CRISTIANISMO e ISLAMISMO - SOL

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UCG – DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA E TEOLOGIA Prof. João índio
3. CRISTIANISMO
Ms. João Oliveira Souza
O cristianismo deita as suas raízes no universo religioso judaico. O ponto de ruptura com
a proposta religiosa dos hebreus é representado pelo acontecimento Jesus Cristo, isto é, pela sua
pessoa, vida e obras. Para o judaísmo, Jesus é apenas um profeta. Para os cristãos, Ele é o Messias,
o enviado de Deus. Ele é o Emanuel, Deus feito homem para salvar toda a humanidade. Nascido
na cidade de Belém, região da Galiléia, na Palestina, Jesus viveu sua infância e juventude em
Nazaré. Aos 30 anos iniciou sua pregação, marcada por sinais extraordinários, milagres, feitos
principalmente para aliviar o sofrimento dos pobres e dos pequenos. Poucos anos depois da morte
de Jesus Cristo, seus seguidores foram além das fronteiras da Palestina da época, para pregar a
mensagem nos países mais distantes (Mateus 28,19).
Tensões de ordem interna e externa e diferentes maneiras de ver e entender o
Cristianismo deram origem, ao longo dos séculos, a diversas Igrejas e denominações cristãs cada
uma delas com suas organizações, hierarquias e formas de celebrar os rituais, os sacramentos e as
festas. Temos assim, a Igreja Católica Apostólica Romana (séc.IV), Igreja Ortodoxa (séc XI),
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (séc.XVI) e Igreja Evangélica Luterana do
Brasil, Igreja Calvinista (séc.XVI), Igreja Anglicana (séc.XVI), Igreja Metodista (séc.XIX), Igreja
Batista (séc.XX), Igrejas Pentecostais (séc. XIX-.XX), Neo-Pentecostais (séc.XX-.XXI). Existem
outras denominações, alguns exemplos, Adventistas do Sétimo Dia, Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias (Mórmons) Testemunhas de Jeová, Exército da Salvação, Quakers, Igreja
Católica Apostólica Brasileira.
Convém apontar dois elementos que fazem parte da estrutura da fé cristã: textos e ritos.
Existem outros elementos que estão presentes na vivência da fé cristã: festas, simbolos, lugares
sagrados, doutrinas, formas de organização e pessoas que representam a história e a origem das
diversas igrejas cristãs.
a) Textos: O cristianismo acolhe os textos sagrados do judaísmo, aos quais dá o nome de
Antigo Testamento, atualmente chamado numa nova linguagem de Primeiro Testamento, pois a
palavra revelada não é antiga, mas atual na vida dos crentes. Assim como o Novo Testamento é
chamado hoje de Segundo Testamento, o qual incorpora parte da vasta literatura que surgiu a
partir da vida e da missão de Jesus.
Os evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João escreveram livros catequéticos que
orientavam a vida das primeiras comunidades cristãs. Para os autores desses livros interessam
mostrar que Jesus não apenas proclamou o evangelho do reino de Deus; Ele viveu na prática.
Demonstrou o que queria dizer com “caridade” em situações reais. Tais ações incluíam curar os
doentes. Os milagres da cura não foram simplesmente uma expressão da compaixão de Jesus, mas
uma prova de que o poder do reino de Deus estava ativo.
O livro Atos dos Apóstolos narram a organização e a vida da igreja primitiva. As Cartas
dos Apóstolos dão orientações práticas às primeiras comunidades sobre a vida que deviam levar e
o ministério que deviam exercer. Para a continua difusão do cristianismo a conversão do fariseu
Saulo por volta de 32 d.C. teve uma importância decisiva. Após sua conversão passa a se chamar
Paulo, até mesmo para mostrar que é uma nova pessoa que assumiu a tarefa missionária de
anunciar o cristianismo, sua nova identidade. Esse trabalho missionário de Paulo fez do
cristianismo numa religião mundial. Ele viajou pelo mundo greco-romano de forma muito intensa
e sempre proclmava o evangelho de Cristo entre os não-judeus. Além das viagens, Paulo escrevia
muito para as comunidades, teologicamente essas cartas de Paulo, eram orientações para as novas
igrejas cristãs tornarem-se sólidas. Para Gaarder, “nas epístolas de Paulo o cristianismo é tratado
como uma religião independente, e Jesus Cristo, como o salvador de todos os humanos.” (Gaarder:
2000, p. 179)
O último texto é o Apocalipse (ou a Revelação) mostra a luta da igreja contra as forças
perversas que dominam o mundo. Este livro se compõe de uma série de visões que evocam
imagens de um drama final do mundo. Para Gaarder o apocalipse distingue-se do Livro de Daniel,
que é seu equivalente apocalíptico judaico, de duas maneiras importantes: primeiro, o apocalipse é
um livro cristão, “no qual Cristo irá assumir definiitvamente o controle e vencer o mal”. Segundo,
no livro do apocalipse o fim do mundo já teve seu inicio. Não se trata de acontecimentos que vão
ocorrer num futuro distante. “Depois da obra de Jesus pela salvação, já teve início a batalha
decisiva entre o Bem e o Mal” (Gaarder: 2000, p.223). Existem outros textos tidos como sagrados,
dependendo da especificidade de cada igreja cristã.
