DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS Profª Mônica Imperatriz Wingert Acidente Vascular Cerebral (AVC) • Pode ser compreendido como uma dificuldade no fornecimento de sangue e seus constituintes a uma área do cérebro, determinando o sofrimento ou a morte dessa área e consequentes perdas ou diminuição das funções comandadas por ela. Fatores de Risco • A pressão arterial é o principal fator de risco juntamente com: • Doenças cardíacas: especialmente as doenças que produzem arritmias. Ex: IAM. • Colesterol principalmente o LDL, tem relação com a formação de ateromas. • Fumo: torna o sangue mais concentrado e aumente o risco de hipertensão. • Uso abusivo de álcool: aumenta o colesterol e o risco de hipertensão. • Diabete melito: relação direta com as obstruções vasculares. • Sexo: até aproximadamente os 50 anos os homens têm maior propensão, depois dessa idade os riscos praticamente se igualam. • Anticoncepcionais orais: relacionados aos teores de hormônios. • Obesidade: aumenta o risco de aterosclerose e de hipertensão. • Aumento na concentração sanguínea: como em caso de desidratação grave, doenças pulmonares grave, doenças pulmonares crônicas. • Sedentarismo: a falta de atividade física leva à obesidade, predisposição à hipertensão e ao aumento do colesterol. • Idade: risco de ter algum dos fatores anteriores. Classificação • Existem basicamente dois tipos de AVC: • AVC Isquêmico; • AVC Hemorrágico AVC Isquêmico • Acontece quando não há passagem de sangue para determinada área, por uma obstrução no vaso ou redução do fluxo sanguíneo no corpo. O AVC Isquêmico pode ser consequência de: • Trombose arterial: uma placa de gordura (ateroma) obstruindo uma artéria. Por exemplo, uma obstrução total da carótida direita compromete a metade direita da frente do cérebro, determinando problemas na metade esquerda do corpo. • Embolia cerebral: um coágulo vindo de um coração com ICC ou parte de um ateroma que se desprende e corre através de uma artéria até encontrar um ponto mais estreito e obstruir a passagem de sangue. • Artrites: inflamação de uma artéria que chega à obstrução da luz do vaso. • Redução do fluxo sanguíneo: ocasionada por parada cardíaca ou hemorragia intensa. AVC Hemorrágico • Pode ocorrer extravasamento de sangue para dentro (intracerebral) ou para fora do cérebro (subaracnóideo). Ambos podem ocorrer por crise hipertensiva ou por alteração sanguínea em que ocorra muita dificuldade de realizar a coagulação normal, como na hemofilia, diminuição das plaquetas ou uso de anticoagulantes. Outra situação que pode levar a hemorragia é um aneurisma. Manifestações clínicas • O AVC manifesta-se de modo diferente em cada indivíduo, pois os sinais e sintomas dependerão da área atingida, da extensão, do tipo e do estado geral da pessoa. • De maneira geral, a principal característica é a rapidez com que aparecem as alterações (de segundos a horas). As mais comuns são: • Fraqueza ou adormecimento de um membro ou de um lado do corpo, como dificuldade de movimentar; alteração da linguagem, passando a falar “enrolado” ou sem conseguir expressarse ou entender o que lhe é dito, perda da visão de um olho, ou de parte do campo visual de ambos os olhos, perda de memória e/ou confusão mental, dor de cabeça súbita, sem causa aparente, seguida de vômitos, sonolência ou coma. Cuidados de enfermagem • Observar, comunicar e registrar alterações no nível de consciência: Agitação psicomotora; Confusão mental; Déficit de resposta a estímulos verbais. • Observar, comunicar e registrar alterações motoras: Paresias; Parestesias; Plegias. • Comunicar a mudança de conduta. • Manter ambiente calmo, seguro e tranquilo. • Estimular e facilitar a motilidade: Manter o ambiente livre de empecilhos que possam dificultar a deambulação; Orientar quanto à importância da fisioterapia adequada; Reforçar movimentos realizados sem auxílio e com destreza. • Facilitar e estimular atividades de autocuidado: Pentear-se; Vestir-se; Alimentar-se. • Manter controle rigoroso de sinais vitais, comunicar qualquer alteração. • Manter BH rigoroso. • Administrar medicações prescritas obedecendo a gotejos e horários o mais rigorosamente possível. • Manter cuidados para evitar úlcera de decúbito. • Comunicar sinais de complicações pulmonares: Espirros; Tosse; Febre. • Observar