FICHAMENTO: A CONSTELAÇÃO PÓS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM DIREITO
“Idéias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica:
introdução geral à fenomenologia pura.”.
Edmund Husserl.
Aluna: Thais Marques de Mendonça
Fichamento apresentado como exigência de
avaliação na matéria Metodologia, do Curso de PósGraduação (Mestrado) da Faculdade de Direito da
Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Salvador –Ba
2010
FICHAMENTO: IDÉIAS
PARA UMA FENOMENOLOGIA PURA E PARA UMA FILOSOFIA
FENOMENOLÓGICA: INTRODUÇÃO GERAL À FENOMENOLOGIA PURA.
AUTOR: EDMUND
HUSSERL.
ALUNA. THAIS MARQUES DE MENDONÇA.
“E diferente do que ocorre quando, em investigação independente, tentamos
levar ainda mais adiante o conhecimento dos dados da orinetação natural,
especialmente dos objetos da natureza que nos são bem familiares em suas
propriedades, elementos e leis, em virtude da experiência constante deles e de
séculos de exercício de pensamento. Neles, tudo o que é desconhecido é
horizonte de algo conhecido. Todo empenho metodológico se prende ao já
dado, todo aprimoramento do método, a um método já existente; trata-se, no
geral, de mero desenvolvimento de métodos especiais, que se adaptam ao
estilo já prefixado e estável de uma metodologia científica verificada e
seguem esse estilo em suas descobertas.” (p.02)
“Quão diferente é na fenomenologia! Não apenas porque ela precisa de um
método antes mesmo de todo método de determinação das coisas, isto é, de
um método para trazer à apreensão do olhar o campo de coisas da consciência
transcendental pura; não apenas porque nela é preciso desviar laboriosamente
o olhar dos dados naturais de que não se cessa de ter consciência , e que,
portanto , estão por assim dizer entrelaçados àqueles novos dados que se
intenta alcançar (…).” (p.03)
“Sem considerações preliminares e preparatórias a respeito do objeto e do
método, não se traça o esboço de nova ciência. Mas os conceitos e os demais
elementos metódicos com que de início psicologia, fenomenologia etc.
operam em tais trabalhos preparatórios são psicológicos, fenomenológicos, e
só recebem seu cunho científico no sistema da ciência já fundada” (p.05)
“Ela tem de pôr diante dos olhos, exemplarmente, puros eventos da
consciência, tem de trazê-los à clareza mais completa, para, dentro dessa
clareza, analisá-los e apreender intuitivamente a sua essência, tem de perseguir
os nexos eidéticos evidentes, formular o intuído em expressões conceituais
fiéis, cujo sentido só pode ser prescrito puramente por aquilo que foi intuído
ou foi visto com evidência em sua generalidade.” (p.05)
“Executada com consciência, ele assume então o caráter e a condição de
método científico, o qual, se for o caso, permitirá que se exerça u m a crítica
delimitadora e aprimoradora na aplicação de normas metódicas rigorosamente
formuladas. A remissão essencial da fenomenologia a si mesma se mostra em
que aquilo que é considerado e constatado na reflexão metódica sob as
designações "clareza", "evidência", " expressão " etc , faz parte, por sua vez,
do próprio domínio fenomenológico , e em que todas as análises reflexivas são
análises fenomenológicas de essência, e que as evidências metodológicas
alcançadas respectivamente às suas constatações estão sob normas que elas
formulam. Nas novas reflexões é preciso, portanto, poder sempre se convencer
de que os estados-de-coisas expressos em enunciados metodológicos estão
dados na mais completa clareza, de que os conceitos utilizados se ajustam real
e fielmente ao dado.” (p.05)
“Com base na intuição e no exercício de intuições individuais exemplares, elas
são providas de significações distintas e unívocas ("riscando-se", por assim
dizer, as outras significações habituais que se impõem conforme as
circunstâncias), de tal modo que conservam seus conceitos-de-pensamento em
todos os nexos possíveis do pensamento atual e perdem sua capacidade de se
ajustar a outros dados intuitivos preenchidos por outras essências.” (p.06)
“Do maior interesse para nós são as considerações metódicas que não se
referem à expressão, mas às essências e nexos eidéticos a serem apreendidos e
expressos por intermédio dela. Se o olhar investigador se direciona para
vividos, eles se oferecem em geral num vazio e numa vaga distância, que os
torna inutilizáveis tanto para uma constatação singular, quanto para uma
