Oficina de leitura Simone Oliveira Boeira1 Anilda Machado de Souza2 Resumo: Este artigo trata do registro das atividades realizadas na disciplina de Estágio Supervisionado em espaço não escolar, com as crianças e adolescentes na ONG CATAVENTO numa Oficina de Leitura, com a finalidade de despertar sentidos e curiosidades por meio da leitura, favorecer o hábito da leitura, disseminar seus benefícios, proporcionar momentos de inclusão, promover a vida, reconhecer direitos e deveres enquanto cidadão, valorizar as produções individuais dos participantes, gerar um ambiente dialógico e participativo. No decorrer das atividades, formou-se um ambiente interativo, com liberdade de expressão artística e valorização das produções elaboradas pelo grupo. Foram realizados trabalhos expositivos, registros escritos e em forma de desenhos sobre a leitura dos livros propostos, tratando de temas relevantes dentro do contexto das crianças e adolescentes que frequentavam esta instituição. O diálogo e a livre expressão do pensamento foi uma referência no desenvolvimento da proposta, contribuindo na obtenção de resultados interessantes como a possibilidade de continuar o processo de busca por novos referenciais que ajudarão o grupo a elaborar novas estratégias para assumir uma posição de leitores reflexivos e críticos. Palavras-chave: Educação não formal. Oficina. Leitura. Abstract: This article deals with the record of activities in the discipline of Supervised Internship in space no school, with children and teenagers in ONG CATAVENTO in a Reading Workshop, in order to awaken the senses and curiosity through the readings, encourage reading habit, spreading its benefits, to provide moments of inclusion, to promote life, to recognize rights and duties as citizens, enhance the production of individual participants, creating an atmosphere of dialogue and participatory. During the practices, it was formed an interactive environment, freedom of artistic expression and appreciation of productions compiled by the group. Work was carried out exhibition and written records and in the form of drawings about the proposed reading books, dealing with relevant issues within the context of children and teenagers who attend this institution. The dialogue and freedom of thinking was a reference in developing the proposal, helping to obtain interesting results such as the possibility of continuing the process of looking for new standards that will help the group to devise new strategies to take a position of reflective and critical readers. Keywords: Formal Education. Reding. Workshop. Introdução A Oficina de Leitura é resultado das atividades de Estágio Supervisionado em Espaço não Escolar desenvolvidas na Associação Comunitária de Ação Social, Cultural e Ambiental, ONG CATAVENTO, situada na cidade de Osório/RS. Esta associação foi criada em 2003 pelo COMEN - Conselho Municipal de Entorpecentes de Osório, com o objetivo de criar alternativas na prevenção ao uso abusivo de 1 Acadêmica da Faculdade Cenecista de Osório - Curso de Pedagogia. 2 Profª Ms. Disciplina de Estágio Supervisionado em Espaço não Escolar - Curso de Pedagogia Faculdade Cenecista de Osório. Revista e-Ped – FACOS/CNEC Osório Vol.2 – Nº1 – AGO/2012 – ISSN2237-7077 119 drogas, auxiliar na proteção das crianças e adolescentes, atuar junto a crianças e adolescentes em conflito com a lei, visando o cumprimento de medidas socioeducativas determinadas pelo poder judiciário. Tendo em vista a necessidade da leitura para que a criança e o adolescente possam adquirir uma escrita competente, reconhecer os próprios valores e habilidades, esta Oficina de Leitura procurou despertar sentidos e curiosidades por meio das leituras propostas, favorecer o hábito da leitura, disseminar seus benefícios, proporcionar momentos de inclusão, promover a vida, reconhecer direitos e deveres enquanto cidadão, valorizar as produções individuais dos participantes, gerar um ambiente dialógico e participativo. Oportunizou para um grupo de cinco crianças e adolescentes, com idades entre seis a quatorze anos, momentos reflexivos a partir de leituras e relato de vivências, no decorrer de trinta horas em encontros semanais. Oficina de leitura O direito a educação está estabelecido em lei como condição básica para o sujeito adquirir cidadania e autonomia diante da vida. Cabe à educação formal atuar na formação do cidadão, garantindo aprendizagem por meio da construção de