Modelo Clínico da Dor na Musculatura Mastigatória

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Rio de Janeiro, 20 de junho de 2011
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Faculdade de Odontologia
Desordens
Funcionais dos
Músculos
Mastigatórios
Seminário de Oclusão II
Alunas: Áquila Santos, Juliana Ferreira, Lilian Lessa,
Monique Rocha, Nathália Almeida, Thais Miranda,
Thayane Barcelos
Índice
Introdução
3
Dor
3
Disfunção
4
Modelo Clínico da Dor na Musculatura Mastigatória
4
Co-contração Protetora
6
Sensibilidade Dolorosa Muscular Local
7
Efeitos do Sistema Nervoso Central na Dor Muscular
8
Mioespasmo
9
Dor Muscular Crônica
9
Fatores Perpetuantes
10
Desordens Miálgicas Regionais
 Dor Miofascial
11
Mialgia Centralmente Mediada
13
Desordens Miálgicas Sistemas Crônicas
14
Bibliografia
15
2
Introdução
O estudo dos sinais e sintomas das disfunção mastigatória é dividido em grupos
conforme as estruturas afetadas como os músculos, articulações temporomandibulares e
a dentição. Juntamente com os sinais e sintomas de cada um estão os fatores etiológicos
que podem originar ou cooperar com a desordem.
Sinal é um achado clínico objetivo, descoberto durante o exame clínico. Sintoma
é uma descrição feita pelo paciente da sua percepção do problema. A identificação clara
dos sinais e sintomas durante a avaliação de um paciente é de extrema importância. O
conhecimento preciso dos sinais e sintomas de cada desordem pelo profissional evitará
que os sinais subclínicos ao paciente passem despercebidos.
Dor
A queixa predominante dos pacientes que buscam tratamento odontológico é a
dor, sendo as desordens funcionais musculares secundárias às odontalgias, com relação
a freqüência. A dor muscular pode variar de um leve sensibilidade à um desconforto
extremo. A dor sentida na musculatura é denominada mialgia. Essa dor pode ocorrer a
partir de diferentes estágios de uso muscular. Os sintomas estão associados à uma
sensação de fadiga e tensão muscular.
A origem da dor ainda é um assunto discutível mas para alguns autores há uma
ligação com a liberação de substâncias alógenas, como prostaglandinas e bradicininas,
quando ocorre vasoconstrição de artérias e acúmulo de subprodutos metabólicos dentro
da área isquêmica do músculo.
A dor muscular, todavia, é muito mais complexa que um simples uso exagerado
ou fadiga. Em sua maioria, a dor muscular associada a maior parte das DTMs parece não
estar tão correlacionada com o aumento da atividade. Há hipótese de uma grande
influência por mecanismo centrais na intensidade da dor.
A gravidade da dor está intimamente ligada com a atividade funcional do
músculo envolvido. Por isso, geralmente os pacientes descrevem que a dor afeta as
atividades funcionais. Contudo quando há relato de dor durante a mastigação ou fala
não significa que a origem da desordem são as mesmas. Ao contrário, elas aumentam a
consciência do paciente quanto à desordem. Possivelmente algum tipo de atividade ou
algum efeito do SNC tenham levado à dor muscular, desta forma, direcionar o
3
tratamento para a atividade funcional não será apropriado; preferivelmente, o
tratamento deve visar a diminuição da hiperatividade muscular ou efeitos do SNC.
O clínico deve atentar que a dor miogênica é um tipo profunda e, se ela se tornar
constante, pode produzir efeitos excitatórios centrais. Esses efeitos podem se
apresentar como efeitos sensoriais (ex. dor referida), efeitos eferentes (ex. efeitos
musculares) ou até efeitos autonômicos. Outro sintoma comum associado às dores dos
músculos mastigatórios é a dor de cabeça.
