Zingler e Back - Completo

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GÊNERO QUADRINHOS - TEMPO GRAMATICAL VS TEMPO
DISCURSIVO: REFLEXÕES PARA O ENSINO DE LÍNGUA
Marileni Zingler – UNESC
Angela Cristina Di Palma Back - UNESC
RESUMO
Há algum tempo há mudanças quanto ao ensino da língua, de modo que para ensiná-la elegem-se
práticas sociais que lidam com sua manifestação social. Partindo disso, não cabe analisar a língua
somente com base em gramáticas prescritivas, mas conceber outras possibilidades de uso concreto da
língua. Uma possibilidade de integrar gramática e linguagem passa, então, a ser possibilitada via teoria
dos gêneros. Assim, o presente estudo tem como objetivo estudar o gênero história em quadrinhos
(HQ), e a partir dele investigar o tempo verbal como atividade epilinguística, tomando-a como pista de
estilo à expressão temporal que se concretiza junto ao tempo verbal, controlado segundo as
interpretações gramatical e discursiva. Para a análise dos dados, foi utilizado o pacote estatístico
GoldVarb (2001), a fim de obter resultados estatísticos. A partir desses resultados foi feita a análise
qualitativa, correlacionando aos índices as hipóteses levantadas. Por fim, concluiu-se que há variação
entre as interpretações de tempo gramatical vs tempo discursivo na HQ, contudo nenhum deles
caracteriza propriamente o gênero. Portanto, o que se tornou relevante neste estudo foi a contribuição
para o ensino de língua no sentido de que o professor focalize a expressão temporal, em atividades de
ensino-aprendizagem da língua, não se limitando aos tempos verbais marcados morfologicamente,
pois podem codificar outro tempo ligado aos eixos pretérito, presente ou futuro.
Palavras-chaves: Gênero, História em Quadrinho, Tempo gramatical, Tempo discursivo.
1 APROPRIAÇÃO PELA ESCOLA DOS GÊNEROS DO DISCURSO
Desde o começo da escola no Brasil, a gramática foi o principal instrumento
pedagógico para o estudo da língua, mostrando-se ineficaz no sentido de fazer com que os
estudantes, de fato, se apropriassem das práticas de linguagem. Em função dessa constatação,
teorias ligadas à linguística passaram a ser difundidas nos últimos anos com o propósito de
transformar o ensino da língua nas escolas. Dentre as teorias que se propuseram a isso, tem-se
a teoria dos gêneros do discurso, cuja origem e/ou difusão se apropria de considerações
teórico-metodológicas bakhtinianas.
No universo escolar, vários gêneros podem ser utilizados, como a notícia, a poesia,
os contos, histórias em quadrinhos (gibis), desde que não se limite à materialidade lingüísticotextual descaracterizando a concepção de gênero e tratando-o meramente como um texto.
Assim com base nos gêneros, a prática de análise lingüística passa a estar presente dando
pistas aos interlocutores sobre as possíveis interpretações que tornam o enunciado
significativo. Sob essa perspectiva, neste trabalho esboçar-se-á um conjunto de proposições
ligadas à análise linguística colocando em evidência a temporalidade, isto é, analisar os
tempos verbais dentro do gênero gibi como constitutivo discursivo à sua significação. Tem-se
como objetivo principal discutir como se faz uso do tempo verbal, se na sua concepção
eminentemente gramatical ou com valor temporal discursivo nas histórias em quadrinhos dos
gibis.
Este trabalho focaliza o tempo verbal, sobretudo para que possamos oferecer
subsídios a professores tomando como referência a interpretação temporal para além da
marcação gramatical, haja vista que seu valor discursivo pode diferir segundo os propósitos
comunicativos gerados a partir do gênero.
Tomando a História em Quadrinho (doravante HQ) como importante estímulo à
leitura, que por sua vez deva ser exitosa, entendemos que a prática de análise lingüística se
coloca como um elemento a mais a contribuir visando à apropriação dos significados aí
depreendidos com vistas à compreensão do mundo ao seu redor.
Vale ainda mais um
detalhamento acerca do gênero que tomamos para investigação, trata-se uma distinção que se
faz necessária, já que há vários gêneros “quadrinhísticos” semelhantes.
Segundo Mendonça (2007), há uma “constelação” de gêneros não-verbais ou
icônico-verbais semelhantes. Alguns deles é a caricatura, a charge, o cartum, as próprias HQs
e as tiras. Neste trabalho, utilizar-se-á a HQ propriamente dita, presente nos gibis, passando
posteriormente, a caracterizá-la, bem como o faremos com relação aos conceitos no entorno
do verbo e do tempo verbal, pistas lingüísticas mapeadas a fim de constatar sua contribuição à
significação do gênero em questão.
