- Congresso Brasileiro de Meteorologia

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EFEITO DO CLIMA SOBRE A DENGUE NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE - PB
Nadja Maria Nascimento SOUSA1, Ewerton Cleudson de Sousa MELO2, Thábata Danielle
UCHÔA DA SILVA3, José Alberto Pontes de ARAÚJO4
Abstract
It was used of climatic data of average temperature, maximum temperature, minimum temperature,
relative humidity do air and precipitation, to determine the influence do climate on the average
annual variation no studied period (1996-00) do Dengue (Ae. Aegypti), na city of Campina Grande.
It was verified that the atmospheric conditions of the locality of Campina Grande, restrict the action
of the mosquito vector hindering it to transmit the virus of the Dengue; mainly when the Minimum
Temperature diminishes significantly; the monthly and seasonal influence of the Temperature of air,
was more significant on the incidence of Dengue. The incidence, for 10.000 of the Dengue in
Campina Grande, this incidence is diminishing clearly. The meteorological elements, considered in
this work, had contributed on the incidence of Dengue in Campina Grande in the 12% band 34%,
justifying that, beyond the meteorological conditions, others caused by nutricionals social
conditions exist, and of immunological defense of the human organism.
Resumo
Utilizou-se de dados climáticos de temperatura média, temperatura máxima, temperatura mínima,
umidade relativa do ar e precipitação, para determinar a influência do clima sobre a variação anual
média no período estudado (1996-00) do Dengue (Ae. Aegypti), na cidade de Campina Grande.
Verificou-se que as condições atmosféricas da localidade de Campina Grande, restringem a ação do
mosquito vetor impedindo-o de transmitir o vírus da Dengue; principalmente quando a Temperatura
Mínima diminui sensivelmente; a influência mensal e sazonal da Temperatura do ar, foi mais
significativa sobre a incidência de Dengue. A incidência, por 10.000 da Dengue em Campina
1
Aluna em Engenharia de Processos, Av. Aprígio Veloso, 882 - Bodocongó 58109.970 - Campina Grande - PB Fone:
(083) 310 1201 - Fax:(083) 310 1011
2
Aluno de Meteorologia da Universidade Federal de Campina Grande
3
Aluno de Biologia da Universidade Estadual da Paraíba
4
Aluno em Engenharia de Processos
Grande, esta incidência está diminuindo notoriamente. Os elementos meteorológicos, considerados
neste trabalho, contribuíram sobre a incidência de Dengue em Campina Grande na faixa de 12% a
34%, justificando que, além das condições meteorológicas, existem outras causadas por condições
nutricionais, sociais, e de defesa imunológica do organismo humano.
INTRODUÇÃO
A qualidade de vida em um País está diretamente relacionado com seu índice de
desenvolvimento, pois espera-se que em um país com boa qualidade de saúde, sua população seja
produtiva e próspera. No entanto, tal condição não é atingida sem um planejamento adequado para
combater e inibir o surgimento de possíveis doenças epidêmicas, ou até mesmo erradicá-las.
O desenvolvimento de doenças no ser humano, está relacionado a fatores externos ao
indivíduo em que a variação sazonal é importante no controle e vigilância de várias doenças, em
especial daquelas que dependem de vetores, cuja população, varia de acordo com as condições
climáticas relacionadas às estações do ano (Hipócrates século V a.C.). As variações cíclicas, de
caráter meteorológico, são variações irregulares que independem da estação do ano e interferem,
abruptamente, nas condições climáticas, favorecendo ou dificultando a manutenção do tamanho da
população (Bellusci, 1995).
A influência do clima na distribuição e abundância dos insetos na epidemiologia das
doenças por eles veiculados é bastante conhecida. Ae. aegypti tem ampla distribuição na região
tropical e subtropical limitada por isoterma do mês mais frio de 10oC (Glasser & Gomes, 2002).
Para atingir tal fim, necessita-se compreender como e sob quais condições ambientais, são
ótimas para o desenvolvimento destas, e por conseguinte, criar mecanismos de alerta e educação
para a população.
