O Paciente Felino Geriátrico e suas Necessidades

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Samantha de Paula Marques
O Paciente Felino Geriátrico e suas Necessidades Nutricionais
Curitiba/PR
2015
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Samantha de Paula Marques
O Paciente Felino Geriátrico e suas Necessidades Nutricionais
Monografia apresentada como requisito para
conclusão do Curso de Pós-Graduação, Lato Sensu
em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos
Animais, do Centro de Estudos Superiores de
Maceió, da Fundação Educacional Jayme de
Altavila, orientada pela M.Sc. Adriana Dausen
Meyer.
Curitiba/PR
2015
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Samantha de Paula Marques
O Paciente Felino Geriátrico e suas Necessidades Nutricionais
Monografia apresentada como requisito para
conclusão do Curso de Pós-Graduação, Lato Sensu
em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos
Animais, do Centro de Estudos Superiores de
Maceió, da Fundação Educacional Jayme de
Altavila, orientada pela M.Sc. Adriana Dausen
Meyer.
Curitiba/PR, 20 de Agosto de 2015
Curitiba/PR
2015
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“O gato nunca é comum”
Carl Van Vechten
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RESUMO
O número de gatos idosos tem aumentado nos últimos anos devido aos grandes avanços
da medicina veterinária que contribuíram para aumentar a expectativa e a qualidade de vida
desses animais. Esta mudança gerou aumento do investimento financeiro e a busca por cuidados
que priorizam um envelhecimento digno para os animais. O envelhecimento é um processo
biológico com consequências na redução da capacidade de regeneração e compensação de
determinados órgãos. Uma alimentação apropriada e de qualidade para gatos, permite prevenir
fenômenos patológicos e fisiológicos ligados com o aumento da idade. Atentar para as
exigências nutricionais do gato e suas diferenciações nas diversas fases da vida é uma
ferramenta importante para garantir a longevidade do animal em questão.
Palavras-chave: envelhecimento, nutrição, gato
4
LISTA DE ABREVIATURAS
ATP
Adenosina-trifosfato
Ca
Cálcio
DHA
Ácido docosahexaenóico
EPA
Ácido eicosapentaenoico
FOS
Frutoligossacarídeos
GOS
Glucoligossacarídeos
Kg
Quilograma
Mg
Miligrama
Ml
Mililitro
MOS
Mananoligossacarídeos
P
Potássio
pH
Potencial Hidrogeniônico
PTH
Paratormônio
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SUMÁRIO
Introdução..........................................................................................................................05
1. Revisão de literatura......................................................................................................06
1.1 O paciente geriátrico......................................................................................................06
2. Necessidades nutricionais..............................................................................................08
2.1 Água..............................................................................................................................08
2.2 Energia...........................................................................................................................09
2.3 Proteínas e aminoácidos.................................................................................................10
2.4 Lipídeos.........................................................................................................................13
2.5 Efeitos atribuídos aos probióticos e prebióticos.............................................................15
2.6 Vitaminas e minerais.....................................................................................................17
Conclusão...........................................................................................................................22
3. Referências bibliográficas.............................................................................................23
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INTRODUÇÃO
Estudos demonstram que o aumento da expectativa de vida dos animais domésticos
acompanhou, mesmo que não proporcionalmente, o aumento da expectativa de vida humana.
(DINIZ, 2013).
Cães e gatos estão vivendo mais tempo que há 20 anos devido aos grandes avanços da
medicina veterinária, como no conhecimento, na tecnologia de diagnóstico e em opções
terapêuticas. Esses avanços contribuíram para aumentar a expectativa e a qualidade de vida dos
animais de companhia, já que a relação entre os cães e gatos com seus donos já pode ser
equiparada às relações entre os membros de uma família. De melhor amigo, o cão e o gato
passaram a fazer parte da família.
Esta mudança de comportamento gerou aumento do investimento financeiro e a busca
por cuidados que priorizam a qualidade de vida e um envelhecimento digno para os animais.
Soma-se a isto o crescimento do ramo pet, que tem posto à disposição dos proprietários
de animais de companhia uma imensa gama de produtos que despertou o interesse dos donos
de animais sobre as questões relacionadas com o cão e o gato geriátrico, bem como a do
profissional de Medicina Veterinária de pequenos animais.
O envelhecimento não deve ser considerado como um problema patológico, mas sim
um processo biológico, com consequências na redução da capacidade de regeneração e
capacidade de compensação por determinados órgãos, que eventualmente resultam na produção
de doenças que podem ser consideradas como características de um animal em sua fase
geriátrica.
Uma alimentação apropriada e de qualidade com ração para gatos permite combater os
fenômenos patológicos e fisiológicos ligados ao envelhecimento, manter o peso do gato em seu
nível ideal, e contribuir para a prevenção de problemas urinários.
Atentar para as diferenciações nutricionais que ocorrem nas diversas fases da vida de
um cão ou gato é uma importante ferramenta para garantir, entre outros pontos, a longevidade
do animal em questão.
Sendo assim esta revisão bibliográfica terá como objetivo abordar as características do
paciente felino geriátrico, bem como suas necessidades nutricionais.
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1 REVISÃO DE LITERATURA
1.1 O PACIENTE GERIÁTRICO
Na última década a medicina veterinária apresentou importantes avanços no
conhecimento, na tecnologia de diagnóstico e em opções terapêuticas. Esses avanços
contribuíram para aumentar a expectativa de vida de animais de companhia. O principal fator
que impulsionou tais avanços foi a íntima relação homem-animal. O animal doméstico assume
posição de destaque, sendo reconhecido hoje em dia como um membro da família. Esta
mudança de comportamento gerou aumento do investimento financeiro e a busca por cuidados
que priorizam a qualidade de vida e um envelhecimento digno para os animais. Estudos
demonstram que o aumento da expectativa de vida dos animais domésticos acompanhou,
mesmo que não proporcionalmente, o aumento da expectativa de vida humana. (DINIZ, 2013).
Na França 30% dos gatos têm mais de 8 anos e 11% têm mais de 11 anos e nos Estados
Unidos ao longo dos últimos 10 anos, houve um aumento quase duplo na porcentagem de gatos
de estimação de mais de 6 anos de idade (de 24% para 47%), um aumento de 15% em gatos
com mais de 10 anos de idade, e a proporção da população com idades entre 15 anos ou mais
aumentou de 5% a 14%. Estima-se que no Reino Unido existam 2.5 milhões de gatos idosos e
20 milhões na Europa, constituindo 30% da população felina e que a esperança média de vida
felina tenha aumentado para 14-16 anos. Esta população tende a aumentar, acompanhando os
avanços nos cuidados veterinários e nutricionais, bem como os estilos de vida indoor (SILVA,
2014).
