O CONCEITO A água, o vento, a claridade, de um lado o rio, no alto as nuvens, situavam na natureza o edifício crescendo de suas forças simples. A arquitetura como construir portas, de abrir; ou como construir o aberto; construir, não como ilhar e prender. Construir portas por-onde, jamais portas-contra; por onde, livres: ar luz razão certa. * As formas que, juntas, fluem em harmonia sustentável. O caminho do aprendiz. A harmonia orgânica vivenciada pelo país das possibilidades. A sustentabilidade aprendida à maneira do poeta: Uma educação pela pedra: por lições; para aprender da pedra, frequentá-la; captar sua voz inenfática, impessoal. * *fragmentos retirados da obra de João Cabral de Melo Neto O PROJETO Se é a arquitetura arte, e se arte só o é se promotora de catarses, é preciso que uma proposta arquitetônica extrapole os limites das formas e se transforme em reflexão, em conhecimento. Assim, a Casa da Sustentabilidade aqui é mais um caminho de aprendizado que uma construção. Estruturado como uma espécie de circuito interativo, o projeto liga as obras por meio de instalações que se propõe a oferecer uma vivência, e aprendizado, de técnicas sustentáveis. Todo o projeto foi idealizado visando a diminuição da pegada ecológica das instalações, objetivo alcançado pela grande utilização dos recursos naturais existentes aliada à implementação simultânea de novas e antigas tecnologias sustentáveis. Passado e presente juntos para um futuro menos danoso à natureza. O complexo, delimitado por massas verdes, apresenta as interações entre interno e externo que são explicitadas pela distribuição dos prédios, concentrados especialmente em dois volumes distintos, estação telemétrica conectados por um caminho que flui livremente entre aprendizado, sustentabilidade e natureza. O PERCURSO painel solar hortas educativas fitodepuração fossa biológica laboratório a ceu aberto parque eólico A Casa da Sustentabilidade prescinde da vivência. Portanto, é importante que se facilite o acesso ao percurso que abraça toda a área. No portão 5, entrada principal, áreas de carga e descarga e vagas para portadores de necessidades especiais garantem uma entrada democrática, enquanto em outros pontos, como no portão 3, visitantes usuários de diferentes meios de locomoção encontram sua entrada facilitada sendo convidados a conhecer essa nova área do parque a partir desse percurso que desperta a curiosidade. O que é encontrado ao longo do percurso: Laboratório a céu aberto: área destinada a workshops que estimulem e ensinem os visitantes a construir com técnicas sustentáveis e ecologicamente corretas, como uso de materiais recicláveis, construção a partir de sucata, pneus em desuso, reutilização de objetos obsoletos e ainda poder aprender a construir usando vernaculares como tijolo de barro e taipa de mão. O próprio espaço é composto por um ‘’auditório’’ todo feito a partir de reuso de Pallets. Túnel Interativo: o percurso flui e convida os visitantes a terem uma experiência única, passando por uma espécie de túnel solar, onde tem contato com a energia solar, criada através de micro painéis fotovoltaicos fixados aplicados sobre aberturas em laje inclinada, criando uma experiência, de sombras e luzes. O Espaço conta com exposições sobre o tema e funcionamento do sistema e os visitantes podem carregar seus celulares, ou aparelhos de música através de carregadores solares. Parque eólico: local onde os visitantes podem interagir e tomar conhecimentos acerca da energia dos ventos. Podendo ver exatamente como funcionam e conhecer mais sobre os benefícios dessa fonte de energia renovável através de painéis expositivos nessa parte do percurso. Hortas educativas: área destinada à aprendizagem e implementação de técnicas artesanais de cultivo de alimentos. Toda a produção estará disponível à população Fossa biológica: Sistema de tratamento de esgoto local através de fossa biológica, onde os visitantes poderão conhecer