O termo "filosofia" é uma composição de duas palavras gregas

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REVISÃO DE FILOSOFIA – ENEM
Prof Hamilton Milczvski Jr
O termo "filosofia" é uma composição de duas palavras gregas: philos e sophia.
A primeira é uma derivação de philia, que significa amizade, amor fraterno e respeito
entre os iguais; a segunda significa sabedoria ou simplesmente saber. Filosofia significa,
portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber; e o filósofo, por sua vez,
seria aquele que ama e busca a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber.
A tradição atribui ao filósofo Pitágoras de Samos (que viveu no século V a.C.) a criação
da palavra. Conforme essa tradição, Pitágoras teria cunhado o termo para modestamente
ressaltar que a sabedoria plena e perfeita seria atributo apenas dos deuses; os homens,
no entanto, poderiam venerá-la e amá-la na qualidade de filósofos.
Os termos philosophos e philosophein já teriam sido empregados por alguns présocráticos como Heráclito, Pitágoras e Górgias e pelos historiadores Heródoto e
Tucídides.
Mito e Filosofia:
O nascimento da Filosofia pode ser entendido como o surgimento de uma nova
ordem do pensamento, complementar ao mito, que era a forma de pensar dos gregos. A
sociedade grega se utilizava dos mitos para explicar fenômenos da natureza, como os
raios atribuídos à fúria de Zeus, ou como “lições de moral”, a exemplo do mito de Ícaro.
Porém, a Filosofia surge como a tentativa de subordinar a multiplicidade mitológica à
ordem racional, se utilizando do método lógico de argumentação.
O Mito (Mythos) é narrado como a explicação para todas as coisas, onde a
maioria era originada pela relação sexual entre os deuses, gerando assim, tudo que
existe e existiu. Os mitos também narram o du-elo entre forças divinas que interferiam
diretamente na vida dos homens, em suas guerras e no seu dia-a-dia, bem como
explicava a origem dos castigos e dos males do mundo.
Além da relação divina com fenômenos da natureza, havia, ainda, um caráter de
“moralização” associado ao mito. A exemplo da história de Heracles (Hércules, para os
romanos), o qual, em um acesso de loucura provocado pela deusa Hera, havia matado
sua esposa, Megára, e seus 3 filhos. Para recuperar sua honra e como penitência, deveria
executar uma série de doze tarefas, e ao final destas, se tornaria imortal. Assim, a “lição
de moral” estaria associada ao fato de que, apenas um semideus como Heracles, poderia
obter perdão por um ato tão cruel através de tarefas quase impossíveis de serem
cumpridas. Convencionou-se chamar trabalhos muito difíceis de se realizar de
“hercúleos”, como referência a Hércules.
Mito da caverna:
O “Mito da Caverna”, também chamada de “Alegoria da Caverna”, se encontra
na obra de Platão intitulada “A República” (livro VII). Trata-se da exemplificação de
como podemos nos libertar da condição de escuridão trazida pela ignorância (que nos
aprisiona) através da luz da verdade.
Epistemologia e Lógica
Epistemologia ou teoria do conhecimento: é a área da filosofia que estuda a
natureza do conhecimento, sua origem e seus limites. Dessa forma, entre as questões
típicas da epistemologia estão: “O que diferencia o conhecimento de outras formas de
crença?”, “O que podemos conhecer?”, “Como chegamos a ter conhecimento de algo?”.
Lógica: é a área que trata das estruturas formais do raciocínio perfeito – ou seja,
daqueles raciocínios cuja conclusão preserva a verdade das premissas. Na lógica são
estudados, portanto, os métodos e princípios que permitem distinguir os raciocínios
corretos dos raciocínios incorretos.
A Filosofia surgiu na Grécia Antiga, por volta do século VI a.C. Naquela época,
a Grécia era um centro cultural importante e recebia influências de várias partes do
mundo.