Soma-se a isto o crescimento do ramo pet, que tem posto à disposição dos proprietários
de animais de companhia uma imensa gama de produtos (RUIZ, 2013), desenvolvimento de
novas medicações, novos protocolos terapêuticos, novas técnicas cirúrgicas, além de inovações
no mercado alimentício desses animais (NUNES, 2012), que despertou o interesse dos donos
de animais sobre as questões relacionadas com o cão e o gato geriátrico, bem como a do
profissional de Medicina Veterinária de pequenos animais (RUIZ, 2013).
Um fato Importante é que embora os termos “idoso”, “velho”, “sênior/senil” e
“geriátrico” sejam frequentemente referidos como sinônimos, eles possuem definições
distintas. Os termos “sênior e idoso” referem-se a funcionalidade de um animal. Um animal é
considerado sênior ou idoso quando este diminui sua atividade, ganha ou perde peso, e
desenvolve outras alterações físicas e comportamentais relacionadas a idade. Diferentemente,
o termo “geriátrico e velho” que refere-se a idade cronológica do animal (MORAES, 2013).
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As idades em que cães e gatos são considerados idosos e teriam a maior probabilidade
de apresentar problemas associados ao envelhecimento variam de acordo com espécie e
tamanho do animal (RUIZ, 2013).
Gatos são considerados geriátricos ou de idade avançada a partir dos 10 a 12 anos, por
volta dos sete anos de idade aumenta a prevalência de doenças relacionadas com a idade e
começam de forma gradual as mudanças comportamentais, físicas e metabólicas (RUIZ, 2013).
É importante que a partir desta idade os animais de companhia sejam submetidos a
exames de rotina para doenças mais comuns que acometem o animal idoso (MORAES, 2013).
No caso dos felinos, o padrão racial não é fator determinante na longevidade, já que
envelhecem de maneira uniforme, independentemente da raça. No entanto, apesar de não ter
sido ainda bem elucidado, a genética pode sim, ter influência na longevidade felina, uma vez
que gatos de raças puras podem ter maior predisposição a certas doenças hereditárias ou a
alterações imunológicas, que contribuem para a diminuição da expectativa de vida dos animais
acometidos (NUNES, 2012).
O envelhecimento não deve ser considerado como um problema patológico, mas sim
um processo biológico, com consequências na redução da capacidade de regeneração e
capacidade de compensação por determinados órgãos, que eventualmente resultam na produção
de doenças que podem ser consideradas como características de um animal em sua fase
geriátrica (ASSUMPÇÃO, 2010). Durante este processo ocorrem inúmeras transformações,
caracterizadas por serem progressivas e irreversíveis no organismo do animal.
Estas alterações culminam com a perda gradativa da capacidade do indivíduo de se
adaptar aos estresses fisiológicos internos e aos ambientais externos. Ocorre a perda da
capacidade de reserva de nutrientes, das funções fisiológicas e de regeneração dos órgãos. Além
disso, estes efeitos relacionados à idade podem apresentar-se como sub-clínicos, o que preocupa
ainda mais, caso os animais não venham sendo acompanhados com programas específicos para
animais idosos. Ademais com os declínios nas funções dos diversos órgãos o animal se torna
mais suscetível e vulnerável às mais diversas doenças. São inúmeros fatores que influenciam a
velocidade do processo de envelhecimento: os genéticos, os ambientais, os nutricionais e os
imunológicos são os que se destacam (FARIAS, 2011).
O objetivo da alimentação de animais idosos é diminuir o ritmo ou impedir a progressão
de mudanças metabólicas associadas com a idade, aumentando a longevidade e preservando a
qualidade de vida (RUIZ, 2013).
Assim, a partir dessa etapa da vida dos felinos domésticos, é necessário observar e
considerar cada mudança que porventura ocorra. Ademais, é imprescindível que os
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proprietários fiquem a par de tais mudanças e como elas podem surgir, a fim de oferecer ao
animal um melhor acompanhamento geriátrico, já que por muitas vezes o envelhecimento traz
mudanças subclínicas, que se mantêm dessa forma até o momento em que o animal é submetido
a algum fator estressante, seja mudança de ambiente, ocorrência de infecções, traumas ou o uso
de medicamentos (NUNES, 2012).
2. NECESSIDADES NUTRICIONAIS
Como regra geral, presume-se que as necessidades nutricionais para a manutenção de
um adulto sejam adequadas para cão ou gato geriátrico. Porém, existem muitas mudanças que
podem ocorrer com o processo de envelhecimento, as quais podem afetar a capacidade do
animal idoso em procurar, consumir, digerir e usar os nutrientes (RUIZ, 2013).
Uma nova abordagem nutricional baseada em modificações quantitativas e qualitativas
é necessária devido às alterações físicas e metabólicas, celulares e orgânicas, particulares ao
processo de envelhecimento. A quantidade de nutrientes requerida por unidade de peso corporal
pode mudar, e a maneira de fornecer esses nutrientes ao animal pode precisar de modificações
(BORGES, 2009).
2.1 ÁGUA
O nutriente mais importante é a água. O corpo dos mamíferos é composto por
aproximadamente 70% de água e pequenas perdas já podem causar problemas. Um animal pode
perder quase toda sua gordura corpórea e metade de sua proteína e ainda sobreviver, porém, se
perder 10% de sua hidratação apresentará sérios problemas de saúde e se perder mais de 15%,
pode morrer se não for realizada uma rápida reposição. A água disponível ao animal tem três
origens: água potável, água incorporada ao alimento e água oriunda do metabolismo de gordura
e de energia. O alimento enlatado (rações úmidas) contém, em média, 74% de água. Já os
alimentos secos contêm apenas 10% de água. Portanto, o gato que se alimenta somente de ração
seca, deve ingerir mais água potável para atingir seu requerimento mínimo. A necessidade de
ingestão de água do felino é diferente daquela de cães por causa de uma adaptação a ambientes
extremos de seus ancestrais. Acredita-se que o gato doméstico descende do gato selvagem da
África (Felis silvestris libyca), que habitava o deserto. Vários aspectos particulares de equilíbrio
hídrico do gato podem ser explicados por essa antiga adaptação ao meio ambiente seco. O
estímulo da sede parece ser menos sensível nos gatos que em cães. Felinos também conseguem
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sobreviver com menos água que cães e manifestam menos sintomas de desidratação quando
esta se apresenta até 4% do peso corpóreo. Em parte, gatos compensam a menor ingestão de
água produzindo uma urina altamente concentrada. Infelizmente, essa alta capacidade de
concentração associada à baixa ingestão de água, resulta em uma urina muito saturada,
aumentando o risco de cristalúria e urolitíase (CHAMONE, 2013).
