Volume 21 – número 02 – julho 2014 Dieta Ideal: Alimentação deve fazer parte de um estilo de vida saudável Mães médicas e com diabetes mostram que o dia tem mais do que 24 horas Homenagem ao Dr. Atlântido Borba Cortes, que faleceu aos 103 anos A SBD e a Comissão de Campanhas agradecem a todos que de alguma forma contribuiriam para o sucesso do Dia Mundial do Diabetes em 2013. Contamos com vocês em 2014. Palavra do Presidente Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 3 Meus amigos, Q uando vocês estiverem lendo estas linhas, a Copa já terá terminado e, sendo o Brasil campeão ou não, grandes emoções muitos de nós teremos passado, já teremos voltado à vida real, correndo para recuperar o tempo perdido, voltaremos ao atendimento dos pacientes, às aulas, à leitura e redação de artigos, às tarefas rotineiras, aos compromissos familiares, etc. Nós, da diretoria, precisamos arrumar um tempo entre os jogos e continuamos trabalhando, em novos e antigos projetos, e, embora a Copa tenha roubado parte desse tempo, podemos anunciar projetos em fase de finalização ou de lançamento. Dentre eles destacamos o e-book de diabetes, versão 2.0., que estará disponível no nosso site no início de setembro para download gratuito, pelos nossos sócios e por estudantes de medicina, farmácia e enfermagem. O e-book terá de 48 a 50 capítulos e agora será mais interativo, voltado para a prática médica, de uso bastante fácil, além de permitir ser carregado em dispositivos móveis (smartphones e tablets). Nosso site foi reatualizado, exibe novo layout e novas áreas para os sócios da SBD, como vídeos das aulas dos congressos da SBD 2013 e da IDF/SBD, além de contar com novas colunas. As diretrizes da SBD 2013 e posicionamentos da Sociedade foram disponibilizados no site, para download gratuito pelos sócios e não sócios, em esforço de contribuição à melhoria do atendimento às pessoas com diabetes no Brasil. Em maio último iniciamos, também, um projeto de educação à distância, que esperamos estar operante até outubro deste ano, ampliando, ainda mais, a presença da SBD na difusão do conhecimento em diabetes. Outros projetos e ações estão em andamento, tais como o de saúde ocular em nível nacional, o Encontro de Hiperglicemia Hospitar, a ser realizado em outubro deste ano, e o SITec/SBD/AL, 2o Congresso de Tecnologia em Diabetes da SBD, que ocorrerá em março de 2015. Para o Dia Mundial do Diabetes, em novembro próximo, os preparativos encontram-se adiantados em vários estados e cidades do Brasil, como no Rio de Janeiro e Aracaju, dentre outras. Para o “Novembro Azul”, faremos um trabalho conjunto com a SBEM, ADJ e FENAD, visando o sinergismo das ações preventivas e educativas dirigidas às pessoas com diabetes e seus familiares. Nossos representantes das áreas de Saúde Pública, de Relações Governamentais e de Fármaco-Economia trabalharam arduamente durante os meses de março e abril, no sentido de defender a introdução de análogos de insulina, em reuniões que tiveram lugar na SBD e em Brasília. Alguns colegas desses departamentos participaram de reuniões com profissionais de saúde, da OPAS e do Ministério da Saúde, para discutirem e pensarem ações sobre a associação do diabetes com a tuberculose, que vem crescendo no Brasil e no mundo. Muito existe ainda a ser pensado e realizado. Nós, da diretoria da SBD, contamos com suas críticas, sugestões e apoio para o desenvolvimento e realização dos projetos e ações citados, e aguardamos, inclusive, novas propostas. Um abraço e até a próxima. Walter Minicucci Presidente da SBD 2014/2015 Índice Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 4 1Palavra do Presidente 3Palavra do Editor-Chefe 4Saúde e Ciência 6Dr. Marcos Tambascia 8Seria Tão Difícil Assim Abandonar o Vício de Bebidas Açucaradas? 9O Desafio da Primeira Edição do Fórum Internacional da IDF 11 12 14 16 18 19 20 21 22 24 25 26 27 28 Os 20 anos do CEDEBA Mães e Médicas com Diabetes Existe a Alimentação Ideal? Homenagem ao Dr. Atlântido Borba Cortes Uma Nova Comissão na SBD na Área de Comunicação Próxima Parada: Porto Alegre Uma Breve História do Diabetes Exames e Procedimentos Desnecessários Pelo Brasil Tecnologia & Diabetes Lançamentos da Indústria Farmacêutica Pelo Mundo Comunicados da SBD Agenda Editorial A equipe da Revista esteve no I Fórum Internacional de Diabetes, realizado em Foz do Iguaçu, e, como sempre tem feito, coletou dados para oferecer a oportunidade aos leitores de rever alguns temas e aspectos relevantes. Na ocasião, a cidade de Foz do Iguaçu foi visitada por um grande número de colegas de vários países sul-americanos, como era de se esperar, já que se localiza no que conhecemos como tríplice fronteira. Outras particularidades que vale a pena registrar: a união das entidades latino-americanas voltadas ao estudo do diabetes e a presença de profissionais de outras áreas, também interessados no tratamento dos diabéticos. Enfim um encontro multiprofissional (Todos juntos). Minha sensação é a de que as pessoas que compõem a equipe de saúde devem ser entendidas como cúmplices na busca pela qualidade de vida dos diabéticos. E foi por isso que trabalhei toda a minha vida. Uma boa maneira para explicar de forma bem simples minha sensação está na letra da canção dos “Saltimbancos” que por sinal se chama “Todos Juntos”. Procurem na internet, vão ver como “todos juntos somos fortes”. A importância do evento em nível mundial ficou patente na presença do presidente da IDF, Dr. Michael Hirst. Nesta edição, destacamos a apresentação do nosso ex-presidente Jorge Luiz Gross sobre Dieta Mediterrânea, recheada de números e dados, além de reforçada em importância pela experiência pessoal do nosso colega. Há dois meses estamos planejando com carinho novidades que inauguramos neste número. A primeira é uma coluna sobre “Novidades da Indústria Farmacêutica”, quando apresentaremos lançamentos de interesse para nossa especialidade. A outra é sobre “Tecnologia & Diabetes” em homenagem ao progresso e ao nosso presidente Walter Minicucci, que, como poucos, sabe fazer a ligação perfeita entre tecnologia e humanismo. Duas outras homenagens serão prestadas: às mães médicas e endocrinologistas que enfrentam a árdua e dupla jornada com eficiência invejável e a um pioneiro da especialidade no país. Conversamos com duas grandes representantes dessas incríveis mulheres que são mães médicas. Parabéns Ana Claudia Ramalho, Dra. Keli Morelo Rocha e Solange Travassos, vocês comprovam que o dia tem muito mais do que 24 horas. A outra homenagem é para um dos nomes mais tradicionais da endocrinologia, que nos deixou aos 103 anos. A dedicação de Atlântido Borba à endocrinologia e ao diabetes não serão esquecidos. Apesar de distante, já temos notícias sobre o próximo Congresso da SBD em 2015, que terá à frente o incansável Balduíno Tschiedel. Podem deixar a data anotada nas agendas. Nesta edição será possível também ler sobre os 20 anos do Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes e Endocrinologia da Bahia (CEDEBA). Desde sua criação a Dra. Reine Marie Chaves, fundadora e diretora do Centro, tem como compromisso a busca incessante pela qualidade no atendimento ao paciente diabético no serviço público. Por último, mas não menos importante, DIRETORIA BIÊNIO – 2014-2015 Presidente: Dr. Walter José Minicucci; Vice-Presidentes: Dra. Hermelinda Cordeiro Pedrosa, Dr. Luiz Alberto Andreotti Turatti, Dr. Marcos Cauduro Troian, Dra. Rosane Kupfer e Dr. Ruy Lyra da Silva Filho; primeiro secretário: Dr. Domingos Augusto Malerbi; segundo secretário: Dr. Luis Antonio de Araujo; tesoureiro: Dr. Antonio Carlos Lerário; segundo tesoureiro: Dr. Edson Perrotti dos Santos; conselho fiscal: Dr. Antonio Carlos Pires, Dra Denise Reis Franco, Dr. Levimar Rocha Araújo, Dr. Raimundo Sotero de Menezes Filho SEDE Rua Afonso Brás, 579, salas 72/74, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, CEP 04511-011; Email: [email protected], Site: www.diabetes.org.br; Tel.: (11) 3846-0729; Gerente: Anna Maria Ferreira; Secretária: Maria Izabel Homem de Mello e Eliana Andrade. Filiada à International Diabetes Federation. Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 5 a grande novidade administrativa: a criação de uma Comissão Editorial, reunindo todas as publicações online e off-line da SBD. Ponto para o Presidente. Como todo início de projeto, está sendo trabalhoso tornar a Comissão uma realidade para que venha acrescentar e render excelentes frutos. Espero que gostem da leitura. Saúde para todos. Leão Zagury Editor-chefe Revista da SBD Editor-chefe: Dr. Leão Zagury Presidente da SBD: Dr. Walter Minicucci Equipe de Jornalismo: DC Press Editora: Cristina Dissat – MTRJ 17518; Redação: André Dissat, Tainá Oliveira, Flávia Garcia e Isabel Struckel (colaboração). Colunistas: Dr. Augusto Pimazoni e Dr. Ney Cavalcanti. Redação: Rua Haddock Lobo, 356 sala 202- Tijuca - Rio de Janeiro - RJ; Tels.: (21) 2205-0707; email: [email protected] As colunas e artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Comercialização: AC Farmacêutica, tel.: (11) 5641-1870 e (21) 3543-0770, [email protected] Projeto gráfico: DoisC Editoração Eletrônica e Fotografia ([email protected]); Direção de Arte e Fotografia: Celso Pupo; Diagramação: André Borges Periodicidade: Bimestral Impressão e CTP: Melting Color Grafica e Editora Ltda; Tiragem: 4000 exemplares. Editoração Eletrônica e Fotografia Saúde e Ciência Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 6 Mudanças nos Rótulos dos Alimentos N o último dia 5 de junho, o Diário Oficial da União publicou a Portaria 949 da Anvisa (Agência Nacional da Vigilância Sanitária), instituindo o grupo de trabalho que vai auxiliar na elaboração de propostas para a rotulagem nutricional de alimentos. Este grupo é composto por representantes dos Ministérios da Saúde e Desenvolvimento Social (MDS), das Associações das Indústrias da Alimentação (Abia) e de Alimentos Dietéticos (Abiad), do Conselho Federal de Nutricionistas, das universidades de Brasília (UnB) e da Federal de Santa Catarina (UFSC), do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), e do Proteste e do Idec. A equipe será responsável por subsidiar a Anvisa em tópicos técnicos e Novo Adoçante E m março, pesquisadores do Centro de Investigações e Estudos Avançados em Biotecnologia e Bioquímica de Irapuato, em Guanajuato (México), apresentaram um adoçante natural criado através do Agave, planta utilizada para fabricar a tequila. A pesquisa foi divulgada na Reunião Nacional da Sociedade Química Americana, que acontece em Dallas, nos Estados Unidos. De acordo com os pesquisadores, as propriedades benéficas do Agave se dariam por ele não ser digerido pelo organismo, mas mesmo assim atuar como uma fibra adoçante. Este adoçante, então, reduziria o nível de glicose no sangue e contribuiria para que diabéticos tipo 2 controlem sua glicemia. Ele atuaria tambem, na redução do peso. A pesquisa foi conduzida em ratos e ainda não há uma definição se ela poderá manifestar o mesmo efeito em seres humanos. Mesmo assim, o adoçante já é apontado por cientistas como uma boa alternativa para obesos e diabéticos. n científicos relacionados à rotulagem nutricional, identificar os problemas que existem hoje e propor soluções às limitações encontradas. Dentre as novidades nas normas para os rótulos de alguns dos produtos industrializados, que passaram a valer a partir de janeiro deste ano, a principal mudança para as pessoas com diabetes foi em relação aos produtos Light. A denominação, a partir de então, somente pode ser dada a um alimento com redução mínima de 25% das calorias ou de algum nutriente, que pode ser açúcar (sacarose), gordura total ou trans, ou sal (sódio). Além disso, ocorreram mudanças importantes em relação ao conteúdo e tipo de gordura, que são de especial interesse para as pessoas com diabetes tipo 2, já que envolvem produtos para a promo- ção da saúde cardiovascular. A Anvisa determinou, também, regras para os produtos denominados “Rico em” Ômega 3, 6 e 9, cujas quantidades devem conter o dobro das concentrações mínimas do alimento referido como fonte dos nutrientes. Além disso, ficou estabelecido que o termo “isento de gordura trans” deve ser usado quando o produto tiver no máximo 0,1g de gordura trans por porção e manter baixos os índices de gordura saturada e a não adição de sal. Em geral, as medidas buscam evitar que os nutrientes substitutos acabem prejudicando a saúde. No site da SBD, a Dra. Marlene Merino, doutora em Nutrição e coordenadora do Departamento de Nutrição da Sociedade, abordou o assunto em sua coluna. n Aumento nos Casos de Diabetes R ecentemente, o Ministério da Saúde divulgou os dados levantados pelo sistema Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) sobre obesidade e diabetes. Pela primeira