Fundação Parque Tecnológico da Paraíba Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Algodão Relatório Final de Projeto Genética da resistência do algodoeiro à virose doença azul Campina Grande – Paraíba 2004 Índice 1. Resumo ............................................................................................................. 2 2- Introdução......................................................................................................... 3 3. Revisão de literatura ........................................................................................ 5 4) Material e métodos ......................................................................................... 10 4.1 Formação das populações.......................................................................... 10 4.2 Caracterização molecular dos genitores e descendentes........................... 10 4.3 Criação do pulgão vetor (Aphis gossypii).................................................... 12 4.4 Avaliação de acessos do banco ativo de germoplasma da Embrapa Algodão para detecção de novas fontes de resistência .................................................. 13 4.5 Avaliação do teor de sólidos solúveis e amido em folhas e pecíolos foliares .......................................................................................................................... 13 5. Resultados e Discussão ................................................................................ 15 5.1. Formação das populações......................................................................... 15 5.2 Cultivo de pulgões ...................................................................................... 15 5.3 Avaliação de acessos do banco ativo de germoplasma ............................. 18 5.5 Avaliação do teor de sólidos solúveis nos pecíolos e de amido nas folhas 29 5.6. Extração do DNA para caracterização dos genitores e análise dos genitores e da geração F1 ................................................................................................ 32 6. Conclusões: .................................................................................................... 34 Anexos ................................................................................................................ 39 1 1. Resumo Este projeto foi desenvolvido para realizar estudos para definir a herança da resistência do algodoeiro à doença azul ou mosaico das nervuras f. sp. Ribeirão Bonito. Foram realizados cruzamentos entre genitores resistentes e susceptíveis para gerar populações segregantes, sendo obtidas as gerações F 1, F2, RC11 e RC12. A população F1 foi avaliada com marcadores moleculares e confirmou-se tratarem de indivíduos provenientes de cruzamentos. Também foram realizados experimentos a campo para identificar novas fontes de resistência. Foi observado que as espécies Gossypium mustelinum, nativa do país, G. barbadense, que ocorre em grande quantidade no Mato Grosso e que o Brasil é centro de diversidade e G. arboreum, espécie diplóide cultivada na Ásia, apresentam acessos susceptíveis à doença azul. Outros acessos destas espécies apresentaram resistência e podem ser usados para o melhoramento desde que precedidos por um trabalho bem realizado de pré-melhoramento. Entre os genótipos da espécie cultivado no Brasil, G. hirsutum, a maioria dos acessos é susceptível à doença, mas há fontes de resistência que podem ser melhor aproveitadas pelo melhoramento, como BJA 592, Cacique, Chaco, Texas 341, Del Cerro UMPGR, La Banda e Lambmcht gl-5. Parte destes materiais apresentam desempenho agronômico que permite sua inserção direta nos programas de melhoramento como genitores de populações segregantes, enquanto outros precisariam ser previamente trabalhados entes de serem colocados à disposição dos melhoristas. A sintomatologia externa da doença é acompanhada por alterações na produção e/ou armazenamento de substâncias como amido e outros açúcares solúveis. Esta alteração bioquímica é um fator que fortalece a hipótese de que o agente causal seja um vírus da família luteoviridae. 2 2- Introdução A doença azul do algodoeiro ou mosaico das nervuras f. Ribeirão Bonito é uma das doenças mais importantes da cultura do algodão no Estado do Mato Grosso. Os prejuízos decorrem da ação direta do patógeno na cultura, reduzindo a produtividade e a qualidade da fibra produzida, pelo custo de produção mais elevado devido às aplicações adicionais de inseticida realizadas para manter o pulgão Aphis gossypii em níveis adequados como vetor da doença, ao invés de praga. Há variabilidade genética passível de manipulação pelos programas de melhoramento, pois parte das variedades recomendadas para cultivo no Estado são resistentes à doença. Como a base genética destas variedades é diferente, é possível que haja mais de uma fonte de resistência. Apesar da importância econômica da doença, pouco foi feito para melhor compreendê-la. No caso da genética da resistência, grande parte dos conhecimentos existentes é fruto de observações realizadas durante a condução de populações de melhoramento, formadas pelo cruzamento entre genitores contrastantes para a resistência. Devido aos experimentos nos quais se realizaram as observações não terem sido delineados para estudar aspectos genéticos da doença, informações importantes para o melhoramento podem não ter sido obtidas. Permanecem por serem determinados de modo acurado: i) o tipo de herança da resistência, se qualitativa ou quantitativa; ii) o número de locos envolvidos na expressão do caráter; iii) a relação entre alelos, visando determinar se a herança é predominante dominante ou aditiva; iv) se as variedades resistentes oriundas de base genética diferente contém alelos de resistência distintos; v) se existe variabilidade para a resistência dentro dos bancos de germoplasma brasileiros, principalmente entre acessos de outras espécies tetraplóides. Os conhecimentos da genética da resistência e a determinação de fontes alternativas de variabilidade para o caráter permitirão que os melhoristas manejem de modo mais racional a resistência à doença azul do algodoeiro, de 3 modo que a enfermidade seja geneticamente controlada em prazo relativamente curto. Este projeto de pesquisa foi realizado para iniciar os trabalhos permitam melhor compreender a herança da resistência à doença azul, permitndo aos melhoristas e geneticistas realizar seus trabalhos de modo mais efetivo. 4 3. Revisão de literatura A doença azul do algodoeiro, azulão, ou mosaico das nervuras f. Ribeirão Bonito tem etiologia ainda indeterminada, mas provavelmente deve ser causada por um vírus. Ela foi observada pela primeira vez no Brasil em 196263 na Fazenda Água Virtuosa, Município de Ribeirão Bonito (Costa & Carvalho, 1965; Costa, 1966). Os estudos realizados por Costa & Carvalho (1965) não foram capazes de concluir se a moléstia era causada por forma mais severa do vírus do mosaico das nervuras ou por um vírus diferente. A doença começou a causar problemas econômicos no Estado do Mato Grosso a partir da safra 1992/93. Na safra de 1997/98, a doença causou enormes prejuízos em Minas Gerais e Goiás, além de afetar economicamente a cotonicultura de São Paulo e Paraná (Freire, 1998). Na Argentina, a doença azul foi diagnosticada pela primeira vez em 1982/83. Em 1993/94 ela se manifestou de forma generalizada em variedades susceptíveis e em grandes extensões de cultivo. Entre 1994/95 a 1996/97 a incidência da doença foi reduzida, sendo atribuído, entre outras causas, à menor área cultivada com variedades susceptíveis (Kresic et al., 2001). Na safra 1994/95 a doença causou grandes prejuízos no Paraguai (Freire, 1998). Outros locais em