FMP/FASE-FACULDADE ARTHUR SÁ EARP NETO DISCIPLINA DE MICROECONOMIA MICROECONOMIA PROF. GABRIEL MAMED FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed INTRODUÇÃO A presente apostila tem por objetivo munir o aluno dos conhecimentos básicos sobre a MICROECONOMIA, para que o mesmo, baseado nesses conhecimentos, tenha condições de tomar suas decisões conhecendo um pouco mais do comportamento dos agentes econômicos conhecidos como consumidor e produtor. A princípio a apostila pode parecer um pouco longa diante da carga horária da disciplina. Contudo, os itens que serão tratados em sala de aula se mostram aqui de maneira mais detalhada, permitindo ao aluno se aprofundar na análise microeconômica. De início apresenta-se a MICROECONOMIA, explicando seu objeto de análise para, nos tópicos seguintes, tratar das questões relacionadas ao consumidor como os elementos motivadores do consumo, suas escolhas, seu equilíbrio e fatores que podem modificar suas decisões. Em seguida aborda-se a Teoria do Produtor, demonstrando como o mesmo deve proceder para obter o máximo rendimento de sua produção. Ao final, discute-se o equilíbrio de mercado, dado pela interação entre produtor e consumidor, relativizando esse equilíbrio na abordagem de estruturas de mercado e elasticidades, fatores que servirão de obstáculo a um acordo que satisfaça ambas as partes e mostrando que a escolha por parte do produtor deverá levar em consideração esses elementos para que, com eles, possa estabelecer maiores margens de ganho. FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed MICROECONOMIA 1) ASPECTOS GERAIS DA ECONOMIA: A Ciência Econômica, ao contrário do que se poderia imaginar, é uma ciência social aplicada e não uma ciência exata. Isso a torna extremamente complexa, uma vez que há que se conviver com relações sociais, interesses individuais e políticos, questões históricas e, ao mesmo tempo, combiná-los em relações matemáticas, estatísticas e econométricas. A complexidade reside no fato de como ponderar o que, muitas vezes, parece imponderável e, também na questão da interferência e, por vezes, supremacia do aspecto social sobre o aspecto exato ou o contrário. A finalidade dessa combinação de fatores objetivos e subjetivos, materiais e imateriais, é promover o bemestar social, administrando de maneira mais eficiente os recursos escassos à disposição dos indivíduos. Vale ressaltar que a Ciência Econômica, antes de ser vista como uma ciência autônoma, ocupava lugar de destaque como um dos ramos da Filosofia, que busca, entre outras coisas, compreender o Homem tanto em sua dimensão mais ampla, como na particular. O primeiro filósofo a conceituar Economia, Aristóteles, a cunhou como “governo da casa” ou “leis da casa” ou, ainda, “administração da casa” (economia = oikos (casa) + nomos (normas)). Outros nomes ligados tanto à filosofia ocidental como oriental ajudaram a desenvolver o campo da Economia, podendo ser citados Ibn Khaldun e São Tomás de Aquino, entre outros. Com o passar do tempo, a complexificação físico-político-econômica e o surgimento dos estados-nações, exigiu dos governantes e administradores da coisa pública um maior cuidado na riqueza gerada em seu território. Amplia-se, portanto, o conceito de Economia, que não se restringe mais ao lar individual propriamente dito, mas a um “lar” maior, dado pelo conjunto dos indivíduos, produtores e consumidores, e do Estado. A Ciência Econômica ganha, então, grande importância, visto que os governos começam a buscar formas para controlar fenômenos monetários, incrementar a produção, dinamizar o comércio internacional, elevar a arrecadação tributária, promover o bem-estar social, buscar a eficiência no uso dos recursos, aumentar o nível de emprego, entre outras questões. Devido ao seu crescimento, a Economia passa a ser estudada em dois grandes ramos: a Microeconomia e a Macroeconomia. Outros ramos derivam desses dois, como Finanças Públicas, Economia Internacional, Economia Industrial, e tantos outros. Enquanto a Macroeconomia trata das questões relacionadas ao que chamamos AGREGADOS ECONÔMICOS, a Microeconomia trata do agente econômico de maneira INDIVIDUAL. Assim, quando na Macroeconomia se estuda o consumo, na Microeconomia estuda-se o consumidor. Quando se fala em PRODUTO na primeira, fala-se em PRODUTOR na segunda. Portanto, o estudo da MICROECONOMIA está centrado na atuação dos agentes econômicos vistos de maneira individualizada. FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed 2) TEORIA MICROECONÔMICA: A Teoria Microeconomia pode ser apresentada segundo o esquema abaixo: TEORIA DO CONSUMIDOR MICROECONOMIA TEORIA DO PRODUTOR FIRMA CUSTOS Na Teoria do Consumidor procura-se identificar os fatores que levam o consumidor a realizar seu consumo, na busca de satisfazer suas necessidades. Além disso, investiga-se como o consumidor realiza o seu equilíbrio, em função de elementos como a renda nominal e real, bem como a sua reação diante de diversas situações que lhe são apresentadas, como variação nos preços, substitutibilidade de mercadorias, qualidade, etc. Na Teoria do Produtor são investigados os pontos necessários para que o mesmo possa maximizar sua produção, obtendo o maior lucro possível. Dessa forma, os agentes econômicos estarão sendo estudados de maneira individual, de acordo com suas especificidades. FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed TEORIA DO CONSUMIDOR TÓPICO I I) DETERMINANTES DO CONSUMO: NECESSIDADE, UTILIDADE E SATISFAÇÃO O ato de consumir é o ato de destruir. E a destruição é importante para a reprodução do sistema econômico, uma vez que as mercadorias deverão ser repostas para novos atos de consumo. Mas por que consumimos? Na verdade, todos nós temos necessidades, sejam elas objetivas ou subjetivas. As NECESSIDADES OBJETIVAS são aquelas comuns a todos os seres, como alimentação, vestuário, habitação, lazer. As NECESSIDADES SUBJETIVAS estão relacionadas a questões de foro íntimo, ou ainda, a elementos psicológicos. Assim, uma pessoa pode consumir mesmo que não necessite objetivamente de determinada mercadoria. Para exemplificar, imagine uma pessoa que deseja estar incluída em determinado grupo social e considera que somente será aceita por esse grupo se consumir a mercadoria X. Ela fará de tudo para obter a mercadoria, não por uma necessidade objetiva, mas por razões afetivas. Portanto, podemos classificar as NECESSIDADES em OBJETIVAS E SUBJETIVAS. A partir do momento em que o indivíduo consome a mercadoria na quantidade em que deseja ele fica satisfeito. A SATISFAÇÃO é, portanto, a sensação de que a necessidade foi atendida. Esse é um conceito extremamente subjetivo, mas todos os seres possuem as mesmas necessidades básicas, diferindo no tipo de mercadoria que será utilizada para atender seus anseios. Dessa forma, uma pessoa pode se transportar de ônibus para o trabalho, mas se for de táxi certamente ficará mais satisfeita. O que a faz ir de ônibus e não de táxi? A resposta a essa pergunta é justamente o elemento diferenciador e que será abordado posteriormente. Uma outra pergunta se faz: por que uma mercadoria consegue atender necessidades e gerar satisfação? Certamente porque é útil, possui UTILIDADE. Se uma pessoa tem sede, irá procurar a água que é útil justamente porque satisfaz à necessidade de hidratação. No entanto, por mais utilidade que uma mercadoria possua, existe um limite no seu consumo que é dado pela SATISFAÇÃO. Os indivíduos consomem até ficarem plenamente satisfeitos. Além disso, seria desperdício de recursos consumir além do que nos satisfaz. Pergunte-se: se você é capaz de consumir três pratos de feijoada, no máximo, sem ter maiores problemas intestinais, o que acontecerá se consumir o quarto prato? Ficará satisfeito? Assim, chegamos aos conceitos de UTILIDADE TOTAL E UTILIDADE MARGINAL. A UTILIDADE TOTAL representa o ganho total de satisfação que o indivíduo pode usufruir enquanto estava consumindo unidades crescentes do bem. A UTILIDADE MARGINAL representa o ganho adicional de satisfação que o indivíduo usufrui ao consumir uma unidade adicional do bem. Para exemplificar, vamos supor que pudéssemos mensurar o grau de satisfação dado pela utilidade de uma mercadoria. O grau máximo seria 10. Assim, se um viajante está no deserto, sem água, e aparece um beduíno vendendo o precioso líquido, o primeiro copo de água é aquele que o salvará da morte, e terá, portanto, um valor FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed enorme para ele. Ao beber o segundo copo, ainda haverá uma grande satisfação, visto que está há dois dias sem água. Porém esse grau de satisfação já será um pouco menor que o do primeiro copo. Ao consumir o terceiro, será menor ainda e, assim, sucessivamente, até o ponto em que o viajante estiver plenamente satisfeito e não conseguir mais ingerir uma gota de água. Nesse ponto a utilidade daquele copo de água adicional será igual a zero. Se ele insistir em consumir poderá passar mal e tiver, o que se chama em