Jorge Duarte DEFININDO CRISE Nova Sociedade • Sociedade em rede com novas formas de interação • Autocomunicação de massa • Informação circula mais rápido • Não existe mais perto ou longe. • Fim da privacidade. Estamos em um ambiente de vigilância, de transparência, de monitoramento. E somos todos pessoas jurídicas. • Comunicação horizontalizada - em rede • Extrema segmentação • Indefinição, incerteza, noções vagas, confusão, estresse. • Públicos exigem contato direto DEFININDO CRISE Nova Sociedade • Imprensa como espaço de disputa • Estado forçado à transparência, a dar acesso • Mais e mais poderosos atores • Os detalhes, as pequenas contradições e erros ganham peso • Tempo exíguo • Complexidade e pluralidade para buscar consensos • Redes sociais aumentam capacidade de influência • A formação da opinião é subterrânea. Não está só na capa dos jornais DEFININDO CRISE Nova Sociedade • Organizações e pessoas estão mais vulneráveis • Crises são mais frequentes e intensas • Precisamos de tempo, competência, perseverança, paciência para formar sua reputação. E muito pouco para perdê-la. • Uma pessoa com acesso à internet (ou seja, qualquer um) pode gerar uma crise e fazer um grande estrago na sua reputação • Somos a primeira geração a lidar este tipo de sociedade DEFININDO CRISE Nova Comunicação • Mais disseminação, mais acesso, mais interação • Menos meios massivos, mais segmentação = mais estratégia • Menos especialistas, mais equipes multidisciplinares • Menos emissão, mais mediação • Na fase autocomunicação individual de massa, qualquer um pode fazer uma denúncia • A cobrança exige ainda maior agilidade na comunicação • Menos repórteres, mais fontes • Enxurrada de mídias independentes (ou nem tanto) • Facilidade de críticas ferozes, de boatos, de disseminação de informações erradas DEFININDO CRISE “Descobri, na internet, que sou odiado. As pessoas falam o que lhes vem à cabeça. Agora entendi as regras do jogo.” Chico Buarque, FSP, 01.07.2011 DEFININDO CRISE Identificando Crises • Situação anormal, de conhecimento público, que provoca ou provocará prejuízos • Surpreendente, inesperada • Cria efeitos danosos rapidamente • A organização para • Estabelece contradição e desalinhamento entre a auto-imagem e imagem pública • Compromete a imagem e a credibilidade dos envolvidos. Ameaça a reputação da organização e de seus integrantes • Afeta a confiança e a coesão. O comando passa a ser questionado DEFININDO CRISE Identificando Crises • Atinge usuários, funcionários, a comunicação e os dirigentes. Compromete carreiras e a estabilidade dos envolvidos. Talvez o futuro. • Alto impacto. Implica ruptura, perturba a rotina e a coesão interna. Causa danos operacionais. Desorganiza o funcionamento em vários níveis. Perde-se parte do controle. Afeta a capacidade de atuar, administrar, cumprir a missão • Afeta a relação com diferentes públicos • Exige tomada de decisões rápidas e sob pressão. • “Sob a névoa da guerra”. Perspectiva de agir sem tempo, sob a incerteza, com pouca visibilidade. Não se vê o horizonte, nem se há. DEFININDO CRISE O que precisamos saber • • • • Geralmente acontece quando menos se espera Percepção inicial é definidora Pode durar semanas Sucesso gera negligência, complacência e autoconfiança • Impacta e mobiliza públicos • Confiança é o que temos e uma crise abala a confiança em você, no seu chefe e na organização. • Queimamos nossa poupança de confiança, reputação, imagem, credibilidade. Mais, podemos gerar um passivo de imagem e confiança. DEFININDO CRISE O que precisamos saber • Uma boa reputação ajuda a gerenciar crises. • Começa ou é ampliada quando a imprensa aparece • Pode ser agravada pela falta de experiência em lidar com imprensa • Crise é democrática. Pode alcançar qualquer um • “O planejamento acaba com o primeiro tiro”. • Ordens não são cumpridas. “Obedezco pero no cumplo”. • As pessoas percebem a crise a partir de seu lugar no mundo. E não temos controle sobre isto. • Colocar a crise na sua devida dimensão. Qualquer crise pode ser gerenciada. A gestão pode fazê-la maior ou menor. DEFININDO CRISE O que precisamos saber • • • • • • • • • Podemos perder a capacidade de avaliação Soluções podem ser contraditórias Pânico, medo, confusão, conflito se instalam. Os conselheiros proliferam O executivo principal pode ficar surpreendentemente