que é provável que a doença tenha sido relatada são: República Centro Africana (Dyck, 1979; Cauquil & Follin, 1983), Tchad, República dos Camarões, Zaire, Benin, em regiões da antiga União Soviética (Azerbaijão, Turquestão, Armênia), Filipinas e Tailândia (Cauquil, 1977; Araújo, 2001). Embora nenhum estudo tenha sido realizado para averiguar se a doença azul que ocorre no Brasil é a mesma relatada em outros países, a sintomatologia idêntica e a transmissão pelo mesmo vetor são indícios mais fortes que fortalecem esta hipótese. O controle da doença tem sido realizado por meio de variedades resistentes e, no caso de variedades susceptíveis, pela manutenção do pulgão em níveis baixos (Santos, 1997; Santos, 1999). A variedade mais plantada no Estado do Mato Grosso, CNPA ITA 90, é susceptível. Devido ao alto potencial produtivo desta variedade, os produtores têm optado por manejar o vetor ao invés de substituir a CNPA ITA 90 por materiais resistentes (Ornellas, 2001). Atualmente, em função do manejo adequado que inclui variedades resistentes e manutenção do pulgão em níveis baixos, as reduções de produção 5 devido aos efeitos diretos da doença são relativamente baixas, embora bastante significativas. Freire (1999c) estimou que na safra de 1998/98 as perdas foram de 2% no Mato Grosso e de 1,44% em Goiás, o que representou 20,6 e 18,8 mil fardos a menos produzidos nos dois estados, respectivamente. Os maiores prejuízos financeiros provêm do custo adicional com pulverizações de inseticidas para controle do pulgão como vetor, avaliado em cerca R$100,00 por hectare (Araújo, comunicação pessoal). A doença azul é transmitida pelo pulgão Aphis gossypii de maneira provavelmente persistente. Isto quer dizer que o pulgão é capaz de reter o vírus durante algum tempo, sendo capaz de infectar diversas plantas (Costa & Carvalho, 1965). Os sintomas da doença são o encurtamento dos entrenós formados após a infecção, reduzindo o porte da planta, a redução no tamanho das folhas, que ficam com as nervuras pálidas, com margens voltadas para baixo, conglomerando-se juntamente com as flores. Também ocorre a diminuição do número e do tamanho dos capulhos produzidos e a perda de qualidade da fibra (Costa & Carvalho, 1965; Costa, 1966; Passos, 1977; Cia & Fuzatto, 1999; Araújo 2000). A intensidade dos sintomas e os danos causados à planta variam com a época em que a infecção ocorreu, podendo reduzir em até 80% o porte da planta e causar sua completa esterilidade (Gridi-Papp et al., 1992; Silva et al., 1995; Cia & Fuzatto, 1999 e Araújo, 2001). Além do algodoeiro, plantas de Malva parviflora foram infectadas experimentalmente, sem, contudo, apresentar sintomas. É provável que outras malváceas nativas ou cultivadas sejam hospedeiras do vírus (Costa & Carvalho, 1965). Alguns estudos a respeito da transmissão da doença e do comportamento das plantas infectadas artificialmente foram realizados na África, quase todos desenvolvidos no IRCT, na República Centro Africana. Cauquil & Follin (1983) mostraram que a infecção artificial das plantas podia ser realizada pelo vetor virulífero, por enxertia tipo garfagem com portaenxerto infectado e o enxerto sadio e por enxertia de gemas axilares. Tentativas sem sucesso de transmissão foram realizadas utilizando porta-enxerto sadio e enxerto doente e por inoculação mecânica. Na transmissão com o vetor em plantas com duas folhas verdadeiras, os autores observaram que os sintomas 6 tinham início 9 a 28 dias após a alimentação do pulgão virulífero. Eles verificaram, ainda, que a transmissão não ocorre por sementes e nem por solo cultivado anteriormente com plantas doentes. (Cauquil & Follin, 1983). Cauquil & Vaissayre (1971) obtiveram de 80 a 100% de infecção em plantas de 10 variedades de algodão (7 de G. hirsutum, 2 de G. barbadense e 1 de G. puncatum) utilizando 15 pulgões provenientes do campo. Usando 15 pulgões alimentados durante 24 horas sobre uma folha contendo os sintomas carac terísticos, os autores observaram taxa de 82% de transmissão. Os sintomas se iniciaram nas folhas em que a inoculação foi realizada e, em seguida, nas folhas formadas posteriormente. Durante a inoculação, os autores empregaram cilindros de plástico transparente com 2cm de diâmetro e 1cm de comprimento, com uma das extremidades fechada com uma tela. A outra face fica em contato com a folha, presa por um clipe. Cauquil (1977) testou diferentes tipos de pulgões para verificar a capacidade de causar infecção. Os pulgões foram coletados a campo e colocados sob 10 plantas por 24 horas. A avaliação da infecção foi realizada 32 dias após a alimentação dos pulgões sob as plantas. Eles observaram que 10, 8, 10 e 6 plantas apresentavam sintomas quando foram usados pulgões alados, ápteros escuros, ápteros amarelados e larvas ápteras, respectivamente. Trabalhos a respeito do patógeno desenvolvidos na Argentina verificaram que as plantas com sintomas apresentavam três moléculas de RNA de fita dupla (dsRNA), que geralmente representam a forma replicativa do RNA nucléico de vírus cujo genoma é composto por uma molécula de RNA de fita simples. Também foram verificadas relações serológicas entre o vírus associado às plantas sintomáticas com o vírus do nanismo amarelo da cevada, estirpes RPV e PAV, um luteovírus que causa doença em muitas gramíneas (Kresic, 2001). O nível de incidência da doença a campo está relacionado com o genótipo de algodão e a quantidade de plantas hospedeiras do pulgão e, provavelmente, do vírus (Santos, 1997). Na ausência de controle do pulgão, incidências mais altas têm sido relatadas nas variedades CNPA ITA 90 e Deltapine Acala 90. (Santos, 1997; Lanza et al., 1999; Freire et al., 1999b; Freire et al., 1999c; Cia, 1998; Andrade et al., 1999). Outras variedades têm apresentado níveis intermediários, como a IAC 22 (Fuzzato et al., 1999). Há também materiais que 7 apresentam resistência à doença, como a BRS Antares, BRS Facual, BRS ITA 96, Coodetec 401, Epamig Precoce 1, CNPA 7H, FMT Fetagri, FMT Saturno, BRS 268, e IAPAR 71 PR3 (Freire et al., 1999b; Lanza, 1999; Ornellas et al., 2001). Para avaliar a incidência da doença azul foram desenvolvidas algumas escalas de notas. Freire et al. (1999a) definiram uma escala que abrange notas de 1 a 5, sendo atribuída o valor 1 quando a parcela não apresenta plantas com sintomas visíveis da doença, e a nota 5 à parcela em que todas as plantas manifestam sintomas da doença. Com esta escala, os autores constataram que à medida que a incidência da doença aumenta, os efeitos deletérios sobre a altura das plantas, a percentagem de fibra, a produção, o número e o peso de capulhos sobre variedades susceptíveis (CNPA ITA 90 e Deltapine Acala 90) foram mais pronunciados. Na escala utilizada por CIA (1997) as notas variam de 1 a 6, representando variedades muito resistentes e muito susceptíveis, respectivamente. Andrade et al. (1999) utilizaram uma escala cujas notas correspondiam a: 1 – 0% de plantas com sintomas; 2- 1 a 5% das plantas com sintomas; 3 – 6 a 25% das plantas com sintomas; 4 – 26 a 50% das plantas com sintomas; 5 – 51 a 100% das plantas com sintomas. Em outros trabalhos a avaliação da incidência também é realizada por meio da percentagem de plantas com sintomas (Fuzzato et al, 1999; Freire et al., Lanza et al, 1999; Freire et al., 1999b) Freire et al. (1999a) também desenvolveram uma escala de notas para avaliar a severidade da doença azul no desenvolvimento de plantas individuais. Nesta escala são considerados: a produção de algodão planta, o número e o peso dos capulhos, o porte e a percentagem de fibra. Outra escala para medir a severidade dos sintomas nas plantas foi desenvolvida por Cauquil (1974). Esta escala tem notas de 0 a 4. A nota 0 é atribuída a plantas sem sintomas; a nota 1 é dada a plantas quase normais, com alguns sintomas foliares e produção de capulhos 10% menor; a nota 2 é atribuída a plantas levemente encarquilhadas, com numerosos sintomas foliares e produção reduzida em 10 a 50%; as plantas nota 3 estão encarquilhadas, com alguns sintomas foliares severos e redução de produção de capulhos acima de 50%; finalmente, a nota 4 é dada a plantas muito encarquilhadas, com sintomas foliares severos e generalizados e praticamente não produz capulhos. 