RESUMO DE TERMODINÂMICA DA ATMOSFERA 1. INTRODUÇÃO A “termodinâmica da atmosfera” estuda os fenômenos atmosféricos sob o ponto de vista da Transformação de energia: Cinética (relacionada com a velocidade) Potencial (relacionada com a altitude) de uma parcela” de ar “Térmica” (energia interna) por processos de deslocamento (vertical) e processos de aquecimento/esfriamento: condução térmica radiação mistura turbulenta liberação de calor latente (mudanças de fase da água) Aplica os conceitos da Termodinâmica Clássica a um “gás” Na verdade, uma “mistura” de gases (N2, O2, Ar, outros, vapor) e, eventualmente, de água líquida (goticulas de nuvem e gotas de chuva) de gelo (cristais, granizo, “gaupels”, neve, e outras categorias) Com algumas simplificações (num primeiro momento): considera “gás perfeito” desconsidera gases traço considera a “parcela” isolada de seu “ambiente” não troca “massa” com o ambiente (mt constante) não troca “calor” com o ambiente (processos adiabáticos) OBS.: Algumas dessas “simplificações” são abandonadas ao longo do estudo Variáveis do “estado” (termodinâmico) de uma parcela : p V mt = md + mv + ml + mi T OBS.: md mNitrogênio + mOxigênio , e constante até ~ 80 Km mv , ml , mi altamente variável definindo “razão de mistura” rv 10-20 g/kg rl ri 1 g/kg rv , l , i mv , l , i md DOIS importantes conceitos da Termodinâmica Clássica são usados no estudo da atmosfera: Equação de Estado de um GÁS IDEAL (Leis de Charles e de Boyle) pV mRT onde “R” é a constante do gás 1ª. Lei da Termodinâmica (Principio da conservação de energia) Q W U U Q W 2. EQUAÇÃO DE ESTADO DO GÁS IDEAL outras formas da equação de estado do gás perfeito: V volume específico : m densidade: no. m V de moles : m n M p RT p RT pV nR*T onde, M - massa molar R* - constante universal dos gases Diagrama Termodinâmico representa graficamente o estado (termodinâmico) do sistema e transformações que passa esse sistema Ex.: diagrama “ x p” - para cada T constante (processo isotérmico), Diagrama "Pressao X Vol. Espec." uma curva dada por 1100 onde a constante K = R T 900 Pressao (hPa) p K 1 1000 800 700 T = - 60 C T = -30 C T=0C T = 30 C T = 60 C 600 500 400 300 200 100 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4 Volume Especifico (m3/Kg) 2.6 2.8 3.0 Equação de estado para o ar atmosférico mistura de gases (mi) Lei de Dalton p pi pd pv pd e • a Eq. de Estado vale para componente : ou onde pd d RdT Rd R Md * Md mi mi M e pii RiT e v RvT Rv R * Mv Mv=18.016 i Sugestão de exercícios : Calcular Md; prob. 3.1 e 3.19 do Wallace e Hobbs Equação de Estado para o ar úmido: p RT onde R é variável, dependendo da quantidade de vapor p RdTv ou : onde a “temperatura virtual” Tv é dada por: T Rd Mv Tv , onde 0.622 e Rv Md 1 (1 ) p Sugestão de exercício: deduzir a expressão de Tv 3. A primeira Lei da Termodinâmica para m = 1 Kg du dq dw o trabalho é dado por: dw pd Então, a 1a. Lei pode ser reescrita como: dq du pd A Lei de Joule : u f (T ) Definindo os “calores específicos”: dq cp dT p e dq cv dT v A 1a Lei pode ser reescrita como: dq cv dT pd e, como c p cv R dq c p dT dp Obs.: “cvdT” é energia interna (específica) e “pd” é trabalho (específico), MAS o que é “cpdT” e “dp” ? processo adiabático : dq = 0 RT dT R dp 0 c p dT dp p T cp p T T dT T p0 p R dp cp p “temperatura potencial” p0 T p R cp onde a pressão de referência p0 = 1000 hPa e R/cp Rd/cpd = 0.286 “em um processo adiabático (sem mudança de fase) a temperatura potencial se conserva” transformação adiabática no diagrama “ x p ” : como = ( T , p ), e T = T ( , p ), = ( , p ), então processos adiabáticos ( constantes ) podem ser representados do diagrama “ x p ” alem disso, para um processo adiabático Diagrama "Pressao X Vol. Espec." const. , onde , cp cv 1.4 Pressao (hPa) p 1100 T = - 60 C 1000 T = -30 C 900 T= 0C 800 T = 30 C 700 T = 60 C 600 Theta = - 60 C 500 Theta = - 30 C 400 Theta = 0 C 300 Theta = 30 C 200 Theta = 60 C 100 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4 Volume Especifico (m3/Kg) 2.6 2.8 3.0 Exercício: Provar a relação acima, e deduzir uma expressão para a “const.” em função de . Dica.: A partir da eq. de Poisson, substituir T usando a eq. de estado 4. Mudanças de fase da água na atmosfera variáveis que quantificam o vapor d água na atmosfera: razão de mistura de vapor : mv massa de vapor rv md massa de ar seco umidade específica : mv massa de