Disfunção
A disfunção é um sintoma clínico comum associado às desordens da
musculatura mastigatória. Geralmente é caracterizada pela diminuição na amplitude
dos movimentos. Quando os tecidos musculares estiverem comprometidos pelo excesso
de uso, qualquer contração ou estiramento aumenta a dor. Portanto, para manter o
conforto, o paciente restringe os movimentos dentro de uma amplitude que não cause o
aumento do nível de dor. Clinicamente se apresenta como uma dificuldade de abrir a
boca amplamente.
A má oclusão aguda é outro tipo de disfunção. Ela refere-se a qualquer mudança
repentina na posição oclusal que tenha sido criada por uma desordem. Uma mudança
repentina no comprimento de repouso de um músculo que controla a posição
mandibular pode causar essa disfunção. Quando isto ocorre, o paciente descreve uma
mudança no contato oclusal dos dentes. A posição mandibular e a alteração das relações
oclusais resultantes dependem dos músculos envolvidos. Desta forma o tratamento
nunca deve ser direcionado a correção da má oclusão, ao contrário, deve ter como
objetivo a eliminação da desordem muscular. Quando devidamente corrigida, a
condição oclusal voltará ao normal.
Todas as desordens da musculatura mastigatória são diferentes clinicamente.
Com isso, distingui-las é importante para o correto direcionamento do tratamento
específico à cada desordem. Os seis tipos são co-contração protetora, sensibilidade dolorosa
muscular local, dor miofascial, mioespasmo e mialgia crônica mediada centralmente e fibromialgia.
Modelo Clínico da Dor na Musculatura Mastigatória
O início das dores miofaciais está relacionado com a fadiga da musculatura
mastigatória.
Na
dor
da musculatura
mastigatória,
a sobrecarga
(hábitos
parafuncionais, apertamento), microtrauma ou inflamação local dos músculos
4
promovem a liberação de neurotransmissores que sensibiliza o sistema nervoso
periférico e central.
Em conjunto com mecanismos reguladores da dor alterados (também
influenciado por hormônios femininos), tal sensibilização pode levar à dor muscular
localizada ou difusa. Nossos músculos da mastigação trabalham enquanto comemos,
deglutimos, conversamos, rimos, e em outras situações cotidianas restritas,a fadiga
acontece quando sobrecarregamos nossos músculos, fazendo-os trabalhar de forma
errada ou nos períodos em que deviam descansar, por exemplo: pessoas que mastigam
apenas de um lado, pessoas que mascam o dia inteiro (chicletes, pontas de caneta, lápis,
palitos, ou outros objetos), indivíduos com bruxismo (ranger de dentes, geralmente
durante o sono).
Mesmo com todas essas formas de sobrecarga muscular, as crises dolorosas
quase sempre apresentam como fator desencadeante o estresse emocional. A dor de
origem muscular geralmente é referida como difusa, acometendo áreas extensas da face
e cabeça, ás vezes como sensações de queimação, peso, latejamento, tensionamento e
pontadas,essa é evidente na palpação da musculatura, que muitas vezes apresenta
nódulos dolorosos de tensão muscular (pontos de gatilho), ocorre também dificuldade
de abertura bucal, sensação de fraqueza muscular, e irradiação da dor para outras áreas
da face e cabeça.
Essas dores podem ser erroneamente confundidas e tratadas como cefaléias,
enxaquecas, ou dores de ouvido, sendo também frequentemente diagnosticadas de
forma equivocada como problemas relacionados às articulações temporomandibulares
(ATMs).
A artralgia da ATM pode ser resultado de traumas ou de sobrecargas intrínsecas
e extrínsecas da articulação, podendo ultrapassar a capacidade adaptativa dos tecidos
articulares. Alternativamente, a capacidade adaptativa da ATM pode ser reduzida pelos
fatores intrínsecos assim como a diminuição de aporte sanguíneo e nutrição, a
produção de radicais livres, neuropeptídeos proinflamatórios e nociceptivos, enzimas,
proteínas morfogenéticas ósseas, e fatores de crescimento levam à inflamação, dor, e
mudanças teciduais progressivas.