vez, em oito anos, os números da obesidade no país pararam de crescer. Mas ainda assim, o percentual de brasileiros acima do peso ideal é alarmante, com 50,8% da população. Em relação ao diabetes, de acordo com a pesquisa, o envelhecimento da população brasileira é uma das causas para o aumento da doença no país. E, os resultados indicam que o excesso de gordura abdominal, a falta de atividade física e o estresse estão ligados a esse aumento. A pesquisa foi realizada pelo telefone com 53 mil brasileiros que moram nas capitais. O resultado apontou que menos de 1% dos jovens entre 18 a 24 anos convive com o diabetes; já entre os idosos (mais de 65 anos) 22% são alvos da doença. n 7 Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 Foto: Marcos Mesa Sam Wordley Acervo Inédito O Diabetes e Apneia do Sono U m estudo feito por cientistas da Universidade Toronto, no Canadá, divulgado no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, neste início de junho, concluiu que quem tem apneia do sono tem mais chances de desenvolver diabetes. A pesquisa avaliou 8.678 adultos, entre os anos de 1994 e 2010. No período estudado, 11,7% das pessoas desenvolveram a doença. Nos casos mais severos de apneia, o risco de desenvolver o diabetes chegou a ser 30% maior, enquanto nos casos leves e moderados de apneia, a probabilidade para o diabetes foi de 23%. A pesquisa também levou em conta outros fatores de risco para o diabetes como: idade, sexo, IMC, insônia, tabagismo e elevação da frequência cardíaca durante o sono. n Instituto de Pesquisas Hospitalares (IPH) disponibilizou um acervo digital com a história e evolução da moderna arquitetura hospitalar brasileira. Projetos, livros, revistas e demais documentos reunidos pelo projeto traçam uma linha do tempo da construção de unidades de saúde. Os materiais acoplados pelo IPH relatam a participação de Jarbas Karman no desenvolvimento de diversos hospitais, entre os quais o Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista, e o Hospital do Câncer (Pio XII), em Barretos, interior de São Paulo, mas também contém registros e documentos de diversos outros autores. O acervo também é composto por coleções como: Revista Paulista de Hospitais, Hospital de Hoje e Vida Hospitalar. E as estrangeiras The Modern Hospital, Hospital Topics, The Canadian Hospital e Das Krankenhaus, entre outras. Para quem deseja ter acesso o material está disponível para pesquisa no novo portal do Instituto (www.iph.org. br), que foi atualizado por ocasião da celebração dos 60 anos do IPH. Ele também está aberto à consulta pública gratuita, via solicitação de visita ao Instituto pelo e-mail: [email protected] ou pelo telefone (11) 3868-4830. n C ientistas da Bélgica sugerem que a metformina, a droga antidiabética mais utilizada no mundo, possua propriedades gerais de promoção da saúde, incluindo o combate ao envelhecimento. O estudo, realizado em minhocas da espécie Caenorhabditis Elegans, foi publicado na PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America). A pesquisa revela que a metformina é capaz de “estender o tempo”, aumentando a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS). Uma constatação curiosa do estudo é que, quando combinados à metformina, os antioxidantes (presentes em cremes, sucos, vinho tinto e alguns chocolates) têm seu efeito contra o envelhecimento praticamente anulado. Os pesquisadores informam que continuarão os esforços de pesquisa neste campo em direção a uma melhoria das complicações relacionadas com o envelhecimento. n Na edição digital da Revista Diabetes os leitores podem acessar os links dos estudos apresentados na coluna Saúde & Ciência. Foto: Lighthunter Metformina Contra o Envelhecimento Páginas Azuis Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 6 Dr. Marcos Tambascia E le presidiu a SBD nos anos de 2006 e 2007, tendo sido um dos responsáveis pela transformação do Jornal da Sociedade na Revista Diabetes e pela criação do e-book. No seu editorial de despedida da presidência, o Dr. Marcos Tambascia afirmou que “o elo numa comunidade é o objetivo comum”. Disse ainda que “a revista se tornou a voz de todos” e completou: “espero, também, que por mais científicas que sejam as informações, não nos esqueçamos de que, por trás de todas as nossas ações, estão pacientes com diabetes, esperando cuidado, atenção e qualidade de vida”. Também em sua gestão, foram publicados diversos Posicionamentos Oficiais, reforçando a preocupação dele em desenvolver projetos em prol dos cuidados com pacientes com diabetes. Formado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em Sorocaba, o Dr. Tambascia afirma ser discípulo do Prof. Bernardo Leo Wajchenberg. Conheça e relembre um pouco de sua história. Revista Diabetes: Conte um pouco sobre a sua formação e trajetória profissional. Dr. Marcos Tambascia: Formei-me na PUC de Sorocaba e realizei todo meu processo de especialização em Endocrinologia na Universidade de São Paulo. Tive a honra de ser aluno do Prof. Bernardo, onde frequentei o Serviço de Diabetes e Adrenal. Nesse período, também, me especializei em Medicina Nuclear no Instituto de Energia Atômica da USP. No Hospital das Clínicas da USP, trabalhei como chefe de plantão do Pronto Socorro, o que foi essencial para o meu aprimoramento como clínico. Após a USP fui contratado pelo Serviço de Endocrinologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo sob a chefia do Prof. Luis Carlos Reis. Nessa época, o estudo da tireoide passou a ter uma grande participação na minha formação. Prestei concurso para a Disciplina de Endocrinologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, onde estou locado até hoje e, atualmente, respondo pela sua chefia tendo participação como docente de graduação e pós-graduação. Nas entidades de classe, tive grande participação na diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, tendo ocupado cargos de tesoureiro, secretário, vice-presidente e presidente da Regional São Paulo. Em nível nacional, fui presidente do Departamento de Tireoide, tendo organizado um dos Encontros Brasileiros de Tireoide. Nos últimos dez anos, tenho me dedicado de forma mais abrangente à causa do diabetes e tive o privilégio e a honra de presidir a Sociedade Brasileira de Diabetes por uma gestão. Revista Diabetes: Como a endocrinologia e o diabetes entraram na sua vida? Dr. Marcos Tambascia: Ainda durante o curso médico, fui monitor de fisiologia por vários anos e nesse período comecei a me apaixonar pela endocrinologia e bioquímica. Tive contato com o Dr. Lineu Amaral da Silveira, endocrinologista da USP, que era irmão de um colega de turma, e passei a admirar sua competência e cultura. Esse fato na minha vida teve um impacto tremendo na escolha de profissão e, anos mais tarde, o contato com o Prof. Wajchenberg veio a consolidar minha vocação. Revista Diabetes: Como foi sua eleição naquela época? Dr. Marcos Tambascia: Fui eleito para a presidência da SBD após a gestão do Prof. Leão Zagury. Sua gestão foi marcada pelo diálogo e pela consolidação dos interesses da SBD e da SBEM e herdei o compromisso de estabilizar essa relação. Revista Diabetes: Como era ser presidente da SBD e o que é hoje? Dr. Marcos Tambascia: Exercer o cargo de presidente da SBD sempre foi o de administrar uma sociedade extremamente envolvida em reciclagem e atualização de informações referentes à atenção ao paciente com diabetes. A quantidade de dados científicos relevantes ao entendimento da fisiopatologia dessa doença e suas complicações têm aumentado exponencialmente, principalmente na última década. Filtrar essas informações e levá-las aos profissionais envolvidos em seu tratamento é uma das missões da sociedade. Com tanta informação relevante, é a SBD o principal órgão de divulgação de conhecimento. Nossa responsabilidade como gestor dessa sociedade é realizar uma função que deveria ser das universidades. A parceria com a indústria farmacêutica, que tem interesse óbvio em divulgar seus produtos, também é essencial, pois serve como um tipo de balisamento que procura divulgar os tratamentos mais modernos, porém sem se afastar da ética e do compromisso com a verdade. Os simpósios e os congressos da SBD são os pontos máximos de atenção da sociedade. Servem tanto como veículo de cultura e atualização como também permitem o encontro presencial entre os associados, quando se discute ciência e se cultiva a amizade. Não podemos esquecer que a SBD representa uma grande família. A SBD também é um veículo de orientação para pacien- tes e familiares e a responsabilidade de transmitir informação sem sensacionalismo é uma preocupação constante da presidência assim, como de todos os membros da diretoria. Revista Diabetes: O que mais marcou a sua gestão como presidente da SBD? Dr. Marcos Tambascia: Entre as inúmeras atividades que tenho orgulho de ter participado durante minha gestão como presidente, a que mais me marcou foi ter dirigido a implantação do livro eletrônico da SBD (e-book). Esse instrumento de transmissão de conhecimento foi planejado para ser um local de busca de informação, mas com características práticas e úteis ao dia a dia de consultório. Obviamente muitas informações práticas também necessitam de embasamento teórico e manter essas informações sem desinteressar o leitor foi um grande exercício de didática. A grande vantagem de um livro eletrônico é que sua atualização é muito mais dinâmica. Tenho orgulho de sua implantação e a grande alegria em saber que na gestão atual está sendo realizada a sua grande atualização. São informações disponibilizadas por grandes conhecedores do assunto e tratadas com a mais moderna técnica didática. Revista Diabetes: Como era a SBD na sua época e como a vê hoje? Dr. Marcos Tambascia: Fui presidente “A SBD também é um veículo de orientação para pacientes e familiares e tem a responsabilidade de transmitir informação sem sensacionalismo” da SBD há 7 anos e não vejo muita diferença do papel que representa atualmente. A SBD é a segunda entidade que congrega profissionais envolvidos na atenção ao diabetes (perde apenas para a Associação Americana de Diabetes – ADA) e continuamos com a grande missão de trazer atualização conceitual com ética e responsabilidade. Inúmeras pessoas se beneficiam com esses conceitos e os pacientes, nosso maior compromisso, serão mais bem conduzidos para conviver com essa doença com qualidade de vida. Revista Diabetes: O que a SBD teve de influência na sua vida? Dr. Marcos Tambascia: Ter contribuído com a missão da SBD reforçou minha posição de conciliar a atividade essencial de minha profissão, que é o atendimento aos pacientes, com minha escolha de ser professor. O papel de se atualizar constantemente para poder contribuir com o exercício da profissão de colegas sempre me fascinou. Ter servido à SBD tornou essas duas missões tão próximas que hoje não consigo separá-las. n Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 97 Atualidades Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 8 Dr. Augusto Pimazoni Netto Coordenador dos Grupos de Educação e Controle do Diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. [email protected] V Seria Tão Difícil Assim Abandonar o Vício de Bebidas Açucaradas? amos começar este debate com um relato pessoal: eu e meus dois filhos fomos viciados em refrigerantes açucarados desde criancinhas. Eu consegui facilmente substituir os refrigerantes tradicionais pela versão diet ou zero, principalmente depois que essas bebidas passaram a ser adocicadas com aspartame. Meu filho mais velho, com um moderado excesso de peso, mesmo após uma cirurgia metabólica, também conseguiu vencer o vício das bebidas açucaradas, substituindo-as pelas versões dietéticas. Mas meu filho mais novo, antes esbelto, agora, aos 40 e poucos anos, apresenta uma respeitável “barriguinha saliente”, apesar de não ser um glutão. O seu “pecado” é outro: ele é viciado e não consegue abandonar o vício de somente ingerir refrigerantes açucarados. E não há argumentos médicos que o convençam sobre a necessidade de redefinir suas escolhas no sentido de aderir aos refrigerantes dietéticos. É verdade que existem alguns artigos mostrando que os refrigerantes dietéticos também apresentam eventuais efei- tos colaterais e nocivos à saúde, mas essa característica não é uma unanimidade. Um recente artigo, publicado em abril de 2014, no Diabetes Care, traz algumas estatísticas altamente preocupantes em relação ao uso regular de refrigerantes açucarados. Segundo essa fonte, cerca de 75% de todos os alimentos e bebidas contém açúcar adicionado de diferentes formas. O consumo de refrigerantes açucarados aumentou cinco vezes desde 1950, somente nos Estados Unidos. Meta-análises sugerem que o consumo de bebidas açucaradas está relacionado com o risco de