universidade de passo fundo

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FACULDADE MERIDIONAL - IMED
CENTRO DE ESTUDOS ODONTOLÓGICO MERIDIONAL - CEOM
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENDODONTIA
ÂNGELA LIMBERGER
LESÕES TRAUMÁTICAS NOS TECIDOS DE SUSTENTAÇÃO DO
DENTE: REVISÃO DE LITERATURA
PASSO FUNDO
2012
1
ÂNGELA LIMBERGER
LESÕES TRAUMÁTICAS NOS TECIDOS DE SUSTENTAÇÃO DO
DENTE: REVISÃO DE LITERATURA
Monografia apresentada à unidade de Pósgraduação da Faculdade Imed – Faculdade
Meridional – Passo Fundo-RS como
requisito parcial para obtenção do título de
Especialista em Endodontia.
Orientador: Professor Dr. José Roberto
Vanni.
PASSO FUNDO
2012
2
ÂNGELA LIMBERGER
LESÕES TRAUMÁTICAS NOS TECIDOS DE SUSTENTAÇÃO DO
DENTE: REVISÃO DE LITERATURA
Monografia apresentada ao curso de Pósgraduação da Faculdade Imed – Faculdade
Meridional - Passo Fundo-RS como
requisito parcial para obtenção do título de
Especialista em Endodontia.
Aprovada em ___/___/______.
BANCA EXAMINADORA:
________________________________________________
Prof. Dr. José Roberto Vanni - Orientador
________________________________________________
________________________________________________
3
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha família, pelo incondicional apoio.
4
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai Sérgio e minha mãe Versi, pelo amor e incentivo, sem vocês
nada seria possível.
Ao meu irmão Andrei, pela amizade.
Ao meu namorado Marcelo, pelo incentivo, carinho e compreensão.
Ao meu professor orientador Dr. José Roberto Vanni, pelo empenho e
disposição com que me orientou, aprendi muito com você ao longo do curso.
Ao professor Ms. Mateus Hartmann, pela amizade, empenho e vontade de
nos ensinar.
Ao professor Ms.Volmir Fornari, pelo bom humor, disposição e paciência
com que nos orientou em todos os momentos.
Aos
meus
colegas
de
especialização,
pelo
enriquecimento
do
conhecimento durante nosso convívio.
À minha amiga Marisa, por estar presente em todos os momentos, sempre
me aconselhando e disposta a ajudar no que fosse preciso.
Em especial à minha colega e amiga Gisele, pelo apoio, amizade e
disposição a mim dispensados ao longo do curso, adorei compartilhar essa longa
caminhada com você.
As professoras, Ms. Deborah Meireles Cogo, Ms. Caroline Zamim, Ms.
Flávia Baldissarelli, Ms. Lilian Rigo, pelos ensinamentos.
5
EPÍGRAFE
Concedei-nos Senhor, serenidade necessária para aceitar as coisas que não
podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria
para distinguirmos umas das outras.
Reihold Niebuhr
6
LISTA DE ABREVIATURAS
mm: milímetro
mg : miligrama
%: porcentagem
min: minutos
h: horas
pH: potencial hidrogeniônico
Ca(OH)2: hidróxido de cálcio
7
RESUMO
Os traumatismos dentários, principalmente aquele que envolve os dentes
anteriores, influenciam a função e a estética do indivíduo, afetando seu
comportamento. Deve ser sempre considerado uma urgência, identificando o tipo
de lesão e tratado de forma imediata para aliviar a dor, facilitar a redução dos
dentes deslocados e melhorar o prognóstico. O objetivo deste trabalho foi avaliar o
traumatismo dentário dos tecidos de sustentação, suas características e
implicações clínicas, através de uma revisão de literatura, proporcionando aos
cirurgiões-dentistas um melhor entendimento sobre o assunto. Concluiu-se que o
tipo de tratamento indicado para cada caso depende do grau de complexidade das
estruturas envolvidas, da formação radicular e do tempo do primeiro atendimento
após o incidente, exigindo do profissional um correto atendimento imediato, visando
um prognóstico mais favorável.
Palavras-chaves: Traumatismos dentários. Avulsão dentária. Reimplante.
8
ABSTRACT
Dental trauma, particularly when it involves anterior teeth, compromises the
performance of the tooth and affects the esthetics of the patient. Therefore, it shall
be treated immediately in order to relieve the pain, facilitate the reduction of the
displaced teeth and improve the prognosis. The objective of this paper is to
evaluate dental traumas in sustenance tissues, their features and clinical
implications through a bibliographic review, thus providing to dentists a better
understanding on the subject. The indicated treatment for each case depends on
the complexity of the involved structures, the root formation and the elapsed time
since the first appointment after the incident, requiring from the professional an
immediate treatment, aiming at a favorable prognosis.
Key words: Tooth injuries, tooth avulsion, replantation.
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 10
2 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................12
2.1 CONCUSSÃO E SUBLUXAÇÃO....................................................... ........12
2.1.1
Características e diagnóstico ............................................... ....12
2.1.2
Tratamento ...................................................................................12
2.1.3
Prognóstico ..................................................................................13
2.2
2.3
2.4
EXTRUSÃO E LUXAÇÃO LATERAL .....................................................14
2.2.1
Características e diagnóstico ...................................................14
2.2.2
Tratamento .................................................................................16
2.2.3
Prognóstico ................................................................................17
INTRUSÃO ...........................................................................................19
2.3.1
Características e diagnóstico .................................................19
2.3.2
Tratamento ...............................................................................20
2.3.3
Prognóstico ..............................................................................22
AVULSÃO .............................................................................................25
2.4.1
Características e diagnóstico ...............................................25
2.4.2
Tratamento .............................................................................27
2.4.3
Prognóstico ............................................................................29
3 DISCUSSÃO.........................................................................................................32
4 CONCLUSÃO.......................................................................................................38
REFERÊNCIAS.......................................................................................................39
APÊNDICE..............................................................................................................42
10
1 INTRODUÇÃO
A cada dia que passa, um número significativamente maior de crianças,
adolescentes e adultos é envolvido nos mais diversos acidentes. Na maioria
dessas ocorrências, infelizmente, há repercussão craniofacial que, de uma forma,
atingem a arcada dentária envolvendo os dentes, especialmente os anteriores, e/ou
seu sistema de suporte, determinando dor, alterações funcionais ou estéticas
(SOARES; GOLDBERG, 2011).
O traumatismo dental é um problema de saúde pública, atingindo parcelas
cada vez maiores da população, causando danos estéticos, psicológicos, sociais e
terapêuticos, além de altos custos expendidos na reabilitação oral, quando ocorrem
acidentes graves com perdas dentárias múltiplas (ANDREASEN; ANDREASEN,
2001).
Debelian, Trope e Sigurdsson (2011), afirmam que de todas as injúrias
dentárias ocorridas por trauma, as por luxação são as mais comuns, com
incidência variando de 30 a 44%.
As lesões por luxação resultam em danos ao sistema de inserção (ligamento
periodontal e camada de cemento), cuja gravidade depende do tipo de injúria
ocorrida. O suprimento neurovascular apical da polpa também pode ser afetado em
graus variáveis resultando na alteração ou na perda da vitalidade pulpar do dente.
A reparação pode ser favorável ou desfavorável, dependendo de fatores
relacionados a intensidade do trauma, idade do paciente e atendimento imediato
(DEBELIAN; TROPE; SIGURDSSON, 2011).
Com relação ao tratamento realizado, o tipo de dano e as estruturas
atingidas orientam o procedimento e o prognóstico, depende do grau de
envolvimento, do estágio de desenvolvimento dos dentes atingidos e do tempo
transcorrido entre o acidente e o atendimento (SANTOS et al., 1998).
Embora as lesões traumáticas ocorram em qualquer idade, a idade mais
comum em que afetam os dentes permanentes varia ativamente de 8 a 12 anos,
principalmente como resultado de acidentes em bicicletas, skates, playgrounds ou
acidentes esportivos. Meninos são mais comumente afetados do que meninas, na
proporção de 1,5:1. O dente mais vulnerável é o incisivo central superior, que
envolve aproximadamente 80% dos traumas dentários, seguido pelo lateral
11
superior e pelos incisivos centrais e laterais inferiores (DEBELIAN; TROPE;
SIGURDSSON, 2011).
Com exceção dos casos de traumatismo com maiores repercussões
estéticas, como na avulsão ou na intrusão, é comum o paciente não procurar
atendimento imediato. Isso quase sempre dificulta a conduta clínica e torna
sombrio o prognóstico. Pouco a pouco, a valorização dos dentes pelo paciente e a
orientação à comunidade que a criança está inserida tendem a modificar esse
quadro (SOARES; GOLDBERG, 2011)
Segundo Sanabe et al. (2009), o atendimento de urgência nos traumatismos
dentários considerados agudos garante melhor prognóstico do caso, evitando que
ocorra necrose pulpar ou perda precoce do elemento dentário. Em qualquer caso
considerado agudo, o paciente deve ser imediatamente encaminhado a um
cirurgião-dentista para que sejam realizados os procedimentos necessários com
materiais adequados.