O modelo de dor na musculatura mastigatória começa mostrando que os
músculos da mastigação
estão saudáveis e funcionando normalmente. A função
muscular normal pode ser interrompida por certos eventos, se um desses é significante
ocorre uma resposta muscular chamada de co-contração protetora,que na maioria dos
5
casos se soluciona rapidamente, no entanto, se a co-contração for prolongada podem
ocorrer mudanças bioquímicas e estruturais locais, gerando uma situação conhecida
como sensibilidade dolorosa muscular local.
Se essa não se resolver rapidamente pode se desenvolver mudanças nos tecidos
musculares, levando a um estímulo de dor prolongado, que pode afetar o SNC
resultando em certas respostas musculares. Como exemplos de desordens musculares
influenciadas pelo SNC, podemos citar a dor miofascial e o mioespasmo. Se as
desordens miálgicas agudas não forem devidamente controladas, certas
situações
perpetuantes podem levar a uma desordem miálgica mais crônica fazendo com que o
SNC contribua mais para manter tal condição, sendo essa
assim referida como
mialgia centralmente mediada. Apesar de não ser primariamente uma desordem
mastigatória a fibromialgia é uma condição álgica músculo-esquelética generalizada e
global.
O modelo abaixo irá detalhar a relação entre as várias desordens de dores
musculares:
Co-contração Protetora
A primeira resposta dos músculos mastigatórios a um evento é a co-contração
protetora. Esta é uma resposta do SNC a injúrias ou ameaças de injúrias e é também
chamada de contratura muscular protetora.
Na iminência de uma injúria, a sequência normal da atividade muscular parece
ser alterada para proteger a parte ameaçada de mais injúria. Em presença de estímulos
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sensoriais alterados ou dor, grupos de músculos antagonistas parecem se contrair
durante o movimento, na tentativa de proteger a parte traumatizada.
A co-contração protetora não é uma condição patológica, embora, quando
prolongada, possa levar a sintomas musculares.
A etiologia da co-contração protetora pode ser qualquer mudança no estímulo
sensorial ou proprioceptivo das estruturas associadas. No sistema mastigatório, pode-se
citar a cimentação de uma coroa alta. A co-contração protetora pode também ser
causada por qualquer fonte de estímulo de dor profunda ou um aumento de estresse
emocional.
A co-contração é relatada clinicamente como uma sensação de fraqueza
muscular diretamente após algum evento. Assim sendo, a história pregressa é muito
importante. Não há dor relatada quando o músculo está em repouso, mas o uso do
músculo aumenta a dor. O paciente frequentemente apresenta limitação de abertura de
boca, mas, ao tentar-se abrir a boca vagarosamente, a abertura completa pode ser
conseguida. Se a co-contração protetora continua por muitas horasou dias, o tecido
muscular pode ficar comprometido e pode-se desenvolver um problema muscular local.
Sensibilidade Dolorosa Muscular Local
A sensibilidade dolorosa muscular local é uma desordem de dor miogênica
primária, não-inflamatória. É a primeira resposta do tecido muscular a uma cocontração prolongada. Sendo esta uma resposta muscular induzida pelo SNC, a
sensibilidade dolorosa muscular local representa uma condição caracterizada por
mudanças no ambiente local dos tecidos musculares. Estas mudanças são
caracterizadas pela liberação de certas substâncias algogênicas que causam dor, o que
pode representar a fadiga. Além da co-contração prolongada, o trauma local e o uso
excessivo do músculo também podem causar sensibilidade dolorosa muscular focal. Se
este último fator fôr a causa do problema, pode haver demora para o início da
sensibilidade muscular. Este tipo de sensibilidade dolorosa muscular local é geralmente
denominada sensibilidade muscular de início tardio ou sensibilidade muscular pósexercício.