b) Ritos: Há rituais que celebram a vivência da fé em Jesus Cristo, que são comuns nas
igrejas cristãs: o batismo e a eucaristia, são os sacramentos. A Igreja Católica reconhece sete
sacramentos. Os sacramentos são momentos mais marcantes na vida do crente. Particular
importância têm o batismo que é o inicio da participação da vida comunitária e a eucaristia, que
renova o gesto amoroso de Jesus Cristo ao celebrar a ceia, na véspera de sua morte na cruz.
BATISMO: segundo Mateus, capitulo 3 versiculos 13 ao 16, foi o próprio Jesus que
instituiu o batismo. Jesus permitiu que João Batista o batizasse. Para o cristão é mediante o
batismo que Deus concede a salvação e o perdão do ser humano. O batismo e a Palavra de Deus
estão juntas e, não podem ser separadas da fé. Para Martinho Lutero “sem a Palavra de Deus, a
água é apenas água e não um batismo” (Lutero, 1999 p.18).
EUCARISTIA: essa palavra tem o significado de dar graças, e se refere a janta (a ceia)
que Jesus celebrou com seus apóstolos. Era costume judeu a celebração da páscoa. Antes de Jesus
morrer, celebra com pão e vinho a páscoa com seus discípulos mais próximos, lava os pés dos seus
apóstolos e pede “fazei isto em minha memória”.
Para as Igrejas orientais (Igreja Ortodoxa), os ritos têm um simbolismo aprimorado. Os
cânticos não são acompanhados por instrumentos musicais. Em suas celebrações tem sempre o
pão, óleo, incenso e ícones, que são representações de Cristo, da Virgem ou dos santos em
superfícies planas. Os trajes litúrgicos também contribuem para criar um ambiente de fé e de
mistério.
É interessante observar que os elementos usados pelas religiões nos seus rituais tais como
a água, o fogo, o incenso, velas, sal e outros, que mobilizam os sentidos humanos, estão presentes
em todas religiões desde a antiga Mesopotâmia até nossos dias (hindus, budistas, cristãos, judeus
etc.). A música, como as demais artes, tem uma origem religiosa. Artes e técnicas humanas são
consideradas por muitas religiões como dons divinos.
c)
No Brasil: o cristianismo católico foi a religião oficial até 1889. A partir das
imigrações em meados do séc XIX, sobretudo de alemães, estabeleceram-se igrejas surgidas na
reforma, primeiramente os luteranos, posteriormente também outras igrejas cristãs, como a
presbiteriana, metodista, batista, anglicana e adventista. O cristianismo de tradição ortodoxa
também está presente na sociedade brasileira.
No séc.XX surgiram as igrejas pentecostais norte-americana: Congregação Cristã do
Brasil em 1910, Santo Antonio da Platina (Paraná) e a Assembléia de Deus em 1911, Belém
(Pará). A partir da experiência pentecostal foram criadas igrejas brasileira, a primeira é a Igreja
Pentecostal Evangélica O Brasil para Cristo, 1955 em São Paulo. Igreja do Evangelho
Quadrangular São Paulo, 1953. Igreja Nova Vida, Rio de Janeiro 1960. Igreja Pentecostal Deus é
Amor, São Paulo 1962. Casa da Benção, 1964.
As Igrejas Pentecostais continuaram a se dividir e surgiram as igreja neopentecostais. O
neopentecostalismo começou no Brasil, no início da década de 1970: Igreja Universal do Reino de
Deus, 1977 em São Paulo. Igreja Internacional da Graça, 1980 no Rio de Janeiro. Igreja
Apostólica Renascer em Cristo, 1986 em São Paulo. Igreja Luz para os Povos, 1987 em Goiânia.