O objetivo deste trabalho é avaliar o traumatismo dentário dos tecidos de
sustentação, suas características e implicações clínicas, através de uma revisão de
literatura, proporcionando aos cirurgiões-dentistas um melhor entendimento sobre o
assunto.
12
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CONCUSSÃO E SUBLUXAÇÃO
2.1.1 Características e diagnóstico
A concussão é uma lesão no dente e estruturas de suporte, que pode
resultar em hemorragia e edema no interior do ligamento periodontal, tornando o
dente sensível a percussão e à mastigação. O suprimento neurovascular da polpa
em geral não é afetado pelo traumatismo, usualmente respondendo de forma
normal ao teste de sensibilidade eletrométrico no momento do traumatismo
(ANDREASEN; ANDREASEN, 2001a). Nestes casos, como as fibras do ligamento
periodontal estão intactas, o dente não apresenta deslocamento, tampouco
mobilidade e não há sangramento a partir do sulco gengival (DEBELIAN; TROPE;
SIGURDSSON, 2011).
A subluxação representa um impacto maior, o dente pode apresentar leve
mobilidade e apresentar tipicamente sinais clínicos de sangramento em nível do
sulco gengival (DEBELIAN; TROPE; SIGURDSSON, 2011).
O exame radiográfico é necessário para pesquisar a possibilidade de fratura
radicular, que não deve ser totalmente descartada. A radiografia realizada nesse
momento servirá, também, para comparações com aquelas que deverão ser
tomadas durante o acompanhamento pós-operatório, desde que seja seguido uma
técnica padronizada (SOARES; GOLDBERG, 2011).
2.1.2 Tratamento
Para uma boa cicatrização dos tecidos após a lesão é necessário checar
interferências oclusais e ajustá-las se necessário, uma dieta pastosa por
aproximadamente duas semanas, uma boa higiene oral, escovar os dentes com
13
uma escova macia e realizar bochecho com clorexidina a 0,12% para evitar o
acúmulo de placa bacteriana. A contenção não parece contribuir para promover a
cicatrização. No caso de traumatismos multíplos, o período de contenção será
determinado pelas necessidades dos traumatismos mais graves. Deve-se
monitorar as condições pulpares pelo menos durante 1 ano após o trauma, o
controle clínico e radiográfico deve ser feito em quatro semanas, seis à oito
semanas e após um ano (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001a).
Segundo Debelian, Trope e Siguedsson (2011), os testes de sensibilidades
pulpar podem dar resultado negativo e a coroa pode ter alteração de cor. O
tratamento endodôntico não deve ser realizado na mesma consulta, pois os
resultados negativos dos testes de sensibilidade e a alteração de cor podem ser
reversíveis, e o acompanhamento deve ser feito após três semanas, 3, 6, 12 meses
e anualmente, sendo que a maior preocupação durante o acompanhamento é o
desenvolvimento de necrose pulpar. Testes pulpares e perirradiculares devem ser
realizados, assim como radiografias. Necrose pulpar pode ser diagnosticada aos 3
meses.
Soares e Goldberg (2011), recomendam um acompanhamento pósoperatório a cada seis meses, durante dois anos, e indicam a prescrição de um
anti-inflamatório.
2.1.3 Prognóstico
Nos casos de subluxação, as repercussões futuras sobre a polpa são
encontradas em percentuais bem mais expressivos do que aqueles observados na
concussão. Calcificações, formação dentinária com consequente atresia da
cavidade pulpar, necrose pulpar e reabsorções internas podem ocorrer com
frequencia (SOARES; GOLDBERG, 2011).
A experiência clínica indica grandes dificuldades para a realização do
tratamento endodôntico quando ocorre a necrose em decorrência da redução da
luz do canal radicular. Frente a este fato visto pela radiografia, e considerando que
a deposição acelerada de dentina uma vez iniciada será contínua, recomenda-se a
realização da endodontia antes que o canal radicular atinja dimensões que
14
dificultem ou inviabilizem sua execução. Os dentes com menor estágio de
desenvolvimento radicular, por apresentarem maior incidência de calcificação,
exigem cuidados redobrados (SOARES; GOLDBERG, 2011).
Ainda Soares e Goldberg (2011), afirmam que apesar de não ser uma
complicação comum, a necrose pulpar pode acontecer em aproximadamente 25%
dos casos de subluxação, havendo maior incidência nos dentes completamente
formados.
Andreasen e Perdesen (1985), ao avaliar 637 luxações, observaram a
ocorrência de necrose pulpar após lesões traumáticas de luxação, de dentes
permanentes, em 400 pacientes. Os pacientes foram acompanhados durante um
período de 10 anos. Observou-se que ocorreu necrose pulpar, 3 meses após
lesões de concussão e 1 ano após subluxação Embora muitos fatores influênciam
no desenvolvimento de necrose pulpar, ou seja, tipo de lesão, idade do paciente,
estágio do desenvolvimento radicular, grau de redução da luxação, tipo de fixação,
uma análise de estatística variada revelou que quando o tipo de lesão e o estágio
de desenvolvimento radicular foram considerados, outros fatores não foram
significativos. O risco de necrose pulpar aumentou com a gravidade da lesão,
sendo que a concussão e subluxação representaram o menor risco entre as lesões
de luxação.
2.2
EXTRUSÃO E LUXAÇÃO LATERAL
2.2.1 Características e diagnóstico
A extrusão é caracterizada pelo impacto agudo de forças oblíquas que
deslocam o dente para fora de seu alvéolo, porém as fibras gengivais palatais
impedem que o dente seja avulsionado; e tanto o ligamento periodontal quanto o
suprimento neurovascular são rompidos. Na luxação lateral, um impacto horizontal
força a coroa palatalmente e o ápice vestibularmente. Ambos os movimentos
resultam na contusão ou fratura das paredes da cavidade alveolar. Assim, a
15
luxação lateral cria um complexo de zonas de compressão e de ruptura no
ligamento periodontal, na polpa e no osso (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001b).
Ao exame clínico do dente extruído, é visível o bordo incisal do dente
traumatizado bastante deslocado da linha de nível dos dentes vizinhos. Há
mobilidade exagerada e hemorragia. Quanto maior a extrusão, maior o grau de
mobilidade. No exame radiológico é notório um considerável aumento do espaço
periodontal, em especial, na porção apical. Ele pode evidenciar também, a
presença de uma fratura na raiz e o grau de desenvolvimento radicular (SOARES;
GOLDBERG, 2011).
O dente luxado lateralmente, clinicamente apresenta sua coroa deslocada
horizontalmente, com o dente travado firmemente na nova posição, emitindo assim
um som alto e metálico à percussão (anquilose). Radiograficamente podemos ver
espessamento do ligamento periodontal, a demonstração radiográfica depende da
angulação do feixe central. Desse modo, uma técnica da bissetriz ortorradial
padrão geralmente não revelará o deslocamento, devido à superposição da raiz do
dente e do osso, o passo que uma exposição com dissociação oclusal ou lateral
tenderá a passar entre a raiz do dente e o alvéolo vazio, revelando assim a
verdadeira natureza do traumatismo (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001b).
A revascularização e a cicatrização subsequente à extrusão depende do
reposionamento ter sido adequado ou não. Em dentes com rizogênese incompleta,
pode-se esperar uma suspensão do desenvolvimento radicular em virtude de
danos irreversíveis à bainha epitelial de Hertwig (ANDREASEN; ANDREASEN,
2001b).
A cicatrização após a luxação lateral é inteiramente dependente do padrão
complexo de cicatrização resultante dos traumatismos pulpar e periodontal
combinados. Assim, o resultado final pode variar desde uma regeneração/reparo
pulpar e periodontal até a necrose da polpa infectada, reabsorção radicular externa
e perda da inserção gengival. As circunstâncias exatas que levam a essas
complicações ainda não foram identificadas (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001b).
16
2.2.2 Tratamento
O tratamento consiste no reposicionamento atraumático e na contenção que
impede movimentos excessivos durante o período de cicatrização (ANDREASEN;
ANDREASEN, 2001b).
Para Soares e Goldberg (2011), na extrusão, quando o deslocamento do
dente for pequeno (1 a 2mm), e o tratamento for iniciado 4 horas após o trauma, é
preferível não executar o reposicionamento, e que quando realizado o
reposicionamento, havendo mobilidade, é imprescindível colocar uma contenção
semirrígida durante 2 a 3 semanas.
O reposicionamento de incisivos extruídos é conseguido por uma pressão
apical lenta e firme que desloca gradualmente o coágulo formado entre o ápice
radicular e o assoalho do alvéolo à medida que o dente é movimentado
apicalmente. Em seguida, uma contenção com condicionamento ácido é aplicada e
mantida por 2-3 semanas (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001b).
Antes da reposição do dente extruído, deve-se limpa-ló e desinfetá-lo, a
porção radicular exposta deve ser copiosamente irrigada com uma solução
antisséptica, como, por exemplo, clorexidina, ao posicionar o dente, este deve ser
mantido sob pressão digital, por 2 a 3 minutos e, imediatamente contido (SOARES;
GOLDBERG, 2011).