confuso Aliados podem ficar desorientados Surgem os oportunistas A solução começa antes da crise Provavelmente não teremos uma segunda chance DEFININDO CRISE O que precisamos saber • Mais prejudicial que uma crise pode ser a gestão da crise • Podemos saber como começou, mas não como termina. Certo é que, como um incêndio, deixa danos e resíduos. • Considerar sempre a pior hipótese. O ruim sempre pode ficar pior • Um blog, uma página no Facebook ou um site local podem pautar toda imprensa • Você terá surpresas. • Momentos de crise são definidores. A resposta mostra como uma organização e seus líderes realmente são DEFININDO CRISE “Crises só prosperam se tiverem foco claro e se o Zé da Poltrona sentir que um pedaço do dinheiro roubado saiu do seu bolso. Quanto mais famoso o acusado, mais fácil a prosperidade da crise. E mais: precisam estar centradas em Brasília. Se começarem em outras cidades, precisam ser transferidas para Brasília, que é a única que tem repercussão nacional.” Alexandre Barros, cientista político, PhD pela University of Chicago. OESP, 24.08.2009 DEFININDO CRISE Abordagens da Comunicação Duas Crises • Comunicação Institucional • Comunicação Política • Uma crise é objetiva, operacional • Uma crise é subjetiva, midiática DEFININDO CRISE Público x Privado • Área privada: Capacidade de prejudicar a imagem ou reputação • Área pública: Altera a rotina. Capacidade de afetar a gestão ou a sociedade. Afeta a confiança pública na instituição ou dirigente. Há a crise do dirigente e a crise da instituição DEFININDO CRISE Foco Ciclo de Decisão na Crise Arquétipos • De âmbito restrito, segmentado (como a política) • Midiáticas • Populares 1. 2. 3. 4. 5. • • • • Observe Avalie Decida Aja Observe Vítima Bandido Mocinho Sábio DEFININDO CRISE Conceitos • • • • • • • • • • Agilidade Articulação Iniciativa Presteza Profissionalismo Comprometimento Liderança Respeito Verdade Transparência DEFININDO CRISE • 56% dos casos têm origem em denúncias da imprensa • 18% chegam de surpresa • 24 horas antes há algum tipo de alerta Origem das Crises (PR Week, Grã-Bretanha) DEFININDO CRISE • 24% veem a imprensa como parcial Brasileiros, Imprensa e Corrupção • 91% acham que mídia é arma anticorrupção. • 97% são a favor da investigação e divulgação de casos e suspeitas de corrupção pela imprensa. • 50% acham que jornalistas e meios de comunicação são os principais canais de denúncias de corrupção. • 88% acham a imprensa digna de credibilidade ao revelar desvios e irregularidades. Pesquisa nacional do Instituto Análise, março 2010 DEFININDO CRISE “É cada vez mais difícil planejar. Todo dia você lê no jornal algo que afeta seu negócio e que você não previu. Temos de ensinar as pessoas a pensar de forma ágil.” Joichi Ito, diretor do Media Lab do MIT DEFININDO CRISE “Uma corporação em crise não é uma corporação. É uma coleção de indivíduos em pânico, motivados pela autopreservação.” Eric Dezenhall, especialista em crises. (NYT, 08.2010) DEFININDO CRISE 1. 2. 3. 4. 5. Não cumprimento ou desrespeito à lei, 66% Práticas antiéticas, 58% Falhas de segurança, 57% Problemas com qualidade de serviços e produtos, 47% Mau gerenciamento de crises, 40% Pesquisa da Economist Intelligence Unit ouviu 269 executivos sobre os principais causadores de uma crise de imagem (2009) DEFININDO CRISE 1. 2. 3. 4. 5. Perda de reputação, 28% Perda de talentos, 18% Fraudes cometidas por funcionários, 15% Perda ou roubo de propriedade intelectual, 14% Falha de informática ou violação de sistema, 10% Pesquisa da Economist Intelligence Unit ouviu 269 executivos sobre os problemas que mais prejudicam uma empresa (2009) DEFININDO CRISE Lembre-se O tribunal da opinião pública pune mais rápido do que o do Judiciário O QUE FAZER O QUE FAZER “Não há como ganhar em uma crise ou escândalo. A única maneira de sair vivo é falar a verdade, aguentar o tranco e avançar” Dick Morris, coordenador de comunicação de Bill Clinton em 2006. O QUE FAZER Desculpas para inanição • • • • • É invenção Não é comigo Inimigo interno Coisa da oposição Isto não prospera O QUE FAZER • “Estamos imunes à crises de imagens porque somos éticos” • “Já passei por situações mais difíceis” • “A crise está superada” • “Sou vítima de uma conspiração” • “Fique tranquilo” Mário Rosa, jornalista Erros a evitar O QUE FAZER Há uma equação simples: SILÊNCIO = CULPA Frank Luntz O QUE FAZER Antes de tudo O principal passo para administrar uma crise é resolver o problema que a causou e suas consequências concretas O papel da Comunicação • Dar suporte à administração de emergências nos aspectos de comunicação, subsidia decisões sobre riscos e gestão de contingências, trabalha para evitá-las ou minimizá-las. • Atua como consultor, um grilo falante, um advogado. • A comunicação faz parte das decisões e encaminhamentos • Não é seu papel mobilizar os atores e nem coordenar a gestão da crise O QUE FAZER Riscos adicionais de Comunicação • Comunicadores distantes do centro do poder • Relações estremecidas com a imprensa • Comunicadores incapazes de aconselhamento O QUE FAZER Comunicador • Agir rápido, mas manter a calma • Reconheça e não minimize. • Assuma o controle. Crise tem que ter dono. Comunicação tem que ter dono. • Se você não assumir o controle, outro tentará. • Buscar aliados • Administrar fatos e versões • Tenha uma estratégia para dar informação em off à imprensa • Prepare briefings para autoridades • Ter interlocutores confiáveis, ouvir os mais experientes • Definir papel, responsabilidade e objetivos da comunicação • Reúna quem realmente conhece o assunto e tenha as informações necessárias. O QUE FAZER Comunicador • Criar mensagens-chave • Identificar rapidamente o erro e contar depressa • Considerar a pior hipótese • Instalar a cultura do “E se...” • Sair da posição defensiva/de vítima e ser solução • Seguir agenda própria, não a da mídia • Colocar o cidadão em primeiro lugar • Considerar todos os envolvidos • Garantir sintonia, coordenação e articulação • Engajar todos os níveis hierárquicos no enfrentamento • Assumir política de minimização de danos O QUE FAZER Comunicador • Ter clareza que não se resolve só com comunicação. Gestores de comunicação não gerenciam comunicação, gerenciam reputação e percepções. • Percepções são definidas pela comunicação dos valores e das ações. • Reputação e imagem não são necessariamente baseadas no mundo real, mas em percepções. • Mantenha linha aberta com editores e colunistas • Agilidade: Dê a primeira informação. Posicione-se rapidamente. Transforme-se em fonte confiável e suficiente. Comunicação baseada na realidade e em informações confirmadas. Antecipe-se às demandas de imprensa. O QUE FAZER Comunicador • Comprometer. O dirigente tem que liderar a gestão. E também tomar decisões que causem impacto positivo • Mais do que nunca, acompanhe a tomada de decisões • Coordenação, engajamento e cooperação. Comando explícito: responsabilidades de decisões, de comunicação e de execução. Orientação única e clara. Unifique e nivele informações. Mantenha a equipe atualizada • Gerenciar crises envolvendo apenas pessoas do órgão ou de uma área gera apenas um ponto de vista • Como padrão, uma só voz. Definir porta-voz, quem faz e quem diz O QUE FAZER Comunicador • Descobrir o que as pessoas pensam e sabem sobre o assunto. Manter o fluxo de informação com seus públicos. Ter canais diretos para funcionários, apoiadores e a sociedade. Fornecer informação clara e precisa aos impactados • Ser solidário com envolvidos, prejudicados, interessados. Humanizar as respostas, ter empatia. Verbalizar preocupação, interesse. • Se a imprensa ou a população supervalorizam o problema, não diga que estão errados. • Crie sintonia com o interesse público • Informações e rumores não neutralizados permanecem. E voltam. O QUE FAZER Comunicador • Trate os problemas potenciais antes que ajudem a aumentar a crise • Monitore e esteja preparado para intervir nas redes sociais • Se necessário, use mensagens e mensageiros diferentes para cada grupo de interesse • Produzir artigos para a imprensa, disponibilizálos e distribuir aos apoiadores • Use terceiros para defender sua posição. Provoque especialistas independentes a escrever artigos e dar entrevistas O QUE FAZER Comunicador • Mais diálogo, mais informação, mais detalhes. O QUE NUNCA FAZER • Negar a existência de um problema real. Correr ou fingir que não é com você. Você não vai conseguir se esconder. • Apontar culpados, transferir a culpa para terceiros ou falar em campanha orquestrada. • Deixe para apurar responsabilidades depois de resolver as consequências. • Subestimar ou superestimar os adversários ou os erros. Valorizar uma crise