Para gatos de idade avançada a água é um nutriente crítico para a saúde nesta faixa
etária. A idade deteriora a sensibilidade à sede, que nos felinos é baixa comparada a outras
espécies. Além disso o declínio da função renal associado com a idade pode elevar a perda de
água devido à redução da capacidade de concentrar a urina. Estas características em conjunto
predispõem os gatos geriátricos à desidratação. A ingesta de água nos gatos sadios que não
apresentam aumento da perda de líquidos é de 200 a 250 ml/dia. Este volume é composto da
combinação de água livre, água metabólica e água contida nos alimentos (RUIZ, 2013).
2.2 ENERGIA
Requisitos energéticos de mantença são as necessidades energéticas exigidas para o
animal normal sobreviver com atividade mínima. Estes requisitos podem variar com base no
potencial genético e no estado de saúde do animal. A idade avançada é caracterizada por um
declínio na taxa metabólica e massa corporal magra. Essas alterações sugerem que as
necessidades energéticas da dieta do animal idoso são menores que aquelas de um adulto jovem
em manutenção (RUIZ, 2013).
Em gatos idosos, as mudanças relacionadas às necessidades energéticas de mantença
podem ser controversas, pois há poucas informações sobre os requisitos de manutenção de
energia dos gatos na senescência, o que não surpreende, pois os gatos geralmente costumam
comer ad libitum e regulam o consumo de energia de forma muito eficaz (FARIAS, 2011).
Em alguns estudos a curto prazo demonstrou-se não ocorrer mudanças com o avanço da
idade (RUIZ, 2013). Porém se a avaliação for durante um período maior (3 a 12 meses), há
diminuição das necessidades de aproximadamente 3% ao ano (FARIAS, 2011).
Outros estudos afirmam que cães e gatos têm a exigência energética diminuída com a
idade. Esta diminuição pode ser atribuída as mudanças na composição corporal, que por sua
vez afeta a taxa metabólica basal. O declínio na atividade física, que é normalmente observado
nos animais geriátricos, resulta na redução da exigência energética (FARIAS, 2011).
Harper (1998) realizou estudos com gatos idosos, onde os animais aumentaram sua
ingestão diária de alimentos para compensar a reduzida capacidade de digerir os
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macronutrientes. Assim, a evidência sugere fortemente que os gatos continuam a controlar a
ingestão de energia à medida que envelhecem, apesar do fato de que muitos gatos podem
apresentar comprometimento na eficiência digestiva.
Similarmente em outro estudo realizado por Taylor (1995) constatou-se que os animais
consumiram mais alimento a fim de compensar a reduzida capacidade de digerir a gordura e a
proteína da dieta, concluindo que, apesar da idade avançada, os gatos continuaram a regular sua
ingestão de energia mantendo o peso ideal.
Sendo assim, a avaliação nutricional deve ser individual para determinar as necessidades
de cada paciente ao invés de assumir que todos os animais de estimação mais velhos precisam
ingerir uma quantidade reduzida de calorias. De acordo com isso, o ideal é assegurar aos
animais dietas que forneçam níveis adequados de nutrientes essenciais para idosos (FARIAS,
2011).
2.3 PROTEÍNAS E AMINOÁCIDOS
Proteínas são moléculas complexas que, como os carboidratos e gorduras, contêm
carbono, hidrogênio e oxigênio. Além disso, toda proteína possui aproximadamente 16% de
nitrogênio (CHAMONE, 2013).
As proteínas são macromoléculas que possuem uma importância fundamental na
alimentação animal, uma vez que estão intimamente relacionadas com os processos vitais das
células e consequentemente do organismo. No organismo podem ser encontradas tanto no
núcleo, como no citoplasma e na membrana celular. A maior parte dos órgãos internos, dos
tecidos conectivo e cartilaginoso e da pele assim como dos músculos são formados por
proteínas. Basicamente são elementos estruturais, mas eventualmente, podem fornecer energia.
Proteínas circulantes exercem a função de veículos de transporte para gorduras, vitaminas e
alguns minerais. Apresentam atividades enzimáticas e hormonais. Atuam no sistema imune do
organismo (anticorpos). Podem ser consideradas como as biomoléculas mais versáteis no que
se refere à sua funcionalidade e essa versatilidade funcional está determinada pelo número,
classe e sequência dos aminoácidos que compõe suas unidades estruturais (MASCARENHAS,
2004).
Aminoácidos correspondem à unidade básica da proteína e mantêm-se unidos por
ligações peptídicas, formando longas correntes (CHAMONE, 2013). Podem ser definidos como
ácidos orgânicos nitrogenados, sendo formados por um grupamento amina, uma carboxila, um
átomo de hidrogênio e um radical R diferenciado, ligados a um átomo de carbono que é
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4
chamado de carbono alfa por ser adjacente ao grupamento carboxila. As proteínas são formadas
a partir de 20 aminoácidos, os quais são unidos entre si por ligações peptídicas. As diferenças
entre as diversas proteínas existentes são dadas pelo número, tipo e sequência dos aminoácidos
na cadeia proteica. Os aminoácidos diferem uns dos outros através de suas cadeias laterais ou
grupos R, os quais variam em estrutura, tamanho e carga elétrica, e influenciam a solubilidade
do aminoácido em água. Além dos 20 aminoácidos que fazem parte das proteínas (aminoácidos
proteicos) existem outros que possuem funções metabólicas diversas como, por exemplo,
ornitina e citrulina que são metabólitos intermediários do ciclo da ureia. Quanto ao seu destino
no metabolismo animal eles podem ser: glicogênicos, cetogênicos e glicocetogênicos. Para os
carnívoros, os glicogênicos são importantes para manutenção da glicemia uma vez que pelo
processo da gliconeogênese podem gerar glicose (MASCARENHAS, 2004).
