Papel das habilidades cognitivas e sociais na construção do

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XVI Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA
Manaus - 2007
Papel das habilidades cognitivas e sociais na construção do
comportamento ecológico com adolescentes
Cláudia de Oliveira PACHECO1, Maria Inês Gasparetto HIGUCHI2
'Bolslsta PIBIC INPA/CNPq. 2 Orientadora LAPSEA/INPA
As práticas ecológicas estão fundamentadas nas relações das pessoas e destas com o meio ambiente
natural e construído, mas esse princípio não vem despertando uma consciência critica a população.
Como conseqüência vemos a ação humana causar danos ao meio ambiente que acabam por retornar a
sociedade. Dessa forma percebe-se o grande desafio da Educação ambiental (EA) na transformação de
comportamentos de uma sociedade. As atividades de EA não devem se restringir apenas aos conceitos
biocêntricos da natureza, a partir de uma prática pedagógica voltada para a transmissão única de
conhecimentos sobre ecologia (Reigota,1994), mas visa contribuir na aquisição de valores e atitudes. O
ensino e aprendizagem das Habilidades Sociais (HS), isto é, comportamentos sociais que contribuem
para competência social pode ser um fator imprescindível nas relações das pessoas e destas com o
ambiente (Dei Prette & Dei Prette, 2005). Outro fator fundamental para o processo constitutivo de EA é
o desenvolvimento cognitivo, o qual permite uma maior capacidade de assimilação de novas
informações e elaborações mais críticas a respeito da realidade vivida. Nesse processo há formas
diferenciadas de percepção e avaliação dos acontecimentos, ao mesmo tempo em que aperfeiçoa as
estruturas cognitivas existentes no indivíduo e possibilita uma nova forma de agir no mundo (Caballo,
2006). Isso se aplica à nossa vivência ecológica, de forma que seja transformada por modos de pensar
e agir mais pró-ativos ambientalmente. A EA é protagonista nesse processo, principalmente com
crianças e adolescentes, onde o programa deve se fundamentar na formação holística do educando,
como pessoa e não como objeto de aprendizagem de um mundo cheio de elementos que precisam ser
conhecidos, pela própria necessidade de aquisição de informações inertes e descontextualizadas. Higuchi
et aI., (2004) nos alertam que a formação da pessoa é a formação do próprio ambiente, o cuidado
consigo e com o outro é de alguma forma materializado no entorno em que vivemos. O fortalecimento
do comprometimento ecológico não é um processo linear, imediato e simples. Constata-se, portanto,
que mudanças estruturais são necessárias para uma nova postura baseada na responsabilidade e zelo
ambiental ancorados num direito coletivo, mas que está seguramente associado com a formação
psicossocial do cidadão. Como seria então estimular comportamentos ecológicos em crianças e
adolescentes? Quais os principais pontos a serem enfocados num processo educativo? Será que a
intervenção educacional que essas crianças vivenciaram proporciona elementos para a construção de
habilidades sociais e ecológicas? Estariam estas habilidades associadas com o comprometimento
ecológico? Considerando os pressupostos teóricos acima apresentados, o presente estudo teve como
objetivo investigar a implicação do desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais na construção
do comportamento ecológico. A pesquisa de caráter qualitativo e quantitativo foi realizada com 29
adolescentes de 10 a 13 anos de idade, participantes do Projeto Pequenos Guias do Bosque da Ciência,
programa de EA desenvolvido pelo Laboratório de Psicologia e Educação Ambiental (LAPSEA/INPA). Para
a avaliação cognitiva foram usadas as provas Piagetianas das operações concretas. A criança do estágio
operacional concreto desenvolve o uso do pensamento lógico, já podendo solucionar problema de
conservação e reversibilidade (inversão e reciprocidade). Pode pensar logicamente, mas não pode
aplicar a lógica a problemas hipotéticos e abstratos.
Para a avaliação dos níveis iniciais de habilidades sociais, adotou-se o método da observação
participante, caracterizado pela inserção no cotidiano do grupo estudado (Michaliszyn e Tomasini, 2006).
