UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE DETERMINAÇÃO DA CONDUTIVIDADE TÉRMICA DO ALUMÍNIO por Daniel Crespo Marcos Magalhães Trabalho Final da Disciplina de Medições Térmicas Professor Paulo Smith Schneider [email protected] Porto Alegre, dezembro 2010 RESUMO Este trabalho apresenta uma metodologia para determinar a condutividade térmica de uma amostra sólida de alumínio através de medições realizadas em laboratório, comparando-se então com a formulação clássica de transferência de calor. Utilizou-se duas barras de alumínio com uma fonte de calor posicionada entre as barras, termopares conectados a uma placa de aquisição de dados com o material isolado de maneira favorável as medições. Com os termopares mediu-se a diferença de temperatura gerada pela fonte de calor em pontos determinados da barra que juntamente com os outros dados conhecidos permitiram a obtenção da condutividade térmica da barra. A condutividade medida foi comparada com a obtida na literatura, o valor médio tem boa concordância com o encontrado na literatura e a incerteza de medida foi de trinta por cento. PALAVRAS-CHAVE: Condutividade térmica, medições térmicas, liga de alumínio 6351-T6 ABSTRACT This paper presents a methodology for determining the thermal conductivity of a solid sample of aluminum through measurements performed in the laboratory, then comparing with the classical formulation of heat transfer. We used two aluminum bars with a heat source positioned between the bars, thermocouples connected to a data acquisition board with the material isolated favorably measurements. With the thermocouples was measured using the temperature difference generated by the heat source at certain points along the bar with the other known data allowed obtaining the thermal conductivity of the bar. The Thermal conductivity was compared with that obtained in the literature; the average value has good agreement with that found in the literature and the measurement uncertainty of thirty percent KEYWORDS: thermal conductivity, measurements, aluminum alloy 6351-T6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3. FUNDAMENTAÇÃO 4. TÉCNICAS EXPERIMENTAIS 5. VALIDAÇÃO DO EXPERIMENTO 6. RESULTADOS 7. CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Pág. 4 5 5 5 6 6 6 7 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS E LISTA DE SÍMBOLOS A h k L q`` R T V Área da seção transversal do tubo Emissividade térmica Coeficiente convectivo Condutividade Térmica Comprimento da barra de alumínio fluxo de calor Resistência elétrica Temperatura Tensão elétrica [m²] [ ] [W/m²K] [W/mK] [m] [W/m²] [Ohm] [ºC] [V] 1. INTRODUÇÃO O conhecimento de propriedades dos materiais e de como obtê-las sempre estiveram intimamente ligados a aplicações dos mesmos em diversas áreas da engenharia. A obtenção destas propriedades é realizada através de métodos de Caracterização de Materiais. Neste trabalho foi abordado um método para se caracterizar a condutividade térmica de uma barra de alumínio sólido em regime estacionário. O objetivo deste trabalho foi medir o coeficiente de condutividade térmica empregando-se uma diferença de temperatura ao longo do comprimento da barra utilizando para isto uma fonte de calor conectada em série à um dimmer de modo a permitir controlar a temperatura da barra, neste caso adotando-se 50 C° de temperatura média. As medições de temperaturas foram realizadas utilizando-se 3 termopares. Foi utilizado isolante térmico para reduzir as perdas de calor nas fronteiras laterais da barra, forçando o fluxo a percorrer o eixo axial da barra, saindo então pelas extremidades opostas. Foi possível determinar o coeficiente de condutividade térmica da barra analisando a diferença de temperatura em regime estacionário entre os termopares e aplicando cálculos de transferência de calor envolvidos no processo. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Experiências para determinar a condutividade térmica são facilmente encontradas na literatura, entre todos os trabalhos analisado o que mais se assemelha com este tenta determinar a condutividade térmica de vários matériais utilizando técnicas experimentais muito parecidas, cujas principais diferenças são a ordem de grandeza da condutividade medida, o controle de temperatura em malha fechada, e o uso da convecção forçada, o trabalho não apresenta nenhum dado relativo à incerteza [Luiz Alberto da Silva Abreu 2007]. 3. FUNDAMENTAÇÃO Para determinar a condutividade térmica experimentalmente, é usado um método em regime permanente com condução de calor unidimensional descrito em Callister (2002) e Incropera et De Witt, (2003). Neste método, coloca-se uma fonte de calor numa das faces de uma amostra e mantém-se sua outra face exposta à temperatura ambiente. Para a solução em regime permanente pode-se determinar a condutividade das amostras a partir da equação unidimensional de Fourier, Eq (1): q``=q/A=kdT/dx (1) onde q`` representa a taxa de geração de calor, A representa a área transversal da amostra, k a condutividade térmica e dT/dx o gradiente de temperatura. Da Eq. (1) escreve-se a aproximação de primeira ordem da equação de Fourier: q=kA(Tl-To)/L (2) onde Tl e To são as temperaturas na face da amostra mantida próxima à temperatura ambiente e na face onde é aplicada a fonte de calor, respectivamente e L é a espessura da amostra, o que resulta em: k=L/A(Tl-To) (3) Propagação da incerteza da medição: (4) 4. TÉCNICAS EXPERIMENTAIS No método experimental para reproduzir o problema de transferência de calor descrito pela equação (3) foram utilizadas: 2 barras de alumínio com comprimento L=100mm e seção quadrada 31,75mm de lado, liga 6351-T6 Fonte de calor resistivo, composta por uma placa elétrica de 30W alimentada com tensão alternada de 127V com dimensões 30x30mm Multímetro de mão, 3 termopares tipo J, Dimmer Material isolante (Papelão, Isopor, Lã de vidro) A fonte de calor foi posicionada entre as 2 barras de modo a se obter uma taxa de geração de calor que pudesse ser controlada, para isso foi conectado em série um dimmer à resistência. As medições de temperaturas foram realizadas utilizando-se 3 termopares, um suficientemente longe da fonte de calor para evitar a não linearidade que ela introduz, um na extremidade oposta e outro exatamente no meio dos dois anteriores. A temperatura da barra foi medida posicionando termopares tipo J no centro dos mesmos por meio de um orifício com diâmetro de 1mm e preenchido com cola araudite durante a inserção do termopar. O diâmetro dos fios constituintes dos termopares é de pequeno diâmetro, de modo que a perda de calor causada por estes fios é pequena. Ao redor das barras de alumínio foi colocado um isolante térmico confeccionado em poliestireno expandido (ISOPOR) e papelão. A função do isolante térmico é evitar perdas de calor por convecção para o ambiente, de modo que todo o fluxo de calor gerado seja direcionado para a amostra. Como o isolamento não é perfeito, haverá alguma perda de calor, para o ambiente. Primeiramente foi utilizada a potencia máxima da resistência entre as barras e quando a temperatura medida pelo termopar posicionado no centro da barra se aproximou de 50°C a resistência do dimmer foi regulada para q a temperatura se mantivesse estável em 50°C, posteriormente mediu-se a diferença de temperatura observada na barra através dos termopares das duas extremidades e mediu-se a distância entre eles de modo a obter os dados necessários para a utilização da equação 3. 