Sendo a sensibilidade dolorosa muscular local uma fonte de dor profunda, um
importante evento clínico pode ocorrer. Dor profunda gerada pela sensibilidade
muscular pode produzir uma co-contração protetora adicional. Esta, por sua vez, pode
produzir mais sensibilidade muscular e assim por diante, gerando uma dor muscular
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cíclica. Como exemplo, podemos citar o bloqueio do nervo alveolar inferior. Por algum
motivo, este pode traumatizar e causar uma sensibilidade dolorosa muscular local no
músculo pterigóideo medial.
A dor associada à sensibilidade produz co-contração protetora. Como esta
condição pode levar à sensibilidade muscular, o ciclo se inicia. Durante este ciclo, o
dano tecidual produzido pela injeção melhora e após a reparação tecidual completa, a
fonte original de dor é eliminada. Entretanto, o paciente pode continuar a sofrer de
desordem de dor muscular cíclica. Esta condição é um achado clínico extremamente
comum, e quando não identificada leva a um controle incorreto do paciente.
Sensibilidade dolorosa muscular local se apresenta clinicamente com os
músculos sensíveis à palpação e revela um aumento de dor com a função. A disfunção
estrutural é comum e quando os músculos elevadores estão envolvidos, ocorre limitação
de abertura de boca. Diferentemente da co-contração protetora, o paciente tem muita
dificuldade de abrir a boca além deste limite. Com a sensibilidade dolorosa muscular
local há uma verdadeira fraqueza muscular que volta ao normal quando a contratura
muscular é resolvida.
Efeitos do Sistema Nervoso Central na Dor Muscular
Descrever dor muscular com origem predominantemente nos tecidos musculares
é algo relativamente simples. No entanto, há casos em que a atividade no SNC pode ser
a origem da dor muscular ou influenciar nessa. Nestes casos, a dor muscular pode se
tornar muito mais complexa.
A causa para isso pode ser secundária a um estímulo de dor profunda ou de
estímulos sensoriais alterados quanto surgir influências centrais, como o mecanismo de
super sensibilização do sistema nervoso autônomo (Ex: estresse emocional). Isto ocorre
quando uma alteração dentro do SNC excita neurônios sensoriais periféricos (aferentes
primários), criando a liberação antidrômica de substancias algogênicas nos tecidos
periféricos resultando em dor muscular (Ex: Inflamação neurogênica). Estes efeitos
excitatórios centrais podem também levar a efeitos motores (eferentes primários),
resultando num aumento da tonicidade muscular (co-contração).
É importante que o clínico saiba reconhecer quando a dor muscular tem origem
central para adotar os procedimentos terapêuticos adequados ao caso. O SNC responde
desta maneira secundariamente a um dos três fatores: (1) A presença de um estímulo de
dor profunda já existente, (2) Níveis elevados de estresse emocional, (3) mudanças no
8
sistema descendente inibidor que leva a uma diminuição da capacidade de responder ao
estímulo aferente, seja ele nociceptivo ou não.
As desordens de dor muscular centralmente mediadas serão discutidas nos
tópicos seguintes.
Mioespasmo (Mialgia de Contração)
É uma contração tônica muscular involuntária induzida pelo SNC,
frequentemente associada com condições metabólicas locais dentro dos tecidos
musculares. Os mioespasmos geralmente são curtos, durando somente alguns minutos
por vez. Eles são a mesma coisa que uma câimbra aguda em um músculo da perna.
Algumas vezes essas contrações podem se tornar repetitivas com o tempo. Quando elas
são repetitivas podem ser classificadas como distonia. Acredita-se que condições
distonicas estão relacionadas a mecanismos do SNC e precisam ser tratadas de modo
diferente do espasmo verdadeiro.
A etiologia dos mioespasmos não tem sido bem documentada. É provável que
muitos fatores se combinem para promover o mioespasmo. Condições musculares locais
(como fadiga, mudanças no equilíbrio eletrolítico normal) certamente parecem criar
mioespasmos. Estímulos de dor profunda também podem causar miespasmos.
Clinicamente, observa-se que o mioespasmo produz uma disfunção estrutural.
