CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA CURSO DE GEOGRAFIA TÓPICOS ESPECIAIS DE GEOGRAFIA GERAL: ALEXANDRE DA SILVA CHAVES CONCEITOS FUNDAMENTAIS: TERRITÓRIO. O território como um espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder. Quem domina ou influencia e como domina ou influencia esse espaço? Quem domina ou influencia quem nesse espaço, e como? O território é essencialmente um instrumento de poder. TERRITÓRIO. O território pode ser entendido à escala nacional e em associação com o Estado como grande gestor (se bem que, na era da globalização, um gestor cada vez menos privilegiado). No entanto, ele não precisa e nem deve ser reduzido a essa escala ou à associação com a figura do Estado. Territórios existem e são construídos nas mais diversas escalas. TERRITÓRIO. As territorialidades significam os tipos em que podem ser classificados os territórios conforme suas propriedades, dinâmica etc. Ao falar sobre territorialidade, o autor (SOUZA) tem em mente um certo tipo de interação entre homem e espaço, a qual é, aliás, sempre uma interação entre seres humanos mediatizada pelo espaço. TERRITÓRIO. TERRITÓRIO. Ratzel : povo e solo – ambos se tornam um só e não podem ser pensados separadamente. É uma territorialidade prenhe de história, tradição e ideologia e naturalizada. A ideologia é cultura nacional, e se daria entre todo um povo e seu Estado. A palavra que Ratzel utiliza não é território, mas solo, como se território fosse sempre sinônimo de território de um Estado. ESPAÇO Milton Santos: formação sócioespacial : afirma não ser possível conceber uma determinada formação sócio-econômica sem se recorrer ao espaço. Segundo ele, modo de produção, formação sócioeconômica e espaço são categorias interdependentes. ESPAÇO. Segundo ROBERTO LOBATO CORREA, a organização espacial é o conjunto de objetos criados pelo homem e dispostos sobre a superfície da Terra, sendo uma materialidade social. ESPAÇO. Segundo SANTOS, o espaço deve ser analisado a partir das categorias estrutura, processo, função e forma. forma – aspecto visível, exterior, de um objeto. Uma casa, um bairro, uma cidade e uma rede urbana são formas espaciais em diferentes escalas. Ao considerarmos isoladamente a forma espacial apreenderíamos apenas a aparência, abandonando a essência e as relações entre esta e a aparência. ESPAÇO. Não é possível dissociar forma e função da análise do espaço. Mas é necessário ir além, inserindo forma e função na estrutura social, sem o que não captaremos a natureza histórica do espaço. A estrutura diz respeito à natureza social e econômica de uma sociedade em um dado momento do tempo: é a matriz social onde as formas e funções são criadas e justificadas. Processo, finalmente, é definido como uma ação que se realiza, via de regra, de modo contínuo, visando um resultado qualquer, implicando tempo e mudança.Em outras palavras, processo é uma estrutura em seu movimento de transformação. ESPAÇO Marginalização espacial: o valor atribuído a um dado lugar pode variar ao longo do tempo. Razões de ordem econômica, política ou cultural podem alterar a sua importância e, no limite, marginalizá-lo, deixando-o à margem da rede de lugares a que se vinculava. LEMBRAR: Fragmentação do tecido sócio-político espacial => segregação sócio-espacial. REGIÃO. A palavra região deriva do latim regere, palavra composta pelo radical reg, que deu origem a outras palavras como regente, regência, regra, etc. Regione nos tempos do Império Romano era a denominação utilizada para designar áreas que, ainda que dispusessem de uma administração local, estavam subordinadas às regras gerais e hegemônicas das magistraturas sediadas em Roma. REGIÃO Se a região é um conceito que funda uma reflexão política de base territorial, se ela coloca em jogo comunidades de interesse identificadas a uma certa área e, finalmente, se ela é sempre uma discussão entre os limites da autonomia face a um poder central, parece que estes elementos devem fazer parte desta nova definição em lugar de assumirmos de imediato uma solidariedade total com o senso comum que, neste caso da região, pode obscurecer um dado essencial: o fundamento político, de controle e gestão de um território. ESCALA • • • • Brunet, Ferras e Thery (1992) em “Le mots de la géograpie: dictionnaire critique” Toda mudança de escala modifica a percepção, a representação e a natureza dos fenômenos O cuidado com a transferência imediata dos termos grande e pequena escala da cartografia para a geografia Há as escalas de tempo, que dizem respeito a duração dos fenômenos, o que seria muito importante para a geografia Cuidado para não confundir os sentidos dos termos pequena e grande escala na geografia e cartografia ESCALA • • Racine, Ruffy e Raffestin em “Escala e ação, contribuições para uma interpretação do mecanismo de escala na prática da geografia” (1983) as escalas regionais tendem a agrupar dados, e homogeneizar áreas, enquanto escalas locais tendem a apresentar várias diferenciações a relação entre a unidade de observação escolhida e o atributo que associamos a ela. Ou seja, “cada estudo merece ser colocado dentro de uma perspectiva correta, isto é, dentro de seu campo de pertinência, não somente em relação à área escolhida, mas também em relação ao tipo de dados utilizados na análise” (RACINE, RUFFY e RAFFESTIN, 1983: 125) ESCALA. Questões principais Separação entre escala