conhecimentos. Já na educação não formal o compromisso se estabelece pelos vínculos e interesses que os sujeitos manifestam, definido pelo grupo que dela faz parte, em atividades e cenários diferenciados. Neste sentido (GOHN, 2006, p.28) afirma: As práticas da educação não-formal se desenvolvem usualmente extramuros escolares, nas organizações sociais, nos movimentos, nos programas de formação sobre direitos humanos, cidadania, práticas identitárias, lutas contra desigualdades e exclusões sociais. As ações desenvolvidas são analisadas destacando-se os sujeitos que atuam como educadores nos projetos (…) A educação não-formal, difere da educação formal, principalmente em sua metodologia, uma vez que o prazer e o interesse imperam nesta forma de educação: [...] a educação formal é aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados; a informal como aquela que os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização - na família, bairro, clube, amigos etc., carregada de valores e culturas próprias, de pertencimento e sentimentos herdados: e a educação não-formal é aquela que se aprende "no mundo da vida", via os processos de compartilhamento de experiências, Revista e-Ped – FACOS/CNEC Osório Vol.2 – Nº1 – AGO/2012 – ISSN2237-7077 120 principalmente em 2006.p.28) espaços e ações coletivos cotidianas. (GOHN, No decorrer da Oficina de Leitura, atividades artísticas emergiram pelo interesse do grupo no sentido de manifestação da subjetividade, individualidade e de encontro consigo. Manifestações, muitas vezes, reprimidas por práticas da escola formal, pois ler passa a ser indesejado, tanto pela abordagem como pela forma de avaliação, “aparece como um meio para uma outra coisa, e não como uma atividade em si, com finalidade própria” (CHARMEUX, 2000, p. 42). Ler significa apreender significados, descobrir o sentido dado pelo autor, atribuir sentidos, imaginar sem o uso da imagem, um exercício mental. Representa, também, inclusão social, pois quem não compreende o que lê, não lê, enfrenta dificuldades na sua rotina diária. O ato de ler exige compreensão, aprender a ler requer exercício reflexivo, conforme destaca (SABINO, 2008, p.2-3): A leitura reflexiva permite ampliar conhecimentos e adquirir novos conhecimentos gerais e específicos, possibilitando a ascensão de quem lê a níveis mais elevados de desempenho cognitivo, como a aplicação de conhecimentos a novas situações, a análise e a crítica de textos, actos e factos e a síntese de estudos realizados. Com a leitura reflexiva, o leitor desperta para novos aspectos da vida em que ainda não tinha pensado, desperta para o mundo real e para o entendimento do outro ser. Assim os seus horizontes percepcionais são ampliados. A comunicação oral e/ou escrita adquire maior fluência através da prática da leitura reflexiva. O leitor torna-se progressivamente mais capacitado para se autonomizar cultural e civicamente. A criança que chega a ONG Catavento necessita de atenção e medidas que possibilitem reflexão das atitudes cotidianas e dos significados atribuídos por ela. Durante a Oficina de Leitura houve trocas de experiências permeadas por diálogo e observações, acerca do tema leitura, sem discriminação ou julgamentos do sentimento de cada um em relação ao ato de ler, levando em consideração os conhecimentos já adquiridos dos participantes. Por isso, a experiência do trabalho coletivo propiciou a interação, o exercício das manifestações expressivas, atitudes autônomas, através da valorização da opinião e das diferenças que auxiliaram na reflexão sobre a condição de cidadão que tem deveres e direitos. Revista e-Ped – FACOS/CNEC Osório Vol.2 – Nº1 – AGO/2012 – ISSN2237-7077 121 Metodologia Partindo do princípio que uma oficina compreende, segundo Candau (1995), um espaço de construção coletiva do conhecimento, de análise da realidade, de um confronto, troca de experiências e vivências de situações concretas, a Oficina de Leitura privilegiou três movimentos no sentido de garantir compreensão das leituras propostas: Sensibilização - apresentação de textos. Construção - provocação por meio de perguntas que permitissem reflexão sobre atitudes cotidianas e relações com outros temas. Registro - expressão de atividades artísticas ou escritas tanto em produções individuais ou coletivas, geradas em cada encontro a respeito da temática proposta. No decorrer dos sete encontros que compõe esta oficina, foram registrados dados em portfólio a