8 As linhagens HAR, híbridas entre as espécies G. hirsutum, G. arboreum e G. raimundii, produzidas pela estação experimental do I.R.C.T. na Costa do Marfim, apresentam resistência completa à doença azul africana. A resistência desta linhagens, que é quase uma imunidade, deve provir de G. arboreum. A variedade SR1-F4, originária do Tchad, também revelou uma boa tolerância à doença azul (Cauquil, 1977), porém, quando inoculada artificialmente por meio de enxertia apresentou os sintomas típicos da doença. (Cauquil & Follin, 1983). No final da década de 70, estas linhagens HAR foram introduzidas na Argentina e utilizadas pelo INTA para melhorar a produtividade e outras características agronômicas de suas variedades (Juan Poisson, comunicação pessoal). Quando a doença azul foi diagnosticada neste país, as variedades produzidas pelo INTA apresentaram elevado grau de resistência, ou mesmo imunidade, devido a incorporação dos alelos de resistência provenientes das linhagens HAR. A linhagem REBA P 279 também não apresentou sintomas (Kresic et al., 2002). Fuzzato et al. (1999) realizaram o único estudo encontrado na literatura brasileira sobre a genética da resistência à doença azul. Os dados foram obtidos de um ensaio de progênies da variedade IAC 22 em que houve incidência natural da doença. O nível da doença foi medido pela percentagem de plantas com sintomas. Eles verificaram haver diferenças entre o nível de susceptibilidade entre as progênies, herdabilidade no sentido amplo de 0,45 e relação entre os coeficientes de variação genético e ambiental de 0,45. A incidência da doença foi relativamente baixa, prejudicando o contraste entre as progênies e aumentando o erro experimental (CV=83,7%). No experimento também foi verificado o murchamento avermelhado, também em baixa incidência. A análise de ambas moléstias de modo conjunto permitiu identificar a existência de uma correlação genética positiva e relativamente fraca (rg=0,375). Isto indica que, pelo menos em progênies derivadas da variedade IAC 22, o melhoramento simultâneo para as duas características é possível. Os autores concluem que para obter boas estimativas dos parâmetros genéticos e para avaliar de modo consistente os genótipos é preciso elevados índices da doença. 9 4) Material e métodos 4.1 Formação das populações Plantas das variedades susceptíveis CNPA ITA 90 e Deltapine Acala 90 foram cruzadas sob telado com plantas das variedades BRS FACUAL, Delta Opal e Coodetec 401. Também foram realizados cruzamentos entre todos os genótipos com a variedade de algodoeiros mocó CNPA 6M. Nos cruzamentos, os genitores masculinos ora foram usados como fêmeas e ora como masculinos. Parte das flores das plantas F1 formadas foram autofecundadas para dar origem a populações F2. As flores restantes foram retrocruzadas com a variedade genitora susceptível e com a variedade genitora resistente para dar origem às populações RC11 e RC21, respectivamente. Os cruzamentos foram realizados sob condições de telado para: i) facilitar a obtenção das duas gerações completas necessárias para obter as sementes das populações F2, RC11 e RC21; ii) controlar de modo eficiente à genealogia das populações; iii) evitar prováveis contaminações genéticas. 4.2 Caracterização molecular dos genitores e descendentes Para garantir a pureza genética das populações a serem formadas, os genitores foram avaliados com marcadores moleculares. Os marcadores foram usados para estabelecer um padrão específico de cada variedade (fingerprinting). Este padrão foi utilizado para verificar a identidade genética das plantas F 1 a serem usadas para gerar as demais populações. O DNA foi extraído conforme descrito por Li et al. (2001). Brevemente, cerca de 0,1g de tecido foliar será macerado, misturado a tampão de extração (100uM de Tris, 5uM de EDTA, 0,4%(V/V) de bissulfito de sódio e 0,35M de sorbitol), agitado em vórtex, centrifugado, acrescentado tampão de lise (0,2M de tris, 50uM de EDTA, 2M de NaCl e 55uM de CTAB) ao precipitado, incubado a 65oC, clarificado com clorofórmio:álcool isoamílico (24:1, v/v), agitado em vórtex, centrifugado para separar as fases. O DNA será precipita pela adição de isopropanol gelado à fase aquosa será adicionado, coletado por centrifugação, 10 lavado em etanol 70% e dissolvido em água. O DNA obtido será quantificado em gel de agarose 0,8% corado com brometo de etídio. A caracterização dos genitores e a avaliação dos descendentes foi realizada com marcadores microssatélites e RAPD. Os marcadores RAPD foram obtidos conforme Barroso (2000). As reações de amplificação de DNA para obtenção de marcadores RAPD foram realizadas colocando-se DNA genômico em tampão 10mM de Tris-HCl, pH 8,3, e 50mM de KCl, 4mM de cloreto de magnésio, 1,5 unidades de Taq DNA polimerase, 0,2 mM de dNTP e 0,2M de primer com 10pb (Operon). Foi realizada denaturação inicial a 94C por 5 minutos, seguida de 45 ciclos, cada qual com denaturação a 94C por 1 minuto, anelamento do primer a 35C por 1 minuto e amplificação a 72C por 2 minutos. Ao final, foi realizada uma extensão adicional de 5 minutos a 72C. Os produtos de amplificação gerados foram separados em gel de agarose 1,4%, corados com brometo de etídio e analisados. Os marcadores microssatélites foram obtidos utilizando os primers BNL, desenvolvidos no Brookhaven National Laboratory. As reações foram realizadas em solução com volume de 20uL, contendo 20ng do DNA genômico de algodão, tampão PCR (10mM de Tris-HCl pH 8,3, 50mM de KCl), 2,0 a 3,5 mM de MgCl2 (de acordo com o primer), 0,2mM de dNTPs, 0,15uM dos dois primers e 1 unidade de Taq DNA polimerase. As condições físicas durante a reação PCR foram constituídas por uma desnaturação inicial a 94oC por 5 minutos, seguidos de 10 ciclos de “Touchdown PCR”, iniciando com a temperatura de anelamento de 65°C. Após o “touchdown” foram realizados 35 ciclos de denaturação a 94 oC por 15 segundos (passo 1), anelamento do primer a 55 oC por 30 segundos (passo 2) e amplificação a 72oC por 1 minuto. Uma amplificação final de 72oC por 5 minutos finalizou a reação PCR. Os alelos microssatélites foram separados em gel denaturante de sequenciamento (poliacrilamida 6% com 7M de uréias) e corados com prata de acordo com Creste et al. (2001). Uma solução estoque de acrilamida 40% foi preparada utilizando 380g de acrilamida, 20g de bisacrilamida e água qsp 1000ml. Uma segunda solução estoque (acrilamida 4%) foi realizada utilizando 210g de uréia, 25ml de TBE 10X, 50ml da solução estoque de acrilamida 40% e água qsp 500ml. Para a confecção de cada gel foi misturado 40ml da solução de acrilamida 4% e 274ul de 11 perssulfato de amônia 10%. A acrilamida 4% vertida em cuba de sequenciamento com espaçadores de 4mm. Uma das placas da cuba foi tratada com solução de bind silane (995μl etanol 100%; 5μl ácido acético e 3μl de bind silane), e outra com a solução “repel silane”. As amostras receberam tampão de formamida e foram desnaturadas a 92˚C por 5 minutos e aplicadas em gel previamente aquecido a 50°C. A eletroforese realizada a 80W durante 2 horas e os alelos SSR foram corados método de coloração com nitrato de prata conforme descrito por Creste et al. (2001). As placas foram separadas e a placa contendo o gel foi colocada em solução de oxidação (ácido acético 10% em etanol) por 10 minutos, lavadas em água destilada por 1 minuto, colocadas na solução de oxidação (ácido nítrico 1,5%) por 3 minutos. Após nova lavagem em água, o gel foi impregnada com nitrato de prata (solução 0,2%) por 20 minutos, lavado novamente com água e as bandas reveladas com solução contendo 3% de carbonato de sódio e 0,02% de formaldeído. Quando as bandas apresentavam contratação adequada, a reação de revelação foi interrompida em solução aquosa de ácido acético 5%. 