Igreja Apostólica Fonte da Vida, 1994 em Goiânia. Surgiram outras como Ministério Igreja em
Células com séde em Curitiba, Videira, Igrejas em Células, em Goiânia. As Igrejas
neopentecostais continuam surgindo.
d)Roteiro de estudos:
1) Pesquisar:
a) Na bíblia os nomes dos livros do Segundo Testamento. Escolher 4 desses livros e apresentar uma
síntese dos aspectos gerais dos seus ensinamentos.
b) Duas enciclicas: Mater et magistra e Pacem in terris: significado do nome, essas enciclicas falam
sobre o que? Quem escreveu? Ano em que foi escrita?
c) Explicar o significado de: consagração; dogma; ecumenismo; evangelho; querigma.
2) Escolher duas festas importantes para o cristianismo; fazer uma descrição delas destacando os rituais,
simbolos, importância que nelas se apresentam para as comunidades cristãs. Comente. O que você já
conhecia sobre essas festas?
3) Mostre algum aspecto da cultura cristã que está presente na cultura, nos costumes da sociedade brasileira
(por exemplo: comida, dança, literatura, música, comércio, pessoas que tem ou tiveram influências na
nossa sociedade, exemplo: cientistas, religiosos etc...)
4. ISLAMISMO
Islam ou Islã é uma palavra árabe que significa submissão, entrega. O verdadeiro
muçulmano é aquele que se declara submisso ao poder e à vontade de Deus, Allah em árabe. A
religião islâmica nasceu na península arábica, séc.VII, fundado por Mohammad Bem Abdallah,
Maomé, mistico que dedicava à oração. Segundo a fé islâmica Maomé é o último dos profetas,
numa história da revelação divina que começou com Abraão, passando por Moisé e Jesus Cristo,
culminando com o fundador do Islamismo.
Na Arábia pré-islâmica viviam numerosas tribos que se autodenominavam descendentes
de Abraão, através de Ismael, filho de Abraão e da escrava Agar. Maomé nasceu no ano 571 na
cidade de Meca. Quando criança ficou órfão e foi criado por um tio. Era filho de um dos guardiões
da Caaba, onde se conserva até hoje o meteorito sagrado. Sua profissão, como condutor de
caravanas e mercador, o colocou em contato com a fé judaica e cristã. Daí vem seu entendimento
sobre o monoteísmo e pela noção de fim do mundo e Juízo Final. Aos 25 anos realiza seu
casamento com Khadidja, uma viúva rica. Passa a dedicar-se à oração e meditação. Foi quando
começou a ter visões religiosas.
a) Textos – Maomé recebeu a revelação do arcanjo Gabriel durante toda a sua vida e a
comunicou oralmente aos seus discipulos. O Corão ou Alcorão é o livro sagrado dos muçulmanos,
tem 114 capítulos, que são chamaodos de suras ou suratas e que foi escrito após a morte de
Maomé. O Alcorão “não tem sequência de temas ou assuntos, começando dos suras mais longos
até os mais breves. Cada sura é iniciada em nome de Alá, o Clemente, o Misericordioso” (SILVA,
2004 p.108).
b) Ritos – cinco são as principais práticas espirituais, são as obrigações fundamentais que são
chamadas de pilares da fé islâmica: 1)a profissão de fé – “Não há outro Deus senão Alá, e Maomé
é seu profeta”, deve ser recitada várias vezes durante o dia; 2)as orações – o crente muçulmano
deve orar cinco vezes por dia. Quando reza, o fiel volta-se em direção a Meca, num rito cujos
movimentos e detalhes estão minuciosamente prescritos; 3)jejum, o livro sagrado proibe comer os
muçulmanos comer carne de porco e consumir o alcool.O jejum durante o mês do Ramadã, entre o
nascer do sol e o pôr-do-sol é proibido comer, beber, fumar ou ter relações sexuais. Os viajantes,
as pessoas doentes, as crianças e as mulheres grávidas ou que estão amamentando podem cumprir
o jejum numa data posterior; 4)esmola/caridade, é obrigatória a doação de recursos econômicos
para socorrer os mais necessitados da comunidade. Segundo Gaarder, “quando essa taxa é
recolhida e destinada a usos sociais, ela se torna parte da política oficial de redistribuição de um
Estado islâmico” (Gaarder, 2000 p.128). Nos países de governo muçulmano, a esmola adquiriu
caráter de imposto, recolhido pelo Estado e pago também pelos não-muçulmanos que neles
habitam; 5)peregrinação à Caaba, em Meca, na Arábia Saudita, é obrigação de todo fiel, pelo
menos uma vez na vida. Para os crentes islâmicos, Meca e Caaba são o centro do mundo. Os fiéis
quando fazem suas orações diárias se dirigem para Meca; os templos sagrados, as mesquitas, são
construidas apontando para a cidade sagrada. Os mortos são enterrados voltados para Meca.