a ponto de ampliar sua repercussão • Mentir ou divulgar informações não confirmadas O QUE FAZER Primeiras 72 horas • • • • • • • • • • • • As primeiras horas são definidoras Fazer os levantamentos necessários Analisar mídia Criar plano de ação Preparar respostas Dar as primeiras informações O espaço de tempo entre o que você sabia e quando comunicou faz a diferença. Definir porta-voz Definir coordenações Definir mensagens-chave Definir horários/momentos para falar com a imprensa O primeiro grande desafio em uma crise é estabelecer seu enquadramento O QUE FAZER “Mantenha a calma e as mãos no leme. Muitos dependem de você.” Lúcio Mena Pimentel, Gerente de Imprensa da Petrobras O QUE FAZER Procedimentos Operacionais • Mobilizar equipe. Convocar comitê de crise (inclusive de outros órgãos). • Instalar Sala de situação – Grupo de Decisão. Monte uma equipe multidisciplinar. • Definir Sala de imprensa e atendimento aos jornalistas. Fazer briefings de imprensa • Plantão 24 horas • Coordenar integração, atendimento centralizado e atuação descentralizada. • Definir, avaliar e projetar desdobramentos. Definir ações pela manhã e avaliar no final do dia • Treinamento e orientação de porta-vozes • Monitorar imprensa, atores e redes sociais. • Serviço de Pronta-Resposta O QUE FAZER Procedimentos Operacionais • Interlocução com influenciadores • Comunique-se com todos. Faça comunicação segmentada com os públicos impactados e com o público interno. Identificar e informar aliados. Atualizar dirigentes. Oriente os funcionários • Produzir documentos de referência. Elaborar mensagens-chave • Preparar o porta-voz. Preparar Press-kit. Releases. Fazer as pesquisas e levantamentos necessários • Criar ferramentas de disseminação de informações. Ambiente na web específico • Corrigir todos os erros veiculados na imprensa, sites e blogs. Veicular a correção em ambientes digitais próprios O QUE FAZER Considere • A mensagem e a estratégia são definidas pelo gestor da crise, não pelo comunicador • O urgente não deve se sobrepor ao importante. • Qualquer decisão ou mudança vai ser noticiada • A imprensa costuma fazer cobertura ideologizada e politizada. • O pior inimigo da comunicação é o silêncio. • Complexidade da sociedade exige simplicidade da comunicação • Problemas muitas vezes são interpretação. É preciso disputar com argumentos e convencer. O QUE FAZER Considere • Responda às perguntas da imprensa e da população antes que as façam. • Se você precisa transmitir uma mensagem, não precisa de uma coletiva. Coletiva é para explicar, detalhar, esclarecer. • O público é capaz de perdoar os problemas que você causou, mas não perdoa arrogância e falta de explicações ou desculpas. Estão dispostas a perdoar erros se há transparência e compromisso com correção. Mas não perdoam se acham que tentam enganá-las. • Reagir bem a uma crise pode melhorar sua reputação • Seu comportamento durante uma crise será definidor de como você será tratado depois dela DURANTE A CRISE... 1 Uma das primeiras providências é a instalação e imediata coordenação de um Comitê Gestor, ou Sala de Contingência. O responsável pela gestão da emergência é integrante do núcleo dirigente envolvido na questão. “A área de comunicação não é gestora das providências de controle e superação de emergências, mas dos aspectos de comunicação que envolve tais situações”. A coordenação política e executiva é institucionalmente responsabilidade do principal gestor do órgão. A equipe de Comunicação é um núcleo que subsidia a Sala de Contingência e age no monitoramento e gestão de riscos e oportunidades, avaliação de cenários etc. O grupo de comunicação fica neste nível: define as melhores estratégias e o uso dos instrumentos de comunicação. 2 Instalado o gabinete gestor, podem ser acionados inúmeros instrumentos operacionais e estratégicos - que bem conduzidos podem oferecer soluções e propostas adequadas para o momento. Alguns instrumentos são básicos: 2.1 - Acompanhamento do noticiário. É importante que a área de comunicação mantenha um diagnóstico, a partir da cobertura da mídia, sobre o posicionamento e atuação dos atores envolvidos nos principais temas, suas estratégias de comunicação, os argumentos, dados utilizados e mensagens-chave. Podem incluir projeções sobre a evolução dos acontecimentos e sua possível seqüência, a avaliação de fatos e suas diferentes interpretações. 