Os aminoácidos podem ser divididos em dois grupos: aminoácidos essenciais e não
essenciais (CHAMONE, 2013). Podemos considerar não essencial, todo aminoácido produzido
pelo organismo em quantidade e velocidade suficiente para atender suas necessidades
(MASCARENHAS, 2004). Os essenciais são aqueles que precisam estar presentes na dieta,
pois o organismo é incapaz de sintetizá-los suficientemente. Os aminoácidos considerados
essenciais variam de espécie para espécie, para os gatos são quatro aminoácidos: arginina,
taurina, metionina e cistina (CHAMONE, 2013).
O metabolismo proteico de gatos é peculiar e caracteriza-se por necessidades
marcadamente altas para a manutenção dos felinos, quando comparado com as necessidades
dos caninos. Essa alta demanda proteica é causada pela alta e constante atividade de enzimas
hepáticas, que removem grupos amina de aminoácidos para que o ácido acético resultante possa
ser usado como energia ou produção de glicose. O uso contínuo de proteína para produção de
energia e para realização de reações metabólicas (como o ciclo da ureia), mesmo em condições
de baixa disponibilidade proteica, explica porque a deficiência deste nutriente ocorre mais
rapidamente em gatos doentes e/ou anoréticos (CHAMONE, 2013).
A arginina atua como precursor da ornitina e intermediária no ciclo da ureia. Com esta
capacidade a arginina possibilita que as grandes quantidades de amônia geradas após o consumo
de alto nível de proteína sejam transformada em ureia, sendo posteriormente eliminadas. Tem
sido demostrado que os gatos são muitos sensíveis a deficiência de arginina. A alimentação sem
arginina tem resultado em severa hiperamonemia com sintomas como emese, sialorreia, ataxia,
hiperestasia, hipotermia e letargismo, sendo que o quadro pode evoluir para o coma seguido de
morte. A rápida hiperamonemia observada nos gatos após a ingestão de dietas deficientes em
arginina parece ser resultado de uma diminuição dos intermediários do ciclo da ureia no fígado.
12
4
Na maioria dos animais a síntese de ornitina pode ocorrer na mucosa intestinal a partir da
prolina e do glutamato. No entanto, tem sido proposto que as células da mucosa intestinal do
gato possuem um nível muito baixo de pirrolina-5-carboxilato sintetase ativa, enzima essencial
nessa via metabólica. Isso foi demonstrado por Rogers e Phang (1985) que ao compararem a
atividade da pirrolina-5-carboxilato sintetase na mucosa intestinal de gatos com a de ratos,
observaram que há uma severa limitação na atividade dessa enzima nos gatos, limitando a
capacidade de síntese de ornitina de novo. Além de sua incapacidade de sintetizar ornitina, o
gato não é capaz de sintetizar arginina a partir da ornitina para ser usada nos tecidos extrahepáticos mesmo se a dieta fornecer ornitina. Para a ornitina proteger o gato de hiperamonemia
ela precisa resultar em síntese de ureia via arginina no ciclo de Krebs no fígado. Contudo,
devido ao alto nível de arginase no fígado, não há um adequado fornecimento de arginina para
atender as exigências dos tecidos periféricos. A citrulina, uma substância produzida a partir da
mucosa do intestino ou no fígado como intermediária no ciclo da ureia pode se deslocar ao rim
onde se transforma em arginina. Assim são satisfeitas as necessidades do rim e dos outros
tecidos do corpo possibilitando o crescimento e a manutenção normal dos tecidos. Entretanto,
a mucosa intestinal do gato não produz citrulina (por causa da incapacidade de produzir
ornitina) e a citrulina produzida no fígado parece ser incapaz de sair do hepatócito para ser
transformada em arginina no rim. O resultado direto disso é que a arginina torna-se um
aminoácido
essencial
tanto para o crescimento
como
para
mantença do
gato
(MASCARENHAS, 2004).
Taurina é um aminoácido abundantemente encontrado no alimento natural do gato. A
taurina não é um constituinte normal de proteínas, mas está associado à proteína animal e
presente em todos os tecidos animais como um aminoácido livre (MORRIS, ROGERS &
PACIORETTY, 1990).
A taurina não faz parte das proteínas, não é um aminoácido propriamente dito, mas um
ácido beta-amino-sulfônico. Seu metabolismo difere sensivelmente do metabolismo dos
aminoácidos. Mas sua estrutura é muito similar a de um aminoácido. É um produto final do
metabolismo de aminoácidos sulfurosos, sendo produzida a partir da metionina e cistina
(MASCARENHAS, 2004).
A taurina possui grande importância para felinos, pois sua síntese é limitada. A mesma
é encontrada em grandes concentrações no miocárdio e na retina e por esta razão sua deficiência
pode causar degeneração retiniana central felina e cardiomiopatia dilatada (FARIAS, 2011).
A maioria dos animais conseguem utilizar tanto a glicina como a taurina para conjugar
ácidos biliares em sais biliares antes de serem secretados na bile. Gatos, no entanto, somente
13
4
conseguem conjugar ácidos biliares a partir da taurina (CHAMONE, 2013), porém o gato é
muito ineficiente em produzir taurina devido a baixa atividade da enzima ácido cisteínasulfínico descarboxilase. Além disso, existe no gato uma via competitiva do metabolismo da
cisteína que origina produção de piruvato em vez de taurina, a partir de metionina e cisteína
(MASCARENHAS, 2004).
FARIAS (2011) destaca o papel da taurina como auxiliar no retardo dos processos de
envelhecimento. Devido sua ação antioxidante, a suplementação de taurina pode ser benéfica
no auxílio do retardo dos processos naturais do envelhecimento.
A deficiência de taurina deve ser tratada com a suplementação de 250 a 500 mg de
taurina, duas vezes ao dia. Os animais que apresentam cardiomiopatia dilatada apresentam
melhora clínica em uma a três semanas, enquanto que a degeneração de retina e as sequelas do
crescimento retardado em filhotes são irreversíveis. Por isso, a prevenção é importante e
constitui na oferta de alimento específico, adequado para felinos. A maioria das rações
comerciais é suplementada com taurina, além da presença de taurina originária da própria
matéria prima (CHAMONE, 2013).