vapor q m massa total Sugestão de exercícios: - deduzir a relação entre a razão de mistura de vapor e a umidade específica. - encontrar a relação entre pressão parcial de vapor e a razão de mistura de vapor saturação e razão de mistura de saturação EXPERIÊNCIA : mantidos “p” e “T” constantes, observa-se t=0 t t = t1 ar seco md const. mv = 0 e=0 água ar umido ar saturado md const. mv 0 e0 md const. mv = ms e = es água água A Equação de Clausius-Clapeyron Lv es T 6.11 exp Rv [es] hPa, [T] K es f (T ) 1 1 273 T Uma fórmula mais precisa da Equação de Clausius-Clapeyron Bolton, 1980: The computation of equivalent potential temperature, Monthly Weather Review, 108, 1046-1053 : 17.67T es T 6.11 exp T 243.5 [es] hPa, [T] C ou, invertendo: T es 243.5 ln es 440.8 19.48 ln es OBS.: pode-se calcular “e” com a mesma equação, substituindo T por TD, já que “ e es(TD) “. A figura abaixo (WH) mostra “es” e “esi” em função de T Sugestão: Fazer os exercícios 2.25 e 3.52 do WH razão de mistura de saturação: Como es= es(T), pela equação de estado: ms f (T , p) Define-se, então: ms massa de vapor de saturação em " p" e " T" rs md massa de ar seco linhas de rs no diagrama “ x p ” : como rs = rs ( T , p ), e T = T ( , p ), rs = rs ( , p ), Então, linhas de rs constantes podem ser representadas no diagrama “ x p ” Umidade Relativa e r razão de mistura real UR 100% 100% es rs razão de mistura de saturação Temperatura do ponto de orvalho “TD” : - suponha que uma parcela com “p”, “T” e “rv rs” (portanto, UR<100 %), seja esfriada isobaricamente -nesse processo (T), rs e, como rv é constante, UR. -quando UR atingir 100 %, T TD -(se calor continua a ser perdido, forma-se orvalho) - (se TD 0 C, forma-se geada) Nível de Condensação por Levantamento (NCL) : - suponha que uma parcela com “p”, “T”, e “rv rs” (portanto, UR<100 %), suba para níveis mais altos na atmosfera, esfriando por expansão adiabática -nesse processo (T), rs e, como rv é constante, UR. -quando UR atingir 100 %, a parcela atingiu o NCL OBS.: se a parcela (T) continuar a subir (diminuir), forma-se a nuvem, portanto o NCL representa o nível da base das nuvens convectivas (cumulus de bom tempo) Temperatura do bulbo úmido “TW” : Considere um termômetro de bulbo úmido - suponha que uma parcela com “p”, “T” e “rv rs” (portanto, UR<100 %), seja esfriada isobaricamente, porem, o calor retirado da parcela seja utilizado para evaporar água líquida (rv não fica constante) - nesse processo (T e rv ) rs e, como rv, UR. - quando UR atingir 100 %, T TW Obs.: TD TW T ( o sinal “=” é para a parcela saturada) processo adiabático saturado e pseudo-diabático • quando uma parcela não saturada sobre, esfria adiabaticamente ( cte) e sua razão de mistura também se mantém constante, até o NCL, quando o ar satura; • se continuar subindo, como está saturada, irá condensar vapor, o que libera calor latente para a parcela, a uma taxa de: dq Lv drs assim, a taxa de esfriamento de um processo adiabático “ “seco” (sem mudança de fase), é maior que para um processo adiabático saturado SE a massa de água condensada permanece na parcela (e o calor liberado também), esse processo é chamado de processo adiabático saturado SE o produto condensado sair imediatamente da parcela (mas o calor permanecer), esse processo é chamado de processo pseudo-adiabático Temperatura Potencial Equivalente ( e ) A 1ª. Lei da Termod., para um processo pseudo-adiabático é: dq drs dT dp Lv cp R T T T p Da equação da temperatura potencial (eq. de Poisson) pode-se mostrar que: d dT dp cp cp R T p Portanto: Lv rs Lv drs d cp T c T p d Integrando-se essa equação, desde o NCL, onde T TNCL rs rv e rs 0 T até onde nesse ponto, adquire um valor que é chamado de “temperatura potencial equivalente”. Assim, e NCL d 0 rv TNCL Lv rs d c T p Lv rv e exp c T p NCL Uma equação mais precisa para a Temperatura Potencial Equivalente [Bolton] Lv = f(T) 2.67rv e exp TNCL onde rv . g / Kg e TNCL K • Em um diagrama termodinâmico, uma linha de e constante representa um processo pseudo-adiabático, que começa (passa por) no NCL Temperatura Potencial Equivalente Saturada ( es ) Supondo que uma parcela estivesse saturada (ela não está), no diagrama termodinâmico pode-se definir uma linha de um processo pseudo-adiabático que passa pelo ponto (T,p). Essa linha é então definida como es , e seu calculo é feito com a mesma expressão de e: , es 2.67rs exp T