Toxoplasmose

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Esporozoários
Reino Protista
Sub-reino Protozoa
Filo Apicomplexa
Classe Sporozoa
Ordem Eucoccidiida
Famílias Sarcocystidae (Toxoplasma
gondii,
hominis = Isospora hominis)
Sarcocystis
Eimeriidae (Isospora
belii,
Cyclospora
cayetanensis)
Crystosporiidae
(Cryptosporidium spp.)
Doenças ocasionadas no homem por
esporozoários
• Toxoplasmose: alta prevalência (50% da população já teve
contato – pode chegar a 95% em algumas áreas)
• Sarcocistose: rara, mais comum em pessoas que ingerem care
crua
• Isosporose: rara (prevalência maior entre portadores de HIV –
10-15%)
• Criptosporidiose: prevalência maior em portadores de HIV
• Malária: 300-500 milhões de novos casos por ano; 1,5-2,7
milhões de mortes por ano
Principais características dos
esporozoários
Tronco de cone ou conóide (Co)
ligados entre si por fibras do
conóide (Fc)
Roptrias (R) e micronemas
(produzem materiais para a
aderência e a invasão da célulahospedeira
Membrana celular externa (Me) e
membrana celular interna (Mi),
sustentada por microtúbulos do
conóide (Mt)
O complexo apical
Anéis situados no pólo anterior,
sob a membrana celular (A)
O complexo apical
Anais da Academia Brasileira de Ciências (2006) 78(2): 271-291
Taquizoíta de T. gondii
Nature Rev. Microbiol. 4:621-628, 2006
Animal Health Research Reviews 6(1); 41–61
Invasão celular
A. O taquizoíta desliza na superfície de uma
célula-hospedeira. O conóide se extende e
se retrai repetidas vezes. Adesinas (verde)
são encontradas no interior nas células
(micronemas) e na superfície do parasita,
concentrada na região apical.
B. O conóide se extende quando o
parasita inicia a invasão e a porção apical
entra em contato direto com a célulahospedeira. A secreção pelas micronemas
aumenta, acumulando-se na superfície do
parasita. Inicia-se uma invaginação da
membrana da célula-hospedeira.
C. Uma penetração ativa da célulahospedeira se inicia. As proteínas do
pescoço das róptrias (azul claro) são
secretadas e associadas com a proteína
TgAMA1 das micronemas, formando a
junção motora (pela qual o parasita entra
na célula). Proteínas do bulbo das róptrias
(azul escuro) são secretadas dentro da
célula-hospedeira.
D,E. Proteínas das micronemas continuam
a ser encaminhadas à região posteriore
são clivadas em seus domínios
transmembranares. A secreção pelas
róptrias continua, contribuindo para a
formação do vacúolo parasitóforo. O
parasita desliza através da junção motora
para dentro do vacúolo.
F. As proteínas das micronemas são
descartadas na região posterior do parasita.
A invasão se completa quando a membrana
do vacíolo parasitóforo se fecha.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/bookshelf/br.fcgi?book=eurekah&part=A72
483&rendertype=figure&id=A72486
Reprodução em esporozoários
Esquizogonia
gametócitos
merozoítos
esquizonte
esporozoítas
oocisto
Esporogonia
Toxoplasmose
 Agente etiológico: Toxoplasma gondii
 Hospedeiro definitivo: felídeos
 Hospedeiro intermediário: mamíferos (incluindo felídeos) e
aves
Toxoplasma gondii é cosmopolita, sendo encontrado em uma
grande diversidade de hospedeiros
 Infecção geralmente assintomática (1% dos casos apresenta
sintomas)
 Complicações em gestantes e portadores de HIV (30% dos
soropositivos desenvolvem a doença se contaminados)
Prevalência da toxoplasmose
 1908: Nicolle e Manceaux identificaram um protozoário no
roedor africano Ctenodactylus gundi
Toxo = arco; plasma = forma
gondii (referente a gundi)
 No mesmo ano, Splendori identifica o protozoário em coelhos
no Brazil
 1970: Dubley e colaboradores descrevem o ciclo de vida de T.
