Volume 22 - Nº 2 Julho 2014 - Sociedade Brasileira de Diabetes

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Volume 21 – número 02 – julho 2014
Dieta Ideal: Alimentação
deve fazer parte de um
estilo de vida saudável
Mães médicas e com diabetes
mostram que o dia tem mais
do que 24 horas
Homenagem ao Dr. Atlântido
Borba Cortes, que faleceu aos
103 anos
A SBD e a Comissão de
Campanhas agradecem a
todos que de alguma forma
contribuiriam para o sucesso
do Dia Mundial do Diabetes
em 2013. Contamos com
vocês em 2014.
Palavra do Presidente
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
3
Meus amigos,
Q
uando vocês estiverem lendo
estas linhas, a Copa já terá terminado e, sendo o Brasil campeão ou não, grandes emoções
muitos de nós teremos passado, já teremos voltado à vida real, correndo para
recuperar o tempo perdido, voltaremos
ao atendimento dos pacientes, às aulas,
à leitura e redação de artigos, às tarefas
rotineiras, aos compromissos familiares,
etc.
Nós, da diretoria, precisamos arrumar um tempo entre os jogos e continuamos trabalhando, em novos e antigos
projetos, e, embora a Copa tenha roubado parte desse tempo, podemos anunciar projetos em fase de finalização ou
de lançamento. Dentre eles destacamos
o e-book de diabetes, versão 2.0., que
estará disponível no nosso site no início de setembro para download gratuito, pelos nossos sócios e por estudantes
de medicina, farmácia e enfermagem. O
e-book terá de 48 a 50 capítulos e agora
será mais interativo, voltado para a prática médica, de uso bastante fácil, além de
permitir ser carregado em dispositivos
móveis (smartphones e tablets).
Nosso site foi reatualizado, exibe
novo layout e novas áreas para os sócios da SBD, como vídeos das aulas dos
congressos da SBD 2013 e da IDF/SBD,
além de contar com novas colunas.
As diretrizes da SBD 2013 e posicionamentos da Sociedade foram disponibilizados no site, para download gratuito
pelos sócios e não sócios, em esforço de
contribuição à melhoria do atendimento às pessoas com diabetes no Brasil.
Em maio último iniciamos, também,
um projeto de educação à distância, que
esperamos estar operante até outubro
deste ano, ampliando, ainda mais, a
presença da SBD na difusão do conhecimento em diabetes.
Outros projetos e ações estão em andamento, tais como o de saúde ocular
em nível nacional, o Encontro de Hiperglicemia Hospitar, a ser realizado em outubro deste ano, e o SITec/SBD/AL, 2o
Congresso de Tecnologia em Diabetes da
SBD, que ocorrerá em março de 2015.
Para o Dia Mundial do Diabetes, em
novembro próximo, os preparativos encontram-se adiantados em vários estados e cidades do Brasil, como no Rio de
Janeiro e Aracaju, dentre outras. Para o
“Novembro Azul”, faremos um trabalho
conjunto com a SBEM, ADJ e FENAD,
visando o sinergismo das ações preventivas e educativas dirigidas às pessoas com
diabetes e seus familiares.
Nossos representantes das áreas de
Saúde Pública, de Relações Governamentais e de Fármaco-Economia trabalharam arduamente durante os meses
de março e abril, no sentido de defender a introdução de análogos de insulina, em reuniões que tiveram lugar
na SBD e em Brasília. Alguns colegas
desses departamentos participaram de
reuniões com profissionais de saúde, da
OPAS e do Ministério da Saúde, para
discutirem e pensarem ações sobre a
associação do diabetes com a tuberculose, que vem crescendo no Brasil e no
mundo.
Muito existe ainda a ser pensado e realizado. Nós, da diretoria da SBD, contamos com suas críticas, sugestões e apoio
para o desenvolvimento e realização dos
projetos e ações citados, e aguardamos,
inclusive, novas propostas.
Um abraço e até a próxima.
Walter Minicucci
Presidente da SBD 2014/2015
Índice
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
4
1Palavra do Presidente
3Palavra do Editor-Chefe
4Saúde e Ciência
6Dr. Marcos Tambascia
8Seria Tão Difícil Assim Abandonar
o Vício de Bebidas Açucaradas?
9O Desafio da Primeira Edição do
Fórum Internacional da IDF
11
12
14
16
18
19
20
21
22
24
25
26
27
28
Os 20 anos do CEDEBA
Mães e Médicas com Diabetes
Existe a Alimentação Ideal?
Homenagem ao Dr. Atlântido Borba Cortes
Uma Nova Comissão na SBD na Área de Comunicação
Próxima Parada: Porto Alegre
Uma Breve História do Diabetes
Exames e Procedimentos Desnecessários
Pelo Brasil
Tecnologia & Diabetes
Lançamentos da Indústria Farmacêutica
Pelo Mundo
Comunicados da SBD
Agenda
Editorial
A
equipe da Revista esteve no I Fórum
Internacional de Diabetes, realizado
em Foz do Iguaçu, e, como sempre
tem feito, coletou dados para oferecer a oportunidade aos leitores de rever alguns temas e aspectos relevantes.
Na ocasião, a cidade de Foz do Iguaçu foi
visitada por um grande número de colegas
de vários países sul-americanos, como era
de se esperar, já que se localiza no que conhecemos como tríplice fronteira. Outras
particularidades que vale a pena registrar:
a união das entidades latino-americanas voltadas ao estudo do diabetes e a presença
de profissionais de outras áreas, também
interessados no tratamento dos diabéticos.
Enfim um encontro multiprofissional (Todos juntos). Minha sensação é a de que as
pessoas que compõem a equipe de saúde
devem ser entendidas como cúmplices na
busca pela qualidade de vida dos diabéticos.
E foi por isso que trabalhei toda a minha
vida. Uma boa maneira para explicar de
forma bem simples minha sensação está na
letra da canção dos “Saltimbancos” que por
sinal se chama “Todos Juntos”. Procurem na
internet, vão ver como “todos juntos somos
fortes”. A importância do evento em nível
mundial ficou patente na presença do presidente da IDF, Dr. Michael Hirst.
Nesta edição, destacamos a apresentação
do nosso ex-presidente Jorge Luiz Gross sobre Dieta Mediterrânea, recheada de números e dados, além de reforçada em importância pela experiência pessoal do nosso colega.
Há dois meses estamos planejando com
carinho novidades que inauguramos neste
número. A primeira é uma coluna sobre
“Novidades da Indústria Farmacêutica”,
quando apresentaremos lançamentos de
interesse para nossa especialidade. A outra
é sobre “Tecnologia & Diabetes” em homenagem ao progresso e ao nosso presidente
Walter Minicucci, que, como poucos, sabe
fazer a ligação perfeita entre tecnologia e
humanismo.
Duas outras homenagens serão prestadas:
às mães médicas e endocrinologistas que enfrentam a árdua e dupla jornada com eficiência invejável e a um pioneiro da especialidade no país. Conversamos com duas
grandes representantes dessas incríveis mulheres que são mães médicas. Parabéns Ana
Claudia Ramalho, Dra. Keli Morelo Rocha e
Solange Travassos, vocês comprovam que o
dia tem muito mais do que 24 horas. A outra homenagem é para um dos nomes mais
tradicionais da endocrinologia, que nos deixou aos 103 anos. A dedicação de Atlântido
Borba à endocrinologia e ao diabetes não
serão esquecidos.
Apesar de distante, já temos notícias sobre o próximo Congresso da SBD em 2015,
que terá à frente o incansável Balduíno
Tschiedel. Podem deixar a data anotada nas
agendas.
Nesta edição será possível também ler
sobre os 20 anos do Centro de Referência
Estadual para Assistência ao Diabetes e Endocrinologia da Bahia (CEDEBA). Desde
sua criação a Dra. Reine Marie Chaves, fundadora e diretora do Centro, tem como compromisso a busca incessante pela qualidade
no atendimento ao paciente diabético no
serviço público.
Por último, mas não menos importante,
DIRETORIA BIÊNIO – 2014-2015
Presidente: Dr. Walter José Minicucci; Vice-Presidentes:
Dra. Hermelinda Cordeiro Pedrosa, Dr. Luiz Alberto
Andreotti Turatti, Dr. Marcos Cauduro Troian, Dra. Rosane Kupfer e Dr. Ruy Lyra da Silva Filho; primeiro secretário: Dr. Domingos Augusto Malerbi; segundo secretário:
Dr. Luis Antonio de Araujo; tesoureiro: Dr. Antonio Carlos
Lerário; segundo tesoureiro: Dr. Edson Perrotti dos Santos; conselho fiscal: Dr. Antonio Carlos Pires, Dra Denise
Reis Franco, Dr. Levimar Rocha Araújo, Dr. Raimundo
Sotero de Menezes Filho
SEDE
Rua Afonso Brás, 579, salas 72/74, Vila Nova
Conceição, São Paulo, SP, CEP 04511-011; Email:
[email protected],
Site: www.diabetes.org.br; Tel.: (11) 3846-0729; Gerente:
Anna Maria Ferreira; Secretária: Maria Izabel Homem de
Mello e Eliana Andrade.
Filiada à International Diabetes Federation.
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
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a grande novidade administrativa: a criação
de uma Comissão Editorial, reunindo todas
as publicações online e off-line da SBD. Ponto para o Presidente. Como todo início de
projeto, está sendo trabalhoso tornar a Comissão uma realidade para que venha acrescentar e render excelentes frutos.
Espero que gostem da leitura.
Saúde para todos.
Leão Zagury
Editor-chefe
Revista da SBD
Editor-chefe: Dr. Leão Zagury
Presidente da SBD: Dr. Walter Minicucci
Equipe de Jornalismo: DC Press
Editora: Cristina Dissat – MTRJ 17518; Redação: André Dissat, Tainá Oliveira,
Flávia Garcia e Isabel Struckel (colaboração).
Colunistas: Dr. Augusto Pimazoni e Dr. Ney Cavalcanti.
Redação: Rua Haddock Lobo, 356 sala 202- Tijuca - Rio de Janeiro - RJ;
Tels.: (21) 2205-0707; email: [email protected]
As colunas e artigos assinados são de inteira responsabilidade de
seus autores.
Comercialização: AC Farmacêutica, tel.: (11) 5641-1870 e
(21) 3543-0770, [email protected]
Projeto gráfico: DoisC Editoração Eletrônica e Fotografia
([email protected]); Direção de Arte e Fotografia: Celso Pupo; Diagramação: André
Borges
Periodicidade: Bimestral
Impressão e CTP: Melting Color Grafica e Editora Ltda; Tiragem: 4000
exemplares.
Editoração Eletrônica e Fotografia
Saúde e Ciência
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
6
Mudanças nos Rótulos dos Alimentos
N
o último dia 5 de junho, o Diário
Oficial da União publicou a Portaria 949 da Anvisa (Agência Nacional da Vigilância Sanitária), instituindo
o grupo de trabalho que vai auxiliar na
elaboração de propostas para a rotulagem nutricional de alimentos.
Este grupo é composto por representantes dos Ministérios da Saúde e
Desenvolvimento Social (MDS), das
Associações das Indústrias da Alimentação (Abia) e de Alimentos Dietéticos
(Abiad), do Conselho Federal de Nutricionistas, das universidades de Brasília
(UnB) e da Federal de Santa Catarina
(UFSC), do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), e do Proteste e do Idec.
A equipe será responsável por subsidiar a Anvisa em tópicos técnicos e
Novo Adoçante
E
m março, pesquisadores do
Centro de Investigações e
Estudos Avançados em Biotecnologia e Bioquímica de Irapuato, em Guanajuato (México),
apresentaram um adoçante natural criado através do Agave, planta
utilizada para fabricar a tequila. A
pesquisa foi divulgada na Reunião
Nacional da Sociedade Química Americana, que acontece em
Dallas, nos Estados Unidos.
De acordo com os pesquisadores,
as propriedades benéficas do Agave
se dariam por ele não ser digerido
pelo organismo, mas mesmo assim
atuar como uma fibra adoçante.
Este adoçante, então, reduziria o
nível de glicose no sangue e contribuiria para que diabéticos tipo 2
controlem sua glicemia. Ele atuaria
tambem, na redução do peso.
A pesquisa foi conduzida em ratos e ainda não há uma definição
se ela poderá manifestar o mesmo
efeito em seres humanos. Mesmo
assim, o adoçante já é apontado
por cientistas como uma boa alternativa para obesos e diabéticos. n
científicos relacionados à rotulagem
nutricional, identificar os problemas
que existem hoje e propor soluções às
limitações encontradas.
Dentre as novidades nas normas para
os rótulos de alguns dos produtos industrializados, que passaram a valer a partir
de janeiro deste ano, a principal mudança para as pessoas com diabetes foi em
relação aos produtos Light. A denominação, a partir de então, somente pode ser
dada a um alimento com redução mínima de 25% das calorias ou de algum nutriente, que pode ser açúcar (sacarose),
gordura total ou trans, ou sal (sódio).
Além disso, ocorreram mudanças importantes em relação ao conteúdo e tipo
de gordura, que são de especial interesse para as pessoas com diabetes tipo 2,
já que envolvem produtos para a promo-
ção da saúde cardiovascular.
A Anvisa determinou, também, regras para os produtos denominados
“Rico em” Ômega 3, 6 e 9, cujas quantidades devem conter o dobro das concentrações mínimas do alimento referido como fonte dos nutrientes. Além
disso, ficou estabelecido que o termo
“isento de gordura trans” deve ser usado
quando o produto tiver no máximo 0,1g
de gordura trans por porção e manter
baixos os índices de gordura saturada e
a não adição de sal.
