perfil de formação do professor de línguas estrangeira

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PERFIL DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUAS
ESTRANGEIRA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Luana Arrial Bastos1 - PUCPR
Dilmeire Sant`Anna Ramos Vosgerau2 - PUCPR
Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O presente estudo é uma revisão sistemática cujo objetivo foi analisar a qualificação dos
professores não nativos de Língua Estrangeira indicada pelas pesquisas científicas. Para isso,
nesta revisão sistemática primeiramente concentrou-se na formação dos professores de Língua
Estrangeira, isto porque, para a pesquisa final será importante delimitar ou mostrar como se
dá a formação dos professores de Língua Estrangeira no Âmbito Educacional. A pesquisa foi
efetuada nas bases de dados eletrônicas da CAPES e a palavra-chave utilizada para a busca foi
“Formação de Professores” por meio da qual foram encontrados 7.929 artigos. Percebendo-se
que o campo era muito amplo, optou-se por delimitar a pesquisa para “Formação de
Professores em Língua Estrangeira” e nesta busca encontrou-se 115 artigos, sendo que dentre
estes artigos foram selecionados somente os que atendiam ao critério de inclusão, totalizando
12 artigos. A análise de conteúdo, com indicadores definidos "a priori", foi a técnica utilizada:
a) foco do estudo; b) ano e local de publicação; c) objetivos; d) participantes; e) instrumentos
e f) principais conclusões. A partir desta codificação seguiram-se os seguintes passos: a)
organizar a descrição dos estudos em categorias lógicas; b) analisar os resultados dentro de
cada categoria; c) sintetizar os resultados transversais aos estudos. Para apresentação e
discussão dos resultados utilizou-se a síntese narrativa, um dos métodos mais utilizados nas
Revisões Sistemáticas da Literatura. Nos resultados percebemos que os estudos do tema são
recentes entre os anos de 2009 e 2012 sendo todos de natureza qualitativa e possuem o mesmo
ideário de Almeida Filho (2009); este se preocupa com a formação didático-pedagógica dos
professores de Língua Estrangeiras.
Palavras-chave: Educação. Formação do professor. Ensino de língua estrangeira. Didática.
1
Pós-graduada em Língua Espanhola pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - Ensino – Aprendizagem
da Língua Espanhola e suas Literaturas, Estudos de Traduções e Interpretações, Prática Pedagógica, Análise e
Elaboração de Materiais Didáticos, Análise do Discurso, Tópicos em Linguística Aplicada, Prática de Textos
Escritos e Orais e Norma e Variação do Espanhol. Graduada em Licenciatura – Letras – Língua Portuguesa e
Espanhola (2000). Atualmente faz disciplinas isoladas de Mestrado em Educação na PUCPR. Formada no curso
de Magistério, com especialização em Pré-Escola. E-mail: [email protected].
2
PhD em Educação: Technologies Educationelles pela Université de Montréal - Canadá. Professora Adjunta da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Pesquisadora Associada do CrifPE - Canadá. E-mail:
[email protected].
ISSN 2176-1396
8224
Introdução
Esta pesquisa faz um enlace entre as duas áreas Letras e Educação, por meio das
questões da língua e cultura e em relação às representações sobre o ensino dos professores não
nativos como professores de Língua Estrangeira (LE) e traçando o perfil dos professores de
LE e sua formação.
Durante minha trajetória como professora de LE ocupei a função de coordenadora em
Língua Espanhola, na qual pude ter contato com várias pessoas que desejavam trabalhar como
professores de Língua Estrangeira. Nestes anos vivenciando a coordenação e a docência foi
possível constatar que existem pessoas que querem e atuam na prática de professores de LE e
em sua maioria não possuem qualificação para tanto. Percebi, por meio de vivências e
conversas entre outros coordenadores de outras línguas, que existem três tipos de
conhecimentos quanto ao perfil de docentes no ensino de LE: os conhecimentos experienciais
(conhecimento da língua por ser nativo mesmo ciente de que ninguém se capacita professor
por simplesmente ser conhecedor da língua); os conhecimentos acadêmicos e conhecimentos
acadêmicos e experienciais.