Assim, o pensamento crítico começou a florescer e muitos indivíduos
começaram a procurar respostas fora da mitologia grega. Essa atitude de reflexão que
busca o conhecimento significou o nascimento da Filosofia.
Antes de surgir o termo filosofia, Heródoto já usava o verbo filosofar e Heráclito
usava o substantivo filósofo. No entanto, vários autores indicam que Tales de Mileto foi
o primeiro filósofo (sem se descrever como tal) e Pitágoras foi o primeiro que se
classificou como filósofo ou amante da sabedoria.
Tales de Mileto
(640 a.C – 558 a. C)
Tales foi um filósofo pré-socrático e é considerado o pai da filosofia ocidental.
Nasceu em Mileto, na Ásia Menor, atual Turquia, aproximadamente em 624 a.C.
Tales instituiu a Escola Jônica e estabeleceu sólidos conhecimentos sobre a
verdade, a totalidade, a ética e a política. Suas reflexões giravam em torno da ‘natureza’
e de seus quatro elementos fundamentais: terra, ar, fogo e água. Ele era um monista, ou
seja, acreditava que tudo era constituído por uma substância primordial, neste caso, a
água. Assim sendo, toda a vida teria se originado dela, embora seus discípulos
divergissem quanto a ser este corpo a natureza essencial que a tudo permeia.
O filósofo envolveu-se em experiências inovadoras com o magnetismo, que na
sua época representava apenas uma mera curiosidade em torno de matéria-prima
constituída de ferro. Ele foi um dos primeiros estudiosos a rejeitar a visão religiosa dos
gregos antigos, que viam nos componentes da Natureza, como o Sol, a Lua, elementos
sagrados. Tales além de ser o precursor da filosofia ocidental, é responsável pelo
nascimento de uma nova era intelectual, onde o ser humano passou a procurar a
entender o mundo além de explicações religiosas, conseguindo consequentemente
grande avanço cientifico e tecnológico.
Sócrates
(470 a. C – 339 a.C)
Sócrates é considerado um dos pioneiros da Filosofia Ocidental. Nasceu em
Atenas, por volta de 470 a.C. Tentou seguir os passos do pai, o escultor Sofrônico.
Porém, devotou-se completamente a filosofia, sem dele esperar nenhum retorno
financeiro, apesar da precariedade de sua posição social. Seu trabalho seria marcado
profundamente pelos textos de Anaxágoras, outro célebre filósofo grego.
Sócrates parte do pressuposto: “Só sei que nada sei”, que consiste justamente na
sabedoria de reconhecer a própria ignorância, ponto de partida para a procura do saber.
Por isso seu método começa pela parte considerada “destrutiva”, chamada ironia
(em grego, perguntar). Nas discussões afirma inicialmente nada saber, diante do
oponente que se diz conhecedor de determinado assunto. Com hábeis perguntas,
desmonta as certezas até o outro reconhecer a própria ignorância.
Parte então para a segunda etapa do método, a maiêutica (em grego, parto, dar à
luz). Dá esse nome em homenagem a sua mãe, que era parteira, acrescentando que, se
ela fazia parto de corpos, ele “dava à luz” ideias novas. Com suas perguntas, Sócrates
deixa embaraçado e perplexo aquele que está seguro de si mesmo, fá-lo ver novos
problemas, desperta a sua curiosidade e estimula-o a refletir. Sócrates, por meio de
perguntas, destrói o saber construído para reconstruí-lo na procura da definição do
conceito, por meio da qual pretendia atingir a essência das coisas. E, no final, nem
sempre Sócrates tem a resposta. Por razões de método, seus diálogos levantam uma
questão, mas não dão a solução. Servem para pôr o interrogado no caminho da solução
para que ele mesmo a encontre.
Platão
(427 a.C – 347 a. C)
Platão foi um dos principais filósofos gregos da Antiguidade. Nascido em
Atenas, por volta de 427-428 a.C., foi seguidor de Sócrates e mestre de Aristóteles.
