Derj 6 - Instituto de Economia

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DESENVOLVIMENTO DO
RIO DE JANEIRO - 6
O RIO DE JANEIRO NA CRISE DOS
ANOS 80.
Uma década de crise
• Contexto geral:
• Os anos 80: estagnação econômica e problemas de
solvência externa no Brasil e em toda a A. Latina.
• Brasil:
• a aceleração do crescimento econômico com forte
endividamento externo, na década de 70, deixa o
país numa situação desconfortável quando ocorre a
elevação dos juros internacionais e a crise do
petróleo. [o Brasil importava metade do petróleo que
consumia]
Uma década de crise
• A crise que se instaura nas relações externas da
economia conflui com o esgotamento do modelo de
industrialização por substituição de importações [ISI].
• As importações que ainda podiam ser substituídas –
bens
de
capital
com
baixa
relação
produto/investimento - não seriam capazes de
alavancar o crescimento da economia em função
dos limites da demanda interna.
Uma década de crise
• Elevação das transferências de recursos para fora do pais,
induzindo processo de crise fiscal e inflação crônica.
• O país entra assim numa crise caracterizada pela
estagnação econômica, queda do PIB, forte inflação,
elevação da dívida externa e forte desemprego, que se
entende por toda a década.
• Em 1990 o PIB industrial volta ao nível de 1979. A
indústria de transformação tem redução de 6,4%. Os
setores de bens de capital e de consumo durável
produzem em 1990 menos do que em 1979. NE cresce
positivamente a partir de investimentos públicos e da
maturação dos investimentos da década anterior.
Uma década de crise
• A economia fluminense acompanha a crise
econômica do país, com uma dupla particularidade:
• - o ERJ, que cresceu a taxas inferiores à média
nacional nos anos de expansão, é bem mais afetado
que os demais estados durante a crise.
• É também o último estado a conseguir sair da crise,
já em 1995.
• A crise do RJ tem assim especificidades.
Uma década de crise
•
• É o estado que mais perde participação no PIB
nessa década.
• É um dos poucos estados que apresenta queda do
valor do PIB per capita [com baixo crescimento
demográfico]
• Permanece em crise quando a economia brasileira
inicia sua recuperação.
Uma década de crise
 PARTICIPAÇÃO REGIONAL NO PIB Brasil.












NO
NE
MG
ES
RJ
SP
PR
SC
RS
CO
1980
3,2
12,2
9,4
1,5
13,6
37,7
5,9
3,3
8,1
3,6
1985
4,1
13,7
9,5
1,7
11,6
35,8
6,2
3,3
7,9
3,7
1990
4,7
16,6
8,9
1,4
11,4
35,3
6,0
3,4
7,7
6,7
Uma década de crise
 EVOLUÇÃO DAS DIFERENÇAS REGIONAIS DE RENDA P/C