Como um músculo em espasmo é contraído, grandes alterações na posição mandibular
ocorrem de acordo com o músculo ou os músculos em espasmo. Essas mudanças de
posição criam certas maloclusões agudas. Mioespasmos também são caracterizados por
enrijecimento muscular, como se nota à palpação.
Dor Muscular Crônica
As desordens miálgicas são comumente vistas na prática odontológica e
normalmente representam problemas de curta duração. Entretanto, quando a dor
miogênica persiste, desordens de dor crônica geralmente podem se desenvolver.
Com a cronicidade, as desordens de dor miogênica se tornam ainda mais
influenciadas pelo SNC, resultando em uma dor mais regional, ás vezes, em condição de
dor global.
A dor, como regra, é considerada crônica, quando está presente a pelo menos seis
meses ou mais. A duração da dor, entretanto, não deve ser considerada o fator mais
importante na determinação da cronicidade. O fator adicional que deve ser considerado
9
para cronicidade é a continuidade da dor. Quando a experiência de dor é constante, sem
períodos de alívio, as manifestações clínicas de cronicidade se desenvolvem
rapidamente. Por outro lado se a dor é interrompida por períodos de remissão (sem
dor), a condição pode nunca se tornar crônica.
O dentista deve reconhecer que conforme as queixas de mialgia progridem de
uma desordem aguda para crônica, a eficácia do tratamento local é normalmente
reduzida. Desordens de dor crônica, na maior parte das vezes, devem ser controladas
por meio de uma abordagem multidisciplinar.
Fatores Perpetuantes
Fatores perpetuantes são fatores, que quando presentes podem prolongar a
condição de dor muscular. Estes fatores podem ser divididos em fatores perpetuantes de
fontes locais e de fontes sistêmicas.
Fatores perpetuantes locais são aqueles que podem ser responsáveis pela progressão
de uma desordem muscular aguda relativamente simples para uma condição de dor
crônica mais complexa. São relacionados à:
1.
Causa prolongada: Se o clínico falhar em eliminar a causa de uma
desordem miálgica aguda, é provável que uma condição mais crônica se
desenvolva.
2.
Causa recorrente: Se o paciente apresenta episódios recorrentes
da mesma etiologia que produziu uma desordem miálgica aguda, é provável que
esta desordem progrida para uma condição mais crônica.
3.
Terapia
não
adequada:
Quando
o
paciente
é
tratado
impropriamente de uma desordem miálgica aguda, os sintomas não desaparecem
prontamente. Isto pode levar a uma condição mais crônica.
Fatores perpetuantes sistêmicos são aqueles que podem ser responsáveis pela
progressão de uma desordem muscular aguda para uma condição de dor crônica. São
relacionados à:
1.
Estresse emocional contínuo: Como o aumento do estresse
emocional pode ser um fator etiológico no desenvolvimento de uma desordem
muscular aguda, níveis significativos e contínuos de estresse emocional podem
representar um fator perpetuante que pode avançar esta condição para uma
desordem de dor crônica.
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2.
Regulagem baixa do sistema descendente inibitório: Um sistema
descendente inibitório efetivo minimiza os estímulos nociceptivos em sua
progressão para o Córtex. Se o sistema se tornar menos eficiente, uma
nocicepção pode alcançar o Córtex resultando em uma experiência de dor
maior. Uma diminuição na função do sistema descendente inibitório parece se
encaixar com a apresentação clínica de problemas de dor contínua.
3.
Distúrbios do sono: Distúrbios do sono parecem estar associados
com muitas desordens de dor miálgica crônica. Esta relação deve ser
reconhecida uma vez que pode ser necessária sua abordagem durante a terapia.
4.
Comportamento aprendido: As pessoas aprendem a ficar doentes
ao invés de saudáveis. Os pacientes que demonstram comportamentos de
doença devem receber terapia para promover um comportamento de bem estar
antes, para que a cura completa seja alcançada.
5.