Platão era integrante de uma família rica, de antiga e nobre linhagem. Ele
conheceu seu ilustre mestre aos vinte anos. Sócrates era bem mais velho, pelo menos
quarenta anos separavam ambos, mas eles puderam desfrutar de oito anos de
aprendizado conjunto.
Depois de viajar pela Magna Grécia e pela Sicília, Platão regressou a Atenas e
fundou a Academia, que em breve se tornou conhecida e frequentada por um grande
número de jovens que vinha à procura de uma educação melhor.
Apesar de ser o primeiro filósofo da Antiguidade de quem se conhece a obra
integral, muitos de seus diálogos não são autênticos, embora supostamente assinados
por ele. Seu estilo literário é o diálogo, uma espécie de ponte entre a oralidade
fragmentária de Sócrates e a estética didática de Aristóteles. Nos escritos de Platão
mesclam-se elementos mito-poéticos com fatores essencialmente racionais. Este
filósofo não se guia pelo rigor científico, nem por uma metodologia formal.
Em Platão, a filosofia ganha contornos e objetivos morais, apresentando assim
soluções para os dilemas existenciais. Esta práxis, porém, assume no intelecto a forma
especulativa, ou seja, para se atingir a meta principal do pensamento filosófico, é
preciso obter o aprendizado científico. O âmbito da filosofia para Platão, se amplia, se
estende a tudo que existe. Segundo o filósofo, o homem vivencia duas espécies de
realidade – a inteligível e a sensível. A primeira se refere à vida concreta, duradoura,
não submetida a mudanças. A outra está ligada ao universo das percepções, de tudo que
toca os sentidos, um real que sofre mutações e que reproduz neste plano efêmero as
realidades permanentes da esfera inteligível. Este conceito é concebido como Teoria das
ideais ou Teoria das Formas.
Aristóteles
(384 a.C – 322 a. C)
É considerado um dos principais filósofos da Antiguidade, ao lado de Sócrates e
Platão. Filho de Nicômaco, médico pessoal de Amintas, rei da Macedônia, nasceu na
Estagira, em Calcídica, situada no litoral norte do Mar Egeu, no ano de 384 a.C. Com
aproximadamente dezesseis, ele partiu para Atenas.
Segundo Aristóteles, a filosofia é essencialmente teorética: deve decifrar o
enigma do universo, em face do qual a atitude inicial do espírito é o assombro do
mistério. O seu problema fundamental é o problema do ser, não o problema da vida. O
objeto próprio deste estudo, em que está a solução do seu problema, são as essências
imutáveis e a razão última das coisas, isto é, o universal e o necessário, as formas e suas
relações. Entretanto, as formas são imanentes na experiência, nos indivíduos, de que
constituem a essência. A filosofia aristotélica é, portanto, conceptual como a de Platão
mas parte da experiência; é dedutiva, mas o ponto de partida da dedução é tirado –
mediante o intelecto da experiência.
Partindo como Platão do mesmo problema acerca do valor objetivo dos
conceitos, mas abandonando a solução do mestre, Aristóteles constrói um sistema
inteiramente original.
Agostinho de Hipona
(354 – 430)
Aurelius Augustinus viveu em um momento de transição importante: a
decadência do Imperio Romano do Ocidente e a passagem para o mundo medieval.
Filho de uma família abastada do Norte da África, seus pais se esforçaram para
mandá-lo estudar na Universidade de Cartago. Em vez de dedicar-se aos estudos,
Agostinho preferiu dedicar-se a uma vida de prazeres, preferencialmente os sexuais, que
lhe rendeu a famosa frase: “Senhor, torna-me casto, mas não ainda”.
Para Agostinho, o tempo não tem realidade em si, é uma invenção do homem,
constituído por três nadas: o passado, que não existe mais; o futuro, que ainda não
existe; e o presente, tão fugaz que é uma mistura de passado e futuro. É a partir daí que
se compreende com certa facilidade a concepção agostiniana de Deus.
