INSTRUÇÕES Para a realização das provas, você recebeu este Caderno de Questões, uma Folha de Respostas para as Provas I e II e uma Folha de Resposta destinada à Redação. 1. Caderno de Questões • Verifique se este Caderno de Questões contém as seguintes provas: Prova I: INTRODUÇÃO À FILOSOFIA — Questões de 01 a 35 Prova II: LEITURA E REDAÇÃO DE TEXTO FILOSÓFICO — Questões de 36 a 70 Prova de REDAÇÃO • Qualquer irregularidade constatada neste Caderno de Questões deve ser imediatamente comunicada ao fiscal de sala. • Nas Provas I e II, você encontra apenas um tipo de questão: objetiva de proposição simples. Identifique a resposta correta, marcando na coluna correspondente da Folha de Respostas: V, se a proposição é verdadeira; F, se a proposição é falsa. ATENÇÃO: Antes de fazer a marcação, avalie cuidadosamente sua resposta. LEMBRE-SE: ¾ A resposta correta vale 1 (um), isto é, você ganha 1 (um) ponto. ¾ A resposta errada vale −0,5 (menos meio ponto), isto é, você não ganha o ponto e ainda tem descontada, em outra questão que você acertou, essa fração do ponto. ¾ A ausência de marcação e a marcação dupla ou inadequada valem 0 (zero). Você não ganha nem perde nada. 2. Folha de Respostas • A Folha de Respostas das Provas I e II e a Folha de Resposta da Redação são pré-identificadas. Confira os dados registrados nos cabeçalhos e assine-os com caneta esferográfica de TINTA PRETA, sem ultrapassar o espaço próprio. • NÃO AMASSE, NÃO DOBRE, NÃO SUJE, NÃO RASURE ESSAS FOLHAS DE RESPOSTAS. • Na Folha de Respostas destinada às Provas I e II, a marcação da resposta deve ser feita preenchendo-se o espaço correspondente com caneta esferográfica de TINTA PRETA. Não ultrapasse o espaço reservado para esse fim. • O tempo disponível para a realização das provas e o preenchimento das Folhas de Respostas é de 4 (quatro) horas e 30 (trinta) minutos. ESTAS PROVAS DEVEM SER RESPONDIDAS PELOS CANDIDATOS AO SEGUINTE CURSO: • FILOSOFIA UFBA – 2012 – Vagas Residuais – 1 PROVA I — INTRODUÇÃO À FILOSOFIA QUESTÕES de 01 a 35 INSTRUÇÃO: Para cada questão, de 01 a 35, marque na coluna correspondente da Folha de Respostas: V, se a proposição é verdadeira; F, se a proposição é falsa. A resposta correta vale 1 (um ponto); a resposta errada vale −0,5 (menos meio ponto); a ausência de marcação e a marcação dupla ou inadequada valem 0 (zero). Questão 01 A Filosofia é uma ciência que propõe uma explicação alegórica da realidade. Questão 02 A Filosofia surgiu da necessidade humana de resolver assuntos práticos, relacionados com a vida social, nas cidades-estado gregas. Questão 03 Os primeiros filósofos, chamados de pré-socráticos, tinham como principal objetivo a investigação dos princípios que regem a natureza (physis). Questão 04 Os filósofos pré-socráticos formularam a doutrina conhecida como “Mundo das Ideias”. Questão 05 A Filosofia é uma criação grega, que se caracteriza por uma tentativa de explicação racional (lógos) da realidade. Questão 06 Parmênides de Eleia foi um ardoroso defensor do mobilismo universal, tese segundo a qual as coisas, na natureza, estão em um constante fluxo de vir a ser. Questão 07 Sócrates foi o principal personagem dos Diálogos de Platão, nos quais ajuda seus interlocutores a “dar a luz” às próprias ideias, seguindo o método maiêutico, em uma clara analogia à profissão de parteira. Questão 08 Platão defendeu que a alma humana não pode aprender nada novo, mas, apenas, relembrar algo que sabia antes de ser aprisionada no corpo (Doutrina da Reminiscência). UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Introdução à Filosofia – 2 Questão 09 Platão foi o primeiro filósofo a propor e sistematizar as regras do raciocínio válido, o que se convencionou, posteriormente, denominar de “Lógica”. Questão 10 Para Aristóteles, não há nenhum sentido em fazer investigação