Destes três tipos elencados o terceiro é o professor adequado e ideal para o ensino,
mas sabemos que nem toda instituição de ensino de LE prioriza os professores formados e
qualificados para o ensino de LE. Por esse motivo, surgiu meu desejo de mostrar um estudo
do perfil da formação dos professores não nativos. Este trabalho, especificamente, é uma
revisão sistemática, verificando as pesquisas que já existem sobre o tema em questão e seu
ideário.
Sabemos que existem vários autores (FREIRE, 2001; PERRENOUD, 2002;
CRANDALL, 2000; BEHRENS, 1996; BEHRENS; ENS, 2010; MORIN, 2003) que tratam
da formação de professores em geral. E, ainda, há autores que tratam sobre a formação de
professores de cada área específica, como é o caso de Língua Estrangeiras (ALMEIDA
FILHO, 2005, 2009; FRANCO; ALVARENGA, 2012).
Franco e Alvarenga (2012), tendo como fundamentação básica o modelo proposto por
Almeida Filho (2005, 2009), reforça a importância do desenvolvimento de cinco
competências para ensinar línguas: a competência linguístico-comunicativa, a competência
implícita, a competência teórica, a competência aplicada e a competência profissional.
Apesar da ciência da necessidade dessas competências na formação dos professores de
LE, nas últimas décadas não existem estudos empíricos sobre os tipos ou perfil de professores
8225
que ministram aulas no contexto educacional de LE, pois mesmo com as cinco competências,
enunciadas, esses (ALMEIDA FILHO, 2001, 2005, 2006, 2009; FRANCO; ALVARENGA,
2012) e outros autores (BOHN, 1997, 2000; BROWN, 2000; GIMENEZ, 2005a, 2005b) não
cogitam a possibilidade dos professores de Ensino de Língua Estrangeira não serem
graduados para o exercício da docência.
Em tese, todos os professores seriam ou deveriam ser graduados e qualificados para a
docência, entretanto nem sempre isso acontece. Sabemos que independente do campo de
atuação, o professor precisa possuir determinadas competências e conhecimento didático
pedagógico para atuar como docente, pois cada área de ensino possui suas especificidades,
não sendo diferente para os professores que ministram aulas de Língua Estrangeira como
podemos ver em Consolo e Silva (2007).
A inclusão de diferentes teorias para discutir a questão das competências do
professor apresentando resultados de pesquisas na área de formação de professores
oferece ao leitor uma visão menos inocente das inúmeras possibilidades de se pensar
a formação e o desempenho do professor de línguas estrangeiras. Os termos
‘competência’ e ‘capacidade’ são, na obra como um todo, tomados como sinônimos
ou como algo muito próximo, sendo este um campo de discussão que vem sendo
amplamente investigado e discutido, revelando a dificuldade em definir tais
conceitos conforme aumenta a necessidade de utilizá-los (CONSOLO; SILVA,
2007, p.113).
No entanto, percebe-se nos discursos publicitários de alguns cursos de Idiomas
(Língua Estrangeira) que utilizam professores nativos como chamariz (Quadro 1), como se
isso fosse a verdadeira e efetiva segurança na aprendizagem de Língua Estrangeira, pois
tratam os “professores” nativos como o verdadeiro e único detentor do conhecimento da
língua.
Quadro1 - Propagandas
Mensagens
“Aulas ao vivo com professores Americanos”
“[...] 15 milhões confiam no nosso curso de inglês
devido à alta qualidade. A English Town oferece
professores nativos e professores qualificados
escolhidos a dedo.”
“professores nativos e bilíngues certificados por
Macmillan”
Fonte
http://www.openenglish.com.br/ acesso 22/07/2014
http://www.englishtown.com.br/online/yourteachers.aspx acesso 22/07/2014
http://englishup.com.br/ acesso25/07/2015
Fonte: As autoras
Não são somente as propagandas que evidenciam as preferências por pessoas nativas,
quando se entrega o currículo nestas Escolas de Idiomas conclui-se que o discurso e a
preferência por professores nativos é grande. Não importando se a pessoa que ministrará aulas
é formada ou não na língua, o que importa é se esta pessoa é nativa ou se viveu pelo menos
8226
dois anos em um país da língua a qual irá ensinar; não a qualificando para o exercício da
docência.