Os incisivos luxados lateralmente, quando há fratura alveolar, devem ser
reposicionados com o mínimo de força possível. Desse modo, o planejamento
cuidadoso é decisivo para o reposicionamento, deve-se liberar o travamento apical
na tábua óssea vestibular. Isso pode ser conseguido por pressão digital ou pelo
uso de fórceps, após o dente é reposicionado
apicalmente. A pressão digital
presumivelmente é o tratamento mais delicado. Nesse contexto, o posicionamento
correto do clínico é essencial para o reposicionamento bem-sucedido com a
pressão digital. Dessa forma, se o operador ficar de pé logo atrás do paciente, é
possível palpar o ápice deslocado no fundo de sulco e, com uma pressão firme,
liberá-lo de seu travamento ósseo. Frequentemente, ouve-se um clique quando o
ápice é liberado. Então é possível reposicionar o dente. Uma contenção com
condicionamento ácido é então aplicada por 3 semanas (ANDREASEN;
ANDREASEN, 2001b).
17
Com relação ao reposicionamento de dentes extruídos, não é necessário
administrar um anestésico, já que o reposicionamento pode ser conseguido de uma
forma um tanto fácil com um desconforto mínimo para o paciente. Contudo,
recomenda-se que os anestésicos sejam usados antes do reposicionamento de
incisivos luxados lateralmente (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001b).
No momento do reposicionamento, o incisivo luxado lateralmente pode
parecer firme em sua posição e a fixação parecer desnecessária. Contudo, deve-se
considerar que pode ocorrer uma destruição temporária do osso marginal nas
primeiras 2-4 semanas, resultando no aumento da mobilidade do dente luxado e
necessitando, assim, um período de contenção prolongado (6-8 semanas) para o
conforto do paciente (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001b).
2.2.3 Prognóstico
O prognóstico para os dentes extruídos e luxados lateralmente com relação a
cicatrização pulpar e periodontal depende do estágio de desenvolvimento radicular
no momento do traumatismo (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001b).
Em dentes com raiz completa, a sobrevivência da polpa é possível em alguns
casos. Porém se após 3 semanas os testes de sensibilidade indicarem necrose
pulpar, o tratamento endodôntico deve ser realizado. O tratamento endodôntico de
um dente maduro sem infecção pulpar tem um índice de sucesso extremamente
alto e deveria ser realizado em vez de se correr o risco de complicações por
reabsorção externa (DEBELIAN; TROPE; SIGURDSSON, 2011).
As chances de vitalidade pulpar ser mantida ou haver revascularização, em
dentes com raiz incompleta, são razoavelmente boas. Contudo, se ocorrer necrose
e infecção, esses dentes que já sofreram dano ao cemento devido ao trauma são
mais suscetíveis à reabsorção inflamatória externa e podem ser perdidos em pouco
tempo. O acompanhamento cuidadoso é muito importante e, ao primeiro sinal
(clínico ou radiográfico) de reabsorção radicular, o tratamento endodôntico deve ser
iniciado. A Fluximetria laser Doppler é um instrumento promissor para o diagnóstico
de revascularização desses dentes jovens (DEBELIAN; TROPE; SIGURDSSON,
2011).
18
Mesmo que o percentual de necrose pulpar em casos de extrusão seja bem
menor que nos casos de intrusão, em mais da metade dos dentes extrusionados e
completamente formados, a polpa necrosa (SOARES; GOLDBERG, 2011).
Rossi et al. (2009), documentaram um caso clínico de um paciente de 12
anos, branco, sexo masculino, que foi levado por seus pais à Unidade de
Emergência da Clínica de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo , cerca de 10 horas após uma queda
de bicicleta que resultou em trauma dental. O exame clínico mostrou
luxação
lateral e hipermobilidade nos incisivos centrais superiores permanentes. Houve
uma fratura da parede óssea vestibular nesta área e as raízes não apresentaram
fraturas. O incisivo central direito apresentou
fratura de esmalte. No exame
radiográfico periapical não mostrou fratura radicular ou quaisquer outras lesões
envolvendo outros dentes. O tratamento envolveu a sutura dos tecidos moles
dilacerados e reposicionamento e fixação dos dentes traumatizados, seguidos por
tratamento endodôntico e cirurgia periodontal. Após um acompanhamento de 2
anos, a avaliação clinica e radiográfica revelou que os incisivos apresentavam
exigências estéticas e funcionais satisfatórias.
Em dentes com rizogênese incompleta, a luxação pode ocorrer sem
interrupção do sangramento pulpar e suprimento nervoso. Além disso, a
revascularização da polpa e reparação irá ocorrer mais facilmente em dentes com
um amplo forame apical (ANDREASEN et al., 1986). Devido a isso, uma
abordagem
de
tratamento
mais
conservador é
recomendado
durante o
acompanhamento de dentes imaturos traumatizados.
O controle bacteriano é importante e decisivo para evitar a infecção.
O
potencial de reparo de dentes imaturos após uma lesão de luxação se reflete em
um resultado mais favorável
(ANDREASEN
desenvolvimento
quando comparados
com dentes maduros
e PEDERSEN, 1985). Dois fatores estão relacionados com o
de
necrose
pulpar,
o
tipo
de
luxação
e
estágio
de
desenvolvimento das raízes (ANDREASEN, 1970). A frequência de necrose pulpar,
após lesões de luxação na dentição permanente, encontrada varia de 5% a 59%
(ANDREASEN e ANDREASEN, 2007). Concussão e subluxação raramente
resultam em necrose pulpar em dentes imaturos, enquanto que a necrose pulpar
ocorre
em
aproximadamente
(ANDREASEN
5%
dos dentes
com
rizogênese
completa
e PEDERSEN, 1985). Em casos de lesões mais graves, como
19
luxação extrusiva e lateral, aproximadamente 10% dos dentes com ápice aberto
irão desenvolver necrose de polpa (ANDREASEN et al. 1987, ANDREASEN,
1989).
No estudo de Andreasen e Perdesen (1985), ao avaliar 637 luxações,
observaram a ocorrência de necrose pulpar após lesões traumáticas de luxação, de
dentes permanentes, em 400 pacientes. Os pacientes foram acompanhados
durante um período de 10 anos. Observou-se que ocorreu necrose pulpar, 1 ano
após extrusão e pode ser diagnosticada até 2 anos após lesão de luxação lateral.
Além disso, dentes com raízes com formação completa apresentaram maior risco
de necrose pulpar do que dentes com raízes com formação incompleta. Foi
concluido que os principais fatores que influenciam o desenvolvimento de necrose
pulpar após luxação, parecem ser a extensão da lesão na polpa e periodonto, e o
potencial de reparo do dente traumatizado, que se reflete no estágio de
desenvolvimento radicular.
2.3 INTRUSÃO
2.3.1 Características e diagnóstico
.
A intrusão é um traumatismo dos tecidos de suporte do dente, causado por
uma batida axial, no sentido do longo eixo do dente, com um deslocamento do
elemento dental para dentro do alvéolo (SOARES; GOLDBERG, 2011).
Na dentição adulta, o diagnóstico da intrusão depende principalmente da
diferença na altura incisal dos dentes afetados e dos dentes adjacentes nãoafetados. O teste de percussão, contudo, revelará se o dente em questão está em
erupção (um som surdo) ou travado no interior do osso (um som metálico alto,
patognomônico da intrusão ou luxação lateral (ANDREASEN; ANDREASEN,
2001c).
Em decorrência de rompimento dos vasos sanguíneos do ligamento
periodontal, há sangramento. O dente pode apresenta-se firmemente preso ao
20
osso e é comum, nesse caso, não se observar nenhuma mobilidade (SOARES;
GOLDBERG, 2011).
No exame radiográfico, pode-se constatar o desaparecimento do espaço
periodontal e, dependendo do caso, a diferença de altura entre o ápice do dente
traumatizado com os dos dentes homólogos (SOARES; GOLDBERG, 2011).
A cicatrização após a intrusão geralmente é complicada, já que o
traumatismo extenso ao ligamento periodontal pode levar a uma reabsorção
radicular externa progressiva (anquilose). Da mesma forma, o dano à polpa traz
consigo o risco de reabsorção inflamatória. O tratamento deve, portanto, ser
direcionado para eliminar ou reduzir a extensão dessas duas complicações na
cicatrização (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001c).
2.3.2 Tratamento
Bauss et al. (2008), realizaram uma pesquisa com o objetivo de avaliar a
relação da intrusão ortodôntica e da vitalidade pulpar em incisivos permanentes
traumatizados. Os pacientes selecionados para o estudo foram divididos em três
grupos, grupo (OT) 269 dentes intruídos ortodonticamente após trauma, grupo (O)
800 dentes intruídos que não sofreram trauma, grupo (T) 193 dentes traumatizados
que não foram intruídos ortodonticamente. A condição pulpar dos dentes foi
avaliada clinica e radiograficamente e comparada antes e após o procedimento.
Todos os grupos responderam positivamente ao teste de sensibilidade antes do
tratamento. Foi observado que o grupo (OT), principalmente aqueles com graves
lesões periodontais, apresentaram maior freqüência de necrose pulpar do que os
demais grupos.
