UNAERP UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO CAMPUS GUARUJÁ SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS 2008 RELACIONAMENTO TERAPÊUTICO ENFERMEIRO PACIENTE PORTADOR DE TRANSTORNO BIPOLAR NA ESF Enf Maria de Fátima Costa Especialista em ESF [email protected] Enf Kátia Jurema do Santos Especialista em ESF [email protected] Enf Ms Carmencita Ignatti Docente de Graduação e Pós Graduação [email protected] RESUMO O Transtorno Bipolar é uma doença que se caracteriza pela alternância de humor em que se alternam episódios de Euforia (mania) e de Depressão, com períodos intercalados de normalidade. Com o passar dos anos os episódios repetem, afetando a qualidade de vida da pessoa e seu núcleo familiar e social de forma crescente, promovendo um comprometimento das relações e estrutura de vida e exigindo dos profissionais de saúde envolvidos, um nível de atenção e orientação específico e adequado. A enfermagem inserida numa equipe multidisciplinar deve assistir o doente de maneira individualizada, levando em consideração as suas limitações físicas, psíquicas e ambientais. Esta pesquisa bibliográfica propõe a reflexão sobre a relação terapêutica entre enfermeiro e paciente portador de transtorno bipolar, apontando a Terapia Comunitária como um instrumento importante no suporte do paciente e seu cuidador, na ESF. Unitermos: Enfermagem Psiquiátrica, Transtorno do Humor Bipolar, Estratégia Saúde da Família, Saúde Mental. Sessão : 1 Apresentação: oral 1. INTRODUÇÃO Durante 14 anos em atividade profissional junto a portadores de transtornos mentais, observou-se que o transtorno bipolar desponta como um dos fenômenos mais interessantes pelo fato de seus portadores agregarem tanto os sintomas maníacos, quanto os depressivos, representando um desafio aos que estão a sua volta e, em especial, aos profissionais que atuam, pois devem estar preparados para assistir de forma integral tanto o indivíduo, quanto seus relacionamentos. De acordo com pesquisas, a literatura sobre o tema é ampla, porém, em se tratando de assistência de saúde e especialmente de enfermagem, é restrita, motivo pelo qual houve interesse para a produção deste artigo. A depressão é uma doença do corpo todo e não só da mente, ela compromete o corpo, o humor e o pensamento. A depressão pode ser compreendida em: depressão maior, por sintomas, distimia, que não é tão grave, mas com sintomas crônicos e ainda transtorno bipolar (antiga PMD: depressão + euforia) (KAPLAN, 2007). O transtorno depressivo maior é o transtorno bipolar, também chamado de transtorno afetivo. A causa é desconhecida, porém há fatores biológico, genético e psicossocial (KAPLAN, 2007). A psicose manico-depressiva, é definida como enfermidade constitucional, essencial hereditária composta por 03 grupos diferentes: estado maníaco, depressivo e misto (WALDOW,1995). Há episódios de euforia (mania) e depressão com intervalos ora agitados ora deprimidos, com aumento ou perda de peso e a presença de três destes sintomas, já diagnostica a depressão. A duração da crise dura 5 a 6 meses, em alguns casos dura dias ou vários anos. No transtorno depressivo, o maior é o transtorno bipolar I, caracterizado por depressão maior ou episódio de hipomania. O humor pode ser normal, elevado ou deprimido. O humor elevado (mania), mostra fuga de idéias, auto-estima elevada e mania de grandeza. O humor deprimido (depressão), dificuldade de concentrar, perda de apetite, pensamentos de morte ou afetivo e suicídio (WALDOW, 1995). Rouquayrol e Almeida (2003) informam que a história da depressão é que é chamado de Transtorno de Humor e de acordo com os dados epidemiológicos, 15% a 25% das mulheres do sexo feminino, têm depressão, por estresse, parto ou hormônios. O transtorno bipolar I pode se iniciar entre 05 a 06 anos ou depois dos 50 anos, este diagnóstico é negativo em pacientes negros. A depressão unipolar é mais freqüente em pessoas que não têm relação interpessoal, ou são divorciadas ou separadas A duração mínima da crise dura 5 a 6 meses, alguns duram dias, outros anos. Em Smeltzer e Bare (2006) consta que é um processo hereditário com fatores: exógeno, fator etiológico – orgânico e psíquico, lesões cerebrais, afecção endócrina, perturbações metabólicas, intoxicações