O objetivo deste trabalho é conduzir um estudo da influência dos elementos meteorológicos
sobre a incidência do dengue em Campina Grande.
MATERIAL E MÉTODOS
Descrição dos dados
Os dados utilizados foram originados das Instituições a seguir
Empresa Brasileira de Pesquisa do Algodão – EMBRAPA;
Instituto Nacional de Meteorologia – INMET;
Secretaria Municipal de Saúde;
Sistema Único de Saúde – SUS.
Métodos
Coeficientes de incidências mensais (C.It )
C.It 
Número de casos novos
 10 n
Populaçãoexposta ao risco
, (Rouquayrol, 1994)
Coeficiente de incidência mensal médio esperado (C.I.médt)
C.I.médt = Y
t
Coeficiente de incidência mensal máximo esperado (C.I.máxt )
C.I.máxt = C.I.médt + zSt
• Regressão Múltipla (Spiegel, 1998; Weisberg, 1980; Draper & Smith,1981; Helt, 1985 )
Coeficiente de determinação (R2), da regressão múltipla
Yi   0   1 X 1i   2 X 2 i  ...   p X pi  U i
Critérios utilizados
Critério para avaliar a contribuição de uma variável no modelo obtido pelo ajuste de regressão
múltipla (Maia, 2001), de acordo com Draper & Smith (1981), utilizando o método de “stepwise”
regression procedure para avaliar os elementos meteorológicos referentes à temperatura e umidade
relativa do ar, baseado em Saldanha (1999).
Valores críticos de temperatura e umidade relativa do ar, utilizando como referência, as normais
climatológicas dos últimos 30 anos, das duas localidades em estudo (1961-90).
Campina Grande
Alta Temperatura, T > 23,3 C; Tx >27,5 C;
Tn>19,2 C;
Baixa Temperatura, T< 23,3 C; Tx <27,5 C;
Tn<19,2 C
Alta Umidade,
Baixa Umidade
UR >82,7(%);
UR <82,7(%);
RESULTADOS E DISCUSSÃO
DENGUE
Dentro do período analisado, 1992-00, nos anos de 1992 a 1995 não foi registrado
nenhum caso do dengue na localidade estudada. Isto se deveu ao fato do mosquito vetor,
transmissor desse vírus, ainda não ter sido importado para esse município. Justifica-se dessa forma,
o fato do período estudado para essa patologia, constar apenas dos anos de 1996 a 2000, já que, o
período inicial de incidência do dengue neste município ocorreu ao mesmo tempo a partir de 1996.
Incidência Mensal do Dengue
As Figuras 1a e 3a, mostram o perfil do dengue nos Municípios de Campina Grande,
respectivamente, em médias mensais/10.000 habitantes para o período de 1996-00.
Na Figura 1a, observa-se claramente, que os meses de pico, em Campina Grande, ocorrem
principalmente nos meses de março a maio, período em que geralmente está ocorrendo a estação
chuvosa e as temperaturas médias mensais de T, Tx e Tn, ainda se encontram elevadas, conforme
pode ser visto pela be Figura 1b-f. O mês, considerado crítico, em que se verifica maior incidência é
abril com 4,10 casos/10.000 habitantes. A partir de maio, mês em que a temperatura de uma forma
geral começa a diminuir mais sensivelmente e, a umidade relativa do ar continua aumentando, o
número de casos notificados começa a declinar. Observam-se pequenas oscilações para mais ou
para menos até dezembro quando volta a crescer e prossegue até abril. Vale salientar, que nesta
localidade, só ocorreram casos do dengue no segundo semestre do ano, nos anos de 1998 e 1999,
período em que este local experimentou racionamento de água.