Em geral, as medidas buscam evitar
que os nutrientes substitutos acabem
prejudicando a saúde. No site da SBD,
a Dra. Marlene Merino, doutora em Nutrição e coordenadora do Departamento de Nutrição da Sociedade, abordou
o assunto em sua coluna. n
Aumento nos
Casos de Diabetes
R
ecentemente, o Ministério da Saúde divulgou os dados levantados pelo
sistema Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) sobre obesidade e diabetes. Pela
primeira vez, em oito anos, os números da obesidade no país pararam de
crescer. Mas ainda assim, o percentual de brasileiros acima do peso ideal é
alarmante, com 50,8% da população.
Em relação ao diabetes, de acordo com a pesquisa, o envelhecimento da
população brasileira é uma das causas para o aumento da doença no país. E,
os resultados indicam que o excesso de gordura abdominal, a falta de atividade física e o estresse estão ligados a esse aumento.
A pesquisa foi realizada pelo telefone com 53 mil brasileiros que moram
nas capitais. O resultado apontou que menos de 1% dos jovens entre 18 a 24
anos convive com o diabetes; já entre os idosos (mais de 65 anos) 22% são
alvos da doença. n
7
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
Foto: Marcos Mesa Sam Wordley
Acervo Inédito
O
Diabetes e
Apneia do Sono
U
m estudo feito por cientistas da Universidade Toronto, no Canadá, divulgado no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine,
neste início de junho, concluiu que quem tem apneia do sono tem mais
chances de desenvolver diabetes. A pesquisa avaliou 8.678 adultos, entre os
anos de 1994 e 2010.
No período estudado, 11,7% das pessoas desenvolveram a doença. Nos
casos mais severos de apneia, o risco de desenvolver o diabetes chegou a ser
30% maior, enquanto nos casos leves e moderados de apneia, a probabilidade
para o diabetes foi de 23%.
A pesquisa também levou em conta outros fatores de risco para o diabetes
como: idade, sexo, IMC, insônia, tabagismo e elevação da frequência cardíaca
durante o sono. n
Instituto de Pesquisas Hospitalares (IPH) disponibilizou um acervo digital com a história e evolução da moderna arquitetura hospitalar
brasileira. Projetos, livros, revistas e demais documentos reunidos pelo projeto
traçam uma linha do tempo da construção de unidades de saúde.
Os materiais acoplados pelo IPH relatam a participação de Jarbas Karman no
desenvolvimento de diversos hospitais,
entre os quais o Hospital Israelita Albert
Einstein, na capital paulista, e o Hospital do Câncer (Pio XII), em Barretos,
interior de São Paulo, mas também contém registros e documentos de diversos
outros autores.
O acervo também é composto por coleções como: Revista Paulista de Hospitais, Hospital de Hoje e Vida Hospitalar.
E as estrangeiras The Modern Hospital,
Hospital Topics, The Canadian Hospital
e Das Krankenhaus, entre outras.
Para quem deseja ter acesso o material está disponível para pesquisa no
novo portal do Instituto (www.iph.org.
br), que foi atualizado por ocasião da
celebração dos 60 anos do IPH. Ele também está aberto à consulta pública gratuita, via solicitação de visita ao Instituto pelo e-mail: [email protected] ou pelo
telefone (11) 3868-4830. n
C
ientistas da Bélgica sugerem que a metformina, a
droga antidiabética mais utilizada no mundo, possua propriedades gerais de promoção da saúde,
incluindo o combate ao envelhecimento. O estudo, realizado em minhocas da espécie Caenorhabditis Elegans,
foi publicado na PNAS (Proceedings of the National
Academy of Sciences of the United States of America).
A pesquisa revela que a metformina é capaz de “estender o tempo”, aumentando a produção de espécies
reativas de oxigênio (ROS). Uma constatação curiosa
do estudo é que, quando combinados à metformina, os
antioxidantes (presentes em cremes, sucos, vinho tinto
e alguns chocolates) têm seu efeito contra o envelhecimento praticamente anulado.
Os pesquisadores informam que continuarão os esforços de pesquisa neste campo em direção a uma melhoria
das complicações relacionadas com o envelhecimento. n
Na edição digital da Revista Diabetes os leitores podem acessar os links dos estudos apresentados na coluna Saúde & Ciência.
Foto: Lighthunter
Metformina Contra o Envelhecimento
Páginas Azuis
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Dr. Marcos
Tambascia
E
le presidiu a SBD nos anos de
2006 e 2007, tendo sido um dos
responsáveis pela transformação
do Jornal da Sociedade na Revista Diabetes e pela criação do e-book. No seu
editorial de despedida da presidência,
o Dr. Marcos Tambascia afirmou que
“o elo numa comunidade é o objetivo
comum”. Disse ainda que “a revista se
tornou a voz de todos” e completou:
“espero, também, que por mais científicas que sejam as informações, não nos
esqueçamos de que, por trás de todas
as nossas ações, estão pacientes com
diabetes, esperando cuidado, atenção
e qualidade de vida”. Também em sua
gestão, foram publicados diversos Posicionamentos Oficiais, reforçando a
preocupação dele em desenvolver projetos em prol dos cuidados com pacientes com diabetes.
Formado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em Sorocaba, o Dr.
Tambascia afirma ser discípulo do Prof.
Bernardo Leo Wajchenberg. Conheça
e relembre um pouco de sua história.
Revista Diabetes: Conte um pouco sobre a
sua formação e trajetória profissional.
Dr. Marcos Tambascia: Formei-me na
PUC de Sorocaba e realizei todo meu
processo de especialização em Endocrinologia na Universidade de São Paulo.
Tive a honra de ser aluno do Prof. Bernardo, onde frequentei o Serviço de Diabetes e Adrenal. Nesse período, também,
me especializei em Medicina Nuclear no
Instituto de Energia Atômica da USP. No
Hospital das Clínicas da USP, trabalhei
como chefe de plantão do Pronto Socorro, o que foi essencial para o meu aprimoramento como clínico. Após a USP
fui contratado pelo Serviço de Endocrinologia do Hospital do Servidor Público
de São Paulo sob a chefia do Prof. Luis
Carlos Reis. Nessa época, o estudo da tireoide passou a ter uma grande participação na minha formação.
Prestei concurso para a Disciplina de
Endocrinologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual
de Campinas, onde estou locado até
hoje e, atualmente, respondo pela sua
chefia tendo participação como docente de graduação e pós-graduação. Nas
entidades de classe, tive grande participação na diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia,
tendo ocupado cargos de tesoureiro,
secretário, vice-presidente e presidente
da Regional São Paulo. Em nível nacional, fui presidente do Departamento
de Tireoide, tendo organizado um dos
Encontros Brasileiros de Tireoide. Nos
últimos dez anos, tenho me dedicado
de forma mais abrangente à causa do
diabetes e tive o privilégio e a honra
de presidir a Sociedade Brasileira de
Diabetes por uma gestão.
Revista Diabetes: Como a endocrinologia e
o diabetes entraram na sua vida?
Dr. Marcos Tambascia: Ainda durante o
curso médico, fui monitor de fisiologia
por vários anos e nesse período comecei
a me apaixonar pela endocrinologia e
bioquímica. Tive contato com o Dr. Lineu Amaral da Silveira, endocrinologista da USP, que era irmão de um colega
de turma, e passei a admirar sua competência e cultura. Esse fato na minha
vida teve um impacto tremendo na escolha de profissão e, anos mais tarde, o
contato com o Prof. Wajchenberg veio
a consolidar minha vocação.
Revista Diabetes: Como foi sua eleição naquela época?
Dr. Marcos Tambascia: Fui eleito para
a presidência da SBD após a gestão do
Prof. Leão Zagury. Sua gestão foi marcada pelo diálogo e pela consolidação dos
interesses da SBD e da SBEM e herdei o
compromisso de estabilizar essa relação.
Revista Diabetes: Como era ser presidente
da SBD e o que é hoje?
Dr. Marcos Tambascia: Exercer o cargo de presidente da SBD sempre foi o
de administrar uma sociedade extremamente envolvida em reciclagem e
atualização de informações referentes
à atenção ao paciente com diabetes. A
quantidade de dados científicos relevantes ao entendimento da fisiopatologia
dessa doença e suas complicações têm
aumentado exponencialmente, principalmente na última década. Filtrar essas
informações e levá-las aos profissionais
envolvidos em seu tratamento é uma das
missões da sociedade. Com tanta informação relevante, é a SBD o principal
órgão de divulgação de conhecimento.
Nossa responsabilidade como gestor
dessa sociedade é realizar uma função
que deveria ser das universidades. A
parceria com a indústria farmacêutica, que tem interesse óbvio em divulgar seus produtos, também é essencial,
pois serve como um tipo de balisamento que procura divulgar os tratamentos
mais modernos, porém sem se afastar
da ética e do compromisso com a verdade.
Os simpósios e os congressos da SBD
são os pontos máximos de atenção da
sociedade. Servem tanto como veículo de cultura e atualização como também permitem o encontro presencial
entre os associados, quando se discute
ciência e se cultiva a amizade. Não podemos esquecer que a SBD representa
uma grande família. A SBD também é
um veículo de orientação para pacien-
tes e familiares e a responsabilidade de
transmitir informação sem sensacionalismo é uma preocupação constante
da presidência assim, como de todos
os membros da diretoria.
Revista Diabetes: O que mais marcou a sua
gestão como presidente da SBD?
Dr. Marcos Tambascia: Entre as inúmeras atividades que tenho orgulho de ter
participado durante minha gestão como
presidente, a que mais me marcou foi ter
dirigido a implantação do livro eletrônico da SBD (e-book). Esse instrumento
de transmissão de conhecimento foi
planejado para ser um local de busca de
informação, mas com características práticas e úteis ao dia a dia de consultório.
Obviamente muitas informações práticas
também necessitam de embasamento
teórico e manter essas informações sem
desinteressar o leitor foi um grande exercício de didática. A grande vantagem de
um livro eletrônico é que sua atualização
é muito mais dinâmica. Tenho orgulho
de sua implantação e a grande alegria
em saber que na gestão atual está sendo
realizada a sua grande atualização. São
informações disponibilizadas por grandes conhecedores do assunto e tratadas
com a mais moderna técnica didática.
Revista Diabetes: Como era a SBD na sua
época e como a vê hoje?
Dr. Marcos Tambascia: Fui presidente
“A SBD também
é um veículo
de orientação
para pacientes e
familiares e tem a
responsabilidade
de transmitir
informação sem
sensacionalismo”
da SBD há 7 anos e não vejo muita diferença do papel que representa atualmente. A SBD é a segunda entidade
que congrega profissionais envolvidos
na atenção ao diabetes (perde apenas
para a Associação Americana de Diabetes – ADA) e continuamos com a grande
missão de trazer atualização conceitual
com ética e responsabilidade. Inúmeras
pessoas se beneficiam com esses conceitos e os pacientes, nosso maior compromisso, serão mais bem conduzidos para
conviver com essa doença com qualidade de vida.
Revista Diabetes: O que a SBD teve de influência na sua vida?
Dr. Marcos Tambascia: Ter contribuído
com a missão da SBD reforçou minha
posição de conciliar a atividade essencial de minha profissão, que é o atendimento aos pacientes, com minha escolha de ser professor. O papel de se
atualizar constantemente para poder
contribuir com o exercício da profissão de colegas sempre me fascinou. Ter
servido à SBD tornou essas duas missões tão próximas que hoje não consigo
separá-las. n
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
97
Atualidades
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
8
Dr. Augusto Pimazoni Netto
Coordenador dos Grupos de Educação e
Controle do Diabetes do
Hospital do Rim e Hipertensão da Universidade
Federal de São Paulo – UNIFESP.
[email protected]
V
Seria Tão Difícil Assim
Abandonar o Vício de
Bebidas Açucaradas?
amos começar este debate com
um relato pessoal: eu e meus dois
filhos fomos viciados em refrigerantes açucarados desde criancinhas.
Eu consegui facilmente substituir os refrigerantes tradicionais pela versão diet
ou zero, principalmente depois que essas bebidas passaram a ser adocicadas
com aspartame. Meu filho mais velho,
com um moderado excesso de peso,
mesmo após uma cirurgia metabólica,
também conseguiu vencer o vício das
bebidas açucaradas, substituindo-as
pelas versões dietéticas. Mas meu filho
mais novo, antes esbelto, agora, aos 40
e poucos anos, apresenta uma respeitável “barriguinha saliente”, apesar de
não ser um glutão. O seu “pecado” é
outro: ele é viciado e não consegue
abandonar o vício de somente ingerir
refrigerantes açucarados. E não há argumentos médicos que o convençam
sobre a necessidade de redefinir suas
escolhas no sentido de aderir aos refrigerantes dietéticos.
É verdade que existem alguns artigos
mostrando que os refrigerantes dietéticos também apresentam eventuais efei-
tos colaterais e nocivos à saúde, mas essa
característica não é uma unanimidade.
Um recente artigo, publicado em abril
de 2014, no Diabetes Care, traz algumas
estatísticas altamente preocupantes em
relação ao uso regular de refrigerantes
açucarados. Segundo essa fonte, cerca
de 75% de todos os alimentos e bebidas
contém açúcar adicionado de diferentes
formas.
