Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância Epidemiológica Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações Campanha Nacional de Vacinação para eliminação da Rubéola e ERC no Brasil, 2008. Perguntas e respostas Fevereiro 2008 A rubéola 1. O que é a rubéola? A rubéola é uma doença viral, exantemática, aguda e de alta contagiosidade, geralmente tem uma evolução benigna e raramente apresenta complicações. Entretanto, quando ocorre durante a gravidez é importante causa de abortos e anomalias congênitas graves, tais como: cegueira, surdez, problemas cardíacos, neurológicos e retardo mental. Neste caso, é a Síndrome da Rubéola Congênita, que ocorre quando a mulher grávida adquire a doença e transmite para o bebê por via intra-uterina. 2. Quais são as manifestações da rubéola? Exantema difuso que se inicia na face, couro cabeludo e pescoço espalhando-se depois para tronco e membros. Além disso, o doente apresenta febre baixa e gânglios aumentados, que surgem de cinco a dez dias antes do aparecimento do exantema. Alguns sintomas gripais, dor de cabeça, dores generalizadas, conjuntivite, coriza e tosse, podem estar presentes durante este mesmo período. Até 50% dos casos de rubéola são assintomáticos, mas podem contagiar outras pessoas susceptíveis e disseminar a infecção. 3. Qual é o modo de transmissão da rubéola? A rubéola é transmitida pelo contato com as secreções nasofaríngeas de pessoas infectadas. A infecção se produz por disseminação de gotículas ou pelo contato direto com os pacientes. Na Síndrome da Rubéola Congênita (SRC), a infecção é adquirida por via intra-uterina, de mãe para filho. 4. Qual é o período de incubação da rubéola? De 12 a 23 dias, durando em média 14 dias. 5. Qual é o período de transmissão do vírus da rubéola? As pessoas infectadas com o vírus da rubéola podem contagiar outras pessoas uma semana antes até uma semana depois do início de exantema. Síndrome da rubéola congênita 6. Que é a síndrome da rubéola congênita (SRC)? A rubéola é uma doença relativamente benigna em sua forma adquirida. No entanto, se o vírus infectar uma mulher grávida, provocará infecção e defeitos no feto, sobretudo quando se apresentar em etapas prematuras da gravidez. 7. Quais são as manifestações mais freqüentes do SRC? O maior o risco de malformações (90%) apresenta-se nas primeiras 11 semanas (principalmente surdez, catarata e problemas cardíacos) com 35% de crianças com surdez se a infecção se apresentar entre as 13 e 16 semanas de gestação. Entre as 16 e 20 semanas, a surdez é reportada como o principal defeito do SRC. 8. Por quanto tempo as crianças que nascem com o SRC podem transmitir o vírus? As crianças com o SRC podem transmitir o vírus e contagiar as outras pessoas até um ano após o nascimento. 9. Existe tratamento ou cura para o SRC? Não existe tratamento específico para o SRC. Estas crianças necessitam tratamento cirúrgico para corrigir suas malformações e também requerem de reabilitação. Esta enfermidade provoca graves seqüelas e incapacidade nas crianças afetadas. Situação epidemiológica 10. Desde quando e qual a quantidade de pessoas que apresentaram epidemias de rubéola? Antes da introdução da vacina nos programas de imunização, a rubéola mostrava surtos cada 3-6 anos. Essa ciclicidade foi mantida no Brasil durante a década dos 90, com um pico em 1997 e outro incremento em 1999-2000. Como resultado da vacinação na infância, foi reduzido à circulação do vírus de rubéola, mais a atualidade da susceptibilidade é para os grupos de idade fértil. No ano 2006 reportam-se um aumento no número de casos de rubéola. O surto foi mantido durante 2007. 11. Quais são os gastos que a SRC ocasiona à Saúde Pública? O custo de atender os casos do SRC é muito alto, devido à incapacidade que produz. Além disso, o controle das epidemias de rubéola provoca gastos importantes no sistema de saúde, estima-se que por R$1 que se investe em vacinação se economizam $R12 em tratamento medico dos casos de SRC, aproximadamente. 