UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA REBECA DA SILVA MARCELINO ASPECTOS DE CAMPO, PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA PRELIMINAR DOS DIQUES MÁFICOS DAS PRAIAS JARDIM DE ALAH, PACIÊNCIA E FAROL DE ITAPUÃ, SALVADOR - BA Salvador 2014 REBECA DA SILVA MARCELINO ASPECTOS DE CAMPO, PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA PRELIMINAR DOS DIQUES MÁFICOS DAS PRAIAS JARDIM DE ALAH, PACIÊNCIA E FAROL DE ITAPUÃ, SALVADOR - BA Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Orientadora: PROFª. MENEZES LEAL Salvador 2014 ANGELA BEATRIZ DE REBECA DA SILVA MARCELINO ASPECTOS DE CAMPO, PETROGRAFIA E GEOQUÍMICA PRELIMINAR DOS DIQUES MÁFICOS DAS PRAIAS JARDIM DE ALAH, PACIÊNCIA E FAROL DE ITAPUÃ, SALVADOR - BA Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora: ANGELA BEATRIZ DE MENEZES LEAL - Orientadora Doutora em GEOCIÊNCIAS pela UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ANA CAROLINA OLIVEIRA PINHEIRO Mestre em GEOLOGIA pela UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESTADO DA BAHIA- IFBA LUCAS TEIXEIRA DE SOUZA Mestre em GEOLOGIA pela UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA A meus pais v AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a minha família. A minha mãe, meu exemplo de vida, minha amiga, minha cúmplice e companheira. Que foi capaz de abdicar dos próprios sonhos em prol dos meus. Dona dos melhores conselhos e do melhor colo. A meu pai, que batalhou para me dar tudo do bom e do melhor e que me incentivou para que eu chegasse até aqui. A meu padrinho e minha madrinha, que sempre se orgulharam e se interessaram, e a todos meus parentes que torceram pelo meu sucesso. Agradeço a minha orientadora Professora. Ângela, que me aceitou como sua orientanda e nunca perdeu a paciência nem a preocupação. A grande responsável por me deixar tranquila e me fazer acreditar que era possível e que nós conseguiríamos. Conseguimos! Agradeço a meus colegas e amigos de faculdade, em especial a Coelho, Gilnei, Nelson, João, Naldin, Trilobita, Carol, Cíntia, Cora, Luana e Mari, que fizeram cada dia menos cansativo e mais engraçado e foram os responsáveis por tornar estes 5 anos inesquecíveis e dignos de uma enorme saudade. Aos amigos que a vida me deu, Leo, Lucila, Dudinha, Lulu, Loloi, obrigada por se orgulharem e me mostrarem todos os dias o valor da amizade, e principalmente por terem paciência comigo. Vocês me ajudaram a crescer e tornam os meus dias mais coloridos! Aos amigos MV, Luana, Enaldo, Clarinha, Dudu e Daniel Alves por terem me ajudado em todos os aspectos que precisei deste trabalho, sem vocês as dificuldades e o desespero seriam maiores ainda, muito obrigada mesmo pela paciência e disposição de vocês. Aos grandes mestres que conheci nesta universidade e foram capazes de me mostrar o que é a Geologia e como é impossível não amá-la. Obrigada a todos que passaram pela minha vida, levando um pouco de mim e deixando um pouco de si para que eu pudesse me tornar a pessoa que sou hoje. vi RESUMO Os diques máficos das praias de Jardim de Alah, Paciência e Farol Itapuã estão inseridos no contexto tectônico do Cráton do São Francisco, intrudindo os terrenos granulíticos e migmatíticos polideformados arqueanos e paleoproterozoicos pertencentes à Cinturão Salvador-Esplanada. Estes diques máficos fazem parte da Província Litorânea dos Diques Máficos do Estado da Bahia e ocorrem na orla marítma de Salvador, Bahia. De modo geral os diques máficos preenchem fraturas distensivas na rocha encaixante granulítica, principalmente, em direções N-S e E-W, apresentando coloração cinza a preta, granulometria variando de afanítica a média, isotrópicos e maciços. Seus contatos com a rocha encaixante variam de reto a sinuosos com espessuras predominantes variando de poucos centímetros a aproximadamente 19 metros, na praia de Jaridm de Alah. O estudo petrográfico permitiu observar a evolução dos diques da Praia de Jardim de Alah da encaixante ao centro do corpo filoniano caracterizando textura porfirítica com matriz afanítica até matriz de granulometria fanerítica fina. Nas praias da Paciência e Itapuã os diques máficos possuem granulometria fanerítica fina a média. Para todos os filões máficos foram identificadas as texturas ofítica, subofítica e intergranular que mineralogicamente são compostos por plagioclásios que variam de andesina a labradorita, clinopiroxênio (augita) e subordinadamente têm-se hornblenda, biotita, minerais opacos e olivina. Processo de alteração como a uralitização está presente nos diques da praia da Paciência, transformando augitas em hornblenda + biotita + minerais opacos. E processos de sausuritização são encontrados nos diques da praia de Itapuã. Os diques máficos da praia de Jardim de Alah apresentam, de forma geral, enriquecimento em FeOt em relação ao MgO (trend de Fenner) e baixas razões sílica/álcalis, características de suítes toleíticas, enquanto diques do Farol de Itapuã mostram enriquecimento em álcalis, compatíveis com filiação cálcio-alcalina. Os diques máficos da praia da Paciência não foram analisados geoquimicamente visto que só existia uma única amostragem, não sendo então representativa. Através do comportamento geoquímico dos elementos maiores e traço foi constatada a importância das fases minerais plagioclásio e clinopiroxênio no fracionamento magmático. Diagramas de ambiência tectônica utilizando como parâmetros Zr e Zr/Y sugerem que a colocação dos diques máficos ocorreu em ambiente intraplaca. Palavras-chave: diques máficos; petrografia; geoquímica. vii ABSTRACT The mafic dykes from the Jardim de Alah, Paciência e Itapuã beaches are placed in the tectonic context of São Francisco Craton, intruded in granulitic terrains with multiples deformations with Archean and Paleoproterozoic ages belonging to Salvador-Esplanada belt. These mafic dykes are part of the Coastal Province of Mafic Dykes of Bahia state and they occur on the edge maritime of Salvador, Bahia. Generally the mafic dykes fills dintensive fractures in the granulitic rocks mainly in N-S and E-W directions and are colored gray to black, with sizes ranging afanitic to medium, they are isotropic and massive. Its contacts with the granulitic rocks are from straight to sinuosos with thicknesses ranging from 1 cm up to 19 meters. The petrographic study allowed us to observe the evolution of the center to middle of the dykes from Jardim de Alah beach and allowed to observe the processes of change in the minerals due to the presence of water that occurs in the dykes of Paciência and Itapuã beaches. Were identified ophitic, subophitic and intergranular textures and mineralogically are composed of andesine to labradorite, clinopyroxene (augite) and in minor scale hornblende, biotite, opaque minerals and olivine. The mafic dykes have, in general, enrichment FeOt compared to MgO (of Fenner trend) and low ratios silica/alkali tholeiitic suites features. Through the geochemical behavior of major and trace elements was observed the importance of mineral phases plagioclase and clinopyroxene at magmatic fractionation. Diagrams tectonic atmosphere using as parameters Zr and Zr / Y suggest that placing of mafic dykes occurred in intraplaque environment. Keywords: mafic dykes; petrography; geochemistry. viii LISTA DE FIGURAS Figura 1.1- Localização e delimitação geográfica das áreas de influência das 17 principais províncias e ocorrências filonianas máficas do estado da Bahia. (Adaptado de MENEZES LEAL et al., 2012). Figura 1.2: Mapa de localização da área de estudo. 18 Figura 2.1: Mapa Geológico do Cráton do São Francisco destacando as faixas 24 orogênicas móveis. (BIZZI et al., 2001). Figura 2.2: Mapa de localização do Cinturão Salvador Esplanada. Modificado de 26 Barbosa et al. (2012) Figura 3.1 A) Mapa da orla de Salvador e B) Mapa de localização da praia Jardim de 31 Alah, Salvador Figura 3. 2 Mapa geológico da praia de Jardim de Alah, Salvador-Ba. (ALVES, 2013) 33 Figura 3. 3 A) Mapa da orla de Salvador e B) Mapa de localização da Praia da 36 Paciência, Salvador 38 Figura 3.4 A) Mapa da orla de Salvador e B) Mapa de localização da praia do Farol de Itapuã, Salvador. ix 40 Figura 3.5 Mapa geológico Farol de Itapuã identificando (em verde) três corpos principais na porção central da área. (CARRILHO, 2013) Figura 5. 