Claudinei da Silva Yamada PARVOVIROSE CANINA Monografia apresentada ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor orientador: Prof. Uriel Vinicius C. Andrade Orientador Profissional: Dr. Nélio Benedito Borim Curitiba-PR 2007 Sumário 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1 2 TRANSMISSÃO e INCIDÊNCIA......................................................................... 3 2.1 Incidência Etária.............................................................................................. 4 2.2 Incidência Racial.............................................................................................. 4 3 SINAIS CLÍNICOS.............................................................................................. 5 4 DIAGNÒSTICO................................................................................................... 7 5 TRATAMENTO................................................................................................... 9 6 PROGNÓSTICO e COMPLICAÇÕES................................................................ 12 7 PREVENÇÃO e CONTROLE............................................................................. 13 7.1 Vacinação........................................................................................................ 13 8 CONCLUSÃO..................................................................................................... 15 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 16 1 INTRODUÇÃO Os parvovírus junto com outros vírus têm sido estabelecidos como causas de enterite e diarréia virais em cães e gatos. Existem dois tipos de parvovírus que acomete os cães. O parvovírus canino 1 (PVC-1), também conhecido como “vírus diminuto dos cães”, é um vírus relativamente não patogênico que algumas vezes causa gastroenterite, pneumonite e/ou miocardite em animais jovens. O parvovírus canino 2 (PVC-2) é responsável pela clássica enterite parvoviral (NELSON et al.,2001). Segundo Sherding (2003), afirma que o parvovírus canino tipo 2 (CPV-2) causa uma enterite aguda e altamente contagiosa dos cães, que tem estado prevalente mundialmente desde o final dos anos 1970. Desde que as variantes dos anos 1980 designadas CPV-2a e CPV-2b evoluíram, esta última está se tornando a cepa predominante na América do Norte. Esta doença é caracterizada pela gravidade dos sinais e elevada mortalidade em filhotes susceptíveis. Os primeiros surtos da doença foram descritos no Brasil em 1980, e desde então, muito se progrediu no controle desta afecção, principalmente em se tratando da imunização dos animais. Onde a doença se originou e por que ela apareceu subitamente em várias partes do mundo ao mesmo tempo, se desconhece. O vírus é altamente estável no ambiente, capaz de suportar grandes variações de pH e temperaturas altas, também são resistentes a vários desinfetantes comuns e pode sobreviver por vários meses em áreas contaminadas. Na realidade virtual para Neto (2007) tem sido sugerido que, devido à semelhança antigênica com o vírus da panleucopenia felina, o vírus da parvovirose canina seja um mutante de uma linhagem de campo do vírus felino. A enfermidade manifesta-se de duas formas, que são a forma entérica e a forma miocárdica. A forma entérica é mais freqüentemente reconhecida, por mostrar sinais evidentes. A forma miocárdica é geralmente diagnosticada no post-mortem, pois a maioria dos animais morre subitamente sem mostrar sinais clínicos. A mortalidade associada com a parvovirose canina é descrita como sendo de 16 a 35% (AIELLO, 2001), e nesta mortalidade os animais jovens estão mais presentes. 2 TRANSMISSÃO e INCIDÊNCIA A infecção com CPV ocorre por via fecal-oral. Durante a enfermidade aguda, aproximadamente 1-2 semanas após isso, elimina-se uma quantidade maciça de parvovírus (mais de 1 bilhão de virions por grama de fezes) nas fezes de cães infectados. Como o vírus consegue sobreviver e permanecer infeccioso por muitos meses no ambiente, fomito e contaminação ambiental exercem um papel importante na transmissão (SHERDING, 2003). O vírus também pode ser transmitido de forma direta, ou seja, animais saudáveis contraem o CPV através de animais contaminados que convivem juntos. Os cães recuperados podem servir como portadores e eliminar o vírus periodicamente. O vírus tem sofrido mutações desde que foi identificado pela primeira vez, e mais recentemente se soube que o PVC-2b pode ser ainda mais patogênico em certos cães. A síndrome clinica é semelhante à apresentada na primeira linhagem e depende da virulência do vírus, do tamanho do inoculo e das defesas do hospedeiro (NELSON et al, 2001). Na realidade virtual para Neto (2007), após a exposição oral, o vírus se localiza e infecta os linfonodos regionais da faringe e tonsilas (amídalas). A partir desse evento o vírus ganha a corrente circulatória (fase de viremia) e invade vários tecidos, incluindo o timo, o baço, os linfonodos, a medula óssea, os pulmões, o miocárdio e finalmente o jejuno distal e o íleo, onde ele continua a se replicar. A replicação causa a necrose das criptas do epitélio do intestino delgado, com eventual destruição das vilosidades. O vírus também pode causar lesões em outros órgãos que invade, contribuindo para múltiplos sintomas como linfopenia (medula óssea), miocardite (coração) e sinais respiratórios (faringe). O vírus está enquadrado como pertencendo à família Parvoviridae do gênero Parvovírus. Possuem capsídeo com estrutura cúbica. Não possue envelope. O diâmetro do vírus é de 18-26nm. É um ADN-vírus (MAYR, 1988). 2.1 Incidência Etária Cães de qualquer idade podem se infectar, mas a incidência da doença clínica ocorre quase completamente em cães entre o desmame e 6 meses de idade. Os cães com menos de 6 semanas de idade ficam geralmente protegidos por meio de imunidade materna passiva, enquanto os animais adultos já se imunizou ou se soroconverteu a partir de uma infecção subclínica. 2.2 Incidência Racial Determinadas raças parecem ter mais risco de infecção e serem suscetíveis às formas mais severas da doença. Cães das raças Rottweiler, Doberman e Pincher reagem mais intensamente à parvovirose canina que outras raças (Glickman et al,1985 apud Thrusfield,2004). Já os cães das raças Poodle e Cocker Spaniel Inglês e Americano parecem ter um risco menor de desenvolver a enteropatia. 3 SINAIS CLÍNICOS Os cães afetados ficam frequentemente assintomáticos. A doença clínica pode ser disparada por um estresse (por exemplo, transporte) e os sinais clínicos podem ser exarcebados por infecção intercorrente com patógenos intestinais oportunistas (Samonella spp, Clostridium perfringens). A dose do vírus exigida para causar uma doença clínica também pode ser um fator. O período de incubação é de 3 a 8 dias. O parvovírus causa anorexia, depressão, febre, vômito, diarréia fluída intratável (pode ser abundante e hemorrágica) e desidratação rapidamente progressiva. Já em pacientes com sepse bacteriana ou endotoxemia, podem-se desenvolver terminalmente hipotermia, icterícia ou diátese hemorrágica (coagulação intravascular disseminada). Nos casos severos, pode ocorrer morte, principalmente em cães jovens ou nas raças suscetíveis e estas são geralmente atribuíveis à desidratação, desequilíbrios eletrolíticos, choque endotóxico ou sepse bacteriana avassaladora relacionada com leucopenia. A severidade pode aumentar por meio de fatores tais como estresse, condições de canil (superlotação e higienização), infecção bacteriana secundária e doenças intercorrentes (cinomose, coronavírus, salmonelose e parasitismo intestinal). Infecções viricas agudas frequentemente resultam em leucopenia, e isso ocorre em parte devido a necrose nos folículos linfóides. Uma das causas da necrose podem ser os efeitos citolíticos diretos produzidas pela multiplicação do vírus ou toxinas (THOMSON, 1983). Em cães adultos não imunizados aparece infecções leves ou inaparentes que resultam em soroconversão sem sinais clínicos. No caso de uma infecção intrauterina, pode aparecer miocardite neonatal aguda. Como a maior parte das mães encontra-se imunizadas e transferem essa imunidade passivamente para os seus filhotes, essa forma de infecção parvoviral tornou-se praticamente inexistente. Os sinais de miocardite parvoviral consistem em dispnéia devida a insuficiência cardíaca aguda, morte súbita devida às arritmias e, algumas vezes, insuficiência cardíaca congestiva crônica de início retardado à fibrose miocárdica crônica. Outros problemas clínicos, como a infertilidade e defeitos de nascença podem aparecer associados com a parvovirose, no entanto ainda faltam evidências que sustentam isso. 4 DIAGNÓSTICO Suspeita de infecção por parvovírus quando o animal apresenta o início abrupto de vômito e diarréia, especialmente se estas estiverem associadas com depressão severa, febre ou leucopenia, ou se esses sinais se seguirem a uma exposição potencial a cães infectados ou fomitos. O hemograma completo auxilia, pois a maior parte doa cães com enterite parvoviral, desenvolve-se uma leucopenia severa devida a linfopenia e granulocitopenia, freqüentemente com total de somente 500-2000 leucócitos/mL e, ocasionalmente, até menos. Podem se observar hipoalbuminemia, hipocalemia e hipocloremia. Em alguns cães os níveis de ALT aumentam. Na radiografia abdominal ocorre uma distensão com gás e fluído do trato gastrointestinal devida a um íleo paralítico, e deve ser diferenciada de uma obstrução de intestino delgado (por exemplo, corpos estranhos ou intussuscepção). Palpar cuidadosamente o abdômen para ajudar a descartar uma obstrução mecânica. Uma radiografia contrastada com bário revela freqüentemente uma irregularidade de mucosa (enrugamento ou recortamento) e um tempo de trânsito prolongado. No caso da sorologia, a determinação de anticorpos anti-CPV no soro não é suficiente para o diagnóstico, pois até 95% dos cães na população já se soroconverteram a partir de uma vacinação ou uma exposição anterior. A virologia detecta parvovírus nas fezes através de um ensaio imunoabsorvente ligado à enzima (ELISA). É o método mais prático, resultados positivos constituem um indicador confiável de excreção fecal ativa de CPV-2. Ocasionalmente, ocorrem resultados falsos negativos. As vacinas atenuadas podem causar um resultado falso-positivo por 5 a 12 dias pós-vacinação. Outros métodos para detectar excreção fecal de parvovírus, tais como hemoaglutinação, aglutinação em látex, microscopia eletrônica e isolamento viral, são menos prático para uso clínico rotineiro, pois exigem um laboratório diagnóstico externo. Na necrópsia o parvovírus se baseia na identificação das lesões intestinais características: necrose das células criptais em proliferação rápida com colapso viloso secundário e dilatação das criptas com resíduos necrosados. Também se observam uma degeneração mielóide e um esgotamento linfóide disseminado. O parvovírus pode ser demonstrado em amostras teciduais congeladas através de imunofluorescência ou em amostras fixadas por meio de RCP. O exame das fezes por microscopia eletrônica detecta a presença do vírus, entretanto o PVC-1 (que normalmente não é patogênico) é morfologicamente indistinguível do PVC-2. Se o cão morrer, haverá uma lesão histopatológica típica (isto é, necrose da cripta) e a técnica do anticorpo fluorescente pode ser usada para estabelecer diagnóstico definitivo (NELSON et al, 2001). 