e choque, papel lesões cerebrais, SNC, tumores, traumatismo, arteriosclerose, encefalopatias, meningoencefalite. No processo hereditário de fator exógeno, é loucura circular (fase mania e euforia), transtorno mental ou loucura dupla. A etiologia hereditária é mais freqüente no sexo feminino. Na fase depressiva, encontra-se tristeza emotiva e angústia, entre outros sintomas. Na fase maníaca apresenta aceleração do pensamento, a fuga de idéias, podendo aparecer 02 fases: confusão mental e delirante (PAIM, 2001). O modo biogênico de ser de outra pessoa promove sentimento de confiança nos pacientes o que, por sua vez, conduz ao desenvolvimento de uma relação de proximidade entre o paciente e a enfermeira. Essa relação de proximidade forma base para a presença de vida-doação, onde a abertura e a transferência de energia positiva predominam e afetam o outro de forma profunda (KAPLAN, 2007). A recuperação do paciente é mais rápida quando o relacionamento enfermeiro paciente é percebida como terapêutico ou restaurador. Encontro de cuidar/cuidando, onde existe relacionamento de proximidade, confiança e aceitação, envolvem o crescimento, esperança e amor. Notar que é tão importante realizar uma técnica correta e também pequeno gesto ou toque, levar conforto, segurança, e alivio para a dor, ou ser apenas um bom ouvinte. Isto é a essência do cuidar de humanizar e importante olhar holístico. O transtorno bipolar requer cuidados de enfermagem que incluem atendimento de suas necessidades básicas e compreendem reações emocionais no decorrer do diagnóstico e tratamento. Esse diagnóstico mostra um dos tipos de distúrbios psiquiátricos mais freqüentes onde a doença interfere no bem estar, felicidade do paciente e de sua família e na realização das atividades, e com isso, na produtividade do individuo na sociedade (KAPLAN, 2007). A comunicação terapêutica é entendida como processo de compreender, compartilhar mensagens enviadas e recebidas, sendo que as próprias mensagens e o modo como se dá. O seu intercâmbio exerce influencia no comportamento das pessoas nele envolvidas em curto, médio e longo prazo. Neste processo utiliza-se como instrumento a comunicação verbal e não verbal. A comunicação verbal refere-se à linguagem escrita e falada, aos sons e palavras que usamos para nos comunicar. A comunicação não verbal envolve todas as manifestações de comportamento não expressas por palavras. Muitas vezes é por meio dela que se identifica se o paciente esta com dor, medo, irritado, ansioso ou preocupado ( PAIM,2005). Entre essas manifestações destacamos a expressão facial (mímica, olhar), a corporal, (postura física e gestos), ou seja, os movimentos do corpo e ainda outras manifestações que pode-se chamar fisiológicas (rubor, sudorese, tremores, lacrimejamento, palidez). É por meio da comunicação reverenciada, pelos membros da equipe de enfermagem e pacientes, em co-interação, que se podem definir, metas e objetivos a serem atingidos pelo paciente, pela equipe, ou em conjunto, para ajudá-lo a sentir como ser humano e pessoa capaz de encontrar solução para seus problemas, sendo útil aos seus semelhantes e contribuindo para a sociedade em que vive. Estabelecese assim, uma ‘troca’ entre o homem e o seu meio. A comunicação terapêutica consiste na habilidade profissional, em usar seu conhecimento sobre comunicação para ajudar as pessoas a ajustar-se ao que não pode ser mudado, superando os bloqueios à autorealização para enfrentar seus problemas (TEIXEIRA, 2002)... Algumas técnicas para tornar terapêutica a interação enfermagem-paciente. - Estimular o paciente a descrever sua experiência Ex: “fale-me sobre isto”. - Manter-se em silêncio. Ex: durante a interação o paciente pára de falar, ficando com expressão de choro iminente. O profissional deve dizer em silêncio por algum tempo, aguardando verbalização do paciente. - Manter o foco num só assunto. Ex: estávamos falando sobre.... - Clarear as idéias expressas pelo paciente Ex: você estava dizendo o que ...... - Expressar-se em termos concretos Ex: sua família virá amanhã? - Evitar fazer perguntas que não estimulam resposta ou que deixa o profissional num beco sem saída Ex: você quer conversar comigo? - Devolver a pergunta feita pelo paciente. Ex: o que você acha disto? - Não começar frase com por que? e como? Um dos aspectos mais importante é o profissional de enfermagem ter sempre em mente que quando usa técnicas de comunicações terapêuticas, ao mesmo tempo em que ajuda a paciente a expressar, classificar e compreender sua experiência, estar servindo de modelo para ele. Com este profissional, o paciente aprende a usar padrões mais aceitos de comunicação interpessoal e a corrigir sua comunicação (TEIXEIRA,2002). 