O consumo de refrigerantes açucarados aumentou cinco vezes desde 1950,
somente nos Estados Unidos. Meta-análises sugerem que o consumo de bebidas
açucaradas está relacionado com o risco
de diabetes, com a Síndrome Metabólica e com a doença cardiovascular. Mais
ainda, o consumo de cerca de 500 mL
de bebidas açucaradas por dia, durante seis meses, induziu características de
Síndrome Metabólica e de fígado gorduroso na maioria dos usuários. Estudos clínicos randomizados em crianças
e adultos, com duração de 6 meses a 2
anos de seguimento, demonstraram que
a redução na ingestão de refrigerantes
efetivamente reduziu o ganho de peso.
O consumo de bebidas calóricas con-
tinua a aumentar e desempenha um
papel importante na epidemia de obesidade, síndrome metabólica e fígado
gorduroso.
Várias estratégias têm sido propostas
ou implementadas para tentar controlar o crescimento contínuo do consumo
de refrigerantes açucarados, mas, aparentemente, sem sucesso. E qual seria
o grande atrativo que torna as pessoas
viciadas em bebidas açucaradas? A propaganda desenfreada pelos vários meios
de comunicação é, sem dúvida, um dos
principais vilões. Mas, não é só isso. A
própria natureza tem lá a sua culpa
exatamente por tornar os açúcares e a
gordura os campeões da preferência popular, em função de sua incrível capacidade de tornar esses nutrientes bastante apetitosos, principalmente por parte
daqueles que já enfrentam o problema
de sobrepeso ou de obesidade franca.
Seria tão difícil assim abandonar o
vício de bebidas açucaradas? n
Fonte: Bray GA e Popkin BM. Dietary Sugar and Bocy Weight: Have We Reached a Crisis in the Epidemic of Obesity and Diabetes? Diabetes Care
2014.37(4):950-956. DOI: 10.2337/dc13-2085.
Internacional
9
A
estreia de um evento internacional é sempre cercada de
apreensão. No primeiro Forum
International de Diabetes não
foi diferente, já que um trabalho em
conjunto entre tantas entidades internacionais é de enorme responsabilidade. Mas a organização, liderada pelo Dr.
Balduíno Tschiedel, Dr. Douglas Villaroel e Dr. Félix Escaño, soube superar
com méritos. Um balanço feito durante
o evento e repassado aos participantes
no último dia de atividade em Foz do
Iguaçu mostrou que os números foram
expressivos, abrindo as portas para as
futuras edições.
A ansiedade dos organizadores foi superada já nos primeiros momentos do
Fórum com o excelente público presente, com número representativo dos
vizinhos da América do Sul. A maioria
dos participantes, como já estava previsto, foi de brasileiros com mais de 900
inscritos.
A organização geral foi um trabalho
em conjunto da International Diabetes Federation – Região SACA (South and Central-America), SBD e Associação Latino
Americana de Diabetes (ALAD), contando ainda com o apoio da Associação
Diabetes Brasil (ADJ Brasil) e Federação
Nacional das Associações de Diabetes
(Fenad).
A dinâmica do Fórum foi diferente da dos eventos habituais realizados
pela SBD e ALAD, mas dentro de um
contexto muito forte da IDF, que procura reunir discussão científica, área
educacional e atividades lúdicas, além
de encontros paralelos. Segundo os organizadores, de nada adianta o conhecimento se não for possível utilizar naqueles que mais necessitam e, por isso,
a importância da junção de todos os aspectos relacionados ao tratamento da
pessoa com diabetes em um único local.
Dentro dessa dinâmica, os participantes
se dividiram nas salas e os mais diversos
profissionais de saúde presentes puderam realizar uma interação diferente
durante os três dias de evento. Além de
profissionais de saúde, pacientes também participaram.
A presença do presidente da IDF, Dr.
Michael Hirst, demonstrou a importância da atividade dentro das realizadas
pela Federação Internacional. No seu
discurso de abertura, o Dr. Hirst surpreendeu os presentes falando em “portunhol”. Brincou com a sua dificuldade
e se desculpou quanto à opção da palestra em inglês para não “assassinar” o
idioma.
O Dr. Douglas Villaroel fez questão
de agradecer no início dos trabalhos ao
presidente da IDF, que havia assumido
o compromisso de estar presente ao Fórum. “Prometeu e cumpriu que estaria
no Brasil”, afirmou o Dr. Villaroel.
O Dr. Balduíno reforçou que os participantes estavam presenciando um verdadeiro palco de debate sul-americano,
onde os vários segmentos do tratamento de uma doença estariam juntos. Para
o presidente do IDF, o Fórum foi uma
atividade muito bem-sucedida, porém
diversos pontos ainda precisam ser revistos e avaliados. Segundo o Dr. Balduíno, a segunda edição já está marcada
para abril de 2016, também no Brasil,
e na região Sul, sob a coordenação do
Dr. Walter Minicucci em parceria com
um representante da América Latina e
Central. Para 2018, o Fórum será realizado em outro país da América do Sul.
Os números foram muito bons, com
1.143 inscritos assim divididos: Argentina (23), Bolívia (16), Brasil (992), Chile
(5), Colômbia (6), Equador (4), Paraguai (21), Peru (3), Uruguai (2), Venezuela (1), Aruba (2), Costa Rica (1), República Dominicana (6). Ainda foram
registrados 56 inscritos de outros países,
inclusive do Oriente Médio.
Segundo o Dr. Balduíno, para que
um evento se transformeem algo tradicional é preciso começar e esse foi
o primeiro em que as várias entidades
multiprofissionais se uniram. “Continu-
Fotos: Celso Pupo
Fotos do Fórum
Auditório do IDF Fórum, em Foz do Iguaçu
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
O Desafio da Primeira Edição do
Fórum Internacional da IDF
Dr. Balduino Tschiedel, presidente do IDF Fórum
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
10
Mesa de abertura
Vídeo
Reuniões paralelas
Atividade física com os participantes do evento
ram montados grupos de estudo.
A partir dessa dinâmica, os participantes não só faziam uma opção de
conversar e trocar informações dentro
de cada sala quanto nos intervalos, que
não pareciam suficientes para tantos assuntos. Era comum ver conversas e planejamento entre gestores, especialistas
e pacientes na hora do coffee break, no
estande da SBD.
Também foi notório a interação entre participantes de várias gerações, em
especial os membros do IDF Young Leaders, que têm sido mais constante nos
últimos encontros da SBD.
Em diversas apresentações, observou-se uma mistura de linguagens técnicas
com relatos de experiências vividas pelos especialistas. Nos simpósios, foram
incluídas descrições importantes como
as do Dr. Mauro Scharf, mencionando
um grupo de médicos e diabéticos que
iria participar de uma escalada para testar glicosímetros em condições adversas;
apresentação de softwares para o monitoramento do diabetes usando smartphones, pela Dra. Karla Mello; e dieta mediterrânea com o Dr. Jorge Luiz Gross.
Em paralelo, havia atividades lúdicas
para que o médico pudesse repensar
sua forma de lidar com o paciente e sua
equipe de trabalho. Usando a mágica,
o cardiologista formado pela Unicamp,
Dr. Jamiro Wanderley fez os médicos
refletirem se suas condutas com seus
grupos e pacientes seriam as mais adequadas. O título da palestra, “Conversando com quem conversa”, despertava
curiosidade dos congressistas. O Dr. Jamiro argumentou, entre outras coisas,
que nem sempre é fácil fazer o que se
cobra dos pacientes. “Será que damos o
exemplo?”, perguntou.
E se é para dar o exemplo, alguns dos
especialistas saíram na frente. Na manhã fria de Foz do Iguaçu, eles levantaram cedo para fazer uma caminhada na
área interna do hotel. Atividade física é
fundamental não só para o tratamento
do diabetes, mas para uma melhor qualidade de vida.
Salas lotadas para algumas das apresentações davam os sinais de preferências. Uma delas foi a apresentação do
Dr. Jorge Luiz Gross, que teve como
tema central a dieta mediterrânea,
abordada numa das reportagens dessa edição da Revista (páginas 14 e 15).
O mesmo para temas como obesidade,
pré-diabetes, tecnologia, guidelines de
tratamento, cirurgia bariátrica e novas
insulinas.
Além dos temas científicos, um deles
faz parte de futuros projetos da SBD:
Planejamento para Desastres Naturais.
O Dr. Ammar Ibrahim, da República
Dominicana, falou sobre o assunto no
Fórum e enfatizou que é preciso ter
uma estratégia pronta. “Não podemos
esperar a catástrofe para planejar. É
preciso se antecipar para usar o planejamento no momento certo.”
Cada vez mais, surgem opções para
que dados e informações estejam acessíveis e de forma simples. Sessenta e duas
apresentações do Fórum estão no site da
SBD, com acesso direto para os webcasts
pela homepage. Com isso, os participantes podem interagir ainda mais durante
as atividades, com a possibilidade de um
acesso ao conteúdo posteriormente.
Surge uma nova forma de acompanhar e participar dos eventos científicos, com as novas tecnologias sendo
disponibilizadas ao mesmo tempo que
se torna fundamental a presença e o debate presencial.
O balanço dos resultados foi muito
positivo, incluindo participação nacional e internacional, interação com a plateia diversificada, repercussão nas redes
sociais e atualização pós-evento. Tudo
está pronto e estruturado para a segunda edição em 2016. n
Vídeo
aremos com esse formato, tendo sempre
um enfoque científico, um de translação
(da passagem da informação científica
para o paciente) e um lúdico (reunindo
entidades de pacientes, secretários de
saúde e representantes do Ministério da
Saúde)”, explicou o endocrinologista.
Dados Mundiais – O crescimento do diabetes na América Latina foi um dos pontos abordados pelo presidente da IDF.
Dr. Michael Hirst também, apresentou
números globais da doença: 382 milhões de diabéticos em 2013 e perspectivas de 592 milhões em 2035.
Nos gastos, um informe importante
para mobilização dos governos e motivo de bastante preocupação. Foram 548
bilhões de dólares em 2013 e serão 627
bilhões em 2035. Para o presidente, é fundamental unir forças e fazer alianças entre as associações da América Latina. Ele
citou um futuro acordo de cooperação
entre IDF e a IDF-SACA para situações de
desastres naturais, por exemplo, e um levantamento epidemiológico entre os países. O presidente da IDF lembrou aos participantes que é importante compartilhar
as informações através das publicações da
entidade, como a Diabetes Voice.
Entre as metas traçadas pela IDF estão: a redução do consumo do sal em
30%; redução da inatividade em 10%;
aumento do uso de tecnologia em 80%;
entre outros.
Uma comemoração especial da Comissão do Dia Mundial do Diabetes, presidida pelo Dr. Márcio Krakauer, quando
o presidente da IDF mostrou um slide
com ações mundiais e a foto central era
do Maracanã iluminado de azul.
Programação Diversificada – Com as três
atividades paralelas, os participantes se
dividiram com debates que incluíram
educação em diabetes e uma conversa
com gestores de saúde. Além disso, fo-
Referência Nacional
Os 20 anos do CEDEBA
Por Flavia Garcia*
O
Centro de Referência Estadual
para Assistência ao Diabetes e
Endocrinologia da Bahia (CEDEBA) completou 20 anos de existência.
Inaugurado em 24 de março de 1994,
o CEDEBA funciona, atualmente, no
3º andar do Centro de Atenção a Saúde Professor José Maria de Magalhães
Netto (CAS) da SESAB. A Dra. Reine
Marie Chaves é a fundadora e diretora
do Centro, que tem como compromisso
a busca incessante pela qualidade total
no atendimento ao paciente no serviço
público.
Na ocasião do aniversário, a diretora proferiu a palestra “Duas Décadas
de Avanços e Conquistas” e agradeceu
servidores e autoridades, entregando-lhes uma placa comemorativa com a
mensagem: “CEDEBA, 20 anos fazendo
a diferença na Saúde Pública da Bahia”.
A Dra. Reine lembra que os desafios são
cotidianos, mas a vontade de crescer é
o que faz a equipe superá-los. Segundo
ela, o CEDEBA é a primeira escolha
na Bahia para a Residência em Endocrinologia. “Queremos avançar para a
Residência multiprofissional e cursos de
pós-graduação”, afirma.
Cerca de 1.500 pessoas são atendidas diariamente no Serviço, que recebe pacientes de todos os municípios
do estado. “Acredito que o CEDEBA é
uma missão da minha vida e gratifica-me saber que temos hoje quase 70.000
pacientes registrados”, completa a Dra.
Reine, informando que o Centro possui
35 endocrinologistas, 52 médicos e 282
profissionais.
O aposentado José Florêncio da Costa é um dos pacientes acompanhados
pelo CEDEBA. Com 74 anos, de idade,
o senhor José Florêncio frequenta o local há seis. Ele usa insulina há 20 anos
e descobriu a doença como a maioria
dos pacientes: por acaso. O aposentado
lembra que sentia muita sede, fome e
urinava muito, até que um dia sua esposa reclamou das formigas que estavam tomando conta do banheiro. Ele
Dra. Reine Marie Chaves
José Florêncio da Costa
afirma que se cuida desde o diagnóstico. “Eu me cuido porque quero ficar
inteirinho, sem perder pés e pernas”,
comenta.
Além de cuidar da alimentação e usar
a medicação, o senhor José faz uma hora
de caminhada três vezes por semana.
Tudo conforme orientações médicas.
