Capítulo 3 - A sociologia de Émile Durkheim

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Capítulo 3 – A
sociologia de Émile
Durkheim
O que é fato social
O A sociologia é a ciência que estuda a sociedade
humana e cujo desenvolvimento se deu a partir
da necessidade de compreensão do homem e
de sua vida em grupo.
O Augusto Comte foi um de seus precursores e
aquele que atribuiu o nome sociologia às
pesquisas sobre os princípios universais do
comportamento social.
O Para Émile Durkheim era tempo de entrar “mais
diretamente em relação com os fatos”.
O Motivado por alguns conflitos: difusão do
socialismo, vigoroso movimento operário e crise
da República Francesa, Durkheim dedicou-se a
um vasto repertório de temas que vão da
emergência do indivíduo à origem da ordem
social, da moral ao estudo da religião, da vida
econômica à análise da divisão social do
trabalho.
O Para isso valeu-se da história, da etnografia, do
estudo das leis, da estatística e da filosofia.
O Herdeiro do positivismo, dedicou-se a constituir
o objeto da sociologia e as regras para
desvendá-lo.
Características dos fatos sociais:
Coerção
O Os fatos sociais distinguem-se dos fatos
orgânicos ou psicológicos por se imporem ao
indivíduo como uma poderosa força coercitiva à
qual ele deve, obrigatoriamente, se submeter.
O A adoção de um idioma, a organização familiar
e o sentimento de pertencer a uma nação são
forças impositivas sobre o indivíduo que
Durkheim denominou de coerção social.
O A força coercitiva dos fatos sociais se manifesta
pelas “sanções legais” ou “espontâneas” a que
o indivíduo está sujeito quando tenta rebelar-se
contra elas.
O “Legais” são as sanções prescritas pela
sociedade sob a forma de leis.
O “Espontâneas” são as que afloram como
resposta a uma conduta considerada
inadequada por um determinado grupo ou
sociedade.
O Embora não codificados em lei, olhares de
reprovação têm o poder de conduzir o infrator
para o comportamento esperado.
O A reação negativa da sociedade a certas
atitudes ou comportamentos é, muitas vezes,
mais intimidadora do que a lei.
O A educação, tanto formal como informal,
desempenha uma importante tarefa nessa
adequação dos indivíduos à sociedade em que
vivem, a ponto de, após algum tempo, as regras
estarem internalizadas nos membros do grupo e
transformadas em hábitos.
Exterioridade
O A segunda característica dos fatos sociais é que
eles existem e atuam independentemente da
vontade ou adesão consciente dos indivíduos,
sendo “exteriores” a eles.
O Ao nascer, já encontramos regras sociais,
costumes e leis que somos coagidos a aceitar
por meio de mecanismos de coerção social,
como a educação.
O Não nos é dada a possibilidade de opinião ou
escolher, sendo, assim, independentes de nós,
de nossos desejos e vontades.
Generalidade
O É possível distinguir fatos sociais porque eles
não se apresentam como fatos isolados.
O Eles são dotados de generalidade, envolvem
muitos indivíduos e grupos ao longo do tempo,
repetem-se e difundem-se.
O A assiduidade com que determinados fatos
ocorrem na sociedade indica a sua importância
e a necessidade de estudá-los, assim como
torna a estatística uma das ferramentas que
garante ao sociólogo a objetividade e o controle.
A objetividade do fato social
O Herdeiro dos princípios positivistas e dos
pressupostos cartesianos, Durkheim procurou
respeitar a distância e a neutralidade do
cientista diante de seu objeto de estudo,
condição necessária a uma ciência objetiva.
O Da mesma maneira que nas ciências naturais,
o cientista social deveria apreender a realidade
que o cerca sem distorcê-la de acordo com
seus desejos e interesses particulares.
O Deveria deixar de lado seus preconceitos pois
tudo que nos mobiliza – nossas simpatias,
paixões e opiniões – dificulta o conhecimento
verdadeiro, fazendo-nos confundir o que vemos
com aquilo que queremos ver.
O Durkheim aconselhou o sociólogo a encarar os
fatos sociais como “coisas”, isto é, objetos que
lhe são exteriores.
O O cientista deve também se manter neutro
diante da opinião dos próprios envolvidos nas
situações analisadas.
O Propõe o exercício da dúvida metódica, ou seja,
a necessidade de o cientista inquirir sobre a
veracidade e objetividade dos fatos estudados.
