hélice
- Arco Base de Ricketts
Na dentição permanente é possível extruir incisivos superiores e
inferiores ou intruir molares e premolares de acordo com o
diagnóstico do caso.
Na dentição permanente podemos realizar, centro de certos limites, a
extrusão de incisivos superiores e inferiores.
Um aparelho fixo composto por um arco ortodôntico com fio .016”
ou.018” e com alça em L (arco inferior) e com alça em L invertido
(por distal dos laterais) no arco superior pode ser utilizado.
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Um arco ortodôntico com fio .016” ou .018” e com curva de Spee
acentuada no arco inferior e curva reversa no arco superior, também
pode ser usado.
Ainda podemos utilizar arcos ortodônticos superior e inferior com
elásticos intermaxilares verticais anteriores (elásticos em caixa).
Há ainda o arco base de Ricketts.
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Pode ser feita intrusão de premolares e molares com um arco auxiliar
de intrusão posterior.
Molas de intrusão.
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Ou ancoragem extra-bucal com tração vertical.
Também planos de mordida posterior associados ou não com tração
extra-bucal.
Planos de mordida com molas.
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A mordida aberta posterior geralmente decorre de hábitos como
interposição lateral da língua durante a deglutição. A causa pode ser
a anquilose de decíduos e permanentes. A membrana periodontal
comprometida impede a movimentação. A função oclusal também
poderá ser restabelecida com procedimentos restauradores.
“Ao avaliar um caso de maloclusão, não pense no método de
tratamento nem nos aparelhos até que o caso tenha sido classificado
e se tenha compreendido profundamente todas as suas
peculiaridades e variações da normalidade, a oclusão e os traços
faciais. Então, surgirão as necessidades e o tratamento adequado”.
Edward Hartley Angle
MORDIDA ABERTA – CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
Na mordida aberta, é importante uma abordagem multidiciplinar com
considerações sobre a etiologia, para o diagnóstico e o tratamento
corretos. A mordida aberta é uma das más oclusões de maior
comprometimento estético-funcional, além de apresentar alterações
dentárias e esqueléticas. Pode ser desenvolvida a partir de fatores
etiológicos como hábitos bucais deletérios como a sucção do polegar
ou da chupeta, amígdalas hipertróficas, respiração bucal, anquilose
dentária ou anormalidades no processo de erupção. Estes fatores
interferem no crescimento e desenvolvimento normais das estruturas
faciais, modificando não somente a morfologia, mas também a
função. Para que o tratamento ortodôntico tenha efetividade e
estabilidade, não basta apenas a correção do problema morfológico.
Outros tratamentos e abordagens também são importantes para a
manutenção da oclusão normal conseguida pelo tratamento
ortodôntico. A psicologia, a otorrinolaringologia, a fonoaudiologia,
etc., podem ser necessários para tratar o problema e reeducar os
padrões funcionais musculares.
As arcadas dentárias, na fase de dentição decídua, não apresentam
de curva de Spee e os dentes não têm inclinação, estando
posicionados verticalmente nas bases ósseas. O arco da dentição
decídua é semi-circular e pode haver a presença de espaços primatas
e espaços interincisivos. Um importante método para análise das
arcadas dentárias, na dentição decídua, foi desenvolvido por Carrea
mas não é de domínio da maioria dos ortodontistas.
Figun e Garino (1989) afirmam que os dentes decíduos cumprem
funções tanto fisiológicas como biológicas.
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Funções fisiológicas:
·
·
·
·
·
mastigação
estabelecimento de uma linha e plano de oclusão
manutenção da dimensão vertical
início da fonação
manutenção do espaço para a erupção dos dentes permanentes
Função biológicas:
· ação estimulante para o crescimento ósseo alveolar dos maxilares
· atuação no processo de erupção dos dentes permanentes
(orientação e posicionamento), pela relação de proximidade que têm
com os mesmos.
O início da dentição mista ocorre com a erupção dos primeiros
molares permanentes, dentes importantes para o estabelecimento de
uma oclusão dentária dentro dos padrões de normalidade, com
relação normal de molares e caninos.