“O que mata o diabético é a boca. Não
tem médico, nem remédio que controle
o diabético rebelde”, brinca o paciente. Nascido na cidade de Goiana (PE),
seguiu para trabalhar em São Paulo há
36 anos, e depois foi para a Bahia, em
1978. De tão entrosado com o Centro,
ele brinca que não quer voltar para sua
terra “para não perder a assistência do
CEDEBA, o maior dos meus instrutores.
Aqui as palestras excelentes ajudam a
reeducar o diabético.”
Qual “o segredo” do CEDEBA?
“Ter coragem para enfrentar o frio
dos corações incrédulos sem perder o
rumo; determinação, paciência e sabedoria para ultrapassar os obstáculos; tolerância para suportar quem tiver que
carregar e fé para não perder a esperança”, afirma a Dra. Reine.
O Centro vem garantindo assistência especializada nas áreas de diabetes,
obesidade e outras endocrinopatias,
como referência para a Rede Básica de
Saúde do Estado. Ele nasceu pequeno,
mas, aos poucos, foi obtendo reconhecimentos na Bahia, no Brasil e no mundo, utilizando a educação do paciente
como a principal chave para o controle
da doença, com oficinas constantes para
adultos e crianças.
Através de convênios de cooperação
técnica, o CEDEBA tem desenvolvido
projetos junto à SBD, International
Diabetes Center (IDC), de Mineápolis
(EUA), Associação Latino-Americana
de Diabetes (ALAD), Ministério da Saúde e Universidade Federal da Bahia, visando desenvolver modelos de assistência e protocolos clínicos para a Saúde
Pública do Estado.
Sua produção de materiais educativos é vasta e o trabalho de educação
atende também às demandas do interior da Bahia. A Cartilha Multimídia em
Diabetes, para os agentes de saúde, e
o jogo Contando Carboidratos, para o
público infantil, são exemplos de produtos de excelência desenvolvidos pelo
CEDEBA.
Depois de capacitar profissionais da
Bahia e do Brasil, o Serviço levou sua
experiência para outros países de língua
portuguesa como Moçambique e Guiné
Bissau, e foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como
o 1º centro colaborador para atenção
ao diabetes no Brasil, o 3º da América
Latina e 24º do mundo. n
* Colaboração: Ana Maria Vieira – Assessoria de Imprensa do CEDEBA.
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Homenagem
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Mães e Médicas com Diabetes
S
er mãe é o desejo da maioria das mulheres, mas a maternidade é uma caixinha
de surpresas e a única certeza é de que
muda a vida de qualquer pessoa. E se não
há tempo suficiente sem filhos, imagina quando
eles chegam?
Mas será mesmo? – Levando em consideração que
a medicina é uma profissão, em geral, com uma
escala de trabalho de atenção ao paciente 24 horas
por dia e sete dias por semana, imagina, então, a
rotina de uma médica, mãe e com diabetes.
A Revista Diabetes ouviu três endocrinologistas
que têm tudo isso incluído em sua rotina de vida
para saber como elas conseguem conciliar o cuidado com os filhos, os pacientes e sua própria saúde. É interessante notar como o dia das mães Ana
Claudia Ramalho (BA), Solange Travassos (RJ) e
Keli Morelo Rocha (RJ) parece que tem bem mais
horas do que o normal.
Dra. Ana Claudia Ramalho (Salvador, BA)
“T
arefa difícil ser mãe, diabética e médica, mas meus filhos
são fofos e é maravilhoso viver isso.” Assim a Dra. Ana Claudia
define seu perfil. Ela tem 47 anos,
com 33 de diabetes tipo 1, e dois filhos. Engravidou pela primeira vez
aos 37 anos, mas teve um aborto natural e somente depois de dois anos
começava a gestação da sua primogênita.
Mãe da Giovana, de 6 anos, e do
Pedro, de 2 anos, a Dra. Ana Claudia afirma que seu maior medo em
relação às gestações era ligado à sua
idade, não ao diabetes.
Sua rotina diária é bastante intensa, já que a médica não abre mão
de cuidar de seus filhos. “Tenho um
ritmo de vida inacreditável. Corro
às 5h da manhã e depois arrumo os
filhos para irem à escola. Acho importante dar banho, buscar no colégio, colocar para dormir, fazer o
dever de casa com eles, preparar o
prato da refeição, conversar, conversar, conversar... Para fazer tudo isso
e ainda continuar investindo na profissão não é fácil, mas quando escolhemos ter um filho é preciso cuidar
deles para colocarmos pessoas segu-
ras e mais felizes no mundo”, afirma.
A Dra. Ana Claudia faz todo o
possível para manter o diabetes sob
controle, mas comenta perceber alguns deslizes com sua saúde depois
que teve os filhos. “Como não tenho
babá, quando saio com meu marido e filhos às vezes percebo que me
esqueci de pegar algum carboidrato, para o caso de ter uma hipoglicemia, por exemplo. Além disso, o
controle da minha glicemia é feito
das formas mais dinâmicas possíveis
e sempre quando faço outras coisas
também”, comenta.
Em relação aos cuidados com a
saúde dos filhos, ela afirma que os
orienta sobre a alimentação saudável
e prática de atividades físicas. “Eles
comem fruta e verdura todos os
dias e praticam natação. Não para
prevenção do diabetes, mas porque
é uma excelente escolha em todos os
aspectos”, completa ela, afirmando
que não tem medo que os filhos
tenham diabetes. “Tenho diabetes
tipo 1 que não é hereditário. Eles
sabem o que é diabetes, mas não
existe pressão sobre isso com eles.
Estimulo uma vida saudável por vários motivos”, finaliza. n
Dra. Solange Travassos (Rio de Janeiro, RJ)
C
om diabetes tipo 1 desde os 14 anos,
a Dra. Solange Travassos está com 42
anos e também tem dois filhos: a Maria Eduarda, com 14 anos, e o João Pedro,
com 9 anos. Ela engravidou pela primeira
vez em 1998 e lembra que, durante as duas
gestações, mediu a glicemia de 8 a 12 vezes
por dia e sempre cuidou muito de sua alimentação. Além das consultas e exames do
pré-natal de rotina, fazia um exame de mapeamento de retina a cada trimestre. “Meu
diabetes sempre foi bem controlado e não
tenho nenhuma complicação, mas mesmo
assim tinha receio de problemas com o
bebê”, lembra.
Atualmente a médica está trabalhando
em clínica privada, três dias na semana, com
uma equipe multidisciplinar; é voluntária
na UADERJ (União das Associações de Diabéticos do Estado do Rio de Janeiro); e coordena o Departamento de Saúde Ocular
da SBD.
Ela optou por abandonar o Serviço Público e a atividade docente até seus filhos esta-
rem com mais idade. “Adoro minha
família e a minha profissão e acho
que consigo conciliar relativamente
bem toda essa jornada”, completa.
A médica comenta, também, que
sempre que é possível leva os filhos
para as viagens aos congressos, pois
é uma forma de se manter próxima
e presente na vida deles.
A Dra. Solange conta que tem uma personal trainer para acompanhamento de atividades físicas três vezes por semana e, nos
outros dias, tenta fazer exercícios diferentes
- como, por exemplo, vôlei, corrida, bicicleta,
musculação e exercício funcional - em horários variados. Assim, ela cuida da sua saúde e
deixa o sedentarismo de lado na sua rotina.
Aos filhos, ela incentiva uma alimentação
adequada e a prática de atividade física. Para
finalizar, ela comenta que mudanças na programação de trabalho - já que era professora
da Gama Filho - proporcionaram mais tempo para se cuidar e acompanhar o crescimento dos filhos. n
Dra. Keli Morelo Rocha (Rio de Janeiro, RJ)
A
endocrinologista Keli Rocha descobriu o diabetes tipo 1 aos 13 anos.
Hoje, aos 38 anos, faz tudo o que
pode para conciliar sua vida de mãe, médica e paciente. Ela mede a glicemia várias
vezes ao dia, cuida muito da alimentação
e pratica atividade física regular.
Quando descobriu que estava grávida
ela dobrou seus cuidados com alimentação e aumentou o número de testes de
glicemia tanto durante o dia quanto na
madrugada. Teve apenas medo de ter alguma complicação da gravidez com diabetes que pudesse afetar sua filha e ela
mesma.
Ela concilia a vida de médica e mãe
sem descuidar da sua saúde. Depois do
nascimento da pequena Maria Eduarda,
hoje com 2 anos, a Dra. Keli diminuiu sua
carga de trabalho. Ela acredita que nesse
momento da vida o que mais importa é
estar com a família e poder cuidar da sua
filha e da sua saúde. Para isso, deixa a filha
na creche em horário integral e durante
esse período consegue ir à academia. Já
nos fins de semana é brincadeira o tempo
todo, principalmente ao ar livre, como ir
à pracinha, andar de bicicleta etc.
Apesar da pouca idade da pequena
Maria Eduarda, a Dra Keli já toma todos
os cuidados possíveis para prevenir o
aparecimento do diabetes. A alimentação
é bem equilibrada, além de incentivar as
atividades físicas. Duas vezes por semana
ela leva sua filha para as aulas de natação.
Para a Dra. Keli, é fundamental estar
sempre buscando maneiras para a filha
se movimentar. É uma foma de demonstrar carinho com pequena Maria Eduarda desde cedo. n
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Qualidade de Vida
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Existe a Alimentação Ideal?
N
ão resta dúvida de que o interesse pelas dietas não é só uma preferência do público leigo ou dos
jornalistas. Para confirmar isso, bastava
observar o auditório lotado durante o
IDF Forum, em Foz do Iguaçu, para
acompanhar a conferência “Existe a
Dieta Ideal?”, ministrada pelo Dr. Jorge
Luiz Gross, Professor Titular do Departamento de Medicina Interna na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Para o Dr. Gross existem evidências
científicas disponíveis que fundamentam uma alimentação saudável.
Mas o que é a alimentação ideal? Ela
existe realmente? Existem evidências
clínicas?
O Dr. Gross afirma que é indiscutível que uma boa alimentação diminui a
mortalidade geral, reduz a doença cardiovascular, o número de novos casos de
diabetes e de câncer.
A alimentação deve fazer parte de
um estilo de vida saudável, que inclui
o exercício físico, sono de cerca de oito
horas diárias, manter o hábito de fumar
bem distante, assim como o consumo de
Dr. Jorge Luiz Gross
drogas ilícitas. A manutenção do peso
ideal é também um item importante
para o controle da pressão arterial e
do perfil lipídico. “É bom deixar claro
que, segundo as pesquisas, é um mito
que exista o aumento de peso saudável”,
explicou o endocrinologista.
Um dos pontos que destaca, entre
as boas escolhas, está a Dieta Mediterrânea. Além de pesquisador nesse segmento, o Dr. Gross adotou há algum
tempo a Dieta Mediterrânea em seu dia
a dia e usufrui dos vários pontos positivos deste tipo de alimentação, ou melhor, desse estilo de vida.
Há milhões de informações sobre a
Dieta Mediterrânea espalhadas pela internet. Em uma busca simplificada no
Google foram encontrados 1.430.000
resultados em 0,28 segundos. Além de
famosa no mundo inteiro, é considerada Patrimônio Cultural Imaterial da
Humanidade pela UNESCO. A candidatura foi apresentada por Chipre, Croácia, Espanha, Grécia, Itália, Marrocos e
Portugal e aprovada na 8ª sessão do Comitê do Patrimônio Imaterial em Baku,
no Azerbaijão.
A definição da Dieta Mediterrânica
envolve mais do que um cardápio e alimentação específicos. É considerada
um conjunto de conhecimentos, rituais,
símbolos e tradições. Seu princípio
tem como base o consumo de frutas, nozes, vegetais, azeite de oliva e o
mais importante: a redução da carne
vermelha. Do ponto de vista quantitativo inclui: 50 ml/dia de azeite de
oliva; 30 g/semana de nozes, castanhas e amêndoas; três porções – ou
125 g - por dia de frutas frescas e vegetais; 125 g/dia de legumes, peixes
e frutos do mar; e, por fim, um tipo
de molho soflito, feito com alho,
ervas, tomate e cebola, cozido com
azeite de oliva extra virgem.
Em relação à comprovação científica, o Dr. Gross explica que existem dadosque mostram que Dieta
Mediterrânea reduz a mortalidade
como um todo, as doenças cerebrovasculares, o risco de desenvolver
diabetes, doenças coronarianas e o
declínio cognitivo.
Adotar a dieta também reduz o
aparecimento de diversas doenças,
além de ter sido observado nas pesquisas um retardo no envelhecimento.
Um dos estudos foi conduzido
por Estruch, em 2013 – Primary Prevention of Cardiovascular Disease
with a Mediterranean Diet –, no qual
observou-se a redução significativa
da doença cardiovascular. Homens
com mais de 70 anos, com diabetes,
dislipidemias e hipertensão também
foram os mais beneficiados.
A Dieta diminui o risco de câncer
em cerca de 10%, de acordo com
uma recente metanálise online. A
ingestão de nozes e azeite de oliva
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reduz o número de novos casos de diabetes em 31% e em relação à obesidade,
ajuda na perda e manutenção de peso
por um período de dois anos.
Algumas dúvidas foram colocadas
pela plateia ao final da apresentação
quanto à adoção da Dieta Mediterrânea.
Questionou-se sobre os tipos disponíveis
de alimentos e a nossa realidade. Será
que o brasileiro teria condições econômicas para a aquisição de itens dessa
dieta? Para o Dr. Gross, com exceção
do azeite de oliva, os demais, inclusive
a castanha, são encontrados facilmente
no Brasil. Ou seja, esse não seria um motivo para não adotar essa alimentação.