2.2 - Sistemas de monitoramento. Assim como na etapa preventiva, o uso de sistemas eficazes de monitoramento pode fazer a diferença. Diferentes organizações e culturas requerem diferentes sistemas: por meio de análises formais ou informais, reuniões de equipe, rotina de análise e de discussão sobre a agenda do dia e futura, acompanhamento do noticiário, conversas com especialistas e com técnicos do órgão. 2.3 - Os alertas integram o sistema de monitoramento. Emitir um alerta significa informar com rapidez e objetividade sobre situações que podem demandar ações especiais. Ele permite que uma síntese dos pontos críticos e oportunidades seja repassada rapidamente a eventuais interessados. 2.4 - Mapeamento dos atores e públicos de Interesse. Mapear os atores e públicos da organização, conhecê-los profundamente, saber seus interesses e necessidades ajuda a entender suas demandas, ações e áreas de risco. Nas situações de emergência, uma boa alternativa é manter estratégias de informação e relacionamento específicas com cada um deles, utilizando instrumentos e linguagem adaptadas. 2.5 - Reuniões de avaliação: perguntas-chave. “o que não estamos considerando?”, “o que pode dar errado?”, “o que vai gerar debate público?”; “como a imprensa vai apresentar o assunto?”, “como os grupos de pressão irão agir?”, “quais os temas que vão estar na agenda nas próximas semanas”, “O que os formadores de opinião estão falando?”, “quais nossos gargalos?”. 2.6 - Definição de porta-vozes. A área de comunicação deve ajudar as fontes de informação na relação com os interlocutores presentes nas situações de emergências: autoridades, parlamentares, imprensa, entidades e associações representativas etc. Os porta-vozes precisam de informações, argumentos e treinamento para maximizar o desempenho. 2.7 - Capacitação para atender a imprensa. Nas situações de emergência é natural o protagonismo da mídia. Isto requer capacitar dirigentes e técnicos para atender a imprensa, em especial, e os demais públicos da organização. 2.8 - Banco de Documentos. A manutenção de um banco atualizado de documentos de referência sobre temas estratégicos, ou sobre assuntos controvertidos e polêmicos, ajudará bastante quando surgirem as contingências. São úteis, esclarecedores. Podem incluir estatísticas, análises, conceitos, descrições, perguntas & repostas, documentos de posicionamento. Programa de Gerenciamento de Crises/Abracom Ações : • Plantão 24 horas: local do evento, hotéis onde se hospedam familiares e eventuais vítimas, IML, sede do órgão ou instituição para acompanhamento da situação e emissão de boletins • Atendimento às demandas de imprensa • Criação de hotsite com informações em tempo real • Treinamento de porta-vozes: coletivo e/ ou individual • Elaboração de P&R diários • Redação de comunicados pagos e cartas • Elaboração da arte do comunicado pago • Veiculação de comunicado pago • Elaboração de material impresso como panfletos, comunicados, etc para a população do entorno, ou familiares de vítimas ou para esclarecimento em geral • Montagem e estruturas para informações para público em geral e imprensa como: tendas e trailers • Reuniões do comitê de crise Além dos instrumentos, a gestão de situações de emergência requer atitudes. Tomar iniciativa, agir rapidamente e com segurança. A falta de informação gera especulação, dúvidas, suspeitas, versões fantasiosas, boatos. A escassez alimenta versões equivocadas, que circulam rapidamente e se multiplicam em inúmeros meios. Agilidade para reunir e difundir informações é chave nesta disputa de informações. Se a organização não der informação suficiente e rápida, a tendência é que a emergência cresça. É mais fácil evitar a formação de uma opinião, geralmente embutida nas primeiras versões, do que mudá-la. Mantenha sempre a iniciativa para não ficar a reboque dos acontecimentos ou de outros atores com grande poder de reverberação. Evite que outras fontes, diante do silêncio da organização, assumam este papel, ou especulem e façam conjecturas. Aja considerando a velocidade da informação nos tempos atuais, não o ritmo ou tempo em que tradicionalmente as organizações são movidas. Compromisso com o cidadão. Em qualquer circunstância, o primeiro público a ser considerado é o cidadão, é a sociedade. Isto