Os resultados apontaram que no grupo em estudo todos possuíam os níveis esperados de
desenvolvimento cognitivo, sendo que 13 (treze) deles se encontravam com no nível operatório concreto
e 16 (dezesseis) estavam em fase de transição. Com base nesses resultados de cognição, as habilidades
sociais (HS) foram observadas considerando que todos os participantes poderiam compreender as
atividades e ações de estímulo para aquisição de um comportamento pró-ativo ambientalmente.
As observações de presença e/ou ausência de HS de civilidade (HSC) e acadêmicas (HSA) foi feita
durante 6 meses durante as aulas semanais do grupo de formação, sendo que no primeiro mês não
houve nenhuma intervenção educativa para transformação de comportamentos. HSC ou civilidade é
classe comportamental das regras mínimas aceitas e valorizadas em uma determinada cultura incluindo
a habilidade de apresentar-se, cumprimentar, despedir-se e agradecer.
HSA se caracteriza pela
capacidade de orientar-se para a tarefa; responder perguntas, buscar aprovação por desempenho
realizado; reconhecer e elogiar a qualidade do desempenho do outro; agradecer elogio ou aprovação;
participar de discussões em classe, saber trabalhar em grupo e boa percepção espacial.
A partir do
segundo mês houve uma série de estímulos e dinâmicas psicossociais que passaram a solicitar condutas
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de HS para consolidar uma nova forma de pensar e agir com as pessoas e com o ambiente em que os
adolescentes interagem.
Os resultados nos indicam que inicialmente os participantes apresentaram altos índices de ausência de
muitas HS, mas um baixo escore de manifestação tanto das HSC quanto das HSA. Com o processo de
intervenção educativa, baseado na reflexão crítica e lúdica (Higuchi e Farias, 2002) essas habilidades
foram sendo estimuladas e incorporadas no seu cotidiano socioambiental. Pode-se verificar a evolução
mensal dessas habilidades nas Figuras 1 e 2.
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Figura 1- Desempenho de HSA (acadêmicas)
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Figura 2- Desempenho de HSC (civilidade)
Além dessas habilidades observadas sistematicamente, constatou-se a transformação positiva e gradual
de atitudes e comportamentos, tais como a postura critica, participação, cooperação, solidariedade e
responsabilidade principalmente com o ambiente ocupado durante as atividades. Concluiu-se que com a
estimulo de desenvolvimento das HS forjou-se conjuntamente um maior zelo com o ambiente onde
essas interações ocorriam. Esses resultados confirmam o pressuposto teórico de que muito do
comportamento ecológico é parte inseparável das relações sociais. Portanto, ao identificar formas de
relacionamento interpessoais, os educadores podem contribuir na construção das relações menos
centralizadas no individualismo para irradiar movimentos coletivos e de maior comprometimento
ecológico.
Palavras-chave:
Educação Ambiental . Habilidades Sociais .Desenvolvimento cognitivo
Bibliografias citadas
Caballo, V. 2006. Manual de avaliação e treinamento das habilidades sociais. São Paulo: Santos.
Dei Prette, Z., Dei Prette, A. 2005. Psicologia das Habilidades sociais na infância: teoria e prática. Petrópolis: Vozes.
Higuchi, M.I.G. e Farias, M.S.M. 2002. Pequenos Guias do Bosque da Ciência: trajetória de educação ambiental com
crianças na Amazônia. Manaus: INPA.
Higuchi, M.I.G., Azevedo, G.c. Forsberg, S.S. 2004. A Floresta e a sociedade: história, idéias e práticas. In A floresta
Amazônica e suas múltiplas dimensões: uma proposta de educação ambiental. Higuchi, M.I.G e Higuchi, N.
Manaus:INPA/CNPq.
Michaliszyn, M.S. e Tomasini, R. 2005. Pesquisa: orientações e normas para elaboração de projetos, monografias e
artigos científicos. 2.ed. Petrópolis: Vozes.
Reigota, M. 1994. Meio Ambiente e Representação Social. 5. ed. São Paulo: Cortez.
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