Assim como Platão (427-347 a.C.), Agostinho concebe Deus como uma entidade
que pertence a um reino de verdades atemporais, perfeitas e imateriais, com o qual só
temos contato de maneira não-sensorial: tendo sido feitos à imagem e semelhança de
Deus, uma parte desse reino existe dentro de nós (e pode ser identificado com a alma).
Nicolau Maquiavel
(1469 – 1527)
Conhecido por sua obra “O Príncipe”, Maquiavel nasceu em uma família
decadente de Florença no dia 3 de maio de 1469. Recebeu educação formal e iniciou
suas atividades políticas após a derrocada de Girolamo Savonarolla no Governo de
Florença. Foi nomeado para diversas missões diplomáticas e exerceu muitos cargos
dentro do governo, o que lhe deu as bases de seu pensamento filosófico e foi o
combustível para suas obras. As ideias de Maquiavel vieram da prática e da observação,
pois isso são consideradas de certa forma mais realistas e adaptáveis às condições do
homem.
Nicolau Maquiavel chama a atenção por defender que o poder, a honra e a glória
são bens que devem ser perseguidos e valorizados, ao contrário da ideia restrita de
virtude cristã angelical (livre de tentações). O homem de virtuoso poderia conseguir
bens na terra e deveria lutar por isso, sem ficar almejando recompensas exclusivamente
celestiais. A moral não poderia ser um limitador da prática política. O pensamento
político de Maquiavel se apóia no conceito de que a estabilidade da sociedade e do
governo precisam ser conseguidos a todo o custo.
A diferença entre Maquiavel e os demais cientistas naturais está no
constrangimento imposto por suas ideias. Sua originalidade destaca-se pela forma como
lidou com a moral na política, trazendo uma visão independente dos conceitos
defendidos pela igreja.
René Descartes
(1596 – 1650)
Nascido em La Haye em 31 de março de 1596, filósofo o francês René Descartes
é considerado o pai da matemática e da filosofia moderna.
O pensamento de Descartes foi revolucionário para a sociedade feudalista em
que ele nasceu, onde a influência da Igreja ainda era muito forte.
Foi um dos precursores e considerado o pai do racionalismo, defendendo a tese
de que a dúvida era o primeiro passo para se chegar ao conhecimento.
Descartes é considerado o primeiro filósofo moderno, sendo a sua contribuição à
epistemologia essencial, assim como às ciências naturais por ter estabelecido um
método que ajudou no seu desenvolvimento. Descartes criou, em suas obras Discurso
sobre o método e Meditações – ambas escritas no vernáculo, ao invés do latim
tradicional dos trabalhos de filosofia – as bases da ciência contemporânea.
Ao contrário dos gregos antigos e dos escolásticos, que acreditavam que as
coisas existem simplesmente porque precisam existir, ou porque assim deve ser
Descartes instituiu a dúvida: só se pode dizer que existe aquilo que puder ser provado,
sendo o ato de duvidar indubitável. Baseado nisso, Descartes busca provar a existência
do próprio eu (ego cogito ergo sum- eu que penso, logo existo).
Jean-Jacques Rousseau
(1712- 1778)
Nascido em 1712, na Suíça, Rousseau tem como essência a crença de que o
Homem é bom naturalmente, embora esteja sempre sob o jugo da vida em sociedade, a
qual o predispõe à depravação. Para ele o homem e o cidadão são condições paradoxais
na natureza humana, pois é o reflexo das incoerências que se instauram na relação do
ser
humano
com
o
grupo
social,
que
inevitavelmente
o
corrompe.
É assim que o Homem, para Rousseau, se transforma em uma criatura má, a qual só
pensa em prejudicar as outras pessoas. Por esta razão o filósofo idealiza o homem em
estado selvagem, pois primitivamente ele é generoso. Um dos equívocos cometidos pela
sociedade é a prática da desigualdade, seja a individual, seja a provocada pelo próprio
contexto social. Nesta categoria ele engloba desde a presença negativa dos ciúmes no
relacionamento afetivo, até a instauração da propriedade privada como base da vida
econômica.
