Universidade de Brasília Faculdade de Medicina Área de Clínica Médica Disciplina: Farmacologia Médica Professor: Gustavo Adolfo Sierra Romero Donepezil Aluna: Patrícia Eiko Yamakawa - 02/26971 Brasília, 1 de junho de 2005. 1 Sumário Abstract ......................................................................................................... 3 Resumo ......................................................................................................... 4 1. Introdução ............................................................................................... 5 2. Estrutura Química ................................................................................... 8 3. Farmacodinâmica .................................................................................... 8 4. Farmacocinética .................................................................................... 10 5. Interações Medicamentosas .................................................................. 12 6. Recomendações de Uso ......................................................................... 14 6.1- Dose e Administração .................................................................... 14 6.2- Comprometimento Hepático e Renal ............................................. 14 7. Eficácia Clínica ..................................................................................... 15 8. Resistência ............................................................................................. 17 9. Tolerância .............................................................................................. 17 10. Perspectivas ........................................................................................... 20 11. Conclusão .............................................................................................. 23 12. Referências bibliográficas ..................................................................... 24 2 Abstract Donepezil (E-2020) is the second drug approved by the U.S. Food and Drug Administration for the treatment of mild to moderate Alzheimer’s disease, marketed under the trade name of Aricept. Donepezil is a piperidine-type cholinesterase inhibitor which exhibits reversible, non-competitive inhibition of acetylcholinesterase, being structuraly distinct of the others cholinesterase inhibitors availables today. It is more active against acetylcholinesterase than against butyrylcholinestherase, having less peripherally effects. Donepezil was proven to improve cognitive function of mild to moderate Alzheimer’s disease pacients and showed excellent tolerabillity without hepatotoxicity. In European countries and in the United States, it is recommended that treatment should be initiated with the 5mg dose, orally at night, with or without food, continued for 4 or 6 week before increasing the dose to 10mg daily. The long plasma half-life of donepezil (70 hours) allows for a once-daily dosing regimen. Because of your properties of more selective action, good tolerability, easiness of administration and therapeutic efficacy, donepezil is considerate a first-line treatment for mild to moderate Alzheimer’s disease. 3 Resumo Donepezil (E-2020) é a segunda droga aprovada pela U.S. Food and Drug Administration para tratamento de pacientes com doença de Alzheimer leve a moderada, sendo vendido pelo nome comercial Aricept. É um inibidor da colinesterase tipo piperidina, que exibe inibição reversível e não competitiva da acetilcolinesterase, sendo estruturalmente diferente de outros inibidores da colinesterase atualmente disponíveis. É mais seletivo para a acetilcolinesterase do que para a butirilcolinesterase, portanto suas ações periféricas são mínimas. Donepezil mostrou aumentar a função cognitiva de pacientes com doença de Alzheimer leve a moderada e tem uma boa tolerabilidade, sem causar hepatoxicidade. Nos países europeus e nos Estados Unidos, é recomendado iniciar o tratamento com 5mg administrados por via oral pela noite, sem ou com alimentos, durante 4 a 6 semanas, aumentando então a dose para 10mg diariamente. A longa meia-vida plasmática do donepezil (cerca de 70 horas) permite a administração uma única vez ao dia. Devido às suas características de maior ação seletiva, boa tolerabilidade e facilidade de administração, além da eficácia terapêutica, o donepezil é considerado um tratamento de primeira linha para a doença de Alzheimer leve a moderada. 