5 TRATAMENTO Como o tratamento de parvovírus é predominantemente de suporte e semelhante ao que seria usado na maior parte dos animais com gastroenterite severa, institua uma terapia se tiver realizado testes definitivos ou não ou enquanto se aguarda o retorno dos resultados. Não existe nenhuma terapia específica para eliminar o vírus. A maioria dos cães se recupera com uma terapia de suporte apropriada direcionada à restauração do equilíbrio hídrico. Podem se utilizar soluções eletrolíticas orais nos cães ligeiramente desidratados sem história de vômito. Os cães mais gravemente afetados devem receber uma fluidoterapia intravenosa (IV) (solução de Ringer lactato e dextrose a 5% suplementada com potássio, a 20-40mEq/L). Corrija a desidratação pelas primeiras 24 horas e continue com fluidos de manutenção mais reposição das perdas contínuas. Evite uma administração de fluidos pela via subcutânea em cães com leucopenia severa, pois ocorre uma incidência alta de infecção secundária, celulite e necrose cutânea nos locais de administração. Monitore a fluidoterapia através de um rastreio do peso corporal, dos parâmetros físicos, de perdas hídricas contínuas (vômito, diarréia) e do hematócrito e da proteína plasmática total. A maioria dos cães que sobrevivem nos primeiros 2 a 3 dias da doença se recupera. Indicam-se antibióticos para controlar uma sepse bacteriana de risco de vida potencial. Inicialmente, administre antibióticos parentalmente, tais como a gentamicina (aminoglicosídeo) que tem como mecanismo de ação bactericida e são ativos frente a bactérias Gram-positivos e Gram-negativos, principalmente enterobactérias. É aplicada via intramuscular, com dose para cães de 2 a 4mg/kg cada 6 ou 8 horas ou 6 a 10 mg/kg a cada 24 horas. Nos casos mais graves (por exemplo, os com perda sanguínea grave, febre ou perda de integridade intestinal), compromete-se a integridade intestinal, e esses cães ficam predispostos a bacteremia e septicemia, é aconselhável a utilização de Ampicilina (aminopenicilinas) que tem como mecanismo de ação a inibição da síntese da parede celular bacteriana, e são ativas as bactérias Gram-positivas e diversas bactérias Gram-negativas. É aplica via intramuscular, com dose para cães de 10 a 20mg/kg a cada 8 ou 12 horas. Devem se suspender os alimentos e a água até que os vômitos tenham parado por pelo menos 24 horas e a diarréia tenha diminuído, as exigências hídricas devem ser cumpridas pela infusão intravenosa, isso pode levar 3-5 dias em casos severos. Quando se reassume a alimentação, ofereça porções frequentes e pequenas de uma dieta digerível e branda, tal como um arroz cozido com peito de frango sem tempero só na água e sal, até que a função gastrointestinal pareça estar recuperada. Contra o vômito freqüente ou persistente associado com esvaziamento gástrico prolongado que ocorre algumas vezes na infecção parvoviral, administre metoclopramida (Reglan; A.H.Robbins). A metoclopramida é um antiemético que promove o bloqueio dos receptores dopaminérgicos (D2) na zona quimiorreceptora do vômito (ZQD), e a dose aplicada em cães é de 1 a 2mg/kg Intravenosa em infusão de 24/24horas. No caso da diarréia, não se precisa de um tratamento para controlá-la, contanto que se cumpram às exigências hídricas, a diarréia geralmente é autolimitante. Se os sinais de gastroenterite recidivarem depois de uma alimentação, o cão deverá ficar em jejum por 12 a 24 horas adicionais antes de ser alimentado novamente. Caso consiga tolerar o alimento, a dieta branda deverá ser continuada por 7 a 14 dias, podendo depois desse período reintroduzir gradualmente a dieta regular no cão (AIELLO; 2001). Ocasionalmente, torna-se necessária uma infusão de sangue ou plasma (510mL/kg, intravenoso) para o tratamento de anemia por perda sanguínea severa ou da hipoproteinemia (SHERDING; 2003). Os erros no tratamento incluem terapia hídrica inadequada (erro comum), excesso na administração de líquidos (especialmente em cães com hipoproteinemia grave), sepse não diagnosticada e doenças do trato gastrointestinal concomitantes (por exemplo, parasitas, intussuscepção) (NELSON et al,2001). 6 PROGNÓSTICO e COMPLICAÇÕES A maior parte dos cães com enterite por CPV se recuperará se for tratada apropriadamente controlando-se a desidratação e a sepse. Quando um animal sobrevive pelos primeiros 3-4 dias de enfermidade, a recuperação ocorre rapidamente. No entanto alguns animais sucumbem a sepse bacteriana e à endotoxemia devido à leucopenia, da imunossupressão e do rompimento da barreira da mucosa intestinal. O animal quanto mais jovem mais alta ficará a taxa de mortalidade. Outras complicações podem incluir hipoglicemia, hipoproteinemia, anemia, intussuscepção, hepatopatias, sinais no sistema nervoso central (provavelmente devido à cinomose intercorrente) e muitas infecções bacterianas secundárias (endocardite, tromboflebite, pneumonia, infecções no trato urinário e abscessos locais). Os cães que se recuperam da enterite por PVC-2 desenvolvem imunidade de longa duração que pode ser vitalícia (NELSON et al, 2001). 7 PREVENÇÃO e CONTROLE Os cães com infecção com CPV eliminam uma quantidade maciça de vírus nas fezes durante sua enfermidade. Esses animais, bem como os fomitos e as instalações que eles contaminam, tornam-se altamente infectantes para outros cães. Assim deve fazer o isolamento de cães infectados por pelo menos até uma semana depois de sua recuperação, e deve fazer a higienização das áreas contaminadas porque o CPV é muito estável fora do animal e facilmente transmitido. 7.1Vacinação Constitui o único meio realista e efetivo para prevenção e controle da enfermidade. Nas primeiras semanas de vida, os anticorpos maternos protegem o filhote de infecção, mas, ao mesmo tempo também interferem na imunização ativa. À medida que o nível desses anticorpos maternos diminui, ocorre um período de 2-4 semanas no quais todos os filhotes ficam refratários à vacinação, porém permanece susceptível à infecção, se ficarem expostos, e nesse período é que ocorrem quase todas as falhas de vacinação. Como a idade na quais os filhotes conseguem responder à vacinação é imprevisível, os protocolos mais efetivos usam uma série e vacinações. As vacinas vivas atenuadas contra CPV-2 (contem um título alto de uma cepa do vírus altamente imunogênica) são mais efetivas no rompimento da interferência de anticorpos maternos em uma idade jovem, tem melhor magnitude, inicio de proteção mais rápida, duração mais longa. As vacinas de vírus vivo modificado (VVM) ou atenuado contra CPV-2 comercialmente disponíveis protegem cruzadamente efetivamente contra todas as cepas de campo conhecidas do CPV. Recomendam-se três doses de vacinação, onde a primeira se aplica quando o filhote esta com 6-8 semanas de vida e depois as outras duas doses a cada 30 dias, depois se recomenda uma vacinação anualmente. Não espace as vacinações em intervalos de menos de 2 semanas , pois a interferência de intervalos mais curtos pode prejudicar a eficácia da vacina. Quando se tenta evitar o surto de enterite parvoviral, é importante lembrar que (1) o parvovírus persiste por longo período de tempo (isto é meses no meio ambiente), tornando difícil assim evitar a exposição; (2) cães assintomáticos podem disseminar o PVC-2 virulento nas fezes; (3) a imunidade materna é mais eficaz para destruir o vírus da vacina do que o de rua, fazendo com que os programas de vacinação não garantam a prevenção da infecção; (4) a imunidade materna suficiente para inativar o vírus da vacina pode persistir por mais de 16 a 18 semanas de idade em alguns filhotes, dependendo do tipo de vacina usada; (5) o cloro diluído (1:32) é um dos poucos desinfetantes capazes de matar o vírus (NELSON et al, 2001). 8 CONCLUSÃO A parvovirose canina é uma enfermidade de extrema importância na área de animais domésticos, por que atingem filhotes (com mais freqüência) e animais adultos podendo levá-los a desidratação aguda por causa dos vômitos e diarréia, e até mesmo a morte. É uma doença causada por um vírus, de fácil diagnóstico e o seu prognostico é reservado. Certas raças têm incidências maiores, porém todos os cães estão sujeitos a se infectar. Como a transmissão é direta (contato com animais infectados) e indireta (contato com fômites infectados), o proprietário deve ter uns cuidados necessários para que seu animal não se infecta com a enfermidade, e se seu animal estiver enfermo, para que o vírus não se espalhe para outros cães sadios, como primeiramente vacinação em todos os animais que possuir, higienização dos canis (principalmente com as fezes, porque é uma fonte de infecção muito grande) com uma desinfecção de um diluição de 1:32 de água sanitária de hipoclorito de sódio, se o animal estiver enfermo isola-lo dos outros. Com esses cuidados, o animal terá menos risco de contrair o vírus e consequentemente a enfermidade. REFERÊNCIAS AIELLO,S.E.Manual Merck de Veterinária.8ed.São Paulo; Roca,p.235 a 237.2001. ANDRADE,S.F.Manual de Terapêutica Veterinária.2ed.São Paulo; Roca,p.3132;37;225-226.2002. BIRCHARD,S.J.,SHERDING,R.G.Manual Saunders: clínica de pequenos animais.2ed.São Paulo; Roca,p.121 a 125.2003 MAYR,A.,GUERREIRO,M.G. Virologia Veterinária. 3ed.Porto Alegre; Sulina,p.471.1988. NELSON,R.W.et al.Medicina Interna de Pequenos Animais.2ed.Rio de Janeiro; Guanabara Koogan,p.345-346.2001. Neto,J.B. Parvovirose canina.Disponível em: http://www.saudeanimal.com.br/parvovirose_brites.htm THOMSON,R.G.Patologia Geral Veterinária.Rio de Janeiro; Guanabara Koogan,p.376.1983. THRUSFIELD,M.Epidemiologia Veterinária.2ed.São Paulo; Roca,p.83.2004. UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Medicina Veterinária TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C) Claudinei da Silva Yamada Curitiba 2007 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Medicina Veterinária TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C) Curitiba 2007 Claudinei da Silva Yamada RELATORIO DE ESTÁGIO CURRICULAR Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor orientador: Prof. Uriel Vinicius C.Andrade Orientador Profissional: Dr. Nélio Benedito Borim Curitiba-PR 2007 Reitor Prof° Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profa Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profa Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini Secretário Geral Prof° João Henrique Ribas de Lima Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Prof° João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profa Neide Mariko Tanaka Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Profa Elza Maria Galvão Ciffoni CAMPUS CHAMPAGNAT Rua Marcelino Champagnat, 505 - Mercês CEP 80.215-090 – Curitiba – PR Fone: (41) 3331-7985 APRESENTAÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.), apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário, é composto de um Relatório de Estágio, no qual são descrita as atividades realizadas durante o período de 12/02/2007 a 28/04/2007, período este que estive na Clínica Veterinária São Benedito S/C LTDA localizada na cidade de Curitiba – PR cumprindo estágio curricular, e também de uma Monografia que versa sobre o tema: “Parvovirose Canina”. DEDICO Aos meus pais ITARU YAMADA e NORANEI DA SILVA YAMADA, á minha FAMÍLIA, e a minha namorada e amiga BRUNA DE PAULA HOFFMANN, que estiveram sempre presentes do meu lado, me orientando e incentivando em todas as horas dessa caminhada. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de estagiar na área e na clínica desejada, e por ter me ajudado, me iluminado e me protegido durante esta caminhada até os dias de hoje. Aos meus pais, Itaru Yamada e Noranei da Silva Yamada, em quem eu me espelho, por todo esforço e compreensão para que eu chegasse onde estou, e pelo carinho e apoio quando decidi atuar nessa área maravilhosa que é a Medicina Veterinária. À minha linda namorada, Bruna de Paula Hoffmann, pela paciência, compreensão, apoio, carinho, amor, por estar do meu lado mesmo nos momentos difíceis, e por ser uma mulher maravilhosa. Aos meus irmãos que apesar das diferenças eu os adoro. Ao Prof. Uriel Vínicius, por ter aceitado a ser meu orientador, pelos seus ensinamentos e por ser um amigo. Ao Dr. Nélio Benedito Borim, Medico Veterinário e Proprietário da clínica, pela oportunidade de estagiar em seu estabelecimento, por sua paciência e pelos seus ensinamentos que tenho certeza que poderei usar na minha vida profissional e também em minha vida pessoal. Aos Drs. Ricardo Grubba e Betina Millani por serem pacientes, e me ajudar com seus conhecimentos. Aos funcionários da clínica: Vergílio (Vena), José Mauri (Cérebro), Elizandro (Chonca), Zenilda, Francisco (Chico), Juliano (Juca) e Diogo (Gnomo) pela ajuda e conhecimentos. Aos meus amigos, que me incentivaram e me ajudaram especialmente à Arno Walter Hoffmann e Ivonete Pereira de Paula. A todos os professores e funcionários da Universidade Tuiuti do Paraná, em especial aos professores e mestres: Pedro Werner, Sergio Bronze, Ricardo Maia, João Padilha, Neide Tanaka, Elza Maria Galvão, Ambires, Uriel Vinicius, Hartmann, João Ari, Paulo Roberto Nocera, Antonio Carlos e aos funcionários do financeiro. A vocês muito Obrigado! “Não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais nas suas faculdades mentais... os animais como os homens demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento.” Charles Darwin. SUMÁRIO LISTA DE TABELAS........................................................................................................ v LISTA DE FIGURAS............................................................................................. vi RESUMO............................................................................................................... vii LISTA DE ABREVIATURAS................................................................................. viii 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 1 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO...................................................................... 2 2.1 RECURSOS HUMANOS............................................................................................. 