XXIV OLIMPÍADA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA
Primeira Fase – Nível Universitário
PROBLEMA 1
A função f : (1,) R é contínua e derivável.
Sabe-se que f(0) = 0, f '(0) = a e que f(x + 1) = e f(x) para todo x > – 1.
Calcule f '(3).
PROBLEMA 2
Seja A a matriz real n n
x
x y
x y
x
A
x
x
...
x
...
x
.
x y
Diga para que valores de x e y a matriz A é inversível e calcule A– 1.
PROBLEMA 3
Calcule
1
1
x2 1 x 1
x2 1 x 1
dx.
PROBLEMA 4
Determine todos os valores inteiros positivos de m para os quais o polinômio (x + 1)m + xm + 1
é divisível por (x2 + x + 1)2.
PROBLEMA 5
Jogamos 10 dados comuns (com 6 faces equiprováveis numeradas de 1 a 6).
Calcule a probabilidade de que a soma dos 10 resultados seja igual a 20.
PROBLEMA 6
Considere a curva C {( x, y ) R 2 y 2 x 3 43 x 166}.
a)
Seja Q = (a, b) um ponto de C. Suponha que a reta tangente a C no ponto Q intersecte
C num único outro ponto, Q'. Determine as coordenadas de Q'.
b)
Seja P0 = (3, 8). Para cada inteiro não negativo n, definimos Pn +1 = P' n , o ponto de
interseção de C com a reta tangente a C em Pn. Determine P2002.
XXIV Olimpíada Brasileira de Matemática - Primeira Fase
Soluções Nível Universitário
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 1
Derivando a equação
Assim
f ( x 1) e f ( x ) temos f ' ( x 1) f ' ( x) e f ( x ) . (*)
f (1) e 0 1, f ' (1) f ' (0) e f (0) a
f (2) e1 e, f ' (2) f ' (1) e f (1) ae
f ' (3) f ' (2) e f ( 2) aee1
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 2
Se y = 0 todas as linhas são iguais e a matriz não é inversível. Se nx + y = 0 a soma das n línhas
é 0 e portanto a matriz novamente é não inversível. Vamos mostrar que se nenhuma destas
duas condições ocorre a matriz é inversível.
1
1
Se A
1
Tome
C
1
1
1
...
...
1
1
temos B2 = nB e A = yI + nB.
1
1
x
I
B.
y
y(nx y)
1
x
AC yI xB I
B I
y(nx y)
y
Comentário (não faz parte da solução):
1
Encontramos C conjecturando que A uI vB.
E resolvendo um sistema para encontrar u e v. Pode-se demonstrar antes de tentar resolver o sistema que A–1, se
existir, deve ter a forma acima: A– 1 é uma função analítica de A, logo um polinômio em A, logo um polinômio em B.
Como observamos que B2 é um múltiplo escalar de B segue que todo polinômio em B é da forma uI + vB.
SOLUÇÃO ALTERNATIVA
Vamos resolver o sistema
( x y )a1 x a 2 ... x a n b1
x a1 ( x y )a 2 ... x a n b2
x a1 x a 2 ... ( x y ) a n bn
Somando
todas
x(a1 ... a n )
as
equações,
obtemos
(nx y )(a1 ... a n ) (b1 ... bn ),
x
(b1 ... bn ) , caso nx + y 0.
nx y
Diminuindo essa igualdade da j-ésima equação, obtemos y a j b j
y 0, a j
x
(b1 ... bn ) e, caso
nx y
x
(n 1) x y
x
b1 ...
b j ...
bn .
y(nx y)
y(nx y)
y(nx y)
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donde
Assim,
A 1
(n 1) x y
y (nx y )
x
y (nx y )
x
y (nx y )
x
y (nx y )
(n 1) x y
y (nx y )
x
y (nx y )
x
y (nx y ) .
(n 1) x y
y (nx y )
...
...
x
y (nx y )
Note que, se nx + y = 0, o sistema não tem solução se b1 +...+ bn 0, e, se y = 0, o sistema não tem solução se
bj
x
(b1 ... bn ) 0 para algum j . Em nenhum desses casos A é invertível.
nx y
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 3
x 2 1 x 1 Racionalizando, temos
.
x2 1 x 1
Seja f ( x)
2
( x 2 1 x 1) x 2 1 x 1 x 2 1 1 x 2
f ( x)
, logo f ( x) f ( x), para todo x, e
2x
( x 2 1) ( x 1) 2
1
portanto,
1
f ( x)dx 0.