diabetes, com a Síndrome Metabólica e com a doença cardiovascular. Mais ainda, o consumo de cerca de 500 mL de bebidas açucaradas por dia, durante seis meses, induziu características de Síndrome Metabólica e de fígado gorduroso na maioria dos usuários. Estudos clínicos randomizados em crianças e adultos, com duração de 6 meses a 2 anos de seguimento, demonstraram que a redução na ingestão de refrigerantes efetivamente reduziu o ganho de peso. O consumo de bebidas calóricas con- tinua a aumentar e desempenha um papel importante na epidemia de obesidade, síndrome metabólica e fígado gorduroso. Várias estratégias têm sido propostas ou implementadas para tentar controlar o crescimento contínuo do consumo de refrigerantes açucarados, mas, aparentemente, sem sucesso. E qual seria o grande atrativo que torna as pessoas viciadas em bebidas açucaradas? A propaganda desenfreada pelos vários meios de comunicação é, sem dúvida, um dos principais vilões. Mas, não é só isso. A própria natureza tem lá a sua culpa exatamente por tornar os açúcares e a gordura os campeões da preferência popular, em função de sua incrível capacidade de tornar esses nutrientes bastante apetitosos, principalmente por parte daqueles que já enfrentam o problema de sobrepeso ou de obesidade franca. Seria tão difícil assim abandonar o vício de bebidas açucaradas? n Fonte: Bray GA e Popkin BM. Dietary Sugar and Bocy Weight: Have We Reached a Crisis in the Epidemic of Obesity and Diabetes? Diabetes Care 2014.37(4):950-956. DOI: 10.2337/dc13-2085. Internacional 9 A estreia de um evento internacional é sempre cercada de apreensão. No primeiro Forum International de Diabetes não foi diferente, já que um trabalho em conjunto entre tantas entidades internacionais é de enorme responsabilidade. Mas a organização, liderada pelo Dr. Balduíno Tschiedel, Dr. Douglas Villaroel e Dr. Félix Escaño, soube superar com méritos. Um balanço feito durante o evento e repassado aos participantes no último dia de atividade em Foz do Iguaçu mostrou que os números foram expressivos, abrindo as portas para as futuras edições. A ansiedade dos organizadores foi superada já nos primeiros momentos do Fórum com o excelente público presente, com número representativo dos vizinhos da América do Sul. A maioria dos participantes, como já estava previsto, foi de brasileiros com mais de 900 inscritos. A organização geral foi um trabalho em conjunto da International Diabetes Federation – Região SACA (South and Central-America), SBD e Associação Latino Americana de Diabetes (ALAD), contando ainda com o apoio da Associação Diabetes Brasil (ADJ Brasil) e Federação Nacional das Associações de Diabetes (Fenad). A dinâmica do Fórum foi diferente da dos eventos habituais realizados pela SBD e ALAD, mas dentro de um contexto muito forte da IDF, que procura reunir discussão científica, área educacional e atividades lúdicas, além de encontros paralelos. Segundo os organizadores, de nada adianta o conhecimento se não for possível utilizar naqueles que mais necessitam e, por isso, a importância da junção de todos os aspectos relacionados ao tratamento da pessoa com diabetes em um único local. Dentro dessa dinâmica, os participantes se dividiram nas salas e os mais diversos profissionais de saúde presentes puderam realizar uma interação diferente durante os três dias de evento. Além de profissionais de saúde, pacientes também participaram. A presença do presidente da IDF, Dr. Michael Hirst, demonstrou a importância da atividade dentro das realizadas pela Federação Internacional. No seu discurso de abertura, o Dr. Hirst surpreendeu os presentes falando em “portunhol”. Brincou com a sua dificuldade e se desculpou quanto à opção da palestra em inglês para não “assassinar” o idioma. O Dr. Douglas Villaroel fez questão de agradecer no início dos trabalhos ao presidente da IDF, que havia assumido o compromisso de estar presente ao Fórum. “Prometeu e cumpriu que estaria no Brasil”, afirmou o Dr. Villaroel. O Dr. Balduíno reforçou que os participantes estavam presenciando um verdadeiro palco de debate sul-americano, onde os vários segmentos do tratamento de uma doença estariam juntos. Para o presidente do IDF, o Fórum foi uma atividade muito bem-sucedida, porém diversos pontos ainda precisam ser revistos e avaliados. Segundo o Dr. Balduíno, a segunda edição já está marcada para abril de 2016, também no Brasil, e na região Sul, sob a coordenação do Dr. Walter Minicucci em parceria com um representante da América Latina e Central. Para 2018, o Fórum será realizado em outro país da América do Sul. Os números foram muito bons, com 1.143 inscritos assim divididos: Argentina (23), Bolívia (16), Brasil (992), Chile (5), Colômbia (6), Equador (4), Paraguai (21), Peru (3), Uruguai (2), Venezuela (1), Aruba (2), Costa Rica (1), República Dominicana (6). Ainda foram registrados 56 inscritos de outros países, inclusive do Oriente Médio. Segundo o Dr. Balduíno, para que um evento se transformeem algo tradicional é preciso começar e esse foi o primeiro em que as várias entidades multiprofissionais se uniram. “Continu- Fotos: Celso Pupo Fotos do Fórum Auditório do IDF Fórum, em Foz do Iguaçu Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 O Desafio da Primeira Edição do Fórum Internacional da IDF Dr. Balduino Tschiedel, presidente do IDF Fórum Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 10 Mesa de abertura Vídeo Reuniões paralelas Atividade física com os participantes do evento ram montados grupos de estudo. A partir dessa dinâmica, os participantes não só faziam uma opção de conversar e trocar informações dentro de cada sala quanto nos intervalos, que não pareciam suficientes para tantos assuntos. Era comum ver conversas e planejamento entre gestores, especialistas e pacientes na hora do coffee break, no estande da SBD. Também foi notório a interação entre participantes de várias gerações, em especial os membros do IDF Young Leaders, que têm sido mais constante nos últimos encontros da SBD. Em diversas apresentações, observou-se uma mistura de linguagens técnicas com relatos de experiências vividas pelos especialistas. Nos simpósios, foram incluídas descrições importantes como as do Dr. Mauro Scharf, mencionando um grupo de médicos e diabéticos que iria participar de uma escalada para testar glicosímetros em condições adversas; apresentação de softwares para o monitoramento do diabetes usando smartphones, pela Dra. Karla Mello; e dieta mediterrânea com o Dr. Jorge Luiz Gross. Em paralelo, havia atividades lúdicas para que o médico pudesse repensar sua forma de lidar com o paciente e sua equipe de trabalho. Usando a mágica, o cardiologista formado pela Unicamp, Dr. Jamiro Wanderley fez os médicos refletirem se suas condutas com seus grupos e pacientes seriam as mais adequadas. O título da palestra, “Conversando com quem conversa”, despertava curiosidade dos congressistas. O Dr. Jamiro argumentou, entre outras coisas, que nem sempre é fácil fazer o que se cobra dos pacientes. “Será que damos o exemplo?”, perguntou. E se é para dar o exemplo, alguns dos especialistas saíram na frente. Na manhã fria de Foz do Iguaçu, eles levantaram cedo para fazer uma caminhada na área interna do hotel. Atividade física é fundamental não só para o tratamento do diabetes, mas para uma melhor qualidade de vida. Salas lotadas para algumas das apresentações davam os sinais de preferências. Uma delas foi a apresentação do Dr. Jorge Luiz Gross, que teve como tema central a dieta mediterrânea, abordada numa das reportagens dessa edição da Revista (páginas 14 e 15). O mesmo para temas como obesidade, pré-diabetes, tecnologia, guidelines de tratamento, cirurgia bariátrica e novas insulinas. Além dos temas científicos, um deles faz parte de futuros projetos da SBD: Planejamento para Desastres Naturais. O Dr. Ammar Ibrahim, da República Dominicana, falou sobre o assunto no Fórum e enfatizou que é preciso ter uma estratégia pronta. “Não podemos esperar a catástrofe para planejar. É preciso se antecipar para usar o planejamento no momento certo.” Cada vez mais, surgem opções para que dados e informações estejam acessíveis e de forma simples. Sessenta e duas apresentações do Fórum estão no site da SBD, com acesso direto para os webcasts pela homepage. Com isso, os participantes podem interagir ainda mais durante as atividades, com a possibilidade de um acesso ao conteúdo posteriormente. Surge uma nova forma de acompanhar e participar dos eventos científicos, com as novas tecnologias sendo disponibilizadas ao mesmo tempo que se torna fundamental a presença e o debate presencial. O balanço dos resultados foi muito positivo, incluindo participação nacional e internacional, interação com a plateia diversificada, repercussão nas redes sociais e atualização pós-evento. Tudo está pronto e estruturado para a segunda edição em 2016. n Vídeo aremos com esse formato, tendo sempre um enfoque científico, um de translação (da passagem da informação científica para o paciente) e um lúdico (reunindo entidades de pacientes, secretários de saúde e representantes do Ministério da Saúde)”, explicou o endocrinologista. Dados Mundiais – O crescimento do diabetes na América Latina foi um dos pontos abordados pelo presidente da IDF. Dr. Michael Hirst também, apresentou números globais da doença: 382 milhões de diabéticos em 2013 e perspectivas de 592 milhões em 2035. Nos gastos, um informe importante para mobilização dos governos e motivo de bastante preocupação. Foram 548 bilhões de dólares em 2013 e serão 627 bilhões em 2035. Para o presidente, é fundamental unir forças e fazer alianças entre as associações da América Latina. Ele citou um futuro acordo de cooperação entre IDF e a IDF-SACA para situações de desastres naturais, por exemplo, e um levantamento epidemiológico entre os países. O presidente da IDF lembrou aos participantes que é importante compartilhar as informações através das publicações da entidade, como a Diabetes Voice. Entre as metas traçadas pela IDF estão: a redução do consumo do sal em 30%; redução da inatividade em 10%; aumento do uso de tecnologia em 80%; entre outros. Uma comemoração especial da Comissão do Dia Mundial do Diabetes, presidida pelo Dr. Márcio Krakauer, quando o presidente da IDF mostrou um slide com ações mundiais e a foto central era do Maracanã iluminado de azul. Programação Diversificada – Com as três atividades paralelas, os participantes se dividiram com debates que incluíram educação em diabetes e uma conversa com gestores de saúde. Além disso, fo- Referência Nacional Os 20 anos do CEDEBA Por Flavia Garcia* O Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes e Endocrinologia da Bahia (CEDEBA) completou 20 anos de existência. Inaugurado em 24 de março de 1994, o CEDEBA funciona, atualmente, no 3º andar do Centro de Atenção a Saúde Professor José Maria de Magalhães Netto (CAS) da SESAB. A Dra. Reine Marie Chaves é a fundadora e diretora do Centro, que tem como compromisso a busca incessante pela qualidade total no atendimento ao paciente no serviço público. Na ocasião do aniversário, a diretora proferiu a palestra “Duas Décadas de Avanços e Conquistas” e agradeceu servidores e autoridades, entregando-lhes uma placa comemorativa com a mensagem: “CEDEBA, 20 anos fazendo a diferença na Saúde Pública da Bahia”. A Dra. Reine lembra que os desafios são cotidianos, mas a vontade de crescer é o que faz a equipe superá-los. Segundo ela, o CEDEBA é a primeira escolha na Bahia para a Residência em Endocrinologia. “Queremos avançar para a Residência multiprofissional e cursos de pós-graduação”, afirma. Cerca de 1.500 pessoas são atendidas diariamente no Serviço, que recebe pacientes de todos os municípios do estado. “Acredito que o CEDEBA é uma missão da minha vida e gratifica-me saber que temos hoje quase 70.000 pacientes registrados”, completa a Dra. Reine, informando que o Centro possui 35 endocrinologistas, 52 médicos e 282 profissionais. O aposentado José Florêncio da Costa é um dos pacientes acompanhados pelo CEDEBA. Com 74 anos, de idade, o senhor José Florêncio frequenta o local há seis. Ele usa insulina há 20 anos e descobriu a doença como a maioria dos pacientes: por acaso. O aposentado lembra que sentia muita sede, fome e urinava muito, até que um dia sua esposa reclamou das formigas que estavam tomando conta do banheiro. Ele Dra. Reine Marie Chaves José Florêncio da Costa afirma que se cuida desde o diagnóstico. “Eu me cuido porque quero ficar inteirinho, sem perder pés e pernas”, comenta. Além de cuidar da alimentação e usar a medicação, o senhor José faz uma hora de caminhada três vezes por semana. Tudo conforme orientações médicas. “O que mata o diabético é a boca. Não tem médico, nem remédio que controle o diabético rebelde”, brinca o paciente. Nascido na