12. Qual é a situação da rubéola nas Américas? Depois da erradicação da varíola, a certificação da eliminação da poliomielite, e a eliminação da circulação endêmica do vírus do sarampo, a região das América estabeleceu a meta de eliminação da rubéola e SRC para o ano 2010 (Resolução CD44.R1, Setembro do 2003). No ano 2008, todos os países terão concluído as campanhas de vacinação contra a rubéola em adolescentes e adultos, pelo qual, a região avança rapidamente para a meta de eliminação de uma enfermidade que, como a rubéola congênita, provoca graves defeitos e se prevenir por vacinação. A campanha de vacinação 13. Qual é o objetivo da campanha nacional de vacinação do Brasil? Interromper a transmissão endêmica do vírus da rubéola mediante a realização de uma campanha nacional de vacinação que imunize as faixas de idade dos homens e das mulheres com maior nível de susceptibilidade à rubéola no Brasil. 14. Quando se realizará a Campanha Nacional de Vacinação no Brasil? A campanha inicia no dia 09 de agosto a 12 de setembro do ano de 2008. O dia central será em 30 de agosto do mesmo ano. 15. Quais são as pessoas que receberão a vacina? E qual o imunobiológico utilizado durante a campanha? A aplicação da vacina será indiscriminada nos homens e nas mulheres de 20 a 39 anos nas 27 unidades federadas do Brasil com vacina Dupla Viral (Sarampo e Rubéola), independentemente do antecedente de vacinação ou doença. Nos homens e nas mulheres de 12 a 19 anos, de cinco unidades federadas do Brasil (Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, utilizarão a vacina Tríplice Viral (Sarampo, Caxumba e Rubéola). 16. Qual a estimativa de pessoas vacinadas durante a campanha? A população alvo da campanha é de 67.747.114 pessoas. Está composta por 61.875.626 homens e mulheres de 20 a 39 anos de idade de todo o país e 5.871.488 pessoas de 12 a 19 anos de Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. A meta é conseguir coberturas de vacinação de 95% ou mais em todos os municípios do Brasil para os grupos alvo da campanha. 17. Onde se vacinarão as pessoas? Nos serviços de saúde públicos. Serão organizadas equipes de saúde que irão aos locais de trabalho, colégios, universidades, empresas, fábricas, supermercados, centros comerciais, igrejas, rodoviárias, terminais de ônibus e trens, parques e centros recreativos, entre outros. Numa segunda etapa se fará visita casa a casa para garantir que 100% da população seja vacinada. 18. Por que toda a população alvo deverá ser vacinada independentemente do estado vacinal anterior e/ou antecedente de ter tido a doença? Porque 5% das pessoas que já foram vacinadas não desenvolveram a imunidade. Uma dose adicional prevê outra oportunidade para alcançar o amparo requerido para a rubéola. Além disso, muitas doenças têm manifestações idênticas à rubéola, pelo qual o antecedente de enfermidade exantemática não indica que a pessoa teve rubéola. A vacina é muito segura e a pessoa vacinada sempre terá um benefício: se não estiver protegida ficará imunizada e se já está protegida, reforçará seu nível de imunidade, tanto para rubéola como para sarampo. 19. Por que é necessário alcançar coberturas de vacinação de 100%? Esta é uma campanha de eliminação, pela qual, é necessário vacinar 100% da população para que se possa impedir a circulação do vírus em todo o País. Seria um custo elevado realizar provas de laboratório para identificar quais pessoas não têm anticorpos contra a rubéola, ou seja, que ainda são suscetíveis à enfermidade. Por isso, é necessário realizar uma campanha de caráter indiscriminado. 20. Por que não está indicada a vacina contra a rubéola para os maiores de 40 anos? Estudos de soroprevalência demonstraram que as pessoas maiores de 40 anos já estão protegidas, pois adoeceram em algum momento de suas vidas. Por isso, não precisam ser vacinadas. 