2. OBJETIVO 2.1 - Geral Demonstrar a importância do relacionamento terapêutico entre enfermeiro e portador de transtorno bipolar em ESF. 2.2 - Específicos 2.1.1 - definir as características do transtorno bipolar importantes para o diagnóstico de enfermagem, 2.1.2 - apontar possibilidades do estabelecimento e otimização do relacionamento terapêutico enfermeiro-paciente, 2.1.3 apontar as orientações para uma assistência humanizada para profissionais e grupo social do portador de transtorno bipolar. 3. MATERIAL E MÉTODO O método utilizado neste Trabalho de Conclusão de Curso, é de abordagem qualitativa, através de revisão bibliográfica, com a procura de informação sobre o tema escrito de maneira simples e objetiva. O método qualitativo é entendido com aquele que relata as estruturas sociais na sua formação humana. Assim, a pesquisa qualitativa é de fundamental importância para entender os valores da sociedade e de grupos específicos. Compreende as relações que acontece entre atores sociais tanto em instituição como movimentos sociais. A revisão bibliográfica é revisão moderna utilizada na elaboração de documentos que consiste na busca de dados referentes ao tema proposto, onde foi realizado um levantamento sobre o tema entre autores, selecionados a serem inserido no trabalho além de livros e artigos científicos, revistas, jornais e consulta em sites especializados no tema proposto, tornando assim possível material exposto a futuras consultas (MINAYO, 2004). Foram pesquisadas informações sobre o tema no período do mês de setembro de 2007, com busca em livros de autores fidedignos e atuais, revistas e periódicos impressos e on line, bem como em Base de Dados SCIELO, no qual selecionou-se um artigo que trata especificamente do assunto, demonstrando que há necessidade de aprofundamento no tema proposto em que tratou-se de perdas biológicas, psicológicas e sociais tanto para paciente como para família. Os descritores foram transtorno de humor, transtorno bipolar, ESF e assistência de enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES A doença afetiva bipolar (DAB) é o transtorno no estado de humor do individuo, com recorrência constante do quadro, que ocorre em dois pólos: mania e depressão. A doença atinge ambos os sexos a partir de 30 anos, de causas complexas e não claramente definidas de fatores hereditários: Mania – estado de agitação física e psíquica caracterizada por irritabilidade, pensamento rápido, loucura, aumento da disposição, insônia, inquietação, aumento da libido. Depressão – alteração do humor caracterizado por angústia, ansiedade, desânimo, medo, baixa concentração do apetite e da libido, isolada insônia e pessimismo, o risco maior é suicídio. No quadro maníaco – o paciente deve ser tratado com serenidade e respeito, não permitir que ele domine a situação das atividades, evitar condutas autoritárias, usando voz baixa, promover ambiente tranqüilo, estabelecer o funcionamento fisiológico adequado, ajudar a proteger integridade física e moral. No quadro de depressão – impedir que o paciente faça qualquer ato prejudicial, mantendo a vigilância. Estabelecer atendimento adequado como alimentar, hidratar, sono e repouso. Ajudar nos cuidados de higiene, oferecer segurança, ajudar controlar ansiedade e a socializar-se, estimulá-lo a ocupar-se com atividades ou goste de realizar, dando repouso positivo (CARPENITO, 2005). O Transtorno do Humor Bipolar (THB), é uma doença crônica e incurável para homens e mulheres. As causas são multifatoriais e neurológicas, a farmacoterapia é um tratamento de escolha o THB, pode se considerado uma patologia endógena por fatores exógenos ou psicossociais, relacionado ao social, familiar, psicológico e ocupacional. Cerca de um terço dos pacientes com THB utiliza a metade da medicação