Pontos da Dieta Ideal – A composição de
uma dieta saudável inclui, também, a
distribuição das refeições ao longo do
dia. “O café da manhã é a mais importante; o almoço não deve ser após às
15h, mesmo com o consumo das mesmas calorias; o jantar não deve ser próximo da hora de se deitar, pelo refluxo
e pelo aproveitamento maior daquela
refeição; e a adoção de lanches é um
tema controverso.”
Exemplificando uma dieta ideal, a
composição seria:
Café da manhã: 1 xícara de café com leite, 2 fatias de pão integral normal, mel/
frios magros, queijo de minas ou ricota
e uma fruta.
Almoço: Salada de tomate, alface, palmito com óleo de oliva, 100 g de peixe
grelhado ou frango (na preferência do
especialista mais peixe do que frango),
2 colheres de sopa de vagem e cenoura,
3 colheres de sopa de brócolis, 3 frutas,
1 cafezinho ou chá verde com mel.
Lanche por volta das 17h: 1 iogurte desnatado. Jantar: Igual ao almoço + 30 g de
nozes, castanhas ou amêndoas, 1 copa
de vinho (3 a 4 vezes por semana, não
mais do que isso) e 50 g de chocolate
amargo (70%).
O especialista levanta um ponto polêmico que é a não inclusão de lanches na
dieta e recomenda apenas um no fim do
dia, entre o almoço e o jantar. Para o Dr.
Gross, a opção de adotar “lanches” deve
ser avaliada de acordo com o comportamento e o estilo de vida de cada um.
Mitos, restrições e comportamento
foram outras abordagens. O Dr. Gross
apresentou um estudo clínico – “Patient-Related Diet and Exercise Counseling: Do Providers’ Own Lifestyle Habits Matter” – mostrando a importância
dos pacientes serem influenciados pelo
estilo de vida do profissional de saúde
que os atende, o que aumenta a responsabilidade.
Consumo de frutas associado ao menor risco de desenvolver o diabetes; uso
de laticínios como fonte de cálcio; moderação na ingestão de carnes nas refeições; e cuidados com sal e o açúcar também estiveram entre outras colocações
na apresentação pode ser vista na área
de webmeetings no site da SBD.
O que parece ser opinião geral, comprovada cientificamente e compartilhada pelo Dr. Gross, é que hábitos alimentares saudáveis, especialmente a Dieta
Mediterrânea, reduzem as doenças crônicas e a mortalidade e o declínio cognitivo, inclusive em indivíduos idosos.
Pelos questionamentos e colocações
durante a conferência, ficou claro que
alguns posicionamentos não são consenso entre os profissionais de saúde, mostrando que o assunto ainda precisará de
muito debate e mais pesquisas. n
Saudade
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N
o dia 10 de abril de 2014 a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná (FMUPR) perdeu um de seus grandes
mestres. Faleceu, aos 103 anos, o Professor e Dr. Atlântido Borba Cortes.
Formado em Medicina pela FMUPR em
1936, o Dr. Atlântido havia sido acadêmico-interno da Santa Casa de Misericórdia desde o início de sua graduação, em 1929. Depois de formado, passou em um concurso
para se tornar médico do Exército, posição
que mais tarde lhe rendeu uma condecoração com a medalha “Esforço de Guerra”,
pelo Governo Brasileiro. Atlântido Borba
Cortes é reconhecido como o primeiro endocrinologista do Paraná.
Em 1949, conquistou a cadeira de Clínica Médica, com a sua tese “Alguns Aspectos do Bócio Endêmico”, e em 1956
frequentou os serviços de diabetes da
Joslin Clinic e de tireoide do Massachussets General Hospital (com o Prof. J.B.
Stanbury). Posteriormente, como chefe
do departamento de Clínica Médica da
UFPR, criou, entre outras, a Disciplina
Endocrinologia que, a partir de então,
se tornou o principal centro formador
de especialistas no Estado do Paraná.
Em 1968, por iniciativa do Prof. Atlântido, foi criado o serviço de Medicina Nuclear do Hospital de Clínicas da UFPR.
Ele foi, ainda, diretor da Faculdade de
Medicina Federal do Paraná, enquanto
ocupava o cargo de reitor da instituição.
Membro fundador da Academia Paranaense de Medicina, foi fundador da
Sociedade Paranaense de Tisiologia e
Doenças Torácicas. Como presidente da
Regional do Paraná da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
por três mandatos, o médico incentivou seu caráter de Dociedade atuante
e centro de motivação e formação para
novos endocrinologistas. Dr. Atlântido
aposentou-se em 1981.
Amor Além da Vida – Um fato triste e curioso, porém identificado em diversos estudos
internacionais, foi que a esposa do profes-
sor Atlântido, conhecida carinhosamente
como Mariquita, faleceu uma semana após
o médico, depois de 76 anos de casamento.
Muitas são as histórias de casais que
morrem em um curto espaço de tempo.
“Parece que quando um marido ou sua
mulher falecem, aumentam muito as
chances de o outro morrer em um espaço de tempo de até um ano”, segundo
o Dr. Ilan Wittstein, professor assistente
na Faculdade de Medicina Johns Hopkins, Baltimore. O Dr. Wittstein é um
cardiologista que estuda os efeitos do
estresse emocional no coração e diz que
os hormônios do estresse podem causar
danos ao músculo do coração. Para ele,
isso é mais do que uma coincidência.
“O estresse cardiopata, coloquialmente conhecido como Síndrome do Coração Partido, enfraquece o coração, diminuindo suas taxas de bombeamento
do sangue. Normalmente as pessoas se
recuperam de síndromes assim, mas se a
pessoa já estiver enfraquecida, ela pode
morrer”, afirma o pesquisador.
Com o passar dos anos, outros especialistas já sugeriram múltiplas explicações para casais que morrem em períodos próximos, que vão de explicações
espirituais (duas almas são tão próximas
que não podem ser separadas pela morte) a explicações mais racionais (corações literalmente partidos por questões
médicas ou pelo luto). Um estudo publicado em junho de 2013 no “Journal of
Nursing Reaserach” mostrou que a “viuvez”, doenças crônicas e funções físicas
estão fortemente associadas com o risco
de morte na população idosa.
O Dr. David Casarett, diretor médico
de cuidado paliativo do sistema de saúde da Universidade da Pensilvânia, diz
que “não há questionamento no fato
de que o amor leva a uma conexão física e psicológica muito grande. Pesquisas mostram que casais se tornam
mais íntimos com o passar dos anos,
ao ponto em que, ao estarem deitados
para dormir, seus corações batem no
mesmo ritmo”. n
Com a palavra, Dr. Edgar Niclewicz
Dr. Edgard Niclewicz, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes,
foi aluno dele e lembra como o mestre influenciou sua vida pessoal e profissional:
“O professor Atlântido foi o mentor de vários endocrinologistas atuais como,
por exemplo, Dr. Ledo Maciel (já falecido), Guido Ludwig, Luiz de Lacerda, entre outros, aos quais me incluo. Exemplo de médico e de dedicação
ao paciente, nos formou com o espírito de clínico. Ou seja, para ser um
endocrinologista teria que ser um excelente clínico primeiro. E, então, nos
formamos. Tive a experiência de viajar com o professor, ao lado de nossas
esposas, por vários países deste mundo, sempre visando os Congressos de
Diabetes, que era a subespecialidade que ele mais gostava.
Posso dizer que ele me inspirou muito, tanto na medicina como em ser uma
pessoa digna e dedicada ao seu paciente. Em 1994, fez o Congresso Brasileiro
de Endocrinologia e Metabologia, em Curitiba, que foi um sucesso, após esse
evento passou a ser um nome de reconhecimento nacional e querido por todos. Muito ligado à sua esposa Mariquita, infelizmente não teve filhos e deixou
esta herança para todos nós, inclusive para mim. Temos muitas saudades dele.
Um exemplo de homem digno, honesto e inteiramente dedicado à sua
profissão.”
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
Homenagem ao
Dr. Atlântido Borba Cortes
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Integração
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
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Uma Nova Comissão
na SBD na Área de
Comunicação
D
entro da linha de trabalho da
nova diretoria da SBD estava a
composição da Comissão Editorial. Esse grupo foi proposto
pelo Dr. Walter Minicucci quando assumiu a presidência este ano e tem como
objetivos reunir todos os veículos de comunicação da entidade para um trabalho em conjunto.
Em gestões anteriores, o Dr. Minicucci ocupou cargos como editor do
site da SBD e da Revista Diabetes (sendo o criador da publicação), na gestão
do Dr. Marcos Tambascia. Ele acredita
que é fundamental a unificação das atividades. Para o presidente, o grupo tem
como meta o crescimento da área de comunicação da SBD, que só trará benefícios a todos os segmentos da entidade.
No início de abril foi realizada a primeira reunião da Comissão na sede, em
São Paulo, com a presença dos médicos
envolvidos e das equipes de trabalho que
assessoram os veículos de comunicação.
Alguns membros da Comissão Editorial
A coordenação da Comissão, assim
como o site da SBD, é do Dr. Minicucci
e tem os seguintes membros: Dr. Leão
Zagury, editor da Revista Diabetes; Dr.
Rodrigo Lamounier, co-editor do site da
SBD; Dr. Laerte Damaceno, coordenador das mídias sociais e Educação Médica à Distância; Dr. Augusto Pimazoni,
coordenador de conteúdo do site; e as
equipes da Conectando Pessoas (site e
redes sociais) e DC Press (Revista Diabetes e Dia Mundial do Diabetes).
A partir do encontro, a Comissão começou a trocar e-mails para que todo
o grupo fique a par das atividades de
todos os veículos. A intenção é que esse
processo se intensifique e exista uma
ligação mais forte entre os assuntos
abordados.
Um dos pontos destacados na reunião está a importância do envolvimento dos Departamentos e Regionais da
SBD, para que atividades, eventos e
ações realizadas possam ganhar mais
divulgação entre os associados. Um boletim será enviado regularmente aos associados para incentivar essa participação mais constante. A Comissão amplia
o pedido aos associados que estiverem
realizando ações em suas cidades.
Para o presidente Dr. Minicucci e demais membros da Comissão, trata-se de
um trabalho a médio prazo, mas que
precisa ser feito de maneira uniforme.
Para que isso ocorra, o grupo discutiu,
também, as linhas editoriais de cada um
dos veículos da SBD.
O site e redes sociais da SBD têm
como objetivo atingir a três áreas – profissional de saúde, grande público e a
imprensa. Com um alcance amplo, o
www.diabetes.org.br é um espaço de
debate aberto que deve ampliar a visibilidade da SBD.
A Revista Diabetes tem como público-alvo os associados, entretanto não
tem como linha editorial principal a
área científica, papel ocupado pelo
DSM&Journal e pelos Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. A
publicação pretende ser um elo entre
os associados de todo o país, ampliando laços de amizade e apresentando um
lado mais humano dos profissionais de
saúde. O Dr. Leão, editor da publicação,
explica que procura dar espaço para trabalhos sociais, jovens especialistas, sócios do interior do país etc., além dos
grandes nomes da Sociedade. Entre as
abordagens estão esclarecimentos de
reportagens veiculadas na mídia; divulgação de eventos científicos; além de
manter os associados informados sobre
o trabalho administrativo desenvolvido
pela SBD.
A comissão ainda está em fase de
adaptação do novo ritmo de trabalho
e já pensa em reuniões regulares para
alinhar melhor os trabalhos de todo o
grupo. n
Diabetes 2015
Próxima Parada: Porto Alegre
Preparativos para mais uma edição do Congresso da SBD estão em andamento
A
pós 18 anos, o Congresso da
SBD retornará para a cidade
de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Apesar de faltar mais
de um ano para a sua realização, os
preparativos já estão acontecendo. Especialistas dos quatro cantos do país
já podem marcar nas suas agendas o
compromisso para os dias 11, 12 e 13
de novembro de 2015, nos quais poderão se concentrar no Sul do Brasil e
desfrutar de mais uma grande reunião
entre diversos especialistas na área de
diabetes no mundo.
A Federação das Indústrias do Rio
Grande do Sul (FIERGS) foi o local escolhido para receber o Congresso e seus participantes. De acordo com o presidente
do evento, Dr. Balduíno Tschiedel, visitas
frequentes estão sendo realizadas para a
idealização de como será esquematizado
o projeto e todos os preparativos.
A cidade de Porto Alegre recebeu a
XI edição do evento, no Centro de Convenções do Hotel Plaza São Rafael, em
setembro de 1997. A escolha do local
foi atribuída às suas estruturas físicas e
sociais: “Cada Congresso é realizado em
uma cidade, e desde 1997 não se realizava em Porto Alegre. Claro que havia
outras também pleiteando, mas con-
seguimos, com muito esforço, mostrar
aos associados que era a nossa vez, novamente, e que Porto Alegre tem plenas
condições em termos de infraestrutura
para realizar um evento de tal porte”,
declarou o presidente do Diabetes 2015.
O Congresso ainda não possui um
tema central específico. O Dr. Balduíno
esclareceu que assuntos relacionados a
todas as áreas da Diabetologia serão levantados na programação científica. Os
preparativos começaram desde o final
do ano passado e tudo está sendo planejado com cuidado e dedicação: “Tanto
a Comissão Organizadora como a Comissão Científica são presididas pelo Dr.