Os fatores que podem desenvolver uma oclusão anormal podem ser
de origem hereditária, congênita ou adquirida. O padrão de
crescimento e desenvolvimento apresenta forte componente
hereditário. Como exemplo, temos as mordidas abertas esqueléticas,
os problemas relativos ao número e ao tamanho dos elementos
dentários (discrepâncias de modelo e de Bolton).
As anomalias congênitas são as que se formam durante a vida
intrauterina. Entre as alterações congênitas estão as fissuras
lábiopalatinas, os tumores, a paralisia cerebral, hemangiomas ou
mesmo a sífilis congênita.
Anomalias adquiridas são alterações dentofaciais que surgem pela
ação de fatores locais ou gerais. Hábitos como a sucção de dedo e
chupeta, a interposição de lábio ou de língua e a respiração bucal
podem causar alterações nas arcadas dentárias tais como as
mordidas abertas e interferirem na dicção, na mastigação, no
vedamento labial passivo, na respiração, etc.
Outros fatores que podem desenvolver uma oclusão anormal são a desnutrição
e as pressões anormais por hábito ou função.
O crescimento e o desenvolvimento da face humana dependem em
40% da carga genética do indivíduo e em 60% das funções inerentes
ao meio ambiente. Estas conclusões são da “teoria das matrizes
funcionais” de Melvin Moss, que define a face como a região mais
dinâmica do organismo, com crescimento e desenvolvimento
diretamente relacionado à ação correta das funções relacionadas a
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ela tais como a sucção, a respiração, a deglutição, a mastigação, a
fonoarticulação, enfim à atuação de toda a musculatura orofacial.
Para uma criança se tornar um adulto com características faciais
funcionais harmoniosas, estéticas e saudáveis não é apenas
necessário que apresente um potencial genético correto, mas é
preciso que ao longo do período de crescimento e desenvolvimento
ela reúna condições funcionais adequadas que possibilitem um
caminho tranquilo em direção à maturidade da região facial.
“As funções têm a capacidade de confirmarem ou não, o potencial
genético”.
Quando as funções se desenvolvem de forma alterada,
principalmente durante o crescimento e o desenvolvimento de uma
criança, podem ocorrer severos distúrbios dentofaciais, entre eles
uma mordida aberta anterior.
Durante a erupção, espera-se que os dentes e o osso alveolar
circundante desenvolvam-se até que o antagonista oclusal, do arco
oposto, seja encontrado, ocorrendo um relacionamento vertical
correto entre os arcos maxilar e mandibular.
Urias (1994) concluiu que a mordida aberta é uma alteração em que
não há contato vertical entre os dentes superiores e inferiores,
embora os demais dentes possam estar em oclusão.
As mordidas abertas podem ser dentoalveolares, quando os
componentes esqueléticos do indivíduo não estão comprometidos, ou
esqueléticas, no quais além dos distúrbios dentoalveolares há
também problemas basais.
Como as demais deformidades dentofaciais, a mordida aberta tem
como etiologia os fatores hereditários e principalmente os fatores
ambientais externos, dentre eles os hábitos orais.
Os hábitos orais são definidos como sendo prováveis de
determinarem tanto direta como indiretamente desvios na morfologia
dento-alveolar.
Para Massler (1983), em geral, os hábitos resultam da repetição de
um ato que, em sua essência primordial, tem uma determinada
finalidade. O hábito se implantaria por ser agradável e resultar em
alguma satisfação para os indivíduos.
Surgiriam de necessidades psicológicas que podem ou não ter efeito
nas arcadas dentárias.
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Segundo Moyers (1979), todos os hábitos são padrões de contração
muscular aprendidos, de natureza complexa, alguns deles servindo
como estímulo para o crescimento normal dos maxilares, o que
ocorre, por exemplo, na ação normal do lábio e na mastigação
correta. Já os hábitos anormais podem interferir no padrão regular do
crescimento facial e devem ser diferenciados dos hábitos normais
desejáveis que são uma parte da função buco-faríngea normal e
consequentemente exercem um papel importante no crescimento
crânio-facial e na fisiologia oclusal.
Os padrões anormais habituais e deletérios de conduta muscular
frequentemente estão associados com o crescimento ósseo anormal,
más posições dentárias, distúrbios na respiração e na fala,
perturbação no equilíbrio da musculatura facial e problemas
psicológicos.
