VIAS ÓPTICAS - RESUMO O aparelho sensorial da visão é constituído pelos órgãos receptores visuais da retina, estruturas de percepção e interpretação do córtex occipital e pelo conjunto de fibras e centros sensoriais que realizam a conexão da retina com o córtex visual. Essas fibras e centros sensoriais compõem as vias ópticas. EMBRIOLOGIA Os olhos são derivados de quatro fontes. Do neuroectoderma do prosencéfalo derivam a retina, camadas posteriores da íris e nervos ópticos; do ectoderma da superfície da cabeça derivam o cristalino e o epitélio da córnea; do mesoderma (situado entre o neuroectoderma e o ectoderma da superfície) derivam as túnicas fibrosas e vasculares do olho e das células mesenquimais da crista neural derivam a coróide, a esclera e o endotélio da córnea. O diencéfalo primitivo sofre uma evaginação, formando a vesícula óptica, que, por um processo de introflexão transforma-se no cálice óptico com parede dupla. O cálice óptico e tecidos que o circundam são a base embriológica de muitas estruturas relacionadas ao aparelho visual. As camadas do cálice óptico dão origem às camadas nervosa e pigmentar da retina. ANATOMIA MACROSCÓPICA DA ÓRBITA E BULBO ÓRBITA A órbita é uma cavidade óssea, de forma piramidal, situada no esqueleto da face. A base da pirâmide da órbita é a parte frontal, enquanto o ápice encontra-se no canal óptico, na asa menor do osso esfenóide. A órbita aloja o bulbo do olho, o nervo óptico, os músculos extrínsecos do bulbo do olho, fáscia, nervos, vasos, gordura, glândula e saco lacrimais. Parede superior da órbita - osso frontal e pela asa menor do esfenóide. Parede medial - osso etmóide, e ossos frontal e lacrimal. Parede inferior (assoalho) – osso maxila e parcialmente pelos ossos zigomático e palatino. Parede lateral - processo frontal do osso zigomático e pela asa maior do esfenóide. BULBO O bulbo do olho possui três camadas: Túnica fibrosa externa: formada pela esclera e córnea; Túnica vascular: formada pela corióide, corpo ciliar e íris; Túnica interna: formada pela retina. Túnica fibrosa externa do bulbo: a córnea é uma membrana transparente que recobre o sexto anterior do bulbo do olho. Está em continuidade com a esclera. A esclera é opaca e localiza-se posteriormente, e sua parte anterior é conhecida como o “branco do olho”. Túnica vascular do bulbo: a corióide é uma membrana castanho-escura que se situa entre a retina e a esclera, revestindo a maior parte da esclera. A corióide fixa-se firmemente à parte pigmentada da retina. O corpo ciliar conecta a corióide com a circunferência da íris. Os processos ciliares do corpo ciliar produzem humor aquoso, que preenche as câmaras anterior e posterior do bulbo. A câmara anterior do bulbo é o espaço entre a córnea e a íris/pupila. A câmara posterior do bulbo encontra-se entre a íris/pupila e a lente e o corpo ciliar. A íris é um diafragma contrátil delgado com uma abertura central – a pupila. Túnica interna do bulbo: é a retina, camada onde se encontram os fotorreceptores. MEIOS DE REFRAÇÃO DO OLHO Córnea - é a parte anterior da túnica fibrosa do bulbo do olho e é responsável pela refração da luz. É transparente e avascular. Humor aquoso - produzido pelos processos ciliares, fornece nutrientes para a córnea e para a lente, que são avasculares. Lente (Cristalino) - está situada posteriormente à íris e anterior ao humor vítreo. É uma estrutura biconvexa que refrata a luz e focaliza os objetos a longa ou curta distância. A lente está ancorada pelas fibras zonulares (ligamentos suspensores) no corpo ciliar, e é circundada pelos processos ciliares. Humor vítreo - líquido mais viscoso que o humor aquoso que se encontra entrelaçado à estrutura do corpo vítreo, ocupando a câmara postrema do bulbo do olho, posterior à lente e anterior ao fundo do olho. A pressão desse líquido mantém esférico o globo ocular. INERVAÇÃO DA ÓRBITA Além do nervo óptico (o segundo par dos nervos cranianos), os nervos da órbita incluem aqueles que atravessam a fissura orbital superior e suprem os músculos oculares: nervo oculomotor (NC III), troclear (NC IV) e abducente (NC VI). Os músculos intrínsecos são inervados pelo SNA: Inervação simpática: M. dilatador da