Antecedentes - História

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HISTÓRIA
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Profª Isabel Cristina Simonato
A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Antecedentes
1. A corrida para a guerra
Em 1936, a Olimpíada se realizaria em um país marcado por uma ideologia totalitária: a Alemanha nazista.
Em votação realizada em 1931, os membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) escolheram Berlim para sede da
XI Olimpíada. A capital da Alemanha recebeu 43 votos contra 16 conferidos a Barcelona e 08 abstenções. Ninguém
imaginava então que dois anos depois Adolf Hitler e os nazistas subiriam ao poder na Alemanha.
Após a ascensão dos nazistas, a Alemanha se transformou rapidamente. Com as liberdades individuais
restringidas e a Gestapo, a polícia secreta do Estado, estava presente em todas as partes, controlando os atos de cada
cidadão. As prisões ficaram lotadas de inimigos do regime e uma onda de perseguição foi desencadeada contra as
minorias, judeus em primeiro lugar, mas também comunistas, negros, ciganos e homossexuais.
Vozes de oposição se levantaram em várias partes do mundo. “Ir a Berlim é aceitar tornar-se cúmplice dos
carrascos”, discursava em 1935 o deputado comunista francês Florimond Bonte, opondo-se ao racismo e ao
anticomunismo nazista. Vários dirigentes esportivos franceses também se uniram à cruzada anti Berlim. “Somos
franceses antes de ser esportistas”, afirmou Louis Rimet, presidente do Comitê do Esporte Nacional Francês.
Nos Estados Unidos, Ernest Lee Jancke, membro do COI, iniciou uma campanha contra a participação
estadunidense. Recebeu apoios importantes, como o do jornal New York Times e das universidades de Long Island, de
Notre Dame e de Nova York, que se recusaram a ceder seus atletas para a seleção dos Estados Unidos.
Na Europa, grupos simpatizantes da democracia e do socialismo tentaram realizar jogos alternativos para
concorrer com os de Hitler: os Jogos Populares de Barcelona. Reuniram-se mais de mil atletas de vários países.
Compareceram delegações não oficiais dos Estados Unidos, da França e Inglaterra, entre outras. Mas no dia do início
das competições teve início a Guerra Civil Espanhola e os jogos foram cancelados.
Os nazistas buscaram organizar uma Olimpíada com muita pompa. Além do estádio olímpico, edificaram oito
instalações esportivas, entre estádios menores, ginásios e o parque aquático com capacidade para 18 mil espectadores.
Campanhas do governo educavam a população para o grande evento. As crianças aprendiam lições sobre a
Olimpíada nas escolas. Panfletos orientavam as pessoas sobre como receber os visitantes. As avenidas foram
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enfeitadas com bandeiras brancas e vermelhas. As brancas levavam os coloridos círculos olímpicos. As vermelhas, a
cruz suástica.
Durante os desfiles das delegações, manifestações nacionalistas exaltadas davam o clima dos jogos. Ao passar
pela tribuna, os austríacos fizeram a saudação nazista. Foram muito aplaudidos. Os búlgaros passaram marchando em
ordem unida. Mais aplausos. Os franceses fizeram a saudação olímpica, confundida com o gesto nazista, e foram
igualmente festejados. Os estadunidenses levaram a mão ao peito e passaram diante do constrangedor silêncio da
plateia e das tribunas. Os ingleses simplesmente viraram a cabeça para o camarote das autoridades. Receberam uma
estrondosa vaia.
Vitória dos negros
Nos estádios germânicos, Hitler encontraria um inimigo inesperado: os atletas negros dos Estados Unidos, comandados
por Jesse Owens, ganhador de quatro medalhas de ouro. Owens venceu os 100 e os 200 metros, fazendo em ambas dobradinhas
com outros estadunidenses.
Nas eliminatórias para o salto em distância, um acontecimento deixaria claro que ser alemão não era sinônimo de ser
nazista. Owens enfrentou o campeão europeu, o alemão Luz Long (na foto com Jesse Owens, Berlim, 1936). Cada atleta deveria
alcançar pelo menos 7,15 metros para ir à final. Marca tranquila para o estadunidense. Mas Owens queimou a primeira e a
segunda tentativas. Se falhasse na terceira seria eliminado.
Tenso, aguardava sua vez de saltar, quando sentiu uma
mão no ombro: “Eu sou Luz Long. Creio que não nos
conhecemos”, apresentou-se o alemão em inglês fluente. “Prazer
em conhecê-lo”, respondeu Owens bastante surpreso. O diálogo
prosseguiu até que Owens, já à vontade diante da simpatia do
alemão, perguntou: “O que você acha?”. “Acho que você se
classifica de olhos fechados. Só precisa fazer uma marca na pista
alguns centímetros antes da tábua de saltos. Assim evita o risco de
queimar e garante a classificação sem problemas”.
A dica foi seguida e os dois saltadores se encontraram à
tarde na final. Luz Long saltou primeiro: 7,54 metros. O japonês
Naoto Tajima em seguida chegou a 7,65. Owens superou os dois
com 7,74 metros. Na segunda rodada, Long empatou a marca do
estadunidense, enquanto Owens ampliava para 7,87 metros. Na
quinta e penúltima tentativas, Long empatou novamente: 7,87.
Owens respondeu imediatamente: 7,94 metros. Long queimou sua
última chance, mas Owens fez melhor ainda: 8,06 metros, um novo
recorde olímpico. De novo sentiu uma mão sobre seu ombro: “Parabéns”, cumprimentou Long, sorrindo, diante de cem mil
pessoas em silêncio e de Hitler, que se preparava para abandonar o estádio.