Quanto à etiologia da maloclusão os hábitos são classificados de
forma distinta, conforme os autores.
Korkhaus (1939) concluiu que os hábitos seriam de origem exógena,
fatores que agiriam mais diretamente sobre as estruturas bucodentárias provenientes da ação de fatores externos ou estranhos ao
organismo.
Graber (1974) concluiu que os hábitos anormais de pressão ou
irregularidades funcionais são extrínsecos (que agiriam sobre a
dentadura, provenientes de fora).
Moyers (1979) afirma que os hábitos que mais perturbam a oclusão
são a sucção de dedos, interposição lingual, onicofagia e mordedura
e/ou sucção de lábio.
Medeiros (1992) classifica os hábitos dividindo-os em intra-orais e
extra-orais. Os hábitos intra-orais seriam sucção de língua, do
polegar, bochechas, lábios e objetos, a onicofagia, o bruxismo,
morder a língua e a respiração oral.
Os hábitos extra-orais seriam sustentação do queixo, posições
anormais de travesseiro, etc.
Para Lino (1992) os hábitos orais que enquadram-se como fatores
extrínsecos causadores de maloclusão são a sucção, a deglutição
atípica, a respiração bucal, a postura e a fonação incorreta.
Os fatores extrínsecos seriam aqueles que não estão diretamente
ligados
aos
arcos
dentários,
ou
seja,
não
pertencem
morfologicamente às bases apicais ou ossos alveolares.
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Moyers (1979) comenta que assim como variam os fatores que
originam os hábitos, variam também as faces. É a combinação do
hábito mais a face em crescimento que origina o problema clínico. É
uma clara referência sobre a biotipologia facial determinar variações
no resultado final fenotípico resultante de um hábito inadequado. Isto
é, o resultado final seria consequência do mau hábito, mas
dependente da biotipologia facial.
Moresca e Feres (1992) afirmam que, diante de um paciente com um
hábito oral, é importante considerar a idade do indivíduo, a dentição,
a oclusão e todas as funções envolvidas. Caso estejam ocorrendo
durante o período de crescimento e desenvolvimento da face, os
hábitos viciosos podem gerar forças musculares anormais e
persistentes com o risco de distorção da correta morfologia da região
dentomaxilar, sendo a mais comum a mordida aberta anterior.
É preciso considerar a forma de frear o hábito que está causando os
desvios. Atitudes “drásticas” como meio para o abandono do hábito
só serviriam de motivo para o indivíduo procurar um hábito
substitutivo. Da criança precisamos obter colaboração, incentivando a
eliminação do hábito e mostrando suas consequências.
Os principais hábitos viciosos com potencial de nocividade são:
- Respiração bucal;
- Sucção de dedo, língua, lábios e bochechas;
- Uso de chupetas ou mamadeiras por tempo além do normal;
- Postura inadequadas de língua durante a deglutição, fonação e
posturação (projeção anteriorizada de língua causando pressão
exagerada sobre os dentes, falta de vedamento labial, alterações
fonéticas, hiperfunção do mentoniano);
- Posturas inadequadas de cabeça em atividades diurnas e noturnas;
- Inadequações posturais como dormir de bruços, com a mão ou
braço sobre o rosto, ler apoiando a face que podem levar a mordidas
cruzadas e mastigação inadequada com todas as suas conseqüências;
- Hábitos alimentares inadequados quanto à textura dos alimentos;
- Onicofagia causando projeção anterior da mandíbula para conseguir
poder de corte dos incisivos em posição topo a topo e alterações ao
nível da ATM;
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- Deglutição não
rotineiramente.
nutritiva
como
gerada
pelo
mascar
gomas
A respiração bucal, sucção de polegar e o uso de chupeta e
mamadeira são os maiores causadores de mordida aberta.
A Respiração Bucal
Na respiração nasal, o nariz não é apenas um condutor passivo pelo
qual o ar é captado e dirigido para a faringe. Diferente da cavidade
oral, o nariz é um órgão especializado exercendo funções de filtragem
ou purificação, aquecimento e umidificação do ar inspirado.