constatação eidética.(...) Aquilo que a cada vez se vislumbra num a
obscuridade fugidia, em maior ou menor distância intuitiva, deve, pois, ser
trazido à proximidade normal, a perfeita clareza, a fim de que a ele se
apliquem valiosas intuições eidéticas correspondentes, nas quais as essências e
relações de essências buscadas ganhem a condição de dado pleno.” (p.07)
“Em geral, a percepção doadora originária, e em especial, naturalmente, a
percepção externa, tem suas vantagens frente a todas as espécies de
presentificação . Isso, porém, não apenas com o ato empírico nas constatções
de existência , que não entram em consideração aqui, mas com base para
constatações fenomenológicas de essência . A percepção externa possui
clareza perfeita para todos os momentos objetivos, que nela entram
efetivamente com o dados no modo da originariedade. Ela, no entanto, oferece
também, com a eventual cooperação da reflexão a ela referida,
individualizações claras e estáveis para análises e idéticas gerais de tipo
fenomenológico ou até, mais especificamente, para análises de atos.” (p.10)
“Podemos pôr de lado as essências formais e, com elas, todo complexo das
disciplinas matemáticas formais, já que a fenomenologia pertence
manifestamente às ciências eidéticas materiais. Se é que a analogia pode
mesmo nos guiar no método , ela agirá com mais força se nos restringirmos às
disciplinas matemáticas materiais, como, por exemplo, a geometria, para daí
nos perguntarmos, de maneira mais específica, se a fenomenologia deve ou
pode ser constituída com o uma "geometria" dos vividos.” (p.13)
“No que concerne à fenomenologia, ela quer ser uma doutrina eidética
descritiva dos vividos transcendentais puros em orientação fenomenológica, e
como toda disciplina descritiva, que não opera por substrução nem por
idealização, ela tem sua legitimidade em si. O que quer que possa ser
eideticamente apreendido nos vividos reduzidos em intuição pura — quer
como componente real, quer como correlato intencional — será próprio a ela,
e tal é para ela uma grande fonte de conhecimentos absolutos. (...) A
consciência tem em geral a peculiaridade de ser um flutuar que transcorre em
diferentes dimensões, de modo que não se pode falar de uma fixação
conceituai exata de quaisquer concretos eidéticos e de todos os momentos que
os constituem imediatamente.” (p.19)
“(...) teorizações dedutivas estão excluídas da fenomenologia. Inferências
mediadas vão lhe são terminantemente proibidas; mas como todos os seus
conhecimentos devem ser descritivos, puramente ajustados à esfera imanente,
as inferências e todo tipo de procedimento não-intuitivo só têm a importância
metódica de nos levar até as coisas que um a posterior visão direta da essência
tem de trazer à condição de dado.” (p.20)
“A plenitude de sentido não basta, pois o modo de preenchimento também
conta. O modo intuitivo é um modo de viver o sentido no qual o "objeto
visado como tal " é trazido intuitivamente à consciência, e um caso
especialmente eminente dele é aquele em que o modo intuitivo é justamente
doador originário. O sentido na percepção de uma paisagem é preenchido
perceptivamente, o objeto percebido é trazido à consciência no modo do "e m
carne e osso" com suas cores, formas etc. (tão logo estas sejam "chamativas"
para a percepção).” (p.23)
“A cada região e categoria de supostos objetos n ã o corresponde
fenomenologicamente apenas sentidos ou proposições de uma espécie
fundamental, mas também uma espécie fundamental de consciência que dá
originariamente esses sentidos, e dela faz parte um tipo fundamental de
evidência originária, que é essencialmente motivada pela respectiva espécie de
dado originário.” (p.28)
“A todo objeto "verdadeiramente existente" corresponde por princípio (no a
priori da generalidade eidética incondicionada) a idéia de uma consciência
possível, na qual o próprio objeto é apreensível originariamente e, além disso,
em perfeita adequação. Inversamente, se essa possibilidade é garantida, o
objeto é eo ipso verdadeiramente existente. (...) Todavia, o dado perfeito é,
ainda assim, prescrito como idéia (no sentido kantiano) — um contínuo de
aparições determinado a priori, com todas as dimensões diferentes, mas
determinadas, inteiramente regido por uma firme legalidade eidética, é
prescrito como um sistema absolutamente determinado em seu tipo eidético de
processos infinitos da aparição contínua ou como campo desses processos.”