metafísica, por sua preocupação ser limitada, apenas, com investigações científicas sobre a natureza. Questão 11 Aristóteles classificou a Física como uma ciência prática, cujas aplicações vão além da mera contemplação racional. Questão 12 A causa eficiente, a final, a formal e a material constituem a doutrina aristotélica das “Quatro Causas”. Questão 13 A Ética Estoica não se baseia na busca desenfreada do prazer, mas na busca da tranquilidade (ataraxia) da alma, diante de qualquer situação que se acometa. Questão 14 O Epicurismo não baseia a felicidade no prazer, mas na virtude, a qual é entendida como um meio-termo entre dois vícios. Questão 15 O Ceticismo antigo é caracterizado por uma investigação de uma verdade indubitável, que possa servir de fundamento para todo o conhecimento. Questão 16 O Estoicismo, o Epicurismo e o Ceticismo são ramificações distintas, derivadas do pensamento de Platão. Questão 17 A tentativa de conciliar fé e razão é um tema constante na Filosofia medieval. Questão 18 Santo Agostinho foi um grande defensor da dúvida cética, pois o Ceticismo era a doutrina dominante na academia de seu tempo. Questão 19 O pensamento político-filosófico, apresentado por Santo Agostinho em “A cidade de Deus”, fundamentou a distinção medieval entre o poder temporal do Estado e o poder espiritual da Igreja. Questão 20 Santo Agostinho antecipou-se a Tomás de Aquino, ao conciliar a filosofia de Aristóteles com a religião cristã. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Introdução à Filosofia – 3 Questão 21 Tomás de Aquino propôs cinco demonstrações racionais para provar a existência de Deus, que ficaram conhecidas como “as cinco vias”. Questão 22 Tomás de Aquino, para explicar a oposição constante entre fé e razão, recorreu à doutrina da dupla verdade, segundo a qual o que é verdadeiro para a razão pode ser falso para a fé, e vice-versa. Questão 23 Partindo da constatação “Penso, logo existo.”, René Descartes procurou fundamentar, nessa crença indubitável, sua teoria metafísica. Questão 24 René Descartes defendeu uma visão materialista do homem, pois a alma nada mais é do que uma parte do corpo e, assim sendo, foi um grande crítico da visão dualista sobre a natureza humana. Questão 25 Para René Descartes, a ideia de Deus é inata, a de homem é adventícia, e a de quimera é fictícia. Questão 26 Benedito Spinoza e Gottried Leibniz defenderam posições racionalistas, ao passo que Francis Bacon e David Hume argumentaram a favor de posições empiristas. Questão 27 O empirismo de David Hume afirma que todas as ideias são produzidas a partir das percepções sensíveis, ou seja, as ideias inatas não existem. Questão 28 O método experimental empirista valoriza o modelo dedutivo para as ciências. Questão 29 O projeto crítico kantiano consiste em uma tentativa de delimitar o alcance do conhecimento humano. Questão 30 Segundo Emanuel Kant, juízos analíticos são aqueles que só podem ser provados através de experimento. Questão 31 O Existencialismo de Jean Paul Sartre é uma teoria especulativa, sem implicação prática para a vida cotidiana. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Introdução à Filosofia – 4 Questão 32 Martin Heidegger propôs uma reinterpretação da história da Filosofia baseada na necessidade de se distinguir “ser” e “ente”, denominando de “esquecimento do ser” essa confusão entre ser e ente. Questão 33 Heidegger foi um grande defensor dos avanços contemporâneos da técnica e do progresso científico. Questão 34 O positivismo lógico é um ramo da Filosofia Analítica voltado para a demonstração de verdades metafísicas. Questão 35 O “segundo” Wittgenstein abandona a discussão sobre o sentido de proposições em favor da noção de “jogos de linguagem”. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Introdução à Filosofia – 5 PROVA II — LEITURA E REDAÇÃO DE TEXTO FILOSÓFICO QUESTÕES de 36 a 70 INSTRUÇÃO: Para cada questão, de 36 a 70, marque na coluna correspondente da Folha de Respostas: V, se a proposição é verdadeira; F, se a proposição é falsa. A resposta correta vale 1 (um ponto); a resposta errada vale −0,5 (menos meio ponto); a ausência de marcação e a marcação dupla ou inadequada valem 0 (zero). QUESTÕES de 36 a 38 O tema é o primeiro elemento que se deve compreender tanto em uma leitura quanto em uma redação filosófica. Observa-se, na tradição da Filosofia, a discussão de vários temas. Identifique-os, nas questões a seguir. Questão 36 A explicação da natureza humana, tentando compreender como ocorre a interação entre a mente e o corpo. Questão 37 Uma compreensão da vida prática humana, descrevendo as normas de conduta que seriam virtuosas e louváveis. Questão 38 O levantamento estatístico da relação entre o nível de escolaridade e o acesso ao mercado de trabalho. Questão 39 Na redação de um texto filosófico, é necessário apresentar definições, teses e argumentos. Questão 40 Uma definição tem dois elementos, o definiens e o definiendum, sendo que este último é a palavra a ser definida, ao passo que aquele é a expressão que fornece o significado do definiendum. Questão 41 Substância, essência e ideia são termos muito empregados ao longo da história da Filosofia, podendo-se observar que os filósofos sempre se esforçam a fim de apresentar a mesma definição para os principais termos filosóficos. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Leitura e Redação de Texto Filosófico – 6 Questão 42 Desde Aristóteles, observa-se, na Filosofia, um modelo clássico para definição de termos, baseado nas noções de gênero e de diferença específica. Questão 43 Para provar uma tese filosófica, é necessário apresentar argumento válido e premissas verdadeiras, sendo que os exemplos e as experiências de pensamento apenas ilustram a tese a ser demonstrada. Questão 44 “Raciocínio dialético” é outro nome dado para “Redução ao Absurdo”, na qual o autor admite uma tese contrária para provar a sua própria tese. Questão 45 Os textos de Filosofia são escritos de modo a respeitar a autoridade de grandes filósofos do passado, tais como Platão, René Descartes e Emanuel Kant. Questão 46 A “Petição de Princípio”, que consiste em prever, em uma das premissas, a conclusão que se pretende demonstrar, é uma boa estratégia argumentativa para a Filosofia. QUESTÕES de 47 a 50 Sócrates: Então aquele que nada sabe de assunto algum, seja qual for, pode ter opiniões verdadeiras sobre assuntos que desconhece por completo? [...] Sócrates: Ora, se sempre o teve [o conhecimento], sempre foi sabedor; e se o adquiriu em algum momento, não pode ter sido nessa vida. Ou será que alguém lhe ensinou geometria? Veja, ele pode fazer o mesmo com a geometria inteira ou qualquer campo do conhecimento. Ora, alguém lhe ensinou tudo isso? Você com certeza deve saber, especialmente porque ele nasceu e foi criado em sua casa. Mênon: Bem, sei que ninguém jamais o ensinou [...] Sócrates: Portanto, se em ambos os períodos — quando ser humano e quando não — ele tinha dentro de si opiniões verdadeiras que precisam apenas ser despertadas pelo questionamento para se tornarem conhecimento, sua alma então deve ter tido sempre essa ciência? Pois é claro que ou ele sempre foi um ser humano ou não foi. [...] Sócrates: E se a verdade de todas as coisas que existem está sempre em nossa alma, então a alma deve ser imortal? De modo que é preciso criar coragem e se esforçar em procurar e recuperar seja lá o que for que hoje porventura desconhecemos, isto é, não lembramos? (PLATÃO; MÊNON. In: MARCONDES, 2005, p. 37-9). A partir da análise do diálogo entre Sócrates e Mênon, reproduzido na obra de Platão, pode-se afirmar: Questão 47 O objetivo do texto é explicar como ocorre o conhecimento, no caso da Geometria, portanto o tema do texto não é de natureza filosófica. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Leitura e Redação de Texto Filosófico – 7 Questão 48 A forma dialogada de um texto impede a reconstrução da argumentação, de modo que o diálogo de Platão tem qualidade literária, mas não pode ser usado no debate filosófico. Questão 49 O objetivo da argumentação é demonstrar que a alma humana se lembra de algo que conheceu antes de nascer e se unir ao corpo. Questão 50 O texto confirma a visão corrente de Platão, como um autor contrário à tese que defende a imortalidade da alma. QUESTÕES de 51 a 54 Sócrates: Agora imagine a nossa natureza, segundo o grau de educação que ela recebeu ou não, de acordo com o quadro que vou fazer. Imagine, pois, homens que vivem em uma morada subterrânea em forma de caverna. A entrada se abre para a luz em toda a largura da fachada. Os homens estão no interior desde a infância, acorrentados pelas pernas e pelo pescoço, de modo que não podem mudar de lugar nem voltar a cabeça para ver algo que não esteja diante deles. A luz lhes vem de um fogo que queima por trás deles, ao longe, no alto. Entre os prisioneiros e o fogo, há um caminho que sobe. Imagine que esse caminho é cortado por um pequeno muro, semelhante ao tapume que os exibidores de marionetes dispõem entre eles e o público, acima do qual manobram as marionetes e apresentam o espetáculo. Glauco: Entendo. [...] Sócrates: Veja agora o que aconteceria se eles fossem libertados de suas correntes e curados de sua desrazão. Tudo não aconteceria naturalmente como vou dizer? Se um desses homens fosse solto, forçado subitamente a levantar-se, a virar a cabeça, a andar, a olhar para o lado da luz, todos esses movimentos o fariam sofrer; ele ficaria ofuscado e não poderia distinguir os objetos, dos quais via apenas as sombras anteriormente. Na sua opinião, o que ele poderia responder se lhe dissessem que, antes, ele só via coisas sem consistência, que agora ele está mais perto da realidade, voltado para objetos mais reais, e que está vendo melhor? O que ele responderia se lhe designassem cada um dos objetos que desfilam, obrigando-o com perguntas, a dizer o que são? Não acha que ele ficaria embaraçado e que as sombras que ele via antes lhe pareceriam mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora? Glauco: Certamente, elas lhe pareceriam mais verdadeiras. (PLATÃO. In: MARCONDES, 2005, p. 39-40). A partir da análise do texto, que apresenta um diálogo entre Sócrates e Glauco, inserido na obra de Platão, é correto afirmar: Questão 51 O texto revela uma experiência de pensamento proposta por Platão, para analisar os conceitos de verdade, de opinião e de realidade. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Leitura e Redação de Texto Filosófico – 8 Questão 52 O texto é a defesa de uma posição relativista da verdade, segundo a qual não haveria distinção entre realidade e aparência, e o que é verdadeiro para uma pessoa pode não o ser para outra. Questão 53 No exemplo relatado no texto, o autor defende como modelo de investigação filosófica o homem que se liberta da corrente, significando a necessidade de não se ficar preso a opiniões particulares. Questão 54 O fato de o diálogo ser fictício implica que não se pode tirar qualquer argumentação baseada nesse exemplo e que as experiências de pensamento usadas por filósofos devem sempre descrever fatos reais. QUESTÕES de 55 a 58 A quinta via é derivada do governo das coisas.Vemos que as coisas que não têm inteligência, como, por exemplo, os corpos naturais agem para uma finalidade, o que se mostra pelo fato de sempre ou frequentemente agirem da mesma forma, para conseguirem o máximo, donde se segue que não é por acaso, mas intencionalmente, que atingem seu objetivo. As