4 1. Introdução A doença de Alzheimer é o tipo de demência senil mais comum, englobando 50 a 60% dos casos de demência. Foi descoberta pelo Dr. Alois Alzheimer em 1907, e é descrita como uma doença neurológica progressiva e neurodegenerativa que usualmente ocorre em idosos, podendo, porém ocorrer em qualquer década da idade adulta [4] . A prevalência da doença de Alzheimer dobra a cada cinco anos a partir dos 60 anos [1]. O estado inicial da doença de Alzheimer é mais comumente caracterizado por uma perda insidiosa de memória para fatos recentes, mostrando o envolvimento precoce do hipocampo e lobos temporais [8] . Pode ocorrer também depressão, ansiedade e mudança de personalidade [1]. Sinais que indicam a disfunção cerebral, como dificuldade de linguagem, deficiência sensorial, dificuldade na função motora e incapacidade de realizar tarefas, são usualmente observados depois de alguns anos, e podem afetar a habilidade do paciente em realizar tarefas diárias [4] . Sintomas psicóticos e anormalidades comportamentais como agressão verbal e motora, ou reclusão, podem se desenvolver com a progressão da doença. Convulsões e mioclonias podem ocorrer nos estágios terminais da doença, e a morte ocorre em 5 a 10 anos do início do diagnóstico [1]. Há uma variação substancial na velocidade de progressão da doença e a maneira como os sintomas se manifestam, sugerindo várias etiologias potenciais e dificultando o diagnóstico em alguns pacientes. O diagnóstico definitivo da doença de Alzheimer só pode ser feito na autópsia, pela biópsia cerebral [1]. A etiologia da doença de Alzheimer não foi ainda completamente determinada, mas fatores de risco para o seu surgimento incluem idade, história familiar (gene da proteína precursora de amilóide-APP, no cromossomo 21), super expressão do alelo de 5 apolipoproteína Eε 4, traumatismo craniano, presença de síndrome de Down, deficiências de neurotransmissão e exposição a toxinas [1, 5]. A doença de Alzheimer está associada a déficits de vários neurotransmissores cerebrais, como acetilcolina, noradrenalina e serotonina [1] . Entretanto, os déficits cognitivos relacionados à doença de Alzheimer estão principalmente relacionados à degeneração de neurônios colinérgicos no córtex e hipocampo, resultando em déficits da transmissão colinérgica [8] . Foram descritas diminuição da atividade de colina acetiltransferase (enzima envolvida na síntese de acetilcolina) e perda de neurônios colinérgicos no núcleo de Meynert (sede da origem de neurônios colinérgicos envolvidos com a memória e função cognitiva) em córtex cerebral de pacientes com doença de Alzheimer [4, 5, 6] . Deficiências no sistema colinérgico podem também estar envolvidos na formação de placas amilóides e emaranhados neurofibrilares que são observados na biópsia de pacientes com esta doença [1,6] . Portanto, o tratamento sintomático da doença de Alzheimer envolve o restauramento da função colinérgica. Embora não haja cura para essa enfermidade, várias evidências mostraram que inibidores da colinesterase (enzima que hidrolisa a acetilcolina) podem ser usados como tratamento sintomático e interferir na progressão da doença de Alzheimer [4]. Os inibidores da colinesterase foram aprovados para o tratamento sintomático da doença de Alzheimer há mais de uma década, tendo como efeito o aumento da acetilcolina intrasináptica [3]. Há dois tipos de enzima colinesterase: aceticolinesterase (AChE) e butirilcolinesterase (BuChE) [1,4]. A acetilcolinesterase é predominantemente encontrada no cérebro (10 vezes mais abundante que a BuChE), músculo estriado e eritrócito [1,5] . A butirilcolinesterase é principalmente encontrada no músculo cardíaco e liso, pele e plasma. 6 Embora evidências iniciais sugerem que a BuChE do sistema nervoso central pode estar envolvida no dano neuronal asssociado à doença de Alzheimer, as estratégias terapêuticas têm como alvo a AChE, já que esta é a enzima envolvida na transmissão sináptica, ao passo que a BuChE é localizada extrasinapticamente, na célula glial, plasma e fluidos intersticiais [1, 4, 5]. Desenvolvidos na década de 80, os primeiros inibidores da colinesterasefisostigmina e tacrina mostraram um modesto aumento na função cognitiva de pacientes com doença de Alzheimer. Além disso, estudos mostraram que a fisostigmina possuía pobre atividade oral, baixa penetração pela barreira hemato-encefálica e baixos parâmetros farmacocinéticos, enquanto a tacrina era hepatotóxica [4] . Os estudos foram então focados em encontrar um novo tipo de inibidor da AChE que não tivesse as desvantagens desses dois compostos. Foi nesse contexto que surgiu o donepezil (E-2020), um inibidor reversível e não competitivo da colinesterase tipo piperidina, com ação maior para a acetilcolinesterase, conhecido pelo nome comercial Aricept [1,4] . Foi o segundo medicamento aprovado pela U.S. Food and Drug Administration para o tratamento de pacientes com doença de Alzheimer leve a moderada [2]. Desde a aprovação do donepezil, mais dois inibidores da colinesterase, rivastigmina e galantamina, foram também aprovados para o tratamento da doença de Alzheimer leve a moderada [3] . Embora algumas publicações na literatura tenham especulado que os inibidores da colinesterase possuem eficácia modesta, muitos ensaios clínicos têm demonstrações consistentes de que os inibidores da colinesterase beneficiam os pacientes com doença de Alzheimer, reduzindo os sintomas cognitivos, funcionais e comportamentais a longo prazo, diminuindo a dependência e a necessidade de cuidados [3, 5]. 