Região/estado
1980
1990

NO
65
73

NE
42
44

MG
84
86

ES
87
94

RJ
143
124

SP
193
172

PR
92
109

SC
109
121

RS
123
130

CO
67
81

Uma década de crise
• A crise do Rio de Janeiro.
As causas da crise ERJ:
• Dain: Indústria que se caracteriza por setores
tradicionais, que ficaram obsoletos. Dificuldade de
se apropriar de indústrias de ponta. Grande produtor
de bens salário numa fase de desemprego e retração
da renda.
• Natal: crise longeva. Crise societária que abrange a
economia , o empobrecimento da população e seu
“estiolamento “ moral.
Uma década de crise
• Em termos econômicos, perda de competitividade
industrial e desmantelamento de setores produtivos.
• Silva: forte dependência do setor Serviços.
Passagem de vários setores econômicos
esvaziamento relativo ao esvaziamento real.
do
Culminância de um longo processo de crise de sua
indústria e perda da capitalidade.
Sobral: dependência do mercado interno e perfil
desequilibrado da estrutura produtiva.
Uma década de crise
• Crise e Evolução setorial:
• Evidências estatísticas:
• Indústria de transformação
• Todos os setores da indústria de transformação
fluminense perdem importância relativa. A queda
mais expressiva e preocupante diz respeito à
produção de bens de capital e de consumo durável.
• Serviços:
• Principal queda de participação entre os setores. A
queda que não se limita à Administração pública.
Uma década de crise
• – Participação do ERJ na Renda do Brasil por
Setores: 1980-90 (em %)
•
•
•
•
•
Setores/Ano
Agropecuária
Indústria
Serviços
Total
1980 1985
2,0
1,4
11,9 11,8
18,2 13,9
13,2 12,4
1990
1,8
10,5
15,4
12,3
Uma década de crise
• Desestruturações setoriais.
• Desativação da Fábrica Nacional de Motores e
crise do setor de construção naval, um dos
mais importantes da economia fluminense.
• Causas: crise de financiamento [passagem do
Fundo da Marinha Mercante para o BNDE] e
dificuldades competitivas do setor [atraso
tecnológico e desrespeito aos prazos de
entrega.
Uma década de crise
 indústria
 BCND:
 BIs:
 BCD./B.C:
1980
1985 1996
11,2%
9,2% 9,2%
10,2%
10,6% 10,1%
10,4%
7,8% 3,2%
 A queda da produção de bens de capital e de bens
de consumo durável é a mais expressiva. Em
muitos ramos há queda da produção em termos
absolutos.
Uma década de crise
 Indústria fluminense: participação relativa.

 BCND:
 Alimentos
 Bebidas
 Têxtil
 Vestuário
 Mobiliário
 Editorial e Gráfica

1980
1985 1996
11,2%
9,2% 9,2%
6,9%
6,0% 4,06%
12,4%
8,5% 14,8%
7,8%
7,1% 3,9%
12,1% 12,6% 10,9%
7,1%
5,9% 3,0%
28,3% 27,9% 18,5%
Uma década de crise

1980 1985
 Editorial e Gráfica 28,3% 27,9%
 Diversas
12,8%
7,6%
 Farm./ Veterinários 28,2% 27,6%
 Perfum/sab/velas
16,3% 14,8%
 Couro/pele/calçados 8,9%
0,7%
1996
18,5%
13,8%
20,8
11,8%
2,8
Uma década de crise

1980
1985
 Bens Intermediários: 10,2% 10,6%
 Minerais NãoMetálicos
Metalúrgica Básica
 Produtos de Metal
 Derivados de Petr. e Álc.
 Outros Prod.Químicos
 Papel e Celulose
 Borracha
 Matérias Plásticas
9,6%
14,3%
9,0%
17,0%
12,2%
8,2%
5,3%
14,3%
6,8%
14,0%
9,0%
12,3%
11,6%
5,1%
5,9%
13,0%
1996
10,1%
7,5%
18,6%
9,3%
13,2%
8,8%
3,7%
9,9%
7,1%
Uma década de crise

1980 1985 1996
 BCD./B.Capital:
10,4% 7,8% 3,2%
 Mecânica
8,8% 6,5% 3,5%
 Máq. Escrit./Informática
- - - 0,2% 2,7%
 Equip. Méd./ Automação 16,3% 7,7% 8,2%
Material Elétr./Comunic.
8,4% 7,2% 3,8%
 Material Eletrônico
- - - 1,0% 0,4%
 Material de Transporte
13,9% 10,2% 3,3%
 Veículos Automotores
2,7% 1,1% 1,1%
 Outros Equip. Transp.
44,3 40,7% 23,4%
 Todos os Ramos
10,6% 9,5% 8,1%
Uma década de crise














- Peso relativo do Terciário Fluminense
Gêneros
1985
Comércio
10,7
Alojamento e Alimentação
17,0
Transportes e Armazenagem
14,5
Comunicações
26,9
Intermediação Financeira
17,4
Aluguéis
17,9
Administração Pública
18,4
Saúde e Educação Mercantis
12,3
Outros Serviços
27,1
Serviços Domésticos
16,5
1989
8,1
14,4
11,1
26,5
16,8
17,6
10,8
11,2
23,5
15,6
Uma década de crise
 A indústria fluminense permanece estagnada
entre 1990 e 1995 quando ocorre a
retomada da economia na maioria dos
estados do país.
 Interessante notar que algumas das principais
quedas de participação relativa ocorrem no período
1985-1996, quando a economia nacional está se
recuperando.
 Dificuldade de inserção na nova dinâmica produtiva
nacional.