Marcello Bertoluci, que tem organizado
reuniões regulares desde então. A grade
científica está estruturada, com as salas
elencadas e os horários organizados. A
programação social também já está entre
as atividades e tem os locais devidamente
reservados”, explicou o especialista.
O site oficial do evento está em fase de
finalização e assim que estiver online, os associados da SBD serão informados pelos diversos canais de comunicação da entidade.
Logomarca – De acordo com o Dr. Balduíno, a logomarca do evento tem semelhanças à do evento em 1997, mas terá
formato diferente. “Em relação à marca
do Congresso, ela ainda não é definitiva,
mas é certo que terá o ‘Laçador’ como
ponto principal. Certamente a escolha do
Laçador deve-se ao fato de que esse monumento é sempre escolhido nas votações
populares como o símbolo de Porto Alegre. Mas, estar semelhante à do Congresso de 1997, brilhantemente organizado
pelo Prof. Jorge Gross, certamente é motivo de orgulho para nós, e não deixará de
ser uma homenagem também”, explicou.
A Cidade – Fundada em 1772, a cidade
de Porto Alegre é conhecida como um
dos melhores lugares para se morar no
país, além de ser referência em áreas
empresariais, lazer e entretenimento.
Nos momentos de lazer, os participantes do Congresso poderão desfrutar de
diversos pontos turísticos. Alguns deles
são: Museu de Arte do Rio Grande do
Sul Ado Malagoli, Templo de Porto Alegre, Museu Júlio de Castilhos, Jardim Botânico de Porto Alegre; e os amantes do
futebol ainda poderão incluir um passeio
até o estádio Beira Rio, que foi reformado para a Copa do Mundo. Ao longo das
próximas edições, a Revista Diabetes irá
acompanhar o passo a passo na evolução
dos trabalhos na organização do evento. n
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
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Colunista Convidado
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
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Uma Breve História do Diabetes
Dr. Josivan Gomes de Lima
Dra. Natália Nóbrega de Lima
M
adhumena, chan-thu-king, poliú­
ria, diarreia da urina, dypsakos,
leiouria... Todos esses termos aparentemente desconhecidos significam
uma doença muito conhecida por todos:
Diabetes. Apesar de seus sintomas já terem sido descritos por vários estudiosos
da Antiguidade, principalmente nas civilizações orientais, ainda é muito obscura a
origem do tão difundido termo “diabetes”
ou “diabeinein” em grego, que significa
“fluir através de um sifão”, pois se acreditava que toda a água ingerida pelo paciente seria rapidamente eliminada, como se
estivesse passando através de um sifão.
Areteu da Capadócia parece ter sido o primeiro a utilizar o termo, mas explicava o
diabetes como uma desordem estomacal.
Outros possíveis candidatos a terem denominado a doença são Apolonio de Menfis
e Demétrio de Apamea.
Quanto à descrição dos achados clínicos, foi encontrado no Egito um papiro
dentro de uma tumba relatando sintomas como “urinar demais” e “ter muita
sede”, que foi escrito por volta de 1150
a.C., sugerindo ervas para o tratamento. Entretanto, foi a medicina indiana,
no livro Veda, que mencionou o fato da
urina atrair moscas e formigas, levando
o médico Sushruta a chamar a doença
de “Madhumena”, que significa “urina de mel”. Os árabes também deram
sua contribuição. Avicena estabeleceu
a primeira diferenciação clara do que
hoje poderíamos considerar diabetes
insipidus e diabetes mellitus, além de
observar nestes pacientes diabéticos a
presença de gangrena, carbúnculos e de
déficits físicos, mentais e sexuais, sintomas até então desconhecidos.
Apesar das informações encontradas
na cultura oriental, poucos dados são
descritos em textos ocidentais. Hipócrates não relata nada sobre diabetes e
Galeno atribui a doença a um problema nos rins que não conseguiam reter a
água, comparando com o que acontece
no intestino nos casos de disenteria. A
possível baixa prevalência da doença na
época e/ou o incêndio na biblioteca de
Alexandria, eliminando textos sobre o
assunto, podem ter sido motivos para
a escassez de material histórico sobre a
doença.
Aulo Cornélio Celso, enciclopedista e
médico romano, um dos poucos da antiguidade clássica a descrever diabetes,
já recomendava alimentação saudável e
exercícios físicos para o controle da doença, assim como se faz até hoje.
Alguns séculos depois, no final da idade média, o médico suíço-alemão apelidado de Paracelso, que significa “superior a Celso”, sugeriu que diabetes seria
decorrente de uma modificação da composição do sangue, contendo uma substância que agiria sobre os rins, alterando
sua função. Ele destilou a urina em busca dessa substância e encontrou cristais.
Outros médicos do período renascentista estudaram a urina e o sangue dos pacientes, muitos chegando até a prová-los
e identificar o sabor adocicado.
Claude Bernard, no século XIX, sem
dúvidas, foi um dos grandes contribuintes
para a história do diabetes. Em seus estudos, observou que pessoas em jejum durante vários dias ainda possuíam glicose
no sangue. Mediu a glicose em alguns órgãos e encontrou no fígado, concluindo
que este poderia armazená-la. Em outro
experimento, percebeu que a quantidade
de glicose hepática medida em um dia era
superior à do dia anterior, afirmando então que o fígado não só armazenava como
também produzia glicose. Foi o primeiro
a utilizar o termo glicogênio. A partir desses achados, Claude Bernard derrubou
duas teorias vigentes na época: a de que
cada órgão possuía apenas uma função
e de que o organismo não era capaz de
produzir nutrientes.
Em 1869, em Berlim, Paul Langer­hans
apresentou sua tese de graduação intitulada “Contribuições para a anatomia
microscópica do pâncreas”, descrevendo a microscopia das ilhotas, mas não
relatando sobre sua função.
Ainda na Alemanha, em 1889, o
professor de farmacologia Joseph
von Mehring e o jovem médico Oscar
Minkowski, visando estudar o papel do
pâncreas na digestão de gorduras, fizeram pancreatectomia em alguns cães e
observaram que eles apresentavam sintomas muito semelhantes aos pacientes
com diabetes. Concluíram que diabetes
seria um problema pancreático.
A partir daí, vários estudos foram feitos
visando encontrar um tratamento eficaz
para diabetes. Em 1921, um jovem médico canadense chamado Frederick Banting
procurou o apoio de John MacLeod, um
professor de fisiologia da Universidade de
Toronto que estava com uma viagem de
férias programada e disponibilizou seu
laboratório, 10 cães e um estudante de
medicina chamado Charles H. Best para
auxiliar. Após vários dias de trabalho intenso, inclusive comendo e dormindo no
laboratório, Banting e Best conseguiram
manter cães diabéticos vivos e sadios injetando um extrato de ilhotas de Langerhans. Vendo esses resultados iniciais,
MacLeod retornou ao seu laboratório e
passou a dedicar toda a sua equipe no intuito de aperfeiçoar o extrato antidiabético. Apesar de eficaz, a purificação ainda
era um problema e diante disso, MacLeod
convidou o bioquímico James B. Collip,
que melhorou e purificou a composição
química com resultados muito satisfatórios. Estava descoberta a insulina.
Leonard Thompson, um garoto de 14
anos, foi o primeiro a se beneficiar do tratamento. Collip decidiu não compartilhar
com os demais pesquisadores as informações a respeito de como havia purificado
o extrato. Isto levou a um confronto entre
Collip e Banting, que, segundo relatos da
época, culminou em agressões físicas. Apenas dois anos depois (1923), foi outorgado o prêmio Nobel devido à descoberta
da insulina. Para a surpresa de todos, apenas o Dr. Banting e o fisiologista MacLeod,
dono do laboratório, foram contemplados,
desconsiderando o trabalho de Best e de
Collip. A fim de reverter essa grande injustiça, Banting dividiu seu prêmio com Best,
e MacLeod, com Collip. No entanto, depois do drama por trás da descoberta da
insulina, o laço que existia entre esses cientistas foi perdido, e o grupo se dissociou.
Nas décadas seguintes, inúmeros medicamentos foram desenvolvidos, e atualmente, a qualidade de vida dos pacientes é muito melhor. Entretanto, como
todo o tratamento disponível é baseado
apenas no controle da doença, a cura
do diabetes é a nova meta da medicina
contemporânea. n
Ponto de Vista
Foto: Ricardo Oliveira
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
21
Dr. Ney Cavalcanti
Exames e Procedimentos
Desnecessários
O
s custos crescentes da medicina é preocupação constante em
todos os países do mundo. Eles
vêm aumentando a níveis superiores
aos da inflação, há anos. As razões
são várias. Envelhecimento das populações, o que acarreta maior incidência
de doenças complexas, que demandam
maiores gastos; a descoberta de novos
recursos diagnósticos e terapêuticos,
quase sempre muito onerosos; a baixa
qualidade da formação dos profissionais
médicos.
Outra razão muito importante é a
solicitação de exames e procedimentos desnecessários. Os exemplos são
numerosos.
A avaliação da função tireoidiana, em
mais de 95% dos casos, deve ser feita
através de uma única determinação, a
do TSH. No entanto, a maioria dos médicos solicita além da do TSH, o T4 e
o T3.
Outro erro e desperdício é a requisição de ultrassonografias da tireoide,
sem que sequer a glândula seja palpável
ou apresente um nódulo à palpação. É
um procedimento que acarreta muito
mais malefícios que benefícios.
Também se erra quando se solicita as
dosagens da ureia e da creatinina para
avaliar a função renal. Na quase totalidade dos casos, apenas a última é necessária.
Outro fator responsável por desperdícios é o desejo de muitos pacientes na
solicitação do maior número de exames
possíveis. Acredita que quanto mais exames fizer, melhor estará sendo atendido. Além disso, ele acha que os exames
nada lhe custarão, pois serão pagos pelo
seguro saúde.
Ledo engano – A fatura lhe será cobrada
no próximo reajuste. Por conta de tentar minimizar os elevados custos, uma
fundação americana, a ABIM FOUNDATION, fez um convênio com as
várias sociedades médicas de especialistas. A finalidade é de informar aos
médicos e pacientes procedimentos
médicos frequentemente realizados
desnecessariamente.
”Escolhendo Inteligentemente” foi
o nome apresentado para a lista desses
erros. Cerca de 90 deles são apontados.
Um dos mais frequentes é a realização
do RX do tórax ou avaliação cardiológica pré-operatória.
Está demonstrado que estas medidas
não melhoram em nada a evolução dos
pacientes e somente aumentam custos.
As exceções seriam as dos doentes
com história de doenças pulmonares ou
cardíacas e idosos que irão se submeter
a cirurgias complexas. Outra frequente
conduta, e errada, é o uso de antibióticos para os chamados olhos vermelhos,
as conjuntivites. Muito embora existam
várias condições que possam acarretar o
problema, na quase totalidade dos casos, eles decorrem de vírus ou alergias.
Os antibióticos, além acarretar efeitos
colaterais, não têm nenhuma utilidade.
Mais um exame muito solicitado na
prática médica é a densitometria óssea.
A sua utilidade é avaliar se a perda óssea
que a idade acarreta atingiu o estágio
de osteoporose. Quando isto acontece
existe um maior risco de fraturas. Ora,
só um percentual não elevado das mulheres chega apresentar osteoporose e
é rara entre os homens. Por outro lado
ela praticamente só ocorre nos idosos.
Desta maneira, a recomendação da
fundação americana é que a densitometria seja realizado somente após os
65 anos para as mulheres e os 70 anos
nos homens. Também afirmam ser errado repetir o exame com menos de dois
anos de intervalo. Em pacientes mais jovens o exame só deverá ser solicitado se
o médico identificar na avaliação clínica fatores de risco para que o problema
possa surgir mais precocemente.
Nesta intenção de minimizar custos,
a sociedade americana de ginecologia afirma que a citologia vaginal para
diagnosticar câncer uterino só precisa
ser realizada a cada três anos. A decisão
de extinguir, ou pelo menos diminuir, a
realização de procedimentos desnecessários deve ser um objetivo permanente
da sociedade.
A redução dos custos com a saúde
traz benefícios para todos: governos,
seguros saúde e pacientes.
Afinal, não existe almoço gratuito. n
Pelo Brasil
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
22
Debate Mellitus
A
cidade de Joinville (SC) recebeu,
no dia 10 de maio, o 1º Debate
Mellitus, que teve como tema o
diabetes gestacional. O evento foi organizado pelas regionais de Santa Catarina
e do Paraná da SBD e presidido pelos
doutores Fulvio Clemo Santos Thomazelli e Rosangela Roginski Rea. Contou,
ainda, com o apoio da SBEM-SC.
O evento reuniu cerca de 60 participantes. O Dr. Carlos Antonio Negrato,
diretor do Departamento de Diabetes
Gestacional da SBD, fez uma análise
crítica das novas recomendações da Sociedade e abordou a insulinização no
diabetes gestacional. Em seguida, o Dr.
Fulvio Thomazelli abordou o uso de drogas orais no diabetes gestacional, Dr. Jean
Carl Silva discorreu sobre a visão do obstetra e a Dra. Adriana Stribel falou sobre
a monitorização glicêmica na gravidez.