7 2. Estrutura Química O donepezil faz parte de uma nova classe de inibidores da colinesterase, que contém uma N-benzilpiperidina e uma indanona, o que lhe confere uma ação mais longa e seletiva para a acetilcolinesterase [4]. Fig 1 – Obtida da referência 1 - Dooley M, Lamb HM; 2000. 3. Farmacodinâmica A maioria dos dados farmacodinâmicos apresentados foi obtida de estudos in vitro, ex vivo e de estudos em animais, pois não há muita informação farmacodinâmica específica disponível de estudos clínicos [1, 2]. Donepezil é um inibidor da colinesterase tipo piperidina, que exibe inibição reversível da AChE [2] . É um inibidor misto da AChE, sendo principalmente um inibidor não competitivo, mas com certa inibição competitiva desta enzima [1,4] . A constante de dissociação (Ki) estimada para a inibição competitiva e não competitiva da AChE pelo donepezil é de 25 e 74 nmol, respectivamente [1] . A reversibilidade da inibição de AChE é confirmada pela comparação da sua habilidade de inibir AChE antes e depois de diálise [4]. Donepezil é o inibidor da AChE mais potente e seletivo que se encontra disponível para o tratamento da doença de Alzheimer, sendo 1252 vezes mais seletivo para a AChE do que para a BuChE, uma outra colinesterase encontrada no corpo [2, 3, 5] . A proporção de concentrações de donepezil necessárias para produzir uma inibição de 50% da BuChE humana e uma inibição de 50% da AchE é de 450:1 [1]. A BuChE, juntamente com a AChE 8 são alvos de outros inibidores de colinesterase não tão específicos, como a tacrina e rivastigmina [1, 2]. O donepezil age no sistema colinérgico através do aumento da disponibilidade de acetilcolina intrasináptica [2] . Assim como outros inibidores de colinesterase, exibe uma atividade farmacodinâmica não-linear na inibição de AChE [2] . O efeito inibitório do donepezil na AChE de eritrócitos de cobaias parece corresponder à inibição no córtex [1]. O donepezil inibe igualmente AChEs de enguias elétricas, cérebro de ratos e eritrócitos humanos, sugerindo que a inibição de AChE pelo donepezil não depende da fonte da enzima [4] . Porém, como os outros inibidores da colinesterase, exerce pouca atividade contra AChE solubilizada de placas senis, sugerindo que a AChE de placas senis tem característica diferente da AChE normal [4] . O donepezil inibe in vitro a AChE do córtex frontal de pacientes com Doença de Alzheimer moderada a severa, embora com menor potência se comparado ao papel em pessoas sem nenhuma doença neurológica [1] . Em um estudo ex vivo em roedores, o donepezil (16 µmol/kg via oral ou 8 e 16µg intraventricular) aumentou significantemente níveis extracelulares de acetilcolina em hipocampo, córtex (os locais mais atingidos pela doença de Alzheimer) e hipotálamo, cerca de 65 a 90% de valores do controle (p<0.05 ou 0.01), sendo mais potente que a tacrina [1]. A noradrenalina extracelular e a dopamina, mas não a serotonina também tiveram seus níveis no córtex aumentados [1]. O donepezil (0.5 e 2mg/kg subcutâneo e 0.65 e 2mg/kg intraperitoneal) aumenta significantemente os níveis extracelulares de acetilcolina no córtex e hipocampo de roedores [1] . Doses de 0.5 e 2 mg/kg subcutâneo aumentam significantemente níveis extracelulares de noradrenalina (50 e 100%, respectivamente) no córtex de ratos, e a dose 9 de 2mg/ kg aumenta o nível de dopamina (80%). Nenhuma das doses afeta os níveis de serotonina [1]. Os efeitos persistiram por até 2 a 6 horas após a administração . Efeitos colinérgicos centrais significantes como hipotermia e tremor foram produzidos com doses de donepezil de 3 a 10 mg/kg intraperitoneal em roedores, que persistiram por 4 a 6 horas. Efeitos periféricos e alguns efeitos centrais (lacrimejamento, salivação, exoftalmia, tremor e contrações) foram observados em outro estudo em ratos, com doses de 2 mg/ kg intraperitoneal. A duração dos efeitos foi de 75 minutos [1]. Déficits relacionados à memória e atenção foram significantemente revertidos com o donepezil, em vários modelos animais de prejuízo cognitivo [1]. 