1 Figura 5.1: Diagrama de classificação SiO2 versus álcalis (TAS) (COX et. 56 al., 1979) para os diques máficos das praias de Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã. Figura 5. 2 Diagrama Nb/Y versus Zr/TiO2 de Winchester & Floyd (1977) para os 57 diques máficos das praias de Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã. Símbolos como na figura 5.1 Figura 5. 3 Diagrama A (Na2O + K2O), F (FeOt), M (MgO), segundo Irvine & 58 Baragar (1971) para os diques máficos da Praia de Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã. Símbolos como na figura 5.1 Figura 5. 4 Diagrama Zr versus Zr/Y de Pearce & Norry (1979) para os diques 59 máficos das praias de Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã. Símbolos como na figura 5.1 Figura 5. 5 Diagrama de variação entre MgO (% em peso) versus óxidos de elementos 61 maiores para os diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina. Símbolos como na figura 5.1. Figura 5. 6: Diagrama de variação entre MgO (% em peso) versus elementos traço (ppm) para os diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina. Símbolos como na figura 5.1. 64 x LISTA DE FOTOS Foto 3.1 Dique máfico com espessura média de 70 centímetros. Praia de Jardim de 34 Alah. Foto 3.2 Dique máfico com espessura aproximada de 19m. Praia Jardim de Alah 34 Foto 3.3 Contato reto entre dique máfico (lado direito) e encaixante granulítica (lado 34 esquerdo). Praia Jardim de Alah. Foto 3.4 Dique máfico cortado por veio granítico. Praia Jardim de Alah. 34 Foto 3.5 Esquema de localização das duas direções de diques máficos da Praia de 35 Jardim de Alah: (1) N-S e a outra (2) E-W. Foto 3.6 Dique máfico com espessura de aproximadamente 1m. Praia da Paciência. 37 Foto 3.7 Contatos curvos dique máfico/ dique félsico. Praia da Paciência 37 Foto 3.8 Feições de mistura de magmas máfico e felsico. Praia da Paciência. 37 Foto 3.9 Dique máfico de espessura aproximada de 1,3m e apresentando contatos 41 bruscos e retos com o ortognaisse. Praia do Farol de Itapuã. Foto 3.10 Diques felsicos truncando o dique máfico. Praia do Farol de Itapuã 41 xi LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS Fotomicrografia 4.1 Textura sub-ofitica. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. 43 Amostra JA-02 Fotomicrografia 4.2 Textura porfirítica com matriz fina a afanitica. Sem analisador. 43 Aumento 25X. Amostra JA-01 Fotomicrografia 4.3 Ripas de plagioclásio com lamelas completas, parciais, ausentes 45 ou em formato de agulhas. Polarizadores Cruzados. Aumento 25X. Amostra JA-02 Fotomicrografia 4.4 Textura sub-ofitica. Plarizadores Cruzados. Aumento 25X. 45 Amostra JA-02 Fotomicrografia 4.5 Cristal de olivina (Ol) circundado por matriz afanitica. Presença 45 de cristais de plagioclásio (Pl) Plarizadores Cruzados. Aumento 25X. Amostra JA-01 Foto 4.6 Mosaico mostrando a gradação da matriz afanítica (B) junto à encaixante 46 (A) para matriz fina (C) mais para o centro do dique. Polarizadores Cruzados. Aumento 25X. Amostra JA-01c. Fotomicrografia 4.7 Contato entre dique máfico e encaixxante granulítica. 47 Polarizadores Cruzados. Aumento 25X. Amostra JA-01c. Fotomicrografia 4.8 Encaixante granulítica. Sem analisador. Aumento 25X. Amostra 47 JA-03. Fotomicrografia 4.9 Encaixante granulítica com presença de orto e clinopiroxênio e 47 biotita. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Amostra JA-03. Fotomicrografia 4.10 Representação dos piroxênios (Px), anfibólios (Anf) e plagioclásios (PL) com granulometria média. Sem analisadores. Aumento 25X. Amostra RV-02a. 48 xii diforme. 49 Fotomicrografia 4.12 Plagioclásio com geminação polissintética em forma de agulha. 49 Fotomicrografia 4.11 Glomeros de plagioclásio com geometria Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Amostra RV-02b. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Amostra RV-02c. Fotomicrografia 4.13 Hornblenda associada a biotita ou dispersa.. Sem analisador. 49 Aumento 100X. Amostra RV-01a Fotomicrografia 4.14 Hornblenda (Hb)nas bordas dos piroxênios (Pyr).. Sem 49 analisador. Aumento 100X. Amostra RV-02c Fotomicrografia 4.15 Textura fraca,mente porfirítica Polarizadores cruzados. 51 Aumento 25X. Amostra FI-19 Fotomicrografia 4.16 Textura ofítica. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. 51 Amostra FI-18 Fotomicrografia 4.17 Textura sub-ofítica. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. 51 Amostra FI-18 Fotomicrografia 4.18 Fenocristal de plagioclásio em matriz fina. Polarizadores 52 cruzados. Aumento 25X. Amostra FI-18 Fotomicrografia 4.19 ripas subédricas e euédricas de plagioclásio. Polarizadores 52 cruzados. Aumento 25X. Amostra FI-18 Fotomicrografia 4.20 .Biotitas (Bt) associadas ao opacos. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Amostra FI-18 53 xiii LISTA DE TABELAS Tabela 1.1: Relação dos pontos visitados na área de estudo. Amostras com 21 abreviação 60_ e 63_, extraídas de Moraes Brito (1992). Tabela 5.1: Análises químicas de elementos maiores (% em peso) e traço (em ppm) dos diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina. P.F. = Perda ao Fogo. 55 xiv SUMÁRIO AGRADECIMENTOS v RESUMO vi ABSTRACT vii LISTA DE FIGURAS viii LISTA DE FOTOS x LISTA DE MICROGRAFIAS xi LISTA DE TABELAS xiii 1. CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO 16 1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA 18 1.2 OBJETIVOS 19 1.2.1 Objetivo Geral 19 1.2.2 Objetivos Específicos 19 1.3 MATERIAIS E MÉTODOS 19 2. CAPITULO II – GEOLOGIA REGIONAL 23 2.1 GEOLOGIA REGIONAL 23 2.1.1 Cráton do São Fancisco 23 2.1.2 Cinturão Salvador-Esplanada 25 2.1.3 Granulitos da Região de Salvador 28 3. CAPÍTULO III – GEOLOGIA LOCAL 30 3.1 DIQUES MÁFICOS DE SALVADOR 30 3.2 PRAIA JARDIM DE ALAH 31 3.3 PRAIA DA PACIÊNCIA 36 3.4 PRAIA DO FAROL DE ITAPUÃ 38 4. CAÍTULO IV – PETROGRAFIA 42 4.1 PRAIA DE JARDIM DE ALAH 43 4.2 PRAIA DA PACIÊNCIA 48 4.3 PRAIA DO FAROL DE ITAPUÃ 50 5. CAPÍTULO V – GEOQUÍMICA PRELIMINAR 54 5.1 CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA 54 5.2 AMBIÊNCIA TECTÔNICA 58 5.3 COMPORTAMENTO GEOQUÍMICO DOS ELEMENTOS MAIORES E TRAÇO 59 xv 6. CAPÍTULO VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS 66 7. CAPÍTULO VII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 68 16 CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO Diques máficos são uma das variadas formas que podemos encontrar as rochas de composição basáltica. Eles são importantes por fornecerem informações para a compreensão da tafrogênese (processos de extensão crustal), sobre as fontes magmáticas, o rifteamento inicial ou incipiente, além de fornecerem informações também para o estudo da evolução da litosfera e do manto (MENEZES LEAL et al. 2012). No Estado da Bahia, as principais ocorrências de diques máficos foram denominadas inicialmente por Corrêa-Gomes et al. (1996) por províncias filonianas e, posteriormente, os diques máficos foram divididas por Menezes Leal et al. (2012) em províncias e ocorrências. As províncias filonianas se tratam, portanto, de rochas filonianas que apresentam peculiaridades em termos de localização e abrangência geográfica, posição cronoestratigráfica e, especialmente, relação com um determinado evento de trafrogênese, e foram divididas em número de seis: Província Uauá-Caratacá (PUC), Província Salvador (PS), Província Chapada Diamantina-Paramirim (PCDP), Província Litorânea (PL), Província Caraíba-Curaçá (PCC) e Província Itabuna-Itaju do Colônia (PIIC). As ocorrências são representadas por diques máficos de menor expressão, não apresentando aspectos de campo e estruturais, dados petrográficos, litogeoquímico e geocronológicos detalhados (MENEZES LEAL et al. 2012). Estes foram divididos em número de quatro: Ocorrência Feira de Santana-Lamarão (OFSL), Ocorrência São José de Jacuípe-Aroeira (OSJJA), Ocorrência Juazeiro-Sobradinho (OJS) e Ocorrência Coronel João Sá (OCJS) (Figura 1.1). Os diques máficos da cidade de Salvador pertencem as Províncias Salvador e Litorânea (MENEZES LEAL et al. 2012). O presente trabalho vai abordar as rochas filonianas localizadas em Salvador nas praias do Jardim de Alah, Farol de Itapuã e Paciência, nos aspectos de campo, petrográficos e, essencialmente, geoquímicos. 