Existe um mito acerca do profissional de línguas, Gómez (2007) constatou a forte
presença do “mito do nativo” no ensino de espanhol como Língua Estrangeira. Esse mito
funciona como um ideal de língua a ser alcançado que, por ocupar um lugar de verdade, não
costuma ser questionado. A mídia massiva exerce um poder sobre os telespectadores e
ouvintes com sua comunicação midiática e com isso vê-se que a preferência por pessoas
nativas para a aprendizagem de LE, pois acredita-se que assim a aprendizagem será efetiva.
Este discurso envolve o ensino de qualquer idioma de Língua Estrangeira (MATOS, 2008).
Essa percepção do mito dos professores nativos, como sendo os mais adequados, é
confirmada na pesquisa de Graddol (2009).
O discurso publicitário faz com que muitos interessados em aprender um idioma
acreditem que este juízo comum seja uma verdade e estes acabam escolhendo essas escolas ou
até procurem nativos para estudo em aulas partículas.
Esse senso comum sobre o nativo sempre foi uma questão que muitos professores
indagavam, mas poucos se sentiam à vontade para tratar do tema, pois como são crescentes as
propagandas de escolas de idiomas colocando em evidência o fato de terem como professores
pessoas nativas e chegando ao ponto de professores graduados não serem aceitos nessas
escolas, portanto se faz necessário uma investigação sobre a qualificação da formação dos
professores de Língua Estrangeira.
Competências para o Ensino de Língua Estrangeira
Muitos professores e até linguistas não concordam com o tipo de apelação publicitária
e mito que vem surgindo no meio midiático e, há poucos anos, se iniciaram debates e
significativos estudos sobre o tema. Confirmamos isso com Graddol (2009), quando ele
afirma categoricamente, em uma entrevista, que o melhor professor de Língua Estrangeira é o
professor não nativo, pois é o professor que tem o conhecimento da Língua Materna (LM) do
aluno e da Língua Estrangeira (LE) que ministrará. Para este linguista,
Ao contrário do senso comum, o melhor professor de idiomas não é o nativo, mas
aquele que fala também a mesma língua do aluno. A vantagem desse profissional
está na capacidade de interpretar significados no idioma do próprio estudante. Com
a hegemonia ameaçada no caso do inglês, professores americanos e britânicos
devem reavaliar a maneira como ensinam o idioma (GRADDOL, 2009).
8227
As competências do trabalho docente refletem a história de desenvolvimento do
profissional/intelectual do professor e língua. Desenvolver-se é crescer na consciência de
como se tem ensinado, de que tipo de ensino se produz, com que efeitos e de que justificativas
há para se ensinar assim (ALMEIDA FILHO, 2009). Cada professor age a partir de um
combinado específico de conhecimentos ou competências desenvolvidas no decorrer de seu
estudo e aprendizado na vida acadêmica e profissional, bem como nas vivências adquiridas
em sua vida pessoal após seus estudos.
O pesquisador Almeida Filho (1992, 1998) potencializa o conceito na área de
formação de professores ao propor um modelo com cinco competências mínimas para o
professor de Língua Estrangeira, a saber: a implícita, a linguístico-comunicativa, a teórica, a
aplicada e a profissional (vide figura 1).
Figura 1– Representação das competências do professor de LE
Fonte: Almeida Filho (2009, p.18)
A evolução do desenvolvimento obedece a alguns parâmetros, esta caminha do
implícito subconsciente típico de quem está emerso numa cultura de ensinar línguas para o
explícito consciente, da crença implícita ou difusa para o pressuposto explicitado e de
articulação cada vez mais compacta e convergente com o paradigma vigente ou desejado de
abordagem da época (ALMEIDA FILHO, 2009).
8228
Nesta perspectiva, percebemos que trabalhar a luz do Ensino não é para qualquer
pessoa, o professor é um agente de mudanças, não importando a idade do discente, ainda mais
quando se trata de nossas crianças. E para tal função, necessita ter algumas características,
como mostra a figura 2, e como se percebe, há sempre a necessidade de ter habilitação e
qualificação para a docência de LE.
Figura 2 - Características Necessárias ao Profissional de Língua Estrangeira para Crianças (LEC)
Fonte: Santos e Benedetti (2009, p. 356)
Como podemos perceber a formação dos professores de Língua Estrangeira vem sendo
estudada e aprimorada no decorrer dos anos, isso vem mostrar seu valor na sociedade e nos
âmbitos educacional e pessoal, mostrando que para ser professor de LE se faz necessários
estudos envolvendo as abordagens de ensino, competência, habilidades e conhecimento não
sendo admissível ter somente a vivência ou ser nativo para que se qualifique como um
professor de LE.