Immanuel Kant
(1724 – 1804)
Kant nasceu em 1724, na pequena cidade de Königsberg, na Prússia Oriental. É
considerado o pai da filosofia crítica. Cursou a Universidade de Königsberg onde se
formou nas áreas de filosofia e matemática, exercendo a profissão de professor na
mesma instituição.
A obra de Kant foi dividida em duas principais fases: pré-crítica e crítica.
A fase pré-crítica (período que durou até 1770) diz respeito à filosofia conhecida
como dogmática – as ideias colocadas apresentam-se como certas e indiscutíveis –
recebeu influência de Gottfried Wilhelm von Leibniz, filósofo, cientista, matemático,
diplomata e bibliotecário alemão e Christian von Wolff, importante filósofo alemão.
Desempenha admiráveis estudos na área que abrange as ciências naturais e no
que diz respeito à física estudada por Newton.
De todas as obras editadas nesta fase salienta-se “A História Universal da
Natureza” e “Teoria do Céu”, de 1775, obra na qual discursa sobre a famosa teoria
cosmológica da “nebulosa” para esclarecer como surgiu e progrediu o nosso sistema
solar.
A segunda fase fala sobre o período em que se sai do transe da “letargia
dogmática” graças ao choque que a f. do famoso filósofo Hume provocou.
Kant publica “A Crítica da Razão Pura”, “Crítica da Razão Prática” “Critica da
Faculdade de Julgar”, obras nas quais evidencia o contra-senso de se estabelecer um
princípio da filosofia que estude a essência dos seres antes que se tenha
antecipadamente averiguado o alcance de nossa capacidade de conhecimento.
Georg Wilhelm Friedrich Hegel
(1770 – 1831)
Nascido em 1770, na Alemanha, Hegel foi um importante filósofo do final do
século XVIII e começo do século XIX. Foi o fundador do Hegelianismo que se baseava
na ideia principal de que a realidade é capaz de ser expressa em categorias reais.
Hegelianismo e Filosofia
O sistema filosófico criado por Hegel, o hegelianismo, é tributário, de modo
especial, da f. grega, do racionalismo cartesiano e do idealismo alemão, do qual
representa o desfecho e a realização mais complexa.
De Heráclito de Éfeso, Hegel herda a ideia de dialética, entendida como
estrutura da realidade e do pensamento. De Aristóteles, aceita três noções capitais: a do
universal, imanente e não transcendente ao individual (antiplatonismo); a do
movimento, ou de vir-a-ser, como passagem da potência para o ato; e, finalmente, a das
relações entre a razão e a experiência, cuja necessidade interna deve ser revelada pelo
pensamento.
Do racionalismo cartesiano, Hegel aceita a ideia da racionalidade do real, ou da
consciência das res cogitans (coisa pensante) com a res extensa (coisa material); e do
spinozismo, em particular, a intuição de que qualquer afirmação é uma negação,
proposição de “importância capital”, segundo Hegel.
Do criticismo kantiano, base e ponto de partida da moderna filosofia alemã,
Hegel herda, de modo especial, a distinção entre o entendimento e a razão e a ideia de
uma lógica transcendental que, remontando às origens do conhecimento, considera os
conceitos a priori, em relação aos objetos, formula as regras do pensamento puro e
vincula as categorias à consciência de si, ao eu subjetivo.
De Fichte, Hegel aceita a noção de dialética como processo de afirmação,
negação e negação da negação, na síntese; e de Schelling, a noção do idealismo objetivo
e da identidade do sujeito e do objeto, na consciência do absoluto. O hegelianismo é um
sistema, uma construção lógica, racional, coerente, que pretende apreender o real em
sua totalidade. Antes de construir seu sistema, porém, Hegel escreveu a Fenomenologia
do espírito. Essa obra, embora seja um resumo fenomenológico do hegelianismo, é
também uma propedêutica ou introdução ao sistema criado por Hegel.