Pupila. Inervação parassimpática: Músculo Esfíncter da Pupila Músculo Ciliar VASCULARIZAÇÃO As principais artérias que irrigam o bulbo ocular são: Artéria oftálmica: atravessa o forame óptico para chegar à cavidade da órbita. Artéria central da retina: ramo da artéria oftálmica; aparece no centro do disco óptico; supre a retina óptica (exceto cones e bastonetes). FORMAÇÃO DA IMAGEM PELO OLHO As imagens formam-se no olho por refração. Os raios de luz incidem nos meios transparentes do olho (córnea, humor aquoso, lente ou cristalino, humor vítreo) e são refratados, convergindo para a retina. A córnea é responsável pela primeira refração da luz ao penetrar no olho. Da córnea, os raios de luz convergem para o humor aquoso. A alteração da interface ar-córnea determina a alteração do poder refrator da córnea, pois ele depende da diminuição da velocidade da luz na interface, o que explica as imagens borradas ao abrir-se o olho sob a água. A lente (ou cristalino) tem papel importante na formação de imagens claras e nítidas de objetos próximos, (distância inferior a 9 cm). Essa ação adicional é necessária, pois os raios provenientes de objetos próximos não são paralelos, portanto, é necessário um maior poder de refração para focalizar esses objetos, o que é proporcionado por uma mudança na convexidade da lente, processo chamado de acomodação visual. Um estímulo do parassimpático causa a contração dos músculos ciliares, diminuindo a tensão nos ligamentos suspensores, o que torna a lente mais arredondada, devido à sua elasticidade natural, aumentando também o poder de refração e facilitando a focalização de objetos próximos. Na ausência do estímulo parassimpático, os músculos relaxam e tencionam os ligamentos suspensores, tornando a lente mais plana. A elasticidade da lente diminui com o avanço da idade. MUSCULOS ACESSÓRIOS MÚSCULOS INTRÍNSECOS Músculos Ciliares – lisos e circulares; regulam a convergência da lente Músculo Esfíncter da pupila – miose (contração da pupila) Músculo Dilatador da Pupila – midríase (abertura da pupila) MÚSCULOS EXTRÍNSECOS – têm origem miotônica e recebem fibras eferentes somáticas M. Levantador da Pálpebra Superior: antagonista ao orbicular do olho. Inervado pelo nervo oculomotor. A ação é elevar a pálpebra superior. M. Oblíquo Superior: quando atua sinergicamente com o reto inferior ocorre abaixamento puro do olho. Quando a pupila já está aduzida, ele é responsável pelo abaixamento da pupila. É inervado pelo nervo troclear. Ele abduz, abaixa e gira medialmente o bulbo do olho. M. Oblíquo Inferior: É inervado pelo nervo oculomotor. Ele abduz, eleva e gira lateralmente o bulbo do olho. Agindo com o M. Reto Superior, há uma elevação pura do bulbo do olho. M. Reto Superior: É inervado pelo nervo oculomotor. Ele eleva, aduz e gira medialmente o bulbo do olho. M. Reto Inferior: É inervado pelo nervo oculomotor. Ele abaixa, aduz e gira medialmente o bulbo do olho. M. Reto Medial: É inervado pelo nervo oculomotor. Ele aduz o bulbo do olho. M. Reto Lateral: É inervado pelo nervo abducente. Ele abduz o bulbo do olho. ESTRUTURAS VISUAIS ACESSÓRIAS Fáscia Bulbar - fina membrana que envolve o bulbo ocular e o nervo óptico até a região ciliar Supercílios (sobrancelhas) Pálpebras Conjuntiva - a conjuntiva palpebral é uma mucosa transparente que reveste a pálpebra internamente. Ela é contínua à conjuntiva bulbar quando é refletida sobre o bulbo do olho. Os músculos extra-oculares inserem-se na esclera e são cobertos pela conjuntiva. Aparelho lacrimal - protege a córnea e o bulbo de lesão e irritação. RETINA A retina é a túnica interna do globo ocular posterior à íris. Divide-se em partes ciliar, irídica e óptica. As partes ciliar e irídica fazem parte da porção anterior não sensitiva ou cega. A parte óptica é a porção posterior, e apresenta uma parte neural, sensível à luz, e uma parte pigmentada, formada por um grupo de células que reforçam a propriedade de absorção da luz da corióide, reduzindo a dispersão da luz no olho. Do disco do nervo óptico, ou papila óptica, saem os vasos da retina e o nervo óptico, que atravessa a órbita e se insere na base do encéfalo, próximo à glândula hipófise. Por apresentar fibras nervosas, e