25,0
Temperatura Média ( C)
4,00
o
Coeficientes de incidência
de Dengue por 10.000
habitantes
4,50
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
24,0
23,0
22,0
21,0
20,0
19,0
0,00
jan fev mar abr mai jun
jul ago set out nov dez
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Meses
Meses
(a)
(b)
Temperatura Máxima ( oC )
o
Temperatura Mínima ( C)
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
22,0
21,5
21,0
20,5
20,0
19,5
19,0
18,5
18,0
17,5
17,0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
0,0
Meses
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Meses
(d)
(c)
82,0
120,0
Precipitação (mm)
Umidade Relativa (%)
80,0
78,0
76,0
74,0
72,0
70,0
68,0
66,0
fev mar abr mai
jun
jul
ago set
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
64,0
jan
100,0
out nov dez
jan fev marabr mai jun jul ago set out novdez
Meses
(e)
Meses
(f)
Fig. 1. Variação anual média no período estudado (1996-00) do dengue (a), temperatura média (b),
temperatura máxima (c), temperatura mínima (d), umidade relativa do ar (e) e precipitação
(f), para a localidade de Campina Grande.
A Figura 2 evidencia a faixa de incidência considerada normal para essa patologia, neste
município. Se todas as condições propiciatórias desta doença na população, forem mantidas
inalteradas, é de se esperar que, no futuro, no mês especificado, 95% dos coeficientes de incidência,
sejam menores ou iguais que o referido coeficiente. Ou seja, a incidência máxima aceitável como
normal (endêmico) para o mês de abril a partir de 2001, é de 15,93 casos/10.000 habitantes. Acima
deste valor, diz-se que foi atingido o estado de anormalidade (epidemia).
Coeficientes de Incidência por 10.000
habitantes
18,00
16,00
14,00
12,00
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
C.I.méd
Set
Out
Nov
Dez
C.I.máx
Fig.2. Incidência normal e incidência normal máxima esperada no período de 1996-00, do dengue
na localidade de Campina Grande.
CONCLUSÃO
As condições atmosféricas da localidade de Campina Grande restringem mais a ação
do mosquito vetor impedindo-o de transmitir o vírus da Dengue; principalmente quando a
Temperatura Mínima diminui mais sensivelmente.
A influência mensal e sazonal da Temperatura do ar foi bastante significativa sobre a
incidência de Dengue na localidade em estudo.
A incidência, por 10.000 habitantes, da Dengue é maior em João Pessoa, enquanto
que, da Meningite e Pneumonia, é maior em Campina Grande. Com exceção da Dengue em
Campina Grande estas incidências nos dois locais estão diminuindo sensivelmente.
Os elementos meteorológicos, considerados neste trabalho, contribuíram sobre a
incidência de Dengue em Campina Grande na faixa de 12% a 34%, justificando que, além das
condições meteorológicas, existem outras causadas por condições nutricionais, sociais, e de defesa
imunológica do organismo humano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELLUSCI, S.M. Epidemiologia. Série Apontamentos. São Paulo: SENAC São Paulo, 1995
ROUQUAYROL, M.Z. Epidemiologia e saúde. 4.ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 1994. p.540
SPIEGEL, M.R. Estatística. São Paulo-SP Mc Graw-Hill, 1998.580p.
WEISBERG, S. Applied Linear regression. New York: John Wiley and Sons, 1980.
DRAPER, N.R.; SMITH, H. Applied regression analyses. 2 ed. New York: John Wiley & Sons,
1981.709 p.
HELT, S.R. M.; BONFIM, M.N.C. MARTINS, R.C. Estatística em microcomputadores: uma nova
opção para os usuários do SPSS. Rio de Janeiro Livros Técnicos e Científicos, 1985. 163 p.
MAIA, C. E; MORAES, R. C.; OLIVEIRA, M. Classificação da Composição da água de Irrigação
usando Regressão Linear Múltipla. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 5,
n 1, pp 55-59, 2001.
SALDANHA, C. T.; SILVA A. M. C. Períodos Secos e Chuvosos e Asma em Crianças de 0 a 5
anos. PSMC/1999. Jornal de Pneumologia. Cuiabá _ MT, (supl.), 33p. abr.2001.
(Maia, 2001)
Saldanha (1999).
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