4. Farmacocinética Assim como os outros inibidores da colinesterase, o donepezil demonstra uma absorção farmacocinética linear, descrita em um modelo de dois compartimentos, aberto [1, 2] . Após uma dose oral única de 5-10mg de donepezil, a concentração máxima no plasma é de 7.2-25.6 µg/L, sendo alcançado em 2.4-4.4 horas (mais demorado que outros inibidores da colinesterase: sendo a tacrina em 0.5-3.0 horas, rivastigmina em 0.8-1.7 horas e galantamina em 0.5-1.5 horas) [2] . A área abaixo da curva concentração-tempo do donepezil é de 500 a 1000 µg/L• h [1, 2] . Níveis de estado de equilíbrio ocorreram após 14 a 22 dias de administração de múltiplas doses (5 ou 10mg diariamente) de donepezil [1] . A acumulação de donepezil é aparente (com um aumento de 5 a 7 vezes na concentração plasmática de acordo com a proporção acumulada). Entretanto, a acumulação não é dose-dependente [1]. Em um estudo, o tempo máximo para alcançar o pico de concentração plasmático foi menor no estado de 10 equilíbrio do que após a primeira dose, o que é atribuído ao aumento na motilidade do trato gastrointestinal, induzido pelo donepezil [1]. O tempo para alcançar a máxima inibição de AChE em eritrócitos é de 4-5 horas [2] . O aparentemente grande volume de distribuição de 800-900 litros (ou 14L/kg, com 5mg de donepezil) indica uma ampla distribuição periférica [2] . Mostra uma boa penetração na barreira hemato-encefálica, e a concentração de donepezil no cérebro é cerca de 6 a 7 vezes maior que no plasma [4] . Essa boa permeabilidade para o cérebro faz com que o donepezil seja nomeado um inibidor com ação central [4] . Donepezil tem 90-100% de absoluta biodisponibilidade oral e ampla ligação às proteínas (cerca de 96%) [1] . A absorção de donepezil não é afetada pelos alimentos [2, 3]. O donepezil é largamente metabolizado no fígado, embora alguma parte da droga (11 a 17%) seja eliminada pela urina na forma inalterada [1,6] . É primariamente metabolizado no fígado pelo citocromo P450 (CYP)-2D6 e CYP-3A4, sofrendo um extenso metabolismo de primeira passagem [2] . Porém, estudos in vitro sugeriram que o efeito do donepezil nas isoenzimas (CYP)2D6 e CYP3A4 é mínimo, considerando a baixa ligação a essas enzimas (constante de inibição entre 50-130µmol) relativa às concentrações terapêuticas de donepezil no plasma (164nmol/L) [1] . Um dos metabólitos, o 6-O-desmetil donepezil, tem uma atividade similar à droga parenteral [1, 2]. O donepezil tem um clearence plasmático relativamente lento, de 7-10L/h, que independe da dose. A meia vida é de 47.978.4 horas, mais longo do que os outros inibidores da colinesterase (≤ 12horas) [1]. A via de eliminação do donepezil e seus metabólitos é a renal [2]. 11 Nenhum efeito significativo no metabolismo de outras drogas foi demonstrado. A co-administração de donepezil com cetoconazol ou cimetidina aumenta seu pico de concentração plasmática, mas não parece ter significância clínica [1, 2]. 5. Interações medicamentosas Há uma alta prevalência de co-morbidades em idosos, sendo comum o uso de uma medicação concomitante em idosos com doença de Alzheimer. Por isso, é importante o conhecimento de interações medicamentosas, que devem ser consideradas na prescrição de inibidores da colinesterase nesses pacientes. Embora o donepezil seja metabolizado pelas enzimas CYP-2D6 e CYP-3A4, estudos in vitro mostram baixa afinidade da droga por essas enzimas [1, 3]. Foi calculado que as concentrações terapêuticas do donepezil são acima de 280 vezes mais baixa do que a concentração inibitória mínima obtida para o CYP-2D6, e cerca de 800 vezes menor que a concentração inibitória mínima observada para CYP-3A4 [3] . Não foi observada interação clinicamente significativa entre donepezil e cetoconazol (um inibidor específico da CYP3A4) ou donepezil e cimetidina (um inibidor não específico da CYP) em uma triagem de curto prazo em voluntários sadios [1, 3]. In vitro, o donepezil não interfere no metabolismo da teofilina, warfarina, e digoxina, e o metabolismo do donepezil não é afetado pela digoxina [1, 3]. Assim, embora o donepezil tenha uma grande ligação às proteínas, as interações medicamentosas relativas à inibição de ligação a proteínas não ocorrem comumente com o donepezil [3] . Nenhuma interação foi observada entre o donepezil e inibidores seletivos da recaptação de serotonina, antipsicóticos ou antiparkinsonianos em estudos de longo prazo [1] . Entretanto, existe uma 12 potencial interação entre donepezil e drogas com atividade anticolinérgica, succinilcolina, outros agentes bloqueadores neuromusculares e agonistas colinérgicos [1, 3]. Uma evidência clínica recente demonstrou que o uso de medicações concomitantes não impede o uso de donepezil em pacientes com doença de Alzheimer. Muitos pacientes fazem uso de aspirinas, vitaminas, antidepressivos e antiinflamatórios não esteroidais, sem referirem algum efeito adverso causado pela interação dessas drogas [3] . Curiosamente, o risco para efeitos adversos gastrointestinais causado pelo donepezil não aumentou com o uso concomitante de aspirina ou outros antiinflamatórios não esteroidais [3]. A ação de inibidores da colinesterase em nervos colinérgicos terminais pode levar a interações farmacodinâmicas com uma variedade de medicações cujo alvo são os neurônios colinérgicos. Antipsicóticos, particularmente os agentes típicos, como o haloperidol, o qual possui propriedades anticolinérgicas, pode antagonizar a ação de inibidores da colinesterase [3] . Há um risco teórico de aumento de bradicardia em pacientes usando beta- bloqueadores e inibidores da colinesterase, porém esse risco é clinicamente nãosignificativo, assim como no uso concomitante de bloqueadores de canal de cálcio ou digoxina [1, 3]. Inibidores da colinesterase podem exagerar a atividade de bloqueadores neuromusculares do tipo succinilcolina, causando efeitos vagotônicos em coração de ratos, sendo importante a cautela no uso em pacientes com distúrbios na condução supraventricular [1] . Além disso, pode haver um potencial em causar convulsões generalizadas. Esse agente deve ser prescrito com cuidado em pacientes com história de asma ou doença pulmonar obstrutiva, sendo recomendada monitorização quando usado em pacientes com o risco de desenvolvimento de úlceras [1]. 