cidade de Goiana (PE), seguiu para trabalhar em São Paulo há 36 anos, e depois foi para a Bahia, em 1978. De tão entrosado com o Centro, ele brinca que não quer voltar para sua terra “para não perder a assistência do CEDEBA, o maior dos meus instrutores. Aqui as palestras excelentes ajudam a reeducar o diabético.” Qual “o segredo” do CEDEBA? “Ter coragem para enfrentar o frio dos corações incrédulos sem perder o rumo; determinação, paciência e sabedoria para ultrapassar os obstáculos; tolerância para suportar quem tiver que carregar e fé para não perder a esperança”, afirma a Dra. Reine. O Centro vem garantindo assistência especializada nas áreas de diabetes, obesidade e outras endocrinopatias, como referência para a Rede Básica de Saúde do Estado. Ele nasceu pequeno, mas, aos poucos, foi obtendo reconhecimentos na Bahia, no Brasil e no mundo, utilizando a educação do paciente como a principal chave para o controle da doença, com oficinas constantes para adultos e crianças. Através de convênios de cooperação técnica, o CEDEBA tem desenvolvido projetos junto à SBD, International Diabetes Center (IDC), de Mineápolis (EUA), Associação Latino-Americana de Diabetes (ALAD), Ministério da Saúde e Universidade Federal da Bahia, visando desenvolver modelos de assistência e protocolos clínicos para a Saúde Pública do Estado. Sua produção de materiais educativos é vasta e o trabalho de educação atende também às demandas do interior da Bahia. A Cartilha Multimídia em Diabetes, para os agentes de saúde, e o jogo Contando Carboidratos, para o público infantil, são exemplos de produtos de excelência desenvolvidos pelo CEDEBA. Depois de capacitar profissionais da Bahia e do Brasil, o Serviço levou sua experiência para outros países de língua portuguesa como Moçambique e Guiné Bissau, e foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o 1º centro colaborador para atenção ao diabetes no Brasil, o 3º da América Latina e 24º do mundo. n * Colaboração: Ana Maria Vieira – Assessoria de Imprensa do CEDEBA. Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 11 Homenagem Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 12 Mães e Médicas com Diabetes S er mãe é o desejo da maioria das mulheres, mas a maternidade é uma caixinha de surpresas e a única certeza é de que muda a vida de qualquer pessoa. E se não há tempo suficiente sem filhos, imagina quando eles chegam? Mas será mesmo? – Levando em consideração que a medicina é uma profissão, em geral, com uma escala de trabalho de atenção ao paciente 24 horas por dia e sete dias por semana, imagina, então, a rotina de uma médica, mãe e com diabetes. A Revista Diabetes ouviu três endocrinologistas que têm tudo isso incluído em sua rotina de vida para saber como elas conseguem conciliar o cuidado com os filhos, os pacientes e sua própria saúde. É interessante notar como o dia das mães Ana Claudia Ramalho (BA), Solange Travassos (RJ) e Keli Morelo Rocha (RJ) parece que tem bem mais horas do que o normal. Dra. Ana Claudia Ramalho (Salvador, BA) “T arefa difícil ser mãe, diabética e médica, mas meus filhos são fofos e é maravilhoso viver isso.” Assim a Dra. Ana Claudia define seu perfil. Ela tem 47 anos, com 33 de diabetes tipo 1, e dois filhos. Engravidou pela primeira vez aos 37 anos, mas teve um aborto natural e somente depois de dois anos começava a gestação da sua primogênita. Mãe da Giovana, de 6 anos, e do Pedro, de 2 anos, a Dra. Ana Claudia afirma que seu maior medo em relação às gestações era ligado à sua idade, não ao diabetes. Sua rotina diária é bastante intensa, já que a médica não abre mão de cuidar de seus filhos. “Tenho um ritmo de vida inacreditável. Corro às 5h da manhã e depois arrumo os filhos para irem à escola. Acho importante dar banho, buscar no colégio, colocar para dormir, fazer o dever de casa com eles, preparar o prato da refeição, conversar, conversar, conversar... Para fazer tudo isso e ainda continuar investindo na profissão não é fácil, mas quando escolhemos ter um filho é preciso cuidar deles para colocarmos pessoas segu- ras e mais felizes no mundo”, afirma. A Dra. Ana Claudia faz todo o possível para manter o diabetes sob controle, mas comenta perceber alguns deslizes com sua saúde depois que teve os filhos. “Como não tenho babá, quando saio com meu marido e filhos às vezes percebo que me esqueci de pegar algum carboidrato, para o caso de ter uma hipoglicemia, por exemplo. Além disso, o controle da minha glicemia é feito das formas mais dinâmicas possíveis e sempre quando faço outras coisas também”, comenta. Em relação aos cuidados com a saúde dos filhos, ela afirma que os orienta sobre a alimentação saudável e prática de atividades físicas. “Eles comem fruta e verdura todos os dias e praticam natação. Não para prevenção do diabetes, mas porque é uma excelente escolha em todos os aspectos”, completa ela, afirmando que não tem medo que os filhos tenham diabetes. “Tenho diabetes tipo 1 que não é hereditário. Eles sabem o que é diabetes, mas não existe pressão sobre isso com eles. Estimulo uma vida saudável por vários motivos”, finaliza. n Dra. Solange Travassos (Rio de Janeiro, RJ) C om diabetes tipo 1 desde os 14 anos, a Dra. Solange Travassos está com 42 anos e também tem dois filhos: a Maria Eduarda, com 14 anos, e o João Pedro, com 9 anos. Ela engravidou pela primeira vez em 1998 e lembra que, durante as duas gestações, mediu a glicemia de 8 a 12 vezes por dia e sempre cuidou muito de sua alimentação. Além das consultas e exames do pré-natal de rotina, fazia um exame de mapeamento de retina a cada trimestre. “Meu diabetes sempre foi bem controlado e não tenho nenhuma complicação, mas mesmo assim tinha receio de problemas com o bebê”, lembra. Atualmente a médica está trabalhando em clínica privada, três dias na semana, com uma equipe multidisciplinar; é voluntária na UADERJ (União das Associações de Diabéticos do Estado do Rio de Janeiro); e coordena o Departamento de Saúde Ocular da SBD. Ela optou por abandonar o Serviço Público e a atividade docente até seus filhos esta- rem com mais idade. “Adoro minha família e a minha profissão e acho que consigo conciliar relativamente bem toda essa jornada”, completa. A médica comenta, também, que sempre que é possível leva os filhos para as viagens aos congressos, pois é uma forma de se manter próxima e presente na vida deles. A Dra. Solange conta que tem uma personal trainer para acompanhamento de atividades físicas três vezes por semana e, nos outros dias, tenta fazer exercícios diferentes - como, por exemplo, vôlei, corrida, bicicleta, musculação e exercício funcional - em horários variados. Assim, ela cuida da sua saúde e deixa o sedentarismo de lado na sua rotina. Aos filhos, ela incentiva uma alimentação adequada e a prática de atividade física. Para finalizar, ela comenta que mudanças na programação de trabalho - já que era professora da Gama Filho - proporcionaram mais tempo para se cuidar e acompanhar o crescimento dos filhos. n Dra. Keli Morelo Rocha (Rio de Janeiro, RJ) A endocrinologista Keli Rocha descobriu o diabetes tipo 1 aos 13 anos. Hoje, aos 38 anos, faz tudo o que pode para conciliar sua vida de mãe, médica e paciente. Ela mede a glicemia várias vezes ao dia, cuida muito da alimentação e pratica atividade física regular. Quando descobriu que estava grávida ela dobrou seus cuidados com alimentação e aumentou o número de testes de glicemia tanto durante o dia quanto na madrugada. Teve apenas medo de ter alguma complicação da gravidez com diabetes que pudesse afetar sua filha e ela mesma. Ela concilia a vida de médica e mãe sem descuidar da sua saúde. Depois do nascimento da pequena Maria Eduarda, hoje com 2 anos, a Dra. Keli diminuiu sua carga de trabalho. Ela acredita que nesse momento da vida o que mais importa é estar com a família e poder cuidar da sua filha e da sua saúde. Para isso, deixa a filha na creche em horário integral e durante esse período consegue ir à academia. Já nos fins de semana é brincadeira o tempo todo, principalmente ao ar livre, como ir à pracinha, andar de bicicleta etc. Apesar da pouca idade da pequena Maria Eduarda, a Dra Keli já toma todos os cuidados possíveis para prevenir o aparecimento do diabetes. A alimentação é bem equilibrada, além de incentivar as atividades físicas. Duas vezes por semana ela leva sua filha para as aulas de natação. Para a Dra. Keli, é fundamental estar sempre buscando maneiras para a filha se movimentar. É uma foma de demonstrar carinho com pequena Maria Eduarda desde cedo. n Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 13 Qualidade de Vida Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 14 Existe a Alimentação Ideal? N ão resta dúvida de que o interesse pelas dietas não é só uma preferência do público leigo ou dos jornalistas. Para confirmar isso, bastava observar o auditório lotado durante o IDF Forum, em Foz do Iguaçu, para acompanhar a conferência “Existe a Dieta Ideal?”, ministrada pelo Dr. Jorge Luiz Gross, Professor Titular do Departamento de Medicina Interna na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para o Dr. Gross existem evidências científicas disponíveis que fundamentam uma alimentação saudável. Mas o que é a alimentação ideal? Ela existe realmente? Existem evidências clínicas? O Dr. Gross afirma que é indiscutível que uma boa alimentação diminui a mortalidade geral, reduz a doença cardiovascular, o número de novos casos de diabetes e de câncer. A alimentação deve fazer parte de um estilo de vida saudável, que inclui o exercício físico, sono de cerca de oito horas diárias, manter o hábito de fumar bem distante, assim como o consumo de Dr. Jorge Luiz Gross drogas ilícitas. A manutenção do peso ideal é também um item importante para o controle da pressão arterial e do perfil lipídico. “É bom deixar claro que, segundo as pesquisas, é um mito que exista o aumento de peso saudável”, explicou o endocrinologista. Um dos pontos que destaca, entre as boas escolhas, está a Dieta Mediterrânea. Além de pesquisador nesse segmento, o Dr. Gross adotou há algum tempo a Dieta Mediterrânea em seu dia a dia e usufrui dos vários pontos positivos deste tipo de alimentação, ou melhor, desse estilo de vida. Há milhões de informações sobre a Dieta Mediterrânea espalhadas pela internet. Em uma busca simplificada no Google foram encontrados 1.430.000 resultados em 0,28 segundos. Além de famosa no mundo inteiro, é considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. A candidatura foi apresentada por Chipre, Croácia, Espanha, Grécia, Itália, Marrocos e Portugal e aprovada na 8ª sessão do Comitê do Patrimônio Imaterial em Baku, no Azerbaijão. A definição da Dieta Mediterrânica envolve mais do que um cardápio e alimentação específicos. É considerada um conjunto de conhecimentos, rituais, símbolos e tradições. Seu princípio tem como base o consumo de frutas, nozes, vegetais, azeite de oliva e o mais importante: a redução da carne vermelha. Do ponto de vista quantitativo inclui: 50 ml/dia de azeite de oliva; 30 g/semana de nozes, castanhas e amêndoas; três porções – ou 125 g - por dia de frutas frescas e vegetais; 125 g/dia de legumes, peixes e frutos do mar; e, por fim, um tipo de molho soflito, feito com alho, ervas, tomate e cebola, cozido com azeite de oliva extra virgem. Em relação à comprovação científica, o Dr. Gross explica que existem dadosque mostram que Dieta Mediterrânea reduz a mortalidade como um todo, as doenças cerebrovasculares, o risco de desenvolver diabetes, doenças coronarianas e o declínio cognitivo. Adotar a dieta também reduz o aparecimento de diversas doenças, além de ter sido observado nas pesquisas um retardo no envelhecimento. Um dos estudos foi conduzido por Estruch, em 2013 – Primary Prevention of Cardiovascular Disease with a Mediterranean Diet –, no qual observou-se a redução significativa da doença cardiovascular. Homens com mais de 70 anos, com diabetes, dislipidemias e hipertensão também foram os mais beneficiados. A Dieta diminui o risco de câncer em cerca de 10%, de acordo com uma recente metanálise online. A ingestão de nozes e azeite de oliva Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 15 reduz o número de novos casos de diabetes em 31% e em relação à obesidade, ajuda na perda e manutenção de peso por um período de dois anos. Algumas dúvidas foram colocadas pela plateia ao final da apresentação quanto à adoção da Dieta Mediterrânea. Questionou-se sobre os tipos disponíveis de alimentos e a nossa realidade. Será que o brasileiro teria condições econômicas para a aquisição de itens dessa dieta? Para o Dr. Gross, com exceção do azeite de oliva, os demais, inclusive a castanha, são encontrados facilmente no Brasil. Ou seja, esse não seria um motivo para não adotar essa alimentação. Pontos da Dieta Ideal – A