O debate foi finalizado com um Painel
de Discussão Interdisciplinar com os
doutores: Carlos Antonio Negrato, Jean
Carl Silva e Rosangela Roginski Rea. O
Dr. Luiz Antônio de Araújo representou
a diretoria da SBD no evento. n
Para Vencer
o Diabetes
A
16ª edição da Corrida para Vencer
o Diabetes foi realizada em 25 de
maio, em Porto Alegre (RS). Organizada pelo Instituto da Criança com Diabetes (ICD/RS), a tradicional competição
anual é considerada o momento em que a
instituição celebra a união de milhares de
gaúchos em prol das mais de 2.600 crianças e jovens atendidos pelo ICD.
A participação é aberta ao público, mediante a compra da camiseta utilizada na
corrida. O valor arrecadado na venda das
camisetas é totalmente destinado aos projetos do ICD e na melhoria contínua da sua
infraestrutura. Desta forma, o participante
contribui de forma real e solidária com o
Instituto e ainda aproveita para treinar e
praticar atividade física. As fotos do sucesso
da corrida deste ano estão disponíveis na
Fanpage no Facebook do ICD: https://www.
facebook.com/icdrs n
CATD 2014
M
ais uma vez um bom público no
Curso de Atualização no Tratamento do Diabetes, no Rio de
Janeiro. A oitava edição do CATD trouxe para a programação científica convidados de outros estados, entre eles o
Dr. Mario Saad, Dra. Rosangela Rea, Dr.
Saulo Cavalcanti, Dr. Marcos Tambascia,
Dr. Licio Velloso, Fábio Moura, Sergio
Dib, Dr. Alexandre Hohl e Dr. João Eduardo Salles.
Forum apresentadas duas novidades
interessantes no evento, organizado pelos doutores Leão Zagury e Roberto Zagury, na área de relacionamento com
os participantes. Um deles foi a transmissão do evento via internet e a outra
a possibilidade de enviar perguntas via
Whatsapp, trazendo as novas tecnologias para os eventos médicos.
Para os organizadores uma das formas de melhorar a qualidade de vida
dos pacientes é a revisão permanente
dos conhecimentos e, por isso, a programação deste ano, entre outros pontos,
procurou revisar aspectos fisiopatoló-
gicos e a tecnologia disponível para os
exames, novas insulinas, revisão de grandes estudos como o UKPDS e DCCT, atividade física e diabetes, pré-diabetes e
algoritmos de tratamento.
Procurando criar um clima leve para facilitar o aprendizado dos participantes, no
início das atividades do CATD, o Dr. Leão
Zagury presenteou o Dr. Mario Saad com
uma camisa do Flamengo com seu nome
impresso. O especialista já participou, inclusive, de uma reportagem na Revista,
usando a camisa do clube carioca. n
Congresso Paulista
A
conteceu, de 15 a 17 de maio, na cidade de Guarujá (SP), o 11º Congresso Paulista de Diabetes e Metabolismo (CPDM). O evento foi organizado
pelos doutores Maria Lúcia Cardillo Corrêa Giannella (FMUSP), Marisa Passarelli (FMUSP), Sandra Roberta Ferreira Vívolo (FSP–USP) e Daniel
Giannella-Neto (UNINOVE). Na programação foram explorados temas abordando aspectos moleculares e celulares envolvidos na gênese e evolução das
diferentes formas de diabetes e de suas complicações e aspectos diretamente
relacionados à prática clínica. n
Educação em Diabetes
V
oltado para a capacitação de profissionais para o cuidado com diabetes, o V Encontro Catarinense
de Educação em Diabetes aconteceu
em 30 de maio, no Centro Hospitalar
Unimed, de Joinville (SC). Organizado
pelo Instituto de Diabetes de Joinville
(IDJ), o ECED abordou aspectos psicológicos e motivacionais na aplicação
de insulina; o tratamento com insulina
na prática; a insulinização no paciente
hospitalizado; e a automonitorização.
Um dos destaques do encontro foi o
simpósio sobre a distribuição das insulinas, com a participação do Dr. Fulvio
Thomazelli, presidente da SBD-SC, e
do procurador da República Flávio Pavlov da Silveira. n
Qualidade de Vida
A
ADJ/Unifesp organizou uma palestra sobre os principais desafios para manter
um bom controle glicêmico e ter qualidade de vida e quais as estratégias práticas para alcançá-los. O encontro foi em 31 de maio, na sede da Associação.
Na ocasião, Dr. Mark Barone, PhD, doutor em Fisiologia Humana, especialista em
Educação em Diabetes e autor do livro “Tenho diabetes tipo 1, e agora?” abordou os
seguintes assuntos: “Como manter o controle glicêmico com a rotina instável”; “Os
desafios da alimentação e da contagem de carboidratos para manter a glicemia”;
“O exercício físico como um aliado do controle”; “Tecnologia médica e farmacologia modernas para facilitar a vida de quem tem diabetes”; “Os aspectos da rotina
que podem facilitar ou dificultar o controle”; e “O significado e a importância do
planejamento para atingir os objetivos de bom controle e qualidade de vida”. n
Aulão em Brasília
A
instituição Doce Desafio convida
os brasilienses a participarem do
aulão gratuito: “Viver bem com
a diabetes que você tem”. O evento
acontecerá em 30 de agosto, no Centro Olímpico da UnB. Segundo a organização, este é um evento de acolhimento aos diabéticos. Serão realizadas
glicemias capilares apenas de diabéticos já diagnosticados e será realizada
uma aula de alongamento e atividades
físicas, supervisionadas pela equipe do
Doce Desafio/UnB.
Também haverá um bate-papo entre diabéticos que já frequentam o
programa, que contarão suas experiências de vida e como aprenderam a
se cuidar, a importância de ter conhecimentos práticos, o valor da convivência e troca de experiências com outros
diabéticos e a relevância da prática de
atividade física regular. A equipe do
Doce Desafio conta com professores
da UnB, nutricionista, educador físico, enfermeiro, fisioterapeuta, farmacêutico e outros profissionais. n
Congresso no Rio de Janeiro
A
Regional Rio de Janeiro da SBD
está preparando o 1º Congresso Regional de Diabetes. Foi escolhido um período especial, de 13 a
15 de novembro de 2014, justamente
para que o evento seja realizado junto com as atividades pelo Dia Mundial
do Diabetes. O evento acontecerá no
Hotel Royal Tulip, em São Conrado.
Nele, os participantes terão a oportunidade de aprimorar e conhecer as
últimas novidades e avanços do Diabetes Mellitus. Formada pelos médicos
Adolpho Milech, José Egídio Paulo de
Oliveira, Lenita Zajdenverg, Marília Brito Gomes e pela presidente da regional
e do congresso Anna Gabriela Fuks, a
comissão científica busca montar uma
programação alinhada com as necessidades dos profissionais de saúde.
Segundo eles, está sendo elaborado
um evento inovador, com temas focados
para especialistas em diabetes e médicos
de outras áreas. A expectativa é de que o
evento receba 600 congressistas.
As inscrições estão abertas e devem
ser realizadas pelo site oficial do evento. Até 30 de julho, médicos associados
(ABESO, SBD e SBEM) pagam R$240;
residentes/pós-graduação/mestrado/
doutorado associados, R$190; profissionais de saúde associados, R$150; médicos não sócios, R$360; residentes/pós-graduação/mestrado/doutorado não
sócios, R$285; profissionais de saúde
não sócios, R$225; acadêmicos em formação e técnicos não associados, R$180.
O congresso também recebe inscrições para trabalhos científicos até
18 de agosto. n
Congresso
Multidisciplinar
D
e 24 a 27 de julho acontece o 19º
Congresso Brasileiro Multidisciplinar em Diabetes, organizado
pela ANAD (Associação Nacional de
Assistência ao Diabético). O evento é
presidido pelo Dr. Fadlo Fraige Filho e
conta, ao todo, com 40 simpósios e 200
palestras. A estimativa de público para
este ano é de 3000 congressistas entre
endocrinologistas, cardiologistas, cirurgiões vasculares, clínicos, oftalmologistas, ginecologistas, nefrologistas e médicos das diversas especialidades com
interesse em Diabetes, além de outros
profissionais da saúde, como: dentistas,
biomédicos, farmacêuticos, nutricionistas, biólogos, enfermeiros, psicólogos,
fisioterapeutas, responsáveis por saúde
pública e estudantes universitários da
área da saúde. Vale ressaltar que podólogos não podem participar do evento.
As inscrições estão abertas e devem
ser feitas pelo site da ANAD. n
CBEM 2014
E
m setembro, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia realiza seu congresso. Curitiba
volta a receber o CBEM depois de 20
anos da última edição realizada na capital paranaense. O Comitê Executivo
do evento está a cargo do Dr. Cesar Luiz
Boguszewski e serão muitas novidades
programadas, principalmente com participação de entidades internacionais,
como a Endocrine Society. O tema central será “Endocrinologia e Sustentabilidade”. Curitiba é considerada a capital
ecológica do Brasil e isso ajudou a estimular os organizadores a diminuir o impacto no meio ambiente provocado por
um evento deste porte. A programação
científica também incluirá assuntos relacionados ao tema. Informes no site do
Congresso, da SBEM e nas redes sociais.
A expectativa é de receber mais de 3
mil participantes. Durante o evento, a
SBEM realizará a prova para obtenção
de Título de Especialista, como ocorre
anualmente. n
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
23
Mundo Digital
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
24
Tecnologia & Diabetes
@
H
á algum tempo, a Revista Diabetes planejava o
retorno de uma coluna sobre tecnologia na área
de saúde e diabetes. Ela volta a partir desta edição
com um formato bem livre. Será composta por notas
ou matérias mais longas de acordo com as novidades
e necessidades.
O objetivo é listar e ajudar a entender uma área que
não para de crescer. Além das informações, haverá um
pequeno glossário para ajudar a entender alguns termos técnicos utilizados na coluna.
Se você tem alguma dúvida específica nessa área, encaminhe para a redação para que o tema seja abordado.
guarde as dúvidas para você”. Os participantes aprovaram e gostaram da novidade.
GlicOnLine e Samsung – Um aplicativo que
foi desenvolvido pela equipe da Dra. Karla
Melo já vem sendo usado por um grande
número de profissionais e pacientes.
Regularmente aplicativos, ou apps, recebem atualizações e melhorias. Uma delas
foi mencionada pela endocrinologista
no Fórum Internacional de Diabetes. O
grupo fez uma parceria com a Samsung
para que as fotos das refeições possam ser
interpretadas pelo app. Assim o paciente
não precisaria escrever e o próprio sistema preencheria os campos referentes ao
que cada alimento representa.
A novidade já está sendo usada em
testes e estará disponível, em breve, para
os brasileiros.
Whatsapp em Eventos – O sistema de troca de mensagens já virou rotina para
muita gente, mas um novo uso para o
Whatsapp surgiu durante o CATD 2014.
A organização, já que era uma atividade
de uma sala só e com cerca de 300 pessoas em média, abriu espaço para que os
participantes enviassem perguntas para
os palestrantes usando o recurso.
As perguntas eram recebidas em um
celular pelo Dr. Roberto Zagury, um dos
organizadores, que repassava aos palestrantes. No slide na sala a mensagem: “Não
Agilidade em Grandes Eventos – Não é
uma novidade para a American Diabetes Association o uso de apps para os
congressos anuais da entidade e não foi
diferente este ano para o 74th Scientific
Session. Tem sido uma ferramenta poderosa até para quem não vai ao evento. Programação, informes importantes,
trabalhos etc, entram no app, que possui um alarme para lembrar o congressista dos horários das sessões. Entretanto, observa-se que no Brasil a cultura
ainda não é tão forte assim para quem
organiza as atividades. É bom lembrar
que os profissionais têm usado em massa seus celulares durante os congressos,
inclusive no último Congresso da SBD,
onde a conexão à internet foi liberada
aos participantes. Será que ainda não
temos um app que tenha um custo-benefício interessante para ser usado?
QR Code – Esse tipo de tecnologia é uma
das preferidas no Japão, mas no Brasil
seu uso ainda não ganhou o gosto do
público. Entretanto, é uma ótima opção
em exposições, lançamentos de livros e
em área culturais. A SBD já utilizou na
exposição Vila Brasil e também passa a
usar na capa da Revista.
Para utilizar, entre no Google Play
ou na Apple Store, e busque por QR
Code. Existem vários gratuitos e a
maioria é boa. Depois é só clicar nele
e direcionar a câmera para o código.
Muito rápido e você pode guardar para
acessar depois. Em pontos turísticos é
uma ótima opção para saber detalhes
do local e anotar por onde passou. Em
livros e revistas, são direcionados para
o conteúdo online ou resumo da publicação.
Apple, Google e Samsung – Parece que a
tecnologia médica está, finalmente, despertando interesse dos poderosos Apple,
Google e Samsung em relação a monitoramento da glicemia. As pesquisas estão
se direcionando para transformar esses
softwares em dispositivos como relógios
inteligentes e braceletes. Segundo as informações, que estão circulando na rede,
cientistas médicos e engenheiros estão
sendo contratados para desenvolver novos programas, que podem valer mais de
US$ 12 bilhões até 2017, segundo a empresa de pesquisa GlobalData. n
Miniglossário
App – abreviatura de application ou aplicativos, que pode ser instalado em smartphones. Eles podem ser baixados por meio das lojas de aplicativos, também conhecidas como “App Stores”. As duas principais lojas são a AppStore, da Apple,
e a Google Play, do Android.
QR Code – abreviatura de Quick Response Code. É um código de barras bidimensional que pode ser escaneado e lido facilmente por uma câmera de celular e um
app correspondente. No Japão foi lançado em 1999.