Os princípios do tratamento de incisivos permanentes intruídos são
inteiramente dependentes do estágio de desenvolvimento radicular. No caso de
rizogênese incompleta, pode-se esperar pela reerupção espontânea. Contudo, se a
reerupção ainda não tiver iniciado depois de 10 dias, um anestésico local pode ser
administrado e o dente luxado levemente com um fórceps. Durante esse processo,
o osso cervical esmagado geralmente é reparado. Como a reerupção espontânea
pode ocorrer durante um período de vários meses, é de extrema importância que a
21
cicatrização pulpar seja monitorada constantemente, isto é, radiograficamente e
pelos testes de sensibilidade (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001c).
Segundo
Soares
e
Goldberg
(2011),
havendo
fratura
alveolar,
independentemente do grau de desenvolvimento radicular ou da profundidade da
intrusão, o dente intruído deve ser imediatamente reposicionado.
Quanto maior a idade do paciente, menor a possibilidade de o dente voltar à
sua posição original. O mesmo acontece com intrusões muito profundas (8 a
10mm) quando a espera pela movimentação natural não é aconselhável, por
razões funcionais e estéticas. Nos casos de intrusão de até 5mm sem fratura
alveolar, o reposicionamento deve ser ortodôntico, com mais de 5mm o
reposicionamento deverá ser cirúrgico (SOARES; GOLDBERG, 2011).
Nos casos em que se desenvolve uma radiolucidez periapical ou uma
reabsorção radicular inflamatória, é essencial que a polpa infectada seja extirpada
assim que a complicação na cicatrização for diagnosticada e que o canal radicular
seja preenchido com uma pasta de hidróxido de cálcio. Deve-se lembrar de que a
necrose
pulpar
é uma
observação
bastante
freqüente
após
intrusões,
independentemente do estágio de desenvolvimento radicular (ANDREASEN;
ANDREASEN, 2001c).
Devido à freqüente perda de osso marginal e anquilose após este
procedimento, o reposicionamento cirúrgico total no momento do traumatismo não
é recomendado. No caso de desenvolvimento radicular completo, a reerupção
espontânea é imprevisível e a extrusão ortodôntica, portanto, está indicada. A
extrusão deve ser realizada durante um período de 2-3 semanas para permitir que
a terapia endodôntica seja feita antes do aparecimento radiográfico de uma
reabsorção radicular inflamatória. Como a necrose pulpar após a intrusão de
dentes com rizogênese completa foi observada com uma freqüência de
aproximadamente 100%, a “extirpação profilática” da polpa está indicada
(ANDREASEN; ANDREASEN, 2001c).
Em dentes intrusionados, sem ocorrência de fratura óssea, a contenção
pode ser semirrígida e deverá ser mantida por 2 a 3 semanas. Quando a intrusão
estiver acompanhada por fratura do processo alveolar, a contenção deverá ser
rígida e permanecer por um período mínimo de 8 a 12 semanas (SOARES;
GOLDBERG, 2011).
22
A monitoração clínica e radiográfica contínua é necessária após este tipo de
traumatismo já que as complicações nas cicatrizações pulpar e periodontal são
freqüentes (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001c).
Al-Bradi et al., (2002), coletaram dados referentes a 61 dentes permanentes
intruídos tratados na Faculdade de Odontologia de Belfast e no Hospital Dental e
Faculdade de Newcastle, no período de 1990 a 1999. Os autores puderam
observar que em 36 dentes (59%) foram observadas evidências de reabsorções.
A incidência da reabsorção estaria diretamente relacionada com a gravidade da
luxação intrusiva e com o estágio de desenvolvimento radicular.
2.3.3 Prognóstico
Com relação à sobrevivência pulpar, apenas os dentes com rizogênese
incompleta foram encontrados com sobrevivência pulpar após uma intrusão. Com
relação à cicatrização periodontal, há um alto risco de reabsorção radicular (58%
para os dentes com rizogênese incompleta e 70% para os dentes com rizogênese
completa). Além disso, observou-se que alguns dentes apresentam anquilose até
5
ou
10
anos
após
o
traumatismo,
exigindo,
portanto,
períodos
de
acompanhamento prolongados (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001c).
Segundo Debelian, Trope e Sigurdsson (2011),
a reabsorção radicular
ocorre em 5 a 15% das luxações. A reabsorção radicular inflamatória pode ser
tratada com alto índice de sucesso pelo tratamento endodôntico. Por sua vez, a
anquilose é irreversível pelos métodos disponíveis atualmente, tanto que, uma
vez detectada, deve ser preparado um plano de tratamento levando em
consideração a perda do dente.
Segundo Martin, Daly e Liew (1990), dentre as diferentes modalidades de
traumatismo dental, as luxações principalmente as intrusivas são as que
apresentam os piores prognósticos. Este prognóstico ruim está relacionado com a
gravidade dos danos provocados aos tecidos: pulpar e periodontal. A
manifestação de processos reabsortivos aparecem como seqüelas freqüentes
associadas a essas modalidades de trauma dental.
23
Ebeleseder et al., (2000),
acompanharam clinicamente 58 dentes que
sofreram intrusão, tratados na Clínica Dental da Universidade de Graz na Áustria
entre os anos de 1990 e 1997. A presença de reabsorção substitutiva foi
observada em 24% dos dentes, os autores observaram também que um grau
suave de intrusão e mínima manipulação cirúrgica influenciam positivamente na
cicatrização do periodonto.
Um estudo epidemiológico sobre intrusão de dentes permanentes, foi
realizado de maneira detalhada com 151 pacientes que sofreram trauma dentário
no serviço do Hospital Universitário de Copenhagen, na Dinamarca, no total foram
examinados 216 dentes, e um protocolo foi utilizado para obter informações
clínicas, documentação fotográfica e radiográfica desses pacientes. Após
colherem estes dados, os pacientes com dentes intruídos eram submetidos a um
destes
três
métodos
de
tratamento:
aguardar
erupção
espontânea,
reposicionamento cirúrgico ou extrusão ortodôntica. Além disso, todos os dentes
tratados eram esplintados por 6 a 8 semanas e 500mg de penicilina eram
administrados 4 vezes ao dia durante 4 dias. Os pacientes eram acompanhados
em intervalos regulares de 3, 4, 6 e 8 semanas, 6 meses e anualmente até 5 anos
após o trauma. Os resultados deste estudo epidemiológico mostraram que a
intrusão representa 1,9% dos traumas em dentes permanentes, sendo sua causa
principal a queda contra superfícies duras. A faixa etária mais atingida foi de 6 a
12 anos, ocorrendo mais cedo com os meninos do que com as meninas. O
padrão de trauma poderia incluir de 1 a 5 dentes, sendo que em 46,3% dos casos
um dente foi intruído, em 32,4% dois dentes foram intruídos, e em 21,3% três ou
mais dentes foram intruídos. Os incisivos centrais e laterais superiores foram os
dentes mais acometidos. A extensão de intrusão pode variar de 1 a 20mm, sendo
mais comum entre 2 a 8 mm. Os parâmetros clínicos mais usuais foram o som
oco à percussão (72,5%), ausência de mobilidade (81,8%), ausência de dor a
percussão (66%)
e o parâmetro radiográfico mais confiável para avaliar a
quantidade de intrusão foi a distância da junção amelo-cementária de um dente
irrompido ao do dente intruído. A obliteração do ligamento periodontal foi vista em
51,8% dos casos (ANDREASEN JO, et al 2006 – a).
Andreasen, Bakland e Andreasen (2006 b), avaliaram os efeitos de fatores
existentes antes e durante as lesões de intrusão, sobre possíveis complicações
pós-tratamento, isto é, a necrose pulpar (NP), reabsorção radicular (RR) e perda de
24
inserção periodontal (PP). Os fatores considerados foram: gênero, idade, estágio
de desenvolvimento radicular, localização do dente, fraturas dentárias associadas,
severidade do deslocamento e o número de dentes envolvidos. Dos 216 dentes
avaliados inicialmente 76 foram retirados do estudo, totalizando 140 dentes. Os
resultados apresentaram que 124 dentes sofreram NP, sendo a maior parte em 6
meses pós-trauma. A NP estava significativamente associada ao grau de
desenvolvimento radicular, sendo mais tardia em dentes com rizogênese
incompleta. A RR ocorreu em 67 casos e também estava associada com o grau de
desenvolvimento radicular. A maior parte dos casos foi diagnosticada 1 ano após o
trauma, apresentando um platô de cicatrização nos 5 anos subseqüentes e
havendo reinício da reabsorção até 10 anos após o trauma. A PP ocorreu em 45
casos e novamente estava associada com o grau de desenvolvimento radicular. A
maior parte da perda de inserção ocorreu nos primeiros 4 anos em casos com
rizogênese incompleta, enquanto dentes com raízes completamente formadas
apresentavam perda de inserção contínua, durante todo o período de observação.
Quando estes dados foram analisados com as variáveis antes e durante o trauma,
verificou-se que quanto mais avançada a idade do paciente, maior o número de
complicações pós-tratamento. O mesmo ocorreu com o grau de desenvolvimento
radicular. A PP esteve mais associada com a intrusão dos incisivos laterais. Nos
casos de fraturas coronárias houve associação com NP. O grau de severidade da
intrusão, quando maior,
do que 7mm, aumentou a chance de haver todas as
complicações consideradas (NP, RR e PP). O número de dentes intruídos aumenta
a chance de PP, principalmente nas regiões proximais entre dois dentes adjacentes
traumatizados.