composição de uma dieta saudável inclui, também, a distribuição das refeições ao longo do dia. “O café da manhã é a mais importante; o almoço não deve ser após às 15h, mesmo com o consumo das mesmas calorias; o jantar não deve ser próximo da hora de se deitar, pelo refluxo e pelo aproveitamento maior daquela refeição; e a adoção de lanches é um tema controverso.” Exemplificando uma dieta ideal, a composição seria: Café da manhã: 1 xícara de café com leite, 2 fatias de pão integral normal, mel/ frios magros, queijo de minas ou ricota e uma fruta. Almoço: Salada de tomate, alface, palmito com óleo de oliva, 100 g de peixe grelhado ou frango (na preferência do especialista mais peixe do que frango), 2 colheres de sopa de vagem e cenoura, 3 colheres de sopa de brócolis, 3 frutas, 1 cafezinho ou chá verde com mel. Lanche por volta das 17h: 1 iogurte desnatado. Jantar: Igual ao almoço + 30 g de nozes, castanhas ou amêndoas, 1 copa de vinho (3 a 4 vezes por semana, não mais do que isso) e 50 g de chocolate amargo (70%). O especialista levanta um ponto polêmico que é a não inclusão de lanches na dieta e recomenda apenas um no fim do dia, entre o almoço e o jantar. Para o Dr. Gross, a opção de adotar “lanches” deve ser avaliada de acordo com o comportamento e o estilo de vida de cada um. Mitos, restrições e comportamento foram outras abordagens. O Dr. Gross apresentou um estudo clínico – “Patient-Related Diet and Exercise Counseling: Do Providers’ Own Lifestyle Habits Matter” – mostrando a importância dos pacientes serem influenciados pelo estilo de vida do profissional de saúde que os atende, o que aumenta a responsabilidade. Consumo de frutas associado ao menor risco de desenvolver o diabetes; uso de laticínios como fonte de cálcio; moderação na ingestão de carnes nas refeições; e cuidados com sal e o açúcar também estiveram entre outras colocações na apresentação pode ser vista na área de webmeetings no site da SBD. O que parece ser opinião geral, comprovada cientificamente e compartilhada pelo Dr. Gross, é que hábitos alimentares saudáveis, especialmente a Dieta Mediterrânea, reduzem as doenças crônicas e a mortalidade e o declínio cognitivo, inclusive em indivíduos idosos. Pelos questionamentos e colocações durante a conferência, ficou claro que alguns posicionamentos não são consenso entre os profissionais de saúde, mostrando que o assunto ainda precisará de muito debate e mais pesquisas. n Saudade Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 16 N o dia 10 de abril de 2014 a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná (FMUPR) perdeu um de seus grandes mestres. Faleceu, aos 103 anos, o Professor e Dr. Atlântido Borba Cortes. Formado em Medicina pela FMUPR em 1936, o Dr. Atlântido havia sido acadêmico-interno da Santa Casa de Misericórdia desde o início de sua graduação, em 1929. Depois de formado, passou em um concurso para se tornar médico do Exército, posição que mais tarde lhe rendeu uma condecoração com a medalha “Esforço de Guerra”, pelo Governo Brasileiro. Atlântido Borba Cortes é reconhecido como o primeiro endocrinologista do Paraná. Em 1949, conquistou a cadeira de Clínica Médica, com a sua tese “Alguns Aspectos do Bócio Endêmico”, e em 1956 frequentou os serviços de diabetes da Joslin Clinic e de tireoide do Massachussets General Hospital (com o Prof. J.B. Stanbury). Posteriormente, como chefe do departamento de Clínica Médica da UFPR, criou, entre outras, a Disciplina Endocrinologia que, a partir de então, se tornou o principal centro formador de especialistas no Estado do Paraná. Em 1968, por iniciativa do Prof. Atlântido, foi criado o serviço de Medicina Nuclear do Hospital de Clínicas da UFPR. Ele foi, ainda, diretor da Faculdade de Medicina Federal do Paraná, enquanto ocupava o cargo de reitor da instituição. Membro fundador da Academia Paranaense de Medicina, foi fundador da Sociedade Paranaense de Tisiologia e Doenças Torácicas. Como presidente da Regional do Paraná da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia por três mandatos, o médico incentivou seu caráter de Dociedade atuante e centro de motivação e formação para novos endocrinologistas. Dr. Atlântido aposentou-se em 1981. Amor Além da Vida – Um fato triste e curioso, porém identificado em diversos estudos internacionais, foi que a esposa do profes- sor Atlântido, conhecida carinhosamente como Mariquita, faleceu uma semana após o médico, depois de 76 anos de casamento. Muitas são as histórias de casais que morrem em um curto espaço de tempo. “Parece que quando um marido ou sua mulher falecem, aumentam muito as chances de o outro morrer em um espaço de tempo de até um ano”, segundo o Dr. Ilan Wittstein, professor assistente na Faculdade de Medicina Johns Hopkins, Baltimore. O Dr. Wittstein é um cardiologista que estuda os efeitos do estresse emocional no coração e diz que os hormônios do estresse podem causar danos ao músculo do coração. Para ele, isso é mais do que uma coincidência. “O estresse cardiopata, coloquialmente conhecido como Síndrome do Coração Partido, enfraquece o coração, diminuindo suas taxas de bombeamento do sangue. Normalmente as pessoas se recuperam de síndromes assim, mas se a pessoa já estiver enfraquecida, ela pode morrer”, afirma o pesquisador. Com o passar dos anos, outros especialistas já sugeriram múltiplas explicações para casais que morrem em períodos próximos, que vão de explicações espirituais (duas almas são tão próximas que não podem ser separadas pela morte) a explicações mais racionais (corações literalmente partidos por questões médicas ou pelo luto). Um estudo publicado em junho de 2013 no “Journal of Nursing Reaserach” mostrou que a “viuvez”, doenças crônicas e funções físicas estão fortemente associadas com o risco de morte na população idosa. O Dr. David Casarett, diretor médico de cuidado paliativo do sistema de saúde da Universidade da Pensilvânia, diz que “não há questionamento no fato de que o amor leva a uma conexão física e psicológica muito grande. Pesquisas mostram que casais se tornam mais íntimos com o passar dos anos, ao ponto em que, ao estarem deitados para dormir, seus corações batem no mesmo ritmo”. n Com a palavra, Dr. Edgar Niclewicz Dr. Edgard Niclewicz, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, foi aluno dele e lembra como o mestre influenciou sua vida pessoal e profissional: “O professor Atlântido foi o mentor de vários endocrinologistas atuais como, por exemplo, Dr. Ledo Maciel (já falecido), Guido Ludwig, Luiz de Lacerda, entre outros, aos quais me incluo. Exemplo de médico e de dedicação ao paciente, nos formou com o espírito de clínico. Ou seja, para ser um endocrinologista teria que ser um excelente clínico primeiro. E, então, nos formamos. Tive a experiência de viajar com o professor, ao lado de nossas esposas, por vários países deste mundo, sempre visando os Congressos de Diabetes, que era a subespecialidade que ele mais gostava. Posso dizer que ele me inspirou muito, tanto na medicina como em ser uma pessoa digna e dedicada ao seu paciente. Em 1994, fez o Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, em Curitiba, que foi um sucesso, após esse evento passou a ser um nome de reconhecimento nacional e querido por todos. Muito ligado à sua esposa Mariquita, infelizmente não teve filhos e deixou esta herança para todos nós, inclusive para mim. Temos muitas saudades dele. Um exemplo de homem digno, honesto e inteiramente dedicado à sua profissão.” Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 Homenagem ao Dr. Atlântido Borba Cortes 17 Integração Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 18 Uma Nova Comissão na SBD na Área de Comunicação D entro da linha de trabalho da nova diretoria da SBD estava a composição da Comissão Editorial. Esse grupo foi proposto pelo Dr. Walter Minicucci quando assumiu a presidência este ano e tem como objetivos reunir todos os veículos de comunicação da entidade para um trabalho em conjunto. Em gestões anteriores, o Dr. Minicucci ocupou cargos como editor do site da SBD e da Revista Diabetes (sendo o criador da publicação), na gestão do Dr. Marcos Tambascia. Ele acredita que é fundamental a unificação das atividades. Para o presidente, o grupo tem como meta o crescimento da área de comunicação da SBD, que só trará benefícios a todos os segmentos da entidade. No início de abril foi realizada a primeira reunião da Comissão na sede, em São Paulo, com a presença dos médicos envolvidos e das equipes de trabalho que assessoram os veículos de comunicação. Alguns membros da Comissão Editorial A coordenação da Comissão, assim como o site da SBD, é do Dr. Minicucci e tem os seguintes membros: Dr. Leão Zagury, editor da Revista Diabetes; Dr. Rodrigo Lamounier, co-editor do site da SBD; Dr. Laerte Damaceno, coordenador das mídias sociais e Educação Médica à Distância; Dr. Augusto Pimazoni, coordenador de conteúdo do site; e as equipes da Conectando Pessoas (site e redes sociais) e DC Press (Revista Diabetes e Dia Mundial do Diabetes). A partir do encontro, a Comissão começou a trocar e-mails para que todo o grupo fique a par das atividades de todos os veículos. A intenção é que esse processo se intensifique e exista uma ligação mais forte entre os assuntos abordados. Um dos pontos destacados na reunião está a importância do envolvimento dos Departamentos e Regionais da SBD, para que atividades, eventos e ações realizadas possam ganhar mais divulgação entre os associados. Um boletim será enviado regularmente aos associados para incentivar essa participação mais constante. A Comissão amplia o pedido aos associados que estiverem realizando ações em suas cidades. Para o presidente Dr. Minicucci e demais membros da Comissão, trata-se de um trabalho a médio prazo, mas que precisa ser feito de maneira uniforme. Para que isso ocorra, o grupo discutiu, também, as linhas editoriais de cada um dos veículos da SBD. O site e redes sociais da SBD têm como objetivo atingir a três áreas – profissional de saúde, grande público e a imprensa. Com um alcance amplo, o www.diabetes.org.br é um espaço de debate aberto que deve ampliar a visibilidade da SBD. A Revista Diabetes tem como público-alvo os associados, entretanto não tem como linha editorial principal a área científica, papel ocupado pelo DSM&Journal e pelos Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. A publicação pretende ser um elo entre os associados de todo o país, ampliando laços de amizade e apresentando um lado mais humano dos profissionais de saúde. O Dr. Leão, editor da publicação, explica que procura dar espaço para trabalhos sociais, jovens especialistas, sócios do interior do país etc., além dos grandes nomes da Sociedade. Entre as abordagens estão esclarecimentos de reportagens veiculadas na mídia; divulgação de eventos científicos; além de manter os associados informados sobre o trabalho administrativo desenvolvido pela SBD. A comissão ainda está em fase de adaptação do novo ritmo de trabalho e já pensa em reuniões regulares para alinhar melhor os trabalhos de todo o grupo. n Diabetes 2015 Próxima Parada: Porto Alegre Preparativos para mais uma edição do Congresso da SBD estão em andamento A pós 18 anos, o Congresso da SBD retornará para a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Apesar de faltar mais de um ano para a sua realização, os preparativos já estão acontecendo. Especialistas dos quatro cantos do país já podem marcar nas suas agendas o compromisso para os dias 11, 12 e 13 de novembro de 2015, nos quais poderão se concentrar no Sul do Brasil e desfrutar de mais uma grande reunião entre diversos especialistas na área de diabetes no mundo. A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS) foi o local escolhido para receber o Congresso e seus participantes. De acordo com o presidente do evento, Dr. Balduíno Tschiedel, visitas frequentes estão sendo realizadas para a idealização de como será esquematizado o projeto e todos os preparativos. A cidade de Porto Alegre recebeu a XI edição do evento, no Centro de Convenções do Hotel Plaza São Rafael, em setembro de 1997. A escolha do local foi atribuída às suas estruturas físicas e sociais: “Cada Congresso é realizado em uma cidade, e desde 1997 não se realizava em Porto Alegre. Claro que havia outras também pleiteando, mas con- seguimos, com muito esforço, mostrar aos associados que era a nossa vez, novamente, e que Porto Alegre tem plenas condições em termos de infraestrutura para realizar um evento de tal porte”, declarou o presidente do Diabetes 2015. O Congresso ainda não possui um tema central específico. O Dr. Balduíno esclareceu que assuntos relacionados a todas as áreas da Diabetologia serão levantados na programação científica. Os preparativos começaram desde o final do ano passado e tudo está sendo