Ganho secundário: Quando o paciente aprende que dor crônica
pode ser usada para alterar eventos da vida normal, o paciente pode ter
dificuldades de desistir da dor e voltar para as responsabilidades normais. Por
exemplo: Se a dor crônica se torna uma desculpa para evitar o trabalho, é difícil
para o clínico resolver o problema a menos que paciente queira voltar ao
trabalho.
6.
Depressão: Depressão psicológica é um achado comum em
paciente com dor crônica, pois pacientes que sofrem por longos períodos de
tempo, freqüentemente vão ser deprimidos.
Como a depressão pode se tornar um problema psicológico independente, a
eliminação somente do problema de dor não eliminará, necessariamente a depressão.
DESORDENS MIÁLGICAS REGIONAIS
Dor Miofascial (Mialgia com Ponto de gatilho)
Dor miofascial é uma condição de dor miogência regional caracterizada por áreas
locais firmes hipersensitivas de tecidos musculares conhecidos como pontos de gatilho.
Esta condição é as vezes referida como dor com ponto de gatilho miofascial.
O ponto de gatilho é uma região, na qual apenas alguns pontos de um músculo
parecem se contrair. Se todas as unidades motoras de um músculo se contraírem, o
músculo, obviamente irá diminuir seu comprimento.
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A característica peculiar dos pontos é que eles são uma fonte constante de dor
profunda e, portanto podem produzir efeitos excitatórios centrais. Se um ponto de
gatilho excita centralmente um grupo de interneurônios aferentes,
resulta
normalmente em dor referida, em geral com um padrão previsível de acordo com a
localização do ponto de gatilho envolvido . A dor normalmente é relatada pelo paciente
como dor de cabeça.
O sinal mais comum da dor miofascial é a presença de áreas locais de tensão,
enrijecimento e hipersensibilidade dos tecidos musculares, em muitos casos os
pacientes podem estar conscientes apenas da dor referida e nem se quer ter
conhecimento dos pontos de gatilho, esta apresentação clínica pode facilmente distrair
o clínico da fonte do problema. O paciente desvia a atenção do clínico para o local da
dor (dor de cabeça temporal, por exemplo) e não para a fonte real que seria o músculo
trapézio (ponto de gatilho). Portanto o clínico deve ter bastante atenção e ser
cuidadoso ao procurar pela fonte da dor.
Essa desordem não é totalmente compreendida, porém algumas causas têm sido
relatadas para a dor miofascial, como: níveis aumentados de estresse emocional,
presença de distúrbios do sono, fatores locais que estimulam a atividade muscular tais
como hábitos, postura, tensão muscular ou até mesmo friagem, fatores sistêmicos tais
como nutrição inadequada, condicionamento físico deficiente, fadiga e infecções virais
ou mesmo um mecanismo de ponto de gatilho idiopático.
A queixa principal do paciente é frequentemente a dor heterotrópica e não a
fonte real de dor (os pontos de gatilho). Portanto, o paciente irá direcionar o clínico
para a dor de cabeça (do tipo tensional) ou a co-contração protetora. Se o clínico não for
cuidadoso, ele provavelmente direcionará tratamento ás dores secundárias, o que
obviamente não irá funcionar.
O tratamento da dor miofascial é direcionado para a eliminação ou redução das
causas, pode ser realizado como o seguinte protocolo:

Eliminar qualquer fonte de estímulo de dor profunda presente de
maneira apropriada de acordo com a causa.

Reduzir fatores locais e sistêmicos que possam contribuir para a
dor miofascial

Se houver suspeita de desordem do sono deve-se realizar uma
avaliação apropriada e um correto encaminhamento.
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 Eliminação dos pontos de gatilho, isso é alcançado pelo estiramento
indolor do músculo que contém os pontos de gatilho podendo se dispor de algumas
técnicas como : Spray e estiramento, pressão e massagem, Ultra-som e Estimulação
Eletrogalvânica e injeção e Estiramento. Ressaltar a importância da terapia de
suporte sendo essencial como modalidade de fisioterapia e técnicas manuais são
usadas para tratar a dor miofascial, essas técnicas de mobilização dos tecidos moles
e a do condicionamento muscular.