21. Mulheres que estão amamentando podem tomar a vacina contra rubéola? A recomendação para as mulheres gestantes, deve receber a vacina contra rubéola no pós-parto e, portanto as mulheres, no puerpério, que estão amamentando podem tomar a vacina. 22. Quem tomou a vacina há pouco tempo, (entre 4 e 5 anos), deve se vacinar na campanha ? Sim, deve ser vacinada porque a estratégia utilizada na campanha é de forma indiscriminada. 23. Quando o usuário não lembra se foi vacinado, e caso já tenha sido vacinado, uma outra dose pode ser aplicada se ele não possuir o cartão de vacinação? Na campanha, independente da história vacinal, ele deve ser vacinado, conforme a faixa etária indicada. Na rotina, poderá receber outra dose, caso não tenha comprovação do registro da dose recebida por meio do cartão (caderneta) de vacinação ou por registros da unidade de saúde que realizou a vacinação deste (cartão espelho/ cartão controle de sala de vacina/ prontuário do paciente e outros). Relembramos que é importante guardar consigo o cartão de vacinação. Ele é um documento de saúde. 24. Se o usuário estiver tomando algum tipo de medicamento (antibiótico) pode se vacinar contra rubéola? Sim. A contra indicação à vacina é orientada em caso de pessoas com antecedente de reação anafilática sistêmica após uso de neomicina ou dose prévia de vacina contra rubéola/sarampo. Entende-se por reação anafilática sistêmica a reação imediata (urticária generalizada, dificuldade respiratória, edema de glote, hipotensão ou choque) que se instala habitualmente na primeira hora após o estímulo do alérgeno. 25. Uma pessoa vacinada na infância pode manifestar a doença quando adulta? A eficácia da vacina contra rubéola é de aproximadamente 98% com a primeira dose. A proteção conferida pela vacina é duradoura, provavelmente para a vida toda. 26. Por que razão a vacina contra rubéola tem contra-indicação para adultos portadores de HIV e não tem para crianças portadoras? Para pessoas com enfermidades agudas graves a vacina contra rubéola é contraindicada. Indivíduos que estejam fazendo uso de drogas imunossupressoras por doença ou terapêutica recomenda-se adiar para depois de três meses após o tratamento. Pacientes com HIV - positivos assintomáticos de qualquer idade podem receber esta vacina, e para os pacientes sintomáticos deste agravo deve ser evitada em períodos de baixa imunidade, independente da idade. 27. E por que existe uma “limitação de idade”? Os calendários de vacinação recomendam a vacinação contra a rubéola para ambos os sexos, nas faixas etárias de 1 ano de idade a 49 anos para mulheres e 39 anos para homens. Ressaltando que a manutenção de coberturas vacinais altas e homogêneas nessas faixas etárias, principalmente na infância evitará provavelmente os suscetíveis ao risco de infecção em especial as mulheres em idade fértil e conseqüentemente os recém-nascidos contraírem a SRC. A Vacina 28. Qual vacina se aplicará durante a campanha? Na população de 20 a 39 anos de idade se administrará a Vacina Dupla Viral, composta por vírus atenuados da cepa Wistar RA 27/3 de rubéola e da cepa Edmonston Zagreb contra o sarampo. 29. Qual é a segurança e efetividade da vacina? A vacina contra a rubéola RA 27/3 se apresenta em forma monovalente ou combinada. A vacina RA 27/3 é muito segura e com uma efetividade maior que 95% em média. A resposta máxima de anticorpos se observa entre os 14 e 21 dias depois da vacinação e existem estudos que indicam que a imunidade se mantém por toda a vida. É uma vacina pré-certificada por organismos internacionais que cumpre todos os controles de qualidade e regulações nacionais. 30. Como se aplica a vacina? A vacina aplica-se por via subcutânea, na região do deltóide e na face ântero-lateral externa do antebraço. 31. A que temperatura se conserva a vacina? Para garantir sua efetividade deve-se mantê-la em condições adequadas de refrigeração e conservação (+2 a +8 ºC). Uma vez reconstituída deve-se administrar em um prazo máximo de 6 horas. 