planejado com cuidado e dedicação: “Tanto a Comissão Organizadora como a Comissão Científica são presididas pelo Dr. Marcello Bertoluci, que tem organizado reuniões regulares desde então. A grade científica está estruturada, com as salas elencadas e os horários organizados. A programação social também já está entre as atividades e tem os locais devidamente reservados”, explicou o especialista. O site oficial do evento está em fase de finalização e assim que estiver online, os associados da SBD serão informados pelos diversos canais de comunicação da entidade. Logomarca – De acordo com o Dr. Balduíno, a logomarca do evento tem semelhanças à do evento em 1997, mas terá formato diferente. “Em relação à marca do Congresso, ela ainda não é definitiva, mas é certo que terá o ‘Laçador’ como ponto principal. Certamente a escolha do Laçador deve-se ao fato de que esse monumento é sempre escolhido nas votações populares como o símbolo de Porto Alegre. Mas, estar semelhante à do Congresso de 1997, brilhantemente organizado pelo Prof. Jorge Gross, certamente é motivo de orgulho para nós, e não deixará de ser uma homenagem também”, explicou. A Cidade – Fundada em 1772, a cidade de Porto Alegre é conhecida como um dos melhores lugares para se morar no país, além de ser referência em áreas empresariais, lazer e entretenimento. Nos momentos de lazer, os participantes do Congresso poderão desfrutar de diversos pontos turísticos. Alguns deles são: Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Templo de Porto Alegre, Museu Júlio de Castilhos, Jardim Botânico de Porto Alegre; e os amantes do futebol ainda poderão incluir um passeio até o estádio Beira Rio, que foi reformado para a Copa do Mundo. Ao longo das próximas edições, a Revista Diabetes irá acompanhar o passo a passo na evolução dos trabalhos na organização do evento. n Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 19 Colunista Convidado Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 20 Uma Breve História do Diabetes Dr. Josivan Gomes de Lima Dra. Natália Nóbrega de Lima M adhumena, chan-thu-king, poliú­ ria, diarreia da urina, dypsakos, leiouria... Todos esses termos aparentemente desconhecidos significam uma doença muito conhecida por todos: Diabetes. Apesar de seus sintomas já terem sido descritos por vários estudiosos da Antiguidade, principalmente nas civilizações orientais, ainda é muito obscura a origem do tão difundido termo “diabetes” ou “diabeinein” em grego, que significa “fluir através de um sifão”, pois se acreditava que toda a água ingerida pelo paciente seria rapidamente eliminada, como se estivesse passando através de um sifão. Areteu da Capadócia parece ter sido o primeiro a utilizar o termo, mas explicava o diabetes como uma desordem estomacal. Outros possíveis candidatos a terem denominado a doença são Apolonio de Menfis e Demétrio de Apamea. Quanto à descrição dos achados clínicos, foi encontrado no Egito um papiro dentro de uma tumba relatando sintomas como “urinar demais” e “ter muita sede”, que foi escrito por volta de 1150 a.C., sugerindo ervas para o tratamento. Entretanto, foi a medicina indiana, no livro Veda, que mencionou o fato da urina atrair moscas e formigas, levando o médico Sushruta a chamar a doença de “Madhumena”, que significa “urina de mel”. Os árabes também deram sua contribuição. Avicena estabeleceu a primeira diferenciação clara do que hoje poderíamos considerar diabetes insipidus e diabetes mellitus, além de observar nestes pacientes diabéticos a presença de gangrena, carbúnculos e de déficits físicos, mentais e sexuais, sintomas até então desconhecidos. Apesar das informações encontradas na cultura oriental, poucos dados são descritos em textos ocidentais. Hipócrates não relata nada sobre diabetes e Galeno atribui a doença a um problema nos rins que não conseguiam reter a água, comparando com o que acontece no intestino nos casos de disenteria. A possível baixa prevalência da doença na época e/ou o incêndio na biblioteca de Alexandria, eliminando textos sobre o assunto, podem ter sido motivos para a escassez de material histórico sobre a doença. Aulo Cornélio Celso, enciclopedista e médico romano, um dos poucos da antiguidade clássica a descrever diabetes, já recomendava alimentação saudável e exercícios físicos para o controle da doença, assim como se faz até hoje. Alguns séculos depois, no final da idade média, o médico suíço-alemão apelidado de Paracelso, que significa “superior a Celso”, sugeriu que diabetes seria decorrente de uma modificação da composição do sangue, contendo uma substância que agiria sobre os rins, alterando sua função. Ele destilou a urina em busca dessa substância e encontrou cristais. Outros médicos do período renascentista estudaram a urina e o sangue dos pacientes, muitos chegando até a prová-los e identificar o sabor adocicado. Claude Bernard, no século XIX, sem dúvidas, foi um dos grandes contribuintes para a história do diabetes. Em seus estudos, observou que pessoas em jejum durante vários dias ainda possuíam glicose no sangue. Mediu a glicose em alguns órgãos e encontrou no fígado, concluindo que este poderia armazená-la. Em outro experimento, percebeu que a quantidade de glicose hepática medida em um dia era superior à do dia anterior, afirmando então que o fígado não só armazenava como também produzia glicose. Foi o primeiro a utilizar o termo glicogênio. A partir desses achados, Claude Bernard derrubou duas teorias vigentes na época: a de que cada órgão possuía apenas uma função e de que o organismo não era capaz de produzir nutrientes. Em 1869, em Berlim, Paul Langer­hans apresentou sua tese de graduação intitulada “Contribuições para a anatomia microscópica do pâncreas”, descrevendo a microscopia das ilhotas, mas não relatando sobre sua função. Ainda na Alemanha, em 1889, o professor de farmacologia Joseph von Mehring e o jovem médico Oscar Minkowski, visando estudar o papel do pâncreas na digestão de gorduras, fizeram pancreatectomia em alguns cães e observaram que eles apresentavam sintomas muito semelhantes aos pacientes com diabetes. Concluíram que diabetes seria um problema pancreático. A partir daí, vários estudos foram feitos visando encontrar um tratamento eficaz para diabetes. Em 1921, um jovem médico canadense chamado Frederick Banting procurou o apoio de John MacLeod, um professor de fisiologia da Universidade de Toronto que estava com uma viagem de férias programada e disponibilizou seu laboratório, 10 cães e um estudante de medicina chamado Charles H. Best para auxiliar. Após vários dias de trabalho intenso, inclusive comendo e dormindo no laboratório, Banting e Best conseguiram manter cães diabéticos vivos e sadios injetando um extrato de ilhotas de Langerhans. Vendo esses resultados iniciais, MacLeod retornou ao seu laboratório e passou a dedicar toda a sua equipe no intuito de aperfeiçoar o extrato antidiabético. Apesar de eficaz, a purificação ainda era um problema e diante disso, MacLeod convidou o bioquímico James B. Collip, que melhorou e purificou a composição química com resultados muito satisfatórios. Estava descoberta a insulina. Leonard Thompson, um garoto de 14 anos, foi o primeiro a se beneficiar do tratamento. Collip decidiu não compartilhar com os demais pesquisadores as informações a respeito de como havia purificado o extrato. Isto levou a um confronto entre Collip e Banting, que, segundo relatos da época, culminou em agressões físicas. Apenas dois anos depois (1923), foi outorgado o prêmio Nobel devido à descoberta da insulina. Para a surpresa de todos, apenas o Dr. Banting e o fisiologista MacLeod, dono do laboratório, foram contemplados, desconsiderando o trabalho de Best e de Collip. A fim de reverter essa grande injustiça, Banting dividiu seu prêmio com Best, e MacLeod, com Collip. No entanto, depois do drama por trás da descoberta da insulina, o laço que existia entre esses cientistas foi perdido, e o grupo se dissociou. Nas décadas seguintes, inúmeros medicamentos foram desenvolvidos, e atualmente, a qualidade de vida dos pacientes é muito melhor. Entretanto, como todo o tratamento disponível é baseado apenas no controle da doença, a cura do diabetes é a nova meta da medicina contemporânea. n Ponto de Vista Foto: Ricardo Oliveira Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 21 Dr. Ney Cavalcanti Exames e Procedimentos Desnecessários O s custos crescentes da medicina é preocupação constante em todos os países do mundo. Eles vêm aumentando a níveis superiores aos da inflação, há anos. As razões são várias. Envelhecimento das populações, o que acarreta maior incidência de doenças complexas, que demandam maiores gastos; a descoberta de novos recursos diagnósticos e terapêuticos, quase sempre muito onerosos; a baixa qualidade da formação dos profissionais médicos. Outra razão muito importante é a solicitação de exames e procedimentos desnecessários. Os exemplos são numerosos. A avaliação da função tireoidiana, em mais de 95% dos casos, deve ser feita através de uma única determinação, a do TSH. No entanto, a maioria dos médicos solicita além da do TSH, o T4 e o T3. Outro erro e desperdício é a requisição de ultrassonografias da tireoide, sem que sequer a glândula seja palpável ou apresente um nódulo à palpação. É um procedimento que acarreta muito mais malefícios que benefícios. Também se erra quando se solicita as dosagens da ureia e da creatinina para avaliar a função renal. Na quase totalidade dos casos, apenas a última é necessária. Outro fator responsável por desperdícios é o desejo de muitos pacientes na solicitação do maior número de exames possíveis. Acredita que quanto mais exames fizer, melhor estará sendo atendido. Além disso, ele acha que os exames nada lhe custarão, pois serão pagos pelo seguro saúde. Ledo engano – A fatura lhe será cobrada no próximo reajuste. Por conta de tentar minimizar os elevados custos, uma fundação americana, a ABIM FOUNDATION, fez um convênio com as várias sociedades médicas de especialistas. A finalidade é de informar aos médicos e pacientes procedimentos médicos frequentemente realizados desnecessariamente. ”Escolhendo Inteligentemente” foi o nome apresentado para a lista desses erros. Cerca de 90 deles são apontados. Um dos mais frequentes é a realização do RX do tórax ou avaliação cardiológica pré-operatória. Está demonstrado que estas medidas não melhoram em nada a evolução dos pacientes e somente aumentam custos. As exceções seriam as dos doentes com história de doenças pulmonares ou cardíacas e idosos que irão se submeter a cirurgias complexas. Outra frequente conduta, e errada, é o uso de antibióticos para os chamados olhos vermelhos, as conjuntivites. Muito embora existam várias condições que possam acarretar o problema, na quase totalidade dos casos, eles decorrem de vírus ou alergias. Os antibióticos, além acarretar efeitos colaterais, não têm nenhuma utilidade. Mais um exame muito solicitado na prática médica é a densitometria óssea. A sua utilidade é avaliar se a perda óssea que a idade acarreta atingiu o estágio de osteoporose. Quando isto acontece existe um maior risco de fraturas. Ora, só um percentual não elevado das mulheres chega apresentar osteoporose e é rara entre os homens. Por outro lado ela praticamente só ocorre nos idosos. Desta maneira, a recomendação da fundação americana é que a densitometria seja realizado somente após os 65 anos para as mulheres e os 70 anos nos homens. Também afirmam ser errado repetir o exame com menos de dois anos de intervalo. Em pacientes mais jovens o exame só deverá ser solicitado se o médico identificar na avaliação clínica fatores de risco para que o problema possa surgir mais precocemente. Nesta intenção de minimizar custos, a sociedade americana de ginecologia afirma que a citologia vaginal para diagnosticar câncer uterino só precisa ser realizada a cada três anos. A decisão de extinguir, ou pelo menos diminuir, a realização de procedimentos desnecessários deve ser um objetivo permanente da sociedade. A redução dos custos com a saúde traz benefícios para todos: governos, seguros saúde e pacientes. Afinal, não existe almoço gratuito. n Pelo Brasil Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 22 Debate Mellitus A cidade de Joinville (SC) recebeu, no dia 10 de maio, o 1º Debate Mellitus, que teve como tema o diabetes gestacional. O evento foi organizado pelas regionais de Santa Catarina e do Paraná da SBD e presidido pelos doutores Fulvio Clemo Santos Thomazelli e Rosangela Roginski Rea. Contou, ainda, com o apoio da SBEM-SC. O evento reuniu cerca de 60 participantes. O Dr. Carlos Antonio Negrato, diretor do Departamento de Diabetes Gestacional da SBD, fez uma análise crítica das novas recomendações da Sociedade e abordou a insulinização no diabetes gestacional. Em