Economia, uma DESUTILIDADE MARGINAL, reduzindo seu nível de satisfação total. A tabela abaixo retrata a situação: NÚMERO DE COPOS DE ÁGUA GRAU DE SATISFAÇÃO UTILIDADE TOTAL UTILIDADE MARGINAL 1 10,0 10,0 - 2 9,8 19,8 9,8 3 9,3 29,1 9,3 4 8,7 37,8 8,7 5 7,5 45,3 7,5 6 6,2 51,5 6,2 7 4,5 56,0 4,5 8 2,9 58,9 2,9 9 1,1 60,0 1,1 10 0,0 60,0 0,0 11 -2,0 58,0 -2,0 FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed Os gráficos a seguir mostram o comportamento das curvas de Utilidade Total e Marginal, à medida que a quantidade demandada aumenta: UTILIDADE TOTAL 70 60 utilidade total 50 40 30 UTILIDADE TOTAL 20 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 quantidade demandada UTILIDADE MARGINAL 12 utilidade marginal 10 8 6 UTILIDADE MARGINAL 4 2 0 1 -2 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 quantidade demandada Perceba que na quantidade demandada 10 a Utilidade Total é máxima e a Utilidade Marginal é zero. Ou seja, o consumidor atinge sua máxima satisfação quando uma unidade adicional do bem não lhe proporciona mais nenhuma utilidade. UMg = 0 → UT máx FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed TÓPICO II II) DECISÃO DE CONSUMIR: ESCOLHAS DO CONSUMIDOR, CURVAS DE INDIFERENÇA E RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA. Presume-se que toda relação de consumo seja racional, uma vez que o agente do consumo é o ser humano. Portanto, deverá escolher as mercadorias de acordo com a importância que as mesmas possuem. Isso significa que o consumidor escolherá de acordo com o grau de satisfação que obtiver, ou seja, procurará obter a máxima utilidade das mercadorias por ele consumidas. Além disso, deverá consumir na quantidade necessária para sentirse plenamente satisfeito. As quantidades das mercadorias constantes da cesta de consumo poderão variar em função de determinados elementos que serão comentados em item posterior. Portanto, o consumidor preocupar-se-á em satisfazer sua necessidade, combinando as quantidades de bens de acordo com sua conveniência. Para exemplificar essa questão, suponha que sejam necessários 25 kg de alimentos para saciar a fome de um indivíduo durante um mês, e que os alimentos da sua cesta de consumo sejam X e Y. Ele poderá optar por diferentes combinações, desde que as mesmas somem, sempre, os quilogramas necessários. Veja a tabela abaixo: Kg do alimento X 10,0 9,0 8,0 7,0 6,5 5,0 4,0 1,0 Kg do alimento Y 15,0 16,0 17,0 18,0 18,5 20,0 21,0 24,0 Total em kg consumidos 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 As combinações não se esgotam. Existem infinitas possibilidades que conferem o mesmo grau de satisfação ao consumidor. Essas combinações são expressas pela CURVA DE INDIFERENÇA. BEM X A B C BEM Y FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed Os pontos A, B e C da curva acima representam três das infinitas combinações que conferem ao consumidor o nível de satisfação requerido. Note que o nível de satisfação é o mesmo, ou seja, o consumidor sempre consome os 25 kg necessários. O que varia é a quantidade dos bens X e Y. Quando o consumo de X aumenta, o de Y diminui e vice-versa. Por isso chama-se à curva que reúne os pontos de mesma satisfação do consumidor de CURVA DE INDIFERENÇA, pois, em termos de satisfação, é indiferente ao consumidor consumir em um ou outro ponto da curva. Apesar de haver infinitos pontos à disposição do indivíduo, ele escolhe apenas um. Por que? O que o fará consumir no ponto A, B ou C? Perceba que ao deixar de consumir no ponto A para consumir no ponto B, o consumidor deixou de consumir X e aumentou o consumo de Y, ou seja, houve substituição de uma mercadoria por outra. Isso pode ocorrer por variações nominais ou reais na renda. Entende-se por variação nominal da renda o aumento da quantidade de moeda em poder do indivíduo. Se essa quantidade aumenta/diminui, logicamente o consumo aumentará/diminuirá, respectivamente. A variação real da renda representa o aumento ou diminuição do poder aquisitivo derivado da diminuição ou elevação do preço de um determinado bem. Isso significa que, se o preço de um bem aumentar, a renda REAL dos indivíduos diminuirá, já que os mesmos poderão demandar menores quantidades do bem. Ao contrário, se os preços diminuírem, os consumidores demandarão mais unidades da mercadoria com a mesma quantidade de renda. Portanto fica claro que os consumidores, além dos seus desejos e necessidades, levarão em consideração o seu poder aquisitivo na hora de adquirirem alguma mercadoria. Fica