FEB Celso Furtado Cap XXVI e XVII - Instituto de Economia

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Celso Furtado
FEB
Cap. XXVI – XXVIIII
Cap. XXVI: O fluxo de renda na economia
de trabalho assalariado (I)
Último quartel do séc. XIX: importância do
trabalho assalariado
Antes: economia escravista e núcleos de
subsistência mantinham sua estrutura
imutável nas fases de expansão e de
decadência
 renda monetária extremamente concentrada
O fluxo de renda na economia com
trabalho assalariado (II)
Nova dinâmica:
- Produção vendida ao exportador = renda da unidade
produtiva
- Renda = depreciação do K + remuneração dos
fatores de produção
- Remuneração = lucro + salários
- Salários = gastos em bens de consumo
- Lucro= gastos em BC + investimento (aumento de K)
O fluxo de renda na economia de trabalho
assalariado (III)
Efeito multiplicador:
Gastos de consumo = renda dos pequenos produtores
& comerciantes
Renda dos pequenos produtores & comerciantes
= aumento do consumo
 O mercado interno cresce mais intensamente que
a economia exportadora
(Mas o impulso do crescimento tem origem nas
exportações)
O fluxo de renda na economia de trabalho
assalariado (IV)
Impulso externo = ↑ preço = ↑ lucro =
↑ investimento
Salários reais no setor cafeeiro permaneceram
constantes, porque havia excedente de MDO

salários monetários do conjunto da economia ↑

portanto, a massa salarial ↑ mais do que o
produto global
O fluxo de renda na economia de trabalho
assalariado (V)
Quando os preços ↑, o lucro ↑
 Mas os salários permanecem constantes
Quando os preços ↓, o lucro deveria ↓
 “Mas os empresários do setor exportador
conseguiam transferir as perdas para o
conjunto da sociedade”
[privatização dos lucros & socialização dos prejuízos]
CAP. XXVII: A tendência ao desequilíbrio
externo
Novo sistema baseado no trabalho assalariado:
impossibilidade de adaptar-se às regras do
padrão-ouro (PO)
Princípio fundamental do PO: cada país deveria dispor
de uma reserva metálica (ou de divisas)
suficientemente grande para cobrir eventuais
déficits do BP
[PO: preço do ouro fixo na unidade de conta de cada
país, ou seja, taxas de câmbio fixas; moeda
lastreada e plenamente conversível àquele preço
do ouro (lastro)]
Padrão ouro
Quanto de ouro/divisas deveria ter cada país?
 Em proporção à sua participação no comércio
internacional e das flutuações no BP
Países como o Brasil (primário-exportador) possuíam
elevada % de comércio exterior/PIB e
registravam fortes oscilações no BP
 Portanto, deveriam manter volumes elevados de
ouro/divisas (reservas internacionais)
Teoria: “ajuste automático” do padrão
ouro (II)
A teoria monetária [TQM + Hume] do séc. 19 explicava
a realidade europeia
PO: “BC” emite moeda lastreada; moeda é conversível a
uma taxa de câmbio fixa
Mecanismo de ajuste automático:
X > M  ↑ $  ↑ P  ↓ X; ↑ M  equilíbrio
e/ou
X > M  ↑ $  ↓ tx de juros  ↓ Ks  equilíbrio
“Ajuste automático” do PO na prática
1. Países com baixa relação comércio externo/PIB e
com elevado nível de monetização:
 oscilações no BP podem ser compensadas por
oscilações na oferta de moeda sem traumas
2. Brasil e demais países agrário-exportadores:
 oscilações do BP levavam a fortes crises cambiais
& fiscais
Trabalho assalariado & demanda por
moeda no Brasil
Brasil escravista: demanda $ = X & M
 O problema surge quando a demanda $ moeda ↑ +
rapidamente que o setor externo (porque ↑
demanda interna)
 Sistema econômico baseado no trabalho
assalariado: demanda $ ↑ por causa do efeito
multiplicador da renda gerado pelas exportações
Crise econômica nos países
industrializados
Origem: ↓ investimento  ↓ demanda  ↓
importações (& produtos primários)
 “ajuste” (curto prazo) no BP
 retorno dos capitais (reservas metálicas)
investidos no exterior [principalmente no
caso da Inglaterra]
Crise nas economias dependentes
(primário-exportadoras) (I)
Origem (externa): ↓ valor das exportações
 ↓ entrada de divisas [&”fuga de capitais”]
 Importações ↓ + lentamente, por causa do
efeito multiplicador das X anteriores
 Piora na relação de preços de intercâmbio
 Perda de reservas metálicas
 Crise de liquidez (↓ fortemente a oferta $)
Crise nas economias dependentes
(primário-exportadoras) (II)
Crise externa








↓X
↓ reservas metálicas
desvalorização cambial
↓M
↓ receitas do governo
déficit público
emissões de $ inconversível
desvalorização + emissões = inflação
“Mentalidade padrão ouro”
“O político brasileiro, com formação de economista,
estava preso por uma série de preconceitos
doutrinários em matéria monetária, que eram as
regras do padrão-ouro
Na moeda que circulava via-se apenas o aspecto
‘patológico’, ou seja, sua ‘inconversibilidade’
Esse enorme esforço de mimetismo, que derivava uma
fé inabalável de uma doutrina que não tinha
fundamento na observação da realidade, se
estenderá pelos três primeiros decênios do séc.
XX”
CAP. XVIII: A defesa do nível de emprego e
a concentração da renda
Economia cafeeira: não havia incentivo ao aumento da
produtividade
 Fator terra: abundante
Fator trabalho: salários reais estáveis
Períodos de expansão: ↑ lucro; ↑ Investimento; ↑
concentração de renda
Períodos de crise: desvalorização cambial  ↑ renda
dos exportadores em mil-réis  concentração
de renda
Resumo
Desvalorização cambial & inflação = “Privatização do
lucro e socialização do prejuízo”
 MAS... Produção & empregos eram mantidos
Política econômica & “mentalidade padrão ouro”
O problema a ser resolvido não era financeiro:
o “problema” consistia no fato de que a economia
brasileira era uma economia cujo dinamismo
dependia da exportação de matérias primas, ou
seja, era uma economia primário-exportadora
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