Quanto à metodologia, fizemos uso de estratégias cujos passos, em se tratando
tanto de elaboração do trabalho quanto de análises, são apresentados com o auxílio do pacote
estatístico GoldVarb, muito utilizado em estudos sociolingüísticos, de modo que por vezes
faremos usos de terminologias no universo dessa teoria com vistas a mostrar possível variação
entre o tempo gramatical e o tempo discursivo.
O corpus compõe-se de gibis da Turma da Mônica e do Chico Bento, constituindose como amostra a primeira história, de cada gibi, a base para a coleta dos dados.
Constitui-se como último seção a apresentação e da análise dos resultados, a partir
dos quais se faz, em primeiro lugar, a análise quantitativa, com base no pacote estatístico, para
logo a seguir caminharmos de modo a dar à análise o viés qualitativo, tentando ilustrar com
dados retirados dos gibis.
Apresentada a divisão do trabalho e feitas as considerações, passar-se-á agora para
o trabalho propriamente dito, começando pelo gênero do discurso.
2 GÊNERO DISCURSIVO: A HISTÓRIA EM QUADRINHOS
O referencial teórico para este trabalho abrange a teoria dos gêneros, a história
em quadrinhos enquanto gênero e a caracterização da categoria verbal, como segue.
2.1 Gênero: concepção e apropriação pela escola
Há muito vem se discutindo sobre o ensino de Língua Portuguesa. No bojo dessa
discussão está a teoria dos gêneros, segundo a qual o propõe como objeto de ensino. Um
documento importante no âmbito nacional da educação são os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN’s), que trata das diretrizes para o ensino no país, e especificamente na
disciplina de Língua Portuguesa, trazendo como objeto de ensino justamente os gêneros.
Em “Os gêneros do discurso”1, Bakhtin (1997) afirma que as esferas da atividade
humana estão envolvidas com a utilização da língua. Assim como são variadas as esferas, são
variados também os modos e caracterizações da utilização dessa língua. O uso, então, não se
dá por palavras ou orações soltas, mas por enunciados, tanto orais como escritos, concretos e
únicos.
Ainda segundo Bakhtin (1997), o enunciado mostra as condições específicas e as
finalidades de cada uma das esferas das atividades humanas, por meio do seu conteúdo, estilo
verbal e construção da composição. Seguindo a mesma base teórica, Rodrigues (2005) afirma
que o enunciado é a unidade real da comunicação discursiva, pois o discurso só pode existir
na forma de enunciados. Outra afirmação da autora é que se estudando o enunciado como
unidade real da comunicação discursiva, pode-se compreender a correta natureza das unidades
da língua.
Voltando a Bakhtin (1997), o enunciado além de ser composto pelos elementos já
citados, seu conteúdo se refere ao tema propriamente dito em sintonia com a esfera social na
qual ocorre. Já o estilo verbal reporta ao modo que é operado os recursos da língua (recursos
lexicais, fraseológicos e gramaticais) e também devem estar correlacionados às esferas
sociais, e a construção composicional se mostra por meio da forma como se estrutura o texto,
as peculiaridades de como se constrói cada enunciado, constituindo-se na faceta do gênero a
revelar formas mais ou menos estáveis do enunciado.
Juntando esses aspectos do enunciado, formando um todo, Bakhtin (1997) esboça
que cada esfera da sociedade elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo
justamente denominado de gênero do discurso.
1
Dentre as várias discussões que se fazem a respeito dos gêneros, uma é a terminologia utilizada. Ora
se usa gêneros textuais, ora gêneros do discurso. Aqui não se entrará em debate acerca disso. Assim, o
termo a ser usado será o de gêneros do discurso.
Em função do exposto, o gênero com o qual trabalhar-se-á será o “quadrinho”,
cuja caracterização será explicitada na seção a seguir.
2.2 A História em Quadrinhos
Segundo Feijó (1997), houve um tempo em que a HQ era, como gênero,
desprezada ou mesmo condenada. Os quadrinhos eram considerados como um texto que não
estimulava a leitura e diminuía a cultura.
Com o passar do tempo, a HQ começou a ter outra visão, outro status. Durante as
leituras para este trabalho, pode-se perceber que a HQ é de uma imensidade de facetas, que
pode sim auxiliar, enquanto gênero, no ensino-aprendizagem da língua.
Partindo, então, do pressuposto de que a HQ é importante no ensino, nesta seção
problematizar-se-á a HQ, para conhecer melhor seu universo, ou seja, qual é a esfera de
circulação e tudo o mais que a caracteriza como gênero.