a pergunta: como resolver o problema das múltiplas possibilidades de escolha? FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed TÓPICO III III) O EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR Vimos que, baseado em suas necessidades, o consumidor realiza suas escolhas de modo a obter o maior nível de satisfação possível. Dessa forma, procura combinar as quantidades das diferentes mercadorias de acordo com seus gostos e preferências. No entanto, se as mercadorias possuírem algum grau de substitutibilidade, existirão infinitas combinações que atendem ao interesse do consumidor. Veremos que o consumidor somente poderá optar por um par ordenado, ou seja, por uma das combinações de quantidades dos bens. Para isso é necessário entender o conceito de RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA. A reta de orçamento indica o limite de gastos por parte do consumidor, em caso de maximização de sua renda. Como o consumidor desejará maximizar sua satisfação, utilizará toda a sua renda para isso. Suponha, para simplificar o raciocínio, que a cesta de consumo do indivíduo é composta apenas pelos bens A e B. Logo o gasto total do consumidor (que será igual à sua renda em caso de maximização), é dado por: M = PA∙ QA + PB∙ QB M = renda do consumidor PA = preço do bem A QA = quantidade do bem A PB = preço do bem B QB = quantidade do bem B Da equação apresentada pode-se traçar a reta orçamentária, atribuindo-se às quantidades o valor zero. Assim, quando não se consome nada de A, aloca-se toda a renda em B, e quando nada se consome de B, aloca-se toda a renda em A. O gráfico é apresentado a seguir: BEM A QAMAX X BEM B QBMAX Como o consumidor possui o limite de renda, as diversas possibilidades mostradas no item sobre a curva de indiferença ficam restritas a esse limite. Portanto, não basta ao consumidor querer consumir, ele deve poder FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed consumir. Busca-se, então, um ponto de tangência dos desejos e das possibilidades, ou seja, um ponto que atenda aos critérios de satisfação e de renda do consumidor. EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR: É dado pelo ponto que atende, SIMULTANEAMENTE, aos desejos e possibilidades do consumidor. É ilustrado pelo gráfico abaixo: BEM A QAMAX EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR E BEM B QBMAX VARIAÇÕES NO EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR: O ponto de equilíbrio do consumidor pode variar, permitindo que ele consuma maior quantidade dos dois bens simultaneamente. Isso pode ocorrer de duas maneiras: Variação na renda nominal; Variação na renda real. A variação na renda nominal é devida a um aumento ou diminuição na renda do consumidor. Assim, se o seu salário sofrer um acréscimo, será possível um aumento no consumo dos dois bens, deslocando o ponto de equilíbrio para cima e para a direita (E1). Ao contrário, se o salário sofrer uma redução, o ponto de equilíbrio deslocar-se-á para a esquerda, diminuindo o padrão de satisfação do indivíduo (E2). As duas situações estão ilustradas no gráfico abaixo. VARIAÇÃO NA RENDA NOMINAL E MODIFICAÇÃO DO PONTO DE EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR. BEM A QAMAX E1 E0 E2 BEM B QBMAX FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed A variação na renda real ocorre a partir de uma variação nos preços das mercadorias. Portanto, mesmo que a renda do consumidor não se altere em termos nominais, ela poderá se alterar em função da quantidade de bens que pode adquirir. Ou seja, a renda real está expressa pela quantidade de bens/serviços que podem ser adquiridos com determinado montante monetário. Logo, se o preço do bem é reduzido, a renda real do indivíduo aumentará, pois poderá consumir uma maior quantidade de bens. Se, de outra forma, o preço sofrer uma elevação, a renda real diminuirá, pois o consumidor terá que reduzir a quantidade consumida. O gráfico mostrará essa variação de renda real pela mudança na inclinação da reta de orçamento. Existem diversas situações possíveis para duas mercadorias. Para ilustrar será mostrada uma variação na renda real do consumidor a partir de uma redução no preço do BEM A. BEM A VARIAÇÃO NA RENDA REAL E MODIFICAÇÃO DO PONTO DE EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR. QAMAX drp QAMAX arp = quantidade máxima de A antes da redução de preços. QAMAX arp E1 QAMAX drp = quantidade máxima de A depois da redução de preços. E0 BEM B QBMAX Havendo uma redução no preço de A, o