coisas, entretanto, que não têm inteligência, só podem procurar um objetivo se dirigidas por alguém que conhece e é inteligente, como a flecha dirigida pelo arqueiro. Logo, existe algum ser inteligente que ordena todas as coisas da natureza para seu correspondente objetivo: a esse ser chamamos Deus. (TOMÁS DE AQUINO. In: MARCONDES, 2005, p. 71). A partir da análise do texto de São Tomás de Aquino, é correto afirmar: Questão 55 É um texto de natureza religiosa, sem interesse filosófico, uma vez que busca tratar da existência de Deus. Questão 56 O argumento central do texto é provar a existência de Deus a partir da percepção de uma ordem na natureza, existente tanto nos seres vivos quanto nos seres inanimados. Questão 57 A existência de Deus é um tema que preocupou vários filósofos, como Tomás de Aquino, René Descartes e Benedito Spinoza. Questão 58 O texto explicita a tese de Tomás de Aquino, segundo a qual Deus não pode ser conhecido diretamente, mas, apenas, através de seus efeitos, ou seja, por meio da finalidade percebida na natureza. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Leitura e Redação de Texto Filosófico – 9 QUESTÕES de 59 a 62 Mas, que sei eu, se não há nenhuma outra coisa diferente das que acabo de julgar incertas, da qual não se possa ter a menor dúvida? Não haverá algum Deus, ou alguma outra potência, que me ponha no espírito tais pensamentos? Isso não é necessário; pois talvez seja eu capaz de produzi-los por mim mesmo. Eu então, pelo menos, não serei alguma coisa? Mas já neguei que tivesse algum sentido ou qualquer corpo. Hesito, no entanto, pois que se segue daí? Serei de tal modo dependente do corpo e dos sentidos, que não posso existir sem eles? Mas, eu me persuadi de que nada existe no mundo, de que não há nenhum céu, nenhuma terra, espíritos alguns, nem corpos alguns: não me persuadi, portanto, de que eu não existia? É certo que não, eu existia sem dúvida, se é que me persuadi ou somente pensei alguma coisa. Mas há um não sei quem, enganador muito poderoso e astucioso, que emprega toda a sua indústria em enganar-me sempre. Por conseguinte, não há a menor dúvida de que sou, se ele me engana; e, por mais que ele queira enganar-me, nunca poderá fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De maneira que, após ter pensado bastante nisso e ter cuidadosamente examinado todas as coisas, há que concluir finalmente e ter por constante que esta proposição, “Eu sou, eu existo”, é necessariamente verdadeira, todas as vezes que a enuncio ou em que a concebo em meu espírito. (DESCARTES. In: MARCONDES, 2005, p. 78). A análise do texto e os conhecimentos sobre o pensamento de René Descartes permitem afirmar: Questão 59 O tema do texto é a prova da existência de Deus, pois Descartes considera não poder haver um Deus que coloque ideias errôneas na sua mente. Questão 60 Seguindo a argumentação de Descartes, pode-se perceber que há, pelo menos, uma ideia da qual não se pode duvidar, a do “eu” que pensa, que será o ponto de partida da metafísica cartesiana. Questão 61 A ideia do “eu” que pensa (cogito) é distinta e independente da ideia do corpo, o que caracteriza o chamado dualismo cartesiano. Questão 62 O texto é uma clara crítica ao Ceticismo, escola filosófica que defende a inexistência de verdades certas, ou seja, de que sempre se pode descobrir que algo que se toma como verdade é, em vez disso, falso. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Leitura e Redação de Texto Filosófico – 10 QUESTÕES de 63 a 66 E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os vícios, de sorte que um Estado é muito melhor governado quando, possuindo poucas, elas são aí rigorosamente aplicadas, assim, em lugar de um grande número de preceitos dos quais a lógica é composta, acrediteis que já me seriam bastante quatro, contanto que tomasse a firme e constante resolução de não deixar uma vez só de observá-los. O primeiro consistia em nunca aceitar, por verdadeira, coisa nenhuma que não conhecesse como evidente; isto é, devia evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção; e nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão claramente e tão distintamente ao meu espírito que não tivesse nenhuma ocasião de o pôr em dúvida. O segundo — dividir cada uma das dificuldades que examinasse em tantas parcelas quantas pudessem ser e fossem exigidas para melhor compreendê-las. O terceiro — conduzir por ordem os meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e fáceis de serem conhecidos, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais compostos, e supondo mesmo certa ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros. E o último — fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais, que ficasse certo de nada omitir’. (DESCARTES. In: MARCONDES, 2005. p. 82). A análise do texto e os conhecimentos sobre o pensamento de René Descartes permitem afirmar: Questão 63 O tema geral do texto é a filosofia política, uma vez que aborda a multiplicidade de leis dos Estados. Questão 64 A primeira regra do método de Descartes consiste em tomar como verdadeiro o que é indubitavelmente verdadeiro e suspender o juízo com relação às verdades passíveis de dúvida. Questão 65 Segundo o texto, só é possível colocar em dúvida aquilo que é falso e, se houver alguma opinião verdadeira, tem-se, então, a certeza da verdade dessa opinião. Questão 66 Os quatro preceitos propostos por Descartes, no texto, são métodos para a obtenção da certeza científica. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Leitura e Redação de Texto Filosófico – 11 QUESTÕES de 67 a 70 Santo Agostinho diz nas Confissões (1/8): Quando os adultos nomeavam um objeto qualquer voltando-se para ele, eu percebia e compreendia que o objeto era designado pelos sons que proferiam, uma vez que queriam chamar a atenção para ele. Deduzia isso, porém, de seus gestos, linguagem natural de todos os povos, linguagem que através da mímica e dos movimentos do olhos, dos movimentos dos membros e do som da voz anuncia os sentimentos da alma, quando essa anseia por alguma coisa, ou segura, ou repele, ou foge. Assim, pouco a pouco, eu aprendia a compreender o que designam as palavras que eu sempre de novo ouvia proferir nos seus devidos lugares, em diferentes sentenças. Por meio delas, eu expressava os meus desejos, assim que minha boca se habituara a esses signos. Nestas palavras temos, ao que parece, uma determinada imagem da essência da linguagem humana, a saber: as palavras da linguagem denominam objetos – as sentenças são as liames de tais denominações. Nessa imagem da linguagem, encontramos as raízes da ideia: toda palavra tem um significado. Esse significado é atribuído à palavra. Ele é o objeto que a palavra designa. (WITTGENSTEIN. In: MARCONDES, 2005, p. 166). Com base na análise do texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Wittgenstein, é correto afirmar: Questão 67 A exposição do pensamento de outro filósofo, como faz Wittgenstein, no texto, em relação a Santo Agostinho, é um recurso indevido, conhecido como argumento de autoridade. Questão 68 Wittgenstein é um importante representante da Filosofia Analítica, escola que busca solucionar problemas clássicos da história da Filosofia através da análise da linguagem. Questão 69 O problema central do texto é a apresentação do modelo agostiniano da linguagem, segundo o qual palavras significam coisas com a mediação das ideias. Questão 70 O tema central do texto é a estética, ou seja, o ramo da Filosofia responsável pelo estudo da beleza natural e da beleza artística, que se pode observar pela análise do papel da mímica e do movimento dos membros na linguagem. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Leitura e Redação de Texto Filosófico – 12 PROVA DE REDAÇÃO INSTRUÇÕES: • Escreva sua Redação com caneta de tinta AZUL ou PRETA, de forma clara e legível. • Caso utilize letra de imprensa, destaque as iniciais maiúsculas. • O rascunho deve ser feito no local apropriado do Caderno de Questões. • Na Folha de Resposta, utilize apenas o espaço a ela destinado. • Será atribuída a pontuação ZERO à Redação que — — — — — — se afastar do tema proposto; for apresentada em forma de verso; for assinada fora do local apropriado; apresentar qualquer sinal que, de alguma forma, possibilite a identificação do candidato; for escrita a lápis, em parte ou na sua totalidade; apresentar texto incompreensível ou letra ilegível. Os textos a seguir devem servir como ponto de partida para a sua Redação. I. — Quanto ainda há de Jorge Amado na Bahia de hoje? Resposta: — Muito e pouco. A literatura amadiana é movida por um pensar e reinventar a Bahia. Mestiçagem, sincretismo, é a Bahia de suas páginas. E é uma Bahia real. Jorge Amado não traduz uma Bahia que não existe. Mas existem várias Bahias. E Jorge começou a escrever na primeira metade do século passado. Havia uma necessidade e até uma urgência de mapear e entender o que se via. No entanto, nenhuma cultura é estática. O que se vê também muda. Não existe uma identidade única, nem definitiva, pois se trata de um processo dinâmico. [...] LEITE, Gildeci. “Não existe uma Bahia, mas várias Bahias.” MUITO. Revista Semanal do Grupo A Tarde. Salvador, n. 204, p. 8. 26 fev. 2012. Entrevista dada a Eron Rezende, Grupo A Tarde. II. O tema da identidade cultural é muito mal resolvido no campo da Antropologia e no campo da Sociologia. A gente tem, às vezes, até uma certa rejeição à maneira como a questão da identidade é colocada. Na Antropologia, nós falamos de identidade de uma maneira sempre relacional, opositiva, chamando atenção para contrastes, chamando atenção para um jogo constante de oposições que ligam grupos entre si, e negamos muito a ideia de que haja uma substância de um grupo social que o caracteriza de uma vez por todas. Não acreditamos, por exemplo, numa coisa como baianidade, como uma essência, como uma coisa já dada: numa coisa como brasilidade, que escape ao jogo das oposições que nós UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Redação – 13 fazemos entre nossas características e características outras. Eu não gosto muito de abordar a temática da identidade cultural, porque, em nome da identidade cultural, se fala muita bobagem. [...] SERRA,Ordep. Identidade e reflexão crítica. In: Carnaval e identidade cultural na Bahia, hoje. Seminários de Carnaval (2.: 1998: Salvador, Ba.) Seminários de Verão II. Folia universitária/Pró-Reitoria de Extensão da UFBA. Salvador, 1999. PROPOSTA: A partir das ideias contidas nos fragmentos apresentados, produza um texto argumentativo-dissertativo, analisando criticamente a ideia de que “Não existe uma Bahia, mas várias Bahias.” OBSERVAÇÕES: — Discuta a questão da baianidade vinculada à problemática da cultura nacional e à existência, ou não, de uma singularidade. — Embase seus argumentos em conhecimentos e reflexões sobre a Bahia de ontem e a de hoje. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Redação – 14 RASCUNHO UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Redação – 15 REFERÊNCIAS Questões de 47 a 50 PLATÃO; MÊNON. In: MARCONDES, D. Textos básicos de Filosofia. 4. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. Questões de 51 a 54 ______. ______. Questões de 55 a 58 TOMÁS DE AQUINO. In: ______. ______. Questões de 59 a 62 DESCARTES, R. In: ______. ______. Questões de 63 a 66 ______. ______. Questões de 67 a 70 WITTGENSTEIN. In: ______. ______. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – 16