prescrita, devido a este fato, têm aumento de suicídio e hospitalização. O objetivo do papel da equipe multidisciplinar no THB é eficácia da terapêutica psicossocial. Varias são as funções da equipe do THB. No tratamento desde o primeiro contato com o paciente, na avaliação inicial, estabelecer um diagnóstico, listar os problemas e o tratamento. O vinculo terapêutico pelo paciente no tratamento com a equipe, facilita a avaliação com eficácia da intervenção. O vinculo terapêutico é o melhor preditor de bom prognóstico. O ambiente terapêutico é importante para tratamento de doenças psiquiátricas de modo a melhorar ou impedir efeitos terapêuticos de outras modalidades de tratamento. Sua criação e condução são de responsabilidade da Enfermeira, tais quais respeitar suas necessidades, assumir o paciente integralmente, atentar para mudança de comportamento, ajudar na auto-estima e convívio social, participação das atividades, atentar para a expressão facial e reservar voz e aparência física (VIEIRA, 2004). Entre as teorias de Enfermagem que atendem o paciente em sua integralidade, escolhemos a abordagem de Horta (1979) que trata das Necessidades Humanas Básicas - NHB. Em conjunto com a teoria de Martha Rogers , que faz referências a interação dos campos energéticos humanos e ambiental, o Toque Terapêutico, pode ser aplicado, visando estabelecer equilíbrio entre a saúde e a doença. Horta se apóia e engloba leis gerais que regem os fenômenos universais, tais sejam, por exemplo, a lei do equilíbrio (homeostase ou hemodiâmico): onde todo o universo se mantém por processo dinâmico entre os seus seres. A demanda das necessidades por uma pessoa indica a busca de saúde física e mental. As necessidades humanas básicas, são fatores causadores de motivação são bastante aceitas, embora algumas dessas necessidades podem ser questionáveis, depende do ponto de vista do ser (GEORGES, 2000): 1. O ser humano é parte integrante do universo dinâmico, e como tal sujeito a todas as leis que o regem, no tempo e no espaço, 2. O ser humano tem necessidades básicas que precisam ser atendidas para o seu bem-estar completo, 3. Todos os conhecimentos e técnicas acumuladas sobre a enfermagem dizem respeito ao cuidado do ser humano, isto é, como atendê-lo em suas necessidades básicas, 4. A ciência da enfermagem compreende o estudo das necessidades humanas básicas dos fatores que alteram sua manifestação e atendimento, e na assistência a ser prestada, 5. Necessidade de auto-realização: Sendo esta é a mais alta necessidade, é o desejo de tornar-se aquilo que a pessoa é capaz de ser - maximizar seu potencial, realizar tudo que seja possível, Não é necessário que uma necessidade esteja 100% satisfeita para surgir a seguinte. Na realidade, a maioria das pessoas normais está parcialmente satisfeita e parcialmente insatisfeita em todas as suas necessidades básicas. O pronto atendimento nos serviços de Enfermagem, coletando dados junto aos pacientes para a internação que inclui informações sobre as experiências anteriores, apoio social, planejamento e aceitação (CARPENITO, 2005). Os diagnósticos de Enfermagem devem apontar as necessidades afetadas para intervenção de acordo com o esquema abaixo: 1. Intervenção de enfermagem na ansiedade - Orientar atividade social; - Ouvir queixas; - Usar atitude firmeza; - Observar pacientes e família. 2. Intervenção de enfermagem na falta de apetite - Proporcionar 3 a 4 refeições/dia; - Manter boa higiene oral; - Controle peso e explicar necessidade de consumo vitaminas. 3. Intervenção de enfermagem no padrão do sono - Diminuição do barulho e luzes; - Evitar café; - Encorajar atividades como ler; - Jantar leve, duas horas antes de dormir. 4. Intervenção de enfermagem - no auto-cuidado - Estimular paciente e família auto-cuidado; - Orientar segurança e conforto; - Orientar higiene e conforto. O estímulo para mudanças positivas paciente-familiar é importante para a ação da equipe multidisciplinar no THB. Oferecer ao paciente e a família opções terapêuticas como: - Hospitais-dia; - Grupoterapia; Acompanhamento facilitado no sistema de saúde, incluindo referencia e contra-referência e o fácil acesso á medicação pode melhorar o prognóstico. A característica principal da abordagem psicossocial é a interação técnica entre o paciente, família e a equipe multidisciplinar auxiliando na recuperação. A abordagem psicossocial diminui o estresse vital, monitora a identificação dos sintomas e aderência medicamentosa, essas técnicas facilitam a aceitação da doença e aderência ao fármaco, através de mudança de estilo de vida, estimula o paciente a lidar com conflitos e eventos de vida negativos. Aumenta o conhecimento da doença, sua prevenção através do trato adequado aos sintomas.