17 Figura 1.1- Localização e delimitação geográfica das áreas de influência das principais províncias e ocorrências filonianas máficas do estado da Bahia. (Adaptado de MENEZES LEAL et al., 2012). 44°0'0"W Barrag em do Sob radinho * 2.3.3 10°0'0"S 10°0'0"S 40°0'0"W 2.6 2.1 *2.3.2 2.8.1 2.3.1 * * 2.2 2.4 14°0'0"S o n cis c o Fra Ri o S ã 14°0'0"S SALVADOR 2.7 2.5 ARQUEANO - PALEOPROTEROZOICO 2 - PROVÍNCIAS 2.1 Uauá-Caracatá 2.2 Salvador 2.3 Ocorrência 2.3.1 Feira de Santana-Lamarão 2.3.2 José do Jacuípe-Aroeira 2.3.3 Juazeiro-Sobradinho MESOPROTEROZOICO - NEOPROTEROZOICO 2 - PROVÍNCIAS 2.4 Chapada Diamantina-Paramirim 2.5 Litorânea 2.6 Caraíba-Curaçá 2.7 Itabuna-Itaju do Colônia 2.8 Ocorrência 2.8.1 Coronel João Sá 40°0'0"W 0 50 100km 18 1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA A área de estudo está compreendida entre os paralelos 12º30’ e 13º00’ e os meridianos 38º00’ e 38º30’, referentes à Folha Topográfica de Salvador (SD-24-X-A-V e SD-24-X-AVI), porção centro-leste do Estado da Bahia (Figura 1.2). Figura 1.2: Mapa de localização da área de estudo. Fonte: Google Earth (2013). 19 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral O presente trabalho tem como objetivo principal caracterizar os diques máficos da região de Salvador (praias de Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã) quantos aos aspectos geológicos, petrográficos e geoquímicos. 1.2.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos deste trabalho compreendem: 1) Estudo bibliográfico a respeito dos diques máficos da orla de Salvador, especificamente das praias Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã, que de forma mais abrangente, englobam o estudo dos diques máficos da orla do Estado da Bahia; 2) Caracterização da geologia regional e local que envolve a colocação destes corpos filonianos; 3) Caracterização dos diques máficos nos aspectos de campo, em relação a sua forma de ocorrência através de medidas de atitude, comprimento, espessura e relação de contato com a encaixante, criando acervo fotográfico e colhendo amostras para realização de estudo petrográfico; 4) Estudo petrográfico das amostras coletadas (caracterização dos aspectos mineralógicos e microestruturais) criando acervo fotográfico das principais características mineralógicas e relações de contato e texturais; e 5) Estudo geoquímico de rocha total para caracterizar o comportamento dos elementos maiores e traço e ambiente tectônico a partir de dados amostrais apresentados por Moraes Brito (1992). 1.3 MATERIAIS E MÉTODOS A fim de cumprir todos os objetivos, a monografia foi dividida em cinco etapas distintas: i) Estudos Bibliográficos; ii) Trabalho de Campo; iii) Estudo Petrográfico; iv) Estudo Geoquímico; e v) Elaboração da Monografia. i) Estudos Bibliográficos 20 Nessa etapa foi realizado uma verificação a respeito do contexto geológico regional, abordando especificamente o Cráton São Francisco e o Cinturão Salvador-Esplanada, de modo a incluir, além dos diques máficos, os granulitos, que correspondem às suas rochas encaixantes. Depois foi realizada uma pesquisa focada nos diques máficos do Estado da Bahia contemplando os diques da região de Salvador, reunindo assim informações mais detalhadas de aspectos como petrografia, geoquímica preliminar e geocronologia a fim de reuní-los num banco de dados para facilitar os trabalhos posteriores. ii) Trabalho de Campo; Foram realizadas sete visitas de campo às praias Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã para o reconhecimento do contexto geológico onde os diques estão inseridos, além efetuar amostragens das rochas granulíticas encaixantes, dos contatos encaixante/diques máficos e dos diques propriamente ditos para confecção de lâminas delgadas para os estudos petrográficos e geoquímicos. Para isso foi utilizado a maquina perfuratriz, sendo coletadas quatorze amostras dos diques máficos, sendo uma correspondente à rocha granulítica e outra ao contato litológico entre a rocha encaixante e o dique máfico. Também foram realizadas medidas de direção, tamanho e espessura dos diques máficos, além de registro fotográfico das principais feições observadas, bem como características das suas encaixantes. A tabela 1.1 mostra a localização dos pontos visitados, as atitudes e espessuras dos diques máficos, suas respectivas rochas encaixantes, bem como um controle das análises petrográficas e geoquímicas realizadas. Tabela 1.1: Relação dos pontos visitados na área de estudo. Amostras com 21 abreviação 60_ e 63_, extraídas de Moraes Brito (1992). ATITUDE ESPESSUR A (m) Jardim de Alah E-W 0,70 JA-01c Jardim de Alah E-W 0,70 JA-02 Jardim de Alah E-W 0,80 JA-03 Jardim de Alah - - 6053 Jardim de Alah N05W 1,2 6344 Jardim de Alah N-S 18 6345 Jardim de Alah N-S 18 6348 Jardim de Alah N-S 18 6346 Jardim de Alah N-S 1,4 ENCAIXANTE Granulito monzocharnockítico Granulito monzocharnockítico Granulito monzocharnockítico Granulito monzocharnockítico Granulito monzocharnockítico Granulito monzocharnockítico Granulito monzocharnockítico Granulito monzocharnockítico Granulito monzocharnockítico RV-01a Rio Vermelho N100W 1,0 RV-01b Rio Vermelho N100W RV-01c Rio Vermelho RV-02a PONTO LOCALIZAÇÃO JA-01 LÂMINA PETROGRÁ A.Q. ROCHA FICA TOTAL X - X - X - X - - X - X - X - X - X Granulito X - 1,0 Granulito X - N100W 1,0 Granulito X - Rio Vermelho N75W 1,5 Granulito X - RV-02b Rio Vermelho N75W 1,5 Granulito X - RV-02c Rio Vermelho N75W 1,5 Granulito X - 6058 Rio Vermelho N70W 2,0 Granulito - X FI-18 Farol de Itapuã N80W 0,4 Ortognaisse X - FI-19 Farol de Itapuã N60W 0,9 Ortognaisse X - FI-20 Farol de Itapuã N55W 1,5 Ortognaisse X - 6048 Farol de Itapuã N20W 1,5 Ortognaisse - X 6049 Farol de Itapuã N20W 0,6 Ortognaisse - X 6050 Farol de Itapuã N20W 2,0 Ortognaisse - X 6051 Farol de Itapuã N80E 2,0 Migmatito - X 6354 Farol de Itapuã N11W 0,7 Ortognaisse - X 6355 Farol de Itapuã N11W 0,3 Ortognaisse - X 6363 Farol de Itapuã N12W - Migmatito - X 6368 Farol de Itapuã - - Migmatito 22 iii) Estudo Petrográfico; As amostras coletadas na etapa de campo foram enviadas para o Laboratório de Preparação de Amostras do Instituto de Geociências (IGEO) da UFBA para confecção de lâminas delgadas. Foram realizadas cinco lâminas petrográficas dos diques máficos da praia de Jardim de Alah, seis dos diques máficos da praia da Paciência e três dos diques máficos do Farol de Itapuã. O estudo petrográfico foi realizado com o auxilio do microscópio binocular da marca Olympus modelo BX41 do Laboratório de Mineralogia Ótica e Petrografia do IGEO/UFBA e consistiu na identificação e estimativa das principais fases minerais e das relações texturais, que são de fundamental importância na classificação da rocha e estabelecimento de sua seqüência de cristalização. iv) Estudo Geoquímico; O estudo geoquímico foi realizado a partir das análises químicas de rocha total de 14 amostras (5 da praia Jardim de Alah, uma da praia da Paciência e 8 do Farol de Itapuã) realizadas por Moraes Brito (1992). O tratamento geoquímico foi realizado utilizando o programa petrológico GCDKit (www.gcdkit.org). v) Elaboração da Monografia Através dos dados adquiridos nos trabalhos de campo, além da petrografia e geoquímica dos diques máficos que ocorrem na orla de Salvador (praias Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã) foi confeccionada a monografia, que consiste no Trabalho Final de Graduação do curso de graduação em Geologia. 23 2. CAPÍTULO II- GEOLOGIA REGIONAL 2.1 GEOLOGIA REGIONAL Os corpos máficos filonianos estão inseridos no contexto do Cráton do São Francisco, na parte sul do Cinturão Salvador-Esplanada, no domínio dos migmatitos e granulitos da Zona Salvador-Conde. 2.1.1 Cráton do São Francisco O Cráton do São Francisco (CSF) engloba as partes mais estáveis dos continentes em que o substrato cristalino não foi envolvido nos processos orogenéticos Fanerozoicos e que se consolidou no pré-Brasiliano, envolvendo os estados da Bahia e Minas Gerais (Figura 2.1). Seu substrato rochoso é constituído de rochas arqueanas e paleoproterozoicas, ambas submetidas às deformações do Ciclo Paleoproterozoico e com metamorfismo variando de xisto verde a anfibolito, chegando a fáceis granulito nas porções do Cinturão ItabunaSalvador- Curaçá e Salvador-Esplanada, onde estão inseridos os diques máficos aqui estudados. Suas coberturas metassedimentares apresentam idades variando desde o Paleoproterozoico até o recente, alojando-se em bacias de ante país, aulacógenos e sinéclises. Bordejando o CSF, Almeida (1977) separou faixas de dobramentos, deformadas durante a orogênese Brasiliana: i) Faixa Araçuaí, cujo limite se encontra aproximadamente entre os estados da Bahia e Minas Gerais; ii) Faixa Brasília; iii) Faixas Rio Preto e Riacho do Pontal e iv) Faixa Sergipana (Figura 2.1). 