gondii
O ciclo de vida de T. gondii
O homem pode ser infectado por transfusão
sanguínea e transplante de órgãos
Gatos se infectam ao consumir pássaros e roedores
com cistos teciduais ou oocistos esporulados
A mãe pode transmitir
a doença ao feto
O homem pode ser infectado pela ingestão de carne crua ou
mal cozida ou pelo consumo de água e alimentos contaminados
• Animais se infectam ao ingerir solo, água ou
alimentos contaminados com os oocistos
esporulados;
• Logo após a ingestão, os oocistos se transformam
em taquizoítos;
• Os taquizoítos se alojam nos tecidos nervoso e
muscular, onde se desenvolvem em bradizoítos
contidos em cistos teciduais
Oocistos não esporulados
nas fezes de felídeos
Em 1-5 dias esporulam e
se tornam infectivos
NO HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO
Fase aguda da doença
1. O hospedeiro intermediário é infectado pela ingestão de alimentos
contaminados por oocistos esporulados (contendo esporozoítos) ou
pela ingestão de carne crua/mal passada contendo cistos teciduais
(contendo bradizoítos)
oocisto esporulado com
2 esporocistos
(4 esporozoítos/esporocisto)
bradizoítos em cistos bradizoítos em cistos
teciduais
separados do tecido
2. O parasita invade as células do epitélio intestinal, bem como outros
tipos celulares (principalmente células mononucleares );
3. Dentro das células, ocorre a multiplicação por reprodução assexuada
(por endodiogenia), levando à formação de taquizoítos, que se
disseminam por via sanguínea ou linfática
4. Os taquizoítas invadem os tecido muscular e nervoso (cérebro), além
do tecido digestório
5. Taquizoítas podem atravessar a placenta e infectar o feto (primainfecção durante a gestação)
taquizoítos
NO HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO
Fase crônica da doença
6. Quando a resposta imunitária se torna mais potente,
os taquizoítas passam a bradizoítas, que também se
reproduzem por endodiogenia
7. Ocorre a formação de cistos (contendo centenas de
bradizoítos) nos tecidos muscular e nervoso
8. Cistos permanecem viáveis por anos (no caso de
imunodeprimidos podem se romper, liberar os
bradizoítos que readquirem capacidade invasiva,
ocorrendo uma disseminação fatal do parasita)
bradizoítos em cistos
teciduais
Interconversão de taquizoítas e bradizoítas
Cistos
 Forma de resistência de T. gondii
 Arredondados, medem entre 20 e 200 μm
 A imunidade natural controla a infecção, mas não é capaz de
agir sobre os cistos, levando à uma infecção latente
 Cistos sobrevivem mais
no SNC, onde a imunidade
é menos ativa
bradizoítos em cistos bradizoítos em cistos
teciduais
separados do tecido
NO HOSPEDEIRO DEFINITIVO
1. O hospedeiro definitivo (felídeo) é infectado
pela ingestão de tecidos animais contendo
cistos
2. Após a invasão do epitélio digestivo de felídeos, o núcleo do parasita
se divide sucessivas vezes formando o esquizonte (esquizogonia)
3. O esquizonte dá origem a merozoítos
NO HOSPEDEIRO DEFINITIVO
4. Os merozoítos podem invadir novas células ou
se desenvolver em gametócitos
5. A reprodução sexuada também ocorre no
epitélio do trato digestório do hospedeiro
definitivo
6. O zigoto se desenvolve em um oocisto não
esporulado que é eliminado com as fezes
7. Em 1-5 dias, o oocisto se desenvolve em
oocisto esporulado (esporogonia) com 2
espocistos (4 esporozoítos/esporocisto)
Oocistos
 Correspondem à forma infectante do parasita, que é produzida
somente no intestino dos felinos (eliminados com as fezes)
 Esporogonia: em condições ambientais adequadas
temperatura e umidade ocorre a esporulação do oocisto
de
 Oocistos esporulados podem sobreviver por longos períodos de
tempos em condições moderadas de temperatura e umidade
 Podem ser mecanicamente transmitidos por moscas, besouros
e também podem sobreviver por longo períodos de tempo
sobre frutas e vegetais
 O período para o aparecimento de esporocistos nas fezes de
felídeos varia de acordo com o estágio do parasita ingerido:
• Oocisto: mais de 20 dias
• Taquizoítos: mais de 19 dias
• Bradizoítos: entre 3-10 dias e continua por até 14 dias
(imunidade mais efetiva)
 Menos de 50% dos gatos eliminam oocistos após a ingestão de
taquizoítos e quase 100% dos gatos que ingerem bradizoítos
eliminam oocistos.