No estudo de Andreasen, Bakland e Andreasen (2006 c), onde foram
acompanhados clínicamente 40 dentes intruídos por cinco anos, com objetivo de
avaliar influência de fatores de tratamento, como a demora no atendimento,
método de reposicionamento, tipo de esplintes, tempo de esplintagem e o uso de
antibióticos, sobre as complicações pós-tratamento. Os dentes onde foi
aguardada a re-erupçao espontânea, apresentaram melhores chances de evitar
necrose pulpar, perda de inserção periodontal e reabsorçao radicular. Os autores
relataram, que o tracionamento ortodôntico ou o reposicionamento cirúrgico de
dentes intruídos, durante o processo de cicatrização, podem ser considerados um
25
“novo trauma”, alterando os processos celulares e, portanto, obtendo-se piores
resultados.
Jacobsen (1983), realizou acompanhamento clínico de 40 dentes que
sofreram luxação intrusiva e foram tratados na Faculdade de Odontologia da
Universidade de Oslo. Com relação a rizogênese, 25 dentes apresentavam ápice
incompletamente formado, enquanto que nos outros 15 a rizogênese estava
completa. O reposicionamento cirúrgico com contenção foi efetuado em 3 dentes,
dos quais 2 acabaram sendo extraídos pela presença de anquilose. Para os
demais 37 dentes, aguardou-se a reerupção espontânea, que foi observada em
todos os casos. A necrose pulpar ocorreu em 25 dentes. Após um período de
observação de 5 anos, 36 dos 40 dentes apresentavam normalidade clínica.
Concluiu-se que quando ocorre a reerupção espontânea, um prognóstico favorável
pode ser esperado.
2.4 AVULSÃO
2.4.1 Características e diagnóstico
A avulsão de dentes permanentes é mais comum na dentição jovem, em que
o desenvolvimento radicular ainda está incompleto e o periodonto, muito resiliente.
Sob essas circunstâncias, até mesmo leves impactos horizontais podem resultar no
deslocamento total do dente. O resultado de um eventual procedimento de
reimplante é quase inteiramente dependente do período e da manipulação extraalveolar (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001d).
Este tipo de injúria resulta em lesão de inserção e necrose pulpar. O dente é
“separado” do alvéolo devido principalmente à ruptura do ligamento periodontal,
que deixa células viáveis na maior parte da superfície radicular. Além disso ocorre
uma pequena lesão cementária localizada em razão do impacto do dente contra o
alvéolo (DEBELIAN; TROPE; SIGURDSSON, 2011).
Segundo Soares e Goldberg (2011), para o paciente e seus pais, o impacto
psicológico é maior que o impacto determinante da avulsão.
26
As exigências básicas para a cicatrização adequada são que o dente esteja
fora de seu alvéolo pelo período de tempo mais curto possível, que o
armazenamento extra-alveolar seja em um meio fisiológico e que a contaminação
do dente seja eliminada, reduzida ou controlada por antibióticos. Se essas
condições forem satisfeitas, os seguintes eventos de cicatrização podem ser
esperados: a cicatrização ocorre através da revascularização do ligamento
periodontal rompido, pela união das fibras de Sharpey rompidas, pela formação de
uma nova inserção gengival e, finalmente em raros casos, pela revascularização e
reinervação da polpa (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001d).
A inserção gengival é restabelecida 1 semana após o traumatismo, incluindo
a união das fibras gengivais rompidas. A revascularização intra-alveolar do
ligamento periodontal também é concluída e a união das fibras do ligamento
periodontal é iniciada 1 semana após o traumatismo. Após 2 semanas, o reparo no
ligamento periodontal está tão avançado que o periodonto atingiu cerca de dois
terços de sua resistência original (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001d).
A revascularização pulpar pode iniciar-se 4 dias após o traumatismo e
prossegue em uma taxa de aproximadamente 0,5 mm por dia. Isso significa que a
polpa inteira de um incisivo em uma pessoa jovem pode ser revascularizada em
30-40 dias (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001d).
No caso de danos físicos ou contaminação bacteriana na polpa ou no
ligamento
periodontal,
podem
ocorrer
anormalidades
na
cicatrização
(ANDREASEN; ANDREASEN, 2001d).
Se o ligamento periodontal que ficou inserido na superfície radicular não
ressecar, as conseqüências da avulsão dentária geralmente são mínimas
(ANDREASEN, 1981). As células do ligamento periodontal hidratadas irão manter
sua viabilidade e reparar após o reimplante com uma destruição inflamatória
mínima como resultado (DEBELIAN; TROPE; SIGURDSSON, 2011).
Se, por outro lado, ocorrer um ressecamento excessivo antes do reimplante,
as células danificadas do ligamento periodontal irão promover uma grave resposta
inflamatória sobre uma área difusa da superfície radicular. Os cementoblastos que
se movem mais lentamente não podem recobrir toda a superfície radicular a tempo
e é provável que em certas áreas o osso irá se inserir diretamente sobre a
superfície da raiz. Durante o período de remodelação óssea fisiológica, toda a raiz
27
será substituída por osso. O que é denominado substituição óssea ou reabsorção
por substituição (DEBELIAN; TROPE; SIGURDSSON, 2011).
A necrose pulpar geralmente ocorre após uma injúria por avulsão. Enquanto
uma polpa necrosada não é uma conseqüência por si só, o tecido necrótico é
extremamente
suscetível à
contaminação
bacteriana.
Se não
ocorrer a
revascularização ou não for realizado um tratamento endodôntico efetivo, o espaço
pulpar tornar-se-á inevitavelmente infectado. A combinação de bactérias no canal
radicular e a lesão do cemento na superfície externa da raiz resultam em uma
reabsorção externa inflamatória que pode ser bastante grave e levar a uma rápida
perda do dente (DEBELIAN; TROPE; SIGURDSSON, 2011).
As
conseqüências
após
a
avulsão
dentária
parecem
diretamente
relacionadas com a gravidade, a área de inflamação sobre a superfície radicular e
a lesão resultante na superfície da raiz que deve ser reparada (DEBELIAN;
TROPE; SIGURDSSON, 2011).
2.4.2 Tratamento
Segundo Andreasen e Andreasen (2001), após a avulsão de incisivos
permanentes, há basicamente 3 alternativas de tratamento: reimplante imediato,
reimplante mediato e não fazer o reimplante. Cada alternativa é baseada no
período e nas condições de armazenamento extra-alveolar e na idade do paciente.
O reimplante imediato, é realizado em todos os grupos de pacientes, em que
o período extra-alveolar seja menor que 60 minutos e o meio de armazenamento
seja fisiológico, o reimplante mediato, é feito em associação com um tratamento
extra-oral com fluoreto, em pacientes com desenvolvimento radicular completo e
um período extra-alveolar em meio seco maior que 60 minutos. Em pacientes com
ápices abertos e um período extra-alveolar em meio seco maior do que 60 minutos,
assim como em pacientes com condições periodontais graves e lesões cariosas
grandes e não-tratadas nos dentes envolvidos, a indicação é não fazer o reimplante
(ANDREASEN; ANDREASEN, 2001d).
Antes do reimplante deve-se enxaguar a superfície radicular e o forame com
soro fisiológico, e também o alvéolo para remover o coágulo, o dente deve ser
28
reimplantado realizando-se uma pressão mínima, para não danificar ainda mais o
ligamento periodontal e a polpa. Após o reposicionamento do dente, uma
contenção levemente flexível deve ser aplicada, a mesma deve ser removida após
7 dias para permitir algum movimento funcional do reimplante a fim de reduzir ou
eliminar o risco de anquilose. Além disso, deve ser prescrito antibiótico terapia
(ANDREASEN; ANDREASEN, 2001d).
Nos dente com formação radicular completa, a polpa deverá ser extirpada e
o canal preenchido com um curativo de hidróxido de cálcio, imediatamente antes
da remoção da contenção (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001d).
Soares e Goldberg (2011), afirmam que o tratamento imediato da avulsão é
o reimplante. No paciente que sofreu avulsão de um dente há poucos minutos,
estando o dente limpo, o mesmo deve ser colocado em leite frio, solução salina ou
em água destilada, onde deve permanecer enquanto os cuidados com o paciente e
com o alvéolo são realizados. Se o dente estiver sujo, deve ser muito bem lavado
com soro fisiológico e colocado em uma das soluções recomendadas. Segundo o
mesmo o dente não deverá ser raspado, escovado ou seco.
Segundo Debelian, Trope e Sigurdsson (2011), em dentes com ápice
fechado que foram reimplantados, o tratamento endodôntico deve ser iniciado 7 a
10 dias após a consulta de emergência. Se a terapia iniciar em seu momento ideal,
a polpa deve estar necrosada sem infecção ou no máximo apenas com uma
infecção mínima.