SOLUÇÃO ALTERNATIVA
Vamos achar uma primitiva de f: Em
x 2 1 x 1
2
dx fazemos x = tan , dx = sec2 d , e, como
x 1 x 1
sec tan 1
tan 1 sec (para
sec2 d
), obtemos
sec tan 1
2
2
1 sen cos
d .
cos 2 (1 sen cos )
2
Fazendo tan
2
z, d
1 z 2
, sen
2z
1 z 2
, cos
1 z 2
1 z 2
, obtemos
2
2dz
2 z (1 z 2 )
.
1 z2
(1 z 2 ) 2 dz
2 z (1 z 2 )
A
B
C
D
Buscando A, B, C, D tais que
, obtemos (A + B + Az)(1 – z)2 +
2
2
2 2
1 z (1 z )
1 z (1 z )
(1 z )
2z 2 2z 1 z 2
2 2 z 1 z 2
2dz
(C + D – Cz)(1+z)2 = 2z(1 + z)2, donde A – C = 2, B – A + D – C = 0, –A, –2B + C + 2D = 2, A + B + C + D = 0.
Assim, D = –B, C = – A, logo A = 1, C = –1, D = 1, B = –1.
Assim,
2 z (1 z 2 )
(1 z )
2 2
dz ln(1 z )
Quando x varia entre – 1 e 1,
1
1
2
ln(1 z )
ln(1 z 2 )
.
1 z
1 z
1 z 2
varia entre
e
, donde z varia entre tan e tan . Temos
4
4
8
8
sen
2
4
tan
2 1, donde z varia entre 1
8 1 cos 2 2
4
ln(1 z 2 )
2 1
2
1 z 1 2
2
2 e
2 1. Assim, a integral é
2
2
0, pois ( 2 1) (1 2 ) .
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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 4
Seja
1 i 3
uma raiz de x2 + x + 1. Para que (x2 + x + 1)2 divida (x + 1)m + xm + 1 = P(x), devemos ter
2
2
P() = 0 e P'() = 0.
Assim,
( 1) m m 1 e m(( 1) m1 m1 ) 0.
Temos que
1
1 i 3
2
3
é tal que ( 1) e ( 1) 1 . Como e + 1 são raízes sextas da
2
2
unidade, o comportamento se repetirá com período 6.
( 1) m1 m1 0
Assim,
( 1)
m 2
1,
o
que
equivale
equivale
a
( 1) m1 m1 ( 1) 3 2( m1) ,
a
m
–2
(mod
6).
Nesse
ou
caso,
seja
temos
( 1) ( 1) 1, donde as duas condições são satisfeitas. Assim, os números
que satisfazem o enunciado são os inteiros positivos da forma 6k – 2.
m
m
4
2
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 5
Devemos encontrar o número de soluções de
a1 a 2 ... a10 20, 1 a i 6.
19
a1 a 2 ... a10 20, a i 1 é claramente . Devemos agora descontar as
9
O número de soluções de
soluções para as quais algum ai é 7 pois isto implicaria na soma ser 7 + 7 + 8 1 = 22. Assim, basta descontar 10
vezes o número de soluções de a1 a 2 ... a10 20, a i 7 , a i 1 ,
ou de
19
13
a~1 a 2 ... a10 14, a~i , a i 1 que é 13 . Assim N 10 e a probabilidade pedida é
9
9
9
19
13
10
9
9
p 10 .
6
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 6
a) De
y 2 x 3 43 x 166, temos 2 y
2
dy
3x 2 43, donde dy 3x 43 . A equação da reta tangente a
dx
dx
2y
3a 2 43
3a 2 43
2
3
x b
a . Substituindo em y x 43 x 166
2b
2b
C passando por (a, b) é y
2
3a 2 43
2b 2 3a 3 43a
x
, que terá uma raiz dupla em x = a, e cuja soma
2
b
2
b
temos x 3 43 x 166
2
2
3a 2 43
3a 2 43
, e,
. Assim, o outro ponto terá primeira coordenada igual a
2b 2a
2b
das raízes é
substituindo na equação da reta, segunda coordenada igual a
3
3
3a 2 43
3a 2 43 2b 2 3a 3 43a 3a 2 43 2b 2 9a 3 129 a
2a
.
2b
2b
2b
2b
2b
b) Usando a fórmula acima, obtemos P1 = (–5, 16), P2 = (11, 32), P3 = (3, – 8), P4 = (–5, – 16), P5 = (11, – 32) e
P6 = (3, 8). Assim, a seqüência (Pn) é periódica de período 6, logo P2002 P4 (5,16) .
Observação: No ítem b), o fato de P3 diferir de P0 apenas por uma troca de sinal da segunda coordenada já é
suficiente para concluir que a seqüência é periódica de período 6.
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