2. O expansionismo alemão
Para Hitler, o esporte era como a guerra: o importante era vencer. Os atos de seu governo trouxeram de volta a
guerra. Depois de mobilizar a vontade da nação, ele buscou a eliminação do Tratado de Versalhes, a conquista da
Europa Oriental e a dominação e a exploração das raças ditas inferiores pelos nazistas. Quando tiveram de enfrentar as
violações do Tratado de Versalhes e as ameaças de guerra, Inglaterra e França recuaram. Perseguidos pelas
lembranças da Primeira Guerra, os dois países empenharam-se em evitar outra catástrofe. Além disso, havia um certo
sentimento de culpa em relação ao Tratado. Acreditando-se que a Alemanha tivesse sido punida com excessiva
severidade, a Inglaterra foi levada a fazer concessões a Hitler.
Estadistas britânicos defendiam uma política de apaziguamento – ceder à Alemanha na esperança de que
Hitler, satisfeito, não arrastasse a Europa para outra guerra. Alguns apaziguadores viam no líder alemão um defensor
do capitalismo contra o comunismo soviético. Ideia que a propaganda nazista divulgava e explorava com habilidade.
Para realizar os objetivos de Hitler, a Alemanha tinha de rearmar-se. O Tratado limitava o tamanho do
Exército alemão a cem mil voluntários, restringira as proporções da Marinha, proibia a produção de aviões militares,
artilharia pesada e tanques. Em março de 1935, Hitler declarou que a Alemanha não se julgava mais presa às decisões
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de Versalhes. Ela restabeleceria o recrutamento militar, construiria uma Força Aérea e fortaleceria sua Marinha. A
França protestou, sem oferecer muita resistência, enquanto a Inglaterra negociou um acordo naval com a Alemanha. A
7 de março de 1936, Hitler enviou tropas para a Renânia, violando mais um dos pontos do Tratado de Versalhes1.
Um dos objetivos de Hitler era a incorporação da Áustria ao Terceiro Reich, o que o Tratado de Versalhes
proibira expressamente. Mas, no Mein Kampf, Hitler insistia em que a Anschluss (união) era necessária e ordenou
que seus generais preparassem a invasão da Áustria. Acreditando que o país não valia uma guerra, França e Inglaterra
informaram ao chanceler austríaco, Kurt von Schuschnigg, que não o ajudariam no caso de uma invasão alemã. Diante
das pressões, Schuschnigg renunciou e os nazistas austríacos começaram a assumir o controle do governo. A pretexto
de prevenir a violência, Hitler ordenou que suas tropas invadissem a Áustria, que a 13 de março de 1938 foi declarada
província alemã por líderes nazistas locais.
O führer (chefe, comandante) conseguiu anexar a Áustria pela simples ameaça da força. Outra ameaça lhe
daria a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia. Das 3,5 milhões de pessoas que viviam naquela região, cerca de 2,8
milhões eram alemãs étnicas. A região dispunha de indústrias importantes e boas fortificações; por situar-se na
fronteira com a Alemanha, era também vital para a segurança tcheca. Privada dessa área, a Tchecoslováquia não podia
se defender contra um ataque do vizinho. Orientados pela Alemanha, os alemães dos Sudetos denunciaram o governo
tcheco por “perseguir” a minoria germânica e promoveram agitações em favor da autonomia local. Por trás dessas
reivindicações estava a meta alemã de anexar a região.
Lutas entre tchecos e alemães dos Sudetos intensificaram as tensões. Procurando manter a paz, o primeiro
ministro inglês, Neville Chamberlain, ofereceu-se para conferenciar com Hitler. Alguns funcionários britânicos,
acreditando na propaganda hitlerista, achavam que os alemães dos Sudetos eram realmente uma minoria perseguida;
além disso, acreditavam que aquela região, como a Áustria, não valia uma guerra. O destino da Tchecoslováquia foi
decidido na Conferência de Munique (setembro de 1938), entre Chamberlain, Hitler, Mussolini e o primeiro ministro
francês Édouard Daladier. O acordo firmado previa a imediata evacuação dos soldados tchecos dos Sudetos e sua
ocupação por tropas alemãs. A política de apaziguamento fazia mais uma vítima: a soberania da Tchecoslováquia,
anexada ao Terceiro Reich em março de 1939.
Depois da Tchecoslováquia, Hitler voltou-se para a Polônia, exigindo que a cidade de Dantzig fosse devolvida
à Alemanha. A França e a Inglaterra advertiram o governo alemão de que não aceitariam uma invasão. Enquanto isso
uma notícia surgiu como uma bomba: a Rússia comunista (URSS) e a Alemanha nazista, em 23 de agosto de 1939,
assinaram um pacto de não agressão. Um anexo secreto previa a divisão da Polônia entre as duas partes e o controle
russo da Letônia e da Estônia. O Pacto Germano-Soviético foi o sinal para a invasão da Polônia. No amanhecer de 1º
de setembro de 1939, as tropas alemãs atravessaram a fronteira, enquanto Dantzig “acordava” sob o fogo do
canhonaço alemão. Diante da invasão, a Inglaterra e a França declararam guerra à Alemanha. Tinha início a Segunda
Guerra Mundial.
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Os franceses pressionaram e mais uma cláusula foi acrescentada ao Tratado de Versalhes: a que proibia a presença de militares franceses na
Renânia, fronteira entre os dois países.
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Invasão da Polônia
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