Segundo Flores et al (2007), em dentes avulsionados com rizogênese
completa, o tempo ideal para realizar a endodontia é de 7 a 10 dias após
reimplante. Se o dente permaneceu desidratado por mais de 60 minutos, a
endodontia deve ser realizada antes do reimplante. Pode-se considerar resultados
favoráveis quando o dente se apresentar assintomático, com mobilidade normal,
som a percussão normal, nenhuma evidência radiográfica de reabsorção e lâmina
dura íntegra. A contenção deve ser realizada e mantida durante duas semanas. Já
em
dentes
com
rizogênese
incompleta,
avulsionados
e
imediatamente
reimplantados, a endodontia deve ser evitada à menos que haja evidências de
necrose pulpar, são características de sucesso neste caso quando o dente está
assintomático, com som a percussão normal, e evidência radiográfica de formação
da raiz, a contenção deverá ser mantida durante duas semanas.
29
Em dentes com ápices abertos que foram reimplantados em no máximo 60
minutos,
têm
um
potencial
para
a
revascularização
e
continuação
do
desenvolvimento radicular, e o tratamento inicial é direcionado para o
restabelecimento do suprimento sanguíneo. O início do tratamento endodôntico
deve ser evitado caso seja possível, a menos que estejam presentes sinais
explícitos de necrose pulpar, como a inflamação perirradicular. Já em dentes com
ápice aberto que permaneceram um tempo extraoral superior a 60 minutos, a
chance de revascularização é extremamente baixa (DEBELIAN; TROPE;
SIGURDSSON, 2011).
O uso de meio de cultura (meio de Eagle, Viaspan, solução balanceada de
Hank) para o armazenamento de dentes avulsionados representa um avanço
significativo nesta área de traumatologia dental. Eles não só mantêm as células
vivas como também proporcionam condições à proliferação celular de segmentos
vitais do ligamento para recobrir partes desnudas, ou com ligamento necrótico, da
superfície radicular. Neles, é possível o armazenamento por longos períodos (de 24
a 96 horas). Dentes que tenham permanecido fora do alvéolo entre 20 e 30 minutos
devem ser colocados, por 30 minutos, em solução salina balanceada para que o
pH e sua osmolaridade retornem à normalidade fisiológica. Embora os meios de
cultura de células apresentem condições inigualáveis para o armazenamento,
quase nunca estão disponíveis nos consultórios dentários e, muito menos, no local
do acidente (DEBELIAN; TROPE; SIGURDSSON, 2011; SOARES; GOLDBERG,
2011).
2.4.3 Prognóstico
Depende principalmente do período e do meio de armazenamento extraalveolar. A sobrevivência pulpar é quase nula nos dentes com rizogênese completa
e pouco freqüente nos dentes com rizogênese incompleta. A cicatrização do
ligamento periodontal é pouco freqüente (ANDREASEN; ANDREASEN, 2001d).
Tolentino et al., (2010), relatou um caso de um procedimento complexo de
reimplante dentário tardio, em que o dentista foi procurado após 48 horas da
avulsão e o dente foi mantido seco durante este período. O dente avulsionado foi
30
limpo e submetido a tratamento endodôntico, uma contenção rígida foi usada
durante 7 dias e trocas periódicas de hidróxido de cálcio foram mantidas durante 12
meses. Após 28 meses, o dente exibiu aspecto clinico de normalidade e o exame
microscópico revelou uma ligeira alteração no ápice radicular. Conclui-se que esse
plano de tratamento pode ser uma boa opção para casos de avulsão com
reimplante tardio. Ainda que sob condições de manutenção do dente desfavoráveis
e contra-indicadas pela literatura científica, um considerável benefício foi alcançado
para o paciente, uma vez que o tratamento permitiu uma reintegração imediata de
seu relacionamento social, assim como permitiu a manutenção do crescimento e
desenvolvimento facial.
Soares et al. (2008), em um estudo avaliaram os resultados clínicos e
radiográficos de reimplantes de dentes avulsionados, em pacientes que procuraram
o Centro de Atendimento de Traumatismos Dentários da FOP-UNICAMP . Foram
avaliados 100 dentes reimplantados em 48 pacientes, 18 do sexo feminino e 30 do
masculino, com média de idade de 15 anos. Identificaram-se, na anamnese, os
fatores relacionados aos períodos pré e pós-reimplante, assim como formação
radicular, período extra-alveolar, meio de armazenagem, imobilização e obturação
do canal radicular. Clinicamente, observaram-se: alteração cromática, vitalidade e
necrose pulpar, alteração de mobilidade, presença de fístula e infraposição. A
avaliação radiográfica visou
identificar reabsorções inflamatórias e/ou por
substituição, obliterações pulpares e áreas radiolúcidas. De acordo com essas
observações, classificaram-se os resultados dos reimplantes dentários em sucesso
completo, aceitável, duvidoso ou insucesso. Os resultados foram analisados
estatisticamente, visando à determinação de eventuais associações entre fatores
relacionados aos períodos de pré e pós-reimplante. Concluiu-se que os reimplantes
dentários
apresentaram,
em
sua
maioria,
reabsorções
radiculares,
cuja
possibilidade de ocorrência duplica na medida em que o tempo de reimplante
aumenta; e ainda que, nos casos de avulsão dentária, é imprescindível um
acompanhamento pós-reimplante minucioso, pois o sucesso, já limitado, do
reimplante pode tornar-se ainda pior, caso o protocolo de proservação dos casos
não seja efetivo.
Em um estudo realizado por Soares e Goldberg (2011), onde estes
avaliaram 26 reimplantes, nas mais diversas condições, foi observado que, o
período extra alveolar e o meio de conservação parecem ser os fatores que mais
31
influenciaram decisivamente no comportamento dos dentes reimplantados. Nos
dentes avulsionados e conservados em leite, as reabsorções inflamatórias surgiram
mais tarde, quando comparadas àquelas presentes em dentes conservados em
meio úmido. A intensidade e/ou a direção do impacto, que provoca a avulsão,
parece ter alguma influência sobre as características das seqüelas. As reabsorções
radiculares ocorreram em quase todos os dentes. O preenchimento do canal com
pasta de hidróxido de cálcio PA, com a intenção de inibir o aparecimento ou sustar
o andamento das reabsorções, deve ser realizada imediatamente após o
reposicionamento do dente e parece ser decisivo na obtenção de bons resultados.
Os dentes mantidos em meio úmido reimplantados em até uma hora e com
contenção adequada estarão fadados ao insucesso se os procedimentos cínicos
mediatos não forem cuidadosamente realizados.
Nos dentes com rizogênese incompleta, a preservação da vitalidade pulpar é
muito importante para a formação de dentina e para o desenvolvimento radicular.
Assim, estratégias de tratamento são importantes para o prognóstico a longo prazo
destes dentes,
deve-se sempre visar a preservação da vitalidade pulpar para
garantir maturação dentária e desenvolvimento radicular. Nos dentes com
rizogênese incompleta que apresentam necrose pulpar e infecção bacteriana, o
prognóstico a longo prazo está relacionado com a fase de desenvolvimento
radicular e da camada de dentina presente na raiz no momento da lesão (Cvek,
1992).
Ainda sobre a avulsão dentária, a necrose pulpar deve ser confirmada por
testes de sensibilidade, tendo em mente que tanto o resultado positivo como o falso
negativo podem ser encontrado. O diagnóstico da polpa é decisivo para o
tratamento adequado e para o prognóstico a longo prazo. Dentes infectados não
tratados (falsos positivos) podem ser perdidos por causa de reabsorções
infecciosas. Por outro lado, o início do tratamento endodôntico de dentes vitais
imaturos (falso negativo) irá prejudicar a formação da dentina e desenvolvimento
radicular, reduzindo substancialmente as chances de sobrevivência a longo prazo
(Cvek, 1992).
32
3 DISCUSSÃO
Segundo Debelian, Trope e Segurdsson (2011), os traumas dentários
envolvem principalmente os incisivos centrais superiores, a idade mais comum é de
8 a 12 anos, ocorrendo mais comumente em indivíduos do gênero masculino e
tendo como principais causas acidentes em bicicletas.
Em relação ao trauma de concussão e a subluxação,
Andreasen e
Andreasen (2001a), recomendam que um acompanhamento clínico e radiográfico
deve ser realizado durante um período de um ano após o trauma. Já Soares e
Goldberg (2011), recomendam um acompanhamento pós operatório durante um
período de dois anos. Segundo Debelian, Trope e Segurdsson (2011), nos casos
de concussão e subluxação o tratamento endodôntico não deve ser realizado na
mesma consulta, pois os resultados negativos dos testes de sensibilidade e a
alteração de cor podem ser reversíveis. Soares e Goldberg (2011), concordam que
é preciso ter cautela, pois o dente pode apresentar sinais e sintomas compatíveis
com necrose pulpar; porém a dor surgida durante a abertura coronária, poderá ser
indicativo de vitalidade do dente.
Autores concordam que os pacientes com subluxação apresentam muita
sensibilidade à percussão, em algumas vezes, leve mobilidade, além do e tipico
sangramento em nível do sulco gengival
(ANDREASEN, ANDREASEN 2001a;
DEBELIAN, TROPE, SEGURDSSON 2011; SOARES E GOLDBERG 2011). O
tratamento da concussão e da subluxação consiste no alívio das interferências
oclusais e na recomendação de uma dieta pastosa. A contenção dos dentes
envolvidos não é necessária, mas pode ser feita para conforto do paciente
(ANDREASEN, ANDREASEN 2001a). Soares e Goldberg (2011), estão de acordo
que deve ser realizado alívio articular, e o paciente deve ser orientado para os
cuidados com a higiene local e a mastigação, e que em casos de mobilidade
exagerada, é possível realizar uma contenção semi-rígida pelo período máximo de
2 semanas.