4.3 Criação do pulgão vetor (Aphis gossypii) Pulgões da espécie Aphis gossypii foram coletados no campo, identificados e levados ao laboratório. Eles foram criados sobre folhas de algodão recémcolhidas e desinfestadas superficialmente para etanol 70% para evitar a introdução acidental de patógenos ou predadores. Após a transferência dos pulgões, as folhas foram colocadas inicialmente em Placas de Petri e posteriormente em copos plásticos, sendo o pecíolo umedecido com um chumaço de algodão ou espuma embebido em água para evitar a perda de turgidez. As placas com os pulgões foram mantidas em estufa BOD a temperatura de 26 oC sob fotoperíodo de 16 horas de luz. Periodicamente os pulgões foram transferidos para novas folhas de algodão, visando manter a população em níveis adequados e fornecer alimento fresco. 12 4.4 Avaliação de acessos do banco ativo de germoplasma da Embrapa Algodão para detecção de novas fontes de resistência Cem acessos de algodoeiro pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa Algodão foram avaliados (Tabela A, anexo), visando a detecção de eventuais novas fontes de resistência à doença azul. Os acessos foram escolhidos considerando origem e diversidade genética. Inclui-se plantas de Gossypium mustelinum, G. barbadense, G. hirsutum e G. tomentosum, espécies tetraplóides. Foram montados dois experimentos contendo os mesmos acessos em Primavera do Leste e Novo São Joaquim, em áreas com histórico de alta incidência da doença azul. Os experimentos foram montados em látice triplo, sendo incluídos genótipos de comportamento conhecido como testemunhas As parcelas eram compostas por uma fileira de 3 metros de comprimento, sendo mantidas 10 plantas por metro linear. No experimento montado em Primavera do Leste, três plantas de cada parcela foram inoculadas com pulgões virulíferos no estágio de duas folhas verdadeiras. Em cada uma destas plantas foram postos pelo menos 5 pulgões coletados em plantas a campo com sintomas. No experimento montado em Novo São Joaquim as plantas não foram artificialmente inoculadas. As parcelas foram avaliadas quanto à incidência de plantas com sintomas e características morfológicas. 4.5 Avaliação do teor de sólidos solúveis e amido em folhas e pecíolos foliares Todos as análises foram realizadas em acessos pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma, da Embrapa Algodão plantadas na Fazenda Itaquerê, município de Novo São Joaquim (MT). As análises foram realizadas em de G. barbadense, G. hirsutum var. latifolium, G. hirsutum var. marie galante e G. arboreum. Plantas de 24 acessos foram avaliadas quanto ao teor de sólidos solúveis no pecíolo foliar, medido pelo grau brix. Os pecíolos foram espremidos e o grau 13 brix do líquido resultante foi avaliado em refratômetro de campo. A quantificação do amido foi realizada em 39 acessos segundo metodologia definida por McCredy et al. (1950). Foram analisadas pares de folhas de idade semelhante, sendo cada par composto por folhas retiradas de plantas com e sem sintomas da doença azul em uma mesma parcela. Os teores de amido e de sólidos solúveis das plantas com e sem sintomas da doença azul foram comparadas pelo teste t pareado. 14 5. Resultados e Discussão 5.1. Formação das populações Foram realizados 450 cruzamentos entre plantas das variedades resistentes BRS Facual, Delta Opal e Coodetec 401 com as variedades susceptíveis CNPA Ita 90 e Deltapine Acala 90 (Tabela 1). Tabela 1. Número de cruzamentos entre os genitores resistentes e susceptíveis CNPA CNPA 6M 90 Ita Deltapine Acala Mákina Fábrica Total 90 BRS Facual 30 30 30 30 30 150 Delta Opal 30 30 30 30 30 150 Coodetec 30 30 30 30 30 150 90 90 90 90 90 450 401 Total As sementes geradas pelos cruzamentos foram plantadas e suas flores foram autofecundadas para dar origem a geração F2, ou retrocruzadas originar as populações RC11 e RC12. Foram realizados 600 retrocruzamentos, sendo 300 para o genitor resistente e 300 para o genitor susceptível (Tabela 2). As sementes F1, F2, RC , RC , além dos genitores, serão usados para os estudos de herança da resistência à doença azul. 5.2 Cultivo de pulgões Diversas maneiras de criar os pulgões em laboratório foram testadas. Na primeira tentativa os pulgões foram colocados em folhas de algodoeiros e estas dentro de placas de Petri umedecidas. As placas com os pulgões foram mantidas em estufa BOD com temperatura e luminosidades controladas. Verificou-se que a quantidade de umidade dentro da placa era excessiva, não permitindo o desenvolvimento adequado dos pulgões e aumentando o nível de mortes por doenças fúngicas. 15 Tabela 2. Número de retrocruzamentos realizados Facual DO CD 6M Ita Acala Mákina Fábrika Total 401 Facual x 6M 20 Facual x Ita 20 Facual x Acala 20 FacualxMákina 20 FacualxFábrika 20 20 40 40 20 40 20 40 20 20 DO x 6M 20 DO x Ita 20 DO x Acala 20 DO x Mákina 20 DO x Fábrika 20 40 20 40 20 40 20 40 20 20 CD 401 x 6M 20 CD 401 x Ita 20 CD 401 x 20 40 40 40 20 40 20 40 20 Acala CD 401 x 20 40 20 Mákina CD 401 x 20 20 40 60 600 Fábrika Total 100 100 100 60 60 60 60 Facual – BRS Facual DO – Delta Opal CD 401 – Coodetec 401 6M – BRS 6M Acala- Deltapine Acala 90 Um segundo método foi tentado, consistia de colocar os pulgões sob folhas de algodoeiro em posição vertical, fixadas em espuma umedecida com água. Este método permitiu o desenvolvimento das colônias, que aumentavam em número de indivíduos de modo muito rápido. Tanto no primeiro quanto no segundo método, a transferência dos pulgões para folhas novas era realizada a cada dois dias, período em que as folhas usadas para a alimentação dos insetos permaneciam com as características que 16 permitiam o desenvolvimento adequado das colônias. Após este período, as folhas começavam a perder a turgidez e os pulgões a abandonavam. A transferência dos pulgões para folhas frescas era realizada manualmente com o auxílio de pincel umedecido. Este processo de transferência era lento e necessitava de muita mão-de-obra com uma certo treinamento para ser realizado de modo adequado. Contatou-se que a lentidão para realizar as transferências manuais era um gargalo do método. Uma alternativa que desse mais rapidez a tarefa na criação seria imprescindível para obter quantidade de pulgões suficiente para realizar as inoculações artificiais que o projeto necessitava, bem como para ser posteriormente usada na avaliação de populações e linhagens de melhoramento. Em função disto, um novo procedimento foi tentado. No terceiro método desenvolvido, a transferência manual dos pulgões foi substituída. Folhas frescas foram colocadas no mesmo copo de plástico em que as folhas com as colônias dos pulgões estavam sendo criadas. À medida que as folhas iam perdendo a turgidez, os pulgões migravam para as folhas mais novas. Isto reduzia o trabalho manual apenas à limpeza e colocação de folhas novas. Contudo, após um período em que o método apresentava bons resultados, problemas de ordem sanitária começaram a aparecer. Uma doença que mumificava os pulgões surgiu e em quatro dias todos os pulgões haviam sido mortos. Todos os equipamentos e material usados passaram por um processo de esterilizarão e a criação foi novamente iniciada. Para evitar que o fungo fosse novamente introduzido na criação pelas folhas usadas na alimentação dos insetos, as plantas de algodão de onde se estava retirando as folhas foram pulverizadas com fungicida. Contudo, após manter a criação com sucesso por algum tempo, novamente a doença atingiu a população. Buscou-se então, ainda, tratamento das plantas com fungicida de contato, para eliminar os fungos que eventualmente estivessem aderidos à face externa das folhas. As folhas eram imersas por 10 minutos na solução contendo o fungicida, enxaguadas em água, secas em papel toalha e colocadas a disposição dos pulgões. Após este tratamento adicional, não se verificou mais a presença do fungo patogênico aos pulgões, mas a rapidez com que se desenvolviam foi bastante afetada. Novos fungicidas foram testados, mas todos eles apresentaram o mesmo problema. 