requer agir com transparência, correção, ética e profissionalismo. Em uma contingência é necessário, sobretudo, entender a maneira com que o público percebe o problema. APÓS A CRISE... EXAMINAR AS PENDÊNCIAS É comum a interpretação de que uma emergência acaba quando a questão é resolvida e ninguém mais trata do assunto. Se assim fosse, não teríamos as emergências reincidentes. Sempre ficam pendências, marcas, resíduos e minas não desarmadas que podem criar novas emergências no futuro. PESQUISA Após a emergência, a área de comunicação deve manter-se informada com auditorias de imagem e pesquisas de opinião. Pode ser realizada uma auditoria de comunicação, buscando identificar como ficou a percepção do público, como atores sociais a avaliaram, identificar as respostas adequadas e não-adequadas. BALANÇO GERAL É recomendável uma ampla avaliação das ações e resultados e que possa ser apresentada em uma reunião de balanço e de projeção sobre futuras ações preventivas. Os registros devem ser arquivados para uso futuro. A memória deve ser preservada e, se for preciso, será rapidamente recuperada. “Isto é um pedido de desculpas pela forma como lidamos com cópias vendidas ilegalmente de ‘1984’ e outros romances do Kindle. Nossa ‘solução’ foi estúpida, impensada e dolorosamente desalinhada com nossos princípios. Nós merecemos as críticas que recebemos. Usaremos a cicatriz desse erro doloroso para ajudar a tomar decisões melhores no futuro”. Jeff Bezos, executivo-chefe da Amazon, que apagou arquivos de livros de George Orwell do Kindle sem consultar usuários. “Toda crise é uma explosão de verdades. Logo, os incapazes de lidar até com suas próprias verdades não podem ser capazes de lidar com crises.” Jânio de Freitas, jornalista Que crise? Perspectiva Dirigentes públicos não falam crise. A imprensa tem este papel. Os fatos são os mesmos, mas cada público vê o problema de um jeito, na própria perspectiva. A maneira como com que o público percebe o problema é mais importante do que como você o vê. “A opinião pública expressa mais juízos de valor do que juízos de fato, próprios da ciência e dos entendidos. (...) A opinião pública não coincide com a verdade, precisamente por ser opinião.” Norberto Bobbio, filósofo “Nossa primeira reação é pensar: ‘Quem foram os desgraçados que fizeram isso? Vamos pegar esses caras e dar uma lição neles!’ É um desastre. É negativo, não resolve nada e causa mais danos do que se pode consertar.” James Lukaszewski, especialista em crises Arrogância Credibilidade Arrogância muitas vezes parece fazer parte do treinamento gerencial • Gestores são os responsáveis pela mensagem. • Comunicadores, pela forma e distribuição. Passivo de imagem + Agilidade da informação + Qualidade da informação CREDIBILIDADE Crises como zumbi Se não matar e enterrar o assunto, um dia ele é ressuscitado e volta para buscar você. O QUE FAZER Pós-crise • • • • • Pesquisas de opinião com públicos. Descubra o que ficou da crise Auditoria de mídia Prestação de contas para os envolvidos Avaliação Ajustes no sistema de gestão de crises PERSONAGENS PERSONAGENS Comitê de Crise • • • • • • Representantes de diferentes áreas envolvidas Coordenação de crise e coordenação de comunicação Porta-voz Não se envolve na operação Coordenação estratégica Orienta diretrizes e mensagens PERSONAGENS Equipe de Comunicação • Porta-voz • Coordenador de comunicação • Representantes das diferentes área e especialidades PERSONAGENS Jornalistas • • • • • • • • Jornalistas podem ficar irreconhecíveis Sensacionalismo e espetacularização exacerbados Exacerbação do negativo Dramatização Fabricação de acontecimentos Invasão de privacidade Alta competitividade dos veículos Insignificâncias ganham importância súbita e desproporcional • Exploração intensa • Buscam situações ou pessoas-símbolos • Dê uma posição o mais rapidamente possível. Mantenha a imprensa alimentada. PERSONAGENS Jornalistas • Você dificilmente resolverá uma crise sem falar com a imprensa. • Imprensa diz que é apenas mediadora, mas atua potencializando a crise • Faça com que a imprensa saiba as novidades por você • Você terá que explicar em 20 segundos o que levaria 10 minutos. • Tem sempre a palavra final • Dá o ritmo da crise • Se deixá-la formar a percepção, perdemos o controle • Se há boa relação, há chances de minimizá-la • Faça com que percebam que você é a melhor fonte de informação • Necessidade de canais de diálogo • Quer culpados e pode imolar alguém sem dó no altar da opinião pública PERSONAGENS Porta-voz • Tem que ser bem escolhido. É líder, não ator. • Não importa origem ou cargo, desde que preparado. • Deve estar envolvido na elaboração de mensagens e na formulação de respostas prévias • Criar respostas possíveis às perguntas difíceis • Assume a responsabilidade pela imagem da organização e dos dirigentes • Falar em público não é o mesmo que responder a jornalistas • Deve ser o mais bem informado entre todos PERSONAGENS Porta-voz • Capazes de responder a perguntas contundentes • Estar preparado para perguntas inesperadas e provocativas • Ser treinado • Ser didático • Ser paciente • Não aceitar teses e hipóteses com as quais não concorde • Fornecer material escrito PERSONAGENS • Cuidado com o especialista de entrevista. Não dê oportunidade para ele PERSONAGENS Porta-voz fala • Ter e demonstrar controle da situação • Expressar rapidamente as mensagens-chave • A forma de transmitir as informações é tão importante quanto o conteúdo • Mostra consideração, respeito e compreensão. Deixa claro que as pessoas são a maior fonte de preocupação • Não especular • Fala sempre num tom mais baixo que o debatedor • Usa linguagem corporal receptiva • Simples, consistente, direto, convincente e honesto • Aceita e responde a todas as perguntas, independentemente de quem faz. Respeita a todos. Não ignora ninguém. • Linguagem positiva. Elimina a negativa. PERSONAGENS Porta-voz fala • Só fale o que for perguntado. Não crise novas pautas • Não teme críticas nem polemiza. Concentra-se nos fatos e argumentos. • O que não falar, não vai poder ser usado ou atribuído • Argumentos devem ser corretos e convincentes. • Enfatiza relevância, ações, providências e soluções • Evitar abordagem técnica • Afogue rumores e corrija desinformação. • Anotar respostas que exijam formulação ou complemento • Não ter pressa • Não dê desculpas. Dê soluções. • Não repetir frases ou expressões negativas PERSONAGENS Porta-voz fala • Não se sentir obrigado a responder. Não prometer o que não pode cumprir. Não tentar explicar o que não sabe. • Saber que o que fala e como fala são faces da mesma moeda. • Tudo que for dito, em qualquer momento, vai estar na imprensa • Fazer reunião com a equipe antes de uma exposição. • Fazer simulação, repassar conteúdo. • Escutar • Considerar fazer uma declaração, dizer o que tem a dizer e sair. • Paga o preço e sai de cena. Muda a pauta. Cria fatos positivos PERSONAGENS Orientações para o Porta-Voz na hora de falar • • • • • • • • • • • • • Ser objetivo, claro, conciso, direto Expressar e reafirmar mensagens básicas Evitar generalizações Evitar endossar palavras e expressões alarmistas ou incorretas utilizadas pela mídia Redobrar atenção com números e nomes Responder apenas ao que for perguntado Não especular, não gracejar, não trabalhar com hipótese Não demonstrar impaciência ou irritação Não assumir atitude de superioridade Não deixar o repórter escolher suas palavras Ao final, repassar os principais pontos e mensagens Não jogar a culpa em terceiros A resposta agressiva é veiculada, não a pergunta que a provocou PERSONAGENS Gestor • Paga o preço e sai de cena. Muda a pauta. Cria fatos positivos Níveis • Centro Decisório • Gestão de Comunicação • Operacões PERSONAGENS Ciclo da fala do Porta-voz 1. Solidariedade com os afetados 2. Operacionalização de soluções 3. Resolução das pendências (investigações, correções) PERSONAGENS Imprensa e o vazio de informações • Se alimentar, tem um gato. Se não alimentar, tem um tigre. • Luzes da Ribalta: Surge o Especialista de Oportunidade • Informação cria confiança. Falta de informação cria desconfiança. Pós-crise 3 fatores Se não aprendemos com a crise, não aproveitamos. • Credibilidade • Relacionamento • Informação Não politize. A não ser que tenha tomado esta decisão O que precisamos saber para evitar a derrota • Responder o mais rápido possível • O conflito, interno e com setores da sociedade faz parte do processo • Não politizar inutilmente • Não brigar com os fatos. • Mensagens devem ser claras e articuladas • Ter fontes disponíveis para atendimento à imprensa • Responder à altura e no nível da crise. Nunca amplificála não supervalorizá-la