Várias são as discussões acerca do surgimento da HQ. Uma delas, segundo
Mendonça (2007), é que pode ter seu início ligado às pinturas rupestres. Ianonne e Ianonne
(apud MENDONÇA, 2007) admitem que a HQ, tal como conhecemos hoje, teve início na
Europa, em meados do século XIX. Já Vergueiro (2008) aponta que seu florescimento
aconteceu no final do século XIX, nos EUA. Ianonne e Ianonne (apud MENDONÇA, 2007)
também salientam que, no mesmo período citado por Vergueiro, surgiu o primeiro herói dos
quadrinhos, desenhado por Richard Outcault, o Menino Amarelo (Yellow Kid), nos Estados
Unidos. Com esse personagem houve uma revolução para o gênero naquele momento: o texto
vinha junto aos personagens, conferindo-lhes mais vitalidade. Posteriormente foi incorporado
o balão às HQs.
Segundo
Vergueiro
(2008),
na
fase
inicial
os
quadrinhos
eram
predominantemente cômicos, por isso o nome comics em inglês, aparecendo nos jornais
dominicais. Depois de alguns anos, a HQ, as populares tiras, passaram a ser diárias,
diversificando a temática, muito próximo das tirinhas nos jornais de hoje, cujo viés é cômico.
Já no final da década de 20, apareceram as publicações periódicas, os gibis (comic books),
despontando os super-heróis, tornando a HQ ainda mais popular.
Continuando com o mesmo autor, Vergueiro (2008), na Segunda Guerra
Mundial, a popularidade das HQ aumentou, devido ao fictício engajamento dos heróis em
missões da guerra.
Para Feijó (1997), o gênero em questão é considerado da cultura de massa,
atingindo uma grande quantidade de leitores. Além disso, é visto como uma leitura apenas de
entretenimento.
Um das maiores autoridades em quadrinho, Wil Eisner (1999), define a HQ como
uma forma válida de leitura, uma arte seqüencial. “Quando se examina uma obra em
quadrinhos como um todo, a disposição dos seus elementos específicos assume a
característica de uma linguagem” (pág. 07.) Sendo então considerada uma linguagem, está de
acordo com os parâmetros vigentes (PCNs) para fazer uso dele no ensino.
Para os PCNs é pela linguagem que os homens e as mulheres se comunicam, têm
acesso à informação, expressam e defendem pontos de vista, partilham ou constroem visões
de mundo, produzem cultura, expressam idéias, pensamentos e intenções, estabelecem
relações interpessoais anteriormente inexistentes e influencia o outro, alterando suas
representações da realidade e da sociedade e o rumo de suas (re)ações. Assim, a linguagem se
entende
como ação interindividual orientada por uma finalidade específica, um
processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes
nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos de
sua história. Os homens e as mulheres interagem pela linguagem tanto
numa conversa informal, entre amigos, ou na redação de uma carta
pessoal, quanto na produção de uma crônica, uma novela, um poema,
um relatório profissional. (PCNs, 2008, pag. 20)
Eisner (1999) mostra que a função fundamental da arte dos HQ é comunicar. Essa
comunicação, tanto de idéias como de histórias, pode ser por meio de palavras e figuras,
envolvendo o movimento das imagens no espaço.
O mesmo autor complementa que a HQ se vale de uma linguagem cuja experiência
visual é comum ao criador e ao público. Ademais, o leitor deve compreender facilmente a
mistura de imagem e palavra e a decodificação do texto. Desse modo, a HQ “pode ser
chamada “leitura” num sentido mais amplo que o comumente aplicado ao termo” (Eisner,
1999, pág. 07). Pode-se, então, concluir que a HQ não é uma leitura puramente de
decodificação, mas usa um processo mais apurado para a compreensão, pois envolve
diferentes sistemas ligados à linguagem que formam o todo do enunciado.
Para Mendonça (2007), com suporte em Marcuschi (2000), as HQs são produzidas
no meio escrito, mas tenta reproduzir a fala, por meio de balões, com presença constante de
interjeições, reduções vocabulares, etc. Apesar disso, sua origem é de base escrita, como
acontece no cinema, já que as narrativas verbais (escritas) que orientam o trabalho do
desenhista precedem a quadrinização.
Uma distinção se faz necessária, já que há vários gêneros “quadrinhísticos”
semelhantes. Segundo Mendonça (2007), há uma “constelação” de gêneros não-verbais ou
icônico-verbais semelhantes. Alguns deles são a caricatura, a charge, o cartum, as próprias
HQs e as tiras. Para Vergueiro (2008), a imagem é o elemento básico da HQ. A história é
constituída por uma sequência de quadros, na qual o quadrinho ou vinheta2 é a menor unidade
narrativa. Normalmente, a HQ é uma narrativa ficcional ou real. Corroborando, Mendonça
(2007) afirma que a HQ pode ser um gênero icônico ou icônico-verbal narrativo, cuja
passagem temporal se organiza quadro a quadro. “Como elementos típicos, a HQ apresenta os
2
O quadrinho ou vinheta são sinônimos.
desenhos, os quadros e os balões e/ou legendas, onde é inserido o texto verbal” (pág. 200).
