Mapa do Anel de Fogo do Pacífico e placas tectônicas adjacentes

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O Anel de Fogo do Pacífico
Mapa do Anel de Fogo do Pacífico e placas tectônicas adjacentes, mostrando a área
atingida pelo terremoto de domingo. (Papi e mami, como podem ver, estamos bem
longe!)
No último domingo, o sul da Ásia foi atingido por um terremoto de 8.9 (update:
magnitude 9.0) na escala Richter, e desde o momento em que aconteceu, começamos a
acompanhar as notícias da tragédia. No meio daquele mar de informações fluindo ao
mesmo tempo, lendo alguns jornais brasileiros e americanos, comecei a perceber uma
confusão generalizada sobre a causa do terremoto e seus tsunamis, e principalmente,
sobre a localização do problema. Vários jornais referiram-se à região de Sumatra como
parte do "Anel de Fogo do Pacífico", uma região instável e de intensa atividade sísmica
e vulcânica. Já tinha um post mais ou menos pronto sobre o assunto ANTES da
tragédia, mas reformulei-o e adiantei a "publicação" bloguística - se é que podemos
classificar uma curiosidade exacerbada por vulcões e eventos sísmicos como
"publicação". Acho que o que melhor explica essa curiosidade é que eu sou de sagitário
(signo do fogo) e embora não acredite em astrologia, pode ser que o mito do homemcentauro seja o responsável pelo meu fascínio por vulcões. Quem sabe…
Chama-se “Anel de Fogo” à região de intensa atividade vulcânica e sísmica que
circunda a placa tectônica do Oceano Pacífico (veja o mapa acima). Essa placa é
circundada pelas placas de Nazca, Filipina, de Cocos, Antártica, Indo-australiana,
Norte-americana e uma pequena (mas importante) borda com a placa da Eurásia.
(Alguns geólogos e afins incluem a região de Java como parte do Anel de Fogo, embora
não necessariamente na fronteira com a placa do Pacífico. Enfim, problemas de
conceito, que existem aos montes na ciência.) As placas, juntas, formam um quebracabeça montado e em movimento sobre a superfície da Terra. Em toda essa região de
encontro de placas tectônicas, a fissura da junção das mesmas gera vulcões em
atividade, terremotos com frequência acima do normal, e as pessoas que moram por ali
estão sempre ameaçadas por essa atividade natural, esperando o próximo grande evento.
Uma instabilidade vinda direto do centro da Terra em ebulição e a qual, por mais que
nossa superioridade cerebral queira, não temos controle absolutamente algum. Acho
instigante viver assim, sabendo que de nada adianta nesse caso o poderio bélico do sr.
Bush, a puxa-saquice patente do sr. Blair, ou as investidas terrorismo-fantástico do sr.
Bin Laden. Nem mesmo as orações do Papa ou preces budistas. O Anel de Fogo do
Pacífico não liga para nenhum deles, e continua sua atividade de acordo com suas
próprias leis… (Sim, eu provavelmente tenho alguns parafusos a menos.)
No domingo (26/dezembro), aconteceu imprevisivelmente um terremoto de 9.0 na
escala Richter na ilha de Sumatra, Indonésia – o quinto maior deste século. O terremoto
deixou muitos mortos na Indonésia e em outros 6 países asiáticos. A vibração do tremor
gerou ondas enormes (os famosos tsunamis, que na costa viram maremotos) que
viajaram pelo oceano Índico e devastaram com força total ilhas na Tailândia, na costa
da Índia, na Malásia, Bangladesh, ilhas Maldivas e principalmente o Sri Lanka.
Milhares de pessoas mortas e mais um sem número desabrigadas. Fico triste pelas
pessoas que são pegas de surpresa num evento desses, mas sabemos o quão inevitáveis
são terremotos e explosões vulcânicas na região do Anel de Fogo e adjacências. Na
fronteira da placa do Pacífico ocorrem o maior número de erupções e terremotos do
planeta - na região do Kamchatka (norte da Rússia, que um dia ainda sonho visitar), das
ilhas Aleutian (Alasca), na costa oeste do Canadá e EUA, os vulcões da ilha Norte da
Nova Zelândia, da Papua Nova Guiné, a fossa das ilhas Marianas e os vulcões do Japão.
Entretanto, Sumatra, no conceito que escolhi para definir o Anel de Fogo nesse blog
(nossa, agora eu me senti uma garota super-poderosa: Powerpuff save the world!)
NÃO está no Anel de Fogo, e sim sobre a fissura entre a placa da Eurásia e a placa
Indo-australiana. E por quê ela tremeu tão forte no domingo?
A razão real é desconhecida. Pode ter sido um efeito indireto da pressão da placa do
Pacífico em expansão, afinal é essa atividade expansiva para o lado do Kamchatcka/
Japão que gera instabilidade na região de fronteira entre placas por todo o Anel de Fogo.
(A placa do Pacífico nessa região está submergindo na placa da Eurásia.)
Provavelmente, o terremoto de domingo foi mais um “assentamento” (dos grandes,
dessa vez) de placas refletindo indiretamente a expansão da placa do Pacífico. Mas veja
bem, PROVAVELMENTE. Pode ter sido também uma movimentação das placas
locais, uma tensão entre a Eurásia e a Indo-Austrália simplesmente. (Update: O deslize
entre as placas foi de 15m e a placa da Indo-Austrália está submergindo na da
Eurásia.) A ciência não responde a isso com precisão no momento. Mas responderá em
breve, após o acontecido. Prever, difícil ainda.