17 Embora não haja relatos de que fungicidas afetem o desenvolvimento dos pulgões, acredita-se que estas substâncias tenham as responsáveis pelo reprodução e crescimento mais lentos observados. Uma explicação provável é que a quantidade de fungicida presente nas folhas seja superior a quando a aplicação é realizada a campo. Como as folhas eram renovadas periodicamente, a quantidade de fungicida presente era sempre elevada. Decidiu-se realizar então uma realizar uma criação que envolvesse duas etapas. A primeira etapa foi realizada em laboratório e durava cerca de 20 dias, período que se considerou suficiente para verificar se os pulgões estavam livres de doenças e parasitóides. A segunda etapa seria a multiplicação dos pulgões sob condições de telado. Na primeira tentativa, passados cerca de 30 dias começaram a aparecer pulgões mumificados devido ao parasitismo de larvas de uma pequena vespa. As plantas e todo o telado foram pulverizados com inseticida para eliminar o parasitóide. Duas semanas após a pulverização novos pulgões provenientes do laboratório foram colocados sob as plantas, mas o problema se repetiu. Mais uma vez o telado e as plantas foram pulverizadas e depois de 15 dias os pulgões foram postos nas plantas, com o cuidado das plantas terem sido colocadas sob uma gaiola entomológica revestida com o tecido de malha fina e transparente (voil). Destas vez a cultura teve sucesso. Em razão dos problemas encontrados para a criação dos pulgões foi decidido que parte das inoculações seriam realizadas com pulgões provenientes do campo e parte dos mantidos em casa-de-vegetação. Caso fossem retirados de plantas com sintomas severos da doença azul, seriam colocados diretamente sob as plantas a serem testadas, caso estivessem em plantas sem sintomas, seriam alimentados em plantas com sintomas por 48 horas e depois colocados sob as plantas cujo comportamento frente à virose era desejado conhecer. 5.3 Avaliação de acessos do banco ativo de germoplasma Três avaliações foram realizadas: em março, maio e julho. Na primeira avaliação não foi verificada nenhuma planta com sintomas nítidos de doença azul, 18 sendo realizada a primeira inoculação com pulgões virulíferos. A inoculação foi extremamente prejudicada pelas fortes chuvas que ocorreram durante a noite e no dia seguinte. Tentativas posteriores de inoculação também tiveram o mesmo problema: devido a pluoviosidade elevada os pulgões não colonizavam as plantas. Somente após uma interrupção das chuvas, em meados de abril, foram verificadas colônias de pulgões infestando as plantas. Devido aos problemas com a inoculação, não se realizou a avaliação da severidade dos sintomas, pois não era possível precisar se as plantas adquiriram o vírus na mesma época, fator essencial para comparar a intensidade dos danos causados. Vinte e um genótipos não desenvolveram sintomas detectáveis de doença azul (Tabela 3 e Tabela B Anexo). Os sintomas foram verificados em todas as espécies estudadas e no acesso de algodoeiro mocó incluído nos experimento (CNPA 6M). Tabela 3. Incidência média da virose doença azul (em percentagem) nos genótipos do banco ativo de germoplasma de algodoeiro da Embrapa Algodão. Acesso 149 F URRS 1931 15 R1 6M 81-2 95-967 BV-61 A H 67 Incidência 12,69 28,49 1,75 7,89 14,98 0,00 Acala ancien Albae 627 Allen 333-57 AK 235 Co Lu Ngan DESI G27 Lao1/85 (Arbor) Rim-de-Boi 1 Rim-de-Boi 2 Rim-de-Boi 3 Morro 74 0,88 0,00 3,36 0,00 2,11 0,00 0,00 3,51 25,44 22,81 1,67 Acesso Incidência Acesso Incidência CNPA CO 97-668 0,00 LSS (PAQUISTAO) 28,91 CNPA CO 98-6152 6,18 Luk 13-4 25,01 CNPA CO 98-6399 1,75 M-11 2,63 CNPA CO 98-7161 4,98 McNair 220 30,69 CNPA CO 98-7191 0,88 Mebane 27,04 CNPA CO 98-7663 3,51 Mebane b-1 9,65 CNPA GO 98-05946 CNPA GO 98-05975 CNPA GO-98-10004 CNPA ITA90 CNPA TB 90 Cubq Del Cerro Del Cerro UMPGR Delta Opal DES. 67-132 DES. 67-213 0,88 7,02 18,73 35,77 0,62 6,27 2,22 0,00 0,00 24,29 28,89 Mexican Mexico 910 Mustelinum 1 Mustelinum 2 Parrot 427 Porainte Quallandri Reba p-274 Sakhaa 642-53 Smoth leaves SP 2473-A 9,51 0,00 23,33 50,00 11,57 0,00 29,82 0,00 15,84 1,59 0,60 19 BJA 592 BP 52/NC.63 BPA 68 Brs Aroeira Brs Cedro BRS Facual Brs Ipê BRS Ita 96 C 316-91 C-1211 Cacique CC-A-1 Chaco - 520 CNPA 96-117 CNPA 97-1682 CNPA BA 98-6123 CNPA BA 98-9193 0,00 0,49 2,63 1,15 0,00 0,00 3,51 2,63 1,75 7,02 0,00 47,70 0,00 30,94 0,88 3,35 12,56 Empire Glandless Gumb okra leaf Hancock Hancor HG 1845 HL-1 HR 21 T.16 Hybee 200a Hybee100a Ibdar 45 pr2 Ita 90 ii J. Brebbia Karnar La banda La frego Lambmcht gl-5 Lasani 51,43 0,88 11,79 0,00 3,70 1,75 34,78 1,59 0,88 19,30 32,11 14,74 4,01 0,00 17,63 0,00 12,57 SPO - 199 T-766 Tancot sp 21 Tashken 2 Tashken t1 Tb 41 Texas 163 Texas 2036 Texas 314 Texas 322 Texas 341 Triumph big boll V-3 V-5 Watson 2040 0,00 0,00 14,97 35,52 16,49 0,00 11,50 11,40 0,76 45,25 0,00 27,81 0,88 26,43 39,44 Em relação à G. arboreum, apenas uma parcela do acesso Co Lu Ngan apresentou plantas sintomas da doença azul. Cauquil (1977) verificou que as linhagens HAR, híbridas entre as espécies G. hirsutum, G. arboreum e G. raimundii, produzidas pela estação experimental do I.R.C.T. na Costa do Marfim, apresentou resistência completa à doença azul africana. Segundo o autor, a resistência desta linhagens, que é quase uma imunidade, deve vir de G. arboreum. Os resultados obtidos neste trabalho também mostraram que G. arboreum também é resistência doença azul que ocorre no Brasil. Os genótipos de G. barbadense brasileiros, coletados no Mato Grosso, foram susceptíveis. Morro 74 foi o único acesso desta espécie em que nenhuma planta doente foi verificada. Os sintomas observados nos rins-de-boi foram diferentes dos tradicionais. Caracterizou-se pela paralisação do crescimento das plantas, com a formação de uma estrutura similar a uma escova de garrafas (Figura 1). Em algumas plantas foi verificado mosaico suave nas nervuras e em outras houve uma remissão dos sintomas, que retomaram o crescimento normal. Caso a remissão dos sintomas de G. barbadense seja freqüente, as plantas 20 mantidas em fundos de quintal podem ser um importante hospedeiro intermediário da doença. Em G. mustelinum os sintomas foram similares aos verificados em nos algodoeiros herbáceos, com encurvamento das folhas e aparecimento de mosaico das nervuras. G. mustelinum é a única espécie nativa do Brasil, com centro de origem no semi-árido nordestino. Provavelmente devido às diferenças climáticas entre seu local original e as presentes no cerrado do Mato Grosso, nenhuma planta chegou a florescer. Algumas implicações dos resultados são: i) a possibilidade de afetar a continuidade das populações naturais de G. mustelinum (presentes na Bahia e Rio Grande Norte e em perigo de extinção) caso a doença azul seja introduzida nas proximidades dos locais em que as populações são encontradas; ii) a espécie G. barbadense, mantida como planta perene em diversas regiões do Mato Grosso, pode ser uma importante fonte de inóculo do patógeno. 