3 2.2 INFRA-ESTRUTURA...................................................................................................3 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.................................................................................. 4 4 DESCRIÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS E CIRÚRGICOS.............................................. 6 4.1 INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADO-REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............. 6 4.1.1 Definição.................................................................................................................. 6 4.1.2 Etiologia.................................................................................................................... 7 4.1.3 Fisiopatologia........................................................................................................... 7 4.1.4 Sinais clínicos........................................................................................................... 8 4.1.5 Diagnóstico...............................................................................................................9 4.1.6 Tratamento............................................................................................................... 10 4.1.7 Prognóstico.............................................................................................................. 11 4.2 Caso clínico................................................................................................................. 11 4.2.1 Resenha................................................................................................................... 11 4.2.2 Anamnese................................................................................................................ 12 4.2.3 Exame físico............................................................................................................. 12 4.2.4 Diagnóstico.............................................................................................................. 12 4.2.5 Exames complementares......................................................................................... 12 4.2.6 Tratamento............................................................................................................... 14 4.2.7 Discussão................................................................................................................. 15 4.3 MIÍASE – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................ 17 4.3.1 Definição.................................................................................................................. 17 4.3.2 Etiologia.................................................................................................................... 18 4.3.3 Fisiopatologia........................................................................................................... 18 4.3.4 Sinais clínicos........................................................................................................... 18 4.3.5 Diagnóstico............................................................................................................... 19 4.3.6 Tratamento............................................................................................................... 19 4.3.7 Prognóstico.............................................................................................................. 19 4.4 Caso clínico................................................................................................................. 20 4.4.1 Resenha................................................................................................................... 20 4.4.2 Anamnese................................................................................................................ 20 4.4.3 Exame físico............................................................................................................. 20 4.4.4 Diagnóstico............................................................................................................... 20 4.4.5 Tratamento............................................................................................................... 21 4.4.6 Discussão................................................................................................................ 21 4.5 TUMORES MAMÁRIOS REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................ 22 4.5.1 Introdução................................................................................................................ 22 4.5.2 Etiologia.................................................................................................................... 22 4.5.3 Sinais clínicos........................................................................................................... 24 4.5.4 Diagnóstico............................................................................................................... 25 4.5.5 Tratamento............................................................................................................... 25 4.5.5.1 Tratamento pré-operatório.................................................................................... 26 4.5.5.2 Técnica cirúrgica................................................................................................... 27 4.5.5.3 Cuidados e avaliação pós-operatórios.................................................................. 28 4.6 Caso clínico................................................................................................................. 29 4.6.1 Resenha................................................................................................................... 29 4.6.2 Anamnese................................................................................................................ 29 4.6.3 Exame físico............................................................................................................ 29 4.6.4 Diagnóstico.............................................................................................................. 30 4.6.5 Tratamento............................................................................................................... 30 4.6.6 Discussão................................................................................................................. 31 4.7 HIPERPLASIA ENDOMETRIAL CÍSTICA PIOMETRA–REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............. 32 4.7.1 Definição.................................................................................................................. 32 4.7.2 Etiologia................................................................................................................... 32 4.7.3 Fisiopatologia........................................................................................................... 33 4.7.4 Sinais clínicos.......................................................................................................... 34 4.7.5 Diagnóstico.............................................................................................................. 34 4.7.6 Tratamento............................................................................................................... 35 4.7.6.1 Pré-operatório....................................................................................................... 36 4.7.6.2 Procedimento cirúrgico......................................................................................... 36 4.7.6.3 Pós-operatório...................................................................................................... 37 4.8 Caso clínico................................................................................................................ 37 4.8.1 Resenha................................................................................................................... 37 4.8.2 Anamnese................................................................................................................ 38 4.8.3 Exame físico............................................................................................................ 38 4.8.4 Diagnóstico presuntivo............................................................................................ 38 4.8.5 Exames complementares........................................................................................ 38 4.8.6 Tratamento.............................................................................................................. 39 4.8.7 Discussão................................................................................................................ 40 4.9 DISPLASIA COXOFEMORAL – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................... 41 4.9.1 Definição.................................................................................................................. 41 4.9.2 Fisiopatologia........................................................................................................... 41 4.9.3 Sinais clínicos.......................................................................................................... 42 4.9.4 Diagnóstico.............................................................................................................. 43 4.9.5 Tratamento............................................................................................................... 44 4.9.5.1 Técnica cirúrgica da excisão da cabeça e do colo femoral................................... 45 4.9.5.2 Pós-operatório....................................................................................................... 46 4.10 Prognóstico............................................................................................................... 46 4.11 Caso clínico............................................................................................................... 46 4.11.1 Resenha................................................................................................................. 46 4.11.2 Anamnese.............................................................................................................. 47 4.11.3 Exame físico........................................................................................................... 47 4.11.4 Diagnóstico.............................................................................................................47 4.11.5 Exames complementares....................................................................................... 47 4.11.6 Tratamento............................................................................................................. 47 4.11.7 Discussão.............................................................................................................. 48 5 CONCLUSÃO................................................................................................................ 49 REFERÊNCIAS................................................................................................................ 50 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Casos atendidos durante o estágio................................................................. 4 TABELA 2 Procedimentos cirúrgicos realizados durante o estágio.................................. 5 TABELA 3 Vacinações feitas no período do estágio..........................................................5 TABELA 4 Hemograma completo, método automatizado/ Abacus/ e revisão microscópica: Resultado. Data :21/03/2007...................................................................... 12 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Vista frontal da Clínica Veterinária São Benedito Curitiba- PR.................... 2 FIGURA 2 – Consultório.................................................................................................... 3 FIGURA 3 – Centro cirúrgico............................................................................................ 3 FIGURA 4 – Sessão de acunputura na paciente Tina...................................................... 15 FIGURA 5 – Paciente Lobinha – Tumor mamário............................................................ 29 FIGURA 6 – Paciente Lobinha – Mastectomia................................................................. 31 FIGURA 7 – Útero a paciente com piometra.................................................................... 40 FIGURA 8 – Cabeça e colo femoral (excisão).................................................................. 