Para animais geriátricos o ideal é fornecer proteína de qualidade e em quantidade
suficiente para suprir as necessidades dos aminoácidos essenciais a fim de minimizar os efeitos
das perdas naturais de massa muscular magra que ocorrem com a idade (RUIZ, 2013).
2.4 LIPÍDEOS
A gordura da dieta é parte de um grupo heterogêneo de componentes conhecidos como
lipídeos. Essas substâncias pertencem à mesma classificação devido à sua solubilidade em
solventes orgânicos e por serem insolúveis em água. Os triglicerídeos constituem a maior parte
da gordura consumida pelos animais domésticos. Através dos triglicerídeos os ácidos graxos
são fornecidos via dieta. Ácidos graxos também possuem função estrutural importante nos
organismos vivos, na forma de fosfolipídeos, como constituintes das membranas celulares.
(TREVIZAN & KESSLER, 2009).
Três ácidos graxos são essenciais para os carnívoros: ácido linoleico, ácido linolênico e
ácido araquidônico (CHAMONE, 2013).
Os ácidos graxos são cadeias de hidrocarbonetos com número variável de átomos de
carbono, sendo classificados quanto ao número de carbonos na cadeia, o número de ligações
duplas e a localização da primeira ligação dupla. É importante conhecer esta composição, pois
a estrutura dos ácidos graxos está intimamente ligada aos seus efeitos no metabolismo celular.
144
As famílias ômega-3 e ômega-6 são assim denominadas pela primeira dupla ligação da cadeia
estar entre o terceiro e o quarto carbono, ou entre o sexto e o sétimo carbonos, respectivamente.
Eles são considerados ácidos graxos essenciais, pois os cães e gatos não podem sintetizá-los e
devem ser recebidos pela dieta. No organismo, estes ácidos graxos são incorporados à
membrana celular, tendo efeitos sobre sua integridade e fluidez (ZAINE et al, 2014).
O ácido linolênico é um ácido graxo da família ômega-3, essencial para o organismo e
precursor dos ácidos DHA e EPA. O ácido linoleico é um ácido graxo da família ômega-6, após
a ingestão, o ácido linoleico pode sofrer alterações de dessaturação e alongamento para formar
outros ácidos graxos poliinsaturados ômega-6, tais como os ácidos gamalinolênico e di-homogamalinolênico, e este último é metabolicamente convertido para o ácido araquidônico, que
serve de substrato para uma grande variedade de importantes metabólitos, especialmente de
algumas moléculas pró- inflamatórias. O ácido araquidônico é, em termos quantitativos, o
principal ácido graxo essencial da dieta. O alto consumo de ácido linoleico favorece a resposta
inflamatória do organismo, visto que há o aumento de ácido araquidônico nos fosfolipídios das
membranas celulares, aumentando, consequentemente, a produção de eicosanoides próinflamatórios, como as prostaglandinas E2, leucotrieno B4 e tromboxano A2, por meio de vias
enzimáticas (BARRETO, 2014).
Pela ação das enzimas dessaturase e elongase os animais aumentam a estrutura química
da molécula, sintetizando o ácido eicosapentaenoico (EPA; C20:5 v3) e o ácido
docosaexaenoico (DHA; C22:6 v3). Esta conversão, no entanto, é limitada no cão e não ocorre
no gato pela falta de atividade da enzima dessaturase, de modo que para uma ação fisiológica
correta deve-se suplementar na dieta destes animais carnívoros diretamente o EPA e o DHA
(ZAINE et al, 2014).
Os ácidos graxos de ômega 3 são encontrados principalmente em peixes, óleos de peixe
de águas frias e profundas, como salmão, cavala, arenque, anchova e truta. Os lipídeos presentes
nesses peixes são considerados as melhores fontes de EPA e DHA. No alto da cadeia alimentar,
alguns peixes incorporam ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 e os transformam em ácidos
graxos com 20 - 22 átomos de carbono. Assim, o EPA e DHA são especialmente concentrados
no tecido adiposo dos peixes (PESCADOR, 2006).
A gordura aumenta a densidade calórica e a palatabilidade da dieta, além de servir como
fonte de vitaminas lipossolúveis e ácidos graxos essenciais (CHAMONE, 2013).
O organismo do animal idoso apresenta uma incapacidade de metabolizar os lipídeos e
por isso o percentual de gordura corporal nestes animais tende a aumentar (FARIAS, 2011).
15
4
Uma leve redução na quantidade de gordura na dieta pode ser benéfica para gatos
geriátricos, desde que esta seja altamente digestível e rica em ácidos graxos essenciais. Uma
vez que a necessidade energética diminui no idoso, a redução calórica devido a diminuição do
conteúdo de gordura na dieta também contribui com uma densidade energética menor do
alimento (RUIZ, 2013).
2.5 OS EFEITOS ATRIBUÍDOS AOS PROBIÓTICOS E PREBIÓTICOS
Manter um equilíbrio apropriado da microbiota pode ser assegurado por uma
suplementação sistemática da dieta com probióticos, prebióticos e simbióticos (SAAD, 2006).
A partir do ano de 1980, com o desenvolvimento e crescimento significativo das
destilarias de álcool combustível, obteve-se uma quantidade significativa de residual de
leveduras. Teve início então a sua produção e comercialização em níveis elevados, levando a
diversos estudos e pesquisas para o seu aproveitamento na alimentação humana e animal
(LIMA, 2008).
Os probióticos eram classicamente definidos como suplementos alimentares à base de
microrganismos vivos, que afetam beneficamente o animal hospedeiro, promovendo o balanço
de sua microbiota intestinal. Diversas outras definições de probióticos foram publicadas nos
últimos anos. Entretanto, a definição atualmente aceita internacionalmente é que eles são
microrganismos vivos, administrados em quantidades adequadas, que conferem benefícios à
saúde do hospedeiro (SAAD, 2006).
O mecanismo de ação dos probióticos estão relacionados a competição por sítios de
ligação ou exclusão competitiva, ou seja, as bactérias probióticas ocupam o sítio de ligação
(receptora ou pontos de ligação) na mucosa intestinal formando uma barreira física às bactérias
patogênicas. Assim, as bactérias seriam excluídas por competição de espaço. Fímbrias são os
elementos de aderência bacteriana mais conhecidas e estudadas. São estruturas como “pêlos”
compostos por fosfoglicoproteínas que se projetam do corpo bacteriano. Algumas bactérias
somente se aderem à superfície superior dos enterócitos, enquanto que outras residem nas
criptas onde são produzidas as novas células epiteliais que migram até o topo das vilosidades.