Whatsapp – WhatsApp Messenger é uma aplicação multiplataforma de mensagens
instantâneas para smartphones. Envia mensagens de texto, imagens, vídeos e de
áudio individualmente ou para grupos de pessoas.
Cristina Dissat, responsável pela coluna, é jornalista especializada em mídias digitais, com pós-graduação em comunicação digital.
@
Novidades
Lançamentos da Indústria Farmacêutica
Há algum tempo, essa coluna vem sendo planejada para integrar a Revista Diabetes.
Ela passa a ser publicada regularmente a partir desta edição. O conteúdo é recebido
pela redação da Revista, através das empresas e suas assessorias de comunicação,
e publicado com descritivos dos produtos e estudos nacionais e internacionais para
conhecimento dos associados. Não há qualquer acréscimo de opinião dos editores
da Revista sobre qualquer um dos tópicos listados.
Tratamento Oral
A
Insulina Inalada
A
MannKind Corporation anunciou
que os EUA Food and Drug Administration (FDA) aprovou AFREZZA ®
(insulina humana) para melhorar o
controle glicêmico em adultos pacientes com diabetes mellitus.
Participaram da pesquisa, segundo
a empresa, mais de 6.500 pacientes
adultos e voluntários saudáveis. AFREZZA® (uh-uh-FREZZ) é uma terapia de
insulina inalada de ação rápida indicada para pacientes adultos com diabetes mellitus. O produto consiste em
“AFREZZA Pó” para inalação em um
pequeno e discreto inalador. Os níveis
de insulina são alcançados dentro de
12 a 15 minutos após a administração.
Como limitação de uso, a AFREZZA
informa que o medicamento deve ser
utilizado em combinação com uma insulina de ação lenta em pacientes com
diabetes mellitus tipo 1. AFREZZA não
é recomendado para o tratamento de
cetoacidose diabética e não é recomendado para pacientes que fumam. n
AstraZeneca e Bristol-Myers Squibb anunciaram que o Food and Drug
Administration (FDA) aprovou FARXIGA™ (dapagliflozina), um tratamento
oral, uma vez ao dia, indicado como
adjuvante à dieta e exercícios para melhorar o controle glicêmico em adultos
com diabetes mellitus tipo 2. FARXIGA
não deve ser utilizado para o tratamento de pacientes com diabetes do tipo 1
ou cetoacidose diabética. FARXIGA faz
parte de uma nova classe de medicamentos chamados sódio-glicose (SGLT2
cotransporter 2) inibidores, que removem glicose através dos rins. n
Novo Monitor de Glicemia
Caixa de Remédios
A
empresa brasileira Ambiente
Medicamento desenvolveu
um aplicativo para auxiliar o paciente a lembrar da sua agenda
de medicamentos.
“Caixa de Remédios” usa o celular como escaneador do código de barras das embalagens dos
produtos. O software tem dados
de 16.000 medicamentos comercializados no Brasil. n
S
anofi-Aventis lança em julho os monitores de glicose iBG Star e BG Star
no mercado brasileiro. O equipamento
usa a tecnologia embutida no seu iPhone ou iPod touch, para o compartilhamento das informações armazenadas no
aplicativo.
O glicosímetro sincroniza automaticamente os dados com o iBGStar® Diabetes Manager e monitora glicose, insulina e carboidratos. O equipamento tem
um corpo compacto para uso discreto.
Os dados podem ser enviados por email
ou apresentados para a equipe de saúde
durante a consulta regular. n
Nova Caneta de Aplicação
F
lexTouch® é o recente lançamento da Novo Nordisk
de uma caneta de insulina previamente cheia com
recursos de utilização projetados para realizar injeções
diárias. A caneta tem um botão “Easy Touch” - um mecanismo interno em injeção que requer apenas um leve toque para aplicar a insulina, independentemente da dose.
Segundo os fabricantes, o equipamento dá maior confiança a pacientes e profissionais de saúde quanto a dose
correta a ser aplicada. n
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
25
Pelo Mundo
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
26
Pelo Mundo:
Especial da ADA
D
Vídeo
Dr. Walter Minicucci, presidente da SBD –
Dá um panorama do evento. Ele destaca simpósios sobre as novas tecnologias
e novos métodos de tratamento e as suas
possíveis complicações do diabetes.
e 13 a 16 de junho foi realizada a 74ª edição do Scientific Sessions da American Diabetes Association (ADA), na cidade de São Francisco, nos Estados
Unidos, recebendo 17 mil pessoas. Nesta edição, a coluna Pelo Mundo optou
por um formato diferente, com resumos de depoimentos dos médicos brasileiros
da SBD que estiveram presentes ao evento. O conteúdo completo está disponível
no www.diabetes.org.br e pode ser conferido na versão online da Revista.
Vídeo
Vídeo
Dr. Walter Minicucci – Observações sobre a prevalência de câncer em pessoas com diabetes e excesso de peso.
Comentários sobre pesquisas em relação à prescrição mais tranquila da
insulina glargina.
Dra. Denise Franco – Menciona um dos itens
que mais chamou a atenção, que foram os
dados que diferenciam os tipos de diabetes
tipo 1 e a relação com a obesidade. Outro
tópico foi em relação à doença celíaca e
a incidência devido à falta de diagnóstico.
Dr. Walter Minicucci – Abordagem sobre o
pâncreas artificial, indicado aos pacientes que têm dificuldade no controle e
uso da bomba de insulina, assim como
problemas nos ajustes de dosagem.
Vídeo
Dr. Freddy Eliaschewitz – A relação entre
o metabolismo da glicose, o ambiente intestinal e o risco cardiovascular
foi abordada. No vídeo, ele também
comenta como a insulina interfere na
composição dos sais biliares.
Vídeo
Dr. Saulo Cavalcanti – Mencionou o lançamento de mais uma insulina inalável,
que deve entrar no mercado daqui a um
ano e meio. Fala sobre as vantagens, eficácia e efeitos colaterais.
Vídeo
Dr. Ruy Lyra – Destaque para o tratamento do diabetes e sua ligação com as doenças cardiovasculares. Chamou a atenção
dos novos fármacos para o tratamento
do diabetes tipo 2.
Vídeo
Vídeo
Vídeo
Dr. Antonio Chacra – Comentou sobre o
grande número de temas relacionados
à nova classe de inibidores do SGLT2.
Outro ponto apresentado foi em relação
às novas medicações e seus impactos.
Dr. Márcio Krakauer – Falou sobre debates na área de educação em diabetes, nos quais o conceito de responsabilidade sobre a redução das
complicações foi enfatizado. Uma
atitude necessária com urgência.
Comunicados da SBD
Revista da SBD Dia Mundial do Diabetes
C
om tiragem de mais de quatro
mil exemplares, a Revista da SBD
também pode ser encontrada em
formato digital, no site da Sociedade.
A última versão da publicação é a do
volume 21, número 1, referente ao mês
de março deste ano.
Após uma reunião da Comissão Editorial da SBD, a revista passa a ser disponibilizada no site da SBD em duas
versões, uma no modo “tradicional”, ou
seja, em PDF, e a outra com recursos de
vídeos e links, para uma interação maior
com o leitor, tendo assim uma navegação mais detalhada. n
Recadastramento
dos Profissionais
A
SBD lançou uma nova versão do
site da entidade com várias alterações na programação e, com isso,
é preciso que os profissionais de saúde
se cadastrem novamente para ter acesso aos conteúdos exclusivos do portal.
O procedimento é bem simples. Basta
acessar a página www.diabetes.org.br/
cadastre-se ou localizar o link abaixo do
menu principal e preencher os campos
com nome, tipo de profissional, registro
no conselho profissional, e-mail, CPF e
uma senha para acesso.
Apenas os cadastros realizados após o
dia primeiro de abril são válidos. Nesta
área, o profissional irá encontrar “Diretrizes e Posicionamentos”, as aulas do
Congresso da Sociedade Brasileira de
Diabetes 2013, a Revista “Diabetology
& Metabolic Syndrome” e as aulas dos
Simpósios de Atualização. n
T
odos os anos, o dia 14 de novembro é marcado por uma série de atividades em prol do Dia
Mundial do Diabetes. A campanha
mundial é liderada pela IDF (International Diabetes Federation) e suas
associações-membro. No Brasil, é
organizada pela SBD, coordenada
pelo endocrinologista Dr. Márcio
Krakauer.
Trabalhando com uma programação antecipada, o grupo de trabalho
se reuniu e as estratégias de divulgação começaram já em abril, com a reativação da fan page e atualização do
hotsite do Dia Mundial do Diabetes.
O tema escolhido para o período de
2014 a 2016 pela IDF foi Vida Saudável. Um trabalho em conjunto com a
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia também foi planejado. O Dr. Márcio Krakauer tem
realizado algumas reuniões e prome-
te novidades que vão emocionar o público e associados.
A campanha deste ano no Brasil já
começou. Além do hotsite (www.diamundialdodiabetes.org.br), existem
diversas redes sociais onde o Dia Mundial está presente, como uma fan page
no Facebook (www.facebook.com/diamundialdodiabetes), o Twitter (www.
twitter.com/wdd_brasil), Youtube
(www.youtube.com/diamundialdodiabetes) e o Flickr (www.flickr.com/
photos/diamundialdodiabetes).
Para interagir ainda mais com o
público, dentro do hotsite do DMD
existe uma área chamada “Você e o
Diabetes”, com o objetivo de reunir
histórias de pacientes e familiares de
pessoas com diabetes. Para participar
basta enviar um pequeno texto falando um pouco de como é a rotina e
os cuidados com a doença ao e-mail:
[email protected]. n
Áreas Temáticas do Site
S
eguindo a proposta de criar publicações temáticas para o site da SBD,
continuam sendo elaboradas novas áreas que possuem, inclusive, endereços próprios. Um teve como foco a Copa do Mundo - http://copa2014.
diabetes.org.br/. Com o slogan A Copa do Seu Jeito, além da mensagem central da ação - “Controlar a glicemia é mole. Difícil é controlar o coração” -, o
hotsite dava dicas para os torcedores e disponibilizava um link para baixar a
carteirinha de identificação de diabetes. Também foram publicados lembretes
sobre os horários das partidas e dicas para os torcedores que quisessem assistir
às partidas em casa ou barzinhos, com várias opções para comer e continuar
com a saúde em ordem.
Os internautas também tinham espaço para compartilhar fotos nas redes
sociais com a camisa do Brasil. n
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
27
25
Agenda
Foto: PerseoMedusa
Vol. 21 - nº 02 - julho 2014
28
Julho
Setembro
9º Congresso de Endocrinologia e
19º Congresso Brasileiro Multidisciplinar em
31º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e
Metabologia
e 22
|| 21Florianópolis,
SC
||
www.endosul2014.com.br
|| (48) 3322-1021
||
Diabetes
27
|| 24Sãoa Paulo,
SP
||
www.anad.org.br/congresso
|| (11) 5572-6559
||
||
||
www.cbem2014.com.br
|| (51)3086-9100
/ 3086-9109
||
Agosto
EASD - European Association for the Study
Data:
Local:
Informações:
IV Encontro Gaúcho de Endocrinologia e XIX
Encontro Gaúcho de Diabetes
e9
|| 8UCS
– Caxias do Sul, RS
||
www.ccmew.com/endors2014
(51)
|| 3028 3878
Data:
5a9
Local: Curitiba (PR)
Data:
Informações:
of Diabetes
||
||
||
15 a 19
Local: Viena, Áustria
Data:
Informações: www.easd.org
Metabologia da Região Sul (ENDOSUL)
Data:
Local:
Informações:
XVI Congresso da SBCBM
29
|| 25Rioa de
Janeiro - RJ
||
www.sbcbm2014.com.br
|| (11) 3284-6951 / 3284-8298
||
Data:
Local:
Informações:
Dezembro
Local:
Informações:
CODDHI 2014 - Controvérsias em Obesidade,
Diabetes, Dislipidemias e Hipertensão
||
||
||
14 a 16
Local: Rio de Janeiro, RJ
Data:
Informações: www.coddhi.com.br
Diacor 2014
23
|| 22Sãoe Paulo,
SP
||
www.diacor.com.br
|| (11) 3849-0099
||
Outubro
TODDA – Curso Avançado no Tratamento da
Obesidade, Diabetes e Doenças Associadas
||
||
||
24 e 25
Rio de Janeiro, RJ
Informações: (21) 3543-0770, (11) 5641-1870
Data:
Novembro
1º Congresso Regional de Diabetes do Rio de
Local:
Janeiro
Diabetes Paraná
||
||
www.diabetesparana.com.br
|| (11) 3849-0099
||
29 e 30
Local: Curitiba, PR
Data:
Informações:
||
||
||
Data:
Local:
3a5
Porto Alegre, RS
Informações: www.ipsa2014.com
Local:
Data:
Informações:
IPSA 2014 – 3º Congresso da International
Pediatric Sleep Association
15
|| 13Rioa de
Janeiro, RJ
||
www.diabetesrio2014.com.br
|| (21) 2548-5141
||
Data:
Local:
Informações:
Fevereiro 2015
XVI Congresso Brasileiro de Obesidade e
Síndrome Metabólica
de abril a 1º de maio
|| 30Windsor
Barra – Rio de Janeiro, RJ
||
/
|| (011)www.obesidade2015.com.br
3849-0099
||
Data:
Local:
Informações:
Março 2015
Endo 2015
||
||
||
Data: 5
a8
Local: Califórnia,
EUA
Informações: www.endocrine.org/endo-2015
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