e comunicar sangramentos em pacientes que estejam fazendo uso de anticoagulantes. • Observar frequência das eliminações e prevenir constipação. • Orientar quanto à importância de fisioterapia, fonoaudiologia ou terapia específica à situação. • Estimular os familiares a participar dos cuidados. • Manter cuidados específicos a cada sinal e sintoma, bem como ao tipo de AVC. • Orientar os familiares quanto à importância de aceitar as limitações, procurando adequar o indivíduo ao convívio social de forma a mantêlo útil e necessário, reintegrando-o com a melhor qualidade de vida possível. EPILEPSIA • É uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. • Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Se ficarem restritos, a crise será chamada parcial; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada. • Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente. • Muitas vezes, a causa é desconhecida, mas pode ter origem em ferimentos sofridos na cabeça, recentemente ou não. Traumas na hora do parto, abusos de álcool e drogas, tumores e outras doenças neurológicas também facilitam o aparecimento da epilepsia. Diagnóstico • Exames como eletroencefalograma (EEG) e neuro imagem são ferramentas que auxiliam no diagnóstico. O histórico clínico do paciente, porém, é muito importante, já que exames normais não excluem a possibilidade de a pessoa ser epiléptica. Se o paciente não se lembra das crises, a pessoa que as presencia torna-se uma testemunha útil na investigação do tipo de epilepsia em questão e, consequentemente, na busca do tratamento adequado. Convulsão • É um fenômeno eletro-fisiológico anormal temporário que ocorre no cérebro e que resulta numa sincronização anormal da atividade elétrica neural. Estas alterações podem refletirse em nível da tonacidade corporal (gerando contrações involuntárias da musculatura, como movimentos desordenados, ou reações anormais como desvio dos olhos e tremores), alterações do estado mental, ou outros sintomas psíquicos. • Existem uma classificação das convulsões de acordo com a área cerebral afetada, sendo identificadas como: Convulsões parciais ou focais: afetam apenas uma parte do hemisfério do cérebro, podem acontecer sintomas motoras e sensoriais sem perda da consciência. Parciais complexas: a pessoa permanece imóvel ou faz movimentos automáticos e inadequados. Ao recobrar a consciência a pessoa não recorda dos fatos. Convulsões generalizadas, também conhecida como “grande mal”: afetam simultaneamente todo o cérebro. As contrações podem ser do tipo tônico-clônicas generalizadas e duram aproximadamente de 1 a 2 minutos. Após a convulsão a pessoa entra em um sono profundo, de difícil despertar. Quase sempre ocorre relaxamento de esfincteres, podendo também acontecer a mordedura da língua. Sinais e sintomas C. focais: podem ou não ocorrer alterações do nível de consciência associadas a sintomas psíquicos e sensoriais, como movimentos involuntários em alguma parte do corpo, comprometimento das sensações de paladar, olfato, visão, audição e da fala, alucinações, vertigens e delírios. Convulsões generalizadas: • pequeno mal- crise de ausência; Olhar perdido como se estivessem no mundo da lua e não respondem quando chamadas. Quando a ausência dura mais de dez segundos, o paciente pode manifestar movimentos automáticos, como piscar de olhos e tremor dos lábios. • grande mal- convulsão tônico-clônica. Perda súbita da consciência, dura poucos minutos. Na fase tônica, todos os músculos dos braços, pernas e tronco ficam endurecidos, contraídos e estendidos e a face adquire coloração azulada. Em seguida a pessoa entra na fase clônica e começa a sofrer contrações rítmicas, repetitivas e incontroláveis. Em ambas as situações, a saliva pode ser abundante e ficar espumosa, sangramentos devido a mordedura de lábios e língua. O que não devemos fazer durante a crise convulsiva Não se deve imobilizar os membros (braços e pernas), deve-se deixá-los livres; Não tentar balançar a pessoa; Não coloque os dedos dentro da boca da pessoa, involuntariamente ela pode feri-lo; Não dar banhos, nem usar compressas com álcool caso haja febre pois há risco de afogamento ou lesão ocular pelo álcool; Não medique, mesmo que tenha os medicamentos, na hora da crise, pois os reflexos não estão totalmente