48 RESUMO O trabalho resume as práticas desenvolvidas na clínica veterinária São Benedito, localizada na cidade de Curitiba, onde nessas praticas se encaixam a clínica médica, clínica cirúrgica e imunização de pequenos animais, mais especificamente, cães e gatos, e cinco relatos de casos. Os casos estão descritos por intoxicação por organofosforado, miíase, tumores mamários, hiperplasia endometrial cística-piometra e displasia coxofemoral. Possui também uma monografia sobre parvovirose canina. Palavras Chaves: Clínica médica, clínica cirúrgica, organofosforado, intoxicação, miíase, queimadura, tumores mamários, piometra e displasia. LISTA DE ABREVIATURAS °C Graus Celsius CAVO Complexo arteriovenoso ovariano CHCM Concentração de hemoglobina corpuscular média cm Centímetro g/dl Gramas por decilitro HEC Hiperplasia endometrial cística IgG Imunoglobulina G IgM Imunoglobulina M IM Intramuscular IV Intravenoso(a) Mg/kg Miligramas por quilogramas mm3 Milímetros cúbico Neut. Neutrófilos OF Organofosforados pg Picograma PGF2ά Prostaglandina F dois alfa SC Subcutâneo SNA Sistema nervoso autônomo SNC Sistema nervoso central SRD Sem raça definida TGMs Tumores das glândulas mamárias U/g Hb Unidade por grama de Hemoglobina um3 Unidade por metro cúbico VCM Volume corpuscular médio VO Via oral % Por cento µl Microlitro 1 INTRODUÇÃO O estágio curricular tem por finalidade proporcionar ao acadêmico, experiências práticas, habilidade técnicas, conhecimentos específicos, relacionamento profissional, atividades rotineiras na área e adicionar conhecimentos gerais que são requisitos necessários para a profissão de Médico Veterinário. O estágio foi realizado na Clínica Veterinária São Benedito, tendo como orientador o Médico Veterinário Nélio Benedito Borim, proprietário da clínica, e com professor orientador o professor Msc. Uriel Vinícius Cotarelli de Andrade. Esta área foi escolhida devido à afinidade aos pequenos animais e também pelo crescimento do reconhecimento desses animais pelos seus proprietários, fazendo assim com que este mercado cresça. Os animais de estimação, atualmente em muitas famílias são considerados como um membro e tratados da melhor maneira possível, e com isso a preocupação em melhorar o bem estar animal esta crescendo cada vez mais. Este relatório refere-se ao período de estágio, 12 de fevereiro de 2007 a 28 de abril de 2007, e encontram-se descrita as atividades desenvolvidas durante este tempo. Também foram descritos cinco casos clínicos (intoxicação por organofosforado, tumores mamários, hiperplasia endometrial cística–piometra, miíase e displasia coxofemoral) e suas revisões literárias. 2.DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO Local de estágio: Clínica Veterinária São Benedito – Curitiba – PR. Carga Horária: 371 horas Período de realização: 12/02 à 28/04 Orientador supervisor: Prof.Msc. Uriel Vinícius C. Andrade Orientador profissional: Médico Veterinário Nélio Benedito Borim A Clínica Veterinária São Benedito (FIGURA1) foi fundada em 1982, sendo a primeira clínica em Santa Felicidade da cidade de Curitiba. Hoje com 25 anos de existência, ela possui uma infra-estrutura e recursos humanos que oferecem um atendimento de ótima qualidade, e conforto aos animais que ficam hospedados ou internados. Com a política de atender da melhor maneira possível, melhorando o bem estar do paciente, satisfazendo seus proprietários. A clínica funciona de segunda a sexta das 08h00min até as 20h00min horas, sábado das 08h00min até as 19h00min horas e domingo das 09h00min até as 13h00min horas. FIGURA 1-Vista frontal da Clínica Veterinária São Benedito – Curitiba- PR 2.1 RECURSOS HUMANOS O local possui 5 funcionários na parte clínica, sendo: • Três médicos veterinários; • Um secretário; • Um enfermeiro. 2.2 INFRA-ESTRUTURA • Recepção e sala de espera – Onde é feito o atendimento ao proprietário, buscando as primeiras informações sobre o animal; • Consultório (FIGURA 2) – Onde são realizadas as consultas, vacinações e medicações; • Centro cirúrgico (FIGURA 3) – São realizados os procedimentos cirúrgicos FIGURA 2-Consultório FIGURA 3-Centro cirúrgico • Sala de radiografia; • Canil – São no total cinco para cães de grande porte, dois para médio porte e 10 para gatos e cães de pequeno porte. E existem mais 10 na parte do banho e tosa que também faz parte da estrutura física da clínica; • Cozinha; • Dois banheiros; • Almoxarifado. 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Foram acompanhados os procedimentos cirúrgicos e clínicos, tanto de rotina como de emergência, além de exames radiográficos. As tabelas 1, 2 e 3 a seguir, demonstram o levantamento das atividades acompanhadas durante o período de estagio. TABELA 1–CASOS ATENDIDOS DURANTE O ESTÁGIO, NO PERÍODO DE 12/02/2007 a 28/04/2007. Casos Número de casos % Virologia 19 11,44 Odontologia 5 3,01 Parasitologia 13 7,83 Cirurgia em geral 48 28,92 Gastroenterologia 5 3,01 Pneumologia 8 4,82 Neurologia 13 7,83 Ortopedia 10 6,02 Toxicologia 12 7,23 Dermatologia/Otopatias 20 12,06 Oftalmologia 10 6,02 Cardiologia 3 1,81 Total 166 100 TABELA 2–PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS REALIZADOS DURANTE ESTÁGIO, NO PERÍODO DE 12/02/2007 a 28/04/2007. Casos cirúrgicos Números de casos % Ovário-salpingo-histerectomia 10 20,83 Amputação da cauda ou membros 3 6,25 Retirada do 5°dedo (Ergot) 4 8,33 Otohematoma 2 4,17 Cesariana 3 6,25 Enucleação 1 2,08 Exerese da cabeça do fêmur 1 2,08 Mastectomia 12 25 Piometra 4 8,33 Otoplastia estética 1 2,08 Orquiectomia 7 14,6 Total 48 100 torácicos TABELA 3–VACINAÇÕES FEITAS NO PERÍODO DE ESTÁGIO, 12/02/07 a 28/04/2007 Vacinas Número de vacinas % Dectúpla 323 51,43 Anti-rábica 280 44,59 Quádrupla Felina 25 3,98 Total 628 100 O 4 DESCRIÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS E CIRÚRGICOS 4.1 INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADO - REVISÂO BIBLIOGRÁFICA 4.1.1 Definição Os organofosforados (OF) substituíram os organoclorados banidos e constituem causa importante de envenenamento animal. Eles variam muito em toxicidade, níveis residuais e excreção. Tem sido desenvolvidos muitos OF para a proteção de plantas e animais e, em geral, eles oferecem uma vantagem distinta mediante produção de pouco ou nenhum resíduo tecidual e ambiental. (AIELLO, 2001). Os inseticidas organofosforados geralmente produzem o envenenamento rápido, podendo ser rapidamente fatais em altas doses. Todavia eles são rapidamente metabolizados e excretados, assim o envenenamento crônico não é um problema importante. A interrupção da exposição resulta em recuperação completa (CHEVILLE, 1994). Sob a denominação de grupo de fosfato orgânicos, estão incluídos certos “gases nervosos”, planejados para utilização na guerra, e também diversos inseticidas e antielmínticos e agentes desfolhantes. Habitualmente, os inseticidas e antielmínticos são mais bem conhecidos pelos nomes comerciais específicos. (Jones, 2000). Entre eles podemos citar o Paration (tiofosfato de o, o dietil p nitrofenila), malation (ditiofosfato de o,o dietila), carbaril (Sevin®), carbofenotion (Trithion®), coumafós (Corad®), clorpirifós, crufomate e fenclorfós. Clorpirifós, diclorvós, fentiona, carbarila, metonila, aldicarb e carbofurano constituem somente alguns dos inseticidas que podem ser tóxicos após uma aplicação dérmica ou uma ingestão oral. Muitos desses inseticidas são encontrados em banhos de imersão e sprays, coleiras antipulga e vermífugos (BIRCHARD, 2003). Os organofosforados são lipossolúveis, por isso é bem absorvida pela pele intacta, sua toxicidade é aditiva. 4.1.2 Etiologia Tanto os organofosforados quanto os carbamatos inibem a acetilcolinesterase, a enzima que degrada a acetilcolina em sítios muscarínicos e nicotínicos dos sistemas nervosos autônomo e somático. Geralmente, predominam sinais de estimulação parassimpática, mas podem ocorrer sinais de superestimulação somática, simpática e de SNC. Uma neurointoxicação com organofosforado retardada pode causar degeneração axonal central-periférica irreversível (BIRCHARD, 2003). Conhecidos como anticolinesterases, esses fosfatos orgânicos tem efeitos essencialmente similares, que dependem da capacidade de evitar ou inibir a ação da colinesterase. Essa ação deixa livre a acetilcolina das terminações nervosas simpáticas e parassimpáticas para atuar continuamente e sem a liberação dos efetores ao final de cada estímulo (JONES, 2000). 4.1.3 Fisiopatologia Os efeitos que contribuem para doença e a morte se originam-se em 3 áreas nervosas principais: (1) os nervos motores dos músculos esqueléticos (acumulação de acetilcolina nas junções neuromusculares resultam os sinais nicotínicos), (2) fibras nervosas parassimpáticas pós-ganglionares (sinais clínicos muscarínicos) e (3) algumas sinapses do sistema nervoso central (acumulação de acetilcolina no cérebro). Comumente os sinais surgem dentro de uma a duas horas depois de um contato isolado com o produto, que pode ocorrer por inalação ou absorção cutânea (mais freqüente que a ingestão) (JONES, 2000). A toxicidade varia largamente. Os compostos organofosforados mais recentes são bem menos tóxicos que os mais antigos, pois foram sintetizados para serem altamente tóxicos para os insetos, mas não para os mamíferos (CHANDLER, 1989). Em geral, os pesticidas organofosforados possuem uma margem de segurança estreita, e sua curva de resposta de dose é bastante acentuada (AIELLO, 2001) 4.1.4 Sinais clínicos Os sinais clínicos de intoxicação em cães e gatos são em geral graves, possuem inicio rápido e pioram progressivamente (RICHARD, 2001). Sialorréia, lacrimejamento, diarréia, vômito e miose. Fasciculações nos músculos faciais e da língua, progredindo para depressão intensa e convulsões tônicocrônicas (RICHARD, 2001). A saliva é copiosa, mas aquosa. Ocorre dispnéia, acompanhados de movimentos laboriosos e exagerados. Antes da morte, ficam evidenciados estertores pulmonares intensos e grunidos graves. Ocorrem contrações e fasciculações musculares e ataxia, mas a última apenas excepcionalmente sofre convulsões. A principal causa de morte é a asfixia (JONES, 2000). Os sinais muscarínicos, que são geralmente os primeiros a aparecer, incluem hipersalivação, miose, micção freqüente, diarréia, vômitos, cólica e dispnéia devido ao aumento nas secreções bronquiais e broncoconstrição. Os efeitos nicotínicos incluem fasciculações musculares e fraqueza. Os efeitos centrais incluem ataxia, apreensão e atividades de ataque convulsivo (AIELLO, 2001). Em gatos, uma intoxicação com organofosforados se caracteriza por fraqueza muscular acentuada, midríase, crispação e anorexia (que pode durar semanas) (BIRCHARD, 2003). O contato dérmico com banhos ou nebulizações pode fazer com que o envenenamento exiba sinais após lapso de tempo mais longo. A exposição recente a outro organofosforado (OF) pode ter reduzido os níveis de colinesterase, o que aumentará a suscetibilidade (ETTINGER, 1997). Os animais com envenenamento agudo por OF apresentam lesões inespecíficas ou não apresentam lesão. Pode-se encontrar edema e congestão pulmonares, hemorragias e edema intestinal e em outros órgãos. Os animais que sobrevivem por mais que 1 dia podem ficar edemaciados e desidratados (AIELLO, 2001). 4.1.5 Diagnóstico História de exposição, sinais clínicos e atividade de colinesterase baixa em exame de sangue completo (menos de 25% do normal) sugerem toxicose (BIRCHARD, 2003). O valor da confirmação laboratorial é limitada, pois a ligação carbamatocolinesterase é rapidamente revertida. Colhem conteúdos gástricos, fígado, urina, pele e pêlos para analise química, dependendo do tipo de exposição. Berger e Bayliss (1952) descreveram um método histoquímico para a detecção da colinesterase nas placas terminais motoras em preparações de fibras dissecadas de músculo esquelético, o que pode ter utilidade na detecção de acúmulos fatais de anticolinesterase (JONES, 2000). Os resultados de análises realizadas depois da exposição podem ser negativos, pois os OF não permanecem muito tempo como o composto original nos tecidos (AIELLO, 2001). 