13 6. Recomendações de uso: 6.1- Dose e Administração Donepezil é indicado para o tratamento da Doença de Alzheimer leve a moderada. Nos países da América e Europa, é recomendado iniciar o tratamento com 5 mg administrados por via oral pela noite, sem ou com alimentos, durante 4 a 6 semanas, a fim de alcançar um estado de equilíbrio e minimizar efeitos adversos, aumentando então a dose para 10 mg diariamente [1, 6] . No Japão, o tratamento é iniciado com 3mg/dia por uma a duas semanas, sendo então aumentada a dose para 5mg/ dia. A dose utilizada no Japão é mais baixa com o intuito de minimizar a ocorrência de efeitos colaterais [1]. 6.2- Comprometimento da função renal e hepática A farmacocinética de uma dose oral única de 5mg de donepezil é geralmente inafetada em pacientes com comprometimento na função renal ou hepática [1,3]. A maioria dos parâmetros farmacocinéticos não diferiu significantemente entre pacientes com cirrose hepática compensada (dose única de 5mg) ou insuficiência hepática A e B da classificação de Child-Pugh (doses múltiplas de 5mg) e voluntários saudáveis [3] . Entretanto, a concentração máxima foi significantemente mais alta em pacientes com função hepática comprometida (37.5%, p=0.02) [1]. A função renal comumente declina com o aumento da idade. Doses únicas de donepezil podem ser administradas com segurança em pacientes com função renal prejudicada moderada a severamente (clearence de creatinina < 30ml/min) [3] . Múltiplas doses podem ser administradas seguramente em pacientes com função renal moderadamente prejudicada (clearence de creatinina entre 17 a 33 ml/min) [3]. 14 7. Eficácia clínica Donepezil 5 e 10 mg/dia aumentou significantemente a cognição e a função clínica global em ensaios com duração de 14 a 30 semanas (incluindo períodos de 2 a 6 semanas de interrupção) [1] . Nesses ensaios, realizados em 161 a 818 pacientes com doença de Alzheimer leve a moderada, a pontuação nas escalas de avaliação: ADAS-cog (Alzheimer’s Disease Assessment Scale-cognitive subscale), MMSE (Mini Mental Status Examination) e CIBIC-plus (Clinician’s Interview -Based Impression on Change), aumentaram significativamente comparados ao placebo, e significantemente poucos tiveram falha no tratamento com donepezil, de acordo com a pontuação da CIBIC [1,6] . Melhoras clinicamente consideráveis foram mais vistas em pacientes recebendo donepezil 5 e 10 mg, do que em pacientes que receberam apenas placebo, de acordo com vários parâmetros: modificação de ≥ 4 pontos em relação à linha de base da ADAS-cog (cerca de 38% com donepezil 5mg e 54 a 60% com donepezil 10mg, versus 27 e 30% com placebo), nenhum declínio na pontuação da ADAS-cog (cerca de 80% com donepezil 5 e 10mg, versus 58% com placebo) e uma pontuação ≤ 3 na CIBIC plus (21 a 32% com donepezil 5 mg e 25 a 38% com donepezil 10mg, versus 11 a 18% com placebo) [1] . Melhoras significativas na cognição foram observadas 3 semanas após o início do tratamento [1, 6]. Donepezil 10 mg /dia melhorou consideravelmente a habilidade dos pacientes em resolver tarefas complexas, comparado ao placebo, em um grande estudo [6] . Em uma análise Kaplan-Meier de outro ensaio, donepezil 10mg/dia retardou a deterioração na realização de atividades diárias por 55 semanas, comparado ao placebo [1] . Porém, em um dos ensaios o donepezil 5mg/dia não aumentou significativamente a capacidade de realização de atividades diárias [1]. Em dois ensaios de longa duração, a escala de pontuação 15 do CDR-SB (Clinical Dementia Rating Scale-Sums of Boxes) aumentou significantemente com donepezil 5 e 10mg/dia, comparado ao placebo, sugerindo que o donepezil retarda a progressão sintomática da doença [1]. Donepezil 5 e 10mg/dia diminui consideravelmente o trabalho de cuidados de acordo com 2 relatos de estudos preliminares, aumentando a qualidade de vida dos cuidadores de pacientes com doença de Alzheimer [1]. Quando o tratamento com donepezil foi interrompido durante 2 a 6 semanas, todos os parâmetros de eficácia tenderam a voltar para os valores basais, ou até abaixo destes (não significativo comparado ao placebo), indicando piora dos sintomas com a interrupção do medicamento. Todavia, de acordo com as informações da bula, esse efeito obtido com a interrupção do