24 Figura 2.1: Mapa Geológico do Cráton do São Francisco destacando as faixas orogênicas móveis. (BIZZI et al., 2001). 25 O Cráton do São Francisco é constituído por rochas pré-cambrianas e coberturas fanerozoicas, a saber: Complexo gnáissico-migmatítico, de idade paleo a mesoarqueana, que aflora na região de Caetité, Paramirim e Riacho de Santana. Foi cartografado por Arcanjo et al. (2000) sendo constituído por ortognaisses e migmatitos leucocráticos. Sequências vulcanossedimentares do tipo greenstone belts, apresentando idades arqueanas a paleoproterozoicas. No estado da Bahia estão preservadas 16 greenstone belts e sequências similares distribuídas nos terrenos granito-greenstone dos principais núcleos crustais desse cráton: i) Bloco Gavião, ii) Serrinha e iii) Uauá. Essas assembléias mostram-se intensamente deformadas com metamorfismo variando da fáceis xisto verde a anfibolito (BARBOSA et al. 2012). Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, de idade Paleoproterozoica, composto basicamente de tonalitos e charnockitos, com enclaves máfico-ultramáficos e, mais raramente, supracrustais (BARBOSA et al. 2012). Coberturas plataformais constituídas de rochas siliciclasticas com idade Paleo/Mesoproterozoicas do Supergrupo Espinhaço e por rochas carbonáticas Neoproterozoicas do Supergrupo São Francisco (BARBOSA et al. 2012). Coberturas Fanerozoicas representadas na área de estudo pela Formação Barreiras composta por arenitos mal selecionados, com baixa maturidade textural e mineralógica, apresentando intercalações argilosas e conglomeráticas (BARBOSA et al. 2012). 2.1.2 Cinturão Salvador-Esplanada Localiza-se na região nordeste do Cráton São Francisco, faixa costeira que inclui as cidades de Salvador-Esplanada adentrando o estado de Sergipe (BARBOSA&DOMINGUEZ, 1996) (Figura 2.2). Oliveira Júnior (1990) subdividi-o em dois domínios tectônicos: i) O primeiro, ocupando o extremo oeste do cinturão, foi subdividido em: a) milonitos da Zona Aporá-Itamira e b) Suíte Granitoide Teotônio- Pela Porco. ii) O segundo, situado próximo à costa atlântica, compreende os migmatitos e granulitos da Zona Salvador-Conde. 26 Figura 2.2: Mapa de localização do Cinturão Salvador Esplanada. Modificado de Barbosa et al. (2012) 27 a) MILONITOS DA ZONA APORÁ-ITAMIRA Nessa zona predominam milonitos retrógrados. No entanto, são cartografados migmatitos com estruturas dobradas, sclieren e estromática e, rochas pouco afetadas pela milonitização onde é possível o reconhecimento do possível protólito (granitóides) (MEHNERT 1968 apud BARBOSA et al. 2012). Essas rochas cisalhadas encontram-se recristalizadas com porfiroclastos de feldspatos sigmoidais que evidenciam movimentos sinistrais. Considera-se que migmatitos e granitóides mais antigos foram transformados em protomolonitos e augen-milonitos nas partes menos deformadas. Nos ultramilonitos é possível se observar boudins e bandas de anfibolitos além de bandas quartzo-feldspáticas intercaladas. Por vezes, veios de quartzo e pegmatitos aparecem atravessando essas bandas. Oliveira Júnior (1990) mostrou que os processos de deformação foram acompanhados de retrometamorfismo, notando-se que nas partes de cisalhamento menos intenso as paragêneses são da fáceis anfibolito e, nas partes de cisalhamento mais intenso, são da fáceis xisto-verde (BARBOSA et al. 2012). b) SUÍTE GRANITÓIDE TEOTÔNIO- PELA PORCO Composta por monzogranitos e quartzo-monzogranitos deformados, metamorfisados tanto na fáceis anfibolito (região do Conde) quanto na fáceis granulito (região de Salvador). Silva et al. (2002) identificaram no granito leucocrático, através do método U-Pb (SHRIMP) em zircão, uma paragênese plutônica remanescente (núcleos nos zircões com idade de cristalização 207 Pb/206Pb de 2.924±25Ma) e outra protomilonítica (bordas dos cristais de zircão com idades de 1.926±25Ma, que podem estar ligadas à milonitização). Silva Filho et al. (1977) realizaram datação Rb-Sr em granito leucocrático dessa Suíte e encontraram idade de 1750±90Ma correlacionável com o processo de milonitização. 28 iii) MIGMATITOS E GRANULITOS DA ZONA SALVADOR-CONDE A região de Salvador, situada ao sul da zona Salvador-Conde, teve suas rochas classificas por Fujimori (1968), Fujimori & Allard (1966), Sighinolf & Fujimori (1974), Fujimori & Fyfe (1984) e Fujimori (1988), como granulitos ácidos e básicos, incluindo metabasitos e charnockitos. É possível observar que as rochas da cidade apresentam uma história geológica evolutiva complexa, com diversidade de litotipos de alto grau, amplamente deformados de modo polifásico, tanto no estado rúptil quanto no dúctil, frequentemente cortados por corpos monzo-sienograníticos e diques máficos, todos com dimensões métricas a decamétricas (BARBOSA et al. 2012). Trabalhos recentes (BARBOSA & SOUZA 2007, BARBOSA et al. 2005, CRUZ 2005, SOUZA 2009, OLIVEIRA 2010) identificam no embasamento de Salvador: i) granulitos paraderivados, onde estão incluídos os granulitos alumino-magnesianos, granitos granadíferos, granulitos básicos e quartzitos; ii) enclaves de granulitos ultramáficos e máficos (OLIVEIRA 2010 apud BARBOSA et al. 2012); iii) granulitos ortoderivados, compostos de granulitos tonalíticos, granulitos charnoenderbíticos, granulitos monzo-charnockíticos e granulitos quartzo- monzodioríticos; iv) corpos e veios monzo-sienograníticos; e v) diques máficos, metamórficos e não-metamórficos (BARBOSA et al. 2012). Segundo Fujimori (1988), a granulitização atingiu o seu pico nas condições de 7,5-9kbar e 840-900ºC. O clímax metamórfico está caracterizado pela presença de biotita vermelha, ortopiroxênio, plagioclásio e clinopiroxênio, todos em equilíbrio. A etapa regressiva é marcada por minerais secundários, como biotita, piroxênios e opacos. Na região de Conde, situada ao norte da Zona Salvador-Conde, são encontrados migmatitos, gnaisses, granitóides e anfibolitos, contendo relíquias de granulitos (BARBOSA et al. 2012). 2.1.3 Granulitos da Região de Salvador Os granulitos ortoderivados de Salvador foram estudados por Souza (2009, 2013) e Souza & Barbosa (2011) e, apesar de apresentarem características macroscópicas e mineralógicas muito semelhantes, foram subdivididos em granulitos tonalíticos, granulitos charnoenderbíticos, granulitos monzocharnockíticos e granulitos quartzo-monzodioríticos. Os granulitos tonalíticos afloram principalmente entre o Porto da Barra e a Praia da Paciência, são leucocráticos, às vezes, mesocráticos quando ricos em piroxênios apresentam textura xenoblástica à granoblástica, às vezes poligonal. São 29 constituídos essencialmente por plagioclásio, quartzo, ortopiroxênio, clinopiroxênio e mesopertita além de opacos, em geral a magnetita. Como constituintes menores apresentam a apatita e o zircão. A biotita é produto de retrometamorfismo, ocorrendo sempre nas bordas dos piroxênios e dos opacos. Os granulitos charnoenderbíticos são predominantes no Alto de Salvador, são leucocráticos, com textura granoblástica fina à média. Praticamente todos os minerais apresentam extinção ondulante, considerada como resultado de deformação pós-pico metamórfico. É constituída essencialmente por plagioclásio antipertítico, quartzo, mesopertita ou microclina pertítica, ortopiroxênio e clinopiroxênio. Como minerais secundários apresenta biotita vermelha e hornblenda verde, que se situam ao redor dos cristais de plagioclásio antipertítico ou ao lado dos cristais de piroxênios e de opacos, sendo nesse caso interpretadas como resultantes de retrometamorfismo. Os granulitos monzocharnockíticos afloram nas praias de Jardim de Alah e Costa Azul. São holo a leucocráticos, com textura xenoblástica a granoblástica. Apresentam como minerais principais plagioclásio, quartzo, mesopertita, clinopiroxênio e ortopiroxênio. Na maioria das lâminas, os clinopiroxênios juntamente com os ortopiroxênios formam a paragênese que caracteriza metamorfismo de alto grau. Como acessórios, a apatita é a mais frequente, mas biotita e hornblenda também aparecem como produto de retrometamorfismo. Os granulitos quartzo-monzodioríticos são encontrados em uma pedreira desativada no bairro de Santa Mônica, no túnel da Avenida Luís Eduardo Magalhães e na Praia de Amaralina. São rochas leuco a mesocráticas, com textura xenoblástica a granoblástica média, constituídas essencialmente por plagioclásio, ortopiroxênio, microclínio, quartzo, hornblenda verde e clinopiroxênio, além de opacos frequentes. Como constituintes menores, apresenta apatita e zircão. A hornblenda e a biotita são interpretadas como produtos do retrometamorfismo. 