Para Martinez (2009, p.15)
8229
O indivíduo, a sociedade e as línguas entram em jogo em relação didática que não
escapa às regras da comunicação humana. O ensino de línguas estrangeiras só pode,
com efeito, ser examinado como uma forma de troca comunicativa: ensinar é pôr em
contato, pelo próprio ato, sistemas linguísticos, e as variáveis da situação refletem-se
tanto sobre a psicologia do indivíduo falante quanto sobre o funcionamento social
em geral. Quem começa a aprender uma língua, adquire-a e a pratica em um
contexto biológico, biográfico e histórico. Não se tem certeza de que tudo seja
objetivável e, portanto, posteriormente utilizável na ação. Mas a posição da didática
é, em principio, uma busca de informação e, na medida máxima do possível, uma
consideração de tudo o que ajudar a facilitar a aprendizagem. É uma posição
prudente e lúcida, mas otimista, que se impõe a todos nós.
Definir uma política de ensino de LE não é uma tarefa fácil, ainda mais quando
voltada para crianças, mas o referido trabalho não se direcionará para essa linha. Esse
processo de ensino de LE para crianças envolve questões como a participação de professores
de LE, linguistas aplicados, pedagogos, pesquisadores e, quem sabe, autoridade de Governo.
Contudo há uma preocupação com a busca e o entendimento dos alicerces que
compõem a prática do professor de Língua Estrangeira. Percebe-se isso com as diversas
dissertações, pesquisas, teóricos interessados em pesquisas que oferecem um suporte mais
sólido para que os professores de LE, bem como proprietários de escolas de línguas, (re)
conheçam a necessidade de serem graduados e qualificados para exercer a docência.
Encaminhamento Metodológico
Este estudo aborda uma revisão sistemática, modalidade de pesquisa que utiliza como
fonte de dados a produção científica sobre determinado tema. Esse tipo de investigação
disponibiliza um resumo das evidências relacionadas a uma estratégia de intervenção
específica, mediante a aplicação de métodos explícitos e sistematizados de busca, apreciação
crítica e síntese da informação selecionada. Este estudo procurou, por meios dos contributos
dos estudos individuais, fornecer uma visão da investigação existente no campo da Formação
de Professor de Língua Estrangeira.
O primeiro passo efetuado foi a construção de uma ficha de pesquisa, tendo como
referência Kofinas e Saur-Amaral (2008), cujo propósito foi sistematizar os critérios para a
revisão sistemática a efetuar, a equação e o âmbito da pesquisa, bem como, definir os critérios
de inclusão e exclusão no decorrer da pesquisa (Quadro 2).
Quadro 2 - Ficha de pesquisa da revisão sistemática acerca da formação dos professores de Língua Estrangeira.
Conteúdo
Objeto de pesquisa
Equação de Pesquisa a
Explicação
Identificar a tipologia de estudos empíricos realizados acerca da Formação dos
Professores de Língua Estrangeira
Formação de professores em Língua Estrangeira (L2 ou LE)
8230
experimentar
Âmbito da pesquisa
Critérios de Inclusão
Critérios de Exclusão
Competências dos Professores de Língua Estrangeira no Brasil.
A pesquisa será realizada nos dados eletrônicos CAPES focado nos artigos
voltados aos temas de Formação de Professores em Língua Estrangeira.
Serão considerados artigos empíricos publicados em jornais, pelo fato de ser
fonte de informação científica reconhecidas pela comunidade acadêmica
associada às ciências sociais e humanas. Serão apenas incluídos os trabalhos
publicados e teses que envolvem as grandes temáticas: “Educação”, “Língua
Estrangeira”, “Formação de Professores em Língua Estrangeira”.
Artigos de revisão de literatura e não relacionados com o tema em causa ou
publicados em revistas fora do âmbito do assunto mencionado.
Discutirem o ensino de língua estrangeira em outros países que o Brasil.
Fonte: Adaptado de Kofinas e Saur-Amaral (2008).