A montagem da HQ, conforme Mendonça (2008), vai depender do tipo de
narrativa e do veículo em que será publicado. Outra característica são as figuras cinéticas e
metáforas visuais. Além dessas, há a linguagem verbal, que interage com a imagem. Para
então, diga-se, delimitar a linguagem, há o balão, ferramenta importante para se
contextualizar o leitor. Há inúmeros balões, como o com linhas tracejadas, indicando sussurro
do personagem; em formato de nuvem, mostrando pensamentos; com múltiplos rabichos,
representando vários personagens falando ao mesmo tempo; entre outros balões.
Por fim, a HQ também se constitui com a ajuda da legenda. Ela representa a voz
onisciente do narrador. Já a onomatopéia é parte importante também, imitando os sons por
meio de caracteres alfabéticos.
A seção a seguir tratará sobre os verbos, parte importante deste trabalho, haja vista
que serão entendidos como um dos recursos de estilo a compor o gênero, segundo sua
constituição com base no que propõe Bahkin (2003) sobre o tripé: conteúdo temático, estilo
(palavras, frases) e composição são os elementos que fazem de um mero texto um gênero,
com o propósito de significá-lo. Analisando-os, por hipótese, podem-se agregar pistas
lingüísticas regulares ao gênero, como o tempo verbal utilizado ou ainda o uso do tempo
verbal discursivo.
3 CONSIDERAÇÕES SOBRE O VERBO
Neste momento, passar-se-á a algumas considerações sobre o verbo, a exemplo de
conceitos como: morfologia verbal (marcação gramatical) e temporalidade discursiva, a fim
de proporcionar esboço teórico acerca do tema.
Para delimitar o conceito de verbo nas gramáticas, usar-se-ão dois tipos de
abordagens gramaticais, a tradicional e a descritiva. Segundo Perini (2001), em sua gramática
descritiva, verbo é a palavra que pertence a um lexema cujos membros se opõem quanto a
número, pessoa e tempo. Como contraponto, tem-se outro conceito, de Cunha & Cintra
(2001), cujo verbo é definido como uma palavra de forma variável que exprime o que se passa
considerando um acontecimento representado no tempo. Perini tece várias questões acerca do
conceito, como “Que vem a ser um acontecimento no tempo?” Essa e outras perguntas fazem
com que o pesquisador e professor reflita acerca de qual tipo de conceito deve se apropriar
com vistas ao ensino-aprendizagem.
Em livros didáticos também aparece o conceito de verbo. Segundo o livro Projeto
Araribá (2006) verbo “indica processos ou estados: o que fazem as pessoas, a natureza e
outros seres, que ações praticam, o que acontece com eles, e também faz a ligação entre um
elemento da frase e sua característica, seu estado, sua aparência, etc.”
Por fim, o último conceito a ser apresentado é de Pasquale & Ulisses (2003), em
sua Gramática da Língua Portuguesa:
Verbo é a palavra que se flexiona em número (singular/plural), pessoa
(primeira, segunda, terceira), modo (indicativo, subjuntivo,
imperativo), tempo (presente, pretérito futuro) e voz (ativa, passiva,
reflexiva). Pode indicar ação (fazer, copiar), estado (ser, ficar),
fenômeno natural (chover, anoitecer), ocorrência (acontecer, suceder),
desejo (aspirar, almejar) e outros processos.
Eles ainda complementam o conceito, dizendo que o que caracteriza o verbo são
suas flexões, e não seus possíveis significados, sem explicitar o que se está chamando
exatamente de significado (há os significados modais, lexicais discursivos etc).
Dentre os conceitos, há a faceta representada no verbo que diz respeito à
temporalidade. Para Cunha e Cintra (2001) tempo é a variação que indica o momento em que
se dá o fato expresso pelo verbo. Ele divide então os tempos (naturais) em presente, pretérito
(passado) e futuro, que designam, respectivamente, um fato ocorrido no momento em que se
fala, antes do momento em que se fala e após o momento em que se fala.
Passando a uma visão funcionalista,
o tempo não está atrelado somente ao
momento em que se dá o fato expresso pelo verbo, mas também a outras âncoras na relação
temporal, seja ao momento de fala ou a outro momento com o qual a situação estabelece
relação, de modo que o número de tempos verbais, considerando o uso concreto da língua, é
maior do que simplesmente as noções de presente, passado e futuro em relação ao momento
de fala.
