Aula Teórica - Vírus da Raiva

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Instituto de Ciências Básicas da Saúde
O vírus da raiva
Dra. Thais Fumaco Teixeira
Pós-doutoranda UFRGS
Definição
 A raiva é uma zoonose transmitida ao
homem principalmente pela
mordedura de um animal infectado.
Histórico
 A raiva é uma das doenças mais documentadas na
história. Acreditavam os antigos que era causada por
motivos sobrenaturais, pois cães e lobos pareciam
estar possuídos por entidades malignas.
Gravura medieval de um cão
rábico.
Caricatura do século XIX mostra o
pânico com um cão raivoso.
Histórico
 Na
obra
Ilíada,
Homero
referiu-se
a
raiva
quando
mencionou que Sírius, a estrela mais brilhante do cão da
constelação de Orion, exercia uma influência maligna sobre
a saúde das pessoas.
Histórico
 500 a.C. – Democritus: descreve pela
primeira vez a raiva canina.
 400 a.C. – Aristóteles mencionou “a
loucura dos cães”, mas acreditava que a
enfermidade não fosse transmitida ao
homem.
Histórico
Entre 1881 e 1885, Louis Pasteur desenvolveu o método de
passagem do vírus da raiva em coelhos que foi base para o
desenvolvimento da 1ª vacina contra raiva.
Pasteur e a raiva
Primeiro a desenvolver uma vacina anti-rábica.
A criação de coelhos de Pasteur, para produção
da vacina da raiva
Histórico
 2004 – Dr Rodney Willoughby (EUA):
“Protocolo de Milwaukee” – 1ª cura de
raiva humana no mundo.
 2008 – confirmado o 1º
caso de cura da raiva no
Brasil (Hospital Oswaldo Cruz,
Recife)
Classificação
 Ordem Mononegavirales
 Família Rhabdoviridae
 Gênero Lyssavirus
Microscopia eletrônica
do vírus
 RNA
Características
 Fita simples
 Polaridade negativa
 Simetria helicoidal
 Vírus envelopado
 Vírion em forma de bala de revolver
 75 nm de diâmetro
 100 – 300 nm de comprimento
Características
 Sensível a detergentes e solventes lipídicos;
 Resistência fora do hospedeiro é baixa;
 Inativado a 50 ºC por 15 min;
 Estável a 4 ºC;
 - 20 ºC se mantém por meses;
 -70 ºC viável indefinidamente.
Organização do genoma
 Nucleoproteína (N):
 mais conservada;
 está associada ao RNA viral;
 induz anticorpos neutralizantes.
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Organização do genoma
 Fosfoproteína (P):
 envolvida no transporte axonal dos vírus.
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Organização do genoma
 Proteína da matriz (M):
 preenche o espaço entre o ribonucleocapsideo e o
envelope;
 promove a montagem das partículas;
 exerce papel no brotamento dos novos virions.
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Organização do genoma
 Glicoproteína (G):
 adsorção e fusão;
 participa do processo de brotamento;
 indução de anticorpos neutralizantes.
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Organização do genoma
 RNA Polimerase (L):
 complementada por P/N
 transcreve o genoma.
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Replicação viral

1. ligação aos receptores;

2. endocitose;

3. liberação do nucleocapsídeo;

4. transcrição;

5. tradução;

6. produção de proteínas virais;

7. síntese de RNA complementar;

8. síntese de cópias genômicas;

9. nucleocapsídeo transportado
até membrana plasmática;

10. interação com as
glicoproteínas;

11. brotamento.
Variações antigênicas
 Considerado vírus estável;
 1980 variações antigênicas (ac. monoclonais);
 Vírus originário de diferentes sp. hospedeiras
naturais apresentam “variantes” com
características antigênicas particulares;
Variações antigênicas
 Variante estável (passagem em hospedeiro terminal não
modifica sua característica antigênica)
 Estudos de variantes antigênicas têm sido
complementados por análises genômicas;
 Identificação de variantes genotípicas.
Epidemiologia
Fonte: Instituto Pasteur - SP
Epidemiologia
Epidemiologia
 Brasil - Casos de raiva humana por espécie agressora 1986 a 2015.
Epidemiologia
 Brasil- Casos de raiva humana por regiões de 1990 a 2015.
Patogenia
 Período de incubação variável
Patogenia
 Forma furiosa: caninos
 Alteração de comportamento;
 Agressividade;
 Fotofobia;
 Salivação.
Patogenia
 Forma paralítica: bovinos
 Dificuldade de deglutição;
 Paralisia muscular.
Diagnóstico (em animais)
 Tecido de eleição: encéfalo (cerebelo, córtex e cornos de
amon);
 animais pequenos: inteiros (morcegos)
1 ª metade do sec. 20:
corpúsculos de Negri;
1958 – IFD
Diagnóstico (em animais)
 Confirmação biológica
 Sinais neurológicos e morte (8 e 23 dias p.i.)
 Substituição dos camundongos por cultivo celular.
Diagnóstico (em humanos)
 Pacientes com encefalopatia desconhecida ou
sempre que houver suspeita clínica da doença.
 Diagnóstico in vivo pode ser por IFD
 Saliva;
 Impressão de córnea.
 Biópsia de folículo piloso
 Isolamento viral
 Saliva

inoculação em camundongos

cultivo de células
Prevenção e Controle
 Vacinação de hospedeiros e controle de reservatórios.
 Ciclo urbano:
 Vacinação de caninos e felinos;
 Captura de cães errantes.
 Importância das ações de vigilância epidemiológica
 Onde a raiva está controlada

Exame anual de 0,2% da população canina total do município
Prevenção e Controle
 Nos herbívoros:
 Vacinação de animais em áreas endêmicas
 Controle das populações de morcegos hematófagos

Pasta contendo substância anticoagulante
 Animais Selvagens
 Vacinas em iscas
Profilaxia (pré-exposição)
 Objetivo: alcançar níveis consideráveis de
anticorpos protetores antes da exposição;
 Vacinação indicada para indivíduos
permanentemente expostos ao risco;
 Controle sorológico deve ser anual.
Profilaxia (pós-exposição)
 Limpeza do ferimento com água e sabão;
 Não é recomendada a sutura dos ferimentos;
 Vacinação é prioritária e deve ser iniciada o mais
precocemente possível;
 Em casos graves: soro + vacina.
 Raiva já estabelecida não há tratamento específico
 Terapia de suporte
Obrigada!
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