Como se pode observar na ficha de pesquisa os estudos foram recolhidos de uma base
de dados eletrônicas (CAPES), utilizando numa primeira fase a equação de pesquisa:
“Formação de Professores”, onde foram encontrados 7.929 artigos e ao percorrer os artigos
percebeu-se que estes abrangiam o campo muito amplo. Foi, então, que se escolheu
aprofundar e delimitar recorrendo a uma segunda equação de pesquisa “Formação de
professores de Línguas Estrangeira” onde foram encontrados 115 artigos, dentre estes artigos
foram selecionados somente os que atendiam ao critério de inclusão, totalizando 12 artigos,
tendo em conta os critérios de exclusão apresentado no quadro 2.
Dos 115 artigos encontrados em uma primeira busca, somente 12 estudos empíricos
foram integrados à revisão.
No Quadro 3 estão apresentados os artigos analisados, identificando os seguintes
aspectos: 1) autor e ano; 2) objetivo do estudo e 3) participantes do estudo.
Quadro 3 - Sinopse de estudos relativos à Formação dos professores de Línguas Estrangeiras.
Autor/ Ano
SOUZA/2012
PAVAN/2012
COSTA/2012
QUEVEDOCAMARGO/2011
OLIVEIRA /2010
Objetivo de Estudo
[...] Tecer problematizações sobre a constituição identitária
de professores brasileiros de línguas chamadas
estrangeiras, a partir da análise das representações de
língua, de professor, aluno e de ensino-aprendizagem que
emergem em seus dizeres.
[...] busca analisar [...] as várias dimensões pressupostas de
um curso de formação inicial de professores de língua
estrangeira para conhecer sua relativa força contribuidora
[...].
O presente artigo tem como objetivos apresentar e discutir
as implicações da incorporação de práticas de letramento
crítico na formação inicial de professores de línguas
estrangeiras.
Objetivo geral desta pesquisa foi propor elementos para
um construto de avaliação de professores de língua inglesa
tanto em formação inicial quanto continuada.
De estudo da prática do professor de línguas estrangeiras
em sala de aula no contexto educacional sergipano.
Embora o enfoque tenha sido dado ao aspecto prático da
profissão, a teoria não poderia ser negligenciada como
parte integrante e imprescindível do fazer docente.
Participantes
Alunos e Professores de
Língua Inglesa,
Espanhola e Francesa
Professores
8231
ARAUJO/2010
FARIA/2010
DURAN e
ORTALE/2009
JALIL e
PROCAILO/2009
SANTOS/2006
CLAUS/2005
P. SANTOS/2005
Trata-se de um estudo de caso qualitativo, que visou a
investigar os três cursos de Licenciatura em Língua
Estrangeira (Línguas Espanhola, Francesa e Inglesa) em
uma Universidade Federal do Brasil, quanto ao modo
como estão preparando os professores para a prática
docente, se faz isso em conformidade com os parâmetros
teóricos contemporâneos para formação de professores de
língua.
O objetivo de levantar os reflexos que um curso como esse
teve no processo de (re)construção e/ou desenvolvimento
da competência comunicativa das participantes. O curso,
que se respaldou nos pressupostos teóricos e práticos da
fonética e fonologia do inglês, teve duração de cinco
meses, e contou com um encontro por semana de quatro
horas, totalizando sessenta e quatro horas.
Objetivo de contribuir para a formação desses professores,
este artigo apresenta um inventário de falas típicas de sala
de aula elaborado a partir das dificuldades observadas no
corpus de estudo.
A partir da reflexão acerca da importância de se levar em
consideração a particularidade de cada contexto, a prática
docente e a pedagogia da possibilidade, pilares do Pósmétodo. incentiva-se uma mudança de postura do
professor e dos formadores de professores de línguas
estrangeiras, visando a uma seleção crítica e mapeada dos
encaminhamentos metodológicos que circundam a sua
prática
Uma abordagem qualitativa, objetivo investigar o
complexo tema crença, abordando u universo do professor.
Identificar as crenças de duas professoras em exercícios.
O objetivo desta pesquisa é analisar como um curso de
Letras de uma universidade pública apresenta as teorias de
ensino/aprendizagem durante a graduação e se essas
teorias são relacionadas na prática pelos alunosprofessores durante os Estágios Supervisionados de Língua
Inglesa.
Trata-se de uma pesquisa exploratória do tipo qualitativo e
os instrumentos de pesquisa empregados foram um
questionário e uma entrevista, e seu objetivo geral foi
estabelecer a configuração da competência profissional
(CP) de dois professores de LE da escola pública do DF. A
triangulação foi obtida pela análise documental dos diários
de classe dos sujeitos da pesquisa (P1 e P2).