30 3. CAPÍTULO III- GEOLOGIA LOCAL Neste capítulo serão detalhados os diques máficos que ocorrem nas praias Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã nos aspectos de campo, caracterizando as relações de contato com as encaixantes, determinação de espessuras, direção preferêncial, bem como o registro petrográfico destas características, quando possível. 3.1 DIQUES MÁFICOS DE SALVADOR As rochas de Salvador são cortadas por pelo menos duas famílias de corpos filonianos máficos (BARBOSA et al. 2012). A primeira, mais jovem, pertence à Província Litorânea e ocorre tanto na orla marítima de Salvador (FUJIMORI & ALLARD 1966, FUJIMORI 1968, TANNER DE OLIVEIRA & CONCEIÇÃO 1982, FARIAS & CONCEIÇÃO 1985, MESTRINHO et al. 1988, MORAES BRITO 1992, CÔRREA-GOMES 1992, CÔRREA-GOMES et al. 1996) quanto no seu interior (MORAES BRITO 1992, CÔRREA GOMES 1992, BARBOSA et al. 2005). É composta de diques não deformados, toleíticos, pretos, finos, tabulares e verticais, mas podem mergulhar até 50º, possuindo idade de 960Ma (TRINDADE, comunicação verbal). A segunda família, pertencente à Província Salvador, é representada por um conjunto de diques metamorfisados, calcialcalinos, tabulares no centro e boudinados nas bordas, subverticais a verticais, com colocação em torno de 1,5Ga (método K-Ar), no mesoproterozoico (MASCARENHAS et al. 1986). Trabalhos de mapeamento geológico mais recentes, na escala 1:30 000 estão sendo realizados em Salvador (BARBOSA & SOUZA 2007, BARBOSA et al. 2005, CRUZ 2005, SOUZA 2009, OLIVEIRA 2010, CARRILHO 2013, ALVES 2013), permitindo detalhamento das encaixantes e dos diques máficos. Trabalhos recentes dos diques máficos de Salvador abordando aspectos petrográficos foram realizados por Cruz ET al. (2011) e Cruz & Menezes Leal (2012). 31 3.2 PRAIA JARDIM DE ALAH Localizada no bairro do Costa Azul, a praia Jardim de Alah encontra-se situada na porção central da área (Figura 3.1), apresentando diques máficos encaixados em rochas granulíticas monzocharnockíticas (ALVES, 2013). Figura 3. 2 A) Mapa da orla de Salvador e B) Mapa de localização da praia Jardim de Alah, Salvador A figura 3.2 mostra o mapa geológico da praia de Jardim de Alah (ALVES, 2013) destacando as principais unidades geológicas cartografadas: granulitos aluminomagnesianos e granulitos monzocharnockíticos do Arqueano/Paleoproterozoico; monzosienogranito e diques máficos do Paleoproterozoico e os sedimentos recentes do 32 Terciário/Quaternário. Os diques máficos, objeto de estudo, estão encaixados em rochas monzocharnockíticas. 33 Figura 3. 2 Mapa geológico da praia de Jardim de Alah, Salvador-Ba. (ALVES, 2013) . 34 Os diques máficos possuem coloração variando de preta a preta esverdeada, com espessuras que variam de centímetros a metros, com o maior deles apresentando aproximadamente 19m (Fotos 3.1 e 3.2). São finos a afaníticos, possuem contatos retos com a encaixante granulítica monzocharnockítica (ALVES, 2013) (Foto 3.3), outras vezes, apresentam-se misturado com diques félsicos. Mostram-se, algumas vezes, cortados por fraturas e falhas com movimentos sinistral e dextral, e também por veios graníticos (Foto 3.4). Foto 3.1 Dique máfico com espessura média de 70 centímetros. Praia de Jardim Foto 3.2 Dique máfico com espessura aproximada de 18m. Praia Jardim de Alah. de Alah. Foto 3.3 Contato reto entre dique máfico Foto 3.4 Dique máfico cortado por veio (lado direito) e encaixante granulítica (lado granítico. Praia Jardim de Alah. esquerdo). Praia Jardim de Alah. Em campo foi possível observar, na porção central do afloramento (Figura 3.2), duas direções de diques máficos: uma N-S com espessura aproximada de 1,4m e outra E-W com espessura aproximada de 0,8m (Foto 3.5). 35 Foto 3. 5 Esquema de localização das duas direções de diques máficos da Praia de Jardim de Alah: (1) N-S e a outra (2) E-W. 3.3 PRAIA DA PACIÊNCIA Localizada no bairro do Rio Vermelho, porção oeste da área de estudo (Figura 3.3), essa praia apresenta diques máficos intensamente deformados e boudinados, tornando difícil a sua separação dos enclaves dentro das rochas granulíticas do tipo toleíticas (SOUZA 2009, SOUZA 36 2013). Não existe na literatura mapa geológico da praia da Paciência onde os diques máficos estão presentes. Figura 3. 3 A) Mapa da orla de Salvador e B) Mapa de localização da Praia da Paciência, Salvador. Fonte: Google Earth, 2013 Os diques máficos possuem coloração acinzentada, espessuras que chegam até cerca de um metro (Foto 3.6), contatos curvos a sinuosos (Foto 3.7) e granulometria fina a afanítica. É possível observar também feições de misturas de magmas máficos e félsicos (Foto 3.8). 37 Foto 3.6 Dique máfico com espessura de aproximadamente 1m. Praia da Paciência. Foto 3.7 Contatos curvos dique máfico/ dique félsico. Praia da Paciência Foto 3.8 Feições de mistura de magmas máfico e felsico. Praia da Paciência. 38 3.4 PRAIA DO FAROL DE ITAPUÃ A praia do Farol de Itapuã, localizada no bairro de Itapuã, encontra-se no extremo leste da área (Figura 3.4). Foram identificados três corpos principais aflorando na porção central da área (Figura 3.5) (CARRILHO, 2013), um mais velho e dois mais novos, ambos afaníticos a faneríticos muito finos. Figura 3.4 A) Mapa da orla de Salvador e B) Mapa de localização da praia do Farol de Itapuã, Salvador. Fonte: Google Earth, 2013 A figura 3.5 mostra o mapa geológico da praia do Farol de Itapuã (CARRILHO, 3013) onde são cartografados as seguintes unidades geológicas, da mais antiga para a mais recente: ortognaisse, migmatito diatexitico paraderivado com e sem granada, granodioritos, 39 granitóides, diques e encraves máficos e rochas carbonáticas, terrígenas e sedimentos recentes. Os diques máficos, objeto de estudo, estão encaixados em rochas ortognaissicas e migmatíticas. 40 Figura 3.5 Mapa geológico Farol de Itapuã identificando (em verde) três corpos principais na porção central da área. (CARRILHO, 2013) 41 O dique mais velho possui direção aproximadamente N-S e espessura em torno de 2m, o contato com as encaixantes (ortognaisses e migmatitos) é brusco e irregular (Foto 3.9), o contato com diques félsicos que por vezes truncam os máficos também é irregular, mas podem ser igualmente difusos e/ou bruscos (Foto 3.10). Foto 3.9 Dique máfico de espessura aproximada de 1,3m e apresentando contatos bruscos e retos com o ortognaisse. Praia do Farol de Itapuã. Foto 3.10 Diques felsicos truncando o dique máfico. Praia do Farol de Itapuã Os dois diques de geração mais nova, com direções em torno de N320º e N340º, tem espessuras em torno de 0,4 e 1,5m respectivamente. Suas encaixantes correspondem a granodioritos, ortognaisses e migmatitos, e seus contatos são em geral retos e bruscos. 42 4. CAPÍTULO IV – PETROGRAFIA Neste capítulo será apresentado o estudo petrográfico dos diques máficos realizada em 14 lâminas petrográficas (5 da praia Jardim de Alah, 6 da praia da Paciência e 3 da praia do Farol de Itapuã. Durante as análises petrográficas foram observadas características como relações de contato, granulometria, feições de alterações, que ajudaram no processo de descrição das mesmas. A seguir estão às definições das principais características petrográficas observadas (e.g. SIAL & MCREATH, 1984; WERNICK, 2004; WINTER, 2009): Texturas - Ofítica: ripas de plagioclásio englobadas por grandes cristais de piroxênio - Subofítica: ripas de plagioclásio envolvendo cristais de piroxênio - Intergranular: pequenos cristais de piroxênio, olivinas, produtos de alteração, preenchendo os interstícios entre as ripas de plagioclásio. Processos de Alteração - Saussuritização: alteração do plagioclásio para minerais de epídoto e saussurita. - Sericitização: alteração hidrotermal do feldspato, produzindo sericita. - Uralitização: alteração deutérica de piroxênio para anfibólio, devido à entrada de água numa temperatura moderada. Granulometria - Muito fina (≤ 0,1mm); Fina (0,1mm – 1mm); Média (1mm – 5mm); Grossa (5mm – 20mm) e Muito grossa (≥ 20mm) Tamanho do Cristal - Matriz (≤ 0,1mm); Microfenocristal (0,2mm – 0,5mm); Fenocristal (0,5mm – 2mm); e Macrofenocristal (≥ 2mm) Conteúdo em Fenocristal - Fracamente porfirítica (≤ 5%); Moderadamente porfirítica (5% - 10%) e Fortemente porfirítica (≥10%) 43 As abreviações dos minerais seguiram as recomendações de Kertz (1983), Spear (1093) e Fettes (2007). 