 Ratos experimentalemnte infectados com T. gondii têm seu
comportamento alterado, adquirindo hábitos mais “ousados” e, portanto, são
mais sujeitos à predação
Patogenia e Sintomatologia
 Cerca de 1% dos indivíduos infectados apresentam sintomas
clínicos
 Importância em imunocomprometidos
Sintomas: cefaléia, febre, mialgia, dor nas articulações, lesão
ocular, convulsões, coma, morte
Infecção congênita: ocorre pela prima-infecção de gestantes
 Risco de transmissão aumenta com o tempo de gravidez
Primeiro trimestre – 25%
Segundo trimestre – 40%
Terceiro trimestre – 65%
 Gravidade da doença no feto é inversamente proporcional ao
tempo de gestação





retardo mental
problemas de visão
hidrocefalia
estrabismo
problemas de audição
Diagnóstico
Clínico: apenas sugestivo
Laboratorial
 Pesquisa do parasita:
 coloração de cortes de tecidos
 cultivo celular
 inoculação em camundongos (avaliação de soroconversão)
 PCR (líquido aminiótico, líquido céfalo-raquidiano)
 Pesquisa de anticorpos (teste de Sabin-Feldman, ELISA, IFA,
aglutinação, Western Blot)
Tratamento
*
*
* para evitar depressão medular ocasionada pelo tratamento antifolato
Sulfadiazina
Ácido
p-aminobenzóico
 Sulfadiazina é um análogo do ácido p-aminobenzóico e
inibe a diidropteroato sintase
 Pirimetamina é inibidor da diidrofolato redutase
sulfadiazina
X
pABA: ácido p-aminobenzóico
DHPS: diidropteroato sintetase
DHFR: diidrofolato redutase
pirimetamina
X
Tratamento
Gestantes: o uso de pirimetamina no 1º trimestre é contraindicado, pois é teratogênica
Espiramicina, 750 a 1.000mg, VO, a cada 8 horas
Clindamicina, VO, na dose de 600mg a cada 6 horas
Na forma ocular utiliza-se 40mg/dia de prednisona, por 1 semana,
e 20mg/dia, por outras 7 semanas para reduzir a necrose e
inflamação e minimizar a cicatriz
Não há nenhuma droga que aja contra os cistos
Controle
 Higiene pessoal
 Limpeza de caixas de areia
 Evitar contato com fezes de gatos (principalmente durante
gestação)
 Controle de roedores e de insetos
 Não ingerir leite cru, nem carne crua ou mal cozida (nem
oferecer aos gatos)
 Lavar frutas e verduras e tratar água antes do consumo
Vacinação: comercial somente para ovinos (com cistos vivos)
Coccídios intestinais:
Cryptosporidium parvum
Isospora belli
Cyclospora cayetanensis
Criptosporidiose
 Agente etiológico: Cryptosporidium parvum
 1976: primeiro relato de infecção humana
 1982: relato como doença oportunista em HIV
positivos (prevalência de 5-10%)
Ciclo de Vida
Patogenia e sintomatologia
 Imunocompetentes: maioria dos casos é assintomática
 Sintomas incluem diarréia, dor abdominal, náuseas e vômitos,
perda de peso, desidratação
Diagnóstico
 Pesquisa do parasita: oocistos maduros nas fezes ou outros
líquidos orgânicos (aspirado duodenal e jejunal)
 Diagnóstico imunológico:
 Detecção de oocistos em amostras fecais
 Detecção de anticorpos por ELISA
 Diagnóstico molecular: PCR
(18S rRNA)
Tratamento
 Reposição de sais
Nitazoxanida (inibição da piruvato oxido-redutase) em
imonucompetentes
Obs.: eficácia não completamente elucidada em imunodeprimidos
 Tratamento de imunodeprimidos com retrovirais diminui
excreção de oocistos
Isosporose
 Agente etiológico: Isospora belli
 Cosmopolita, com maior prevalência
em regiões tropicais e subtropicais
 Prevalência chega a 15% em indivíduos com HIV
Ciclo de Vida
Patogenia e Sintomatologia