Segundo Bloch (1889) a relação da respiração bucal com
deformidades de arcada dentária vem sendo descrita desde muito
tempo.
Marchesan (1994) afirma que a respiração bucal ou de suplência,
pode provocar alterações morfológicas definidas na região
dentofacial, como uma mordida aberta anterior. Estas alterações
ocorrem durante o crescimento e são consequências de pressões
musculares inadequadas sobre o esqueleto craniofacial. A respiração
bucal interfere negativamente na postura adequada da língua em
repouso e em ação.
Na respiração bucal deixamos de ter a necessária massagem e
pressionamento de ar junto à região bucosinusal (nariz e seios
paranasais), um dos principais fatores estimuladores do crescimento
e desenvolvimento do terço médio da face.
De acordo com Almeida e Weber (1990), na respiração oral, a
mandíbula é posicionada inferiormente com a língua em repouso no
assoalho da boca e seria esta alteração postural que induziria as
modificações dentárias e esqueléticas, semelhantes às causadas pela
sucção digital. Devido à postura da língua, ocorre também a erupção
contínua dos dentes posteriores, aumentando as dimensões verticais
do paciente, e em conseqüência acarretando mordida aberta anterior.
Quando respiramos pelo nariz ocorrem estímulos corretos de
crescimento e desenvolvimento facial pela ação da musculatura que
estimula os ossos (matrizes funcionais periosteais segundo Moss). Se
houver respiração bucal, a estimulação poderá ocorrer modo
inadequado, favorecendo um crescimento e desenvolvimento
desarmônico.
A boca é uma via para respirarmos apenas quando se torna
impossível a respiração nasal. A respiração nasal é inata e deverá
permanecer perfeita até a fase adulta sob o risco de ocorrerem
deformidades faciais se houver intercorrências neste período.
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A respiração oral é altamente comprometedora na definição da forma
e contorno dos arcos dentários bem como de todo processo
nasomaxilar (Lino, 1992).
Uma vez instalada a respiração de suplência ou de substituição, serão
grandes as possibilidades do indivíduo, em crescimento, vir a
desenvolver distúrbios miofuncionais, já que são bastante intensas as
adaptações funcionais e musculares decorrentes da instalação desta
respiração incorreta, porque a manutenção constante da boca aberta
altera todo o equilíbrio neuromuscular da face (Barroso, 1997).
Todd (1936) já afirmava que as alterações na face ocorrem entre os
2 e 12 anos, período de maior velocidade de crescimento facial.
A respiração pode se tornar oral devido a obstruções nasais ou
apenas por ato vicioso.
As causas de obstrução nasal são muitas, classificadas por Mucellin
de acordo com a faixa etária.
Recém-nascidos: atresia de coana (fechamento da parte posterior
do nariz por uma membrana mucosa ou placa óssea) e tumores
nasais (cisto dermóide, hemangiomas e tumores neurogênicos).
Infância: hipertrofia das Vegetações Adenóides (aumento do tecido
linfóide existente na rinofaringe, com o fechamento ou diminuição do
espaço para passagem da coluna de ar).
Hipertrofia das amígdalas palatinas (aumento excessivo nos pólos
superiores das amígdalas que se comprimem na região da úvula,
causando dificuldade respiratória).
Rinite Alérgica (caracteriza-se por obstrução nasal, coriza, espirros e
prurido nasal intenso).
Desvio de septo nasal (causado por traumatismo nasal).
Hematoma do septo nasal
Fratura nasal
Corpos estranhos
Rinite Vestibular (infecção na região de pelos da fossa nasal).
Puberdade: angiofibroma juvenil (tumor benigno com característica
invasiva).
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Pólipo nasal (massa única ou multilobulada que se forma na fossa
nasal, com crescimento progressivo da obstrução).
Rinite medicamentosa (complicação devido ao uso excessivo de
vasoconstritores nasais tópicos).
E os demais já citados anteriormente: desvio do septo nasal, rinite
alérgica, hipertrofia das adenóides e amígdalas palatinas.
Petrelli (1994) relata que a hipertrofia das vegetações adenóides é
a maior causadora da face alongada, seguida pela rinite alérgica e
amigdalite de repetição.