Três professoras em
formação cursando o
último semestre e uma
professora formadora de
cada um desses cursos de
Licenciatura, perfazendo
um total de 12
participantes.
As participantes da
pesquisa, todas
professoras de inglês,
brasileiras e com
formação superior em
Letras
Fonte: As autoras.
Entretanto no Quadro 4 estão apresentados os artigos analisados, identificando os
seguintes aspectos: 1) autor e ano; 2) instrumentos utilizados para o seu desenvolvimento e 3)
as principais conclusões.
8232
Quadro 4 - Sinopse de estudos relativos à Formação dos professores de Línguas Estrangeiras.
Autor/ Ano
SOUZA/2012
Instrumentos
Entrevistas
Principais resultados
Concluímos que a formação do professor não
deve ser considerada como fechada em um
determinado período, pois as identificações
acontecem ao longo da vida, e constroem as
indissociáveis representações de língua, ensinoaprendizagem, professor e aluno, o que interfere
diretamente na prática e nos dizeres sobre a
mesma.
Os resultados obtidos nos mostram deficiências
na formação de professores de línguas e no
processo reflexivo, de modo que novas mudanças
se fazem necessárias. Os resultados deste estudo
devem animar professores formadores a se
aprofundarem na área e alertá-los igualmente de
que há limitações importantes em análises como a
desta pesquisa.
Proposta defendida aqui é que os professores de
LE na licenciatura procurem (re)pensar seus
cursos e suas aulas para possibilitar, ao futuro
professor, experiências de ensinar e de aprender
LE por meio da reflexão crítica sobre os modos
atuais de usar a escrita e a leitura. Essa proposta
prevê a incorporação efetiva das tecnologias no
ensino/aprendizagem da LE e destaca a
importância de discutir questões sobre as
implicações sociais e culturais das novas práticas
letradas.
PAVAN/2012
Observação
COSTA/2012
Pesquisa e discussão
QUEVEDOCAMARGO/2011
Foram identificadas, assim como os
construtos subjacentes a sete
arquitextos referentes à avaliação
de professores (de línguas) e de
proficiência linguística. Essas
análises foram subsidiadas por
pressupostos teórico-metodológicos
provenientes do Interacionismo
Sociodiscursivo (ISD)
(BRONCKART, 1999/2009, entre
outros), da área de avaliação (DIAS
SOBRINHO, 2003; McNAMARA,
2000; SCARAMUCCI, 2009, entre
outros), e da área de avaliação
docente (PORTER; YOUNGS;
ODDEN, 2001, entre outros).
Este estudo propõe que todo o conjunto de
capacidades seja trabalhado e avaliado
sistematicamente na formação do (futuro)
professor de língua inglesa
OLIVEIRA/2010
Pesquisa empírica junto aos três
professores de línguas: espanhol,
francês e inglês, foi adotada a
metodologia da pesquisa-ação
crítico colaborativa.
Os resultados obtidos sinalizaram a emergência
de novas atitudes por parte dos professores e
daqueles que fazem a educação como um todo, no
sentido de alcançarem uma prática docente mais
crítica e emancipatória, fazendo emergir daí o
professor pesquisador de sua própria prática,
inaugurando o paradigma do professor reflexivo.
8233
ARAUJO/2010
Foram utilizados questionários
abertos com questões sobre o curso,
as disciplinas e alguns
conhecimentos considerados
necessários ao professor em
formação. Houve também análise
documental das Diretrizes
Curriculares para os Cursos de
Letras, em que fizemos uma
avaliação de que elementos devem
estar presentes nos cursos de
formação de professores de línguas.
FARIA/ 2010
Responder questionários aberto e
fechado, antes e ao final do curso,
os quais nos possibilitaram
identificar reflexos positivos
advindos desse tipo de instrução.
DURAN e
ORTALE/2009
A análise das gravações de mini
aulas ministradas por professores de
língua estrangeira em formação
permitiu verificar a carência de um
léxico específico para a situação de
sala de aula. Essa evidência revela
que o desenvolvimento de uma
proficiência linguística geral não é
suficiente na formação inicial de
professores de línguas estrangeiras:
é necessário que se realize também
um trabalho sistemático sobre a
linguagem específica de sala de
aula.