4.1.6 Tratamento Induza o vômito se a ingestão já tiver ocorrido dentro de 2 horas após a apresentação, forneça uma alimentação antes de administrar o emético, prossiga com carvão ativado e catártico. Se a exposição for por meio de contato cutâneo, lave o animal com detergente e água. Se ocorrerem convulsões, comece com anticonvulsivos, como diazepam. O diazepam é um benzodiazepínicos, que aumentam a eficiência da transmissão gabaérgica, sendo relaxantes musculares de ação central. Sua dose em cães é de 0,5 a 1mg/kg (estado epilético); 1 a 4mg/kg, VO, dividido em 3 a 4 vezes ao dia em caso de convulsão. Nos gatos a dose é de 2 a 5mg/kg, VO, IV, 3 vezes ao dia em caso de convulsão. Para tratar envenenamento por organofosforados, utilizam-se três categorias de fármacos: 1. os agentes bloqueadores muscarínicos; 2. os reativadores colinesterásicos; e 3. os eméticos, os catárticos e os adsorventes (para diminuir a absorção adicional) (AIELLO, 2001). O sulfato de atropina deve ser administrado até o efeito, geralmente em uma dosagem, nos cães e gatos, de 0,2 a 2mg/kg de peso corporal, a cada 3 a 6 horas ou tão freqüentemente quanto for clinicamente indicado. Deve-se evitar tratamento exagerado com atropina. A atropina não alivia os efeitos colinérgicos nicotínicos. Segundo Andrade (2002) a atropina é um alcalóide extraído da Atropa belladona, que possui ação broncodilatora, mas pode causar taquicardia, midríase e depressão do SNC. É um anticolinérgicos utilizados com a finalidade de antagonizar o efeito do SNA parassimpático, produzindo broncodilatação. Os antagonistas muscarínicos são especialmente eficazes contra a broncoconstrição produzidas pelos fármacos parassimpatomiméticas. Use cloreto de pralidoxima (10-15mg/kg, IM ou SC) contra tremores musculares e sinais nicotínicos (BIRCHARD, 2003). Cloreto de pralidoxima (2-PAM, cloreto de protopam) um reativador da colinesterase, deve ser administrado como solução a 10%, na base de 10mg/lb (20mg/kg) para gatos, e 20mg/lb (40mg/kg) para cães – por injeção IV lenta, ou mesclado a líquido apropriado, ao longo de 30 minutos (ETTINGER, 1997). 4.1.7 Prognóstico È bom se o tratamento for precoce. 4.2 Caso clínico 4.2.1 Resenha Nome: Tina Espécie: canina Raça: SRD (sem raça definida) Sexo: Fêmea Idade: 9 anos, 4 meses Peso: 8,9 kg 4.2.2 Anamnese O animal chegou à clínica com histórico de suspeita de intoxicação por organofosforados, proprietária relata que pode ter sido o caseiro que passou OF nas plantas, ela não percebeu se o animal apresentava sinais característicos de intoxicação. 4.2.3 Exame físico No exame foi constatado, paralisia dos membros pélvicos e torácicos (tetraplegia), sialorréia excessiva, lacrimejamento e temperatura à 38,6°C. Na palpação abdominal notou-se que o animal apresentava cólica, porém sem alterações abdominais característicos. 4.2.4 Diagnóstico: Animal intoxicado por organofosforado. 4.2.5 Exames complementares Foi colhido sangue, no mesmo dia da entrada do animal, para efetuar exames complementares. TABELA 4 HEMOGRAMA COMPLETO, MÉTODO AUTOMATIZADO/ ABACUS/ e REVISÃO MICROSCÓPICA: Resultado. Data :21/03/2007 Valor de referência 6,92 milhões/mm3 4a7 Hematócrito 48% 40 a 56 Hemoglobina 16,1g/dL 14 a 19 VCM 69,4um3 65 a 78 Eritrócitos HCM 23,3pg 21 a 26 CHCM 33,5% 31 a 35 Absoluto Leucócitos Relativa 11400/µL Absoluto Relativa 8000 a 16000 0a0 Neut. Bastonetes 570/µL 5% 0 a 160 0a1 Neut. Segmentados 9006/µL 79% 4400 a 12800 55 a 80 Linfócitos 1824/µL 16% 1040 a 6400 13 a 40 Monócitos 0 0 80 a 166 1a6 Eosinófilos 0 0 80 a 1440 1a9 Basófilos 0 0 0 a 160 0a1 Mieloblastos 0 0 Promielócitos 0 0 Valor de referência Contagem de plaquetas...............468000mm3.......................200000 a 500000 Observações: Pecilocitose +( alterações na forma dos eritrócitos). • Exame de Acetilcolinesterase, método Espectrofotometria, amostra sangue.Data de entrada:21/03/2007; Data de saída: 04/04/2007. Resultado: 33U/g Hb Normal Valor de referência: 20 a 40U/g Hb. • Cinomose, método imunofluorescência indireta (IFA), amostra soro. Data 16/04/2007 Resultado: IgM< 1:25 IgG< 1:50 IgM<1:25 e IgG<1:50, pesquisa viral negativa e com sinais clínicos, colher nova amostra após 10 dias. • Cinomose, método imunofluorescência direta, amostra plasma. Data: 16/04/2007 Resultado: negativo O exame de imunofluorescência direta das amostras de sangue, não apresentou presença de vírus da cinomose. 4.2.6 Tratamento1 Depois de colhido o sangue no dia 21/03/2007, foi administrado atropina (0,2 a 2 mg/kg), mais mercepton, mais vitamina B12 (100 a 200 µg/cão), mais dexametazona (0,1 a 0,2 mg/kg) e fluidoterapia de solução de glicose 5%. O animal ficou internado, do dia 21/03/2007 até 31/03/2007. O animal teve episódios de vômito nos dia 22 e 23/03/2007, e a partir desta data o tratamento consistia em vitamina B12 (100 a 200 µg/cão), mais mercepton (2 a 10 mL/dia), ranitidina (1 a 2 mg/kg), metoclopramida (0,2 a 0,5mg/kg VO ou SC ou 1 a 2mg/kg IV em infusão) e fluidoterapia com solução de Ringer com Lactato, até o dia 27/03/2007 onde a partir desta data era só aplicado vitamina B12 (100 a 200 µg/cão) e o animal já estava se alimentando de uma dieta a base de arroz com peito de frango cozido sem tempero. Nos dias 29 e 30/03/2007 o proprietário fez duas sessões de acunputura, com intenção de estimular diversos nervos motores, onde começou a reagir com movimentos de retração do músculo nos membro pélvico e torácico do lado esquerdo. No dia 31/03/2007 o animal foi liberado, porém sem locomoção, a pedido da proprietária. Monovin B12-Bravet® (vitamina B12), Mercepton-Bravet® (complexo vitamínico - antitóxico), Cort trat® SM (dexametazona), Cloridrato de Ranitidina-União Química® (Bloqueadores de H2), Metoclosantisa-Santisa® (Metoclopramida – antiemético). FIGURA 4 Sessão de acunputura na paciente Tina. Nos dias 03 a 06 a proprietária trouxe a paciente para aplicar vitamina B12 (100 a 200 µg/cão), e relatou que continuaram com sessão de acunputura. No dia 09/04/2007 o animal voltou para reconsulta e já conseguia se locomover independentemente. 4.2.7 Discussão O animal apresentava alguns sinais característicos de intoxicação por organofosforado, porém não se obteve informações suficientes para propor um diagnóstico significativo. Porém o tratamento proporcionado surtiu efeito benéfico sobre o paciente, e apesar do tempo de recuperação o animal teve sucesso em sua melhora. O exame de cinomose deu negativo, assim descartando a possibilidade de ser a enfermidade. A intoxicação por OF, geralmente predominam sinais de estimulação parassimpático, mas podem ocorrer sinais de superestimulação somática, simpática e de SNC. Este pode ser o motivo da paralisia dos quatros membros, que pode ser também uma fraqueza neuromuscular. Quanto ao tratamento, ele é idêntico para outras enfermidades de intoxicações, como carbamatos ou metilxantinas, neurológicas, podendo assim ser outra enfermidade. e outras enfermidades 4.3 MIÍASE – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.3.1 Definição As larvas dos dípteros podem-se desenvolver no tecido subcutâneo ou nos órgãos de muitos animais domésticos, produzindo uma afecção conhecida como miíase (AIELLO, 2001). Miíase é a infestação dos tecidos por larvas de Dípteros (mosca com duas larvas ou com anexos semelhantes a asas), é uma doença geralmente relacionada ao manejo negligente dos animais. Ocorrem nas regiões úmidas do corpo que acumulam sujidades de urina, fezes ou secreções corpóreas. As moscas são atraídas pelo mau cheiro exalado desses pontos (CARLTON, 1998). Os locais de invasão dessas larvas proporcionam uma base para sua classificação clínica: (1) Cutânea – as larvas vivem na pele ou subcutaneamente (por exemplo, berne dos bovinos); (2) Intestinal – no estomago ou intestino (“vermes do cavalo”); (3) Atrial – nas cavidades oral, nasais, sinusais, vaginal e uretral (Oestrus ovis); (4) Que invade ferimentos – (larvas da miíase); (5) Larvas hematófagas. Algumas larvas de moscas ocupam mais de um desses locais durante o transcurso de seu desenvolvimento no hospedeiro. Muitas larvas de moscas são parasitos específicos de certo hospedeiros; outros são parasitos acidentais ou inespecíficos. 4.3.2 Etiologia As moscas fazem ovipostura próxima às lesões, sujidades de urina e secreções corpóreas, depois elas eclodem e vão se alimentar do tecido muscular. As moscas primárias são de particular importância, porque iniciam a infestação e propiciam condições adequadas para a invasão subseqüente por moscas secundárias (BlOOD, 1991). As moscas mais importantes na miíase são: Callitroga hominivorax, Callitroga macellaria, Dermatobia hominis e mosca do gênero Cuterebra. 4.3.3 Fisiopatologia Os efeitos patogênicos dessa mosca são causados pela larva, que se alimentam de tecidos vivos e assim acarretam efeitos sérios em seus hospedeiros. Em animais as larvas se instalam em qualquer ferimento a que tenha acesso (JONES, 2001). 4.3.4 Sinais clínicos Lesões de tecido muscular de grande tamanho, fétido, tecidos necrosados e de acordo com a localização da miíase, poderá ocorrer peritonite, claudicação, cegueira, afecções dentárias entre outras. Os animais se apresentam-se inquietos, deixam de se alimentar e emagrecem. A morte pode ocorrer por toxemia, hemorragia ou infecções bacterianas (FORTES, 1997). Os movimentos da larva causam dor, inquietação e irritação, prejudicando o descanso do animal parasitado, vindo refletir-se no seu estado geral. Comumente as invasões bacterianas secundárias vão originar pus e abscessos (FORTES, 1997). 4.3.5 Diagnóstico Baseia-se nos sinais clínicos e na identificação das larvas (URQUART, 1998). Macroscopicamente, a pelagem ou velo ficam aglutinados e formam-se vários orifícios ou úlceras de odor forte (CARLTON, 1998). 4.3.6 Tratamento Deve se depilar o pelame para determinar a extensão da lesão e remover as larvas. A remoção das larvas de bolsões teciduais profundos pode ser difícil e pode exigir sedação, ou mesmo, anestesia do animal para extrair todas as larvas. Deve-se examinar todos os dias a lesão, as moscas adultas põem ovos no ferimento em momentos diferentes e a eclosão das larvas pode não estar sincronizada. Geralmente a cicatrização é rápida e completa, mas deve se também ter preocupação com a causa original. Incontinência fecal ou urinária, pelagem continuamente umedecidas, dermatoses de dobras ou salivação ou lacrimejamento constantes, junto com a má higiene, podem predispor o animal à miíase (SCOTT, 1996). De acordo com Urquart (1998) é possível aplicar um inseticida adequado depois de limpar a lesão. 4.3.7 Prognóstico Bom 4.4 Caso clínico 4.4.1 Resenha: Nome: Branco Espécie: canina Raça: SRD (sem raça definida) Sexo: Macho Idade:1 ano e 5 meses Peso:9 kg 4.4.2 Anamnese No dia 19/03/2007 o animal chegou à clínica com uma lesão cervical, lado esquerdo, provocado por miíase, porém o proprietário colocou creolina que provocou uma dermatite química e queimadura que causou na perda da epiderme. 4.4.3 Exame físico No exame foi constatada uma úlcera característica de uma miíase com presença de secreção purulenta e perda da epiderme, causada por queimadura, ao redor da lesão. Sua temperatura estava normal (38,2°C) e na palpação abdominal não se notou nada de irregular. Na lesão não se notou presença de larvas. 4.4.4 Diagnóstico Lesão causada por miíase e queimadura por creolina. 4.4.5 Tratamento O animal ficou internado do dia 19/03/2007 até o dia 27/03/2007. Neste período foi feito a limpeza com solução fisiológica 0,9%, PVPI, Furacin e Bactrovet nas bordas. Aplicado Penjet®PS Penicilina (20000 a 40000 U/kg) por 7 dias e Cort 2 Trat® SM dexametazona (0,1 a 0,2 mg/kg) por 3 dias. 4.4.6 Discussão O paciente teve uma ótima melhora e foi dada alta no dia 27/03/2007, a queimadura reduziu e a lesão por miíase cicatrizou perfeitamente. Alertamos ao proprietário que qualquer espécie que tem exposição direta da pele, mucosas ou membranas a substancia química cáustica, ira causar uma lesão tecidual imediata. O tratamento com penicilina para pele não é indicada, porque praticamente 100% das linhagens de Staphylococcus aureus e aproximadamente 80% das outras linhagens de Staphylococcus são produtoras de β-lactamases, que são enzimas que inativa as penicilinas naturais. Penjet®PS - Clarion® (Benzilpenicilina+Procaína+Didroestreptomicina), Cort Trat® SM (Dexametazona), Furacin – Schring-Plough® (Nitrofurazona), Bactrovet (Sulfadiazina prata+Alumínio+Cipermetrina) – Repelente, larvicida e cicatrizante. 4.5 TUMORES MAMÁRIOS REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.5.1 Introdução As neoplasias de glândula mamária são doenças de cadelas e gatas idosas. Os tumores de glândula mamária (TGMs) caninos são os tumores mais comuns nas cadelas. Nas gatas somente os tumores cutâneos e os linfomas são mais comum que os TGMs. Os tumores de glândula mamária são muitos raros em cães e gatos machos (BIRCHARD, 2003). Existem diferenças tanto no comportamento biológico, quanto na histologia dos tumores mamários nos cães e gatos. Cerca de 45% dos tumores mamários são malignos nos cães , e aproximadamente 90% nos gatos, e os cães apresentam um número muito mais alto de tumores complexos e mistos que gatos (AIELLO, 2001). Cadelas de varias raças foram consideradas como estando sob maior risco: Poodle, Spaniel Inglês, Brittany Spaniel, Setter Inglês, Pointer, Fox Terrier, Boston Terrier, e Cocker Spaniel. Acredita-se que os Chihuahuas e Boxers sejam de raças de menor risco (ETTINGER, 1997). 