consumidor poderá aumentar a quantidade consumida dessa mercadoria. Assim, poderá atingir um ponto superior de equilíbrio, uma vez que uma redução em PA elevou a sua renda em termos reais. A quantidade da mercadoria B, a princípio, fica constante, pois nada aconteceu ao preço de B. É claro que o indivíduo poderia consumir mais dessa mercadoria, caso o preço de A diminuísse, pois sobraria mais renda, porém o mais lógico é pensar que se aumentará a demanda por aquele bem que teve o seu preço reduzido, a menos que estejamos falando de bens de Giffen ou de bens inferiores. Portanto, considerando-se que o consumo de A aumentou por variação na renda real, a inclinação da reta de orçamento variou, indicando que o consumidor pode agora, com a mesma renda nominal, comprar mais unidades de A. Como exercício, construa os novos pontos de equilíbrio do consumidor, considerando: 1) 2) 3) 4) Aumento no preço de B; Redução no preço de B; Aumento de 30% no preço de A com redução de 20% no preço de B; Redução de 20% em ambos os preços. FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed TÓPICO IV IV) A CURVA DE DEMANDA. A curva de demanda demonstra os diversos pontos de preços e quantidades demandadas em um dado mercado, mostrando a aceitação da sociedade por um determinado preço que seja cobrado pela mercadoria. Normalmente preço e quantidade demandada variam de maneira inversa, ou seja, se o preço aumenta/diminui, a demanda diminui/aumenta, respectivamente. Dizemos, portanto, que a curva de demanda é NEGATIVAMENTE INCLINADA. O gráfico da curva de demanda é traçado abaixo: P P0 P1 Qd Q0 Q1 Diversos fatores influenciam na construção e no comportamento da curva de demanda. Apesar de a quantidade demandada ser, frequentemente, expressa como uma função dos preços, ela também depende de fatores como a utilidade do bem, a renda, entre outros. VARIAÇÕES NA DEMANDA POR UM BEM: A demanda geralmente varia por conta das variações do preço da mercadoria. Nesse caso, diz-se que houve um DESLOCAMENTO AO LONGO DA CURVA DE DEMANDA. É a situação ilustrada no gráfico anterior. No entanto, algumas vezes a demanda pode variar por fatores que denominamos FATORES EXTRAPREÇO. Isso significa que a demanda variará, mesmo que o preço não aumente ou diminua. Por exemplo, se há uma epidemia de dengue, não é necessário que o preço do repelente de insetos caia para que a demanda aumente. De outra forma, se muitas pessoas morrem por conta dessa epidemia, não foi necessário o preço aumentar para que a demanda ficasse reduzida. Chamamos a essa situação de DESLOCAMENTO DA CURVA DE DEMANDA (para a esquerda ou para a direita, caso se diminua ou se aumente a demanda). O gráfico abaixo mostra a variação da demanda por fatores extra-preço: P P0 Qd Q2 Q0 Q1 FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed PREÇOS E VARIAÇÃO DA DEMANDA: ELASTICIDADE A elasticidade procura mensurar a variação percentual da demanda a partir de uma variação percentual em alguma outra variável, ou seja, como o consumidor reage a determinadas situações. Aqui serão mostradas: elasticidade-preço da demanda, elasticidade-preço cruzada e elasticidade-renda. ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA Como os indivíduos reagem a uma variação no preço da mercadoria? A resposta a essa questão dependerá do tipo de mercadoria que esteja sendo demandada. Em alguns casos o consumidor tem maior autonomia para recusar a demanda caso haja uma elevação de preços. Em outros, talvez isso não seja possível. Por conta disso classificamos a elasticidade de acordo com a reação desse consumidor a uma variação de preços. O cálculo da elasticidade-preço da demanda, representada por ε, mostrará, justamente, a intensidade dessa reação. Vejamos: ε = (ΔQ/Qi) / (ΔP/Pi) Os termos expressos pela fórmula da elasticidade-preço da demanda mostram as variações percentuais da quantidade e da demanda. Ao final do cálculo encontraremos o quanto 1% de variação no preço ocasionará de variação na quantidade demandada. Vejamos um exemplo: QI = 100 PI = 20 QF =200 PF = 15 Realizando os cálculos, a ε = - 4. Isso significa que a cada 1% de variação no preço, a demanda varia 4%. O sinal negativo possui um significado econômico e demonstra, justamente, a relação inversa que existe entre pereço e quantidade demandada. Assim, se o preço aumenta/diminui em 1%, a demanda diminui/aumenta 4%, respectivamente. A intensidade da reação do consumidor, ou seja, a elasticidade-preço da demanda, classifica as mercadorias em: A. PREÇO – ELÁSTICA (ΔQ/Qi) > (ΔP/Pi) B. PREÇO – INELÁSTICA (ΔQ/Qi) < (ΔP/Pi) C. PREÇO – UNITÁRIA (ΔQ/Qi) = (ΔP/Pi) D. PREÇO – ANELÁSTICA (ΔQ/Qi) = 0 E. PREÇO – INFINITA (ΔQ/Qi) ε >1 ε <1 ε= 1 ε=0 ε=∞ ∞ Note que o valor da elasticidade-preço é negativo. No entanto, como o que importa é a intensidade da modificação da demanda, basta que consideremos o valor em módulo e, sobre esse valor, classifica-se a mercadoria conforme o parágrafo anterior. Os gráficos representativos de cada comportamento seguem abaixo: p p (A) q p p (B) q (C) q p (D) q (E) q FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed A elasticidade-preço da demanda pode ser calculada também pelo método do ponto médio ou, ainda, pela derivada da função demanda. No entanto, a forma mais utilizada é a apresentada acima. ELASTICIDADE-PREÇO CRUZADA DA DEMANDA Mensura a reação do consumidor à variação do preço de uma outra mercadoria. Permite classificar os bens em substitutos ou complementares. A fórmula que permite seu cálculo é dada por: ε xy = (ΔQx/Qix) / (ΔPy/Piy) Suponha que um consumidor demande 20 unidades da mercadoria A, a um preço de R$ 5,50. Quando o preço da mercadoria B passa de R$ 6,00 para R$ 4,00, a quantidade demandada de A cai para 10 unidades. Assim, podemos dizer que a ε xy = 1,5. Isso significa que a cada 1% de redução no preço da mercadoria B, a demanda por A cai 1,5%, mostrando que houve uma substituição de A por B. Os bens são, nesse caso, SUBSTITUTOS. Se, ao invés da redução no preço de B houvesse um aumento de R$ 4,00 para R$ 6,00, e se a demanda por A passasse de 20 para 10 unidades, a ε xy = -1? Nesse caso, um aumento no preço de B, levaria a uma diminuição na demanda por A, sendo os bens considerados COMPLEMENTARES. O raciocínio é o seguinte: se o preço de B aumenta, a demanda por B diminui. Se a demanda por A também diminui, conclui-se que o consumo de um bem é acompanhado pelo consumo de outro, isto é, um complementa o outro. Quando ε xy = 0, os bens não guardam nenhuma relação entre si. ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA A elasticidade-renda da demanda, simbolizada por γ, mensura a reação do consumidor a partir de uma variação em sua renda e é dada por: γ = (ΔQx/Qi) / (ΔY/Y) O resultado encontrado nos permitirá não somente identificar a variação da demanda quando se varia a renda, mas também classificar os bens em NORMAIS ou SUPERIORES E INFERIORES. 0<γ≤1 BENS NORMAIS γ>1 BENS SUPERIORES γ<0 BENS INFERIORES A classificação com relação à elasticidade-renda não está totalmente fechada entre os economistas. Alguns consideram uma única classificação para bens normais e superiores. Outros consideram, ainda, que uma elasticidade-renda superior à unidade classifica o bem como ultrasuperior. Na maior parte das vezes a classificação acima atende bem à questão. ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA E RECEITA TOTAL A elasticidade-preço da demanda é fundamental para a determinação do preço que será cobrado pela mercadoria, uma vez que, com as diferentes reações do consumidor à variação de preços, efeitos distintos sobre a receita total. Sabe-se que a RECEITA TOTAL = PREÇO X QUANTIDADE. Aplicando-se o conceito de elasticidade-preço da demanda e analisando os gráficos respectivos, pode-se tirar algumas conclusões: FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed Preço-elástica: a receita total aumenta ou diminui, se o preço diminuir ou aumentar, respectivamente; Preço-inelástica, perfeitamente inelástica e perfeitamente elástica: a receita total aumenta ou diminui, caso o preço aumente ou diminua, respectivamente; Preço-unitária: a receita total não se altera. Logo, ao tomar a decisão de produzir uma mercadoria, o produtor deverá levar em consideração o seu público, que tipo de mercadoria deseja produzir, se prefere ganhar no preço ou na quantidade vendida. FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed TEORIA DO PRODUTOR TÓPICO I I) FUNÇÃO DE PRODUÇÃO Produzir é o processo de transformação de um bem em outro bem que possua uma finalidade específica. O resultado desse processo será um produto, se for destinado ao consumo próprio ou uma mercadoria, se tiver como propósito a negociação em um determinado mercado. Para iniciar a produção é necessário, no entanto, que se conheça a maneira como o bem deve ser produzido, as matérias-primas necessárias e como combiná-las. Chama-se FUNÇÃO DE PRODUÇÃO a relação que se guarda entre a quantidade dos elementos necessários ao processo de transformação