Com discussões acerca da categoria tempo verbal, do complexo TAM (tempoaspecto-modalidade) Back et al (2005) esboçam que o tempo verbal é dividido, basicamente,
em duas orientações. A primeira orienta-se pela segmentação fundamental em três tempos:
presente, passado e futuro, considerando apenas a morfologia verbal, sem levar em conta
outras relações entre os eventos. A segunda orientação diz respeito ao tempo como aquele que
assume um valor considerando não só o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo,
como também relaciona a outras âncoras na relação temporal, seja ao momento de fala ou a
outro evento. Assim os tempos verbais envolveriam outros contextos além das noções de
presente, passado e futuro. Tratar-se-ia, então, de delimitar o tempo verbal por meio do tempo
discursivo, ou seja, daquilo que realmente se enuncia em face da situação comunicativa.
Partindo então das discussões acima, optou-se por analisar neste trabalho os dois
tempos: o tempo verbal gramatical e o tempo verbal discursivo, entendendo este último como
aquele que assume valor frente às situações sociocomunicativas, correlacionado diretamente à
concepção que se tem de gênero do discurso.
4 ANÁLISE DOS DADOS: DESCRIÇÃO E EXPLICAÇÃO DOS FATORES EM
JOGO
Para este estudo os dados coletados nos gibis foram submetidos ao pacote
estatístico GoldVarb (2001), obtendo os resultados quantitativos que serão apresentados ao
longo desta análise.
Antes de tudo, é importante ressaltar que o fato de se trabalhar com o pacote
estatístico requer que se focalize o peso relativo (doravante PR). Isso se faz necessário
porque, embora os percentuais tentem nos mostrar alguma evidência favorável à
(não)aplicação da regra (interpretação temporal discursiva), é justamente os PRs que
fornecem um índice mais apropriado à análise dos resultados, haja vista ser um número
derivado de uma série de interações entre os grupos de fatores (8 grupos), que não é feito em
se tratando de números percentuais, mas médias ponderadas. Em função disso, a descrição e
interpretação com base nas tabelas focalizará os PRs.
Para entender o trabalho, uma explicação é necessária. Aqui se utilizou como
regra (aplicação da regra) a variável tempo gramatical, assim a aplicação da não-regra se
refere ao tempo discursivo, ou seja, aquele que possui o tempo real segundo à situação de
interação delineada na HQ. Durante a análise haverá comparações com a regra, a fim de
discutir o tempo discursivo que caracteriza a não-regra em jogo.
Passando a uma análise/apresentação geral, há um gráfico que mostra um
resultado importante para o trabalho, a quantidade de uso das variantes que compõem a
variável dependente:
Gráfico 1: Distribuição das freqüências dos tempos: gramatical e discursivo
O gráfico demonstra que há um significativo uso do tempo discursivo, quase 20%
de uma amostra de mais de quatro mil dados. Isso faz com que os professores repensem a sua
prática quanto ao trabalho em sala de aula focalizando análises lingüísticas em que impere a
interpretação temporal, mostrando que os verbos podem se valer de um tempo diferente do
gramatical mostrado pela morfologia.
Os resultados obtidos foram possíveis em função de conciliarmos a
Sociolingüística Variacionista com postulados da Teoria dos Gêneros. Portanto, embora
tenhamos feito esse caminho, no sentido, inclusive, de lançarmos mão da metodologia
característica da Sociolingüística, fizemos o recorte para este artigo apenas dos resultados no
entorno do tempo gramatical vs tempo discursivo, frisando que outros grupos de fatores
foram selecionados, a saber: os traços modais e aspectuais relevantes, os personagens e os
tipos de frases, os quais serão abordados em futuras publicações.
4.1 Tempo gramatical vs tempo discursivo
A discussão que remete à Forma Gramatical contém os seguintes fatores:
presente, pretérito perfeito, futuro do presente e futuro do subjuntivo, pretérito imperfeito,
presente do subjuntivo e futuro do pretérito, como se pode atestar junto à tabela 02 que segue.
Vale ressaltar que o que se chama de forma gramatical corresponde à nomenclatura
tradicional dada aos tempos verbais previstos em gramáticas prescritivas. Os fatores que
consideravam as formas de gerúndio, particípio, infinitivo e imperativo foram retirados da
análise por acompanhar os verbos principais, pois acabavam por se ancorarem junto aos
mesmos tempos verbais daqueles. Essa ação teve o intuito de não enviesar os dados.
A seguir, apresentar-se-á a descrição da tabela 2 com o propósito de correlacionála à análise qualitativa que se dará a posteriori.
