A Pré-História e a Antiguidade (Eric Hobsbawm. Era dos extremos) A Pré-História e a Antiguidade “A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas – é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca...”. Eric Hobsbawn. A Era dos Extremos. Vocês sentem isso? Qual a importância que vocês dão ao passado de sua sociedade? A Pré-História e a Antiguidade Tradicionalmente, divide-se a História em cinco períodos: Pré-História: do surgimento dos hominídeos (cerca de 1.900.000 a.C.) à invenção da escrita (aproximadamente 3.300 a.C.); História Antiga: da invenção da escrita à queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.); História Medieval: da queda do Império Romano do Ocidente à queda do Império Bizantino (1453 d.C.); História Moderna: da queda do Império Bizantino à Revolução Francesa (1789); História Contemporânea: da Revolução Francesa aos dias atuais. A Pré-História e a Antiguidade A divisão da História em períodos tem apenas um fim pedagógico. Tentativa de separação em períodos homogêneos. Objeto do estudo é a História Ocidental. Problema do eurocentrismo. As sociedades ocidentais são apenas tratadas quando tem influência direta. Não há na História verdades absolutas. O que veremos são versões consagradas de grandes historiadores. A Pré-História e a Antiguidade Lembrem-se: História não é pronta, nem acabada e muito menos inquestionável. História, tal como está em Heródoto, é uma palavra grega que significa investigação. Nesse sentido, de acordo com os métodos, os debates, os documentos e o próprio contexto sociopolítico em que vive o historiador, a interpretação a respeito do passado sofre alterações. Exemplo de um objeto. A Pré-História: origem do Homem até o surgimento da escrita Surgimento dos hominídeos até a escrita é o período mais longo da História. 99,9% da História é sem escrita. Problemática da divisão: Historiadores do século XIX: positivismo. Documentos apenas escritos. As datas são problemáticas e sempre aproximadas. O surgimento do Homem Até 1859, apenas livros religiosos, como a Bíblia, davam resposta a esse enigma, naturalmente em sua linguagem simbólica. Não registros de nenhum povo que não tenha formulado teorias explicativas para a origem humana. Nesse ano, o naturalista inglês Charles Darwin publicou seu livro "A origem das espécies“. Lei da Seleção Natural. As características que contribuíram para a sobrevivência de cada espécie são preservadas e transmitidas para as gerações futuras. O surgimento do Homem Justiça histórica: o inglês Alfred Russel Wallace chegou às mesmas conclusões na mesma época, mas permitiu que Darwin publicasse primeiro, ficando em segundo plano. A origem das espécies A partir disso, vários estudos foram feitos. Existe uma linha de evolução dos seres vertebrados, que teriam surgido no mar, de organismos menores. Entre os primeiros vertebrados estariam os peixes, em seguida os anfíbios, e na sequência, os répteis, as aves e os mamíferos. Entre os mamíferos, teria aparecido, há cerca de 13 milhões de anos, a ordem dos primatas, que inclui atualmente os macacos e os homens. Desses, foram necessários milhões de anos através da seleção natural para se chegar ao homem. Os primatas A espécie de primata com características mais próximas das da espécie humana de que se tem notícia é a do Ramapithecus, que existiu há 13 milhões de anos. Foi sucedida pelo Australopithecus (cerca de 4 milhões de anos atrás), contemporâneo do Homo habilis, surgido há aproximadamente 2,3 milhões de anos. Há cerca de 1,5 milhão de anos, tendo predominado o gênero Homo sobre o Pithecus, a espécie do Homo erectus floresceu, com postura e dimensões do cérebro próximas das do homem atual. Os primatas Acredita-se que o local de origem do Homo erectus tenha sido a África centro-oriental, de onde ele teria saído (por razões desconhecidas) para povoar o mundo, chegando primeiramente à Ásia e à Europa. Mas sobre essa expansão, como também a respeito de sua chegada ao continente americano, os estudiosos possuem muitas dúvidas e poucas certezas. O Homo sapiens O Homo sapiens, surgido entre 400 mil e 100 mil anos atrás é um dos últimos elos da corrente da espécie a qual todos nós pertencemos. Origens não explicadas. Uma