( VIEIRA, 2004). A técnica de terapia familiar no THB é uma abordagem realizada também na esquizofrenia. A terapia familiar busca reduzir o estresse na família, o qual pode contribuir ou induzir crises nos pacientes com THB. Este tratamento maneja os sintomas, na busca da prevenção de recaída. Esta abordagem inclui a aplicação de comunicação exemplar para resolução dos problemas. A medicação como algo positivo, fornece informações e educação sobre a mesma, auxilia o paciente na busca à melhora e aderência ao tratamento. A psicoeducação aumenta a aderência ao tratamento, melhorando o prognóstico o THB, ensina o paciente sobre sua doença e inclui também apoio, educação, estratégias para resolução dos problemas e suporte social (consultas periódicas, acesso à medicação e postos de saúde). A psicoeducação estimula os hábitos de saúde, rotinas pessoais, e prevenção, recaída e melhora do THB. Pacientes com THB tem um mecanismo muito sensível de "relógio interno". O treinamento do paciente e família é fundamental para a identificação do estresse relacionado ao surgimento de sintomas do THB A terapia interpessoal enfatiza desencadeados episódios maníacos-depressivos através de alteração do sono, alimentação, trabalho e exercício. Também estimula a lidar com seus horários de modo responsável e organizado e auxilia no modificador do pensamento da THB com resultado satisfatório (VIEIRA, 2004). A terapia comunitária é um espaço aberto de ajuda mútua para se crescer como pessoa. Uma terapia comunitária, onde quer que ela ocorra, compreende sempre um conjunto de relações, num emaranhado de situações que sempre extrapolam o âmbito individual e familiar. Um grupo de pessoas numa praça, um grupo de vizinhança reunido numa casa; pacientes e familiares no corredor de um hospital; pessoas numa sala de espera; um grupo reunido num salão paroquial ou numa outra filiação religiosa; uma associação de bairro; o pátio de uma escola; uma unidade de saúde; um centro cultural; uma empresa são locais onde pode ocorrer periodicamente reuniões de terapia comunitária (MARCHETTI, BARRETO, 2007). Este instrumento permite construir redes sociais solidárias de promoção da vida e mobilizar os recursos e as competências dos indivíduos, das famílias e das comunidades. Procura suscitar a dimensão terapêutica do próprio grupo valorizando a herança cultural dos nossos antepassados indígenas, africanos, europeus e orientais, bem como o saber produzido pela experiência de vida de cada um. A Terapia Comunitária convida a uma mudança de olhar, de enfoque, sem querer desqualificar as contribuições de outras abordagens, mas ampliar seu ângulo de ação (MARCHETTI, BARRETO, 2007). Segue abaixo os cinco passos; segundo o idealizador da técnica: 1. Acolhimento: a primeira tarefa do terapeuta é ambientar o grupo, deixar os participantes a vontade e bem acomodados de preferência um grande circulo para que todos possam visualizar a pessoa que está falando. O terapeuta acolhe o grupo e dar boas vindas e algumas informações que são de vital importância para o sucesso da terapia. A regra principal é o silêncio enquanto o outro fala, devemos ficar calados para podermos ouvi-lo; Devemos falar da própria experiência, quando for falar usar o verbo na primeira pessoa, por exemplo, eu fiquei abalado, eu sinto assim, nós devemos lutar pelo que queremos; Não estamos aqui para dar conselhos e sim falar da nossa vivencia e aprender com a experiência dos outros. Entre uma fala e outra qualquer participante pode interromper para sugerir cantar uma música que tem ligação com o tema ou contar uma piada. 2. Escolha do tema: estando todos os participantes a vontade, o terapeuta pergunta ao grupo se alguém gostaria de começar a falar daquilo que está fazendo sofrer. 