Em relação ao prognóstico, Andreasen e Perdisen (1985) afirmam que as
lesões de concussão e subluxação representam o menor risco de necrose pulpar,
das lesões de tecido de suporte. Raramente resultam em necrose pulpar em
dentes imaturos, enquanto que em dentes maduros sua ocorrência ocorre em
33
aproximadamente 5%. Já para Soares e Goldberg (2011), a necrose da polpa pode
acontecer em aproximadamente 25% dos casos de subluxação, havendo maior
incidência nos dentes completamente formados.
No que diz respeito as lesões de extrusão e luxação lateral, o tratamento
consiste no reposicionamento atraumático e na contenção que impede movimentos
excessivos durante o período de cicatrização. O valor da terapia antibiótica até o
momento é desconhecida. Após o reposicionamento do dente, a utilização de
contenção durante 2 a 3 semanas em casos de extrusão e 3 semanas em casos de
luxação lateral (ANDREASEN, ANDREASEN 2001b). Soares e Goldberg (2011),
estão de acordo quando se referem ao reposicionamento imediato ser a conduta
clínica aconselhada, após a reposição adequada, uma ferulização semirrígida, com
fio de nylon fixado com resina fotopolimerizável por 2 a 3 semanas propiciará
condições para recuperação das fibras do ligamento periodontal.
As luxações e extrusões caracterizam-se pelo deslocamento do dente para
fora do alvéolo, apenas as fibras gengivais palatais impedem que o dente seja
avulsionado, tanto o ligamento quanto o suprimento neurovascular são rompidos
(ANDREASEN, ANDREASEN, 2001b). Para Soares e Goldberg (2011), o dente
extruído apresenta-se com mobilidade exagerada, hemorragia e aumento do
espaço periodontal visível ao exame radiográfico. Para estes autores a
revascularização e a cicatrização do dente após a extrusão, depende do
reposicionamento adequado do dente. Quando o deslocamento do dente for
pequeno (1 a 2 mm), e o tratamento for iniciado 4 horas após o trauma, é preferível
não reposicioná-lo. E quando executado o reposicionamento deverá ser feito uma
contenção imediata e mantida por 2 a 3 semanas. O prognóstico dos dentes
extruídos com relação a cicatrização pulpar e periodontal, depende do estágio de
desenvolvimento
radicular
ANDREASEN, 2001b).
no
momento
do
traumatismo
(ANDREASEN,
Para Soares e Goldberg (2011), mais da metade dos
dentes extrusionados e completamente formados, apresentam necrose pulpar.
Andreasen et al (1987) e Andreasen (1989), afirmam que aproximadamente 10%
dos casos de extrusão de dentes com ápice aberto, apresentam necrose pulpar.
O tratamento endodôntico de um dente maduro que sofrem luxação lateral e
extrusão, sem infecção pulpar tem um índice de sucesso extremamente alto e
deveria ser realizado em vez de se correr o risco de complicações por reabsorção
externa. Já em dentes imaturos, as chances da vitalidade pulpar ser mantida ou
34
haver revascularização são razoavelmente boas, contudo, se necrose e infecção
ocorrerem, esses dentes que já sofreram dano ao cemento devido ao trauma são
suscetíveis de reabsorção inflamatória externa e podem ser perdidos em pouco
tempo (DEBELIAN, TROPE, SIGURDSSON, 2011). Andreasen e Andreasen
(2001b) concordam que a reabsorção radicular inflamatória externa pode ocorrer,
exigindo uma terapia endodôntica imediata.
Para Andreasen e Andreasen (2001b), o valor da terapia antibiótica até o
momento é desconhecida para os casos de extrusão e luxação lateral.
Descordando, Soares e Goldberg (2011), afirmam que a administração de um
antibiótico, por sete dias, irá combater a infecção dos tecidos moles dilacerados e,
principalmente, prevenir as reabsorções radiculares.
Para Soares e Goldberg (2011), na extrusão, quando o deslocamento do
dente for pequeno (1 a 2 mm), e o tratamento for iniciado 4 horas após o trauma, é
preferível não executar o reposicionamento, e que quando realizado o
reposicionamento, havendo mobilidade, é imprescindível colocar uma contenção
semirrígida durante 2 a 3 semanas. Já para Andreasen e Andreasen (2001b), o
dente extruído sempre deverá ser reposicionado e imobilizado por um período de 2
a 3 semanas.
Para Soares e Goldberg (2011), quando ocorrer atresia do canal radicular
recomenda-se realizar o tratamento endodôntico imediatamente em dentes com
rizogênese completa e tão logo o dente completar sua formação em casos de
rizogênese incompleta. Em relação a necrose, esta pode ocorrer em um período
médio de até dois anos, por isso, deve ser feito acompanhamento pós-operatório,
quando existir evidências de necrose pulpar, o tratamento endodôntico deve ser
realizado.
No que diz respeito ao prognóstico dos dentes extruídos e luxados
lateralmente, a cicatrização pulpar e periodontal depende do estágio de
desenvolvimento
radicular
no
momento
do
traumatismo
(ANDREASEN,
ANDREASEN, 2001b). Concordando com os autores, Soares e Goldberg (2011)
afirmam que quanto maior o trauma, maior o deslocamento; e quanto maior a idade
do paciente, menor o diâmetro do forame e maior a possibilidade de necrose
pulpar.
Estes autores estão de acordo quando afirmam que a intrusão, ao lado da
avulsão, é considerada o mais grave dos traumatismos dos tecidos de suporte do
35
dente. O movimento do dente no alvéolo resulta em dano extenso ao aparato de
inserção com a ocorrência de anquilose e reabsorção por substituição como quase
uma
certeza
(DEBELIAN,
TROPE,
SIGURDSSON,
2011;
ANDREASEN, 2001c; SOARES, GOLDBERG, 2011).
ANDREASEN,
Segundo Andreasen,
Bakland e Andreasen (2006), o grau de severidade da intrusão, como aquelas com
extensão maiores que 7mm, aumenta a chance de haver necrose pulpar,
reabsorção radicular e perda de inserção periodontal.
Em tratamento de dentes intruídos, depende do estágio de desenvolvimento
do dente. Em dentes com rizogênese incompleta existe, quase sempre, a
possibilidade de ocorrer a reerupção espontânea. Já os dentes com rizogênese
completa devem ser reposicionados imediatamente para evitar anquilose na
posição intruída (DEBELIAN, TROPE, SIGURDSSON, 2011; ANDREASEN,
ANDREASEN, 2001c; SOARES, GOLDBERG, 2011).
De acordo com Andreasen e Andreasen (2001c) e Soares e Goldberg
(2011), a reerupção espontânea do dente com formação radicular completa é
imprevisível e a extrusão ortodôntica, portanto, está indicada. Outro fator
importante segundo Soares e Goldberg (2011) é a idade do paciente, quanto maior,
menor a possibilidade do dente voltar a sua posição original. O mesmo acontece
com intrusões muito profundas (8 a 10mm) quando a espera pela movimentação
natural não é aconselhável, por razões funcionais e estéticas. O autor coloca que
em casos de reposicionamento ortodôntico, o dente deverá estar reposicionado em
um período de 3 a 4 semanas, assim será possível o acesso ao canal radicular,
seu esvaziamento, preparo e preenchimento com uma pasta de hidróxido de cálcio
para prevenir ou sustar as reabsorções que venham a ocorrer. Já Andreasen e
Andreasen (2001c), indicam um reposicionamento ortodôntico de no máximo 2 a 3
semanas, para permitir que a terapia endodôntica seja feita antes do aparecimento
radiográfico de uma reabsorção radicular inflamatória.
Outros
autores
mostram
que
o
tracionamento
ortodôntico
ou
o
reposicionamento cirúrgico de dentes intruídos, durante o processo de cicatrização,
podem ser considerados um novo trauma, alterando os processos celulares e,
portanto, obtendo-se piores resultados (Andreasen, Bakland e Andreasen, 2006).
Jacobsen (1983), concorda que quando ocorre a reerupção espontânea, um
prognóstico mais favorável pode ser esperado.
36
Em relação a imobilização, Soares e Goldberg (2011), afirmam que após a
movimentação ortodôntica, quando não houver fratura óssea, a contenção pode ser
semirrígida e deverá ser mantida por 2 a 3 semanas. Andreasen e Andreasen
(2001c) concordam que o dente deve receber uma contenção em sua nova posição
por 2 a 4 semanas.
No que diz respeito à sobrevivência pulpar, apenas dentes com rizogênese
incompleta foram encontrados com sobrevivência pulpar após uma intrusão. Com
relação à cicatrização periodontal, há um alto risco de reabsorção radicular (58%
para os dentes com rizogênese incompleta e 70% para os dentes com rizogênese
completa). Além disso, observou-se que alguns dentes apresentam anquilose até 5
ou 10 anos após o traumatismo, exigindo, portanto, períodos de acompanhamento
prolongados (ANDREASEN, ANDREASEN, 2001c). Estes autores são de acordo
quando, citam que o prognóstico da intrusão, especialmente em dentes com raízes
completas, deve ser considerado sombrio, tanto para a sobrevivência pulpar como
para o sistema de suporte do dente. Salientam que salvar um dente intruído é difícil
mesmo com procedimentos corretos, sem eles, é impossível (SOARES,
GOLDBERG, 2011).