das teorias afirma que os seres humanos modernos (Homo sapiens sapiens) evoluíram ao mesmo tempo a partir de populações primitivas da África, Ásia e Europa, misturando-se uns aos outros geneticamente. Em determinadas regiões, populações humanas modernas possuem algumas estruturas anatômicas semelhantes a populações de Homo erectus que ali viveram no passado. O Homo sapiens Homo sapiens: Neandertais: 200-100 mil anos atrás, cérebro menor, braços mais longos, testa mais saliente, mandíbulas e maxilares maciços e eram capazes de produzir uma vida comunitária e religiosa. Eram robustos e adaptados à glaciação. Homo sapiens sapiens: surgiu há 50 mil anos atrás, ou seja, um período extremamente recente na História do planeta. 365 dias: a última hora do último dia. O Homo sapiens sapiens Aumento do número de ligações entre neurônios. Aumento da complexidade de sua cultura. Cérebro hiperdesenvolvido: Linguagem, ideias e transmissão de conhecimento. Capacidade de sobrevivência pelo poder criativo do cérebro. Espalhou-se pela Terra, enquanto o Neandertal, há cerca de 30 mil anos, desapareceu. Desde então, não houve transformações perceptíveis no aparato biológico do Homo sapiens sapiens. O Paleolítico O Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada, refere-se ao período da préhistória que aconteceu cerca de 1,9 milhões a.C., quando os antepassados do homem começaram a produzir os primeiros artefatos em pedra lascada, destacando-se de todos os outros animais, até cerca de 10.000 a.C., quando houve a chamada Revolução Neolítica, em que a agricultura passou a ser cultivada, tornando o homem não mais dependente apenas da coleta e caça. Humanos: Nômades caçadores-coletores. Desenvolvimento dos primeiros instrumentos de caça feitos em madeira, osso ou pedra lascada. O Paleolítico Foi nesse período que surgiram as primeiras espécies de hominídeos, provavelmente na África. Nesta época a temperatura era muito baixa, obrigando os humanos e outros animais a viver em cavernas. Os hominídeos surgidos nesta época foram: os Australopitecos, Homo habilis e Homo erectus. O Paleolítico Os objetos foram confeccionados primeiro em osso e madeira, depois em pedra e marfim. Usavam um machado de pedra, para cortar e esmagar os alimentos, para defesa e fazer furos. As lascas eram aproveitadas para fabricar objetos cortantes, daí o Paleolítico ter ficado também conhecido como Período ou Idade da Pedra Lascada. A sociedade era comunal, já possuíam uma certa organização social e a família já tinha importância no contexto da sociedade. Eram nômades e dominaram o fogo. O Paleolítico Podemos observar, na organização das comunidades primitivas, a divisão sexual das tarefas: as mulheres dedicavam-se à coleta e à educação das crianças, enquanto os homens saíam à caça. No período Paleolítico, as mulheres e as crianças encontravam-se em pé de igualdade com os homens, não havendo qualquer distinção, de forma que as tarefas eram divididas apenas com a finalidade de garantir a organização do trabalho comunitário. Sua religião, portanto, foi caracterizada pela ausência de deuses. Possuía um caráter animista (acreditavam em forças da natureza), já que a crença em um deus significaria a existência de um ser superior, contrariando a ideia de igualdade social. O Paleolítico O homem não dominava e transformava a natureza a seu favor, mas apenas a integrava. No fim do período, o homem – animal plenamente consciente de sua própria existência – desenvolveu a religião, a magia e a arte. Necessidade psicológica da espécie. O Paleolítico Arte rupestre: Arte rupestre é o termo que denomina as representações artísticas pré-históricas realizadas em paredes, tetos e outras superfícies de cavernas e abrigos rochosos, ou mesmo sobre superfícies rochosas ao ar livre. A arte rupestre divide-se em dois tipos: a pintura rupestre, composições realizadas com pigmentos, e a gravura rupestre, imagens gravadas em incisões na própria rocha. Representações mágicas para alimentação e boa caça; Vênus de Willendorf: sentido mágico, propiciatório da fertilidade feminina. Lição de Casa Fazer uma resenha crítica do filme A Guerra do Fogo (1981), de Jean Jacques Annaud, fazendo relações com os temas abordados em aula.