JALIL e
PROCAILO/2009
Bibliográfico possa compreender
um pouco mais sobre os caminhos
tomados no ensino de línguas
estrangeiras, apresenta-se a seguir
um panorama do que os principais
métodos e abordagens postulavam
desde o começo do século XX.
SANTOS/2006
Metodologia interpretativista, com
a utilização de questionário,
narrativas pessoas e entrevistas,
Os resultados sugerem que os cursos de
Licenciatura ainda têm sua base mais próxima do
paradigma estruturalista que do paradigma
comunicativo contemporâneo. As participações
sugerem que a base teórica oferecida aos
professores em formação não mostra ser
completamente consistente com os preceitos
fundamentais para a Abordagem Comunicativa e
para o ensino da Competência Comunicativa, e
que os professores egressos não demonstram
compreender bem a natureza complexa da
Competência Comunicativa, constituída de suas
diferentes subcompetências interrelacionadas.
Possibilitaram identificar reflexos positivos
advindos desse tipo de instrução, como a melhora
nos níveis de confiança das professoras
participantes, tanto ao produzir linguagem oral
quanto ao ter de dar instruções a seus alunos
acerca da pronúncia/entonação da língua-alvo em
sala de aula.
Utilizar esse inventário como base para atividades
que proporcionem ao professor em formação a
oportunidade de adquirir proficiência lexical
específica para sua prática profissional em língua
estrangeira.
Os métodos de ensino devem ser considerados um
referencial a ser adaptado por parte do professor
de acordo com a situação particular ou contexto
em que está inserido. Dessa maneira, o professor
estará utilizando abordagens e métodos que
refletem seus princípios deforma mais acurada, o
que diminuiria o abismo entre a teoria elaborada
por estudiosos da Linguística Aplicada e a prática,
vivenciada pelo professor em seu dia-a-dia.
Investigação da relação prática pedagógica de
professores atuantes com as crenças que elas
apresentam, e a forma como essa prática age na
formação e alteração dessas crenças vem a
acrescentar alguns novos dados às pesquisas sobre
crenças de professores e formação continuada.
8234
CLAUS/2005
P. SANTOS/2005
Os instrumentos utilizados para a
coleta de registros foram:
observações de aulas de Linguística
Aplicada (35: 20h) e de Prática de
Ensino (7:00h) gravadas em áudio;
questionário semi-estruturado para
os alunos-professores com o
objetivo de estabelecer o seu perfil;
entrevistas com os alunosprofessores, professores de
Linguística Aplicada, de Prática de
Ensino e de Língua Inglesa;
observações de alguns mini cursos
apresentados pelos alunosprofessores em ambientes externos
à universidade.
Constituintes competências, isto é,
a explicitação dos recursos que a
constituem, sejam os próprios do
indivíduo ou os do seu entorno, é
parte importante do arcabouço
teórico que embasa o trabalho.
Além do estudo dos recursos, são
feitas considerações sobre a pessoa
do profissional e a necessidade
imperiosa de que ele conheça e
interaja com o meio em que está
inserido. A caracterização do
conceito de competência ficou
melhor definida com a inclusão das
dimensões da competência
profissional, como sendo a) a do
conhecimento específico, b) a
política, c) a ética e e) a estética.
Os resultados mostram que as (in)formações
trazidas pelos professores formadores podem
colaborar na configuração das competências de
Ensinar dos alunos-professores que
compreenderam que a reflexão é a palavra-chave
para o (des) envolvimento de um ensino que
requer, acima de tudo, constantes transformações
advindas, principalmente, da formação
continuada.
Concluiu-se que a competência profissional do
professor de LE é um conceito mutante,
evolutivo, sempre inacabado: é um alvo móvel. A
pesquisa atingiu seu objetivo de definir a
configuração da CP dos professores observados.
Fonte: As autoras.
Discussão
Os dados representados nos Quadros 3 e 4 revelaram que aos participantes dos estudos
englobam professores de Língua Estrangeira visto que os artigos se dirigem à formação de
professores. São direcionados a professores de Língua Estrangeiras (LE ou L2) de ensino
regular de escolas públicas ou privadas e escolas de idiomas, mesmo que estas não se
preocupem em contratar professores graduados.