4.5.2 Etiologia Desconhece-se a causa dos tumores mamários em qualquer espécie exceto os camundongos, nos quais os oncornavírus constitui o agente causador em determinadas linhagens endogâmicas. Os hormônios exercem papel importante nas hiperplasias e neoplasias do tecido mamário, mas desconhece-se o seu mecanismo exato (AIELLO, 2001). Cerca de 50% dos carcinomas mamários apresentam receptores de estrógeno e progesterona. Os níveis de receptores são muito menores que os níveis encontrados em glândulas normais ou TGMs benignos. Somente os adenocarcinomas benignos e bem diferenciados parecem ser hormonalmente sensíveis nas cadelas (BIRCHARD, 2003). O alastramento dos carcinomas mamários nos cães e gatos ocorre, a principio, para os linfonodos regionais e pulmões. Nos cães, 5 a 10% dos carcinomas mamários podem produzir metástases esqueléticas, de inicio esqueleto axial, mas também nos ossos longos (AIELLO, 2001). Os cães com TGMs benignos apresentam um risco de mais de três vezes de desenvolver subsequentemente uma malignidade mamária de tipo celular diferente (BIRCHARD, 2003). Nos cães, os tumores mamários são mais frequentes nas cadelas intactas. Histologicamente, os tumores nas glândulas mamárias caninas são classificados pela Organização Mundial da Saúde como carcinomas (com 6 tipos e subtipos adicionais), sarcomas (com quatro tipos), carcinossarcoma (tumores mamários mistos) ou adenomas benignos. Esse esquema de classificação se baseia na extensão do tumor, envolvimento linfonodal e presença de lesões metastáticas (sistema TNM); ele inclui tumores não classificados e displasia aparentemente benigna (AIELLO, 2001). Os progestágenos utilizados para suprimir o estro promovem alterações hiperplásicas e neoplásicas nas glândulas mamárias de gatas e cadelas. Os tumores mamários benignos são encontrados em mais de 70% das cadelas tratadas com progestágenos de ação prolongada (RICHARD, 2001). 4.5.3 Sinais clínicos Desenvolve uma massa ou edema na região torácica ventral ou abdominal, onde essa massa geralmente faz parte das mamas, porém podem aparecer distante das glândulas mamárias. Dependendo do momento do reconhecimento, os tumores podem ser pequenos e móveis, lobulares e firmes, fixos na parede corporal e ulcerados. Os cães com carcinoma inflamatório apresentam glândulas difusamente inchadas com demarcação ruim entre os tecidos normal e anormal, que podem ser confundidas com mastite. No entanto o caso da mastite o inchaço é mais localizado e ocorre após o estro, um parto ou pseudociese (BIRCHARD, 2003). Os tumores mamários ocorrem como nódulos solitários ou múltiplos no interior da glândula mamária, e podem, ou não, estar associados ao mamilo.. os tumores podem ocorrer em qualquer das cinco glândulas, e tumores benignos e malignos podem estar presentes simultaneamente (ETTINGER, 1997). O tamanho é bastante variável, podendo ter alguns milímetros a vários centímetros de diâmetro. Em mais de metade dos casos há acometimentos de múltiplas glândulas. É comum espremer secreção anormal pelos mamilos das glândulas acometidas. Os linfonodos regionais (axilar ou inguinal) podem estar aumentados se tiver ocorrido metástase (RICHARD, 2001). Em gatas intactas jovens, podem confundir uma hipertrofia mamária com TGM. Pode se diferenciar facilmente uma hipertrofia mamária resultante de estimulação com progesterona endógena ou exógena por meio da história do caso e, se for necessário, de um exame histológico (BIRCHARD, 2003). 4.5.4 Diagnóstico No geral suspeita-se de tumor uma massa detectada no exame físico. Muitas vezes se desconhece o período de tempo no qual a massa se encontra presente, mas a taxa de crescimento pode ser útil na determinação do prognóstico. Umas palpações dos linfonodos regionais podem ajudar a determinar a extensão do alastramento. O diagnóstico de neoplasia mamária me mais provável em fêmeas idosas que apresentam algum nódulo na glândula mamária. Para a confirmação, o método indicado é a biopsia excisional. Antes da biopsia recomenda-se radiografia torácica para a pesquisa de metástase pulmonar. Avalia-se o tumor pela imagem e por palpação cuidadosa (RICHARD, 2001). Se o animal tiver de sofrer uma cirurgia, realize um hemograma completo, um perfil bioquímico e uma urinálise. Esses animais são geralmente idosos e podem apresentar doenças intercorrentes que exigem avaliação adicional (BIRCHARD, 2003). 4.5.5 Tratamento O tratamento da neoplasia mamária é a excisão cirúrgica de todo o tecido anormal. Existem controvérsias com relação a técnica cirúrgica preferível (RICHARD, 2001). Não existem estudos clínicos controlados avaliando a eficácia da quimioterapia no tratamento de tumores mamários caninos (Ettinger, 1997). A excisão cirúrgica constitui o tratamento de escolha para todos os tumores mamários, exceto carcinomas inflamatórios. Carcinomas inflamatórios são extremamente agressivos e uma cirurgia não tem nenhum valor no controle ou na paliação da doença (FOSSUM, 2005). Lumpectomia é a remoção de uma massa ou de parte das mamas, é usada quando a massa é pequena, encapsulada, não invasiva e localizada na periferia da glândula. Mastectomia simples é a excisão de uma glândula inteira, usada quando o tumor envolve a área central da glândula ou a maior parte da mesma. Mastectomia regional é a excisão da glândula envolvida e das glândulas adjacentes, essa técnica deve ser escolhida quando ocorrem tumores múltiplos em glândulas adjacentes na cadeia ou quando a massa ocorre entre duas glândulas. Mastectomia unilateral é a remoção de todas as glândulas, do tecido subcutâneo e dos vasos linfáticos associados em um lado da linha média, usado quando ocorrem tumores numerosos por toda cadeia. Mastectomia bilateral é a remoção simultânea de ambas as cadeias mamárias, quando ocorrem massas numerosas em ambas as cadeias; no entanto o fechamento cutâneo pode ser extremamente difícil ou impossível, portanto ela não é recomendada. 4.5.5.1 Tratamento pré-operatório Indica-se um exame minucioso completo. Massas infectadas e ulceradas devem ser tratadas com compressas mornas e antibióticos por vários dias antes da cirurgia para reduzir a inflamação e permitir que se avaliem com mais precisão as massas tumorais macroscópicas (FOSSUM, 2005). Deve depilar o abdômen ventral e o tórax caudal inteiros, depois palpar com cuidado cada cadeia mamaria e mapear a localização de cada massa. Na anestesia pode-se usar vários protocolos anestésicos, porém a anestesia geral costuma ser menos estressante para o paciente do que uma anestesia local. Posicione o animal em decúbito dorsal, com os membros torácicos fixados cranialmente e os membros pélvicos fixados caudalmente em uma posição relaxada. Por fim depilar e preparar para cirurgia asséptica o abdômen ventral inteiro, o tórax caudal e as áreas inguinais (FOSSUM, 2005). 4.5.5.2 Técnica cirúrgica Faça uma incisão elíptica ao redor da(s) glândula(s) mamária(s) envolvida(s), a um mínimo de 1 cm do tumor. Continue a incisão através dos tecidos subcutâneos, até a fáscia da parede abdominal externa. A separação na linha média entre as cadeias mamárias é distinta. Controle a hemorragia superficial usando pinças hemostáticas e ligaduras. Realize uma excisão em bloco por meio do levantamento de uma borda de incisão e da dissecação do tecido subcutâneo a partir das fáscias do músculo peitoral e reto, usando um movimento de deslizamento uniforme da tesoura. Aplique tração no segmento cutâneo levantado para facilitar na dissecação (FOSSUM, 2005). Resseccione o coxim gordurosos e os linfonodos inguinais junto com a glândula mamária inguinal. O linfonodo axilar não deve ser incluído em uma ressecção em bloco das glândulas torácicas. Excise a fáscia se o tumor já tiver invadido o tecido subcutâneo. Algumas lesões neoplásicas invadiram a musculatura abdominal e sua excisão deverá incluir uma porção na parede abdominal. Continue a dissecção com tesoura deslizante, até se encontrarem os vasos maiores (ou seja, epigástricos superficiais craniais e caudais) para a glândula. Ligue o vaso epigástrico superficial cranial e caudal e os ramos que suprem a primeira e segunda glândula mamária. Lave o ferimento e avance a pele em direção ao centro do defeito com suturas móveis. Se o espaço morto for extenso, coloque um Dreno de Penrose para ajudar a evitar o acúmulo de fluído. Aproxime as bordas cutâneas com um padrão de sutura subcutâneo ou subcuticular. Use um fio absorvível 3-0 ou 4-0 em uma agulha de ponta afilada, moldada em padrão interrompido ou contínuo. Use suturas cutâneas de aproximação (por exemplo, náilon ou polipropileno 3-0 ou 4-0) ou grampos. Coloque uma atadura circular acolchoada para comprimir o espaço morto, mobilizar o tecido e sustentar o ferimento (FOSSUM, 2005). 4.5.5.3 Cuidados e avaliação pós-operatórios Devem-se administrar analgésicos e terapia de suporte conforme o necessário deve usar uma atadura abdominal para sustentar o ferimento, comprimir o espaço morto e absorver o fluído. Caso se tenha utilizado um dreno de Penrose, deve-se remove-lo quando a drenagem diminuir até uma quantidade mínima (geralmente dentro de 3 a 5 dias). As ataduras e os fios de sutura geralmente são removidos 5 a 7 dias e 7 a 10 dias após uma cirurgia, respectivamente. As complicações pós-operatórias associados com a mastectomia incluem a formação de seroma, a deiscência do ferimento e o edema de um ou de ambos os membros traseiros. A formação de seroma é mais comum na região da virilha e pode ser ratada com o uso de compressas úmidas e mornas. É melhor que se deixem as deiscências de ferimentos, se não forem muito extensas, cicatrizarem por segunda intenção. As deiscências extensas requerem um debridamento e um fechamento (BOJRAB, 1996). 4.6 Caso clínico 4.6.1 Resenha: Nome: Lobinha Espécie: canina Raça: Pastor alemão Sexo: Fêmea Idade: 7 anos Peso: 25 kg 4.6.2 Anamnese No dia 20/03/2007 o animal chegou à clínica com uma massa localizada, de grande dimensão, lobular e ulcerada, na região mamária. 4.6.3 Exame físico No exame foi constatado que a massa se tratava possivelmente de uma neoplasia mamária e de grande dimensão, porém localizada. O animal não apresentava outras complicações associadas ou não ao tumor. FIGURA 5 – Paciente Lobinha – Tumor mamário. 4.6.4 Diagnóstico Neoplasia mamária. 4.6.5 Tratamento O animal veio para o exame no dia 20/03/2007 de manhã, e a tarde deste mesmo dia foi realizado mastectomia regional do lado direito, que se define como a exerese da glândula mamária envolvida e das glândulas adjacentes. Como medicações pré-anestésicas foram feitas atropina 1% (0,025mg/kg) e Xilazina que é um relaxante muscular (0,15 mL/kg), e de anestesia usou-se Zoletil®50 (Cloridrato de tiletamina+Cloridrato de zolazepam) (0,1 a 0,2 mL/kg). Foi preparado o animal, depilando o animal na glândula onde se localiza o tumor e glândulas adjacentes, depois passado PVPI para tornar a área mais asséptica possível, colocado panos de campos. Foi feita uma incisão elíptica ao redor das glândulas envolvidas. O controle da hemorragia é feito por pinças hemostáticas e ligaduras. Depois com a tesoura foi feito a dissecção retirando todo tecido alterado. Foi lavado o ferimento com solução fisiológica, e feito a sutura de aproximação com fio Catgut cromado 3-0, e suturas de pele com fio de nylon 0,30. Depois da cirurgia foi aplicado Penjet®PS (20000 a 40000 U/kg), Banamine3 Flunixina-meglumina (1,1mg/kg em dose única IM, IV e SC) e feito curativo com PVPI e atadura acolchoada com algodão. O animal teve alta no mesmo dia, e foi receitado: (1) Amoxicilina 250mg; (2) Benflogin 50mg; fazer o curativo com PVPI mais Furacin e colar de Elisabetano. Penjet®PS - Clarion® (Benzilpenicilina+Procaína+Didroestreptomicina), Furacin – Schring-Plough® (Nitrofurazona), Banamine – Schring-Plough® (Flunixina+Meglumina), Amoxicilina250mg - União Química (Antibiótico), Benflogin50mg – Ache (Antiinflamatório). Bactrovet (Sulfadiazina prata+Alumínio+Cipermetrina) – Repelente, larvicida e cicatrizante, Anasedan – Vetbrands (Relaxante muscular), Atropina 1%, Zoletil 50 – Virbac (anestésico). FIGURA 6 – Paciente Lobinha – Mastectomia. O animal retornou a clínica no dia 23/03/2007, onde no local da cirurgia estava com seroma, foi feito drenagem e curativo com PVPI e Bactrovet e aplicado Penjet®PS penicilina (20000 a 40000 U/kg) mais ranitidina (1 a 2 mg/kg) e metoclopramida (1 a 2 mg/kg em infusão) pois o animal também apresentou episódios de vômito. Nos dias 24, 28 e 30/03/2007 vieram para fazer drenagem e curativo e no dia 04/04/2007 veio retirar os pontos, onde já estava cicatrizada a lesão, menos onde se teve seroma, foi recomendado que continuasse com curativo nesta área ate se fechar por segunda intenção. 