Mialgia Centralmente Mediada (Miosite Crônica)
É uma desordem de dor muscular crônica, contínua, e de origem do SNC, que e
sentida perifericamente nos tecidos musculares.
Essa desordem se apresenta clinicamente com sintomas de uma dor inflamatória
do tecido muscular, e por isso é classificada como uma miosite. Como não apresenta os
sinais clínicos de uma inflamação, não pode ser classificada como miosite e sim como
uma inflamação neurológica.
A causa da mialgia mediada centralmente é o SNC, e não as estruturas
normalmente associadas do sistema mastigatório. Os neurônios que normalmente só
conduzem informações da periferia para o SNC, podem agora passar a conduzir
informação do SNC para os tecidos periféricos. Quando isso ocorre, os neurônios
aferentes na periferia podem liberar neurotransmissores , que em resposta causam dor
tecidual. Esse processo e denominado inflamação neurológica.
O tratamento não deve ser do tecido muscular doloroso e sim direcionado para
aos mecanismos centrais. Assim, quanto mais tempo durar o processo doloroso, maior a
probabilidade de ocorrer uma mialgia crônica mediada centralmente. Porém, a outros
mecanismos centrais desempenhem um papel significativo na causa da mialgia mediada
centralmente, como super sensibilização crônica do sistema nervoso autônomo,
exposição crônica ao estresse emocional, ou outras fontes de estimulo de dor profunda.
Uma característica clínica de mialgia crônica mediada centralmente é a presença
de dor miogênica constante.
Disfunção estrutural, dor significativa em repouso, aumento da dor em função,
sensação generalizada de rigidez muscular, dor significativa à palpação muscular, à
medida que a mialgia centralmente se torna prolongada, ela pode levar a uma atrofia
muscular e/ou contratura muscular. São algumas das características clinicas da mialgia
mediada centralmente.
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O paciente deve ser informado de que a diminuição dos sintomas é inicialmente
lenta e não significativa. Á medida que as causas são controladas, os sintomas irão
desaparecer lentamente. Deve-se restringir o uso da mandíbula, evitar exercícios e/ou
injeções, desocluir os dentes, medicação antiinflamatória, são estratégias gerais de
tratamento que devem ser seguidas pelo paciente com mialgia crônica mediada
centralmente.
Desordens Miálgicas Sistemas Crônicas (Fibromialgia)
A palavra sistêmica e dada, uma vez que, os sintomas relatados pelo paciente são
espalhados ou globais e a causa parece estar associada a mecanismos centrais.
Fibromialgia é uma desordem dolorosa músculo-esquelética crônica global. Ela é
difusa, na qual há sensibilidade em 11 ou mais dos 18 locais específicos por todo o corpo.
Ela não é uma desordem de dor mastigatória e, portanto precisa ser encaminhada a uma
equipe médica.
A etiologia ainda não está clara, ela esta provavelmente relacionada a uma
alteração no processamento do impulso periférico pelo SNC. Existem outras condições
não identificadas que levam a fibromialgia.
São diversas as características clinicas identificadas no paciente, dentre elas,
temos: disfunção estrutural, dor generalizada em repouso, dor aumenta com a utilização
dos músculos envolvidos, etc.
Como as causas são desconhecidas o tratamento a ser adotado é incerto. E como
a fibromialgia não é uma desordem primaria dos músculos mastigatórios, o dentista não
deve assumir a função de terapeuta principal. Quando os sintomas mastigatórios estão
presentes, o dentista deve controlá-los juntamente com a equipe de profissionais de
saúde.
As modalidades de fisioterapia e técnicas manuais podem ser úteis para os
pacientes com fibromialgia. Deve-se ter o cuidado de desenvolver um programa
individual para cada paciente.
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Bibliografia
OKESON, Jeffrey. Tratamento das Desordens Temporomandibulares e Oclusão.
4°Ed. : Artes Médicas, 2000
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