4.1 PRAIA DE JARDIM DE ALAH Foram confeccionadas quatro lâminas dos diques máficos (JA-01, JA-01a, JA-01c, JA-02) e uma da encaixante granulítica (JA-03). Foi possível observar que os diques máficos são holocristalinos e apresentam granulometria fina (tamanho máximo de 1 mm) podendo chegar, por vezes, a média. Os cristais estão dispostos em micro (tamanho médio < 0,4 mm) a fenocristais (tamanho médio de 1 mm). Quanto às texturas, há predominância de textura subofítica (Fotomicrografia 4.1) a intergranular e, em menor escala, ofítica. É frequentemente observada também a textura porfirítica (Fotomicrografia 4.2), com fenocristais de plagioclásio (tamanho médio de 0,7 mm), piroxênio (tamanho médio de 0,5 mm) e olivina (tamanho médio de 0,5 mm), dispersos em uma matriz fanerítica muito fina a afanítica, constituída essencialmente por plagioclásio e piroxênio. Fotomicrografia 4.1 Textura sub-ofitica. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Amostra JA-02 Fotomicrografia 4.2 Textura porfirítica com matriz fina a afanítica. Sem analisador. Aumento 25X. Amostra JA-01 A associação mineralógica dos fenocristais é constituída por plagioclásio (ocupa cerca de 20% do volume total), piroxênio (10% do volume total) e olivina (5% do volume total). A matriz, que pode chegar até 80% do volume total da rocha, é constituída por plagioclásio, piroxênio, olivina e minerais opacos. Os cristais de plagioclásio ocupam cerca de 20% da rocha, com dimensões variando de 0,3 a 1,5 mm, quando fenocristais, e 0,2 mm quando presentes na matriz. Apresentando-se, de modo geral, como ripas subédricas a euédricas. Possuem contatos retos entre si e curvos com os piroxênios. Além disso, apresentam-se geminados segundo a lei albita e albita- Carlsbad, com suas 44 lamelas completas, parciais, ausentes ou em formato de agulhas (Fotomicrografia 4.3). Pelo método Michel-Levy (KERR, 1959) foi possível determinar suas composições referentes à variação andesina-labradorita (An 60-41%). Os piroxênios ocupam cerca de 10% do volume total da rocha e foram classificados como augita, apresentando granulometria variando de 0,5 a 1,5 mm. Os cristais de augita apresentam-se microfraturados e são caracterizados pelo seu relevo médio, são anedrais a subeudrais e geralmente são circundados por plagioclágios, gerando a textura subofítica. Podem também, de forma subordinada, aparecer englobando os plagioclásios, gerando a textura ofítica (Fotomicrografia 4.4). Os cristais de olivina ocupam cerca de 5% do volume total da rocha, possuem tamanho médio de 0,8 mm quando fenocristais e 0,2mm quando presentes na matriz. Apresentam-se anedrais ou arredondados (Fotomicrografia 4.5). 45 Fotomicrografia 4.3 Ripas de plagioclásio com lamelas completas, parciais, ausentes ou em formato de agulhas. Polarizadores Cruzados. Aumento 25X. Amostra JA-02 Fotomicrografia 4.4 Textura sub-ofitica. Polarizadores Cruzados. Aumento 25X. Amostra JA-02 Fotomicrografia 4.5 Cristal de olivina (Ol) circundado por matriz afanítica. Presença de cristais de plagioclásio (PL) Polarizadores Cruzados. Aumento 25X. Amostra JA-01 A amostra JA-01c, representativa do contato com a encaixante, mostra a gradação da matriz afanítica para a fina a média que se afasta desse contato (Fotomicrografia 4.6). As amostras JA-03, JA-01c, JA-01 e JA-02 representam a migração da borda para o centro do dique (Fotomicrografias 4.6 e 4.7). 46 Foto 4.6 Mosaico mostrando a gradação da matriz afanítica (B) junto à encaixante (A) para matriz fina (C) mais para o centro do dique. Polarizadores Cruzados. Aumento 25X. Amostra JA-01c. Centro do Dique Encaixante Granulítica 47 Fotomicrografia 4.7 Contato entre dique máfico e encaixante granulítica. Polarizadores Cruzados. Aumento 25X. Amostra JA-01c. A rocha encaixante granulítica (Fotomicrografias 4.8 e 4.9) é composta por piroxênio (80% do volume total), quartzo (9% do volume total), biotita (5% do volume total), opacos (4% do volume total) e plagioclásio (2% do volume total). Fotomicrografia 4.8 Encaixante granulítica. Sem analisador. Aumento 25X. Amostra JA-03. Fotomicrografia 4.9 Encaixante granulítica com presença de oito e clinopiroxênio e biotita. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Amostra JA-03. 4.1.1 Ordem de Cristalização As relações texturais indicam a seguinte ordem de cristalização: olivina – plagioclásio (labradorita-andesina) – augita – minerais opacos 48 4.2 PRAIA DA PACIÊNCIA Foram confeccionadas seis lâminas, RV- 01a, RV-01b, RV-01c, RV-02a, RV-02b, RV03c, de granulometria média (tamanho máximo de 1,5 mm), constituídas por micro a fenocristais e apresentando textura subofítica a intergranular. A associação mineralógica é formada por plagioclásio (45%), piroxênio (35%), anfibólio (10%), biotita (5%) e minerais opacos (5%) (Fotomicrografia 4.10). Fotomicrografia 4.10 Representação dos piroxênios (Paz), anfibólios (An) e plagioclásios (PL) com granulometria média. Sem analisadores. Aumento 25X. Amostra RV02a. Os plagioclásios ocupam cerca de 45% do volume total da rocha com granulometria média de 1,5 mm. Ocorrem prodominantemente como fenocristai, sob formas de ripas euédricas a subédricas (amostras RV-02a, b, c) ou como grãos arredondados nas amostras mais deformadas (RV-01a, b, c). Apresentam-se aglomerados (Fotomicrografia 4.11) e possuem contatos retos, curvos ou bordas corroídas entre si, enbaiados com os piroxênios e anfibólios e curvos com as biotitas. Pelo método Michel-Levi o teor de Na encontra-se em cerca de 15%, tratando-se então de um Oligoclásio. Nas amostras RV-02a, b e c os cristais de plagioclásio apresentam geminação albita e albita-Carlsbad, com lamelas completas, parciais ou sob a forma de agulhas. Com grãos microfraturados (Fotomicrografia 4.12). 49 Fotomicrografia 4.11 Glômeros de plagioclásio com geometria deforme. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Amostra RV-02b. Fotomicrografia 4.12 Plagioclásio com geminação polis sintética em forma de agulha. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Amostra RV-02c. Os piroxênios estão presentes em todas as amostras, ocupando cerca de 35% do volume total da rocha. Foram classificados como augita e correspondem à macro ou fenocristais. O anfibólio, nas amostras RV-01a, b e c encontra-se disperso ou associado a biotitas. Já nas amostras RV-02a, b e c ocorre nas bodas dos piroxênios, caracterizando a uralitização. Apresenta coloração esverdeada, anédrico e é caracterizado como hornblenda (Fotomicrografias 4.13 e 4.14). Fotomicrografia 4.13 Hornblenda associada à biotita ou dispersa. Sem analisador. Aumento 100X. Amostra RV-01a Fotomicrografia 4.14 Hornblenda (Hb) nas bordas dos piroxênios (Pyr). Sem analisador. Aumento 100X. Amostra RV-02c Os cristais de biotita ocupam 5% do volume total da rocha, encontram-se sob a forma de grãos subédricos a anédricos e podem aparecer ou não associados à hornblenda nas amostras RV01a, b e c. Os minerais opacos ocupam cerca de 4% do volume total da rocha. Apresentando-se na forma de micro a fenocristais, com formas subédricas a anédricas. 50 4.2.1 Ordem de Cristalização As relações texturais indicam a seguinte ordem de cristalização: plagioclásio – augita – minerais opacos – hornblenda (fase secundária) – biotita (fase secundária) 4.3 PRAIA DO FAROL DE ITAPUÃ Foram confeccionadas três lâminas dos diques máficos, a saber, FI-18, FI-19, FI-20. Apresentam granulometria fina (com tamanhos médios de 0,9mm), podendo chegar à média, com os cristais dispostos em micro e fenocristais. Quanto às texturas, há predominância de texturas ofítica e sub-ofítica e, fracamente porfirítica (com fenocristais de plagioclásio apresentando tamanho médio de 1,5mm, dispersos em uma matriz muito fina a afanítica constituída essencialmente por plagioclásio e piroxênio), apresenta também textura intergranular (Fotomicrografias 4.15, 4.16 e 4.17). 