4.6.6 Discussão De acordo com Richard (2001), o tratamento da neoplasia mamária é a excisão cirúrgica. E na clínica a resolução do problema foi este, porém teve complicação pós-operatória (o seroma). Contudo o animal teve uma cicatrização boa. Foram indicados os exames pré-cirúrgicos para o proprietário, porém por questões financeiras ele recusou. O exame bioquímico, a urinálise e um hemograma completo para averiguar se existam doenças intercorrentes. A radiografia torácica para conferir se não houve metástases pulmonar. 4.7 HIPERPLASIA ENDOMETRIAL CÍSTICA e PIOMETRA – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.7.1 Definição O termo piometra descreve o útero repleto de pus, associado as alterações ovarianas e a distúrbios extragenitais. Piometra é um estagio do complexo da hiperplasia cística-piometra (SLATTER, 1998). Em cadelas e gatas a piometra resulta de alterações induzidas hormonalmente no útero, que permitam que ocorram infecções secundárias. A desobstrução da cérvix (piometra fechada ou aberta) constitui uma influência importante na intensidade da doença, em seu prognóstico e nas opções de tratamento que podem ser oferecidas (BIRCHARD, 2003). 4.7.2 Etiologia Hiperplasia endometrial cística (HEC) – piometra é um distúrbio do útero potencialmente fatal. A progesterona normalmente estimula o crescimento e atividade secretora das glândulas endometriais, o que pode resultar no desenvolvimento de HEC com acúmulo de líquido nas glândulas endometriais e na luz uterina (RICHARD, 2001). O mecanismo é o seguinte, na preparação para uma prenhez possível, o útero responde a aumentos de progesterona com hipertrofia glandular e aumento da atividade secretora endometrial. A influência prolongada da progesterona faz com que esse tecido glandular se torne cístico, edematoso e macroscopicamente espessado. Um excesso de secreção pode-se acumular dentro do útero, proporcionando um ambiente ideal para o crescimento bacteriano. Isso é complicado pela redução da contratilidade miometrial pela progesterona que reduz a drenagem uterina. Bactérias, presumivelmente originarias da vagina, podem colonizar o útero anormal, provocando assim o aparecimento da piometra. A Escherichia coli é a bactéria mais freqüente isolada de gatas e cadelas com piometra. Apesar da infecção bacteriana não iniciar a patogenia de HEC-piometra, ela é a principal causa da morbidade e mortalidade da piometra (RICHARD, 2001). O estrogênio aumenta o número de receptores de progesterona no útero, o que explica o aumento de incidência de piometra em animais que recebem estrogênios exógenos durante o diestro para impedir a gestação. A progesterona também diminui a atividade miométrica, que pode promover retenção de líquido luminal (RICHARD, 2001). 4.7.3 Fisiopatologia O endométrio e o miométrio possuem característica morfológica e funcional distintas durante os vários estágios do ciclo reprodutivo, graças a sua sensibilidade às alterações hormonais. O estradiol provoca aumento no número de receptores de estrogênio e progesterona no endométrio. Uma resposta a progesterona que seja exagerada, prolongada ou inadequada sob qualquer outro aspecto, resultará numa hiperplasia endometrial cística, com o acúmulo de líquido no interior das glândulas endometriais e lúmen uterino. A patologia uterina e a contratilidade miometrial diminuída, induzidas pela progesterona, favorecem, segundo se acredita, a infecção bacteriana secundária do útero. Quando a infecção bacteriana é concomitante com a hiperplasia endometrial cística, o distúrbio passa a ser conhecido como piometra. Piometra é fisiopatologicamente distinta de outras infecções uterinas, como a metrite pós-parto, que ocorrem em outros estágios do ciclo estral. 4.7.4 Sinais clínicos Os sinais de piometra ocorrem geralmente 1-2 meses após o estro ou administração de progesterona exógena. A piometra é classificada como “aberta” ou “fechada”, dependendo da presença ou não de corrimento vulvar. Os sinais clínicos originam-se da infecção uterina e tendem a ser mais graves em cadelas ou gatas que não apresentam drenagem de secreções. Letargia, depressão anorexia, vômito e diarréia são comuns. O corrimento vaginal é tipicamente purulento podendo conter sangue e muco. Poliúria e polídipsia compensatória devido ao prejuízo na capacidade de concentração tubular renal. O útero normalmente esta palpável e aumentado principalmente se a piometra for fechada. Se não tratada, pode ocorrer septicemia e/ou endotoxemia, e os amimais acometidos podem estar moribundos, hipotérmicos e em choque. 4.7.5 Diagnóstico A piometra é diagnosticada com base na ocorrência dos sinais clínicos durante o diestro ou após a administração exógena de progestinas, pela presença de corrimento vulvar séptico e identificação de aumento de volume uterino por radiografias e ultra-sonografias (RICHARD, 2001). Tire radiografias abdominais para confirmar presença de um útero aumentado de tamanho e avaliar quanto à possibilidade de ruptura uterina e peritonite. Não se consegue detectar um útero não grávido normal em radiografias normais. Realize uma ultra-sonografia abdominal para diferenciar piometra de prenhes (BIRCHARD, 2003). Podem-se fazer outros exames no objetivo de ajudar a concluir o diagnóstico, como por exemplos à citologia e cultura, a hematologia, urinálise e bioquímico. 4.7.6 Tratamento A decisão de tratar o animal com piometra cirurgicamente ou clinicamente, depende da condição do animal no momento da apresentação, sua idade e a importância, para o proprietário, de preservar a capacidade reprodutiva do animal. A ovário-histerectomia constitui o tratamento de escolha de piometra. O tratamento clínico da piometra com prostaglandinas F2α (PGF2α) pode ser considerado no caso de fêmeas de alto valor reprodutivo ou que não estão intensamente doentes. As prostaglandinas da serie F, provocam contrações miométricas que podem evacuar o útero se a cérvix estiver patente. Em geral a cérvix dilata-se em resposta à pressão exercida contra ela. No entanto existe o risco da dilatação não ocorrer tão rapidamente quanto necessário para que haja evacuação do conteúdo pela cérvix da gata ou da cadela com piometra “fechada”. Assim, pode ocorrer ruptura uterina e extravasamento de seu conteúdo para o abdômen. As prostaglandinas também provocam luteólise ou suprimem a esteroidogênese ovariana, removendo a fonte de progesterona responsável pela doença (RICHARD, 2001). 4.7.6.1 Pré-operatório Institua fluidoterapia e antibioticoterapia antes de uma cirurgia em todos os casos. Animais com sinais de sepse ou choque exigem uma fluidoterapia bastante agressiva. Administre antibiótico de largo espectro intravenosamente. 4.7.6.2 Procedimento cirúrgico Ovário-histerectomia. Após anestesiar o animal, comprima manualmente a bexiga, posicione em decúbito dorsal e prepare a região abdominal ventral inteira para cirurgia asséptica. Faça uma incisão cutânea na linha média ventral (exija uma incisão mais longa para remover o útero aumentado). Entre na cavidade abdominal através da linha Alba e localize o corno uterino esquerdo utilizando o gancho ou o dedo indicador, desloque o omento e o intestino cranialmente se for necessário para encontrar o útero. Coloque uma pinça hemostática pequena através do ligamento próprio para auxiliar na retração caudal do ovário. Segure o ovário entre o polegar e o dedo médio e coloque o dedo indicador tão longe proximalmente quanto for possível sobre o ligamento suspensor e depois exerça uma tensão neste ligamento por meio de um giro do dedo indicador caudalmente, aumente a tensão no ligamento até que se rompa. Identifique o complexo arteriovenoso ovariano (CAVO), usando uma pinça hemostática faça uma abertura no mesovário imediatamente caudal ao CAVO, em uma área sem vasos e gordura, pince triplamente e transeccione o CAVO. Coloque frouxamente uma ligadura circular ao redor da pinça proximal e aperte a medida que se afrouxe a pinça, depois coloque uma ligadura transfixante entre a ligadura circular e a extremidade transeccionada do CAVO. Remova a pinça média e verifique se há sangramento, se houver faça outra ligadura circular no CAVO. Acompanhe o corno uterino até achar o CAVO direito, ligue-o transeccione conforme foi descrito anteriormente. Exteriorize o corpo uterino e localize a cérvix, rompa o corpo uterino após colocar duas ligaduras, deve-se remover o útero inteiro proximalmente à cérvix. Feche a incisão abdominal rotineiramente. 4.7.6.3 Pós-operatório Prossiga com a terapia de suporte com fluidoterapia e antibióticos injetáveis. No entanto, a maior parte dos animais mostrará grande melhora após a remoção de útero, se não tiver ocorrido contaminação abdominal. Continue com antibioticoterapia oral por mais 10 a 14 dias depois da cirurgia. Em animais com sepse gram-negativa preferem-se antibióticos quinolônicos. O prognóstico é bom se não ocorrer nenhuma outra ruptura uterina ou outra causa de contaminação abdominal, com taxas de mortalidade abaixo de 10%. 4.8 Caso clínico 4.8.1 Resenha Nome: Natali Espécie: canina Raça: Poodle Sexo: Fêmea Idade: 9 anos Peso: 14 kg 4.8.2 Anamnese No dia 05/04/2007 o animal chegou à clínica prostado e proprietária relatou que o animal não tava comendo e que também vomitou. Perguntado a ela que se tinha aplicado hormônio no animal para impedir gestação, ela afirmou que sim, duas vezes. 4.8.3 Exame físico No exame, abdômen dilatado, temperatura a 39°C, e pouca secreção vulvar. Pediu-se para fazer uma ultra-sonografia. 4.8.4 Diagnóstico presuntivo: Piometra. 4.8.5 Exames complementares Laudo ultra-sonográfico: Região abdominal realizado no dia 05/04/2007 • Fígado: Formato regular, contorno regular, parênquima homogêneo, normoecóico. Vasos e ductos hepáticos dentro da normalidade. • Vesícula biliar: Tamanho regular, formato regular, parede interna preservada, conteúdo anecoico. • Baço: Formato regular, contorno regular, parênquima homogêneo, normoecóico. Vasos lineais preservados. • Rim direito: Simétrico em topografia habitual, formato e contorno regular, relação corticomedular mantida, córtex hipoecoica em relação ao fígado. Medula preservada. • Rim esquerdo: Idem. • Bexiga: Formato e contorno regular, parede interna preservada e conteúdo anecoico. • Útero: Aumento de volume de cornos uterinos de aspecto tubular, medindo aproximadamente 4,45 cm, parede interna espessa, conteúdo luminal hipoecogênico. Sugestivo: Piometra 4.8.6 Tratamento Antes de fazer a ultra-sonografia, foi feito fluidoterapia de solução de glicose a 5% e aplicado Enrofloxacina 10% (2,5 a 5mg/kg). O animal entrou para fazer cirurgia no dia 06/04/2007, ovário-histerectomia. Como medicações pré-anestésicas foram feitas atropina 1% (0,025mg/kg) e Xilazina que é um relaxante muscular (0,15 mL/kg), e de anestesia usou-se Zoletil®50 (Cloridrato de tiletamina+Cloridrato de zolazepam) (0,1 a 0,2 mL/kg). Fez-se a depilação, e comprimiu-se a bexiga, passou-se PVPI, e a incisão foi feita através da linha Alba. Localizou-se os cornos uterinos e feito ligaduras com Catgut cromado 2-0, no total 3 em cada corno, e retira-os. Localizado a cervix fez duas ligaduras e retirou-se o corpo uterino. Verificou se que não havia presença de hemorragia. A sutura de interior foi com pontos invertidos com fio absorvível catgut cromado 2-0. A sutura de aproximação também foi feita com catgut 2-0 e a sutura de pele foi feita com fio de nylon 0,30. Administrado após a cirurgia de Penjet®PS (20000 a 40000 U/kg), Enrofloxacina 10% (2,5 a 5mg/kg), Banamine4 Flunixina-meglumina (1,1 mg/kg dose 4 Monovin B12-Bravet® (vitamina B12), Mercepton-Bravet® (antitóxico), Cloridrato de Ranitidina-União Química® (protetor de mucosa), Metoclosantisa-Santisa® (Metoclopramida – antiemético). Penjet®PS Clarion® (Benzilpenicilina+Procaína+Didroestreptomicina),Furacin – Schring-Plough® (Nitrofurazona), Banamine – Schring-Plough® (Flunixina+Meglumina). única IM, IV e SC), mais de Monovin B12 (100 a 200 µg/cão) e curativo na lesão a base de PVPI mais Furacin. No dia 07 e 08/04/2007 o animal voltou prostado e com náuseas, foi colocado na fluidoterapia de solução de glicose 5% e ringer com lactato, aplicado 0,7ml de Penjet®PS (20000 a 40000 U/kg), Enrofloxacina 10% (2,5 a 5mg/kg)., Monovin B12 (100 a 200 µg/cão), ranitidina (1 a 2 mg/kg), metoclopramida (1 a 2 mg/kg em infusão) e Mercepton (2 a 10 mL/dia). No dia 09/04/2007 animal veio à óbito. FIGURA 7 – Útero a paciente com piometra. 