uma forma simples e prática de tratar o seu próprio esgoto e contribuir ainda mais para o meio ambiente. SUSTENTABILIDADE túnel interativo Os edifícios, além de terem sido pensados sustentáveis desde a sua construção, incorporam a proposta de adoção de um estilo de vida ecologicamente correto em cada um de seus aspectos funcionais ao longo de seu funcionamento. Captação e reuso de água: as construções se propõe implementar o reuso dos recursos hídricos, o que é permitido graças a um tratamento de águas cinzas (residuais) através de tanques filtrantes, por um princípio de fitodepuração. O sistema consta de dois depósitos, um com filtro em carvão, areia e feltro (bidim), localizado sobre uma estrutura perfurada e um reservatório estanque, que contém uma saída para o depósito principal, de onde a água sairá pronta para ser utilizada em jardins, sanitários, manutenção etc. E outro em uma outra saída para uma rede de tubos que infiltrará no terreno, mantendo assim sempre um depósito para as primeiras horas de chuva. Sistema integrado de irrigação: A fim de garantir que os jardins permaneçam sempre exuberantes sem que para tanto haja desperdício de água e energia, a irrigação é feita por aspersores móveis, visíveis apenas quando em funcionamento, fabricados pela RAIN BIRD. Equipados com tecnologias que não só permitem que se programe a utilização dos irrigadores, mas também que se calcule a quantidade de água necessária de acordo com as condições climáticas sazonais. Detecção de chuvas e setorização dos equipamentos são benefícios que também permitem maior economia de recursos hídricos. À semelhança dos irrigadores usados nos jardins externos, o sistema é composto por aspersores escamoteáveis, com bocais do tipo spray e jatos de curto alcance, com elevação de 10 centímetros quando pressurizados. Tem como principais vantagens a economia de água, automatizados e ligados sempre em períodos noturnos, quando a evaporação é menor, e munidos de uma série de tecnologias que garantem melhor cálculo do volume de água necessário, a fim de evitar desperdícios. A economia de água, regando pelo início do dia (entre 5-8 horas) e final da tarde (entre 17-19 horas) é de 20%- 30%. Fossa biológica: Sistema de tratamento de esgoto local através de fossa biológica, construído com recipientes estanques Compactos Fossa/Filtro, o sistema proporciona tratamento avançado de águas residuais domésticas ou similares por meio de uma combinação de processos de decantação, respiração anaeróbia e filtração biológica aeróbia. De fácil instalação, o sistema não faz uso de energia elétrica alguma e apresenta fácil manutenção, bastando periódica remoção da lama residual e 1 ou 2 inspeções anuais. 180 OS EDIFÍCIOS 13 12 11 10 09 08 07 06 14 05 15 01 - Recepção 02 - Bibli0teca 03 - Administração 04 - Sanitários 05 - D.M.L. 06/07/11 - Sala de reunião (15 pessoas) 08/09/10 - Sala de uso múltiplo (30 pessoas) 12 - Copa/Cozinha 13 - Auditório (150 pessoas + 35 conselheiros) 14 - Apoio multimídia 15 - Acesso superior 04 03 01 02 B Pensados para resistirem à ação do tempo, seja sobre suas estruturas ou design, os edifícios têm potencial para ampliações e modificações, uma vez que contam com estruturas desmontáveis e reutilizáveis. Ademais, a sustentabilidade predomina desde o estágio de construção, por se tratar de uma obra seca e que não gera desperdício de materiais, até a captação de água e energia. O Volume 1, composto por dois volumes intercalados, se dedica as funções mais administrativas e restritas, como a base do COMDEMA, salas de reunião, auditório e biblioteca. O volume mais denso, térreo é voltado 100% para norte o edifício e contará com a instalação de painéis solares capaz de gerar em média 10.280 Kwh/mês. Para garantir uma proteção de suas fachadas já que será voltado para norte, a laje de cobertura em teto verde se entende, criando um beiral, garantindo o sombreamento e o controle da temperatura interna no