fim de analisar o modo como as crianças e os adolescentes se envolveram durante as atividades. Reflexão sobre a prática A leitura é mais do que decifrar códigos escritos, é envolver-se com o mundo, dos desejos e das descobertas, solidarizar-se com o diferente, criar e recriar pensamentos que farão diferença no interior de cada leitor seja de forma informativa ou produtora de novos conhecimentos. No planejamento desta Oficina de Leitura, houve a preocupação em transformar a concepção de leitura obrigatória em algo com sentido e resgatar o direito de escolha dos participantes. Pode-se propor leitura em conexão com o contexto do grupo em questão, ressignificando as concepções de leitura, até então cristalizadas pela escola formal, através de provocações realizadas pelo educador por meio de um processo reflexivo. Também, ao envolver um público, em sua maioria crianças e adolescentes carentes, em situação de Revista e-Ped – FACOS/CNEC Osório Vol.2 – Nº1 – AGO/2012 – ISSN2237-7077 122 vulnerabilidade social ou em conflito com a lei, procurou resgatar valores pessoais, habilidades e o direito a cidadania. A ação de ler e seus singulares significados permeou toda a prática de estágio. O uso de materiais como jornais, revistas, livros infantis e juvenis (As coisas que a gente fala, O que é a vida?, Como você pode ser feliz na vida?), filmes (Ela dança eu danço, Rio, Um sonho possível), folhetos explicativos com assuntos diversos como saúde, comportamento, moda, campanhas de prevenção a vícios, dentre outros assuntos, fizeram parte das atividades propostas. Diante da proposta de Oficina de Leitura o grupo se manifestou cauteloso, por meio de falas tímidas, pois acreditava que para ler é necessário começar, obrigatoriamente, por textos longos, desprezando escolhas, como comenta uma adolescente: - “Temos que ler livro muito grande?”. Então, como propor atividades diferenciadas de leitura para um grupo de crianças e adolescentes que vê o ato de ler como uma obrigação? Crianças e adolescentes cansados de métodos, claramente sem sentido, desmotivados e sem desejo de ler. Sobre este assunto Lerner (2002, p.33) comenta: [...] ler é uma atividade orientada por propósitos, de buscar uma informação necessária para resolver um problema prático a se internar em um mundo criado por um escritor, que costuma ficar relegados do âmbito escolar, onde se lê somente para aprender a ler e se escrever para aprender a escrever. . Há distância entre a prática da leitura reflexiva e a leitura para aprender a ler. A educação começa no lar da criança, muitas famílias não dão conta da importância da leitura na formação dos sujeitos. Ao ler o sujeito amplia sua visão de mundo, compreende melhor a realidade, assume posição crítica diante dos fatos (LERNER, 2001, p.1). A leitura dos livros “O que é a vida?”, “O que é o saber?”, provocou diálogo desencadeando debate sobre o sentido da vida. As várias formas de expressão e de comportamento, as linguagens e atitudes, emoções e interesses do grupo foram instrumentos que deram origem a novas reflexões. Ler e falar sobre leitura com as crianças da ONG permitiu obter dados e levantar Revista e-Ped – FACOS/CNEC Osório Vol.2 – Nº1 – AGO/2012 – ISSN2237-7077 123 questionamentos em relação ao sentido que se tem sobre a leitura, quando questionados sobre onde e como exercitavam a leitura, ficou explícito e unânime, o espaço da escola e o que a escola “manda” ler. Para Charmeux (1994, p.41), “duas razões essenciais nos levam a ler: para achar resposta a questões que colocamos, ou para nos distrairmos e passarmos um momento agradável”. O ato de ler fica restrito a escola, sem estímulos fora dela, praticamente se resume em obter informações acerca de um determinado assunto, cumprir uma finalidade, servir de meio para uma avaliação e obter resultados, cumprir com uma ordem determinada de currículo escolar, respondendo questões para exercícios de interpretação de textos. As atividades propostas nesta oficina foram elaboradas visando a reflexão sobre o texto lido e a compreensão em torno do que ele pode significar no contexto de vida das crianças e dos adolescentes, partindo da ideia que compreender é construir sentido (CHARMEUX, 1994, p.48). Por isso, a necessidade de fazer uma boa leitura, que tenha um significado pessoal e que dê prazer. Além disso, que motivem as crianças e os adolescentes a fazerem as próprias escolhas de leitura, estabelecendo seus próprios critérios. Nestas