Suicídio
O Durkheim estudou profundamente o suicídio.
O Considerou-o fato social por sua presença
universal em toda e qualquer sociedade, e por
suas características exteriores e mensuráveis.
O Apesar de uma conduta marcada pela vontade
individual, o suicídio interessa ao sociólogo por
aquilo que tem de comum e coletivo.
O Para Durkheim, a prova de que o suicídio
depende de leis sociais e não da vontade dos
sujeitos estava na regularidade com que
variavam as taxas de suicídio de acordo com as
alternâncias das condições históricas.
O Verificou que as taxas de suicídio aumentavam
nas sociedades em que havia a aceitação
profunda de uma fé religiosa que prometesse a
felicidade após a morte.
Normalidade e patologia nos
fatos sociais
O Para Durkheim, a sociologia tinha por finalidade
não só explicar a sociedade como também
encontrar soluções para problemas da vida
social.
O A sociedade, como todo organismo, apresenta
estados que podem ser considerados “normais”
ou “patológicos”, isto é, saudáveis ou doentios.
O Pode-se considerar um fato social como
“normal” quando se encontra generalizado pela
sociedade ou quando desempenha alguma
função importante para sua adaptação ou sua
evolução.
O O crime tem uma importante função social.
O Punindo o criminoso, os membros de uma
coletividade reforçam seus princípios,
renovando-os.
O Não significa que o autor aceite o crime como
positivo ou desejável mas é normal todo
acontecimento cuja incidência tenha uma
distribuição “normal” do ponto de vista
estatístico.
Consciência coletiva e
individual
O Embora todos tenham sua ‘consciência
individual’, seu modo próprio de se comportar e
interpretar a vida, podem-se notar, no interior
de qualquer grupo ou sociedade, formas
padronizadas de conduta e pensamento.
O Esta constatação está na base do que
Durkheim chamou de ‘consciência coletiva’.
O A consciência coletiva é, em certo sentido, a
moral vigente na sociedade.
O Ela aparece como um conjunto de regras
fortes e estabelecidas que atribuem valor e
delimitam os atos individuais.
O É a consciência coletiva que define o que,
numa sociedade, é considerado ‘imoral’,
‘reprovável’ ou ‘criminoso’.
Morfologia social: as espécies
sociais.
O Durkheim também considerava como um dos
objetivos da sociologia a comparação de uma
sociedade com outra, constituindo-se numa
morfologia social para classificar as espécies
sociais à maneira que a biologia fazia com as
espécies animais.
O Propunha que toda sociedade tivesse
evoluído de uma forma social mais simples
até as mais complexas.
O Identificou, após apurada observação, dois
tipos diferentes de solidariedade entre os
homens, provenientes da divisão social do
trabalho: a solidariedade mecânica e a
solidariedade orgânica.
O A passagem de um tipo para outro constituía
uma metamorfose de um estágio inferior de
vida social a outro superior.
Solidariedade mecânica
O Predominava nas sociedade pré-capitalistas,
em que os indivíduos se identificavam por
meio da família, da religião, da tradição e
dos costumes permanecendo em geral
independentes e autônomos em relação à
divisão social do trabalho.
O A consciência coletiva exerce todo seu poder
de coerção sobre os indivíduos.
Solidariedade orgânica
O Típica das sociedades capitalistas, em que,
pela acelerada divisão social do trabalho, os
indivíduos se tornavam interdependentes.
O Essa interdependência garante a união
social, em lugar dos costumes, das tradições
ou de relações sociais estreitas.
O Nas sociedades capitalistas, a consciência
coletiva se afrouxa, ao mesmo tempo em que
os indivíduos se tornam mutuamente
dependentes, cada qual se especializa numa
atividade e tende a desenvolver maior
autonomia pessoal.
Durkheim e a sociologia
científica
O Durkheim se distingue dos demais
positivistas porque suas ideias ultrapassaram
a reflexão filosófica e chegaram a constituir
um todo organizado e sistemático de
pressupostos teóricos e metodológicos sobre
a sociedade.
O O empirismo positivista transformou-se numa
rigorosa postura empírica.
O Essa postura estava centrada na
verificação dos fatos que poderiam
ser observados, mensurados e
relacionados por meio de dados
coletados diretamente pelo cientista.
O Observação, mensuração e
interpretação eram aspectos
complementares do método
durkheimiano.
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