51 Fotomicrografia 4.15 Textura fraca,mente porfirítica Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Amostra FI-19 Fotomicrografia 4.16 Textura ofítica. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Amostra FI-18 Fotomicrografia 4.17 Textura sub-ofítica. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Amostra FI-18 A associação mineralógica total é constiuída por plagioclásio (60% do volume total), piroxênio (28% do volume total), opacos (10% do volume total) e biotita (2% do volume total). Sendo que destes somente os plagioclásios correspondem a fenocristais. Os cristais de plagioclásio ocupam cerca de 60% da amostra. Quando presentes em fenocristais apresentam-se sussuritizados e com granulometria variando entre 2.4 mm e 0,9mm, mostram-se subarredondados a arredondados e geminados segundo a lei da albita e albita-Carlsbad (Fotomicrografia 4.18). Possuem, não raramente, parcialmente saussuritizados. Não foi possível determinar suas composições referentes ao teor de An pelo método Michel-Levi (KERR, 1959). Por outro lado, na matriz os cristais de plagioclásio apresentam tamanho médio em torno de 52 0,375mm, em ripas subédricas a euédricas (Fotomicrografia 4.19). Possuem contatos curvos e retos com a matriz e entre si. Fotomicrografia 4.18 Fenocristal de plagioclásio em matriz fina. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Amostra FI-18 Fotomicrografia 4.19 ripas subédricas e euédricas de plagioclásio. Polarizadores cruzados. Aumento 25X. Amostra FI-18 Os piroxênios ocupam cerca de 18% do volume total, apresentam granulometria fina de 0,2mm, pertencendo à matriz. Apresentam contatos retos e curvos com os fenocristais de plagioclásio e entre si. Podem aparecer englobando ou sendo englobados pelos plagioclásios, gerando, respectivamente, as tetxuras ofítica e sub-ofítica. Pelas características óticas determinadas trata-se de augita (Fotomicrografia 4.17). Os minerais opacos ocupam 10% do volume total, com granulometria fina de 0,2mm e apresentando contatos curvos e retos com os piroxênios, as biotitas, os plagioclásios da matriz e dos fenocristais. As biotitas apresentam granulometria média de 0,1mm, geralmente em contato com os opacos, estando localizadas em suas bordas (Fotomicrografia 4.20). Fotomicrografia 4.20 .Biotitas (Bt) associadas ao opacos. Polarizadores cruzados. Aumento 100X. Amostra FI-18 53 4.3.1 Ordem de Cristalização As relações texturais indicam a seguinte ordem de cristalização: plagiocásio – augita – minerais opacos – biotita (fase secundária) 54 5. CAPÍTULO V – GEOQUÍMICA PRELIMINAR Neste capítulo será realizado o tratamento geoquímico dos diques máficos utilizando os elementos maiores e traço. Este tratamento possibilitará identificar, classificar e determinar preliminarmente o comportamento da evolução magmática dessas rochas através de diagramas binários (HARKER, 1909; COX ET a., 1979; LEBAS ET al., 1986) e ternários (IRVNE & BARAGAR, 1971; WINCHESTER & FLOYD, 1977; PEARCE & NORRY, 1979). Para isto, serão utilizadas as análises químicas dos diques máficos das praias de Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã do trabalho de Moraes Brito (1992) (Tabela 5.1). Devido ao número reduzido de análises químicas (5 análises dos diques máficos da praia de Jardim de Alah, 1 análise química da praia da Paciência e 8 análises químicas da praia do Farol de Itapuã), o tratamento dos dados foi realizado em conjunto. Por termos apenas uma amostra do dique máfico da praia da Paciência não serão feitas interpretações em relação ao comportamento geoquímico deste. 5.1 CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA Para a classificação e nomenclatura foram utilizados os diagramas sílica versus álcalis total (TAS) (COX et al., 1979), A (Na2O + K2O) – F (FeOt) – M (MgO) (IRVINE & BARAGAR, 1971) e Log Nb/Y versus Log Zr/TiO2 (WINCHESTER & FLOYD, 1977). O diagrama TAS, proposto por Cox et al. (1979), foi recomendado pela Subcomissão de Sistemática de Rochas Ígneas como um esquema classificatório internacionalmente aceito para todas as rochas vulcânicas. Para seu uso, todos os óxidos de elementos maiores foram normalizados para 100%, em base anidra. Na Figura 5.1, observa-se que os diques máficos das praias de Jardim de Alah e duas amostra de Farol de Itapuã plotam no campo dos basaltos. As outras amostras dos diques máficos da praia do Farol de Itapuã plotam no campo dos traqui-andesitos. As razões álcalis/sílica mostram-se então de baixa (Jardim de Alah e Farol de Itapuã amostras 6048, 6049, 6050 e 6051) a médias (demais amostras do Farol de Itapuã). 55 Tabela 5.1: Análises químicas de elementos maiores (% em peso) e traço (em ppm) dos diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina. P.F. = Perda ao Fogo. Praia Amostra SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 FeO FeOt MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 P.F. mg# Total Cr Ni Rb Ba Sr Nb Zr Y La Ce Praia de Jardim de Alah 6053 44.42 2.74 13.51 3.82 10.6 14.04 0.23 6.87 8.66 2.54 0.71 0.91 3.80 0.33 99.82 6344 48.32 2.68 14.82 0.91 11.32 12.14 0.21 5.76 9.41 2.99 0.59 0.51 1.56 0.32 99.08 6345 48.86 2.64 14.98 3.58 8.79 12.01 0.21 5.52 9.51 2.99 0.51 0.48 1.01 0.31 99.08 6346 46.16 2.51 13.29 2.78 9.94 12.44 0.23 6.48 10.04 2.61 0.41 0.3 4.72 0.34 99.47 6348 48.73 2.58 15.14 1.76 11.18 12.76 0.20 5.71 9.56 3.03 0.52 0.49 1.19 0.31 100.09 63 108 23 537 302 21 187 44 36 76 114 48 20 243 282 22 185 46 25 51 95 57 17 271 284 21 177 39 28 39 164 55 23 187 284 23 183 46 22 38 107 51 20 271 286 21 178 44 25 41 Praia da Paciência Elementos Maiores 6058 6048 6049 58.28 49.83 49.68 1.85 2.22 2.37 15.09 15.06 14.45 2.32 3.13 4.29 5.90 9.75 9.33 7.99 12.57 13.19 0.11 0.18 0.20 2.36 4.10 4.24 5.31 8.24 8.01 2.92 2.83 2.74 3.70 1.23 1.23 0.83 0.43 0.38 1.07 1.93 2.03 0.23 0.35 0.34 99.38 98.92 98.97 Elementos Traço 10 97 101 18 50 49 88 32 33 2016 607 621 482 371 358 40 14 13 350 143 143 58 31 32 77 29 29 161 66 72 Praia do Farol de Itapuã 6050 44.23 1.46 23.98 1.74 8.86 10.43 0.16 5.01 8.27 2.04 0.39 0.16 2.73 0.32 99.02 6051 56.27 2.01 14.81 1.56 6.65 8.05 0.11 3.97 4.87 2.41 4.54 0.63 1.44 0.33 99.26 6354 57.35 2.12 14.89 1.34 6.00 7.21 0.10 3.56 4.28 3.82 3.56 0.55 2.47 0.33 100.04 6355 57.15 2.22 15.37 0.86 6.24 7.01 0.09 3.67 4.63 3.42 4.36 0.61 1.35 0.34 99.97 6363 55.49 1.96 15.18 1.34 6.47 7.68 0.11 4.38 5.19 3.12 4.70 0.56 1.52 0.36 100.02 6368 56.66 2.01 15.40 0.94 6.12 6.97 0.10 3.74 4.76 3.34 4.77 0.56 1.60 0.35 100.0 135 65 17 262 262 9 85 25 15 47 37 37 112 1812 546 43 291 38 55 118 35 32 94 1656 430 43 316 34 52 86 44 37 120 1414 574 48 334 33 56 88 63 43 185 1349 569 41 292 32 47 80 41 26 134 1293 582 46 273 33 53 79 56 Nd n.a. 32 27 26 24 n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. 43 40 39 36 57 Figura 5. 7 Figura 5.1: Diagrama de classificação SiO2 versus álcalis (TAS) (COX et. al., 1979) para os diques máficos das praias de Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã. O diagrama da Figura 5.2 mostra a classificação e nomenclatura baseada nos elementos Nb/Y versus Zr/TiO2 * 0, 001 (Winchester & Floyd 1977), no qual as amostras dos diques máficos das praias de Jardim de Alah e parte dos diques máficos da praia do Farol de Itapuã (amostras 6048 e 6049) plotaram no campo dos basaltos sub-alcalinos. As outras amostras do Farol de Itapuã plotam no campo dos basaltos alcalinos, confirmando o comportamento determinado no diagrama SiO2 versus álcalis (COX et al., 1979). 58 Figura 5. 8 Diagrama Nb/Y versus Zr/TiO2 de Winchester & Floyd (1977) para os diques máficos das praias de Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã. Símbolos como na figura 5.1 No diagrama AFM (Figura 5.3), as amostras de diques das praias de Jardim de Alah e as amostras 6048 e 6049 da praia do Farol de Itapuã seguem o trend da suíte toleítica do Havaí, destacando um enriquecimento em FeOt em relação ao MgO, típica de suítes evoluídas a baixa fO2. Já as outras amostras da praia do Farol de Itapuã seguem o trend cálcio-alcalino, com tendência no enriquecimento de álcalis. 59 Figura 5. 