GEOLOGIA DE CAMPO COMO FERRAMENTA PARA ENTENDER

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GEOLOGIA DE CAMPO COMO FERRAMENTA PARA ENTENDER E
DECIFRAR O PLANETA TERRA DE FORMA PRÁTICA(1)
Diogo Gabriel Sperandio(2), Natália Pinheiro Borges (3), Ana Carolina Gonçalves
Ceolin(4), Cristiane Heredia Gomes(5)
(1)
Trabalho executado com recursos do Edital nº 42/2016, da Pró-Reitoria de Extensão e do Edital nº 021/2016 do
Programa de Desenvolvimento Acadêmico
(2)
Discente de Geologia, Universidade Federal do Pampa, Caçapava do Sul, RS. [email protected].
(3)
Discente de Geologia, Bolsista PDA; Universidade Federal do Pampa, Caçapava do Sul, RS. [email protected]
(4)
Discente de Geologia, Bolsista PDA; Universidade Federal do Pampa, Caçapava do Sul, RS. [email protected]
(5)
Orientador; Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA, Campus Caçapava do Sul.
Palavras-Chave: Geologia de Campo, Geologia Prática, Geociências, Sistemas Exógenos, Sistemas Endógenos.
INTRODUÇÃO
A Geologia como ciência tem um papel fundamental para a compreensão da Terra como um sistema
dinâmico. Sendo ela a ciência que estuda, investiga e interpreta a Terra e suas peculiaridades. Já escreveu
James Hutton (1726-1797) “O presente é a chave para o passado”, Sendo uma ciência, em grande parte,
observacional e interpretativa. Na geologia observar os processos que ocorrem atualmente é sinônimo de
tentar entender e explicar processos que ocorreram a milhões de anos atrás.
Neste sentido, a observação do indivíduo com o seu entorno e o contato com a natureza é
indispensável para que haja a compreensão dos processos ocorrentes. Assim, as Campanhas de Campo
para aqueles que estudam Geologia são de extrema importância. As quais, em geral, representam grande
parte da carga horária (820 horas/aula) do Curso de Geologia no Campus Caçapava do Sul. Instruir o
discente a observar e interpretar o que a Terra e os seus sistemas estão lhe mostrando é fundamental para
a sua formação como geólogo.
Sendo uma ciência que engloba a Matemática, a Física, a Química, a Biologia, e diversas outras
áreas, a Geologia tem muito a contribuir para o entendimento e melhor conhecimento dos processos
endógenos e exógenos que ocorrem no Planeta Terra. Desde processos em escala microscópica – como a
formação de um mineral ou a geoquímica (que estuda a distribuição de elementos nos Planetas), até
processos em escalas maiores – como a evolução dos continentes, o surgimento de vulcões, terremotos,
cadeias de montanhas até a formação de planetas – a Geologia Planetária.
METODOLOGIA
Tendo em vista o caráter multidisciplinar e da formação generalista recebida durante a Graduação em
Geologia, o estudante e futuro geólogo, deve apresentar-se apto para a realização das mais variadas
atividades relacionadas às Geociências. Para isso, muito além da formação teórica, a formação prática é
eminentemente essencial.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação na área da Geologia, (Parecer
CNE/CES nº 413/2015) que abrange os cursos de bacharelado em Geologia e em Engenharia Geológica
determinam que as práticas de campo devem corresponder a no mínimo 20% (vinte por cento) da carga
horária do curso. Para fins de contextualização, o Curso de Geologia da UNIPAMPA apresenta uma carga
horária de 3600 horas, sendo 1140 horas de atividades práticas (820 horas em campo e 320 horas em
1
laboratório) .
Neste sentido, sabendo da diversificada área de atuação do profissional geólogo, no presente
trabalho são apresentados dois cenários geológicos de Caçapava do Sul que visam analisar e discutir a
importância da prática de campo aliada ao processo teórico de ensino para a formação do estudante.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Arroio Carajás
O arroio Carajás é um cenário composto por lavas em corda contextualizadas nas disciplinas que
estão inseridos os estudos sobre rochas vulcânicas. Este evento vulcânico representa as últimas
manifestações vulcânicas ocorridas durante o Cambro-ordoviciano, no final do Ciclo Orogenético Brasiliano
1
Segundo o Projeto Politico Pedagógico (PPC) atual do curso.
Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
(Lima et. al. 2000). A interpretação desse cenário requer que o aluno se coloque no papel de investigador
para buscar as interpretações possíveis. O trabalho se inicia no estudo da geologia do afloramento, na
campanha de campo, onde as lavas em corda estão. Lá são observadas a extensão dos derrames,
orientações, etc.
Gnaisse Encantadas
O Gnaisse Encantadas é um cenário composto por rochas metamórficas abordadas nas disciplinas
desde o inicio do curso de Geologia. Da mesma forma que no cenário anterior, o trabalho se inicia in loco,
no afloramento. Lá são observadas as colorações da rocha, deformações, etc.
A continuação da prática de campo se representa em desenhos na caderneta de campo, na
observação de estruturas, na descrição da rocha, em fazer as correlações geológicas em um contexto
espacial e promover conclusões de acordo com os dados obtidos. Neste sentido, o processo gera
argumentações como: 1) a observação permite obtenção de dados para quê; e 2) saber concluir com base
em observações e contextualizações.
Neste ponto, considera-se que para respostas completas a estes problemas é necessário um
ordenamento de pelo menos seis passos a serem seguidos pelos alunos: 1) observação geral; 2)
observação detalhada; 3) qual grande grupo de rocha; 4) tipo de rocha; 5) mineralogia e; 6) história
geológica de formação. A partir disso é possível proceder com uma explicação individual de cada passo
para gerar uma explicação completa do afloramento.
Os cenários apresentados são completamente diferentes em relação a formação das rochas
estudadas. O primeiro corresponde a uma subdivisão das rochas ígneas, as rochas vulcânicas provenientes
de derrames cristalizados em superfície, onde a cor da rocha é escura e o tamanho dos minerais é
diminuto. No caso específico do Arroio Carajás as rochas datam de 460 Ma, aproximadamente. Já o
Gnaisse Encantadas, cuja idade é aproximadamente 2 Ga (Bilhões de anos), é uma rocha metamórfica
oriunda de uma rocha ígnea já formada que foi modificada em profundidade pela variação de alta pressão e
temperatura. Isto fez com que a mineralogia original se transforme e se reorganize gerando uma nova
rocha, o gnaisse.
Neste sentido, o âmbito de estudo do estudante de Geologia é essencialmente prático. O Art. 8º do
parecer CNE/CES nº 413/2015 assinala: “As Atividades de Campo são imprescindíveis tanto ao processo de
aprendizado de conteúdos quanto ao desenvolvimento de competências e habilidades por parte dos
egressos e deverão ser objeto de processo avaliativo.” quando se trata da geologia.
CONCLUSÕES
Neste estudo, ressalta-se a importância da Geologia/Engenharia Geológica com um objetivo de formar
profissionais voltados para a observação, compreensão e interpretação dos processos que ocorrem tanto
de forma endógena como exógena no Planeta Terra, assim, o trabalho de campo é algo
imprescindivelmente necessário para o Curso de Geologia. Dentre as abundantes áreas de atuação do
geólogo, são estritas as áreas em que o foco do trabalho não esteja na coleta de dados em campo. A
Geologia, em um sentido mais estrito, é uma ciência que busca analisar e compreender processos que
ocorrem no planeta, embora hoje já se trabalha com a chamada geologia planetária. Por isso muitas vezes,
trata-se também de uma ciência histórica, que busca compreender como estes processos ocorreram no
planeta, para assim buscar e propor soluções e inovações nas diversas esferas. Assim, torna-se crucial que
a geologia seja ensinada de maneira em que a prática tome frente no lugar da teoria – embora esta, seja
fundamental no processo de ensino-aprendizagem da Geologia.
REFERÊNCIAS
LIMA, E. F. WILDNER, W. LOPES, C. R. SOMMER, C. A. WIACHEL, B, L, Vulcanismo Rodeio Velho do
Arroio Carajá, outubro de 2000, [mensagem pessoal publicada em sitio eletrônico] disponível em:<
http://sigep.cpr m.gov.br/propostas/Arroio_Caraja_RS.htm> Acesso em: setembro de 2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA. Projeto Politico Pedagógico – PPC do curso de geologia. Disponível em:
<http://cursos.unipampa.edu.br/cursos/geologia/> Acesso em: Setembro de 2016.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – CONSELHO NACIONAL DA EDUCAÇÃO, Diretrizes curriculares para os cursos de
Geologia e Engenharia Geológica In: Diretrizes Curriculares para os Cursos de Graduação. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/atos-normativos--sumulas-pareceres-e-resolucoes?id=12991
Acesso em: Setembro de 2016
Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
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