medicamento não é esperado [1]. Há uma correlação entre a concentração de donepezil no plasma, a nível de inibição da AChE dos eritrócitos, e mudanças na cognição de função global [1]. Em dois estudos não cegos, não comparativos, de longo prazo, feito em pacientes com doença de Alzheimer moderada a leve, aumentos na função cognitiva e global com donepezil 10mg/dia foram mantidos durante 38 a 51 semanas e 26 a 39 semanas, respectivamente. Depois desse tempo, a pontuação no ADAS-cog e CDR-SB deterioraram, representando a progressão da doença, porém o donepezil retardou essa deterioração se comparado a pacientes que não receberam tratamento [5]. Em um relato preliminar de outro estudo, a cognição (medida pela ADAS-cog), foi mantida elevada por 81 semanas com o donepezil 10mg/dia em pacientes mostrando resposta ao tratamento. Similarmente, comparado ao placebo, a função clínica global e a cognição aumentaram significantemente por 24 a 52 semanas com donepezil 10mg/dia em um relato preliminar de um estudo duplo cego e randomizado de 52 semanas [5] . Em outro estudo de 1 ano, duplo cego e 16 randomizado, donepezil 10mg/dia retardou consideravelmente o tempo médio de perda clinicamente significativa da função, por 21 semanas [1]. As doses de donepezil recomendadas no Japão são mais baixas que as empregadas em outros países [1, 2]. Em dois estudos de curto prazo (8 a 12 semanas) e em um estudo de longo prazo (24 a 48 semanas), conduzidos no Japão em 39 a 187 pacientes com doença de Alzheimer leve a moderada recebendo doses mais baixas (2 a 5mg/dia) geralmente não demonstraram os achados dos outros estudos previamente mencionados [1] . Entretanto, o donepezil 5mg/dia aumentou significativamente a pontuação do ADAS-Jcog (versão japonesa da ADAS-cog) e o FGIR (Final Global Improvemente Rate) em um estudo de curto prazo, onde apenas pacientes com doença de Alzheimer leve a moderada cuja linha de base de pontuação da ADAS-Jcog era ≥15 foram aceitos [1, 4]. 8. Resistência: Não há relatos na literatura sobre criação de mecanismos de resistência ao donepezil. 9. Tolerância Em estudos de curto prazo, o donepezil (5 e 10 mg/dia) foi bem tolerado, e a maioria dos efeitos adversos apresentados era leves e transitórios, e geralmente relacionados ao sistema colinérgico [1]. A inervação colinérgica é encontrada em todo o corpo humano, sugerindo que a inibição da colinesterase implica em efeitos em vários tecidos e órgãos. A ocorrência dos efeitos adversos colinérgicos mais comuns é mais pronunciada nas primeiras semanas após 17 o início do tratamento. Estudos têm sugerido que a incidência de efeitos colaterais pode ser reduzida ao aumentar o período de tempo em que os paciente recebem a dose menor de 5mg/dia, antes da dose maior e mais efetiva, de 10mg/dia [3]. O trato gastrointestinal é o mais comumente afetado pela administração de inibidores da colinesterase, como o donepezil, devido à presença de inervação colinérgica do sistema nervoso parassimpático. O aumento da neurotransmissão colinérgica estimula a motilidade intestinal e a secreção de ácido clorídrico, que é controlada por fibras colinérgicas vagais pós-ganglionares [3] . Entretanto, há uma boa tolerância ao donepezil, sendo a incidência de náusea, vômitos e diarréia de 4%, 7% e 9 %, respectivamente, sendo similar às proporções comparativas com placebo [3, 5]. Esses efeitos costumam aparecer nas primeiras semanas do tratamento, com leve a moderada intensidade, e costumam ter resolução sem a necessidade de modificação da dose. Os efeitos gastrointestinais costumam ser mais freqüentes com o uso de rivastigmina ou galantamina [1]. Anorexia e perda de peso são efeitos adversos relevantes, tendo em vista a associação entre baixo e peso e mortalidade em pacientes com doença de Alzheimer. Estudos mostraram uma incidência de baixo peso de 7 a 9%, similar ao grupo tratado com placebo. Baixo peso clinicamente significativo também foi reportado em uma maior proporção de pacientes tratados com rivastigmina e galantamina, comparados ao placebo [3] . Células do marcapasso cardíaco recebem inervação autonômica pelas fibras vagais, com a liberação de acetilcolina para receptores muscarínicos, diminuindo a freqüência cardíaca [3] . Um cuidado particular deve ser tomado na administração de inibidores de AchE em pacientes com a síndrome do nó sinoatrial, porém todo paciente recebendo um inibidor da AChE tem algum risco de bradicardia ou, raramente, de bloqueio cardíaco [3] . 