cartográfica/ proporção e a escala geográfica Importância da escala na construção da problemática A escolha de uma escala coerente A não existência de uma escala hierarquicamente superior As relações entre as distintas escalas O cuidado com a mudança de escala O QUE É A GEOGRAFIA? A primeira “boa” idéia da Geografia foi se apresentar com o campo de estudos da Terra, conforme apontou BERDOULAY (1980) E CAPEL (1977), idéia que pode revelar o complexo jogo de interações de fatores e elementos do qual ela, a Terra, é o resultado síntese. O QUE É A GEOGRAFIA? No final do século XIX e início do XX, começa a se atribuir à fundação da Geografia moderna a A. Von Humboldt e a K. Ritter. Ao primeiro, a idéia de que foi o fundador se deve ao plano e a metodologia de sua obra maior, O Cosmos, que correspondia, em grande parte, ao temário das cosmografias renascentistas. Se preocupava com a necessidade de procurar a conexão entre os fenômenos como uma preocupação metodológica maior, necessária ao conhecimento da “física do mundo”. Aí estaria, pois, a semente de um conhecimento propriamente geográfico, na conexão entre os fenômenos; aí estava, pois, a pedra angular da disciplina científica que deveria a ser ensinada nas instituições acadêmicas. O QUE É A GEOGRAFIA? No caso de Ritter, havia grande preocupação com a noção do todo. Sabe-se também o quanto os movimentos, Romantismo e Idealismo alemão, foram reativos à idéia de análise de base racionalista, portanto, a idéia de síntese é uma constante no pensamento de Ritter. A geografia elegeu esses dois autores como fundadores de uma ciência sintética, abrangente e total. Surge a seguinte questão: sobre que critérios deve-se procurar a conexão? O QUE É A GEOGRAFIA? Na falta de um recorte temático mais definido, passou-se a dizer que a geografia se interessa pelos fenômenos que acontecem sobre a superfície da Terra, definição nada satisfatória, quando se percebe que existem diversos fenômenos que ocorrem aí e não fazem parte da pauta de interesse dos geógrafos. Outra receita dos geógrafos foi a de simplesmente localizar os eventos sobre a superfície sem a preocupação de explicá-los. As descrições regionais transformando-se em um protocolo geral e uniforme a ser sempre seguido com completa submissão crítica. O QUE É A GEOGRAFIA? Chamamos a atenção para o fato de que o saber geográfico, visto como a descrição da ordem do mundo, que tem uma identidade historicamente fundamentada, não se resume ao inventário das coisas sobre o espaço. A notificação dos objetos espaciais não é em si matéria geográfica. Observamos que alguns geógrafos têm a tendência de confundir análise geográfica com simples notação de fenômenos espaciais. Saem apressados em busca das novidades do momento, em geral apresentados como momentos originais ameaçadores. O único sentido de seus discursos é procurar nos convencer de que somos testemunhas de mudanças sem paralelos na história, mudanças que nos conduzem a um desfecho sombrio. O QUE É A GEOGRAFIA? A geografia é, assim, uma ato de estabelecer limites, colocar fronteiras, fundar objetos espaciais, orientá-los, ou, em poucas palavras, O ATO DE QUALIFICAR O ESPAÇO; mas é também simultaneamente a possibilidade de pensar estas ações dentro de um quadro lógico, de refletir sobre esta ordem e sobre seus sentidos. Chamamos a atenção para que este arranjo físico das coisas é que vai permitir que determinadas ações se produzam, ou seja, AS PRÁTICAS SOCIAIS SÃO DEPENDENTES DE UMA CERTA DISTRIBUIÇÃO OU “ARRUMAÇÃO” DAS COISAS. Não há, por assim dizer, uma determinação ou um simples reflexo da sociedade no espaço. PARA QUE DETERMINADA AÇÕES SE PRODUZAM, É NECESSÁRIO QUE UM CERTO ARRANJO FÍSICO-ESPACIAL SEJA CONCOMITANTEMENTE PRODUZIDO. O QUE É A GEOGRAFIA? Enquanto atividade, a Geografia é a ação no mundo, é a perpétua geração de nexos na ordem espacial das coisas, é sentido e comunicação, discurso e intervenção. Assim procedendo, abandonamos definitivamente a concepção do espaço sob a perspectiva da forma formata, do dado fixo, da palavra imóvel e, ao contrário, concebemos o espaço como composição de forma formans, de contínuo processo de produção de sentidos e ações. NOMES FUNDAMENTAIS DA GEOGRAFIA Dois estudiosos germânicos do século XIX são considerados os criadores da Geografia moderna ou científica: Alexander von Humboldt (1769-1859) e Karl Ritter (1779-1859). Eles produziram importantes trabalhos de pesquisa no estudo da Geografia Física (climas e suas relações com a vegetação, as águas e o relevo, interação entre os elementos naturais de uma paisagem), como foi o caso principalmente de Humboldt, ou então da Geografia Humana (os povos e seus territórios, os Estados e suas relações políticas, econômicas, etc.), como foi o caso de Ritter. NOMES FUNDAMENTAIS DA GEOGRAFIA Friedrich Ratzel (Karlsruhe, 30 de Agosto de 1844 — Ammerland, 9 de Agosto de 1904) foi um geógrafo e etnólogo alemão, notável por ter criado o termo Lebensraum (espaço vital) e por ser considerado um determinista, apesar de deixar bem claro no início da sua obra Antropogeografia que é contra o determinismo simplista e vários autores já apontaram esse equívoco de interpretação nas leituras ratzelianas, porém esses erros persistem em obras pouco apuradas. GRANDES NOMES DA GEOGRAFIA La Blache via a região como “algo vivo”, uma “individualidade” ou mesmo uma “personalidade geográfica”,