ou superdimensioná-la. • Crises serão aproveitadas por diferentes atores • Coordenação centralizada, atuação descentralizada • Evitar o conflito interno O que precisamos saber para evitar a derrota • Mais relevante que “Discurso de autoridade” são dados e informações consistentes • Saber que a informação inicial sempre prevalece. Quanto mais tarde a reação, mais consolidada a tese original. • Discurso contraditório é origem e alimento de crises • Saber que a imprensa valoriza temas sensíveis, polêmicos • Saber que a comunicação não funciona sem ação política, mas ação política existe sem comunicação. • Informações em on são mais críveis e potentes que informação em off • Há diferença entre um fato e sua percepção. Em uma crise, a percepção prevalece sobre o fato Comitê de Crise • Define e constata situação de crise • Decide sobre acionamento ou não do plano, sua adaptação PERSONAGENS Transforme os funcionários em aliados • Não esconda ou finja que não há um problema. Os funcionários são os primeiros impactados. A crise gera incerteza, desânimo, desconfiança. • Compartilhe os acontecimentos. Evite que saibam por outros. Empregados querem saber as decisões e o Norte. Se não tem informação, especulam e boatos surgem. • Exigem confiança dos dirigentes • Sistema ágil de informação. Se necessário, crie veículos • Segmentar e alcançar a todos • O funcionário pode ser o mais informado e crítico PERSONAGENS “Os meios de comunicação são, decididamente, elemento chave nos conflitos de poder. Eles não são atores, como alguns jornalistas têm o prazer de acreditar. São instrumentos.” Yves Mamou, jornalista PERSONAGENS Em resumo Assuma o controle, aja rápido, tenha iniciativa, seja confiável, atenha-se aos fatos, faço o certo e só diga a verdade. Quem está preparado para uma crise, está pronto para o dia a dia. Quem é eficiente no dia a dia, está preparado para uma crise. “As vezes é mais esperto estar em paz do que estar certo.” Jonathan Bernstein, especialista em crises “E preciso ter uma expectativa realista sobre o que a comunicação pode conseguir. Ninguém nunca diz: ‘Ah, que comunicação maravilhosa; agora a gente se sente bem.” James Lukaszewski, especialista em crises (NYT, 08.2010) “Não há como ganhar, na cobertura de um escândalo. A única maneira de sair vivo é falar a verdade, aguentar o tranco e avançar.” Dick Morris Formação de opinião 70,9% - amigos 57,7% - família 27,3% - colegas de trabalho 6,9% - escola Secom, 2010 Na crise, você vai gastar a poupança que juntou nos bons momentos e vai valer a pena tanto gastar quanto ter economizado. O papel da Comunicação • • • • Dar suporte à administração de emergências nos aspectos de comunicação, subsidia decisões sobre riscos e gestão de contingências, trabalha para evitá-las ou minimizá-las. Atua como consultor, um grilo falante, um advogado. A comunicação faz parte das decisões e encaminhamentos Não é seu papel mobilizar os atores e nem coordenar a gestão da crise INSTRUMENTOS INSTRUMENTOS Instrumentos de Comunicação (internos) • Reuniões • Visitas • Grupos de Trabalho • Sala de Situação • Monitoramento e clipping • Sondagem de opinião • Planos de contingência • Construção de cenários • Manual de crise • Sistema de alerta • Análises de noticiário • Briefing • Levantamento de atores, públicos e perfis • Capacitação de porta-vozes INSTRUMENTOS Instrumentos de Comunicação (imprensa) • Exclusivas • Coletivas • Sala de imprensa • Releases • Coletivas • Briefing • Oficinas • Pautas INSTRUMENTOS Instrumentos de Comunicação (sociedade) • Porta-voz • Ouvidoria • 0800 • Newsletters e outros informativos • Conteúdo informativo (vídeos, áudios, textos) • Comunicados e Notas oficiais • Perguntas & Respostas • Blogs • Página no Facebook • Twitter • Hot sites • Visitas • Cartas • Vídeos INSTRUMENTOS Instrumentos de Comunicação (documentos de referência) • Livro Branco • FAQs • Guias, manuais • Position Paper • Guia de mensagens Finalizando: Sete atitudes-chave que contribuem para a gestão eficaz de uma crise 1. Estar preparado 2. Compreensão da situação e identificação correta das percepções externas 3. Clareza nos argumentos 4. Mobilização dos apoiadores 5. Coordenação e articulação internas para as ações 6. Iniciativa, mobilidade, disponibilidade & agilidade 7. Manter a Credibilidade Obrigado!! [email protected]