Uma década de crise
•
•
•
•
•
•
• O Rio de Janeiro recebeu entretanto
importantes investimentos durante o II PND
Expansão da CSN e da REDUC,
Usina de Angra dos Reis,
I e II Plano de Construção Naval,
recuperação da RFF.
Criação da NUCLEP
Expansão da Casa da Moeda.
Implantação do setor de computação
Uma década de crise
• Esses investimentos não resistiram,
entretanto, ao segundo choque do petróleo.
 A crise da construção naval desarticulou a
cadeia produtiva. Passagem do FMM para o
BNDE redução dos recursos.
 Recusa do governo federal em criar, no Rio, o
quarto polo petroquímico nacional
 Redução dos investimentos públicos e privados.
• Dificuldades econômicas em importantes ramos
industriais.
•
Uma década de crise
 .
• O RJ perde:
• Porque deixa de ser um estado prioritário para o
governo federal. [mudança da capital]
• Porque é pouco expressivo nas exportações, na
produção agroindustrial e não tem fronteira mineral
a se explorar.
• Agravamento das deseconomias de aglomeração
•
Uma década de crise
• A percepção da crise:
• Passa-se da negação da crise da economia estadual para
sua “absolutização”: a crise de todas as crises, crise
societária, decadência industrial.
• As principais mudanças da inserção da economia
estadual no modelo nacional de crescimento não são
percebidas, com exceção da mudança da capital.
• Crise de longa duração e perda da capitalidade são
diagnósticos que não apresentam caminhos para a
retomada do crescimento econômico estadual
Uma década de crise
• Sugestões para análise.
1. Fragilização da inserção do RJ no modelo de ISI e crise
do modelo de industrialização.
A economia fluminense chega fragilizada à 1980.
Especializada na produção de bens intermediários após
o Plano de Metas. Com dificuldades de atrair
empreendimentos voltados à produção de bens de
capital e de consumo durável. Concorrenciada a partir
de 1970 pela produção de bens intermediários em
outros estados [em função da distribuição dos
recursos naturais e de decisões políticas sobre
localização de polos petroquímicos]. E tendo seu setor
de serviços enfraquecido pela transferência da capital.
Uma década de crise
• Em particular a perda da centralidade
logística, da proximidade ao governo federal e
da influência corporativa.
• O impacto da crise dos anos 80 aumenta essa
fragilidade. Estagnação, queda da renda e do
emprego e corte nos gastos públicos,
impactam fortemente a economia fluminense.
- empobrecimento da população e queda da
demanda por bens tradicionais.
Uma década de crise
•
- empobrecimento da população e queda da
demanda por bens tradicionais.
• - estagnação e queda da demanda por bens
intermediários.
• - fragilização de seu setor de bens de capital e
consumo durável, com a crise da construção
naval [quebra do financiamento público] e
desestruturação dos setores de mecânica,
material elétrico e comunicações e material
de transporte.
Uma década de crise
• Apenas um importante choque de produtividade e/ou
a atração de setores de ponta da economia, permitiria
a sua economia reverter seu processo de fragilização.
• A dificuldade de financiar internamente grandes
investimentos [endividamento das estatais] e de criar
rapidamente condições favoráveis à atração de
investimentos de ponta nos permite dizer que a
reversão de sua trajetória econômica dificilmente se
daria a partir de suas próprias forças.
• Necessitaria ser induzida por fatores externos a sua
economia.
Uma década de crise
• A crise da economia fluminense é mais duradoura
que a nacional: dificuldade de acompanhar o
crescimento pós 90 da economia nacional
[fragilização de sua inserção na divisão regional
do trabalho
e desestruturação de setores
produtivos.] e de inserção no novo padrão de
crescimento voltado para fora.
• Grande aspecto positivo: a expansão da extração
de petróleo, na qual o RJ se torna o maior
produtor nacional.
Uma década de crise
• Porque a crise não foi percebida antes?
• Pelo fato de ser a capital da república.
Transformação da cidade em estado da
Guanabara – percebia ao mesmo tempo
impostos estaduais e municipais.
• Taxas elevadas de crescimento da economia.
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