18 Entretanto, em pacientes tratados com donepezil, bloqueio atrioventricular de primeiro grau foi descrito com infrequencia (0.1-1%), e houve também baixa incidência de bradicardia [3]. Episódios de síncope foram descritos em 6% de pacientes tratados com donepezil, e em 3% de pacientes que usaram placebo, porém nenhum deles interrompeu o tratamento, pois as síncopes não foram consideradas como relacionadas ao uso da droga [3]. Insônia e outras desordens do sono, tais como pesadelos, sonhos anormais e vívidos, foram relatados após a administração de donepezil, estando presentes em 8-18% dos pacientes que fizeram uso de donepezil, e em 6% dos que usaram placebo [3]. O aumento na incidência de insônia e distúrbios do sonho foi relacionado à meia-vida e tempo de administração. Donepezil, particularmente quando administrado ao entardecer, resulta em um pico de concentração plasmática pela noite, já que o tempo necessário para atingir a concentração plasmática máxima é de 3-4 horas [5]. O sistema colinérgico tem um papel na regulação do sono REM (“rapid eye movement”), através dos neurônios colinérgicos do núcleo laterodorsal e tegmento pedúnculo-pontino. Foi sugerido que o donepezil aumenta a duração do sono REM, o que pode explicar a associação do tratamento com sonhos anormais [3] . Quando a insônia ou os pesadelos ocorrem em pacientes tratados com donepezil, tomar a dose pela manhã ao invés de tomá-la à noite, elimina esses efeitos [3]. Donepezil não causa alterações clinicamente significativas nos sinais vitais ou nos exames hematológicos e bioquímicos após seu uso a curto ou longo prazo [1]. O donepezil é uma droga não-hepatotóxica, portanto não há necessidade de monitorização de transaminases [1, 6]. 19 10. Perspectivas Atualmente, o donepezil é indicado apenas para o tratamento da doença de Alzheimer leve a moderada. Um pequeno estudo internacional pesquisou o efeito do donepezil em pacientes com doença de Alzheimer moderada a severa: um ensaio clínico de 24 semanas, com 290 pacientes com doença de Alzheimer e mini-mental entre 5 e 18 pontos foram randomizados em dois grupos de tratamento: 5 e 10mg de donepezil e placebo [6] . Houve obtenção de melhora ou nenhuma mudança cognitiva, função global e comportamento, atestado também pelos cuidadores, em 63% dos pacientes, comparados a 42% do placebo. Esse estudo sugere que o donepezil pode estabilizar ou melhorar o estado global do paciente com doença de Alzheimer moderada a severa, porém estudos maiores devem ser feitos para confirmar esses resultados [6]. Pouco é conhecido sobre os benefícios da combinação do donepezil com outras drogas. Recentemente, um antagonista do receptor NMDA, a memantina, foi aprovada na União Européia e nos e Estados Unidos para o uso em pacientes com doença de Alzheimer moderadamente severa a severa [3] . Um estudo recente sugere que a combinação do donepezil, um inibidor da colinesterase, com memantina, um antagonista NMDA, é bem tolerada e pode aumentar a eficácia. Esses resultados devem ser verificados por estudos mais extensos e duplo cegos [7]. A primeira indicação para os inibidores da colinesterase foi a doença de Alzheimer, porém, essa indicação pode ser estendida até incluir não apenas outros tipos de demência como também outros distúrbios do sistema nervoso central, tais como o delírio e danos cerebrais traumáticos [7]. Na doença de Parkinson, pacientes podem sofrer prejuízos cognitivos e problemas comportamentais como apatia, mudanças de personalidade e alucinações visuais. 20 Atualmente, não há tratamento recomendado para a demência da doença de Parkinson. A observação de que esses pacientes têm déficits extensos no sistema colinérgico levantou a hipótese de que os inibidores da colinesterase podem prover benefícios para esses pecientes [7] . Porém, o tratamento com inibidores da colinesterase como donepezil, tacrina e rivastigmina mostrou resultados variáveis, como melhora na capacidade cognitiva e sintomas psicóticos, até a nenhuma alteração ou mesmo piora na resposta motora. Por isso, estudos maiores são necessários para demonstrar um possível real benefício [7]. A demência vascular, causa de cerca de 20-30% dos casos de demência, e há uma grande grau de sobreposição clínica e patológica entre a demência vascular e a doença de Alzheimer [2]. A presença de déficit colinérgico na demência vascular, semelhante à doença de Alzheimer, é sugerida pela diminuição de marcadores colinérgicos. Aumentar a viabilidade de acetilcolina endógena por inibição da colinesterase aumentaria o fluxo sanguíneo cerebral, e estudos com o donepezil mostraram que esse efeito é possível [5, 7] . Dois estudos clínicos de fase III, randomizados e duplo cego mostraram melhoras na função cognitiva, verificada pelo ADAS-cog e CIBIC-plus [2] . Entretanto, a avaliação clínica destes casos é dificultada pela ausência de consenso de um critério válido para o diagnóstico de demência vascular [7]. O tratamento com inibidores de colinesterase pode ser indicada na síndrome de Down. Semelhança genéticas (cromossomo 21), neuropatológicas e neuroquímicas entre a síndrome de Down e a doença de Alzheimer, bem como a presença de déficit cognitivo, têm motivado o uso de terapia colinérgica nessa síndrome [7] . Há quatro relatos do tratamento com donepezil na literatura, em períodos de 8 a 40 semanas, dois deles duplo cego e com controle, que mostraram diminuição da confusão e aumento na capacidade cognitiva [7]. 