No que concerne à data de publicações dos estudos, nota-se um recente aumento na
pesquisa acerca da Formação de Professores de Língua Estrangeira. Dentre as 12 pesquisas
escolhidas, somente três são artigos publicados, estes publicados nos anos 2009 e 2012
respectivamente. Por ser um tema novo no campo da pesquisa nas áreas de Letras e
Linguística e no Âmbito da Educação. Isso se vê pelos anos que aparecem as teses, os estudos
de caso, as dissertações e artigos que são no ano de 2005, de 2006, de 2008, de 2009, de 2010,
8235
de 2011 e de 2012. Já quanto ao local de realização das pesquisas, todos os selecionados são
do Brasil, pois era um dos critérios de seleção.
Relativamente aos instrumentos de investigação houve uma variabilidade, contudo, a
entrevista e a observação foram os instrumentos mais utilizados, seguindo-se os questionários
(aberto, fechado e semiestruturados), pesquisas empíricas, discussão e as reflexões dos
participantes. Estas pesquisas mostram um claro direcionamento em instrumentos de natureza
qualitativa.
Dando, agora, ênfase aos principais resultados dos estudos verifica-se que os estudos
estão no ideário de Almeida Filho (2009). Percebe-se que nos estudos de Souza (2012) e P.
Santos (2005), o foco foi não considerar a formação do professor como fechada, LE é um
conceito mutante, evolutivo, sempre inacabado. Nos estudos de Pavan (2012), Costa (2012),
Oliveira (2010), Duran e Ortale (2009) direcionam para que os professores formados devam
se aprofundar na área, investindo em pesquisas sobre Língua Estrangeira, Oliveira (2010) diz,
ainda, em serem professores-pesquisadores. Já Quevedo-Camargo (2011) propõe que todo o
conjunto de capacidades seja trabalhado e avaliado sistematicamente na formação do (futuro)
professor. Contudo Araújo (2010) sugere que os Cursos de Licenciaturas se direcionem para o
paradigma comunicativo contemporâneo. E seus participantes sugerem que a base teórica
oferecida aos professores em formação mostra não ser completamente consistente com os
preceitos fundamentais para a Abordagem Comunicativa e para o ensino da Competência
Comunicativa. Entretanto outras evidências foram mostradas no estudo de Faria (2010)
possibilitando identificar reflexos positivos, como a melhora nos níveis de confiança das
professoras participantes, tanto ao produzir linguagem oral quanto ao ter de dar instruções a
seus alunos acerca da pronúncia/entonação da língua-alvo em sala de aula. Para Jalil e
Procailo (2009) os métodos de ensino devem ser considerados um referencial a ser adaptado
por parte do professor de acordo com a situação particular ou contexto em que está inserido.
Numa outra vertente Santos (2006) e Claus (2005) compreenderam que a reflexão, relação
prática pedagógica de professores, o (des)envolvimento de um ensino que requer constantes
transformações advindas, principalmente, da formação continuada. Os resultados dos
presentes estudos dão ênfase ao desenvolvimento profissional e suas competências como
sendo o principal meio de (re)construção do Perfil de Formação do Professor de Línguas
Estrangeira, realçando a luz do ideário de Almeida Filho (2009) que a sua construção é um
processo “precocemente” ativado pelas vivências e crenças anteriores à formação inicial de
professores, que continuam durante a formação e no decorrer de toda a carreira profissional.
8236
Neste entendimento, pode-se concluir que a Identidade Profissional é uma construção
contínua resultante do exercício das funções docentes, e formação continuadas.
Considerações Finais
Com essa revisão pode-se perceber que como o Ensino de Línguas Estrangeiras, (L2)
está entrando no âmbito da pesquisa e mostra como o ensino e a formação de professores de
Línguas Estrangeira não se resumem em possuir somente o conhecimento nativo de uma
determinada língua. Estes artigos, dissertações e teses evidenciam a preocupação na formação
dos professores de línguas e como o ensino vem sendo abordado, bem como, as metodologias
que existem e estão sendo ministradas na formação dos professores de Língua Estrangeiras.
Esta revisão sistemática visa contribuir com a corrente de estudos empíricos que tem
investigado a identidade profissional do professor de línguas, por sua vez, parte da minha
pesquisa e uma discussão acerca do diferencial do ensino de Língua Estrangeira por
professores não nativos e o mito do nativo que é visto pelo senso comum como único detentor
do ensino em línguas.
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