seguida, o Dr. Fulvio Thomazelli abordou o uso de drogas orais no diabetes gestacional, Dr. Jean Carl Silva discorreu sobre a visão do obstetra e a Dra. Adriana Stribel falou sobre a monitorização glicêmica na gravidez. O debate foi finalizado com um Painel de Discussão Interdisciplinar com os doutores: Carlos Antonio Negrato, Jean Carl Silva e Rosangela Roginski Rea. O Dr. Luiz Antônio de Araújo representou a diretoria da SBD no evento. n Para Vencer o Diabetes A 16ª edição da Corrida para Vencer o Diabetes foi realizada em 25 de maio, em Porto Alegre (RS). Organizada pelo Instituto da Criança com Diabetes (ICD/RS), a tradicional competição anual é considerada o momento em que a instituição celebra a união de milhares de gaúchos em prol das mais de 2.600 crianças e jovens atendidos pelo ICD. A participação é aberta ao público, mediante a compra da camiseta utilizada na corrida. O valor arrecadado na venda das camisetas é totalmente destinado aos projetos do ICD e na melhoria contínua da sua infraestrutura. Desta forma, o participante contribui de forma real e solidária com o Instituto e ainda aproveita para treinar e praticar atividade física. As fotos do sucesso da corrida deste ano estão disponíveis na Fanpage no Facebook do ICD: https://www. facebook.com/icdrs n CATD 2014 M ais uma vez um bom público no Curso de Atualização no Tratamento do Diabetes, no Rio de Janeiro. A oitava edição do CATD trouxe para a programação científica convidados de outros estados, entre eles o Dr. Mario Saad, Dra. Rosangela Rea, Dr. Saulo Cavalcanti, Dr. Marcos Tambascia, Dr. Licio Velloso, Fábio Moura, Sergio Dib, Dr. Alexandre Hohl e Dr. João Eduardo Salles. Forum apresentadas duas novidades interessantes no evento, organizado pelos doutores Leão Zagury e Roberto Zagury, na área de relacionamento com os participantes. Um deles foi a transmissão do evento via internet e a outra a possibilidade de enviar perguntas via Whatsapp, trazendo as novas tecnologias para os eventos médicos. Para os organizadores uma das formas de melhorar a qualidade de vida dos pacientes é a revisão permanente dos conhecimentos e, por isso, a programação deste ano, entre outros pontos, procurou revisar aspectos fisiopatoló- gicos e a tecnologia disponível para os exames, novas insulinas, revisão de grandes estudos como o UKPDS e DCCT, atividade física e diabetes, pré-diabetes e algoritmos de tratamento. Procurando criar um clima leve para facilitar o aprendizado dos participantes, no início das atividades do CATD, o Dr. Leão Zagury presenteou o Dr. Mario Saad com uma camisa do Flamengo com seu nome impresso. O especialista já participou, inclusive, de uma reportagem na Revista, usando a camisa do clube carioca. n Congresso Paulista A conteceu, de 15 a 17 de maio, na cidade de Guarujá (SP), o 11º Congresso Paulista de Diabetes e Metabolismo (CPDM). O evento foi organizado pelos doutores Maria Lúcia Cardillo Corrêa Giannella (FMUSP), Marisa Passarelli (FMUSP), Sandra Roberta Ferreira Vívolo (FSP–USP) e Daniel Giannella-Neto (UNINOVE). Na programação foram explorados temas abordando aspectos moleculares e celulares envolvidos na gênese e evolução das diferentes formas de diabetes e de suas complicações e aspectos diretamente relacionados à prática clínica. n Educação em Diabetes V oltado para a capacitação de profissionais para o cuidado com diabetes, o V Encontro Catarinense de Educação em Diabetes aconteceu em 30 de maio, no Centro Hospitalar Unimed, de Joinville (SC). Organizado pelo Instituto de Diabetes de Joinville (IDJ), o ECED abordou aspectos psicológicos e motivacionais na aplicação de insulina; o tratamento com insulina na prática; a insulinização no paciente hospitalizado; e a automonitorização. Um dos destaques do encontro foi o simpósio sobre a distribuição das insulinas, com a participação do Dr. Fulvio Thomazelli, presidente da SBD-SC, e do procurador da República Flávio Pavlov da Silveira. n Qualidade de Vida A ADJ/Unifesp organizou uma palestra sobre os principais desafios para manter um bom controle glicêmico e ter qualidade de vida e quais as estratégias práticas para alcançá-los. O encontro foi em 31 de maio, na sede da Associação. Na ocasião, Dr. Mark Barone, PhD, doutor em Fisiologia Humana, especialista em Educação em Diabetes e autor do livro “Tenho diabetes tipo 1, e agora?” abordou os seguintes assuntos: “Como manter o controle glicêmico com a rotina instável”; “Os desafios da alimentação e da contagem de carboidratos para manter a glicemia”; “O exercício físico como um aliado do controle”; “Tecnologia médica e farmacologia modernas para facilitar a vida de quem tem diabetes”; “Os aspectos da rotina que podem facilitar ou dificultar o controle”; e “O significado e a importância do planejamento para atingir os objetivos de bom controle e qualidade de vida”. n Aulão em Brasília A instituição Doce Desafio convida os brasilienses a participarem do aulão gratuito: “Viver bem com a diabetes que você tem”. O evento acontecerá em 30 de agosto, no Centro Olímpico da UnB. Segundo a organização, este é um evento de acolhimento aos diabéticos. Serão realizadas glicemias capilares apenas de diabéticos já diagnosticados e será realizada uma aula de alongamento e atividades físicas, supervisionadas pela equipe do Doce Desafio/UnB. Também haverá um bate-papo entre diabéticos que já frequentam o programa, que contarão suas experiências de vida e como aprenderam a se cuidar, a importância de ter conhecimentos práticos, o valor da convivência e troca de experiências com outros diabéticos e a relevância da prática de atividade física regular. A equipe do Doce Desafio conta com professores da UnB, nutricionista, educador físico, enfermeiro, fisioterapeuta, farmacêutico e outros profissionais. n Congresso no Rio de Janeiro A Regional Rio de Janeiro da SBD está preparando o 1º Congresso Regional de Diabetes. Foi escolhido um período especial, de 13 a 15 de novembro de 2014, justamente para que o evento seja realizado junto com as atividades pelo Dia Mundial do Diabetes. O evento acontecerá no Hotel Royal Tulip, em São Conrado. Nele, os participantes terão a oportunidade de aprimorar e conhecer as últimas novidades e avanços do Diabetes Mellitus. Formada pelos médicos Adolpho Milech, José Egídio Paulo de Oliveira, Lenita Zajdenverg, Marília Brito Gomes e pela presidente da regional e do congresso Anna Gabriela Fuks, a comissão científica busca montar uma programação alinhada com as necessidades dos profissionais de saúde. Segundo eles, está sendo elaborado um evento inovador, com temas focados para especialistas em diabetes e médicos de outras áreas. A expectativa é de que o evento receba 600 congressistas. As inscrições estão abertas e devem ser realizadas pelo site oficial do evento. Até 30 de julho, médicos associados (ABESO, SBD e SBEM) pagam R$240; residentes/pós-graduação/mestrado/ doutorado associados, R$190; profissionais de saúde associados, R$150; médicos não sócios, R$360; residentes/pós-graduação/mestrado/doutorado não sócios, R$285; profissionais de saúde não sócios, R$225; acadêmicos em formação e técnicos não associados, R$180. O congresso também recebe inscrições para trabalhos científicos até 18 de agosto. n Congresso Multidisciplinar D e 24 a 27 de julho acontece o 19º Congresso Brasileiro Multidisciplinar em Diabetes, organizado pela ANAD (Associação Nacional de Assistência ao Diabético). O evento é presidido pelo Dr. Fadlo Fraige Filho e conta, ao todo, com 40 simpósios e 200 palestras. A estimativa de público para este ano é de 3000 congressistas entre endocrinologistas, cardiologistas, cirurgiões vasculares, clínicos, oftalmologistas, ginecologistas, nefrologistas e médicos das diversas especialidades com interesse em Diabetes, além de outros profissionais da saúde, como: dentistas, biomédicos, farmacêuticos, nutricionistas, biólogos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, responsáveis por saúde pública e estudantes universitários da área da saúde. Vale ressaltar que podólogos não podem participar do evento. As inscrições estão abertas e devem ser feitas pelo site da ANAD. n CBEM 2014 E m setembro, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia realiza seu congresso. Curitiba volta a receber o CBEM depois de 20 anos da última edição realizada na capital paranaense. O Comitê Executivo do evento está a cargo do Dr. Cesar Luiz Boguszewski e serão muitas novidades programadas, principalmente com participação de entidades internacionais, como a Endocrine Society. O tema central será “Endocrinologia e Sustentabilidade”. Curitiba é considerada a capital ecológica do Brasil e isso ajudou a estimular os organizadores a diminuir o impacto no meio ambiente provocado por um evento deste porte. A programação científica também incluirá assuntos relacionados ao tema. Informes no site do Congresso, da SBEM e nas redes sociais. A expectativa é de receber mais de 3 mil participantes. Durante o evento, a SBEM realizará a prova para obtenção de Título de Especialista, como ocorre anualmente. n Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 23 Mundo Digital Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 24 Tecnologia & Diabetes @ H á algum tempo, a Revista Diabetes planejava o retorno de uma coluna sobre tecnologia na área de saúde e diabetes. Ela volta a partir desta edição com um formato bem livre. Será composta por notas ou matérias mais longas de acordo com as novidades e necessidades. O objetivo é listar e ajudar a entender uma área que não para de crescer. Além das informações, haverá um pequeno glossário para ajudar a entender alguns termos técnicos utilizados na coluna. Se você tem alguma dúvida específica nessa área, encaminhe para a redação para que o tema seja abordado. guarde as dúvidas para você”. Os participantes aprovaram e gostaram da novidade. GlicOnLine e Samsung – Um aplicativo que foi desenvolvido pela equipe da Dra. Karla Melo já vem sendo usado por um grande número de profissionais e pacientes. Regularmente aplicativos, ou apps, recebem atualizações e melhorias. Uma delas foi mencionada pela endocrinologista no Fórum Internacional de Diabetes. O grupo fez uma parceria com a Samsung para que as fotos das refeições possam ser interpretadas pelo app. Assim o paciente não precisaria escrever e o próprio sistema preencheria os campos referentes ao que cada alimento representa. A novidade já está sendo usada em testes e estará disponível, em breve, para os brasileiros. Whatsapp em Eventos – O sistema de troca de mensagens já virou rotina para muita gente, mas um novo uso para o Whatsapp surgiu durante o CATD 2014. A organização, já que era uma atividade de uma sala só e com cerca de 300 pessoas em média, abriu espaço para que os participantes enviassem perguntas para os palestrantes usando o recurso. As perguntas eram recebidas em um celular pelo Dr. Roberto Zagury, um dos organizadores, que repassava aos palestrantes. No slide na sala a mensagem: “Não Agilidade em Grandes Eventos – Não é uma novidade para a American Diabetes Association o uso de apps para os congressos anuais da entidade e não foi diferente este ano para o 74th Scientific Session. Tem sido uma ferramenta poderosa até para quem não vai ao evento. Programação, informes importantes, trabalhos etc, entram no app, que possui um alarme para lembrar o congressista dos horários das sessões. Entretanto, observa-se que no Brasil a cultura ainda não é tão forte assim para quem organiza as atividades. É bom lembrar que os profissionais têm usado em massa seus celulares durante os congressos, inclusive no último Congresso da SBD, onde a conexão à internet foi liberada aos participantes. Será que ainda não temos um app que tenha um custo-benefício interessante para ser usado? QR Code – Esse tipo de tecnologia é uma das preferidas no Japão, mas no Brasil seu uso ainda não ganhou o gosto do público. Entretanto, é uma ótima opção em exposições, lançamentos de livros e em área culturais. A SBD já utilizou na exposição Vila Brasil e também passa a usar na capa da Revista. Para utilizar, entre no Google Play ou na Apple Store, e busque por QR Code. Existem vários gratuitos e a maioria é boa. Depois é só clicar nele e direcionar a câmera para o código. Muito rápido e você pode guardar para acessar depois. Em pontos turísticos é uma ótima opção para saber detalhes do local e anotar por onde passou. Em livros e revistas, são direcionados para o conteúdo online ou resumo da publicação. Apple, Google e Samsung – Parece que a tecnologia médica está, finalmente, despertando interesse dos poderosos Apple, Google e Samsung em relação a monitoramento da glicemia. As pesquisas estão se direcionando para transformar esses softwares em dispositivos como relógios inteligentes e braceletes. Segundo as