3. Contextualização: é pedir mais informações sobre o assunto para que se possa compreender o problema no seu contexto. O terapeuta escuta e depois contextualiza o problema isto é, lança questões para compreender o sofrimento. Por exemplo, como está se sentido? o que mais dói?, recebe apoio do esposo. 4. Problematização: somente após haver definido o contexto é que o terapeuta formula os motes ( reflexão), isto é lança perguntas que vão permitir ao grupo refletir sobre o sentido, tanto do comportamento (motes - permitir a reflexão do grupo), o terapeuta ao ouvir situação ou problema, cria um ou mais motes para facilitar a explicação do que a pessoa esta querendo comunicar de forma inconsciente. 5. Término: Rituais de agregação e conotação positiva. O término de terapia caracteriza-se pela conotação positiva que o terapeuta comunitário deve dar ap fato que foi apresentado na reunião. O terapeuta deve proporcionar um ambiente de interiorização procurando criar um clima afetivo onde as pessoas se sintam apoiadas pelos outros. Pede para se levantar e fazer um círculo, onde cada um se apóia em busca do equilíbrio. O terapeuta sugere uma música faz conotação positiva isto é ressaltar o que houve de positivo na história contada no grupo. As colocações do terapêutas devem valorizar a pessoa como o ser humano que é. Exemplo, queria parabenizar a senhora como mãe, só mãe ama seu filho....... Ao final coloca uma música e pede para que as pessoas se abraçarem criando um clima afetivo, alegre e fraterno. 6. Avaliação: esta etapa é dirigida à equipe que dirige a terapia comunitária, é o momento onde se procura avaliar a condução da terapia. Como foi conduzida?, Quais as dificuldade que cada um sentiu?, O mote escolhido foi bom? Como foram as músicas? e o que pode ser melhorado? (MARCHETTI, BARRETO, 2007). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS No inicio deste trabalho, havia a proposta levantar os sentimentos expressados através do comportamento apresentado entre enfermeiro e o paciente na ESF. A recuperação do paciente é mais rápida quando o relacionamento enfermeiro paciente é percebida como terapêutico, encontro de cuidar, proximidade confiança, aceitação, amor, pequenos gestos, levar conforto e segurança orientando o paciente a família e sua equipe a ser bom ouvinte e a falar suas necessidades o comunicação interpessoal. No decorrer da pesquisa, ampliou-se a percepção do momento do sentimento sensibilizando-se para orientar, ajudar, amenizar a ansiedade, explicar, esclarecer, dar atenção, a ouvir, a cuidar que orientando, esclarecendo dúvidas, consolando ou simplesmente ouvindo, caracterizando o papel do enfermeiro na ESF em relação aos portadores de TB. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BARRETO, A., Manual de Terapia Comunitária, Pastoral da Criança - Movimento integrado de saúde mental comunitária. Universidade Federal do Ceará. Departamento de Saúde Comunitária. Fortaleza - Ceara. 2. CARPENITO, L.J., Planos de Cuidados de enfermagem e documentação. Diagnóstico de Enfermagem e problemas colaborativos. São Paulo: Artmed. 2005. 3. GEORGES, J.B. Teorias da Enfermagem. Os fundamentos à pratica profissional. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 4. HORTA, W., Processo de Enfermagem. São Paulo: EPU, 1979. 5. KAPLAN, HI. Compêndio de Psiquiatria. Porto Alegre: Artes Médicas, 2007 6. MARCHETTI, L.B: FUKUI, L. Terapia Comunitária. II Congresso Brasileiro de Terapia Comunitária – Brasília 2004. < Disponível em > www.scielo.br “ set./2007 7. MINAYO, M.C.N. O desafio do conhecimento: Pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec, 2004. 8. PAIM, I. Tratado de Psiquiatria. São Paulo: EPU, 2001 9. ROUQUARYROL, M.Z; ALMEIDA, Fº N. Epidemiologia e Saúde. São Paulo: Medsi, 2003. 10.SMELTZER, S. C.: BARE, B.G., Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica v.1e2. Rio de Janeiro: Guanabara. 2006. 11.TEIXIERA, M.B. Manual de Enfermagem Psiquiátrica. São Paulo: Atheneu, 2002 12.WALDOW, L. M., Maneira de cuidar, Maneira de ensinar: A Enfermagem entre cuidar e prática profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. 13.VIEIRA, R.M. O papel da equipe multidisciplinar no manejo do paciente bipolar. Revista Brasileira de Psiquiatria. v .26 Sup. III. São Paulo. Out.2004