(p. 35/36)
“(...) a fenomenologia da razão, a noética no sentido forte, que não pretende
submeter a razão em geral, mas a consciência de razão a uma investigação
intuitiva, pressupõe inteiramente a fenomenologia geral.(...) Aqui está a
verdade!, como se esta voz tivesse algo a dizer para nós outros, espíritos
livres, e não tivesse de atestar a legitimidade de seus títulos. Já não mais
precisamos debater como ceticismo e refletir sobre aquele velho tipo de
dificuldades que não podem ser suplantadas por nenhum a teoria da evidência
fundada em índices ou sentimento: será que um espírito enganador (como o da
ficção cartesiana) ou uma alteração fatal do transcurso fático do mundo não
poderia fazer com que precisamente todo juízo falso fosse dotado desse índice,
desse sentimento da necessidade de pensar assim, do dever-ser transcendente
etc? Se passamos ao estudo dos fenômenos aqui atinentes, no âmbito da
redução fenomenológica, reconheceremos com a mais plena clareza que se
trata aqui de um modo posicionai peculiar (e, portanto, de tudo , menos de um
conteúdo qualquer anexado ao ato, de um tipo qualquer de acréscimo), que faz
parte das constituições eideticamente determinadas da essência do noema (por
exemplo, o modo "claridade originária de visão " faz parte da propriedade
noemática "apreensão intuitiva de essência originariamente doadora").” (p.38)
“O que importa, em particular, é estudar sistematicamente as unificações
contínuas de identidade em todos os domínios e as identificações sintéticas
segundo a constituição fenomenológica destas. Se antes de mais nada se
conheceu o que é preciso conhecer primeiro, a articulação interna do vivido
intencional em todas as estruturas gerais, se se conheceu o paralelismo dessas
estruturas, as camadas no noema , tal com o sentido, sujeito do sentido,
caracteres téticos, plenitude, então cabe tornar completamente claro, em todas
as unificações sintéticas, como junto com elas ocorrem não apenas em geral
ligações de ato, mas também ligações na unidade de um único ato.” (p.40)
“(...)As intuições individuais que servem à apreensão eidética podem já ser
claras o bastante para proporcionar a obtenção totalmente clara de uma
generalidade de essência, a qual, no entanto, não vai tão longe quanto a
intenção diretora; falta clareza do lado das determinações mais precisas das
essências co-implicadas, e, portanto , é preciso fazer uma aproximação das
individualidades exemplares ou providenciar outras mais adequadas, nas quais
os traços individuais que se intenta confusa e obscuramente buscar possam ser
ressaltados e então trazidos à condição de dado o mais claro.” (p.42)
“Deve-se ainda chamar a atenção para o seguinte: seria exagero dizer que toda
evidência da apreensão eidética requeira que as individualidades subjacentes
estejam plenamente clarificadas em sua concreção. Para apreender distinções
eidéticas mais gerais, como, por exemplo, a distinção entre cor e som, entre
percepção e vontade, é suficiente que os exemplos tenham sido dados em
nível mais baixo de clareza. E como se neles a máxima generalidade, o gênero
(cor em geral, somem geral) já estivesse dado plenamente, mas ainda não a
diferença. Esse modo de dizer pode causar perplexidade, mas eu não saberia
como evitá-lo. E preciso presentificar essa situação em viva intuição.” (p.42)
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