informações, que estão circulando na rede, cientistas médicos e engenheiros estão sendo contratados para desenvolver novos programas, que podem valer mais de US$ 12 bilhões até 2017, segundo a empresa de pesquisa GlobalData. n Miniglossário App – abreviatura de application ou aplicativos, que pode ser instalado em smartphones. Eles podem ser baixados por meio das lojas de aplicativos, também conhecidas como “App Stores”. As duas principais lojas são a AppStore, da Apple, e a Google Play, do Android. QR Code – abreviatura de Quick Response Code. É um código de barras bidimensional que pode ser escaneado e lido facilmente por uma câmera de celular e um app correspondente. No Japão foi lançado em 1999. Whatsapp – WhatsApp Messenger é uma aplicação multiplataforma de mensagens instantâneas para smartphones. Envia mensagens de texto, imagens, vídeos e de áudio individualmente ou para grupos de pessoas. Cristina Dissat, responsável pela coluna, é jornalista especializada em mídias digitais, com pós-graduação em comunicação digital. @ Novidades Lançamentos da Indústria Farmacêutica Há algum tempo, essa coluna vem sendo planejada para integrar a Revista Diabetes. Ela passa a ser publicada regularmente a partir desta edição. O conteúdo é recebido pela redação da Revista, através das empresas e suas assessorias de comunicação, e publicado com descritivos dos produtos e estudos nacionais e internacionais para conhecimento dos associados. Não há qualquer acréscimo de opinião dos editores da Revista sobre qualquer um dos tópicos listados. Tratamento Oral A Insulina Inalada A MannKind Corporation anunciou que os EUA Food and Drug Administration (FDA) aprovou AFREZZA ® (insulina humana) para melhorar o controle glicêmico em adultos pacientes com diabetes mellitus. Participaram da pesquisa, segundo a empresa, mais de 6.500 pacientes adultos e voluntários saudáveis. AFREZZA® (uh-uh-FREZZ) é uma terapia de insulina inalada de ação rápida indicada para pacientes adultos com diabetes mellitus. O produto consiste em “AFREZZA Pó” para inalação em um pequeno e discreto inalador. Os níveis de insulina são alcançados dentro de 12 a 15 minutos após a administração. Como limitação de uso, a AFREZZA informa que o medicamento deve ser utilizado em combinação com uma insulina de ação lenta em pacientes com diabetes mellitus tipo 1. AFREZZA não é recomendado para o tratamento de cetoacidose diabética e não é recomendado para pacientes que fumam. n AstraZeneca e Bristol-Myers Squibb anunciaram que o Food and Drug Administration (FDA) aprovou FARXIGA™ (dapagliflozina), um tratamento oral, uma vez ao dia, indicado como adjuvante à dieta e exercícios para melhorar o controle glicêmico em adultos com diabetes mellitus tipo 2. FARXIGA não deve ser utilizado para o tratamento de pacientes com diabetes do tipo 1 ou cetoacidose diabética. FARXIGA faz parte de uma nova classe de medicamentos chamados sódio-glicose (SGLT2 cotransporter 2) inibidores, que removem glicose através dos rins. n Novo Monitor de Glicemia Caixa de Remédios A empresa brasileira Ambiente Medicamento desenvolveu um aplicativo para auxiliar o paciente a lembrar da sua agenda de medicamentos. “Caixa de Remédios” usa o celular como escaneador do código de barras das embalagens dos produtos. O software tem dados de 16.000 medicamentos comercializados no Brasil. n S anofi-Aventis lança em julho os monitores de glicose iBG Star e BG Star no mercado brasileiro. O equipamento usa a tecnologia embutida no seu iPhone ou iPod touch, para o compartilhamento das informações armazenadas no aplicativo. O glicosímetro sincroniza automaticamente os dados com o iBGStar® Diabetes Manager e monitora glicose, insulina e carboidratos. O equipamento tem um corpo compacto para uso discreto. Os dados podem ser enviados por email ou apresentados para a equipe de saúde durante a consulta regular. n Nova Caneta de Aplicação F lexTouch® é o recente lançamento da Novo Nordisk de uma caneta de insulina previamente cheia com recursos de utilização projetados para realizar injeções diárias. A caneta tem um botão “Easy Touch” - um mecanismo interno em injeção que requer apenas um leve toque para aplicar a insulina, independentemente da dose. Segundo os fabricantes, o equipamento dá maior confiança a pacientes e profissionais de saúde quanto a dose correta a ser aplicada. n Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 25 Pelo Mundo Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 26 Pelo Mundo: Especial da ADA D Vídeo Dr. Walter Minicucci, presidente da SBD – Dá um panorama do evento. Ele destaca simpósios sobre as novas tecnologias e novos métodos de tratamento e as suas possíveis complicações do diabetes. e 13 a 16 de junho foi realizada a 74ª edição do Scientific Sessions da American Diabetes Association (ADA), na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos, recebendo 17 mil pessoas. Nesta edição, a coluna Pelo Mundo optou por um formato diferente, com resumos de depoimentos dos médicos brasileiros da SBD que estiveram presentes ao evento. O conteúdo completo está disponível no www.diabetes.org.br e pode ser conferido na versão online da Revista. Vídeo Vídeo Dr. Walter Minicucci – Observações sobre a prevalência de câncer em pessoas com diabetes e excesso de peso. Comentários sobre pesquisas em relação à prescrição mais tranquila da insulina glargina. Dra. Denise Franco – Menciona um dos itens que mais chamou a atenção, que foram os dados que diferenciam os tipos de diabetes tipo 1 e a relação com a obesidade. Outro tópico foi em relação à doença celíaca e a incidência devido à falta de diagnóstico. Dr. Walter Minicucci – Abordagem sobre o pâncreas artificial, indicado aos pacientes que têm dificuldade no controle e uso da bomba de insulina, assim como problemas nos ajustes de dosagem. Vídeo Dr. Freddy Eliaschewitz – A relação entre o metabolismo da glicose, o ambiente intestinal e o risco cardiovascular foi abordada. No vídeo, ele também comenta como a insulina interfere na composição dos sais biliares. Vídeo Dr. Saulo Cavalcanti – Mencionou o lançamento de mais uma insulina inalável, que deve entrar no mercado daqui a um ano e meio. Fala sobre as vantagens, eficácia e efeitos colaterais. Vídeo Dr. Ruy Lyra – Destaque para o tratamento do diabetes e sua ligação com as doenças cardiovasculares. Chamou a atenção dos novos fármacos para o tratamento do diabetes tipo 2. Vídeo Vídeo Vídeo Dr. Antonio Chacra – Comentou sobre o grande número de temas relacionados à nova classe de inibidores do SGLT2. Outro ponto apresentado foi em relação às novas medicações e seus impactos. Dr. Márcio Krakauer – Falou sobre debates na área de educação em diabetes, nos quais o conceito de responsabilidade sobre a redução das complicações foi enfatizado. Uma atitude necessária com urgência. Comunicados da SBD Revista da SBD Dia Mundial do Diabetes C om tiragem de mais de quatro mil exemplares, a Revista da SBD também pode ser encontrada em formato digital, no site da Sociedade. A última versão da publicação é a do volume 21, número 1, referente ao mês de março deste ano. Após uma reunião da Comissão Editorial da SBD, a revista passa a ser disponibilizada no site da SBD em duas versões, uma no modo “tradicional”, ou seja, em PDF, e a outra com recursos de vídeos e links, para uma interação maior com o leitor, tendo assim uma navegação mais detalhada. n Recadastramento dos Profissionais A SBD lançou uma nova versão do site da entidade com várias alterações na programação e, com isso, é preciso que os profissionais de saúde se cadastrem novamente para ter acesso aos conteúdos exclusivos do portal. O procedimento é bem simples. Basta acessar a página www.diabetes.org.br/ cadastre-se ou localizar o link abaixo do menu principal e preencher os campos com nome, tipo de profissional, registro no conselho profissional, e-mail, CPF e uma senha para acesso. Apenas os cadastros realizados após o dia primeiro de abril são válidos. Nesta área, o profissional irá encontrar “Diretrizes e Posicionamentos”, as aulas do Congresso da Sociedade Brasileira de Diabetes 2013, a Revista “Diabetology & Metabolic Syndrome” e as aulas dos Simpósios de Atualização. n T odos os anos, o dia 14 de novembro é marcado por uma série de atividades em prol do Dia Mundial do Diabetes. A campanha mundial é liderada pela IDF (International Diabetes Federation) e suas associações-membro. No Brasil, é organizada pela SBD, coordenada pelo endocrinologista Dr. Márcio Krakauer. Trabalhando com uma programação antecipada, o grupo de trabalho se reuniu e as estratégias de divulgação começaram já em abril, com a reativação da fan page e atualização do hotsite do Dia Mundial do Diabetes. O tema escolhido para o período de 2014 a 2016 pela IDF foi Vida Saudável. Um trabalho em conjunto com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia também foi planejado. O Dr. Márcio Krakauer tem realizado algumas reuniões e prome- te novidades que vão emocionar o público e associados. A campanha deste ano no Brasil já começou. Além do hotsite (www.diamundialdodiabetes.org.br), existem diversas redes sociais onde o Dia Mundial está presente, como uma fan page no Facebook (www.facebook.com/diamundialdodiabetes), o Twitter (www. twitter.com/wdd_brasil), Youtube (www.youtube.com/diamundialdodiabetes) e o Flickr (www.flickr.com/ photos/diamundialdodiabetes). Para interagir ainda mais com o público, dentro do hotsite do DMD existe uma área chamada “Você e o Diabetes”, com o objetivo de reunir histórias de pacientes e familiares de pessoas com diabetes. Para participar basta enviar um pequeno texto falando um pouco de como é a rotina e os cuidados com a doença ao e-mail: [email protected]. n Áreas Temáticas do Site S eguindo a proposta de criar publicações temáticas para o site da SBD, continuam sendo elaboradas novas áreas que possuem, inclusive, endereços próprios. Um teve como foco a Copa do Mundo - http://copa2014. diabetes.org.br/. Com o slogan A Copa do Seu Jeito, além da mensagem central da ação - “Controlar a glicemia é mole. Difícil é controlar o coração” -, o hotsite dava dicas para os torcedores e disponibilizava um link para baixar a carteirinha de identificação de diabetes. Também foram publicados lembretes sobre os horários das partidas e dicas para os torcedores que quisessem assistir às partidas em casa ou barzinhos, com várias opções para comer e continuar com a saúde em ordem. Os internautas também tinham espaço para compartilhar fotos nas redes sociais com a camisa do Brasil. n Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 27 25 Agenda Foto: PerseoMedusa Vol. 21 - nº 02 - julho 2014 28 Julho Setembro 9º Congresso de Endocrinologia e 19º Congresso Brasileiro Multidisciplinar em 31º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia e 22 || 21Florianópolis, SC || www.endosul2014.com.br || (48) 3322-1021 || Diabetes 27 || 24Sãoa Paulo, SP || www.anad.org.br/congresso || (11) 5572-6559 || || || www.cbem2014.com.br || (51)3086-9100 / 3086-9109 || Agosto EASD - European Association for the Study Data: Local: Informações: IV Encontro Gaúcho de Endocrinologia e XIX Encontro Gaúcho de Diabetes e9 || 8UCS – Caxias do Sul, RS || www.ccmew.com/endors2014 (51) || 3028 3878 Data: 5a9 Local: Curitiba (PR) Data: Informações: of Diabetes || || || 15 a 19 Local: Viena, Áustria Data: Informações: www.easd.org Metabologia da Região Sul (ENDOSUL) Data: Local: Informações: XVI Congresso da SBCBM 29 || 25Rioa de Janeiro - RJ || www.sbcbm2014.com.br || (11) 3284-6951 / 3284-8298 || Data: Local: Informações: Dezembro Local: Informações: CODDHI 2014 - Controvérsias em Obesidade, Diabetes, Dislipidemias e Hipertensão || || || 14 a 16 Local: Rio de Janeiro, RJ Data: Informações: www.coddhi.com.br Diacor 2014 23 || 22Sãoe Paulo, SP || www.diacor.com.br || (11) 3849-0099 || Outubro TODDA – Curso Avançado no Tratamento da Obesidade, Diabetes e Doenças Associadas || || || 24 e 25 Rio de Janeiro, RJ Informações: (21) 3543-0770, (11) 5641-1870 Data: Novembro 1º Congresso Regional de Diabetes do Rio de Local: Janeiro Diabetes Paraná || || www.diabetesparana.com.br || (11) 3849-0099 || 29 e 30 Local: Curitiba, PR Data: Informações: || || || Data: Local: 3a5 Porto Alegre, RS Informações: www.ipsa2014.com Local: Data: Informações: IPSA 2014 – 3º Congresso da International Pediatric Sleep Association 15 || 13Rioa de Janeiro, RJ || www.diabetesrio2014.com.br || (21) 2548-5141 || Data: Local: Informações: Fevereiro 2015 XVI Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica de abril a 1º de maio || 30Windsor Barra – Rio de Janeiro, RJ || / || (011)www.obesidade2015.com.br 3849-0099 || Data: Local: Informações: Março 2015 Endo 2015 || || || Data: 5 a8 Local: Califórnia, EUA Informações: www.endocrine.org/endo-2015