recuperados e pode-se afogar ao engolir o comprimido; Se a convulsão for provocada por acidente ou atropelamento, não retire a pessoa local, atenda-a e aguarde a chegada do socorro médico. Cuidados de enfermagem • o o o Prevenção das crises convulsivas: Evitar fatores que possam precipitar as crises: Estresse físico ou emocional; Aumentos de temperatura; Interrupção do uso de medicação anticonvulsivante. Administrar medicação anticonvulsivante, conforme prescrição; Comunicar o enfermeiro imediatamente; Manter a via aérea permeável, remover qualquer material da cavidade oral que possa ser aspirado, restos de alimentos, balas, aparelhos ortodônticos, etc; Manter ou instalar imediatamente equipamentos como oxigênio e aspiração na cabeceira da cama; Hiperestender a cabeça para melhorar a ventilação; o Manter acesso venoso, caso haja risco iminente de convulsão. • Durante a crise convulsiva: Proteger a pessoa de possíveis traumatismos, sem restringir os movimentos. Posicionar a pessoa lateralizada, se possível, de forma a facilitar a drenagem das secreções faríngeas. Realizar monitorização rigorosa após a administração das drogas, atentar para: pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória e nível de consciência. Manter em local acessível material para aspiração orotraqueal. Registrar o inicio e o termino e as características da crise; Ofertar apoio emocional a família a ao paciente; Manter controle sobre o acesso venoso devido ao risco de deslocamento. Observar as seguintes situações, a fim de informar se for questionado: o O paciente gritou ou chamou por alguém? o Houve nistagmo ou midríase? o Houve mordedura da língua? o Quais os tipos de movimentos: tônicos, clônicos ou os dois? o Quanto tempo durou a crise? o Qual a coloração da pele e das mucosas? o Houve apneia? o O paciente perdeu a consciência? Por quanto tempo? o Houve alguma situação/momento de risco para traumatismo? Escala de Glasgow • A escala de coma de Glasgow é uma escala neurológica que parece constituir-se num método confiável e objetivo de registrar o nível de consciência de uma pessoa, para avaliação inicial e contínua após um traumatismo craniano. Seu valor também é utilizado no prognóstico do paciente e é de grande utilidade na previsão de eventuais sequelas. • Inicialmente usado para avaliar o nível de consciência depois de trauma encefálico, a escala é atualmente aplicada a diferentes situações. ABERTURA OCULAR ESPONTANEAMENTE 4 AO COMANDO 3 PARA A DOR 2 NENHUMA RESPOSTA 1 RESPOSTA MOTORA OBEDEDE 6 LOCALIZA A DOR 5 AFASTA-SE 4 FLEXÃO ANORMAL 3 ESTENDE 2 NENHUMA RESPOSTA 1 RESPOSTA VERBAL ORIENTADA 5 CONVERSAÇÃO CONFUSA 4 PALAVRAS NÃO APROPRIADAS 3 SONS INCOMPREENSÍVEIS 2 NENHUMA 1 Abertura ocular (AO) • Existem quatro níveis: • Olhos se abrem espontaneamente. • Olhos se abrem ao comando verbal. (Não confundir com o despertar de uma pessoa adormecida; se assim for, marque 4, se não, 3.) • Olhos se abrem por estímulo doloroso. • Olhos não se abrem. Melhor resposta motora (MRM) • Existem 6 níveis: • Obedece ordens verbais. (O paciente faz coisas simples quando lhe é ordenado.) • Localiza estímulo doloroso. • Retirada inespecífica à dor. • Padrão flexor à dor. (decorticação) • Padrão extensor à dor. (descerebração) • Sem resposta motora. Melhor resposta verbal (MRV) • Existem 5 níveis: • Orientado. (O paciente responde coerentemente e apropriadamente às perguntas sobre seu nome e idade, onde está e porquê, a data etc) • Confuso. (O paciente responde às perguntas coerentemente mas há alguma desorientação e confusão) • Palavras inapropriadas. (Fala aleatória, mas sem troca conversacional) • Sons ininteligíveis. (Gemendo, sem articular palavras) • Ausente. Interpretação • Pontuação total: de 3 a 15 3 = Coma profundo; (85% de probabilidade de morte; estado vegetativo) 4 = Coma profundo; 7 = Coma intermediário; 11 = Coma superficial; 15 = Normalidade. • Classificação do Trauma cranioencefálico (ATLS, 2005) 3-8 = Grave; (necessidade de intubação imediata) 9-13 = Moderado; 14-15 = Leve. Bibliografia consultada • Cuidados de enfermagem ao indivíduo hospitalizado: um livro para técnicos de enfermagem/ Maria Augusta Moraes Soares, Anacira Maria Gerelli e Andréia Sousa Amorim. Porto Alegre: Artemed, 2004. • drauziovarella.com.br corpo-humano/epilepsia • Obrigado!!