 Imunocompetentes: geralmente assintomática ou diarréia com
dor abdominal e perda de peso por mal-absorção
 Imunocomprometidos:
evacuações/dia),
febre,
quadro
cólicas
diarréico
intestinais,
grave
(várias
vômitos
e
emagrecimento por mal-absorção
 Pode apresentar quadros de disseminação extraintestinal
(linfonodos, fígado e baço)
Diagnóstico
 Pesquisa do parasita:
Pesquisa de oocistos imaturos
(elípticos) nas fezes
 Biópsia do intestino
Tratamento
 Trimetoprim-sulfametoxazol (Bactrim, Septra ou Cotrim)
Ciclosporose
 Agente etiológico: Cyclospora cayetanensis
 1979: primeiro relato de infecção em humanos
Ciclo de Vida
Patogenia e Sintomatologia
 Maioria dos casos é assintomática
 Sintomas incluem diarréia líquida, dor abdominal, náuseas e
vômitos, anorexia, perda de peso, mialgia, fadiga e febre baixa
 Em indivíduos imunocomprometidos o quadro diarréico é
crônico e intermitente
Diagnóstico
 Pesquisa de do parasita: oocistos (imaturos) nas fezes (o número
de oocistos eliminados nas fezes é muito baixo)
Outros métodos:
• Teste de esporulação
(similaridade com algas azuis)
 PCR
Comparativo entre os coccídios intestinais
Espécie
Isospora belli
Cryptosporidium
parvum
Cyclospora
cayetanensis
I. belli
Forma encontrada
nas fezes
Estrutura do
oocisto
Oocisto não
esporulado
2 esporocistos com 4
esporozoítas cada
Oocisto esporulado
4 esporozoítas
Ooscisto não
esporulado
2 esporocistos com 2
esporozoítas cada
C. parvum
C. cayetanensis
Microsporidiose
 Integrantes do Filo Microspora
 14 espécies descritas como patógenos humanos:
Brachiola algerae, B. connori, B. vesicularum
Encephalitozoon cuniculi, E. hellem, E. intestinalis
Enterocytozoon bieneusi
Microsporidium ceylonensis, M. africanum
Nosema ocularum
Pleistophora sp.
Trachipleistophora hominis, T. anthropophthera
Vittaforma corneae
Epidemiologia
 1959: primeiro relato de infecção por Encephalitozoon spp.
 1985: relato de infecção por Enterocytozoon bieneusi em um
indivíduo infectado pelo HIV
 Atualmente os microsporídeos são reconhecidos como agentes
etiológicos de infecções oportunistas em pacientes com AIDS e
transplantados
 Relatos de infecção em diversos países
Ciclo de Vida
 O esporo injeta o esporoplasma na célula
hospedeira pelo túbulo polar
 Dentro da célula inicia uma multiplicação
por merogonia (fissão binária) ou
esquizogonia (fissão múltipla) no citoplasma
(E. bieneusi) ou ou no vacúolo parasitóforo (E.
intestinalis).
 Ocorre a esporogonia para amadurecer os
esporos
 Uma camada grossa é formada ao redor do
esporo propiciando resistência a condições
ambientais adversas
 Quando o número de esporos aumenta e
preenche o citoplasma da célula, a membrana
se rompe e libera os esporos, que podem
infectar novas células ou sobreviver por
longos períodos no ambiente
Patogenia e Sintomatologia
 Geralmente assintomática em imunocompetentes
 Sintomas incluem:
Diagnóstico
 Pesquisa do parasita por microscopia: busca de esporos nas
fezes
 Métodos imunológicos : IFA
 Métodos moleculares: PCR
Tratamento
 Microsporidiose ocular (Brachiola algerae, Encephalitozoon
hellem, E. cuniculi, Vittaforma corneae): albendazol (oral) +
fumagilina (inibição de síntese de RNA – uso tópico)
Obs.: Infecções com V. corneae geralmente não respondem a
quimioterapia e necessitam de ceratoplastia
 Gastroenterite (Encephalitozoon intestinalis), microsporidiose
disseminada
(E.
hellem,
E.
cuniculi,
E.