situações pode haver dificuldades, como aponta Lerner (2002, p.37): [...] se o direito de escolher os textos que se lêem também é privativo do professor como elaborará o aluno critérios para selecionar no futuro seu próprio material de leitura? Se o aluno tem a obrigação de ater-se estritamente à informação visual proporcionada pelo texto, se não tem direito de selecionar dessa informação somente aqueles elementos imprescindíveis para corroborar ou refutar sua antecipação, se tampouco tem direito a soltar o que não entende ou chateia, ou o aluno não conserva nenhum desses direitos elementares de qualquer leitor, qual será então a instituição social que lhe vai oferecer a oportunidade de aprender a ler? Assim, as crianças e os adolescentes foram provocados, em alguns momentos da oficina, a fazer suas próprias escolhas de leitura. Em uma caixa de sugestões, além de contribuírem com ideias sobre as atividades da oficina, indicaram livros a serem lidos. Isso auxiliou na participação e envolvimento das atividades propostas, desmistificou a imagem do professor, aquele que dita regras de como e porque fazer leitura. Contribuíram com sugestões de filmes relativos a assuntos juvenis, livros e jogos diversos. Revista e-Ped – FACOS/CNEC Osório Vol.2 – Nº1 – AGO/2012 – ISSN2237-7077 124 Levando em conta o contexto das crianças e adolescentes em questão, foram apresentados livros que abordavam assuntos relacionados a valores morais e sentimentos, pensamentos que colocavam a pessoa em ligação com suas atitudes cotidianas e isto permitiu o diálogo acerca da temática. A partir do tema felicidade, proposto por eles, levantaram questões sobre as atitudes e reações considerando a vivência de fatos pessoais. Foi lido para eles o primeiro texto do livro que questiona o que é felicidade. Imaginaram situações como tirando boas notas na escola, conversando com os amigos, fazendo uma viagem. Fizeram registro daquilo que marcou a proposta do encontro em material de livre escolha. Utilizaram tinta guache para compor seus desenhos, expressaram livremente opiniões sobre o texto lido, manifestando autonomia de pensamento e linguagem. “Podemos fazer como a gente quer? Vai ser bom assim”, fala um menino. A partir deste momento as crianças e os adolescentes começaram a falar mais sobre suas vidas, desejos e sonhos de futuro. Ninguém gosta de se submeter a ordens sem explicações significativas. Em relação a leitura isso também acontece. Se a criança e o adolescente passam metade do seu tempo na escola e esta é o único lugar de estímulo para ler, como motivar a ser um leitor que transforma seu mundo social, físico e espiritual? Como podemos fazer para formarmos leitores independentes e autônomos? Através desta experiência de Estágio Supervisionado em espaço não Escolar se solidificou os objetivos da proposta da educação não-formal. Os participantes desta Oficina de Leitura manifestaram diferentes maneiras de ler e praticar leitura, pois ao considerar os interesses dos participantes desenvolve-se a autonomia, enfatiza Gadotti (2005, p.2): Gostaria de definir a educação não-formal por aquilo que ela é, pela sua especificidade e não por sua oposição à educação formal. Gostaria também de demonstrar que o conceito de educação sustentado pela Convenção dos direitos da infância ultrapassa os limites do ensino escolar formal e engloba as experiências de vida, e os processos de aprendizagem não-formais que desenvolvem a autonomia da criança. À medida que as crianças e os adolescentes foram estimulados a participar das atividades privilegiando a expressão de pensamentos e sugestões, motivando-os a Revista e-Ped – FACOS/CNEC Osório Vol.2 – Nº1 – AGO/2012 – ISSN2237-7077 125 falar sobre si e seus sentimentos, começaram as livres manifestações. Também, o desenvolvimento da autonomia, desde usufruir do material da oficina, explorar os textos propostos, assistir e debater sobre os filmes, expor suas curiosidades na busca de informações. O educador tem influências positivas na questão do despertar do desejo nestes espaços não-formais. Centrado na perspectiva de vida de cada criança e adolescente, o educador trabalha com o coletivo, visando o fortalecimento da individualidade, pois cada sujeito possui seu centro de interesse. O diálogo é um mecanismo primordial que deve ser estimulado no sentido de estabelecer um ambiente democrático, pois oportuniza experimentação do ouvir o outro como forma de aprendizagem