Segundo Soares e Goldberg (2011), o tratamento imediato da avulsão é o
reimplante. Nos reimplantes realizados nos primeiros 30 minutos após a avulsão, o
percentual de sucesso é muito maior. Debelian, Trope e Sigurdsson (2011), estão
de acordo, quando afirmam que o fator mais importante para assegurar um
resultado favorável após o reimplante é a rapidez com a qual o dente é
reimplantado. Outro fator importante é a prevenção do ressecamento, que causa
perda do metabolismo fisiológico normal e da morfologia das células do ligamento
periodontal.
Flores et al (2007) e Debelian, Trope e Sigurdson (2011), concordam que
dentes com rizogênese completa que foram reimplantados, deve-se iniciar o
tratamento endodôntico de 7 a 10 dias após a consulta de emergência, e em
dentes com rizogênese incompleta deve-se evitar o tratamento endodôntico e
procurar por sinais de vascularização
Autores concordam que, dentre os meios de conservação usados para
manter a vitalidade das células do ligamento periodontal do dente que sofreu
avulsão, destacam-se a água, a saliva, a solução salina, o leite e os meios de
cultura de células e tecidos. A água é o meio de armazenamento menos desejável
37
porque não apresentam pH ideal e sua osmolaridade incompatível com as células
do ligamento. Meios de cultura em recipientes de transporte especializados, tais
como solução salina balanceada de Hank ou VoaSpan, mostraram uma
capacidade superior de manter a viabilidade das fibras do ligamento periodontal por
longos
períodos
(SOARES,
GOLDBERG,
2011;
DEBELIAN,
TROPE,
SIGURDSSON, 2011).
Experiências em animais mostram que o uso de antibióticos tem reduzido de
20 a 40% o percentual de reabsorções em dentes traumatizados (SOARES E
GOLDBERG, 2011). Debelian, Trope e Segurdsson (2011), estão de acordo, que a
administração de antibióticos sistêmicos é efetiva na prevenção da invasão
bacteriana
da
polpa
necrosada
e,
portanto,
da
reabsorção
inflamatória
subsequente.
Segundo Debelian, Trope e Segurdsson (2011), após o reimplante, o dente
deve ser esplintado com uma fixação semirrígida por um período de 7 a 10 dias,
pois uma semana seria suficiente para criar um suporte periodontal que mantenha
o dente avulsionado em posição. A única exceção, para manter o dente imobilizado
por um período de 4 a 8 semanas, é a avulsão em conjunto com fraturas
alveolares. Andreasen e Andreasen (2001d), concordam que a contenção deve ser
removida após 7 dias para permitir algum movimento funcional do reimplante a fim
de reduzir ou eliminar o risco de anquilose. Para Soares e Goldberg (2011), a
contenção também deverá ser semirrígida, mas esta deverá permanecer por um
peíodo de 2 a 3 semanas, pois este tipo de contenção, quando pressionada pelos
movimentos mastigatórios, permite minúsculos movimentos horizontais que
contribuem para o reparo do ligamento periodontal.
Para Andreasen e Andreasen (2001d), o prognóstico da avulsão depende
principalmente do período e do meio de armazenamento extra-alveolar. A
sobrevivência pulpar é quase nula nos dentes com rizogênese completa e pouco
freqüente nos dentes com rizogênese incompleta. Soares e Goldberg (2011)
concordam que o sucesso do reimplante é dependente de vários fatotes, como,
meio de armazenamento, reimplante realizado em até uma hora após o trauma e
uma contenção adequada.
38
4 CONCLUSÃO
Com a realização da presente revisão de literatura foi concluído que:
- As lesões de concussão e subluxação representam o melhor prognóstico
das lesões dos tecidos de suporte, com o menor risco de necrose pulpar;
- O prognóstico dos dentes traumatizados com relação a cicatrização pulpar
e periodontal, depende do estágio de desenvolvimento radicular no momento do
traumatismo;
- As intrusões apresentam os piores prognósticos quando comparados a
outros traumas de luxação;
- O prognóstico da avulsão depende principalmente do período e do meio de
armazenamento extra-alveolar, e da fase de desenvolvimento radicular no
momento do trauma.
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42
APÊNDICE
43
APÊNCICE A
CONCUSSÃO
Características e diagnostico
 Não apresenta deslocamento
 Sem mobilidade
 Dor a percussão
 Resposta normal ao teste de sensibilidade
 Não apresenta sangramento ao nível do sulco gengival
Tratamento
 Checar interferências oclusais e ajustá-las se necessário;
 Dieta macia por 2 semanas;
 Boa higiene bucal;
 Realizar teste de sensibilidade pulpar;
 Rx.
Prognóstico
 Há apenas um risco mínimo de necrose pulpar e um risco ainda menor de
reabsorção radicular;
44
SUBLUXAÇÃO
Características e diagnostico
 Não apresenta deslocamento;
 Muita sensibilidade a percussão;
 Leve mobilidade;
 Sangramento ao nível do sulco gengival;
Tratamento
 Checar interferências oclusais e ajustá-las se necessário;
 Dieta macia por 2 semanas;
 Boa higiene bucal;
 Deve-se ter cautela, e não realizar o tratamento endodôntico na
mesma consulta.
Prognóstico
 Necrose pulpar pode acontecer em aproximadamente 25% dos casos de
subluxação;
 Andresen e Perdesen (1985) – necrose – 1 ano.
45
EXTRUSÃO
Caraterísticas e diagnostico
 Deslocamento parcial do dente para fora do alvéolo;
 Geralmente não responde ao teste de sensibilidade;
 Hemorragia;
 Rompimento de grande quantidade de fibras e de vasos do ligamento
periodontal;
 Mobilidade exagerada;
 Rx – aumento do espaço periodontal;
Tratamento
 Limpeza e desinfecção do dente extruído;
 Reposicionamento atraumático;
 Contenção semirrígida durante 2 a 3 semanas;
 Controle pós-operatório
Prognóstico
 Reposicionamento adequado
 Estágio de desenvolvimento radicular no momento do traumatismo;
 Rizogênese completa: mais da metade dos casos ocorre necrose pulpar;
 Rizogênese incompleta: as chances de a vitalidade pulpar ser mantida ou
haver revascularização são razoavelmente boas;
 A necrose pulpar pode ser diagnosticada até um ano após a extrusão;
46
LUXAÇÃO LATERAL
Características e Diagnóstico
 Deslocamento horizontalmente;
 Sangramento ao nível do sulco gengival
 Som alto e metálico a percussão (anquilose);
 Espessamento do ligamento periodontal;
Tratamento
 Anestesia, limpeza e desinfecção do dente extruído;
 Reposicionamento;
 Contenção semirrígida durante 3 semanas.
 Antibiótico.
Prognóstico
 Vai depender do estágio de desenvolvimento radicular no momento do
traumatismo;
 Possibilidade de ocorrer atresia do canal radicular, necrose pulpar e
reabsorções externas;
 A necrose pulpar pode ser diagnosticada até dois ano após a luxação lateral;
(Andreasen e Perdesen (1985)
47
INTRUSÃO
Características e diagnóstico
 Deslocamento do elemento dental para dentro do alvéolo;
 Há sangramento;
 Som metálico ao teste de percussão;
 Se apresenta firmemente preso;
 Dentição mista;
Tratamento
Rizogênese incompleta
 Usualmente reerupcionam espontaneamente e retornam a sua posição
original em poucas semanas a meses.
Rizogênese completa
 Intrusões ate 5mm = ORTODÔNTICO
 Intrusões maiores de 5mm = CIRÚRGICO
 Imobilização
 Movimentação ortodôntica = manter 2 a 3 semanas
Prognóstico
48
 A incidência de necrose é altíssima, apenas dentes com rizogênese
incompleta foram mostrados apresentando sobrevivência pulpar;
AVULSÃO
Características e diagnostico
 Deslocamento total do dente de seu alvéolo;
 Resulta em lesão de inserção e necrose pulpar;
Tratamento
 Reimplante: considerando período e condições de armazenamento extraalveolar e idade do paciente;
 Após o reimplante colocar contenção semirrígida deixá-la por 7 dias.
 Os reimplantes realizados nos primeiros 30 min após a avulsão, o percentual
de sucesso é muito maior;
 A endodontia em dentes com rizogênese completa, deve ser iniciada de 7 a
10 dias após a consulta de emergência .
 Em dentes com rizogênese incompleta deve-se evitar o tratamento
endodontico e procurar por sinais de vascularização;
Os meios de conservação para manter a vitalidade das células do ligamento
periodontal:
- água
49
- Saliva
- Leite
- Solução de Hank ou VoaSpan
Prognóstico
 Depende do período e do meio de armazenamento extra-alveolar;
 A sobrevivência pulpar é quase nula nos dentes com rizogênese completa e
pouco freqüente nos dentes com rizogênese incompleta.
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