intestinalis, Pleistophora sp., Trachipleistophora sp., Brachiola
vesicularum), infecções de pele e musculares (Brachiola algerae):
albendazol
Controle de coccídeos e microsporídeos
 Saneamento básico e educação sanitária
 Filtração da água (oocistos resistem ao cloro)
 Evitar a ingestão de alimentos crus ou mal cozidos
Parasitoses em
indivíduos
imunocomprometidos
indivíduo
imunocomprometido
 disfunção das defesas
específicas de determinado
órgão ou sistema
 anormalidade sistêmica da
imunidade celular ou humoral
microrganismos oportunistas
 patógenos comumente
conhecidos
 microrganismos não considerados
normalmente virulentos
(microbiota, vida livre)
Algumas causas de imunodeficiência
Doenças hereditárias e metabólicas:
• Diabetes
• Insuficiência renal
• Desnutrição
• Anemia
Substâncias químicas e tratamentos que
inibem o sistema imunitário:
• Quimioterapia
• Corticosteróides
• Medicamentos imunossupressores
• Radioterapia
Infecções :
• Varicela
• Infecção por citomegalovírus
• Rubéola
• Infecção pelo vírus da
imunodeficiência adquirida (AIDS)
• Mononucleose infecciosa
• Sarampo
• Infecção bacteriana grave
• Infecção fúngica grave
• Tuberculose grave
Algumas causas de imunodeficiência
Patologias:
• Agranulocitose
• Tumores malignos
• Anemia aplásica
• Leucemia
• Linfoma
• Mielofibrose
• Mieloma
Cirurgia e traumas:
• Queimaduras
• Extirpação do baço
Outras causas:
• Cirrose alcoólica
• Hepatite crônica
• Envelhecimento normal
• Sarcoidose
• Lupus eritematoso sistêmico
Defesa imune contra protozoários
 defesa celular
http://clientes.netvisao.pt/freiremj/t_particulas_endo.html
 defesa humoral
A defesa celular é a primeira linha contra infecção por parasitas
1. Macrófagos:
• fagocitose (produção de
NO)
• secreção de citocinas
(TNF-a):
- recruta outras células do
sistema imunitário
- torna hepatócitos mais
resistentes ao plasmódio
2. Neutrófilos:
• fagocitose (mecanismos independentes ou dependentes de O2)
• destruição extracelular por H2O2
• presentes nos sítios inflamatórios infectados por parasitas para a
eliminação dos parasitas liberados pelas células rompidas
3. Eosinófilos: associados às infecções helmínticas
4. Plaquetas: atividade citotóxica potencializada pela ativação por
citocinas (TNF-a, INF-g)
Os linfócitos T são essenciais na imunidade contra protozoários:
produção de citocinas e perforinas
• Citocinas: recrutamento de células, aumento da atividade
citotóxica e promoção do aumento do número de células
• Populações de células T CD4+ e CD8+: atuam em diferentes fases
do ciclo de vida dos protozoários
Exemplo: Plasmodium
- CD4+ : atua contra fase eritrocítica
- CD8+ : atua contra fase hepática
Ação de anticorpos específicos sobre os protozoários
• neutralização: bloqueio da ligação do protozoário com a célulaalvo
• ação direta ou mediando ação do sistema complemento
Ação de anticorpos específicos sobre os protozoários
• potenciação da fagocitose por macrófagos
• ativação da citotoxicidade mediada por anticorpo
A maior susceptibilidade à infecção está relacionada com o processo do sistema
imunitário que se encontra comprometido
Exemplos:
• agamaglobulinemia: maior susceptibilidade à microrganismos
extracelulares
• falhas na imunidade celular:
microrganismos intracelulares
maior
susceptibilidade
a
Roitt's essential immunology , Ivan Maurice Roitt, Peter J. Delves
Os protozoários e as infecções oportunistas
 Toxoplasma gondii
 Cryptosporidium parvum e Cyclospora cayetanensis
 Isospora beli, Sarcocystis e microsporídeos
 Pnemocystis carinii
 Balantidium coli
Toxoplasma gondii