e a quantidade de mercadoria produzida. Além disso, a expressão matemática da função deverá expressar também, não somente a quantidade das matérias-primas e insumos utilizados, mas a forma como os mesmos deverão ser combinados. Dessa forma, não existe uma função de produção única, ou uma “receita de bolo”. Cada função é específica do bem que se deseja produzir. Por exemplo, no caso da função a que chamamos Cobb-Douglas, a quantidade será dada obedecendo à seguinte ordem: Q = f(x;y) = A∙xα ∙ y(1-α) Nessa equação, A e α são constantes positivas e 0 < α < 1 Se fizermos x e y crescerem na proporção β, teremos: Q = f(βx;βy) = A(βx)α ∙ (βy)(1-α) = A ∙βα ∙ β(1-α) ∙ xα ∙ y(1-α) = A ∙ β ∙ xα ∙ y(1-α) = β ∙ A ∙ xα ∙ y(1-α) = β ∙ f(x;y) = βQ Assim, verifica-se que, por essa função, se os insumos forem aumentados em uma determinada proporção, a quantidade produzida será aumentada na mesma proporção. Isso é o que chamamos de RENDIMENTOS CONSTANTES DE ESCALA. No caso de RENDIMENTOS CRESCENTES DE ESCALA, a produção teríamos algo como ∙ f(x;y) = 2Q. Para RENDIMENTOS DECRESCENTES DE ESCALA, uma possível representação seria, ∙ f(x;y) = 1/2 Q. Note que, pelo exemplo apresentado acima, fica claro que a produção não obedecerá a uma única “lei” de produção. Cada bem possui suas características específicas e assim deverá tratado pelo produtor. É importante notar ainda que a função de produção poderá ser modificada de acordo com as condições tecnológicas. FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed TÓPICO II II.1) PRODUÇÃO E INSUMOS Os insumos podem ser classificados em fixos e variáveis. FIXOS: são aqueles que não podem ser rapidamente modificados diante do aumento da produção. Uma empresa, ao fazer seu planejamento anual, dimensiona seu orçamento de capital de modo que seus investimentos estão dados para uma determinada quantidade a ser produzida num dado período. Assim, se para produzir 1000 unidades de uma mercadoria Y são necessárias 10 máquinas, a empresa montará sua planta de produção com o valor planejado. VARIÁVEIS: são aqueles que podem responder imediatamente ao aumento da produção, desde que obedecido o limite imposto pelo capital fixo. Assim, se existe capacidade ociosa das máquinas utilizadas, pode-se incorporar mais unidades de insumos variáveis, aumentando, assim, a produção. Essa abordagem está voltada para o curto prazo. No entanto, no longo prazo, devido aos desejáveis aumentos de capacidade produtiva, considera-se que todos os insumos são variáveis. As proporções entre os insumos também pode variar, ou seja, os insumos podem ser combinados na mesma proporção ou de maneira diferente. Trata-se da produção em proporções fixas ou em proporções variáveis. II.2) PRODUÇÃO COM UM INSUMO VARIÁVEL Considere a produção de trigo em diferentes áreas de 10 ha, com números de trabalhadores distintos e diferentes produções. Vejamos o que acontece, de acordo com a tabela abaixo: ÁREA 1 2 3 4 5 6 7 8 Nº DE RELAÇÃO TERRA- PRODUTO PRODUTO MÉDIO P/ TRABALHADORES TRABALHO TOTAL TRABALHADOR 1 2 3 4 5 6 7 8 10,0 5,0 3,3 2,5 2,0 1,7 1,4 1,3 10,0 24,0 39,0 52,0 61,0 66,0 66,0 64,0 10,0 12,0 13,0 13,0 12,2 11,0 9,4 8,0 PRODUTO MARGINAL P/ TRABALHADOR 14,0 15,0 13,0 9,0 5,0 0,0 -2,0 Obs.: 1) o produto médio de um insumo é o produto total dividido pelo montante de insumo utilizado na produção; 2) o produto marginal de um insumo é o acréscimo de produto total originado a partir do emprego de uma unidade adicional do insumo variável. Elaborando-se o gráfico a partir da tabela acima, temos: FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed PRODUTOS MÉDIO E MARGINAL EQUILÍBRIO DA PRODUÇÃO UM INSUMO FIXO E UM INSUMO VARIÁVEL 65.0 55.0 PRODUTO TOTAL 45.0 35.0 PRODUTO MARGINAL P/ TRABALHADOR 25.0 15.0 PRODUTO MÉDIO P/ TRABALHADOR 5.0 -5.0 1 2 3 4 5 6 7 8 Nº DE TRABALHADORES Perceba que o produto total cresce enquanto o produto médio cresce. Isso ocorre porque, nessa faixa, o produto marginal é maior que o produto médio, ou seja, cada trabalhador adicional está contribuindo para a produção de maneira superior ou igual ao trabalhador anterior. A partir de dado momento, o ganho de eficiência é reduzido e isso se deve à imperfeita alocação de recursos que estão sendo utilizados de maneira inadequada, superando a capacidade de 10 ha de cada área, e isso acabará por reduzir a taxa de aumento do produto total e até mesmo reduzi-lo. Assim, embora sejamos levados a pensar que o melhor seria sempre produzir a maior quantidade possível, o que