Tempo gramatical
Presente
Presente do
Subjuntivo
Pretérito Perfeito
Pretérito Imperfeito
Pretérito Imperfeito
do Subjuntivo
Futuro do pretérito
Futuro do presente e
Futuro do subjuntivo
Tabela 2: Forma Gramatical
Aplicação Total de
Peso
da Regra
dados Relativo
1948
2412
0,472
Porcentagem
do fator
80
17
629
132
35
658
150
0,199
0,516
0,441
48
95
88
12
21
18
25
0,235
0,939
66
84
55
57
0,991
96
Inicia-se a discussão pela descrição do presente junto ao qual foram encontrados
2412 dados, dos quais 1948 representaram a forma prototípica3 de presente, tendo como PR
0,472. Embora se obtenha frequência acentuada desse tempo verbal, a correlação entre os
diversos fatores apontam que essa variável é relevante para a aplicação da não-regra que,
nesse caso, resulta em usos do tempo discursivo de modo mais acentuado, assim o resultado
estatístico dá evidências de que o tempo verbal presente tende a ser usado com outro valor
temporal, ressaltando que esse resultado se limita ao que se encontrou nesse corpus
constituído do gênero HQ. A fim de ilustrar, observe as ocorrências seguintes:
(1)Presente que codifica o passado
Fonte: Gibi da Mônica, nº225, pág. 6
3
O termo ‘prototípico’ refere-se ao valor prescrito pelas gramáticas normativas.
Nesse exemplo pode-se notar que a personagem Magali se utiliza do verbo faltar
no presente (gramatical), falta, assim como usa, do verbo usar, mas o seu ponto de referência
é o passado, visto que a falta de vela provavelmente já deve ter acontecido algumas vezes no
passado, e não acontece na cena, já que não há nenhuma ‘lanterna’ ou ‘vela’, apenas o
lembrete da personagem. Nesse caso, como a ancora é no passado, a personagem poderia
perfeitamente ter feito uso do pretérito perfeito (gramatical). A interpretação que propusemos
ficaria assim:
(2)Quanto FALTAVA vela em casa, meu pai USAVA a lanterna;
Ainda em se tratando do presente gramatical com outro valor discursivo, temos a
próxima ocorrência:
(3)Presente que codifica o futuro
Fonte: Gibi do Chico Bento, nº 5, pág. 7
Outro exemplo que ilustra as afirmações acerca do presente codificando outro
tempo gramatical é a da fala do Genesinho. O verbo em destaque aqui é vai dizer, que está no
presente (gramatical), mas devido ao verbo dizer e a frase ser uma pergunta, remete ao futuro,
ou seja, a suposição de Genesinho tem como referência a futuridade para a possível
enunciação do que será dito, não o momento em que ele fala. Trata-se aqui de atestarmos uma
nuança que remete a um futuro imediato em que Genesinho confronta Chico Bento duvidando
de sua habilidade de montaria. O traço de modalidade aqui é bem evidente em função da
pergunta, do confrontamento quanto à dúvida e, sobretudo, pelo próprio valor temporal de
futuro, que por si só já remete à modalidade irrealis.4
Passando ao outro tempo presente, agora o do modo subjuntivo, dos 35 dados
encontrados, 17 apresentaram o tempo gramatical prototípico e PR de 0,199. Assim como o
resultado para o presente do modo indicativo, esse resultado mostra que esse tempo verbal
está mais sujeito à aplicação da não-regra, ou seja, o uso do tempo discursivo no gênero em
estudo. Cabe salientar que os dados encontrados são em número bastante reduzidos na
amostra, por isso novos estudos com um corpus maior seriam necessários para que se possa
comprovar a hipótese. Para ilustrar essa variável, segue a ocorrência 3:
(4)Presente do subjuntivo que codifica outro tempo verbal
Fonte: Gibi do Chico Bento, nº 18, pág. 5
O verbo em questão é possam que está no presente do subjuntivo. Esse dado nos
remete ao futuro, já que ele não será redimensionado naquele exato momento da cena, que
4
Segundo Givón (2001, p. 301-302), a asserção irrealis é uma proposição fracamente asserida como
possível, provável, ou incerta (submodos epistêmicos), ou necessária, (in)desejada (submodos
avaliativos/deônticos). Mas o destinador não está pronto pra reforçar a asserção com evidências ou
outras bases fortes; e a contestação pelo destinatário é prontamente recebida, esperada ou
solicitada.
traduz o momento da enunciação, mas num futuro próximo. Um fator que ajuda a condicionar
esse verbo ao futuro é seu auxiliar, o verbo ser. Juntos eles dão a idéia de futuridade e não de
presente, como mostra o tempo gramatical.
Passaremos agora a discutir outro fator: o pretérito perfeito, cujos dados
encontrados somaram 658, sendo 629 prototípicos, ou seja, codificaram sistematicamente o
que se conhece pela tradição gramatical: passado. Entretanto, o PR de 0,516 mostra que essa
variável contribui minimamente à aplicação da regra, ou seja, ao uso do tempo gramatical
prototípico. Esse fator também deveria ser analisado em outro estudo posterior, já que seu PR
está no ponto neutro, podendo ser um quesito de neutralidade neste trabalho com o gênero
HQ. Eis outra ocorrência mostrando que esse tempo verbal também pode codificar tempo
discursivo diverso:
(5)Pretérito perfeito que codifica outro tempo.