As bactérias probióticas também protegem os vilos e as superfícies absortivas contra toxinas
irritantes produzidas pelos microrganismos patogênicos, permitindo, assim, a regeneração da
mucosa intestinal lesada (FURLAN, MACARI & LUQUETTI, 2004).
Prebióticos são componentes alimentares não digeríveis que afetam beneficamente o
hospedeiro, por estimularem seletivamente a proliferação ou atividade de populações de
164
bactérias desejáveis no cólon. Adicionalmente, o prebiótico pode inibir a multiplicação de
patógenos, garantindo benefícios adicionais à saúde do hospedeiro (SAAD, 2006).
Outro aspecto importante é que, para ser considerado um prebiótico, o ingrediente não
pode ser hidrolisado ou absorvido no intestino anterior (intestino delgado), seja um substrato
seletivo para um determinado grupo de bactérias comensais benéficas, seja capaz de alterar de
forma benéfica a microbiota intestinal e induza efeitos luminais ou sistêmicos que sejam
benéficos ao hospedeiro. Assim, carboidratos não digeríveis como oligossacarídeos, alguns
peptídeos e lipídeos não digeríveis podem ser considerados como prebióticos. Entretanto, as
substâncias que têm sido mais estudadas como aditivos em alimentação animal são os
oligossacarídeos, especialmente os frutoligossacarídeos (FOS), glucoligossacarídeos (GOS) e
mananoligossacarídeos (MOS). FOS são polímeros ricos em frutose, podendo ser naturais,
derivados de plantas (inulina) ou sintéticos, resultante da polimeração da frutose. GOS e MOS
são obtidos a partir de parede celular de leveduras. A parede celular de leveduras consiste
principalmente de proteína e carboidrato, a qual contém os dois principais açúcares (glucose e
manose) em proporções semelhantes e N-acetilglucosamina. O MOS, usado como aditivo de
rações, consiste de fragmentos de parede celular de Saccharomyces cerevisae com uma
estrutura complexa de manose fosforilada, glucose e proteína. A alteração da microbiota
intestinal causada pelo uso de prebióticos pode ocorrer de duas maneiras: através do
fornecimento de nutrientes para as bactérias desejáveis ou através do reconhecimento, pelas
bactérias patogênicas, de sítios de ligações nos oligossacarídeos como sendo da mucosa
intestinal, reduzindo a colonização intestinal indesejável, resultando em menor incidência de
infecções e melhor integridade da mucosa intestinal. Para que as bactérias consigam colonizar
o trato intestinal e criar uma condição patológica, precisam inicialmente aderir-se à superfície
epitelial. Esta adesão ocorre através de glicoproteínas (lectinas ou fímbrias) que reconhecem
determinados açúcares da superfície do epitélio intestinal. Portanto, se eles se ligarem a um
açúcar ou oligossacarídeo dietético, e não à mucosa intestinal, irão passar com a digesta sem
causar problemas digestivos para os animais. Desta forma, os mananoligossacarídeos são
capazes de bloquear a aderência dos patógenos e evitar a colonização (FURLAN, MACARI &
LUQUETTI, 2004).
O conceito de simbiótico alia o fornecimento de micro-organismos probióticos
juntamente com substâncias prebióticas específicas que estimulem seu desenvolvimento e
atividade, potencializando o efeito de ambos os produtos (BRITO et al, 2014).
Ainda não se tem evidências sobre os benefícios dos probióticos e prebióticos em
pacientes geriátricos felinos, porém sabe-se que uma microbiota intestinal saudável e
174
equilibrada resulta em um desempenho normal das funções fisiológicas do hospedeiro, o que
irá assegurar melhoria na qualidade de vida do indivíduo. Este resultado é de suma importância,
devido o aumento na expectativa de vida de nossos pacientes.
2.6 VITAMINAS E MINERAIS
O termo “vitamina” foi criado por Casmir Funk em 1912, quando ele descreveu uma
classe de substâncias que continham nitrogênio e que eram aminas vitais (“vitalamines”). Esse
termo foi alterado mais tarde para vitamina (“vitamine”) quando se descobriu que nem todos
os seus componentes continham nitrogênio (CHAMONE, 2013).
As vitaminas são moléculas orgânicas (contêm carbono), que funcionam principalmente
como catalisadores para as reações dentro do corpo. Os catalisadores são substâncias que
permitem que uma reação química ocorra usando menos energia e menos tempo do que
precisaria em condições normais. Se estiverem em falta, como no caso de deficiência
vitamínica, as funções normais do corpo podem falhar, deixando o animal suscetível a doenças.
As vitaminas não podem ser sintetizadas pelos animais e podem ser classificadas como
hidrossolúveis (complexo B e vitamina C) e lipossolúveis (vitaminas A D, E e K)
(BARATELLI, 2011).
As vitaminas lipossolúveis são digeridas e absorvidas pelo mesmo mecanismo usado
pelo lipídeo e seus metabólitos são excretados principalmente pelas fezes, através da bile. Os
excessos das vitaminas lipossolúveis são estocados no fígado por isso, essas vitaminas,
principalmente a A e a D, têm maior potencial de toxicidade. Em compensação, por poderem
ser estocadas, suas deficiências se manifestam mais tardiamente (CHAMONE, 2013).
A vitamina A, também conhecida como Retinol ou Axerofol, trata-se de um álcool de
cadeia longa lipossolúvel. É encontrada principalmente em fígado de peixe, fígado de bovino,
ovos, cenoura, entre outros. O β- caroteno é o principal carotenóide precursor da vitamina A e
atuam no organismo do animal de modo a prevenir cegueira noturna, problemas cutâneos,
lesões labirínticas e distúrbios do equilíbrio, proporcionando ao animal pelagem mais saudável,
atuando na síntese de proteínas e no desenvolvimento ósseo e protegendo as células contra
radicais livres. Os gatos não possuem a enzima β-caroteno 15-15´dioxigenase que converte o
β-caroteno em duas moléculas de retinol, precisando assim de uma fonte alimentar de vitamina
A pré-formada em sua dieta. A vitamina A pré-formada só pode ser encontrada em alimentos
de origem animal (BORGES, 2013).