As causas de respiração bucal podem ser além dos problemas
orgânicos acima citados:
- hipotonia da musculatura elevadora da mandíbula, devido à
alimentação pastosa, levando à boca aberta com língua mal
posicionada.
- apenas postura viciosa: o indivíduo simplesmente permanece de
boca aberta, sem muitas vezes perceber isso, não existindo nenhum
empecilho mecânico ou funcional para a respiração nasal.
Marsechan e Krakauer (1995), afirmam que o respirador bucal pode
apresentar vários sintomas característicos da chamada Síndrome do
Respirador Bucal.
Alterações Craniofaciais e Dentárias:
-
Crescimento craniofacial predominante vertical;
Angulo goníaco aumentado;
Palato ogival ou inclinado;
Dimensões faciais estreitas;
Hipodesenvolvimento dos maxilares;
Narinas estreitas ou inclinadas;
Microrrinia com menor espaço na cavidade nasal;
Desvio de septo;
Classe II, overjet, mordida aberta ou cruzada;
Protrusão dos superiores.
Alterações dos Orgãos Fono Articuladores:
- Hipotrofia, hipotonia e hipofunção dos músculos elevadores da
mandíbula;
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- Alteração de tônus com hipofunção dos lábios e bochechas;
- Lábio superior retraído ou curto, e inferior evertido ou interposto
entre dentes;
- Lábios secos e rachados com alteração de cor;
- Gengivas hipertrofiadas com alteração de cor e freqüentes
sangramentos;
- Anteriorização da língua ou elevação do dorso para regular o fluxo
de ar;
- Propriocepção bucal bastante alterada.
Alterações Corporais:
- Deformidades toráxicas;
- Musculatura abdominal flácida ou distendida;
- Olheiras com assimetria de posicionamento dos olhos, olhar
cansado;
- Cabeça mal posicionada em relação ao pescoço, trazendo alterações
para a coluna no intuito de compensar este mau posicionamento;
- Ombros caídos para frente comprimindo o tórax;
- Alterações da membrana timpânica, diminuição da audição;
- Assimetria facial visível, principalmente em bucinador;
- Indivíduo muito magro, às vezes obeso e sem cor.
Alterações das Funções Orais:
- Mastigação ineficiente levando a problemas digestivos e engasgos
pela incoordenação da respiração com a mastigação;
- Deglutição atípica com ruído, projeção anterior da língua, contração
exagerada do orbicular, movimentos compensatórios de cabeça;
- Fala imprecisa, trancada, com excessos de saliva, sem sonorização
pelas otites frequentes;
- Voz rouca ou anasalada.
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Outras Alterações Possíveis:
- Sinusites freqüentes, otites de repetição;
- Aumento das amígdalas faríngeas e palatinas;
- Halitose e diminuição da percepção do paladar e olfato;
- Maior incidência de cáries.
- Alteração do sono, ronco, baba noturna, insônia, expressão facial
vaga;
- Redução do apetite, alterações gástricas, sede constante, engasgos,
palidez, inapetência, perda de peso com menor desenvolvimento
físico ou obesidade;
- Menor rendimento físico com cansaço frequente;
- Agitação, ansiedade, impaciência, impulsividade, desânimo;
- Dificuldades de atenção e concentração, gerando dificuldades
escolares.
Para se diagnosticar o quadro de síndrome do respirador bucal não é
necessário a presença de todos os sintomas acima citados.
Sucção do Polegar, uso de Chupeta e Mamadeira
Moresca e Feres (1994), Tomé, Farret e Jurach (1996) relatam que
de todos os hábitos infantis, a sucção de dedos ou chupeta parece ser
o mais frequente e danoso para a oclusão e ossos maxilares, sendo a
maior causa de alterações no equilíbrio do aparelho estomatognático.
Camargo (1997) concluiu que a mamadeira deve ter o bico com a
forma e o tamanho próximos do formato e tamanho do bico do seio
materno. A posição da mamadeira em relação à criança deve ser de
90° e a criança ao tomá-la deve estar mais verticalizada para facilitar
a sua respiração.