Entretanto, muitas vezes existem indícios de explosões vulcânicas ou grandes tremores,
através de alguns sinais na crosta. Mas, mais importante que isso no caso do terremoto
de domingo, foi o poder de percepção da formação do tsunami - infelizmente pobre, no
sul da Ásia. No Pacífico, a maioria dos países diretamente ligados com problemas
constantes de terremotos, vulcões e tsunamis possuem sistema de alarme geral, e
quando um terremoto acontece no mar, rapidamente já se localiza a direção do tsunami
e as cidades costeiras são avisadas. Isso pode dar de alguns minutos a horas de
evacuação - um tempo precioso que pode salvar muitas vidas. Lembro que no Hawai'i
todas as primeiras segundas-feiras do mês entre 10h e meio-dia um alarme ensurdecedor
tocava (e ainda toca) por todas as ilhas, treinando para uma possível situação de
emergência. Mas enfim, esse sistema não existia no Índico, e acrescente a isso uma das
áreas mais densamente povoadas do planeta, e temos a receita perfeita para uma
catástrofe.
A Terra ainda não é um planeta totalmente formado, e embora habitemos quase todos os
recantos desse mundinho, ele ainda precisa de “espaço e liberdade” para terminar de
desenvolver-se. Como um adolescente sendo pressionado a fazer vestibular para Direito
quando quer mesmo é fazer para Música e ser um popstar. Pressionamos o planeta de
todas as formas, extinguindo espécies, alterando ecossistemas, poluindo e gerando mais
gente, tudo em nome de nossa melhor qualidade de vida. E é essa mensagem que, como
o adolescente pressionado, os terremotos, vulcões e tsunamis dão de revide: ainda estão
no controle do que acontece em nossas vidas tão pequenas, e eles ainda serão popstar
por muito tempo. Pelo menos no Anel de Fogo do Pacífico.
A força que mata é a mesma que constrói... Lava escorrendo do vulcão Kilauea, no
Hawai'i, que está no centro da placa do Pacífico, mas não é do anel de fogo!
E muitos se perguntam: se sabemos que vulcões e terremotos causam destruição e morte
em níveis catastróficos, por que pessoas ainda moram em regiões próximas a eles???
A resposta é simples. Catástrofe é o lado que a mídia se ocupa de mostrar das regiões
vulcânicas ou em atividade tectônica – o lado “mau”. (É preciso deixar claro que
vulcões e atividades sísmicas andam lado a lado, de mãos dadas.) Entretanto, regiões
próximas a vulcões inevitavelmente:
- Têm solos mais férteis, pois as erupções fazem ressurgir à superfície toneladas de lava,
com elementos químicos e riquezas minerais que tornam o solo rico e melhor para a
agricultura.
- São potenciais áreas de turismo. Muitas fontes geotermais de “água quente”
espalhadas pelo mundo e que atraem turistas para banhar-se e chafurdar-se nas lamas
“milagrosas”, estão na realidade em locais de fissura de placas. E as montanhas
vulcânicas são um local único para caminhadas e montanhismo, pelo formato peculiar e
pela geologia local.
- Geram mais empregos. Onde há potencial turístico e solos aráveis, pessoas estarão
mais propensas a assentarem-se e produzir mais, portanto essas regiões terão mais
comércio, formação de cidades e atrairão mais pessoas. Dinheiro, sempre dinheiro…
- São fonte de energia. Alguns países utilizam-se de usinas geotermais para produção de
energia elétrica, uma fonte limpa (Nova Zelândia e Islândia, por exemplo), vinda direta
da fonte de calor intermitente existente na região do encontro de placas.
E esse é o lado “bom” dos vulcões.
Tudo de bom sempre...
Viajando na maionese…
- No Anel de Fogo estão situados 75% dos vulcões dormentes e em atividade do
planeta.
- Existem aproximadamente 1500 vulcões em atividade no planeta.
- Para os “lava junkies” como eu, o website Volcano World tem uma lista atualizada
dos vulcões em erupção na Terra. Vale dar uma olhadinha por lá antes de planejar
uma viagem… quem sabe você não será brindado com um banho de lava para sair bem
na foto?
- Morávamos na borda da cratera dormente do Punchbowl por um ano, no Hawai’i.
Aliás, muitas pessoas ainda moram lá, pois é um bairro como outro qualquer no centro
de Honolulu. O vulcão Punchbowl é classificado como “dormente em vias de
extinção”, portanto oferece risco quase zero para a população local. Milhões de
pessoas no planeta vivem ao redor de crateras, cones e caldeiras vulcânicas – muitas
sem nem saber.
- A formação dos vulcões do Hawai’i é um processo único no mundo, chamado “Hot
Spot”: um buraco no meio da placa do Pacífico que libera magma intermitantemente e
foi o formador em tempo geológico das ilhas havaianas. Uma nova ilha já está em
formação submersa no Oceano, aos sul da Grande Ilha do Hawai’i, mostrando aos
cientistas o local exato do “Hot Spot”. Isso é lindo!
- Tremores secundários ainda estão acontecendo na área do terremoto de domingo.
- (Update colado e modificado do Alexandre) O que é a boa informação... A Wikipedia
está com tudo sobre o terremoto de domingo atualizado e em momento algum fala do
Anel de Fogo do Pacífico! Jornais brasileiros, aprendam a ler e buscar informações em
fontes como essa! Update do update em 31 de dezembro: alguém acrescentou na mesma
Wikipedia a informação de que a Indonésia faz parte, sim, do Anel de Fogo do Pacífico,
baseado em outro mapa, que não leva em consideração as placas tectônicas, e sim as
regiões de intensa atividade vulcânica da região. Eu já não sei mais nada. Cada um
decide qual conceito mais lhe apetece, com bom senso e lógica, por favor.
22:51:27 . Lucia Malla . Ilhas do Pacífico, Asianas, Ciência , No planeta azul
11 viajaram comigo
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