21 Figura 1. Sintomas da doença azul em G. barbadense oriundos do estado do Mato Grosso. 22 Figura 2. Planta com mosaico das nervuras e com interrupção de crescimento As produtividades médias obtidas nas parcelas variaram de 3.156Kg/ha, da CNPA 96-117, até zero (Tabela 4), nos dois acessos de G. mustelinum, que não floresceu sob as condições ambientais do Mato Grosso, e em dois acessos de G. barbadense coletado no Mato Grosso, que devido ao ciclo extremamente longo impediu o fechamento do ciclo durante o período de execução do experimento. Excluindo os genótipos que não apresentaram plantas com sintomas de doença azul, foi verificada uma correlação linear de –0,44 entre a produtividade de algodão em caroço e a incidência de doença azul (Figura 3). Esta correlação foi influenciada pelas diferenças nos potenciais produtivos dos acessos. Portanto, caso fossem considerados apenas os genótipos com potenciais produtivos similares, a correlação deveria ser mais elevada. Por exemplo, o acesso Lao 1/85 de G. arboreum produziu 675 Kg/ha com um nível extremamente baixo de doença. Já Empire Glandless, o genótipo em que a doença azul apresentou a maior incidência (47%) produziu 1617 Kg/ha, proporcionalmente acima do que seria esperado. Outros fatores estão confundidos na correlação e devem estar influenciando-a. 23 Caso a incidência de uma doença seja 10% e as plantas doentes produzam 70% menos que as sadias, seria esperado uma redução da produtividade em 7%. Contudo, não é isto o que geralmente se observa. As condições ambientais nas proximidades da planta que teve seu desenvolvimento prejudicado pela doença são alteradas, permitindo maior disponibilidade de água, nutrientes e luminosidade para as plantas vizinhas. A diminuição da competição permite às plantas vizinhas às doentes produzir mais do que sob condições normais. Este fenômeno, chamado de compensação, reduz parcialmente as perdas causadas pela doença, que cai para níveis inferiores ao esperado, no exemplo, abaixo de 7%. Como o nível de compensação varia com o genótipo, a correlação pode ter sido afetada pelas capacidades diferentes de amenizar as perdas que os acessos devem possuir. Plantas que desenvolvem a doença azul mais cedo têm a capacidade produtiva comprometida em maior grau do que aquelas contaminadas no final do ciclo. Em média não houve grandes diferenças na época em que as plantas apresentaram sintomas, mas como não houve uma perfeita homogeneidade, este fator também deve estar afetando a correlação. Tabela 4 Produção média (Kg/ha de algodão em caroço) dos genótipos no experimento realizado em Primavera do Leste Genótipo 149 F URRS 1931 15 R1 6M 81-2 95-967 BV-61 A H 67 Acala ancien Albae 627 Allen 333-57 AK 235 Co Lu Ngan DESI G27 Lao1/85 (Arbor) Rim-de-Boi 1 Rim-de-Boi 2 Rim-de-Boi 3 Produção 1100 1683 1328 2550 1439 1483 1311 1556 1611 717 133 1333 561 0 0 1233 Genótipo Produção Genótipo Produção CNPA CO 97-668 2700 LSS 3011 CNPA CO 98-6152 2194 Luk 13-4 1372 CNPA CO 98-6399 1650 M-11 2794 CNPA CO 98-7161 2333 McNair 220 744 CNPA CO 98-7191 2483 Mebane 1239 CNPA CO 98-7663 3056 Mebane b-1 1650 CNPA GO 98-05946 2161 Mexican 1428 CNPA GO 98-05975 2761 Mexico 910 2561 CNPA GO-98-10004 1983 Mustelinum 1 0 CNPA ITA90 1294 Mustelinum 2 0 CNPA TB 90 2461 Parrot 427 1889 Cubq 1200 Porainte 1506 Del Cerro 1925 Quallandri 1406 Del Cerro UMPGR 1633 Reba p-274 2267 Delta Opal 2194 Sakhaa 642-53 1200 DES. 67-132 950 Smoth leaves 2022 24 Morro 74 BJA 592 BP 52/NC.63 BPA 68 Brs Aroeira Brs Cedro BRS Facual Brs Ipê BRS Ita 96 C 316-91 C-1211 Cacique CC-A-1 Chaco - 520 CNPA 96-117 CNPA 97-1682 CNPA BA 98-6123 CNPA BA 98-9193 1300 1278 1894 1250 2706 2839 2450 2017 1939 1700 2100 1728 1500 1122 3156 2422 2456 2172 DES. 67-213 Empire Glandless Gumb okra leaf Hancock Hancor HG 1845 HL-1 HR 21 T.16 Hybee 200a Hybee100a Ibdar 45 pr2 Ita 90 ii J. Brebbia Karnar La banda La frego Lambmcht gl-5 Lasani 1856 1617 1211 1700 1278 1758 2067 1811 1931 1672 1317 2678 1617 1939 2144 1756 1889 1983 SP 2473-A SPO - 199 T-766 Tancot sp 21 Tashken 2 Tashken t1 Tb 41 Texas 163 Texas 2036 Texas 314 Texas 322 Texas 341 Triumph big boll V-3 V-5 Watson 2040 1639 1039 1889 2278 1644 1150 1650 1656 1811 675 1233 983 439 1344 1417 1506 3500 Produtividade (Kg/ha) 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 0 10 20 30 40 50 Incidência (%) Figura 3. Produtividade de algodão em caroço dos genótipos segundo a incidência de doença azul. 25 O agrupamento dos genótipos do banco ativo de germoplasma da Embrapa Algodão com base na distância Eucliadiana pode ser observada na Figura 4. Verificou-se uma boa consistência do agrupamento na separação das espécies de Gossypium. Os genótipos de G. arboreum, G. mustelinum, G. barbadense e G. hirsutum se agruparam em clusters diferentes (Figura 4 A, B, C e D, respectivamente). Esta separação já era esperada devido às diferenças morfológicas bem características entre as espécies. G. barbadense foi a espécie que se agrupou de modo mais próximo de G. hirsutum. A espécie mais distante das demais foi G. arboreum, espécie diplóide com folhas, flores e maçãs menores. Dentro do agrupamento de G. barbadense, verificou-se que os três genótipos coletados no estado do Mato Grosso foram mais similares entre si do que com o acesso Morro 74, um algodoeiro do tipo Pima. Este resultado concorda com o esperado, pois Morro 74 é um algodoeiro do tipo Pima, já trabalhado pelo melhoramento, enquanto os demais acessos de G. barbadense são do tipo rimde-boi, material com origem e características bastante diferenciadas. No agrupamento de G. hirsutum, pelo menos três clusters podem ser observados na Figura 4. O primeiro cluster, entre o genótipo 1 (149 F URRS) e o genótipo 9 (ALLEN 333-57) estão incluídas quatro das seis variedades da Embrapa incluídas nos ensaios, todas produzidas pelo programa de melhoramento mantido no estado do Mato Grosso. Apenas as variedades CNPA ITA 90 e BRS Ipê não se agruparam neste cluster. Elas se agruparam no segundo cluster, do genótipo 43 a 91. Os genótipos mais divergentes se agruparam no terceiro cluster (genótipos 3 a 93). Analisando cada cluster, verifica-se que CNPA Ita 90 e a ITA 90 II se agruparam muito próximas uma da outra, refletindo a origem genética da segunda, uma seleção dentro de CNPA Ita 90. Os resultados indicam que a análise de agrupamento foi capaz de realizar uma boa classificação dos genótipos de G. hirsutum. Caso a classificação dos genótipos de G.hirsutum realizada pela análise de agrupamento reflita a real diversidade existente, os genótipos mais resistentes à doença azul estão bem distribuídos ao longo do dendrograma. Isto significa que é possível ampliar a base genética das populações de melhoramento e obter cultivares resistentes, 26 estratégia importante para garantir ganhos genéticos no longo prazo e reduzir o impacto econômico da doença azul. A espécie G. arboreum é diplóide, com 2N=26 cromossomos, enquanto as outras espécies estudadas são alotetraplóides (2N=52 cromossomos). Devido à diferença de ploidia, os acessos de G. herbaceum não são sexualmente compatíveis com os demais genótipos, portanto, não é possível obter descendentes viáveis via cruzamentos. Para que os genes de resistência presentes em G. arboreum possam ser usados, é necessário realizar procedimentos especiais para compatibilizar o número de cromossomos, de modo geral, caros, trabalhosos e difíceis. Outros grupos de pesquisa já obtiveram híbridos interespecíficos viáveis. Tais