não fotorreceptoras, o disco do nervo óptico é insensível à luz, e é conhecido como ponto cego do olho. Imediatamente lateral ao ponto cego, está a mácula lútea. Ela é uma pequena área oval o que a torna especializada na acuidade da visão. A acuidade visual é a capacidade de distinguir dois pontos muito próximos. No centro da mácula é a fóvea central, que é a área de maior acuidade visual. A fóvea é desprovida de certas camadas da retina, o que faz a luz atingir as células fotorreceptoras diretamente. A parte sensível à luz (parte óptica funcional) termina anteriormente na borda serreada (ora serrata), posterior ao corpo ciliar. A fóvea é um importante ponto de referência anatômica. A região medial da retina, mais próxima do nariz, a partir da fóvea é chamada de nasal, enquanto a região lateral, mais próxima das têmporas, é chamada de região temporal da retina. Próximo do lado nasal da mácula lútea, o nervo óptico perfura a retina no disco óptico. No seu centro atravessam a artéria e a veia centrais da retina. A estrutura microscópica da retina é bastante complexa, apresentando dez camadas, dispostas da parte mais interior da retina (mais próxima ao centro do globo ocular) para a parte mais exterior (mais próxima da corióide. São elas: Epitélio pigmentado da Retina Processos das Células de Cones e Bastonetes Lâmina Limitante Externa Lâmina Nuclear Externa Lâmina Plexiforme Externa Lâmina Nuclear Interna Lâmina Plexiforme Interna Lâmina das Células Ganglionares Lâmina da Fibra Nervosa Lâmina Limitante Interna As principais são: 1. Epitélio Pigmentado da Retina: é a camada mais externa, constituída por células que sintetizam melanina, formando grânulos com função de absorver a luz após a estimulação dos fotorreceptores. 2. Processos das Células de Cones e Bastonetes: são os fotorreceptores, responsáveis pela transdução de energia luminosa em alterações do potencial de membrana. No fotorreceptor, a estimulação luminosa do fotopigmento se dá por meio de segundos mensageiros, que alteram o potencial de membrana, produzindo o impulso nervoso. São mais numerosos na mácula, e estão ausentes no disco óptico. Cones e bastonetes são as únicas células fotossensíveis do sistema óptico, e fazem sinapse com os neurônios bipolares. Os bastonetes apresentam uma maior funcionalidade em baixos níveis de luz, enquanto os cones são elementos de percepção de luz em intensidade normal e permitem uma grande acuidade visual. 3. Lâmina Nuclear Interna: contém os corpos celulares dos neurônios bipolares. Neurônios bipolares são o neurônio II da via óptica. 4. Lâmina das Células Ganglionares: as células ganglionares são os neurônios II na via visual. Seus dendritos estão em conexão com os processos das células bipolares e seus axônios se dobram para se aproximarem do disco óptico. Elas são as únicas fontes de sinais de saída da retina. Células ganglionares podem ser do tipo M ou do tipo P (90% da população de células ganglionares). VASCULARIZAÇÃO DA RETINA: Artéria central da retina (maior parte) e Lâmina Corioideocapilar (cones e bastonetes). Na fóvea, cada célula bipolar recebe uma aferência sináptica direta de um único fotorreceptor; já na periferia, há a aferência de milhares de fotorreceptores. O NERVO, O QUIASMA E O TRACTO ÓPTICO Os nervos ópticos deixam os dois olhos a partir da papila do nervo óptico e cruzam pelos canais ópticos na base do crânio. Eles unem-se para formar o quiasma óptico. No quiasma, os axônios que se originam nas porções nasais das retinas (parte medial da retina de cada olho) cruzam de um lado para o outro, enquanto as fibras temporais da retina prosseguem pelo mesmo lado. Portanto, ocorre uma decussação parcial (apenas das fibras nasais da retina) no quiasma óptico. Após a decussação, os axônios formam os dois tractos ópticos. Existem quatro vias ópticas principais. Os destinos de cada via são: Núcleo geniculado lateral (NGL): via da visão propriamente dita, ou seja, via que medeia a percepção visual consciente. É o principal destino das fibras do tracto óptico. Essa fibras são chamadas retino-geniculadas, e estabelecem sinapses com neurônios do NGL, que, por sua vez, projetam axônios para o córtex primário da