18
4
A vitamina D é um grupo de substâncias esteroides que regulam o metabolismo de cálcio
e fósforo do organismo. Assim como a vitamina A, existem pró-vitaminas: ergocalciferol (D2)
e colecalciferol (D3). O ergocalciferol é formado quando uma substância chamada ergosterol,
encontrada em diversas plantas, é exposta à luz ultravioleta. Porém, essa conversão só é
significante para ruminantes e herbívoros, pois ela só ocorre em plantas lesionadas ou mortas.
Além disso, a maioria das espécies, incluindo os gatos, usam o ergocalciferol com menos
eficiência que o colecalciferol. Essa segunda forma de pró-vitamina D é sintetizada quando o
7-deidrocolesterol, encontrada na pele de animais, é exposto à radiação ultravioleta ou ao sol.
Essa forma de vitamina D pode ser obtida pela síntese na pele ou pelo consumo de produtos
animais que contenham colecalciferol. Porém, cães e gatos têm pouca habilidade em converter
o 7-deidrocolesterol em colecaliferol pela pele. Logo, seu consumo na dieta é fundamental.
Mamíferos, de modo geral, sintetizam a maior parte da vitamina D através da exposição à luz
solar. Tanto o colecalciferol endógeno, como o ingerido, é estocado no fígado, músculo e tecido
adiposo. Para se tornar ativo o colecalciferol tem que ser transportado da pele ou do intestino
para o fígado, onde sofre uma hidroxilação, e é, então, levado aos rins, através da corrente
sanguínea, onde é convertido em diversos metabólitos. Um destes metabólitos é o calcitriol, a
forma mais ativa de vitamina D e sua ativação é responsiva ao paratormônio (PTH). Apesar da
vitamina D ser considerada uma vitamina, o calcitriol é frequentemente classificado como um
hormônio, devido a sua função no organismo e por ser formado pelo próprio corpo
(CHAMONE, 2013).
A vitamina E é considerada um antioxidante e atua na etapa de propagação e terminação
da oxidação lipídica, reagindo com os radicais livres e/ou sequestrando a molécula de oxigênio
(BORGES, 2013). A quantidade de vitamina E necessária para um animal depende dos teores
de ácidos graxos poliinsaturados presentes na dieta e da presença do mineral selênio. A vitamina
E e o selênio funcionam de modo sinérgico na prevenção da oxidação dos ácidos graxos e
evitando a formação de peróxidos (CHAMONE, 2013).
É sabido que a suplementação de vitamina E traz um benefício direto ao sistema imune
já que este apresenta um declínio na função relacionado a idade. Em gatos idosos, a
suplementação moderada de vitamina E resultou numa melhora na proliferação de linfócitos T
e B (FARIAS, 2011).
A vitamina K inclui uma classe de substâncias conhecidas por quinonas. A vitamina K1
(filoquinona) ocorre naturalmente em folhagens verdes e a vitamina K2 (menaquinona) é
sintetizada por bactérias da microbiota intestinal. A vitamina K3 (menadiona) representa a
forma sintética desta vitamina. Como todos os animais, cães e gatos necessitam da vitamina K
194
para seu metabolismo, mas pelo menos parte de sua necessidade é obtida pela síntese dessa
vitamina pelas bactérias intestinais. Sua função mais conhecida é sua importante participação
na coagulação sanguínea. Mais especificamente, a vitamina K é necessária na formação de prótrombina (fator II) e mais três outros fatores de coagulação (fatores VII, IX e X) no fígado. Ela
age como cofator para a enzima que converte os resíduos de ácido glutâmico em proteínas
precursoras de pro-trombina para formar o ácido gama-carboxiglutâmico. Essa conversão
facilita a ligação da protrombina ao cálcio e a fosfolipídeos, processo esse necessário para a
coagulação normal do sangue (CHAMONE, 2013).
A vitamina C ou ácido ascórbico é uma vitamina hidrossolúvel, pois não necessita de
transportador para circular em meio extracelular (ROCHA, 2012). A vitamina C não é
convencionalmente suplementada em dietas de manutenção para cães e gatos, por serem aptos
à produção desse nutriente. Entretanto, essa produção é limitada e a inclusão em dietas
geriátricas é interessante, pois contribui na prevenção de doenças respiratórias e da cavidade
oral; melhora a capacidade restauradora das cartilagens por estimular a síntese de colágeno; e
ainda garante o efeito antioxidante sinérgico à vitamina E. As vitaminas C e E agem
conjuntamente também como imunoestimulantes (BORGES, 2009).
As vitaminas do complexo B são hidrossolúveis (ANDRADE, 2008). São necessárias
para a produção e maturação de células sanguíneas, metabolismo intermediário, secreções
endócrinas, integridade da pele e anexos, atividades neurológicas e locomotoras normais e para
a manutenção do apetite. Cães e gatos geriátricos podem ser beneficiados por um incremento
de vitaminas do complexo B em suas dietas, pois as alterações gerais do envelhecimento e o
comprometimento digestivo contribuem para um aumento dos requisitos dietéticos. Os felinos,
particularmente, possuem necessidade dietética de niacina e piridoxina quatro vezes superior
aos cães. Esses animais são inaptos em converter o aminoácido triptofano em niacina, estando
susceptíveis à alterações dermatológicas, gastrintestinais, neurológicas e morte, se essa
vitamina estiver dieteticamente deficiente. A piridoxina está diretamente envolvida no
metabolismo intermediário de proteínas, e sua deficiência pode causar vários distúrbios
neurológicos, sensoriais (visuais, olfatórios, gustativos), hematopoéticos, digestivos e
locomotores (BORGES, 2009).
As vitaminas são moléculas orgânicas necessárias em quantidade diminutas para que
funcionem como enzimas essenciais, precursoras ou como coenzimas em diversos processos
metabólicos do organismo (CHAMONE, 2013). As vitaminas nas dietas geriátricas são
necessárias, pois as alterações imunitárias, digestivas, metabólicas e a susceptibilidade ao
204
estresse observados na senilidade contribuem para um aumento nas necessidades dietéticas
(BORGES, 2009).
Para gatos geriátricos, destaca-se ainda a importância do cálcio e fósforo, potássio,
magnésio, sódio e cloro na dieta (RUIZ, 2013).