híbridos poderiam ser solicitados às instituições que os desenvolveram e utilizá-los diretamente em cruzamentos visando adicionar tais genes nas variedades brasileiras. Alguns materiais de algodoeiro herbáceo resistentes a doença azul apresentam problemas graves em outros caracteres, como susceptibilidade elevada a outras doenças e produtividade baixa. Caso sejam usados diretamente na composição de populações de melhoramento contribuíram para afetar negativamente o desempenho das populações, reduzindo a possibilidade de obtenção de novas variedades. O procedimento mais adequado seria realizar um programa de pré-melhoramento, em que os genes de resistência e outros genes favoráveis presentes fossem recombinados os genes de genótipos que complementassem as deficiências. O resultado final deste programa de prémelhoramento seria uma linhagem a ser usada como genitora. Este procedimento é adotado por instituições de públicas de pesquisa de alguns países. Tal linhagem, passível de registro e proteção é usada pela instituição que a desenvolveu e por programas de melhoramento de outras empresas mediante remuneração. Estratégia similar poderia ser adotada no Brasil para garantir que os ganhos genéticos fossem mantidos no longo prazo. 27 2.2 2.0 1.8 D 1.6 Distância Euclidiana 1.4 A C 1.2 1.0 0.8 B 0.6 0.4 13 11 78 17 16 73 58 84 18 29 4 88 20 91 83 98 97 24 44 39 26 9 8 86 51 66 36 79 56 55 99 62 76 89 80 27 47 81 49 67 82 92 35 60 45 87 19 41 96 31 12 10 77 15 14 46 61 59 63 32 94 28 3 52 42 34 30 50 85 40 43 69 6 57 72 68 75 90 25 48 64 7 37 93 100 21 33 53 95 54 70 38 23 74 65 22 5 2 71 1 0.2 Genótipos Figura 4. Agrupamento dos genótipos avaliados o método UPGMA. Agrupamentos: A – G. arboreum; B – G. mustelinum; C – G. barbadense; D – G. hirsutum. Números dos genótipos são os apresentados na Tabela A do capítulo Anexo. 28 5.5 Avaliação do teor de sólidos solúveis nos pecíolos e de amido nas folhas Verificou-se grau brix mais elevado em pecíolos de folhas de plantas com sintomas do que em pecíolo de folhas sem sintomas (Tabela 5). Apenas duas avaliações realizadas resultaram em brix mais altos em plantas sem sintomas (Figura 5 e Tabela C - anexo), IBDAR 45 PR2 e um acesso de G. barbadense coletado no Mato Grosso. No G. barbadense as leituras realizadas em plantas com e sem sintomas foram baixas e similares, respectivamente 3,0 e 3,2 e em IBDAR 45 PR2 ambas leituras foram altas (6,0 e 6,8 em plantas com e sem sintomas). Caso se considere que em IBDAR 45 PR2 e no acesso de G. barbadense foram analisados quatro e cinco pares plantas, respectivamente, e que em apenas uma de suas análises o comportamento foi diferente do observado de maneira mais freqüente, pode-se supor que o maior grau brix em plantas com sintomas deve ser um comportamento válido também para estes acessos. Tabela 5 Graus brix em pecíolo de plantas de algodoeiro com e sem sintomas de doença azul Média Desvio padrão Com sintoma 6,52 1,44 Sem sintoma 4,34 1,03 t GL p 10,91 41 1,07E-13 Do mesmo modo que para o grau brix, verificou-se que o teor de amido nas lâminas foliares foi mais alto em plantas com sintomas do que em plantas sem sintomas (Tabela 6). Em 11 dos 67 pares de folhas analisados verificou-se teor de amido mais alto em plantas assintomáticas (Figura 6 e Tabela D - anexo). Em cinco, os valores foram bastante similares, podendo, na prática, serem consideradas iguais. Os outros seis foram observados em cinco acessos: 149 F URSS, 1931 15 R1, IBDAR 45 PR2, acesso 3 de G. barbadense, Texas 2036 e Texas 322. Em todos estes acessos foram realizadas análises em mais de um par de plantas. Para 1931 15 R1 foram realizadas três análises e em IBDAR 45 PR2 quatro. Em ambas, apenas uma das análises apresentou maior quantidade de amido em folhas de plantas sem sintomas. Portanto, o raciocínio apresentado para o teor de sólidos 29 solúveis também deve se aplicar a estes acessos, ou seja, o comportamento do genótipo quanto ao teor de amido deve ser similar àquele predominantemente Graus brix em plantas com sintomas observado. 9 8 7 6 5 4 3 2 2 3 4 5 6 7 8 9 Graus brix em plantas sem sintomas Figura 5. Graus brix em pecíolo de plantas de algodoeiro com e sem sintoma de doença azul. Pontos acima da linha diagonal correspondem a maiores valores em plantas com sintomas da doença e abaixo da diagonal a valores mais baixos em plantas com sintomas. Tabela 6 Teor de amido em limbo foliar de plantas de algodoeiro com e sem sintomas de doença azul Média Desvio padrão. Com sintoma 86,30 51,1411 Sem sintoma 42,10 26,113 T df P 6,95 66 2,03E-09 30 Amido em plantas com sintomas -1 (mg*glucose*g *peso seco) 250 210 170 130 90 50 10 10 50 90 130 170 210 250 Amido em plantas sem sintomas (mg*glucose*g-1*peso seco) Figura 6. Amido em limbo foliar, medido em miligramas de glucose por grama (peso seco) de algodoeiro com e sem sintoma de doença azul. Pontos acima da linha diagonal correspondem a maiores valores em plantas com sintomas da doença e abaixo da diagonal a valores mais baixos em plantas com sintomas. Para 149 F URSS e para o acesso 3 de G. barbadense foram avaliados dois pares de amostras, todos com teores de amido mais elevados em plantas sem sintomas. Em uma avaliação da posterior do experimento, cerca de 45 dias após a amostragem, verificou-se que as parcelas destes dois acessos apresentavam incidência muito mais elevada da doença, chegando a 100%. É muito provável que as plantas assintomáticas amostradas já estivessem contaminadas com o agente causal e ainda não estivessem mostrando os sintomas característicos da doença. Caso isto tenha ocorrido, a dificuldade em translocar os fotoassimilados para outras regiões da planta e o conseqüente acúmulo de açúcares já estaria presente antes do aparecimento dos primeiros sintomas utilizados na diagnose. A associação entre o excesso no teor de amido nas folhas e de sólidos solúveis no pecíolo de plantas com sintomas da doença azul se assemelha a relatos na literatura de alterações provocadas pela presença de vírus. Comportamento similar em relação ao grau brix em folhas foi verificado em cana-de-açúcar atacada pelo vírus do amarelecimento foliar da cana-de-açúcar (Barroso et al., 1997), um vírus provavelmente pertencente à família dos luteovírus. Contudo, tal alteração não 31 foi verificada em algodoeiros infectados com o Vírus do Mosaico do Abutilon, um geminivírus causador do mosaico comum do algodoeiro (Barroso, dados não publicados). O aumento no teor de amido em folhas de plantas infectadas com luteovírus também foi descrito (Brunt et al., 1996; Orlob & Arny, 1961). Os luteovírus são vírus restritos ao floema e o aumento no teor de polissacarídeos está relacionado com os danos causados nas células deste tecido. Embora seja uma característica marcante dos luteovírus, o aumento no teor de açúcares em tecidos foliares não é exclusivo deste grupo de vírus de plantas, podendo ser também causados por vírus pertencentes a outras famílias (Tecsi, 1992). Logo, o excessivo teor de amido e de sólidos solúveis observados é mais uma evidência de que o agente causal da doença azul seja um luteovírus, mas não descarta outras possibilidades. 5.6. Extração do DNA para caracterização dos genitores e análise dos genitores e da geração F1 Após certo insucesso na extração do DNA, uma nova metodologia de extração foi desenvolvida. Este novo método tem funcionado a contento, permitindo obter DNA´s com grau relativamente alto de pureza e permitindo sua conservação em longo prazo. Análises com marcadores moleculares envolvendo os genitores dos cruzamentos e os F1 foram realizados e permitiram verificar que todas as plantas F 1 utilizadas para gerar as gerações F2 e de retrocruzamentos realmente provinham de cruzamentos. Para cada tipo de cruzamento, as avaliações foram realizadas com, pelo menos, três marcadores contrastantes nos genitores. A confirmação da origem de cruzamento foi importante para a certeza de que as etapas posteriores, realização dos cruzamentos para obtenção das populações segregantes e a avaliação em relação à resistência à doença azul, pudessem ser realizadas tendo-se a certeza de que todas as plantas eram realmente provenientes de cruzamento e não de autofecundação. 