c)
Festas – há dois momentos festivos que são fundamentais para o muçulmano: a
comemoração do sacrificio de Abraão e quando termina o jejum do mês de Ramadã. Ao se
aproximar da cidade sagrada, os peregrinos usam roupa branca e durante os dias da peregrinação,
vão realizar vários rituais, que enfatizam sua ligação com Abraão e Maomé. É no monte Arafat
que os peregrinos vão se reunir desde o meio-dia até o pôr-do-sol. Passam várias horas ali juntos,
afirmando assim sua aliança com Deus e testemunhando sua crença de que não há outro Deus,
senão Alá. É no monte Arafat que se desenvolve a mais importante cerimônia da peregrinação;
sacrificios de animais (carneiro, bode, camelo, boi etc) que comemora simbolicamente o sacrificio
de Abraão, que foi obediente a Deus, a ponto de se dispor para sacrificar seu próprio filho Isaac,
para os judeus e cristãos; o muçulmano acredita que o filho que Abraão levou para o sacrificio foi
Ismael e não Isaac.
O Ramadã é um feriado não fixo. É uma festa móvel, e que a cada ano ela tem data
diferente, contudo, essa festa se localiza no nono mês do calendário muçulmano. É o mês em que
os muçulmanos jejuam, e fazem adoração e contemplação. Este jejum tem também o objetivo de
experimentar a fome em compaixão por aqueles que não têm comida.
Outra festa, que também é uma das principais, é a festa da quebra do jejum, que se reliza
após o ramadã. Depois de um desjejum com doces e de um donativo para os pobres “participa-se
da oração festiva e passa-se o dia inteiro em mútua convivência. As crianças ganham presentes”
(SCHERER, 2005 p.161).
d) No Brasil – o Islamismo veio através dos escravos com a designação de Malês, mas o
grupo étnico africano muçulmano foram os Haussá. Segundo os estudos realizados sobre a
escravidão, havia entre os escravos muçulmanos a consciência de sua identidade religiosa, daí que
surgiram as revoltas no séc.XIX, como a Revolta dos Malês em 1835 na Bahia. No Rio de Janeiro
também chegaram escravos muçulmanos. A presença do Islã hoje no Brasil deve-se menos aos
escravos, pois, alguns, foram deportados, outros conseguiram a carta de alforria e retornaram para
Africa, muitos revoltosos foram perseguidos e massacrados. Atualmente os muçulmanos são
oriundos das imigrações de sírios, libaneses e turcos que começaram a chegar a partir de 1860.
Segundo o censo demográfico do ano 2000 do IBGE, os maiores núcleos de muçulmanos estão
nas cidades de São Paulo e Foz do Iguaçu (PR).
e) Roteiro de estudos:
1) Pesquisar sobre o Islamismo:
a) Escolher uma festa importante para o Islamismo; fazer uma descrição dela destacando os rituais,
simbolos, importância que nela se apresenta para as comunidades.
b) qual o significado de: burga, caaba, califa, suna,
2) Mostre algum aspecto da cultura muçulmana que está presente na cultura, nos costumes da sociedade
brasileira (por exemplo: comida, dança, literatura, música, comércio, pessoas que tem ou tiveram
influências na nossa sociedade, exemplo: cientistas, religiosos etc...)
Referências bibliográficas:
CISALPINO, Murilo. Religiões.São Paulo: Editora Scipione.1994 (Col.Ponto de apoio)
GAARDER, Jostein (Org.) O livro das religiões. Tradução Isa Mara Lando. São Paulo:
Companhia das letras. 2000.
LUTERO, Martim. Catecismo Menor. 3ªed. Atualiz. São Leopoldo: Sinodal. 1999.
PIAZZA, Valdomiro. As religiões da humanidade. São Paulo: Loyola, 1991
SILVA, Valmor da, As religiões e seus textos sagrados. In: LAGO, Lorenzo (Org.) O sagrado e as
construções de mundo. Goiânia: UCG; Brasilia: Ed. Universa. 2004
WIKIPEDIA,
enciclopedia
eletrônica.
Sobre
as
Igrejas,
disponivel
em
<http://www.wikipedia.org/wikipedia/igreja - acesso em 10 de fevereiro de 2009.
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