5. VALIDAÇÃO A incerteza introduzida pelos termopares tipo J é muito grande para a pequena diferença de temperatura medida na barra e com isso os resultados não tem utilidade pratica. A única incerteza considerada é a dos termopares, já que todas as outras incertezas somadas são menores que 1% da incerteza do termopar Utilizando equação 4 e considerando que o termopar é do tipo J especial com incerteza de 1°C a equação para incerteza da condutividade é: Ik= (5) Substituindo a equação 2 em 5 obtemos: Ik= (6) Considerando k constante para a faixa de medição obtemos que a incerteza é proporcional a 1/T, assim, aumentando T a incerteza diminui T é proporcional a potencia, assim aumentando a potencia, a incerteza diminue, as duas considerações anteriores são validas para pequenas variações de temperatura, para que as propriedades envolvidas possam ser consideradas constantes, inclusive o erro associado ao termopar. 6. RESULTADOS As temperaturas medidas foram: 50,6 e 49,6 °C O fluxo axial em uma direção calculado foi 1,81 W, foi calculado através das medidas das resistências elétricas do dimmer e da resistência fornecida pelo laboratório, a incerteza da medida da resistência e de aproximadamente 1% e frente à grande incerteza dos termopares, a incerteza das resistências foi desprezada. A condutividade térmica, k, da liga de alumínio 6351-T6 calculada através das medidas e das equações 3 e 6 foi K=180±254 [W/mK]. 7. CONCLUSÕES A condutividade térmica média encontrada tem valor muito próximo ao encontrado na literatura, mas a incerteza de medição tem um valor muito elevado, sendo aproximadamente 139% do valor médio, o que inutiliza os resultados obtidos para fins práticos. Resultados melhores podem ser obtidos com um isolamento térmico melhor e com uma estimativa mais precisa da perda por isolamentos. Também utilizando uma fonte de calor em que a potencia possa ser conhecida com maior precisão. Um sistema de controle da medição em malha fechada pode aumentar muito a precisão e diminuir em mais de 10 vezes o tempo gasto com o experimento. O mais importante é ter um T maior para diminuir a incerteza, usando, por exemplo, um banho de água e gelo trocando de fase (0°C) em uma extremidade e potencia suficiente para levar a outra extremidade da barra a 100°C, assim a incerteza seria pequena. REFERÊNCIAS ASTM C177-76 (1976), “Test method for means steady-state thermal transmission properties by of the guarded hot plate”, http://www.labeee.ufsc.br/conforto/textos/termica/t4-termica/texto40299.html ASTM. C518 (1085), “Standard test method for steady-state heat flux measurements and thermal transmission properties by means the heat flow meter apparatus.” American Society of Testing Materials, Philadelphia Callister Jr, W. D. (2002). “Ciência e engenharia de materiais: uma introdução” 5. ed. LTC, Rio de Janeiro Cella, N. (2008), “ Cápsulas de ciência - Caracterização de Materiais”, Quartet, Rio Coimbra, A.L., (1978), “Lessons of Continuum Mechanics”, Ed. Edgard Blücher, Dorf, R. C.; Bishop, R.H. (2001), “Sistemas de controle moderno”. 8. ed., LTC, Rio de Guths, S., Lamberts, R., Armelin, J.L., Oliveira, S.M., Calixto, R.J. (2005) “Desenvolvimento e avaliação de um dispositivo caixa quente protegida” Encontro Nacional sobre Conforto No Ambiente ISO 8301 (1991) “Thermal insulation: determination of steady-state thermal resistance and related properties – Heat flow meter apparatus”. International Organization of Standardization, Geneva. Incropera, P. F., De Witt, D. P. (2003) “Fundamentos de transferência de calor e massa” 5. ed. LTC, Rio de Lide, R.D (2007) “Handbook of Chemistry and Physics” , 87 Ed. CRC , EUA Moura Neto, F.D.; Pereira, F.R. (2002) “Modelagem na indústria: uma viagem das engenharia” UFMG, Belo Horizonte: Stancato, A. C. (1990) “Determinação da condutividade térmica e da resistência Tese de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Ogata, K. (2003) “Engenharia de controle moderno” 4. ed., Prentice Hall, São Paulo. Callister (2002) Incropera et De Witt, (2003) Tabela de avaliação 1 Capacidade de leitura na faixa indicada Perda de carga Incertezas Criatividade Conformidade com as normas de redação do concurso 2 3 4 5 6 7 8 9 10