9 Diagrama A (Na2O + K2O), F (FeOt), M (MgO), segundo Irvine & Baragar (1971) para os diques máficos da Praia de Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã. Símbolos como na figura 5.1 5.2 AMBIÊNCIA TECTÔNICA O ambiente tectônico para as rochas filoneanas foi definido pelo diagrama Pearce & Norry (1979) que relaciona Zr versus Zr/Y (Figura 5.4), e mostrou que todos os diques máficos das praias de Jardim de Alah e Farol de Itapuã são basaltos intraplaca, exceto por uma amostra do Farol de Itapuã que é basalto de fundo oceânico. 60 Figura 5. 10 Diagrama Zr versus Zr/Y de Pearce & Norry (1979) para os diques máficos das praias de Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã. Símbolos como na figura 5.1 5.3 COMPORTAMENTO GEOQUÍMICOS DOS ELEMENTOS MAIORES E TRAÇO Para a análise da evolução magmática dos filões máficos das praias de Jardim de Alah e Farol de Itapuã foram feitos diagramas binários (HARKER, 1909) que permitiram analisar o comportamento dos elementos maiores e traço em relação ao magnésio (MgO), utilizado como índice de evolução. Por termos apenas uma amostra do dique máfico da praia da Paciência não serão feitas interpretações em relação ao comportamento dos elementos com a evolução magmática. Os valores de MgO são inversamente proporcionais à evolução magmática, ou seja, à medida que vai diminuindo a concentração de magnésio, maior é o fracionamento do magma. Em Jardim de Alah os teores de MgO variaram de 5,52 % a 6,87 %, e os valores de SiO2 entre 44,42 % a 48,86 %, enquanto que para os diques máficos da praia do Farol de Itapuã os teores de MgO foram de 3,56% a 5,01% e SiO2 entre 44,23% a 57,35% (Tabela 5.1), comprovando o que foi dito no AFM. 61 A partir da análise dos elementos maiores de acordo com os diagramas binários Harker (1909) (Figura 5.5), percebeu-se que os diques máficos da praia de Jardim de Alah e as duas Amostras do Farol de Itapuã (6048 e 6049) que apresentam valores de MgO menores, são mais primitivas que as demais do Farol de Itapuã, pois apresentam valores de MgO mais elevados. Observa-se, de modo geral, para os diques máficos das praias estudadas (Jardim de Alah e Farol de Itapuã) um aumento de SiO2 com o fracionamento magmático (diminuição de MgO), sendo que para os filões máficos do Farol de Itapuã ocorre um aumento pronunciado (de 44,23% a 57,35%) em relação aos do Jardim de Alah (de 44,42% a 44,86%). O mesmo comportamento é observado para os teores de K2O e Na2O. O CaO e FeOt apresentam um decréscimo de seus teores à medida que avança a cristalização e, provavelmente, reflete o comportamento dos cristais de piroxênio e plagioclásio para os diques máficos das praias de Jardim de Alah e Farol de Itapuã. Em relação ao Al2O3 observa-se um comportamento relativamente crescente, com aumento da quantidade de Al2O3 à medida que aumenta o fracionamento magmático. Os teores de TiO2 diminuem com a evolução magmática para as duas praias, enquanto que os teores de P2O5 aumentam com a evolução magmática. 62 Figura 5. 11 Diagrama de variação entre MgO (% em peso) versus óxidos de elementos maiores para os diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina. Símbolos como na figura 5.1. 63 Continuação da Figura 5.5: Quanto aos elementos traço compatíveis, pelo diagrama de variação entre MgO (% em peso) e elementos traço (ppm) (Figura 5.6), observou-se que, em relação aos elementos Cr e Ni, à medida que o MgO diminui há uma tendência desses elementos decrescerem refletindo o comportamento compatível destes durante a evolução magmática, tanto para os filões máficos da praia de Jardim de Alah quanto do Farol de Itapuã. 64 Os elementos incompatíveis Nb, BA, Sr, Zr e Ce aumentam seus teores à medida que ocorre a cristalização confirmando sua incompatibilidade com aumento gradativo de suas concentrações favorecendo aumento no líquido residual. Os teores de Rb mostram dispersos na praia do Farol de Itapuã e relativamente constantes na praia de Jardim de Alah (variando de 17 a 23ppm). 65 Figura 5. 12: Diagrama de variação entre MgO (% em peso) versus elementos traço (ppm) para os diques máficos das praias de Jardim de Alah e Ondina. Símbolos como na figura 5.1. 66 Continuação da figura 5.6 67 lxviii 6. CAPÍTULO VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho foi apresentado o estudo dos aspectos de campo, petrográfico e geoquímico preliminar dos diques máficos não metamórficos das praias de Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã. O tratamento desses dados permitiu fazer as seguintes considerações: - Os diques máficos não-metamórficos das Praias de Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã pertencem a Província Litorânea, encaixados em rochas metamórficas de alto grau que estão inseridas na Faixa Salvador-Esplanada, porção leste do Cráton do São Francisco; - Os aspectos de campo dos diques máficos das praias de Jardim de Alah, Paciência e Farol de Itapuã mostraram que, de forma geral, são de cor preta, finos a afaníticos, tabulares, verticais com contatos retos, curvos a sinuosos com a encaixante e suas espessuras que podem variar de poucos centímetros a até19 m na praia de Jardim de Alah; - Os diques máficos da Praia de Jardim de Alah são porfiríticos, com fenocristais de plagioclásio, augita e olivina, com matriz afanítica a fina de plagioclásio, augita e minerais opacos. Apresentam além da textura porfirítica, a subofítica, intergranular e ofítica. As relações texturais permitiram indicar como ordem de cristalização dos minerais: olivina – plagioclásio – augita – minerais opacos, seguida dos minerais de alteração, provenientes da diminuição da temperatura; - Os diques máficos da Praia da Paciência são compostos por cristais de plagioclásio, augita e minerais opacos e apresentam granulometria média. Apresentam textura subofítica e intergranular. Observou-se o processo de uralitização responsável pela alteração da fase mineral primária (plagioclásio – saussuritização, augita – hornblenda+biotita+minerais opacos). As relações texturais permitiram indicar a seguinte ordem de cristalização dos minerais: plagioclásio – augita – minerais opacos – minerais de alteração (hornblenda, biotita, minerais opacos e saussuritização). - Os diques máficos da Praia Fo Farol de Itapuã são compostos por plagioclásio, augita, minerais opacos e biotita e apresentam granulometria fina podendo chegar à média. Apresentam textura predominantemente textura ofítica e sub-ofítica, mas também a textura fracamente porfirítica e intergranular. As relações texturais permitiram indicar a ordem de cristalização dos minerais: plagioclásio – augita – minerais opacos – biotita (fase secundária). - A geoquímica preliminar dos diques máficos das praias de Jardim de Alah e Farol de Itapuã, permitiu classificá-los como basaltos intraplaca, exceto por uma amostra do Farol de Itapuã que foi classificada como basalto de fundo oceânico. Para a praia de Jardim de Alah, o lxix caráter é tonalítico, enquanto que para os diques da praia do Farol de Itapuã algumas amostras apresentam caráter tonalítico e outras caráter cálcio-alcalino; - O comportamento dos elementos SiO2, Na2O, K2O, Al2O3 e P2O3 aumentam seus teores com a evolução magmática, enquanto que FeOt, CaO e TiO2 mantêm seus valores estáveis ou com leve empobrecimento. Este comportamento caracteriza a cristalização de plagioclásio e piroxênio como fases minerais importantes e está de acordo com o esperado; - Cr e Ni possuem comportamento compatível com a evolução magmática o que sugere a cristalização de olivina (praia de Jardim de Alah) e clinopiroxênio (praia do Farol de Itapuã), enquanto que os elementos HFS (Zr e Nb) e LIL (Ba e Sr) se comportam de forma incompatível, tendo seus teores aumentados no líquido residual, enquanto o Rb apresentou-se disperso. lxx 7. CAPITULO VII – REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ALMEIDA, F. F. O Cráton do São Francisco. Revista Brasileira Geociências. vol. 4: 1977. p. 349-364. ALVES, D.N.O. Aspectos de campo, petrografia e caracterização estrutural dos litotipos do Jardim de Alah, Salvador-Bahia. Monografia de Graduação. IGEO/UFBA, 67p 2013 BARBOSA, J.S.F. & DOMINGUEZ J.M.L. (Eds.). Texto Explicativo para o Mapa Geológico ao Milionésimo. SICM/ SGM, Salvador, (Edição Especial), 1996. 400 pp. BARBOSA, J. S. 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