4.8.7 Discussão O animal chegou muito prostado o que possivelmente já devia estar fazendo um endotoxemia, depois da cirurgia o animal entrou em choque, com conseqüência o óbito, e assim não foi conseguido o sucesso no tratamento. As administrações de hormônios exógenos podem causar diversas complicações, como a piometra. O paciente já tinha história de duas administrações destes hormônios, o que pode favorecer a suspeita de um desequilíbrio hormonal. 4.9 DISPLASIA COXOFEMORAL – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.9.1 Definição A displasia coxofemoral é o desenvolvimento ou crescimento anormal da articulação coxofemoral, em geral bilateralmente. Ela se manifesta por vários graus de frouxidão dos tecidos moles ao redor, instabilidade, malformação da cabeça femoral e acetábulo, e ósteo-artrose (PIERMATTEI, 1999). À medida que a afecção progride, a deformação da arquitetura acetabular e da cabeça femoral é acompanhada pelo desenvolvimento de uma artropatia degenerativa (BIRCHARD, 2003). Uma das afecções mais prevalentes na articulação coxofemoral é a causa mais importante de ósteo-artrite coxofemoral do cão. Embora quase todas as raças se encontrem em risco, a displasia coxofemoral afeta mais cães de raças grandes e gigantes. 4.9.2 Fisiopatologia Existe predisposição poligênica para a luxação congênita coxofemoral, com fatores múltiplos que influenciam e modificam a afecção. Fatores ambientais são superpostos à suscetibilidade genética do individuo. As articulações coxofemorais são normais ao nascimento. A falha dos músculos em se desenvolverem e atingir a maturidade conjuntamente com o esqueleto resulta na instabilidade da articulação. O desenvolvimento anormal é induzido quando o acetábulo e a cabeça femoral se distanciam e iniciam uma série de alterações que finalmente são reconhecidas como displasia coxofemoral (PIERMATTEI, 1999). 4.9.3 Sinais clínicos Os achados clínicos na displasia coxofemoral variam com a idade do animal. Muito, frequentemente não há sinais percebidos pelo proprietário. Existem dois grupos reconhecíveis clinicamente dos cães. (1) cães jovens entre 4 e 12 meses de idade; (2) animais acima de 15 meses de idade com afecção crônica. Cães jovens geralmente aparecem ocorrência súbita de afecção unilateral (ocasionalmente bilateral), caracterizada pela redução súbita na atividade associada com acentuada dor nos membros pélvicos. Eles irão apresentar sinais como dificuldade de se levantar, diminuição nas vontades de andar, correr, pular e subir escadas, e os músculos das áreas pélvicas e das coxas são fracamente desenvolvidos. A maioria terá o sinal de Ortolani positivo, que consiste em um “estalo” produzido pelo movimento da cabeça femoral a medida que ela deslize para dentro e para fora do acetábulo. O súbito inicio dos sinais em cães jovens é causado pela ocorrência de microfraturas nas bordas acetabulares. Cães mais velhos apresentam quadro clínico diferente por que eles sofrem de afecção articular degenerativa crônica e sua dor associada. A claudicação pode ser unilateral, mas geralmente é bilateral, aprece após um exercício vigoroso ou prolongado. Outros sinais são modos de locomoção bamboleante, e frequentemente crepitação e movimentação restrita da articulação. O cão geralmente prefere sentar a permanecer em estação e levanta-se com dificuldades. Os músculos pélvicos e da coxa atrofiam acentuadamente resultando que os trocanteres maiores se tornam muito proeminentes. 4.9.4 Diagnóstico Consiste nos sinais clínicos, em um exame físico e radiográfico. No exame físico faze-se a palpação para o sinal de Ortolani. Nos filhotes de 6 a 8 semanas de idade é para identificação de frouxidão articular coxofemoral em raças de risco. Nos cães mais velhos, escutar a crepitação com o ouvido do examinador ou com estetoscópio no trocânter maior geralmente ajuda. A confirmação radiográfica é essencial no estabelecimento do diagnóstico. A “orthopedic Foundation for Animals” formou um registro de displasia coxofemoral (University of Missouri, Columbia, MO). Estabeleceu-se sete notas de variação de congruência, e o cão deve ter mais de dois anos de idade para se aplicar esta graduação. As três primeiras são consideradas dentro do limite de normalidade: (1) Excelente: conformação quase perfeita; (2) Boa: conformação normal para raça e idade; (3) Razoável: menos que o ideal, mas dentro dos limites radiográficos; (4) Fronteira: uma categoria no qual anormalidades coxofemorais menos importantes frequentemente não podem ser claramente acessadas por causa do posicionamento não ideal durante os procedimentos radiográficos. É recomendado que outra radiografia seja feita em seis a oito meses. Os animais displásicos ficam em três categorias: (1) Leve: desvio mínimo do normal com apenas achatamento leve da cabeça femoral e pequena subluxação; (2) Moderada: desvio nítido do normal, com evidência do acetábulo raso, cabeça femoral achatada, congruência articular pobre, e em alguns casos subluxação com acentuadas alterações na cabeça e colo femorais. (3) Grave: Luxação completa da articulação coxofemoral e grave achatamento da cabeça femoral e acetábulo. Os pontos mais importantes em uma avaliação radiográfica são: a cabeça femoral estar congruente à margem acetabular cranial, que deve ser perpendicular à linha média. E a intersecção da linha epifisária com a borda acetabular dorsal define a porção da cabeça femoral que está sob a borda acetabular. No mínimo 50% da cabeça devem estar recoberta pelo acetábulo. A cabeça se torna mais oval no seu formato a medida que se formam osteofitos no colo femoral e na inserção da cápsula articular. Em estágios mais avançados, o acetábulo torna-se preenchidos por tecido ósseo e a parede medial torna-se mais espessada. 4.9.5 Tratamento Pode ser por terapia conservadora ou terapia cirúrgica. Muitos cães com displasia coxofemoral não mostram sinais de dor; outros têm apenas sinais leves e intermitentes. Estes podem ser tratados podem ser tratados por métodos conservadores que incluem a minimização dos exercícios, a redução de peso em animais obesos e o uso de analgésicos e antiinflamatórios. A terapia cirúrgica pode ser dividida em dois grupos: A preventiva, que tem como exemplos a osteotomia pélvica tripla, que é indicada para cães jovens com sinais clínicos de displasia coxofemoral e sinais de instabilidade. O procedimento fornece rotação axial do acetábulo para estabilizar a cabeça femoral dentro do acetábulo em uma posição funcional. Tem também a osteotomia intertrocantéricas, que tem como principio o tratamento de luxação coxofemoral congênita e instabilidade, ela torna o colo femoral mais perpendicular a borda femoral (varização), reduzindo a anteversão, a cabeça femoral pode ser colocada mais profundamente dentro do acetábulo e com o propósito de melhorar a biomecânica da articulação e reduzir a dor coxofemoral. E alívio à dor, que tem como exemplos a miectomia pectínea, com o objetivo de aliviar a tensão produzida pelo músculo e transmitida para articulação coxofemoral, removendo todo músculo pectíneo. E tem a excisão da cabeça e do colo femoral, para permitir a formação da pseudo-articulação fibrosa. A dor é aliviada pelo contato ósseo entre o fêmur e a pelve, à medida que um tecido de cicatrização se interpõe. Esta cirurgia é um procedimento irreversível e deve ser considerada como operação de recuperação. 4.9.5.1 Técnica cirúrgica da excisão da cabeça e do colo femoral A abordagem crânio lateral da articulação coxofemoral é preferível porque não envolve transecção dos músculos glúteos. Na abordagem crânio lateral é importante incisar e rebater a cápsula articular e origem do músculo vasto lateral para expor a porção cranial do colo femoral adequadamente. Os músculos glúteos são afastados dorsalmente com a inserção de afastador de Hohmann dentro da cápsula articular. Uma pinça óssea fixa à região do trocânter pode ser usada para subluxar a cabeça do fêmur. Isto facilita a secção do ligamento redondo com tesoura curva e elevação do resto da cápsula articular da cabeça femoral. O colo é mais bem seccionado com osteótomo, com o membro rotacionado externamente em 90°. O colo femoral é palpado para verificar a presença de irregularidades, fragmentos ou porção remanescente do colo femoral na superfície caudal. O joelho é fixado e tracionado proximal/distalmente para se descobrir crepitações. Cada músculo glúteo é reposicionado e as bordas cortadas são coaptadas com suturas interrompidas usando-se fio de linho. A incisão de pele é fechada de maneira usual (HICKMAN, 1983). 4.9.5.2 Pós-operatório O uso ativo e prematuro do membro é necessário. Exercícios de movimentação passiva, prescritos de 20 a 30 vezes, quatro vezes ao dia, são indicados imediatamente e continuados até o cão ou gato possam sustentar o peso durante a corrida, caso em que esta fazendo sua própria fisioterapia. Os animais comumente estarão tocando o solo com os dedos em dez a 14 dias, sustentando o peso em três semanas, e usando o membro ativamente em 4 semanas. O pósoperatório é difícil, já que leva vários dias para que tais animais se movimentem. 4.10 Prognóstico O retorno ao uso ativo e sem dor no membro depende da habilidade cirúrgica, tempo total em que afecção coxofemoral esteve presente, e gravidade da afecção. 4.11 Caso clínico 4.11.1 Resenha Nome: Daira Espécie: canina Raça: Boxer Sexo: Fêmea Idade: 2 anos Peso: 20 kg 4.11.2 Anamnese No dia 23/03/2007 o animal chegou à clínica com histórico de ficar só sentado, e quando levanta e claudica, mais no membro posterior esquerdo. 4.11.3 Exame físico Verificou que o animal sentia dor no membro indicado. 4.11.4 Diagnóstico Displasia coxo femoral 4.11.5 Exames complementares No exame radiográfico se notou que a cabeça do fêmur tinha um desvio nítido e tava achatada, típico de displasia moderada. 4.11.6 Tratamento Excisão da cabeça e colo femoral no dia 23/03/2007. Como medicações pré-anestésicas foram feitas atropina 1% (0,025mg/kg) e Xilazina que é um relaxante muscular (0,15 mL/kg), e de anestesia usou-se Zoletil®505 (Cloridrato de tiletamina+Cloridrato de zolazepam) (0,1 a 0,2 mL/kg). Feito a depilação e deixado a área asséptica, a incisão foi feito crânio lateral da articulação coxofemoral. Desprendeu-se a cabeça femoral e depois seccionada com uma serra de gigle. Verificou se não ficou fragmentos ou irregularidades depois se suturou os músculos internos com Catgut simples 3-0, e a pele com fios de nylon 0,30. Zoletil 50 (anestésico), Xilazina relaxante muscular (Anasedan – Vetbrands), Atropina 1%, Penjet®PS Clarion® (Benzilpenicilina+Procaína+Didroestreptomicina),Enrofloxacina 10% - Tortuga Furacin – SchringPlough® (Nitrofurazona), Banamine – Schring-Plough® (Flunixina+Meglumina), Benflogin50mg – Aché (Antiinflamatório), Cefalexina 500mg (Antibiótico). Depois da cirurgia foi aplicado Banamine Flunixina-meglumine (1,1mg/kg em dose única IM, IV e SC), Penjet®PS (20000 a 40000 U/kg), Enrofloxacina 10% (2,5 a 5mg/kg), e curativo com PVPI. No dia 24/03/2007 o animal ganhou alta, porem foi aplicado Enrofloxacina10% (2,5 a 5mg/kg), e foi receitado Cefalexina 500mg (uso humano) e Benflogin 50mg, na lesão, curativo com água oxigenada, PVPI e Furacin. FIGURA 8 – Cabeça e colo femoral (excisão). 4.11.7 Discussão Poderia ser feito uma terapia conservadora como restringir o animal a movimentos mais bruscos, diminuir o peso corporal do paciente e uso de analgésicos, porém o animal apresentava sinais contínuos de dor. No caso de uma terapia cirúrgica, ao invés da excisão da cabeça e colo femoral, poderia ser feito a osteotomia pélvica tripla, que é indicada para cães jovens, que faz uma rotação do acetábulo para estabilizar a cabeça femoral. Como o paciente era jovem, e sua displasia não aparentava acentuada essa opção seria possível. 5 CONCLUSÃO Com esses casos descritos anteriormente e outros que aconteceram no período do estagio, acrescentaram-se diversos conhecimentos para minha vida profissional e pessoal. Conhecimentos práticos na área de clinica médica e cirúrgica de pequenos animais. Observa-se que em algumas patogenias são prevalentes em determinadas regiões de Curitiba. E que estas enfermidades acometem gravemente os pequenos animais, e com isso são de extrema importância na área de Medicina Veterinária. Também se observou que os proprietários possuem um carinho enorme pelos seus animais de estimação, e que muitos são leigos no assunto bem estar animal. Porém para estes últimos, estão mudando essa visão, pois o comportamento social em relação aos animais só tende a crescer. REFERÊNCIAS AIELLO, S.E.Manual Merck de Medicina Veterinária.8°ed. São Paulo, Roca. p. 531 a 533, 860 a 861, 1714 a 1717. 2001. 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