O cálcio está envolvido na coagulação sanguínea, contratilidade muscular e transmissão
de impulsos nervosos, funções essenciais à sobrevivência (BORGES, 2009).
Gatos geriátricos possuem um pH urinário muito mais baixo que os adultos jovens. Cabe
lembrar que um pH urinário mais baixo é um fator de risco de urolitíases por oxalato de cálcio,
que é mais prevalente nos gatos de idade avançada. Estes animais devem receber alimentos com
concentração moderada de cálcio para contribuir com a manutenção da massa óssea e
possivelmente reduzir o risco de urolitíase por oxalato de cálcio (RUIZ, 2013).
O fósforo também exerce funções importantíssimas como componente de vários
sistemas enzimáticos e no armazenamento e transferência de energia nas células, como
compostos de alta energia (ATP). Proporções ótimas de Ca:P, entre 1,2 a 4:1 e 0,9 a 1:1 para
cães e gatos respectivamente, otimizam a absorção e utilização metabólica desses elementos. A
capacidade renal e a eliminação de fosfatos estão reduzidas em cães e gatos senis, assim como
a síntese da forma ativa de vitamina D3, o calcitriol, essencial à absorção intestinal de cálcio.
Esses
eventos
conduzem
à
hiperfosfatemia
e
hipocalcemia,
podendo
levar
ao
hiperparatireoidismo, desmineralização óssea e lesões em néfrons funcionais, culminando com
insuficiência renal. Portanto, dietas geriátricas devem apresentar uma redução de 15 a 20% no
teor de fósforo e um ligeiro aumento no teor de cálcio, sem contudo comprometer a relação Ca:
P. Embora não se conheçam os efeitos das dietas ricas em fósforo sobre a função renal nos cães
e gatos velhos sãos, é prudente evitar um excesso deste mineral na dieta (BORGES, 2009).
Considera-se que o requerimento de potássio para gatos idosos é mais elevado do que
para gatos jovens ou de idade mediana. Os fatores que sinalizam a necessidade de elevar o
aporte de potássio compreendem na eliminação de potássio pela urina devido a enfermidade
renal, aporte elevado de proteínas ou carga elevada de ácidos metabólicos, na dieta ou em
ambos, redução na ingesta de alimentos e aumento da perda intestinal. Os níveis de potássio na
dieta de gatos idosos não devem ser inferiores a 0,6% da matéria seca (RUIZ, 2013).
O sódio e o cloro intervêm no equilíbrio da pressão osmótica, no equilíbrio básico e na
permeabilidade celular. A relação iônica acima citada, em que participa o sódio, é essencial ao
funcionamento do músculo cardíaco. O sódio, juntamente com o potássio, está envolvido na
homeostasia dos líquidos e eletrólitos do organismo. Nestes processos o cloro também
21
4
participa, indiretamente através do controle de retenção de sódio no organismo (BARATELLI,
2011).
O teor de sódio dos alimentos de cães e gatos tem merecido atenção devido à
preocupação que este componente gera na dieta humana (BORGES, 2009).
Deve-se evitar a ingesta elevada de sódio para reduzir os fatores de risco causados pela
idade avançada, como doenças cardíacas e a doença renal, por isto, se recomenda satisfazer as
necessidades de sódio e cloro evitando excessos (RUIZ, 2013).
O magnésio participa na formação do esqueleto e é indispensável para muitas reações
bioquímicas. A quantidade de magnésio no organismo é muito menor do que as quantidades de
cálcio e fósforo. Cerca de 70% do magnésio do organismo encontra-se no esqueleto, enquanto
o restante se distribui pelos vários líquidos e tecidos moles (BORGES, 2013).
As perdas de magnésio, como ocorre com o potássio, podem afetar o balanço de
magnésio nos gatos idosos. A hipomagnesemia também se associa com hipocalemia refratária,
em especial nos gatos com diabetes mellitus. Além disso em um estudo epidemiológico de
felinos verificou-se que os alimentos com níveis muito baixos de magnésio foram associados
com a formação de urólitos de oxalato de cálcio. Por isso se recomenda níveis moderados de
magnésio na dieta do gato idoso (RUIZ, 2013).
224
CONCLUSÃO
Cães e gatos estão vivendo por mais tempo, devido a intima relação homem-animal,
onde o animal doméstico assume posição de destaque. Os grandes avanços na medicina
veterinária e o crescimento do ramo pet, colocaram a disposição dos proprietários de animais
de companhia uma imensa variação de tratamentos, medicamentos e alimentos, que
consequentemente despertou o interesse dos proprietários as questões relacionadas com o cão
e gato geriátrico. O envelhecimento é um processo biológico, com consequência na redução da
compensação de determinados órgãos. A partir dessa etapa da vida dos felinos é necessário
observar e considerar cada mudança que porventura ocorra e a alimentação deve ser especial
para impedir a progressão de mudanças metabólicas associadas com a idade.
Gatos possuem particularidades nutricionais, pois são carnívoros estritos e o
metabolismo proteico peculiar da espécie torna extremamente importante o aporte de
aminoácidos essenciais como a arginina, cistina, metionina e taurina. A deficiência desses
aminoácidos na dieta resulta em graves distúrbios metabólicos, como hiperamonemia na
deficiência da arginina, retinopatias e cardiomiopatias na ausência de taurina na dieta.
O metabolismo de ácidos graxos poli-insaturados em felinos ocorre de maneira
diferenciada, gatos apresentam deficiência das enzimas desaturase e elongase, dessa forma a
suplementação com ácidos graxos prontamente utilizáveis pelo organismo, representados pelo
EPA e DHA é de extrema importância devido ação anti-inflamatória.
Gatos também possuem deficiência da enzima β-caroteno 15-15’ dioxigenase que
converte o β-caroteno em duas moléculas de retinol, sendo de grande importância para a
prevenção da cegueira noturna, problemas cutâneos, lesões labirínticas, além de proteger as
células contra radicais livres. Dessa forma recomenda-se utilizar uma fonte alimentar de
vitamina A pré-formada em sua dieta.
Em geral as vitaminas e minerais nas dietas geriátricas são necessárias em quantidades
moderadas, pois alterações no metabolismo ocorrem devido a idade e consequentemente o
aumento nas necessidades dietéticas.
O fornecimento de um alimento equilibrado atendendo as exigências nutricionais do
gato é essencial para a manutenção, longevidade e qualidade de vida do felino.
4
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