Fonte: Gibi da Mônica, nº 199, pág. 19
Neste exemplo pode-se notar que o uso do advérbio finalmente mostra que o
tempo verbal usado ali seria o presente (talvez possa até ser entendido como um passado
próximo – bem próximo – como não dispomos dessa codificação morfológica em uso, o que
resta fica a cargo da situação discursiva), não o pretérito perfeito. O Cebolinha não entendeu a
moral da história num tempo anterior, mas na cena presente, tanto que exterioriza seu
pensamento. O tempo gramatical, então, está fazendo um papel de tempo discursivo, não o
que prevê a gramática.
Outro tempo verbal gramatical que codifica o passado é o pretérito imperfeito.
Para este trabalho foram encontrados 150 dados, dos quais 132 codificam o tempo em
questão. O PR desse fator, 0,441, é relevante para o estudo, já que está mais sujeito a nãoaplicação da regra. Pode-se perceber, então, que o tempo gramatical está sujeito à mudança, a
codificar outro tempo, um tempo discursivo. Levando isso em conta, observa-se o dado 5,
abaixo, comprovando a tese:
(6)Pretérito imperfeito que codifica outro tempo.
Fonte: Gibi da Magali, nº1, pág. 10
O dado em questão está no do último quadrinho, ia ter. Nesse caso, a âncora
temporal é o passado, já que a Magali sabia que iria utilizar o vidro, mas a ação de usá-lo
remete ao futuro, como ela mesma diz, em outro momento posterior poderia ter uma utilidade,
não quando ela o guardou. Eis aqui mais um exemplo de que o tempo verbal prototípico não
condiz com o tempo discursivo.
Há ainda o imperfeito do subjuntivo, cujo PR é 0,235, com base no qual se tem
como resultado outro importante quesito para mostrar o uso do tempo discursivo no gênero
HQ como indicativo relevante neste estudo. Foram encontrados 18 dados, dos quais 12
prototípicos e 6 com aplicação da não-regra, ou seja, revelando matiz temporal discursivo.
Apesar de as ocorrências serem pequenas, necessitando novas pesquisas, as análises do
programa demonstram a importância de se mostrar aos educadores que a gramática não deve
ser seguida piamente quando à marcação morfológica temporal, pois há a necessidade de
buscar o contexto ampliado a fim de interpretar o tempo verbal. Para ilustrar esse tempo,
segue o exemplo 6:
(7)Pretérito imperfeito do subjuntivo que codifica outro tempo.
Fonte: Gibi do Cebolinha, nº234 pág. 20
Contextualizando a cena acima, a chinchila que está na mão do Xaveco estava
passando mal e o Cebolinha havia percebido que ela não tinha evacuado aquele dia, assim, a
idéia de Xaveco era para espremê-la a fim de evacuar. O verbo espremer nessa tira está no
pretérito imperfeito do subjuntivo, ou seja, com marcação morfológica de passado segundo a
normatização gramatical, mas a ação não aconteceu, seria uma suposição para ser feita no
futuro. Aqui também caberia perfeitamente o verbo no futuro do subjuntivo: espremer. Mais
uma vez, há evidências que comprovam que o tempo verbal está além dos tão conhecidos
tempos gramaticais.
Continuando com os fatores, o futuro do pretérito apresentou 21 dados
prototípicos de futuro, dos 25 dados encontrados, tendo como peso relativo o valor de 0,939.
Esse resultado é interessante para a análise, pois, com as interações do programa, é o segundo
fator que mais aplica a regra: uso do tempo verbal em conformidade com a prescrição
gramatical. Embora o número de dados seja pequeno, é relevante a análise de que o futuro do
pretérito codifica o futuro (gramatical). Para ilustrar a análise segue o exemplo sete:
(8)Futuro do pretérito que codifica o mesmo tempo gramatical
Fonte: Gibi da Mônica, nº219, pág. 6
A ocorrência acima, o verbo falia (faria) no último balão, mostra que o
personagem utilizou-se do tempo adequado à situação comunicativa, visto que esse tipo de
tempo codifica um fato futuro em relação a outro no passado. Entretanto, o valor aí tem forte
carga de negação focalizada pela entonação que se reveste de pergunta numa espécie de
modalização que remete à hipótese de o Cebolinha querer receber um beijo da Mônica,
portanto remetendo ao futuro com relação ao momento de fala do Cebolinha, tornando a
possibilidade ainda mais remota.