edifício. As fachadas por sua vez são revestidas com placas WPC (reciclado), composta por fibras de madeira e termoplástico, garantindo também o controle da temperatura interna do edifício. O volume mais leve, apoia sobre o mais denso, também terá um teto jardim para conforto térmico e suas fachadas, pensadas para se ajustarem às necessidades de uso, são revestidas com chapa B Energia Solar Fotovoltaica: O projeto contará com um sistema de 365 painéis com potência de 260 W cada irão compor um sistema de 94.900 Wp, que será capaz de gerar em média 10.280 Kwh/mês através de microgeração de energia conectada a rede elétrica. O sistema será composto por inversores de corrente, sistema de monitoramento, estruturas de fixação para telhado, além das placas fotovoltaicas com dimensão de 1 m x 1,6 m. Energia eólica: parte das necessidades elétricas das construções será suprida pela utilização da fonte sustentável de energia que são os ventos, possível graças à presença de 14 micro geradores de energia eólica com geração silenciosa constituídos de três lâminas verticais giratórias em torno de eixo central; (diâmetro 1m, altura 6m), dispostos sobre espelho d’água de reaproveitamento de águas pluviais. Sistema de filtragem para desinfecção e controle físico-químico e moto-bombas de recalque para utilização. A utilização de tal fonte de energia é possível graças à localização do complexo e das estruturas do mesmo, dispostas de modo a permitirem ótima captação de ventos. metálica perfurada. A filtragem da luz externa e ventilação são controladas por perfurações recortadas em forma de folhas losangulares de tamanho e paginação variáveis. O painel é constituído de revestimento de chapa dupla de ACM espessura 4mm, solidarizadas com espuma rígida de poliuretano de óleo de mamona isolante térmica injetada O Volume 2 por sua vez é mais artístico, dá a impressão de continuidade do percurso, e permite que os visitantes tenham uma experiência de luzes e sombras em seu percurso. Esse volume é mais público, e tem uma área de livre acesso em tempo integral com exposições de sustentabilidade permanente, e uma área de exposição temporária que pode ser fechada e conta com copa e sanitários para receber coquetéis e/ou workshops. A estrutura de ambos os edifícios é feita com tecnologia que reduz em 40% o uso do aço convencional. Toda desmontável e reaproveitável. Paredes, contendo perfis com espaçamento de 40cm de distancias entre elas para maior aproveitando dos painéis a serem aplicados, como fechamento: placas de gesso acartonado, placa cimentícia entre outras. Paredes internas: Desmontáveis e reaproveitáveis. Estrutura de montantes de chapa dobrada de aço galvanizado travados e distanciados a cada 60cm revestida em ambas as faces por placas de madeira com passivos ambientais sem consumo de água; preenchimento do vão interno com lã de PET reciclada. Piso: o pavimento térreo conta com placas de quartzito branco polido dimensão 1x1m, a circulação principal de acesso é feita de piso inter travado de borracha de reciclada, material também utilizado no pavimento superior. O Piso de todo o percurso e área externa será drenante. Cobertura: As coberturas foram projetadas para contribuir com a redução do consumo de recursos. O teto verde será utilizado em todos os prédios, aumentando a capacidade de inércia térmica do edifício, devido a camada de substrato. Além disso a vegetação permite a absorção do dióxido de carbono e melhora as condições de umidade do ar. A cobertura do volume 1, que é voltado para norte, contará ainda com a instalação de um sistema de painéis fotovoltaicos para geração de energia renovável. A cobertura do volume com rampa de jardim terá um sistema de terraço/ágora com piso Inter travado de borracha reciclada e contendo os sistemas sustentáveis para aproveitamento da luz, vento e água energia solar. A SUSTENTABILIDADE N 10 PLANTA BAIXA PAVIMENTO TÉRREO _ VOLUME 1 A 5 A 0 1 2 0 180 1 2 5 10