21 Traumatismo cranioencefálico é uma causa comum de morte em pessoas com menos de 40 anos. A perda de células do hipocampo e a redução dos níveis de acetilcolina e de receptores muscarínicos pode ser atenuada em experimentos animais usando inibidores de colinesterase [7]. Essas drogas aumentam a perfusão de áreas isquêmicas e a transmissão colinérgica do córtex cerebral e do hipocampo pelo aumento de atividade colinérgica de vasos cerebrais, o mesmo mecanismo envolvido no tratamento da demência vascular. Em vários estudos pequenos usando tratamento crônico com donepezil, houve aumento da atenção, memória verbal, cognição e comportamento [7]. A síndrome de Wernicke-Korsakoff é caracterizada por um estado amnésico causado por lesões seletivas do sistema límbico. A etiologia é a deficiência de tiamina em pacientes alcoólicos. Em dois de três estudos feitos com o donepezil, foi reportado melhora da memória. Porém, o número de pacientes tratados era muito pequeno para evidenciar efeito clínico [7]. O delírio é uma complicação comum da demência, caracterizado por flutuação de atenção e consciência. Nem sempre é reversível e não há tratamento específico. Delírios de várias origens (demência, opióides, lítio, etc) foram revertidos com o uso de inibidores de colinesterase como o donepezil. É interessante a realização de maiores estudos que possam pesquisar o uso do donepezil na prevenção de delírio em idosos com fatores de risco [7]. O efeito antinoceptivo do donepezil, que é impedido por antagonistas muscarínicos, foi demonstrado em experimentos animais. O efeito analgésico do donepezil foi investigado em pacientes sofrendo de cefaléia enxaquecosa. A droga foi efetiva em reduzir o número de crises e a severidade da dor [7]. A ação dos inibidores da colinesterase em várias síndromes e doenças não é surpreendente, já que a transmissão colinérgica no sistema nervoso central está presente em 22 várias localizações. Devido ao papel colinérgico no controle da atenção seletiva e percepção da consciência, e à variedade de funções colinérgicas prejudicadas em várias desordens neurológicas, é possível pensar que os inibidores da colinesterase, entre eles o donepezil, possam ter ação não apenas na doença de Alzheimer como em outras patologias. 11. Conclusão: O papel do sistema colinérgico na cognição e a identificação de déficits colinérgicos na doença de Alzheimer permitiu o desenvolvimento de drogas que melhorassem a função colinérgica. Os inibidores da colinesterase agem aumentando a disponibilidade da acetilcolina intrassináptica, diminuindo os sintomas cognitivos, funcionais e comportamentais da doença de Alzheimer, além de retardar a progressão da doença. Donepezil (5 e 10mg) é um inibidor da acetilcolinesterase, que pode ser administrado por via oral uma vez ao dia, exercendo um efeito a curto (24 semanas) e longo prazo (1 ano) na melhora da cognição, da função clínica global e da realização de atividades cotidianas de pacientes com doença de Alzheimer leve a moderada. Os efeitos adversos relacionados ao donepezil são principalmente colinérgicos, porém leves e transitórios. Devido às suas características de maior ação seletiva, boa tolerabilidade e facilidade de administração, além da eficácia terapêutica, o donepezil é considerado um tratamento de primeira linha para a doença de Alzheimer leve a moderada. Há estudos sobre o efeito favorável do donepezil na doença de Alzheimer grave, principalmente no seu uso associado a memantina. O donepezil tem sido extensamente estudado para o tratamento de outras doenças neurológicas, como a demência vascular. Porém, pesquisas mais extensas são necessárias para comprovar o real benefício do donepezil nesses casos, abrindo várias perspectivas de estudos futuros. 23 12. Bibliografia: 1- Dooley M, Lamb HM. Donepezil- A Review of its Use in Alzheimer’s Disease. Drugs & Aging. 2000 March; 16 (3): 199-226, 2- Goldsmith DR, Scott LJ. Donepezil- In Vascular Dementia. Drugs & Aging, 2003; 20 (15): 1127-1136, 3- Jackson S, Ham RJ, Wilkinson D. The safety and tolerability of donepezil in patients with Alzheimer’s disease. British Journal of Clinical Pharmacology. 2004 November; 58 Suppl 1:1-8, 4- Sugimoto H, Ogura H, Arai Y, Iimura Y, Yamanishi Y. Research and Development of Donepezil Hydrochloride, a New Type of Acetylcholinesterase Inhibitor. Jpn. J. Pharmacol. 2002; 89: 7-20, 5- Wilkinson DG, Francis PT, Schwam E, Payne-Parrish J. Cholinesterase Innibitors Used in the Treatment of Alzheimer’s Disease. Drugs & Aging. 2004; 21 (7): 453-478. 6- Bonner LT, Peskind ER. Pharmachologic treatments of dementia. The Medical Clinics of North America. 2002; 86: 657-674. 7- Giacobini E. Cholinesterase innibitors: new role and therapeutic alternatives. Pharmacological Research. 2004; 50: 433-440. 24