 parasitose comum (cerca de 50% da população mundial é
soropositiva)
 imunidade depende de células T (CD8+ e CD4+) e de macrófagos;
secreção de INF-g e TNF-a (aumentam a produção de NO)
Toxoplasma gondii
acomete
aproximadamente
30% dos portadores de HIV
(reativação
de
infecção
latente), os quais podem
desenvolver
encefalite
toxoplásmica
Journal Compilation 2008 European Society of Clinical Microbiology and Infectious Diseases, CMI, 14, 1089–1101
Toxoplasma gondii
 principal parasitose relacionada ao transplante de órgãos
(agravada pelo tratamento com imunossupressores): infecção pelo
órgão recebido por um receptor negativo (R-) de um doador positivo
(D+) ou por reativação de infecção crônica no receptor positivo (R+)
 importância da análise da presença de infecção no doador e no
receptor antes e depois do transplante e quimioprofilaxia
(sulfonamidas e pirimetamina; atovaquona – AIDS)
Cryptosporidium parvum
 alta prevalência em
indivíduos com AIDS (30-50%
em países tropicais),
ocasionando diarréia intensa
e perda de peso
diarréia intensa = aumento da
liberação de oocistos
Assim, portadores de HIV atuam
como reservatórios amplificadores
Chieffi, Revista Brasileira de Medicina
Cryptosporidium parvum
 “clearance” da infecção relacionado com a preservação das
funções das células T CD4+ : indivíduos com AIDS, que possuem
número reduzidos dessas células (< 200 células/mm3), não
conseguem controlar a infecção
Isospora beli, Sarcocystis e microsporídeos
 infecção rara (1/1000) em imunocompetentes, mas crônica e
intermitente em indivíduos com AIDS
 prevalência de 2-50% dos indivíduos com AIDS
 diarréia intensa*, perda de peso
Pnemocystis carinii e Balantidium coli
Pneumocystis carinii: cerca de 80-90% dos portadores do HIV
contraem pneumonia ocasionada por P. carinii
 também ocasionar pneumonia em indivíduos transplantados, sob
tratamento com corticóides ou ainda em indivíduos com leucemias,
linfomas, ausência congênita de imunidade do sistema linfocitário
Balantidium coli: indivíduos imunocomprometidos e idosos são
mais susceptíveis (infecções intestinais)
Parasitoses com gravidade exacerbada pela depressão
do sistema imunitário
 Leishmania
 Trypanosoma
 Plasmodium
Leishmania, Trypanosoma e Plasmodium
 Quadros severos em indivíduos com AIDS
 HIV: destroem linfócitos CD4+, alterando a ativação de
macrófagos, que ficam mais susceptíveis à infecção por Leishmania
 comprometimento de CD4+ também compromete a ação contra
Trypanosoma cruzi e contra a fase eritrocítica de Plasmodium
HIV
Plasmodium
Outras infecções
 Giardia: prevalência de aproximadamente 16% em indivíduos
com AIDS
 também apresenta alta prevalência em indivíduos com produção
reduzida de anticorpos
 Babesia: indivíduos esplenectomizados
 Amebíases
 Poliparasitismo
Rev. Soc. Bras. Med. Trop. v.32 n.2 Uberaba mar./abr. 1999
Fatores que influenciam a gravidade das infecções
 patogenicidade das cepas
 fatores de predisposição do hospedeiro
Infecções por helmintos
 Raras complicações imunopatológicas: doença granulomatosa e
falência de órgãos
 Normalmente a relação helminto-hospedeiro é harmônica e
assintomática
reservatórios de transmissão
Aproximadamente 2 bilhões de pessoas no mundo apresentam-se
infectadas por helmintos
Infecção por helmintos
1. Vias de infecção: oral (Ascaris spp.), penetração direta pela pele
(S. mansoni, N. americanus), picada do inseto-vetor (Onchocerca
volvulus);
2. Fases de vida: ovos, larvas e adultos;
3. Órgãos afetados: intestino grosso, intestino delgado, órgãos
linfáticos, pulmões, fígado.