32. Que eventos poderia provocar a vacina contra a rubéola e sarampo (SR)? Os principais eventos adversos são: Febre e erupção cutânea leve (exantema) que surgem entre sete e dez dias depois da vacinação (cerca 5% das pessoas susceptíveis). Artralgias e artrites transitórias ocorrem mais frequentemente em mulheres adultas e se iniciam entre uma e três semanas após a vacinação, com duração de um dia a três semanas. As manifestações são leves e desaparecem em poucos dias. 33. Quais situações indicam o adiamento da vacinação? Pessoas com imunossupressão por doença ou terapêutica. Essa recomendação tem como justificativa a possibilidade de não ocorrer resposta imunogênica. Pacientes com enfermidades graves febris, justificando-se o adiamento para que seus sinais e sintomas não sejam atribuídos ou confundidos com possíveis eventos adversos relacionados à vacina. As mulheres grávidas devem receber a vacina contra rubéola após o parto. No entanto, a administração inadvertida durante a gestação não indica a interrupção da gravidez. 34. Se o usuário estiver tomando algum tipo de medicamento (antibiótico) pode se vacinar contra rubéola? Sim. A contra indicação à vacina é orientada em caso de pessoas com antecedente de reação anafilática sistêmica após uso de neomicina ou dose prévia de vacina contra rubéola/sarampo. Entende-se por reação anafilática sistêmica a reação imediata (urticária generalizada, dificuldade respiratória, edema de glote, hipotensão ou choque) que se instala habitualmente na primeira hora após o estímulo do alérgeno. 35. Uma pessoa vacinada na infância pode manifestar a doença quando adulta? A eficácia da vacina contra rubéola é de aproximadamente 98% com a primeira dose. A proteção conferida pela vacina é duradoura, provavelmente para a vida toda. 36. Por que razão a vacina contra rubéola tem contra-indicação para adultos portadores de HIV e não tem para crianças portadoras? Para pessoas com enfermidades agudas graves a vacina contra rubéola é contraindicada. Indivíduos que estejam fazendo uso de drogas imunossupressoras por doença ou terapêutica recomenda-se adiar para depois de três meses após o tratamento. Pacientes com HIV - positivos assintomáticos de qualquer idade podem receber esta vacina, e para os pacientes sintomáticos deste agravo deve ser evitada em períodos de baixa imunidade, independente da idade. 37. E por que existe uma “limitação de idade”? Os calendários de vacinação recomendam a vacinação contra a rubéola para ambos os sexos, nas faixas etárias de 1 ano de idade a 49 anos para mulheres e 39 anos para homens. Ressaltando que a manutenção de coberturas vacinais altas e homogêneas nessas faixas etárias, principalmente na infância evitará provavelmente os suscetíveis ao risco de infecção em especial as mulheres em idade fértil e conseqüentemente os recémnascidos contraírem a SRC. Vacinação e gestação 38. Existe algum risco de se vacinar uma mulher grávida contrair a rubéola? A evidência disponível atualmente, indica que não existe risco de SRC se a vacina contra a rubéola for aplicada em uma mulher grávida, ou antes, da concepção. Dados de seguimento atualizados em 2006 reportam que de 24.924 mulheres vacinadas inadvertidamente contra a rubéola durante as campanhas de vacinação da Região das Américas, não se identificou nenhum caso de SRC. 39. Por que não se recomenda vacinar as mulheres grávidas durante a campanha contra a rubéola? Embora fosse demonstrado que a vacina não tem efeitos teratogênicos no feto, durante a gravidez podem-se apresentar diversos eventos (abortos, natimorto, etc.) que são coincidentes com a vacinação. Por isso, é importante orientar e classificar esses casos para evitar que erroneamente se associem à vacina. Para a realização da campanha é necessário que seja elaborado um protocolo para seguimento de grávidas vacinadas inadvertidamente. O propósito desse acompanhamento é dar a informação apropriada e evitar que eventos coincidentes que ocorram durante a gestação sejam atribuídos à vacinação.