O hegelianismo é o último dos grandes sistemas da filosofia do Ocidente. Ele
exerceu decisiva influência na formação da teoria da práxis e do existencialismo.
Schopenhauer nasceu em 1788, em Danzig, Prússia.
Arthur Schopenhauer
(1788 – 1860)
Para Schopenhauer, em vez de a razão definir o homem e “decifrar o enigma do
mundo”, são o corpo e o sentimento, o que ele chama de vontade, que permitem
alcançar e dizer o sentido das coisas. A vontade é o que há de mais essencial no mundo;
ela se manifesta em toda a natureza e nos corpos animais, independentemente de serem
eles possuidores ou não da faculdade de razão. Todos os corpos do mundo fenomênico
são considerados, nessa filosofia, como concretização de um mesmo querer que nunca
cessa. A objetivação da vontade não escolhe se vai se manifestar no homem mais
inteligente ou numa pedra. Desse modo, em se tratando de espécies, a diferença entre os
seres humanos e os demais animais é quase insignificante, visto que tanto o homem
quanto o animal têm por base uma mesma essência metafísica, a vontade de vida.
Schopenhauer falava da relação entre sonhos e realidade. Para ele, seria
impossível distinguir as duas condições. A vida seria um sonho muito longo,
interrompido durante a noite por outros sonhos curtos. “Nós temos sonhos; não é talvez
toda a vida um sonho? Mais precisamente: existe um critério seguro para distinguir
sonho e realidade, fantasmas e objetos reais?”, afirma Schopenhauer.
O filósofo ainda discutia o porquê de todo ser humano ter a vontade de continuar
vivendo. Qual seria o princípio a impelir os homens à continuação da vida e da espécie?
Chegou a conclusão de que nosso corpo é o único objeto que conseguimos conhecer no
universo, pois não o reconhecemos de fora, mas sim de dentro. Assim, diz que o Eu é a
própria vontade de viver. Segundo ele, nosso instinto de sobrevivência é cego, mesmo
sabendo que o que nos aguarda é a morte certa, nós continuamos a buscar a
sobrevivência.
Karl Marx
(1813- 1883)
Nascido em Trier (Prússia) em 1818, era o filho mais novo de uma família
judaica de classe média. A teoria defendida por Karl Marx fundamenta-se na crítica
radical do capitalismo, onde predomina a exploração do trabalhador pela burguesia. Sob
a sua visão, havia aqueles que possuíam o capital produtivo com o qual expropriavam a
mais-valia, constituindo assim a classe exploradora (burguesia); de outro lado estavam
os assalariados que não possuíam a propriedade (proletários).
Analisando o capitalismo, Marx desenvolveu uma teoria para o valor dos
produtos: o valor é a expressão da quantidade de trabalho social utilizado na produção
da mercadoria. No sistema capitalista, o trabalhador vende ao proprietário a sua força de
trabalho, muitas vezes o único bem que têm, tratada como mercadoria, e submetida às
leis do mercado, como concorrência, baixos salários.
Karl Marx defendia a educação pública e gratuita para todas as crianças. Esta
era, na sua visão, a solução para retirá-las do trabalho nas fábricas. Defendia, ainda, que
a educação deveria formar o homem nos aspectos físico, mental e técnico, trazendo os
panoramas do estudo, lazer e trabalho. O intuito fundamental deveria produzir seres
humanos desenvolvidos integralmente através do trabalho produtivo, escolaridade e
ginástica.
Friedrich Nietzsche
(1844- 1900)
Nascido em 15 de outubro de 1844, Nietzsche tornou-se um dos mais
importantes filósofos da Alemanha no século XIX e também da atualidade. Nietzsche
nasceu em uma família protestante, com pai e avós pastores, e durante sua infância
estudou para alcançar os mesmos objetivos.