e do respeito à opinião alheia. Através do trabalho na educação não-formal, o educador propõe reflexão, garante aos sujeitos participantes, mesmo os calados, reprimidos ou amedrontados por sua realidade, ao expressarem seus sentimentos e desejos, possibilitando um resgate de pertencimento do mundo e de sua condição de cidadão que tem objetivos, metas pessoais, projeta futuro para si e para o coletivo. Assim, comenta (Gohn, 2009, p.28): Todas as atividades desenvolvidas pelo educador social devem também buscar desenhar cenários futuros, os diagnósticos servem para localizar o presente, assim como para estimular imagens e representações sobre o futuro. O futuro como possibilidade é uma força que alavanca mentes e corações, impulsiona para a busca de mudanças. A esperança fundamental dos seres humanos, reaviva-se quando trabalhamos com cenários do imaginário desejado, com os sonhos e os anseios de um grupo. Com isso a educação não-formal possibilita, através da experiência do diálogo, a libertação das limitações pessoais interiorizadas, a reflexão das atitudes e ideias com produção de significados das coisas para as pessoas. Isto requer um profissional que conhece a realidade da comunidade local, suas necessidades e interesses, reflete a atuação do ser humano na vida e na sociedade, elabora um plano de trabalho voltado ao interesse local e provoca curiosidades. O educador social é aquele que desperta desejos, promove diálogos entre o grupo e a comunidade, desenha cenários criativos, produz novos saberes e habilidades. Para Paulo Freire o educador social constitui base para o sucesso das aprendizagens, pois quando ensinamos também aprendemos, [...] a humildade exige coragem, confiança em nós mesmos, [...] ninguém sabe tudo; ninguém ignora tudo. Revista e-Ped – FACOS/CNEC Osório Vol.2 – Nº1 – AGO/2012 – ISSN2237-7077 126 Todos sabemos algo (Freire, 2000, p.11). Na educação não-formal o educador deve manter um perfil amoroso, acolhedor e democrático com foco na educação cidadã. As práticas desenvolvidas nos espaços não escolares estão ligadas a centros de interesse ou projetos voltados a uma determinada instituição, como centros comunitários, organizações não-governamentais, empresas particulares ou até mesmo ações individuais de pessoas com um ideal para apoio social. Oportunizam momentos onde há troca de informações para promoção das habilidades e competências. Ampliam a visão de mundo e rompem com a ideia de não ter oportunidades. São entendidas como menos hierárquica e mais democrática, num espaço concreto de formação (GOHN, 2005, p.32), voltadas para um público que não exige a obrigatoriedade da realização de atividades da escola formal, por isso variam em espaço e tempo. Considerações O resultado deste trabalho de estágio ressaltou a importância da educação nãoformal na vida das crianças e dos adolescentes da ONG Catavento associado ao contexto em que vivem. O processo foi mais significativo do que o produto final, pois possibilitaram em um espaço e tempo, atividades diferenciadas e reflexivas acerca da temática da leitura. Houve momentos de diálogo e interação entre educador e educando, provocações através de textos e filmes com temas centrais próximos da realidade dos participantes. Também, a liberdade de expressão através das produções coletivas, por meio do desenho, falas e pequenos textos sobre o tema proposto. Nestas condições destacamos as atividades diferenciadas baseadas no interesse das crianças e dos adolescentes que aceitaram a proposta da Oficina de Leitura num clima favorável, por meio de troca de ideias, diálogo sobre as práticas cotidianas e livre expressão do pensamento. A atuação na ONG CATAVENTO, no desenvolvimento desta Oficina de Leitura, permitiu o contato com uma instituição não-formal mostrando outras possibilidades Revista e-Ped – FACOS/CNEC Osório Vol.2 – Nº1 – AGO/2012 – ISSN2237-7077 127 de atuar como educador, bem como possibilitou uma maior aproximação com as crianças e adolescentes no cumprimento de medidas socioeducativas sob a perspectiva de um cidadão leitor, aquele que questiona ativamente o que lê. Referências BRENIFIER, Oscar. O que é a vida?: Como você pode ser feliz na vida? São Paulo: Caramelo, 2005. CANDAU, Vera Maria et al. Oficinas pedagógicas de direitos humanos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. CHARMEUX, Eveline. Aprender a ler vencendo o fracasso. 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