32 33 6. Conclusões: 1) Há variabilidade no banco ativo de germoplasma da Embrapa Algodão que pode ser usada para a obtenção de cultivares resistentes à doença azul. 2) Todas as espécies de Gossypium avaliadas apresentaram acessos susceptíveis à doença azul. 3) Plantas de algodoeiro atacadas pela doença azul acumulam excessivamente amido no limbo foliar e sais sólidos solúveis no pecíolo foliar. 4) A criação de pulgões em laboratório para a realização de inoculações artificiais é possível, desde que as inoculações sejam escalonadas. 34 7. Referências bibliográficas ANDRADE, D.F.A.A.; LAMAS, F.M.; FORTUNA, P.A. 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Genótipos do banco ativo de germoplasma da Embrapa Algodão avaliados Genótipo ACESSO ESPÉCIE G. hirsutum 1 149 F URRS G. hirsutum 2 1931 15 R1 G. hirsutum 3 6M G. hirsutum 4 81-2 G. hirsutum 5 95-967 BV-61 G. hirsutum 6 A H 67 G. arboreum 7 ACALA ANCIEN G. hirsutum 8 ALBAE 627 G. hirsutum 9 ALLEN 333-57 G. arboreum 10 AK 235 G. arboreum 11 Co Lu Ngan G. arboreum 12 DESI G27 G. arboreum 13 LAO 1/85 G. barbadense 14 Rim-de-Boi 1 G. barbadense 15 Rim-de-Boi 2 G. barbadense 16 Rim-de-Boi 3 G. barbadense 17 Morro 74 G. hirsutum 18 BJA 592 G. hirsutum 19 BP 52/NC.63 G. hirsutum 20 BPA 68 G. hirsutum 21 Brs Aroeira G. hirsutum 22 Brs Cedro G. hirsutum 23 BRS Facual G. hirsutum 24 Brs Ipê G. hirsutum 25 BRS Ita 96 G. hirsutum 26 C 316-91 G. hirsutum 27 C-1211 G. hirsutum 28 CACIQUE G. hirsutum 29 CC-A-1 G. hirsutum 30 CHACO - 520 G. hirsutum 31 CNPA 96-117 G. hirsutum 32 CNPA 97-1682 G. hirsutum 33 CNPA BA 98-6123 G. hirsutum 34 CNPA BA 98-9193 G. hirsutum 35 CNPA CO 97-668 G. hirsutum 36 CNPA CO 98-6152 G. hirsutum 37 CNPA CO 98-6399 G. hirsutum 38 CNPA CO 98-7161 G. hirsutum 39 CNPA CO 98-7191 40 Tabela A. Genótipos do banco ativo de germoplasma da Embrapa Algodão avaliados (continuação) TRATAMENTO ACESSO ESPÉCIE G. hirsutum 40 CNPA CO 98-7663 G. hirsutum 41 CNPA GO 98-05946 G. hirsutum 42 CNPA GO 98-05975 G. hirsutum 43 CNPA GO-98-10004 G. hirsutum 44 CNPA ITA90 G. hirsutum 45 CNPA TB 90 G. hirsutum 46 CUBQ G. hirsutum 47 Del Cerro G. hirsutum 48 Del Cerro UMPGR G. hirsutum 49 Delta Opal G. hirsutum 50 DES. 67-132 G. hirsutum 51 DES. 67-213 G. hirsutum 52 Emp. Glandless G. hirsutum 53 GUMB OKRA LEAF G. hirsutum 54 HANCOCK G. hirsutum 55 HANCOR G. hirsutum 56 HG 1845 G. hirsutum 57 HL-1 G. hirsutum 58 HR 21 T.16 G. hirsutum 59 HYBEE 200A G. hirsutum 60 HYBEE100A G. hirsutum 61 IBDAR 45 PR2 G. hirsutum 62 ITA 90 II G. hirsutum 63 J. BREBBIA G. hirsutum 64 KARNAR G. hirsutum 65 LA BANDA G. hirsutum 66 LA FREGO G. hirsutum 67 LAMBMCHT GL-5 G. hirsutum 68 LASANI G. hirsutum 69 LSS (PAQUISTAO) G. hirsutum 70 LUK 13-4 G. hirsutum 71 M-11 G. hirsutum 72 MCRAIR 220 G. hirsutum 73 MEBANE G. hirsutum 74 MEBANE B-1 G. hirsutum 75 MEXICAN G. hirsutum 76 MEXICO 910 G.mustelinum 77 Mustelinum 1 G.mustelinum 78 Mustelinum 2 G. hirsutum 79 PARROT 427 41 Tabela A. Genótipos do banco ativo de germoplasma da Embrapa Algodão avaliados (continuação) TRATAMENTO 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 ACESSO PORAINTE QUALLANDRI REBA P-274 SAKHAA 642-53 SMOTH LEAVES SP 2473-A SPO - 199 T-766 TANCOT SP 21 TASHKEN 2 TASHKEN T1 TB 41 TEXAS 163 TEXAS 2036 TEXAS 314 TEXAS 322 TEXAS 341 Triumph Big Boll V-3 V-5 WATSON 2040 ESPÉCIE G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum G. hirsutum 42 Tabela B. Genótipos que não apresentaram nenhuma planta com sintoma de doença azul nos dois ensaios. Acesso Espécie Origem AH 67 G. hirsutum AK 235 G. arboreum ALBAE 627 G. hirsutum var Latifolium Zâmbia BJA 592 G. hirsutum var Latifolium Chad Brs Cedro G. hirsutum var Latifolium Brasil BRS Facual G. hirsutum var Latifolium Brasil CACIQUE G. hirsutum var Latifolium CHACO – 520 G. hirsutum var Latifolium CNPA CO 97-668 G. hirsutum var Latifolium Del Cerro UMPGR G. hirsutum var Latifolium Delta Opal G. hirsutum var Latifolium HANCOR G. hirsutum var Latifolium LA BANDA G. hirsutum var Latifolium LAMBMCHT GL-5 G. hirsutum var Latifolium LAO 1/85 G. arboreum MEXICO 910 G. hirsutum var Latifolium PORAINTE G. hirsutum var Latifolium REBA P-274 G. hirsutum var Latifolium SPO - 199 G. hirsutum var Latifolium T-766 G. hirsutum var Latifolium TB 41 G. hirsutum var Latifolium TEXAS 341 G. hirsutum var Latifolium Índia Brasil EUA Lao México Chad México 43 Tabela C. Graus brix de plantas com e sem sintomas da doença azul Acesso C – 1211 Brix com sintoma 8,0 Brix sem sintoma 4,5 Watson 2040 7,8 3,4 Rim de Boi 4 5,5 3,0 Rim de Boi 4 5,5 4,0 IBDAR 45 PR2 8,0 4,8 TANCOT SP 21 7,4 4,0 1931 15 R1 5,0 3,8 CNPA 96-117 7,2 5,0 TASHKEN 2 6,5 4,8 EMP. GLANDLESS 8,5 5,4 TEXAS 322 9,2 5,0 LSS (Paquistão) 6,0 3,0 CC – A-1 7,5 5,2 HANCOCK 7,5 6,8 QUALLANDRI 5,2 5,0 QUALLANDRI 7,0 4,4 CNPA ITA 90 7,5 3,4 149 F URRS 4,4 3,4 Rim de Boi 3 (barb) 4,5 3,5 Rim de Boi 3 (barb) 4,6 3,0 Rim de Boi 4 (barb) 3,0 3,2 Rim de Boi 4 (barb) 5,2 3,6 Rim de Boi 4 (barb) 4,5 3,0 149 F URRS 7,0 4,0 149 F URRS 5,8 4,0 Rim de Boi (barb) 6,0 3,0 Rim de Boi (barb) 4,8 3,2 1931 15 R1 5,5 4,0 LUK 13-4 7,0 4,8 TEXAS 322 7,5 3,6 IBDAR 45 PR2 5,5 5,0 44 CNPA 96-117 7,8 4,0 Tabela C. Graus brix de plantas com e sem sintomas da doença azul (continuação) Acesso CNPA ITA 90 Brix com sintoma 6,2 Brix sem sintoma 4,0 TEXAS 2036 6,4 4,0 LSS (Paquistão) 6,5 3,8 HANCOCK 6,4 3,8 Emp. Glandless 7,8 4,4 CC-A-1 6,8 5,4 Emp. Glandless 7,2 5,4 WATSON 2040 8,9 3,8 C – 1211 7,2 4,8 IBDAR 45 PR2 6,2 6,8 IBDAR 45 PR2 7,4 6,4 1931 15 R1 6,6 3,5 V-5 5,2 4,4 V-5 7,6 4,8 V-5 6,8 5,8 SAKHAA 642-53 7,6 4,2 SAKHAA 642-53 6,6 5,0 CNPA ITA 90 8,8 5,8 CNPA ITA 90 6,5 6,0 CNPA ITA 90 7,4 6,5 Média 6,6 4,4 45 Tabela D Teor médio de amido (expresso em mg de glucose por grama de peso da matéria seca) em limbo foliar de plantas de algodoeiro com e sem sintomas de doença azul Acesso Sintoma Sadio 149 F URRS 121,51 153,30 -31,80 1931 15 R1 36,55 30,58 5,97 CNPA 6M 85,19 48,91 36,28 221,60 30,56 191,04 C 316-91 65,91 37,45 28,46 C-1211 80,10 25,93 54,18 CC-A-1 123,30 76,74 46,56 CNPA 96-117 31,29 83,11 -51,82 CNPA BA 98-6123 45,32 29,28 16,04 CNPA CO 98-6399 21,14 17,63 3,51 CNPA CO 98-6152 85,07 41,31 43,76 CNPA GO-98-10004 31,92 29,66 2,26 171,60 53,25 118,35 66,35 24,13 42,22 111,24 67,87 43,37 88,84 37,80 51,04 146,59 35,79 110,81 90,79 33,40 57,39 CNPA ITA 90 103,18 33,35 69,83 CNPA ITA 90 II 122,50 29,07 93,43 J. Brebbia 51,70 32,12 19,58 Karbar 55,38 34,83 20,55 95-967 BV-61 Co Lu Ng DES. 67-213 Empire Glandless Hancock HR 21 T.16 IBDAR 45 PR2 Diferença 46 Tabela D Teor médio de amido (expresso em mg de glucose por grama de peso da matéria seca) em limbo foliar de plantas de algodoeiro com e sem sintomas de doença azul (continuação) La Frego 103,30 30,28 73,02 LSS 107,96 55,86 52,11 Luk 13-4 48,47 26,76 21,71 McRair 220 21,00 23,24 -2,24 Quallandri 49,15 32,76 16,39 Rim de Boi 3 67,11 33,62 33,49 Rim de Boi 2 30,59 42,45 -11,86 Rim de Boi 1 119,20 33,21 85,99 Sakhaa 642-53 58,64 41,61 17,03 Tancot SP 21 56,19 20,26 35,93 Tashken 2 110,05 33,51 76,54 Tashken t1 22,91 22,99 -0,08 Texas 2036 111,57 49,66 61,91 Texas 322 91,76 61,79 29,97 V-5 85,44 53,41 32,03 105,94 28,64 77,31 82,80 41,48 41,32 Watson 2040 Média geral 47