Ao se tornar adolescente, porém, sua vida mudou radicalmente de rumo. Seus
estudos, principalmente os de filologia, o distanciaram da crença em Deus e de qualquer
inclinação para as pesquisas teológicas. Ao ingressar na célebre Escola de Pforta, pela
qual passaram, entre outros, o poeta Novalis e o filósofo Fichte, ele entrou em contato
com os escritos de Schiller, Hölderlin e Byron, os quais marcaram definitivamente seu
pensamento, levando-o na direção contrária ao Cristianismo. Suas leituras também
incluíam os gregos Platão e Ésquilo. Os estudos filológicos – que englobavam não só a
história das formas que povoam a literatura, mas também a pesquisa sobre os
mecanismos pré-estabelecidos que regem a sociedade e os conhecimentos sobre a
mentalidade vigente – foram definitivos para sua decisão de se afastar da teologia.
Entre vários escritos, criou o termo super homem para designar um ser superior
aos demais que, segundo Nietzsche era o modelo ideal para elevar a humanidade. Para
ele, a meta do esforço humano não deveria ser a elevação de todos, mas o
desenvolvimento de indivíduos mais dotados e mais fortes.
A meta, segundo Nietzsche, seria o super homem e não a humanidade, que para
ele era mera abstração, não existindo em realidade, sendo apenas um imenso
formigueiro de indivíduos.
O todo do mundo era para ele como uma imensa oficina, onde algumas vezes as
coisas eram bem sucedidas, mas na maioria das vezes, o fracasso era o resultado final. A
finalidade das experiências era o aperfeiçoamento do indivíduo e não a felicidade da
coletividade.
Segundo Nietzsche, a sociedade é o instrumento para a melhoria do poder e da
personalidade do indivíduo, não para a elevação de todos. A princípio ele acreditava no
surgimento de uma nova espécie de ser, porém, passou a cogitar a possibilidade do seu
“super homem” ser um indivíduo superior, que se elevasse acima da mediocridade e que
sua existência se devesse mais ao esforço e a educação, do que pela seleção natural.
Na visão de Nietzsche o ser humano superior não deveria se unir a outro ser
humano que não fosse igualmente superior. Em sua visão, o amor é impedimento ao
bom senso e o homem não deveria tomar decisões que afetem sua vida, em momentos
de paixão, devendo o amor ser deixado para a ralé ou classe menos favorecida, cabendo
ao ser superior, o super homem, unir-se com outro ser superior, para assim, dar
seguimento ao desenvolvimento da raça e não apenas sua reprodução.
Michel Foucault
(1926 – 1984)
Filho do cirurgião Paul Foucault e de Anna Malapert, nasceu em Poitiers, no ano
de 1926. Embora pertencesse a uma tradicional família de médicos, Foucault caminhou
em outra direção, partindo para as Ciências Humanas. Autor de A história da Loucura e
Vigiar e Punir, o pensador francês foi um dos mais criativos e provocativos intelectuais
do século 20.
Suas obras, como “História da Loucura” e “A História da Sexualidade”,
enquadram-se dentro da Filosofia do Conhecimento. “História da Loucura”, explora as
razões que teriam levado, nos séculos XVII e XVIII, à marginalização daqueles que
eram considerados desprovidos da capacidade racional. Seus estudos sobre o saber, o
poder e o sujeito inovaram o campo reflexivo sobre estas questões.
Em seu livro “Vigiar e Punir”, Foucault argumenta que a disciplina é o poder
que se exerce sobre o corpo do indivíduo, transformando-o numa máquina de obedecer,
explica como a ontologia do presente está marcada pela questão do poder. Segundo
Foucault, a disciplina é interiorizada, fabricando corpos mais submissos e “dóceis”,
sendo exercida fundamentalmente por três meios globais absolutos: o medo, o
julgamento e a destruição.
Popper cunhou o termo "Racionalismo Crítico" para descrever a sua filosofia.