A mamadeira deve ser retirada na fase de erupção dos dentes
decíduos, ao oitavo ou nono mês de vida. Após esta idade, o ideal é
oferecer à criança caneca de transição, copo com tampinha, colher,
etc. Assim como a mamadeira, a chupeta deve ter seu tamanho
compatível com a cavidade bucal da criança. Ela deve ser usada
apenas como complemento da sucção, levando à repleção gástrica,
composição muscular e satisfação psicoemocional. Seu uso deve ser
racional e, embora existam ainda algumas controvérsias a respeito do
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limite de idade para seu uso, a maioria dos autores concorda que não
deve ultrapassar os 2 1/2, 3 anos de idade.
Moresca e Feres (1994) relatam que o hábito de sucção do polegar
pode relacionar-se inicialmente a um problema de amamentação,
fator imitativo ou resultar de um problema emocional complexo.
Moyers (1949) afirma que a causa mais comum de sucção de polegar
são os movimentos labiais insuficientes, isto é, uma capacidade
inadequada na fase de sucção no ato de alimentação. Para ele, bebês
que se alimentam em seios com fluxo rápido de leite ou em
mamadeiras, estão mais sujeitos à sucção de polegar do que aqueles
que dispunham de seios ou mamadeiras dotadas de fluxo mais
lentos. Moyers afirma que intervalos de alimentação menores,
diminui a incidência dos hábitos bucais em bebê.
A mamadeira oferece o volume de leite suficiente para alimentação
porém não satisfaz a necessidade de sucção. Na ânsia de se
satisfazer, a criança começa a fazer sucção do polegar ou outro dedo
e só irá dormir quando se sentir satisfeita. Com o exagero na sucção
poderá instalar-se o hábito indesejável.
Instabilidade emocional e familiar pode também gerar hábitos
viciosos. Muitas vezes, na tentativa de chamar atenção dos pais, a
criança expressa seus sentimentos através de atitudes como sucção
de polegar e onicofagia. Estes hábitos teriam um fundo psicológico.
A psicanálise sugere que o hábito de sucção do polegar está
associado ao prazer. Para muitos, os problemas de sucção do polegar
estão baseados na Psicologia. A teoria comportamental, diferente da
psicanálise, sugere que este hábito seja um mero padrão de
comportamento aprendido sem causa fundamental ou problema
emocional ou psicológico. Quando extinto o hábito, não é esperada
sua substituição por outro. Em geral, as crianças abandonam a
necessidade de sucção por volta dos 3 anos.
Moresca e Feres (1994) afirmaram que a sucção persistente após os
4 anos de idade poderá levar a alterações como o retrognatismo
mandibular, o prognatismo maxilar, a mordida aberta, a musculatura
labial superior hipotônica, a musculatura labial inferior hipertônica, a
atresia do palato, a interposição de língua, atresia do arco superior,
respiração bucal e calo ósseo na região do polegar.
As alterações oclusais causadas pelo hábito dependerão de variáveis
como a posição ocupada pelo dedo, as contrações buco-faciais
associadas, a posição da mandíbula durante a sucção, o padrão
esquelético facial, a força aplicada aos dentes e ao processo alveolar
e a freqüência e a duração do hábito.
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** Este material tem por objetivo complementar as anotações de aula sobre
a mordida aberta. A compreensão do assunto envolve uma aula teórica
sobre a mordida aberta, sua etiologia, diagnóstico e tratamento ortodôntico
e ortopédico funcional, com a apresentação de casos clínicos.
Conhecimentos sobre disjunção clínica e cirúrgica complementam as
informações da aula.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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aleitamento, hábitos bucais e maloclusões, Rev Odontol Univ São Paulo, 11(2):7986, abr/jun., 1997.
TALAFERRO, A. Curso Básico de Psicanálise, ed. Martins Fontes, pag. 123- 125,
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HENRIQUES, JOSÉ FERNANDO CASTANHA; JANSON, GUILHERME DOS REIS
PEREIRA; ALMEIDA, RENATO RODRIGUES DE; DAINESI, EDUARDO ALVARES;
HAYASAKI, SANDRA MÁRCIA. Mordida Aberta Anterior: a importância da
abordagem multidisciplinar e considerações sobre etiologia, diagnóstico e
tratamento. Rev dent press ortod. ortop. maxilar 5(3):29-36, maio-jun 2000.
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