Com relação aos outros futuros selecionados neste trabalho, futuro do presente e
futuro do subjuntivo, agrupados devido a análises prévias de rodadas estatísticas, nas quais se
apresentaram knock-out 5, tivemos 55 dados dos 57 com total relacionado à forma gramatical
correspondente, cujo peso relativo foi de 0,991. Á semelhança da situação
anterior, as
situações de futuro também tendem à correspondência entre o tempo gramatical e o tempo
discursivo. Para comprovar, segue o dado oito:
(9)Futuro do presente que codifica o mesmo tempo
Fonte: Gibi do Cebolinha, nº 232, pág. 4
5
O pacote estatístico em fatores que apresentam uma freqüência de 0% ou 100% na aplicação da
variável dependente apresenta knock-out, ou seja, não será possível continuar a rodada para a
ferramenta Peso Relativo sem eliminar ou amalgamar o fator.
Junto às ocorrências acima que compõem a HQ se pode notar os dois tempos
verbais com expressão de futuro. Primeiro o futuro do subjuntivo, que se realiza por meio do
verbo comemorarem, mostrando que a comemoração seria num momento posterior ao
aniversário da Maria Cebolinha. O segundo verbo é o será, no futuro do presente. Apesar de
haver a palavra hoje, que indicaria o presente, na cena descrita, em que há a interação entre as
personagens, não acontece ainda a festa de aniversário, por isso a relação de futuridade.
Passa-se agora para outro grupo de fator selecionado pelo GoldVarb 2001.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Partindo do exposto durante este trabalho, primeiramente pode-se definir a HQ
como um gênero do discurso, que assim se pode tornar um objeto para auxiliar na aquisição
de práticas de linguagem em espaços de ensino-aprendizagem. Utilizando a língua não
exclusivamente como sistema, mas que, por meio de pistas lingüísticas, pode-se interpretar o
todo do enunciado, de modo que a HQ acaba por materializar o linguístico com todas as
características de um enunciado relativamente estável devido a sua esfera de interação.
Vimos, também, que a HQ é um gênero eclético quanto ao tema/conteúdo,
cabendo uma gama de proposições em sua estrutura. Esse é o estilo característico da HQ
enquanto gênero discursivo, pois é inerente a esse gênero a possibilidade de criar, não só com
relação às possibilidades temáticas, como também às possibilidades de representação do
conteúdo das esferas sociais que são chamadas a integrar o gênero conforme o tema abordado.
Vale ressaltar que o estilo se depreende do universo da linguagem verbal que na HQ também
é diversificado. Ela se utiliza de recursos lexicais, criando palavras, juntando-as para formar
outra, mudando sílabas/letras de nomes famosos, entre outros recursos.
Quanto aos recursos fraseológicos, a diversidade é grande. Utilizam-se frases
interrogativas, afirmativas, frases longas, curtas, frases incompletas. Já os recursos
gramaticais se valem das mesmas regras da variedade. Junto a elas, figuram os tempos verbais
marcados morfologicamente a expressarem a temporalidade correlata lado a lado com tempos
discursivo que não estão diretamente ligados à marcação gramatical. Esse é o universo de
criatividade e recursividade que é parte do estilo da HQ enquanto gênero.
Em relação à construção composicional, a HQ mostra faceta mais estável.
Compõe-se de ilustração (desenho dos quadrinhos), mostrando os personagens, o cenário, as
indicações de movimento etc, e a fala, que se encontra dentro dos balões, assim como
eventuais narrações, que ficam geralmente no canto superior do quadrinho, conhecido por
recordatório, além de algumas indicações escritas, como as onomatopéias. Vale ressaltar que
muitas histórias em quadrinho se constituem apenas de desenhos, mas que fazem sentido ao
interlocutor/leitor.
Passando aos dados propriamente, pode-se perceber que há variação significativa
entre tempos verbais marcados gramaticais e tempos depreendidos discursivamente. Isso quer
dizer que não se dá para codificar os tempos somente fazendo uso da prescrição gramatical.
Cabe dizer que essa conclusão se dá tomando o gênero HQ, tendo como suporte o gibi, de
modo que pode haver outros resultados cuja análise tenho como base outro corpus.
O fato de atestarmos, por meio dos resultados aqui apresentados e discutidos, que
se somam a outros trabalhos tomando outros gêneros, a exemplo de entrevistas
sociolinguísticas, que o tempo gramatical varia com tempo discursivo com vistas à expressão
de tempo, requer que os professores repensem a sua prática pedagógica. Este estudo mostra
que o que se prescreve em termos de uso da língua, em se tratando de tempo verbal, é que a
expressão de tempo tende a variar segundo a prática da língua em situações de interação,
assim deve-se mostrar aos alunos essas possibilidades, sem deixar que o que é norma prescrita
subverta a norma social.
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