deve ser analisado é o ganho que o produtor terá ao empregar uma unidade adicional do insumo. Logo, deve-se conjugar a quantidade produzida à eficiência no uso dos recursos produzidos. Pelo gráfico e pela tabela depreende-se que a área 4 é a que consegue tal feito, uma vez que o 4º trabalhador adicional à produção pelo menos a média do que já vinha sendo produzido. Portanto, a condição de equilíbrio é dada por PMe = PMg. Fica claro, então, que o insumo fixo possui um limite de utilização. No caso acima, havia uma área de 10 hectares onde foi simulado um aumento contínuo no número de trabalhadores e o seu efeito na produção. Percebe-se que a relação terra-trabalho foi sendo reduzida até o 8º trabalhador, o que fez com que cada um tivesse sua produtividade afetada negativamente a partir 5ª unidade de insumo variável. A esse princípio chamamos LEI DOS RENDIMENTOS MARGINAIS DECRESCENTES. II.3) PRODUÇÃO PARA DIFERENTES QUANTIDADES DE INSUMO FIXO Aqui serão consideradas áreas com metragens distintas e verificaremos o que acontece ao produto, para áreas com 20 ha. PRODUTO 1 2 3 NÚMERO DE TRABALHADORES 4 5 6 7 8 9 10 11 PRODUTO TOTAL 25,0 40,0 52,5 64,0 75,0 85,5 95,0 103,0 PRODUTO MÉDIO 25,0 20,0 17,5 16,0 15,0 14,3 13,6 12,9 12,0 10,8 9,6 PRODUTO MARGINAL 15,0 12,5 11,5 11,0 10,5 8,0 5,0 0,0 -2,0 9,5 108,0 108,0 106,0 PRODUTOS TOTAL, MÉDIO E MARGINAL FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed EQUILÍBRIO DA PRODUÇÃO CAPITAL E TRABALHO VARIÁVEIS I 120.0 III II 100.0 80.0 60.0 PRODUTO TOTAL 40.0 PRODUTO MÉDIO PRODUTO MARGINAL 20.0 0.0 -20.0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Nº DE TRABALHADORES Perceba que nesse caso o produto máximo é atingido quando o PMg = 0, ou seja, quando o décimo trabalhador não incorpora mais unidades de produto total. No entanto, até esse ponto a produção é possível, pois o produto médio continua sendo superior ao produto marginal. Além desse ponto, o PMg apresenta-se como negativo, o que acarreta uma queda no produto total. Portanto, a condição de equilíbrio nos diz que o produto total é máximo quando o produto marginal é zero e o produtor deverá produzir no ESTÁGIO II. FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed TÓPICO III III.1) EQUILÍBRIO DO PRODUTOR: ISOQUANTA , ISOCUSTO E EQUILÍBRIO. Já foi visto que o produtor deverá produzir combinando as quantidades de insumos que devem ser utilizados. Em inúmeras situações, os insumos podem ser substituídos desde que continuem a produzir a mesma quantidade desejada pelo produtor e isso está representado na curva ISOQUANTA. INSUMO A QIA QFA INSUMO B QIB QFB A ISOCUSTO é a curva que representa o limite de gastos do investidor e pode ser visualizada abaixo: INSUMO A INSUMO B O produtor deverá aliar o seu desejo de produção (ISOQUANTA) às suas possibilidades (ISOCUSTO). O gráfico do equilíbrio vem a seguir: FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed INSUMO A EQUILÍBRIO DO PRODUTOR E QA INSUMO B QB O ponto de tangência representa, então, o equilíbrio do produtor. FMP/FASE – Faculdade Arthur Sá Earp Neto Curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial- Microeconomia Prof. Gabriel Mamed TÓPICO IV V) O MERCADO: INTERAÇÃO ENTRE CONSUMIDOR E PRODUTOR Consumidor e produtor encontram-se no mercado, o primeiro desejando satisfazer suas necessidades e o segundo procurando realizar o seu lucro a partir da venda de suas mercadorias. Contudo, os dois agentes desse mercado possuem interesses distintos. O consumidor deseja pagar sempre menos por quantidades crescentes do bem e o produtor deseja cobrar o maior preço possível. É necessário, portanto, que haja um acordo e que seja estabelecido um preço de mercado, ou de equilíbrio. Esse preço surge a partir da interseção das curvas de oferta e de demanda, como se verifica abaixo: Preço (P) Oferta (S) P Demanda (D) Quantidade (Qs;Qd) Qs = Q d Esse “acordo” surge do encontro das duas forças de mercado, que vão “se testando” até que se encontre um preço que seja conveniente a ambos. É claro que esse preço nem sempre é determinado assim. Isso somente ocorre em mercados mais concorrenciais. No entanto os mercados, em sua maioria, são imperfeitos, o que altera o poder de barganha dos agentes. Perceba que mercadorias altamente inelásticas com relação à sua demanda conferem pouco poder ao consumidor. O mesmo ocorre em mercados mono ou oligopolizados. Esses outros elementos também devem ser levados em consideração no momento da escolha do investimento pelo produtor.