http://www.path.cam.ac.uk/~schisto/general_parasitology/index.html
Helmintos e o sistema imunitário
As infecções por helmintos são caracterizadas por:
1. Fase aguda: resposta intensa de linfócitos Th2
2. Fase crônica: depressão do sistema imune → resposta
antiinflamatória
Linfócitos Th1: produzem citocinas pró-inflamatórias
(majoritariamente INF-g)
Linfócitos Th2 produzem citocinas antiinflamatórias
(IL-4, IL-5, IL-13 e IL-10)
Balanço entre as citocinas: importante para controlar a
infecção e, ao mesmo tempo, evitar danos aos tecidos
Reconhecimento dos helmintos
componentes dos helmintos são
reconhecidos por
receptores de reconhecimento
de padrões (PRR)
presentes na superfície de
diferentes células do
hospedeiro
1. As células dendríticas ativadas pela
infecção por helmintos estimulam a
diferenciação de linfócitos Th naive
(Th0) em Th2
2. Os linfócitos Th2 ativados produzem
citocinas (IL-4 e IL-5)
3. IL-4 ativa a produção de IgE por
infócitos B e
4. IgE leva à desgranulação de
mastócitos e a IL-5 de eosinófilos, os
quais liberam substâncias tóxicas aos
helmintos
5. As células dendríticas também levam
à ativação de células T-regulatórias
que regulam uma resposta excessiva
Eliminação dos vermes intestinais
ativação de linfócitos Th2
IL-4
IgE, IL-5 e IL-13
produção
ativação de linfócitos B
IL-4, IL-5 e IL-13
produção de IgE
desgranulação celular e produção de muco
substâncias tóxica e muco
expulsão dos vermes
1. Na infecção crônica, os macrófagos
assumem um fenótipo ativo
alternativo (AAM) que estimula a
diferenciação de células Th2
modificadas
2. As células Th2 modificadas diminuem
a produção de IL-5, o que ocasiona
um aumento da produção de IL-10
pelas células T-regulatórias
3. IL-10 estimula os linfócitos B a
produzirem IgG ao invés de IgE
Mecanismos de escape dos helmintos ao sistema
imune do hospedeiro
Problemas encontrados para a evasão do sistema imune do
hospedeiro:
• podem viver muitos anos no hospedeiro vertebrado sem se
multiplicar: a variação antigênica não é possível;
• são muito grandes para ocuparem nichos protegidos do ataque do
sistema imune
Mecanismos de escape dos helmintos ao sistema
imune do hospedeiro
Porém:
podem comprometer a função do complemento e levar à
degradação de imunoglobulinas (Schistosoma spp.);
são capazes de utilizar moléculas de superfície do hospedeiro
(mimetismo), por exemplo, lectinas
resposta antiinflamatória/depressão global do sistema imunitário
Resposta imunitária aos helmintos
Benefícios:
 a resposta antiinflamatória reduz a doença
inflamatória ocasionada por Helicobacter pylori e
Plasmodium falciparum;
 infecção crônica: redução de alergias e de doenças
auto-imunes
Resposta imunitária aos helmintos
Prejuízos:
 prejudica vacinação, que depende de resposta Th1;
 afeta a resposta imune contra os agentes etiológicos
(incluindo HIV e Mycobacterium)
Helmintos e Mycobacterium
A resposta contra Mycobacterium depende da atividade de
linfócitos Th1
Hipótese: presença de helmintos, que estimula a resposta de
linfócitos Th2, prejudicaria a resposta contra a bactéria
Área hiperendêmica para oncocercíase apresenta incidência duas
vezes maior de Mycobacterium leprae
Helmintos e Plasmodium
A resposta imune à malária também depende da atividade de
linfócitos Th1
Hipótese: presença de helmintos, que estimula a resposta de
linfócitos Th2, prejudicaria a resposta contra o plasmódio
No entanto:
• crianças na África infectadas por Schistosoma mansoni têm
uma incidência menor de malária;
• Ascaris: proteção contra malária cerebral e falência renal
associada com citocinas pró-inflamatórias,
diminuídas pela produção de IL-10
Helmintos e HIV
A resposta imune contra vírus depende de linfócitos T CD8+
Hipótese: presença crônica de helmintos, que deprime o sistema
imune do hospedeiro, prejudicaria a resposta contra o HIV
Uma menor carga viral é necessária para a infecção de macacos
previamente infectados por Schistosoma
Helmintos e HIV
HIV infecta linfócitos T CD4+
Hipótese: a infecção pelo HIV prejudicaria a imunidade contra
helmintos, a qual depende de linfócitos T CD4+
Indivíduos HIV-positivos apresentam altas taxas de infecção por
parasitas (protozoários e helmintos)
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