Esta designação é significante e é um indício da sua rejeição do empirismo clássico e do
observacionalismo-indutivista da ciência, que disso resulta. Apesar disso, alguns
académicos, incluindo Ernest Gellner, defendem que Popper, não obstante não se ter
visto como um positivista, se encontra claramente mais próximo desta via do que da
tradição metafísica ou dedutiva.
Karl Popper
(1902-1994)
Popper argumentou que a teoria científica será sempre conjectural e provisória.
Não é possível confirmar a veracidade de uma teoria pela simples constatação de que os
resultados de uma previsão efetuada com base naquela teoria se verificaram. Essa teoria
deverá gozar apenas do estatuto de uma teoria não (ou ainda não) contrariada pelos
fatos.
O que a experiência e as observações do mundo real podem e devem tentar fazer
é encontrar provas da falsidade daquela teoria. Este processo de confronto da teoria com
as observações poderá provar a falsidade da teoria em análise. Nesse caso há que
eliminar essa teoria que se provou falsa e procurar outra teoria para explicar o fenômeno
em análise. (Ver Falseabilidade). Em outras palavras, uma teoria científica pode ser
refutada por uma única observação negativa, mas nenhuma quantidade de observações
positivas poderá garantir que a veracidade de uma teoria científica seja eterna e
imutável.
Alguns consideram este aspecto fulcral para a definição da ciência, chegando a
afirmar que "científico" é apenas aquilo que se sujeita a este confronto com os fatos. Ou
seja: afirmam que só é científica aquela teoria que possa ser falseável (refutável).
Existem críticas contundentes quanto a esse aspecto. Essas remanescem no bojo da
própria Filosofia que Popper propõe. E por quê? Ao afirmar que toda e qualquer teoria
deve ser falseável, isso se aplica à própria teoria da falseabilidade popperiana. Portanto,
a falseabilidade deve ser falseável em si mesma. Diante dessa evidente necessidade sob a pena de sua teoria ser não-universal e portanto derrogada pela sua imprecisão poderá existir proposições em que a falseabilidade não é aplicável (vide teorema da
incompletude de Kurt Gödel). Por outro lado, essa crítica poderia ser vista sob outro
prisma: a falseabilidade é um critério metodológico e prescritivo da ciência, e, portanto,
metateórico, isto é, se trata de uma teoria sobre teorias. Em outras palavras, o critério da
falseabilidade se aplica aos enunciados capazes de serem falsificados pela experiência,
ou seja, os enunciados das ciências empíricas, como a física experimental e a biologia e
não à epistemologia ou à filosofia da ciência.
Nos dias de hoje, verifica-se que o falsificacionismo popperiano não é princípio
de exclusão, mas tão somente de atribuição de graus de confiança ao objeto passível do
crivo científico. Outros argumentam que estas críticas não fazem sentido devido a teoria
de Popper não ser científica, por não se ocupar de fatos contingentes.
Para Popper a verdade é inalcançável, todavia devemos nos aproximar dela por
tentativas. O estado atual da ciência é sempre provisório. Ao encontrarmos uma teoria
ainda não refutada pelos fatos e pelas observações, devemos nos perguntar, será que é
mesmo assi? Ou será que posso demonstrar que ela é falsa? Einstein é o melhor
exemplo de um cientista que rompeu com as teorias da física estabelecidas.
Popper debruçou-se intensamente sobre a teoria marxista e a filosofia hegeliana
que lhe é subjacente, alegadamente retirando-lhes qualquer estatuto científico. Fez o
mesmo em relação à psicanálise e à astrologia, argumentando que suas teorias
subjacentes não são falseáveis (refutáveis). Além do mais, pelo fato de os proponentes
dessas três disciplinas terem visado de modo insistente e seletivo à verificação de suas
teorias, Popper as classificou como pseudociências.
O seu trabalho científico foi influenciado, sobretudo pelo seu estudo da teoria da
relatividade de Albert Einstein.
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