visão. Essa projeção do NGL para o córtex é chamada de radiação óptica, e constitui o neurônio IV da via da visão. Colículo superior: localizado no tecto do mesencéfalo, recebe as fibras retino-tectais. Estão relacionadas ao reflexo de piscar. O colículo auxilia, por conexões indiretas do tronco cefálico, o reflexo de acomodação e convergência. Núcleo supra-quiasmático do hipotálamo: recebe as fibras retino-hipotalâmicas. Tem importância na sincronia de ritmos biológicos. Área pré-tectal: área do mesencéfalo que recebe as fibras retino-pré-tectais. Está associado ao reflexo fotomotor direto e consensual. Controla também alguns movimentos oculares. HEMICAMPOS VISUAIS DIREITO E ESQUERDO Campo visual é toda a região do espaço que pode ser vista com ambos os olhos olhando diretamente para frente. Imaginando uma linha vertical dividindo esse campo visual, observar-se-á a presença de hemicampos visuais: um esquerdo e um direito. A porção medial de ambos os hemicampos visuais é vista por ambas as retinas, e é chamada de campo visual binocular. Cada hemicampo é subdividido em campo nasal e campo temporal. Como cada tracto óptico contém fibras temporais da retina de seu próprio lado e fibras nasais da retina do lado oposto, os impulsos nervoso são conduzidos ao corpo geniculado e ao córtex do lado de onde vieram as fibras temporais, que são aquelas que não se cruzam. Podemos verificar que as metades direitas da retina dos dois olhos, ou seja, a retina nasal do olho esquerdo e temporal do olho direito recebem raios luminosos provenientes do lado esquerdo. Então, como as fibras da porção nasal da retina esquerda cruzam para o lado direito no quiasma óptico, toda a informação do hemicampo visual esquerdo é dirigida para o NGL direito, e desse para o hemisfério cerebral direito. Ou seja, a via da visão confirma que as vias sensitivas são contralaterais. NÚCLEO GENICULADO LATERAL Os núcleos geniculados laterais são estruturas localizadas na porção lateral do tálamo dorsal. Eles são pequenas proeminências do diencéfalo que se conectam com os colículos superiores, e são os principais alvos dos dois tractos ópticos. As células do NGL estão dispostas em seis camadas distintas. As duas camadas ventrais são as magnocelulares, enquanto as quatro camadas dorsais são as parvocelulares. As camadas parvocelulares recebem aferências das células ganglionares da retina do tipo P, enquanto as camadas magnocelulares recebem projeções dos axônios das células ganglionares do tipo M. As células das camadas 2, 3 e 5 do NGL estabelecem conexões com axônios do olho ipsilateral ao NGL, enquanto as camadas 1, 4 e 6 recebem impulsos de axônios contralaterais. Cada camada do NGL apresenta um mapa retinotópico perfeito. Ventralmente a cada camada, estão as camadas coniocelulares, que recebem impulsos das células ganglionares da retina do tipo não-M e não-P e projetam para o córtex visual. RADIAÇÃO ÓPTICA Os axônios dos neurônios do NGL (neurônios IV) constituem a radiação óptica ou tracto geniculocalcarino e terminam na área visual, área 17 de Brodmann, situada nos lábios do sulco calcarino. A formação das fibras lembra uma alça, a alça temporal (ou alça de Meyer). CÓRTEX VISUAL PRIMÁRIO A área 17 de Brodmann é o córtex visual primário, V1 ou córtex estriado e se localiza no lobo occipital do cérebro. A maior parte da área 17 está localizada na superfície medial do hemisfério ao redor do sulco calcarino. Além do córtex visual primário, mais duas áreas estão relacionadas com a visão: as áreas 18 e 19 de Brodmann. O córtex visual apresenta corpos celulares neuronais arranjados em cerca de seis camadas. Os axônios provenientes do núcleo geniculado lateral terminam principalmente na camada IV. Células vizinhas na camada IV recebem impulsos de regiões vizinhas da retina, mantendo a retinotopia. Essas células inervam diversas áreas do encéfalo. CÓRTEX VISUAL SECUNDÁRIO Além do córtex visual primário, há várias áreas corticais que contribuem para a percepção visual, são elas as áreas extra-estriadas, área 18 e 19 de Brodmann. Chamadas de áreas psíquicas-visuais, são sensitivas e responsáveis por elaboração de impressões visuais e associação com experiências passadas (reconhecimento e identificação). Relaciona o movimento dos olhos a impressões visuais. Essas áreas podem ser divididas em dois sistemas corticais de tratamento da informação visual: um ascendente dorsal e outro ventral ÁREA DORSAL: estende-se do V1 (área visual primária) até o lobo parietal, e serve para a análise do movimento. É especializada no movimento de objetos. ÁREA VENTRAL: dirige-se ao lobo temporal, servindo fundamentalmente para o reconhecimento dos objetos. Tem importância na percepção da forma e cor dos objetos, e memórias visuais. As áreas 17, 18 e 19 são os campos oculares occipitais. O campo ocular frontal é a área 8 de Brodmann e relaciona-se com o controle dos movimentos oculares ligados com movimentos da cabeça. CONTROLE SUPERIOR DOS MOVIMENTOS OCULARES A finalidade dos movimentos conjugados dos olhos é a projeção da imagem nas regiões maculares. Existem dois mecanismos de controle desses movimentos: um de nível cortical e outro de tronco encefálico. O CONTROLE DO CÓRTEX A área 8 e a área 17 relacionam-se, respectivamente, com os movimentos de lateralidade e verticalidade voluntários do olhos e com os movimentos reflexos dos olhos. As regiões corticais enviam fibras para estações intermediárias, como o núcleo do cólico superior (colículo cranial) e o núcleo pré-tectal, e daí para os núcleos dos nervos III, IV e VI. Os núcleos O núcleo do cólico cranial recebe as aferências das áreas 8 e 17 e envia projeções cruzadas para a formação reticular paramediana da ponte (FRPP), que, por sua vez, emite fibras para o núcleo do nervo abducente homolateral e fibras para o subnúcleo do nervo oculomotor (NCIII), cujas fibras destinam-se ao músculo reto medial contralateral. A FRPP é o centro do olhar horizontal. O núcleo pré-tectal recebe as aferências das áreas 8 e 17 e envia fibras para o núcleo de Edinger-Westphal, e deste partem projeções que alcançam o músculo esfíncter da pupila e o músculo ciliar. As fibras oriundas da FRPP, do núcleo intersticial e dos núcleos vestibulares formam o fascículo longitudinal medial (FLM). Esse fascículo exerce papel relevante nos movimentos conjugados dos globos oculares, pois manda projeções para os núcleos do NCVI e NCIII, As fibras do núcleo intersticial prosseguem para músculos cervicais e promovem a rotação da cabeça, acompanhando o desvio dos olhos. CENTRO DO OLHAR VERTICAL Estímulos aplicados nos campos oculares frontal e occipital também podem provocar movimentos conjugados verticais do olhar. As estações intermediárias nesse caso situam-se no mesencéfalo. A formação reticular paramediana mesencefálica (FRPM, equivalente à FRPP) recebe projeções vindas do colículo superior e do colículo inferior. O colículo inferior relaciona-se com as vias auditivas. As fibras advindas do colículo superior são enviadas através da FRPM homo e heterolateralmente para os subnúcleos do oculomotor cujos axônios invervam os músculos reto superior e oblíquo inferior, destinados à elevação dos globos oculares. Enquanto as advindas do colículo inferior seguem homo e heterolateralmente para os subnúcleos do oculomotor, destinados ao M. reto inferior, e para o núcleo do NCIV, destinado ao M. oblíquo superior, promovendo o abaixamento do globo ocular. A lesão da “paralisia do olhar para cima”, ou Síndrome de Parinaud, mantém os olhos dirigidos para baixo, pois afeta os colículos superiores, havendo deficiência na elevação dos globos oculares. OBS: todas as informações anatomofuncionais dos movimentos conjugados verticais são ainda conjecturas. Observa-se que nas lesões supramesencefálicas ocorre desvios lateral, enquanto mesencefálica desvio vertical. OS REFLEXOS VISUAIS REFLEXO FOTOMOTOR DIRETO Este reflexo é responsável pela contração da pupila em virtude da chegada de feixes de luz na retina. Via aferente: retina nervo óptico quiasma tracto núcleo pré-tectal (mesencéfalo). Via eferente: núcleo pré-tectal núcleo de Edinger-Westphal gânglio ciliar músculo esfíncter da pupila (contração) As fibras eferentes fazem parte do III par craniano, o oculomotor. Este reflexo é consensual, ou seja, mesmo se apenas um olho for estimulado, o reflexo é observado é ambos, devido ao cruzamento de fibras no quiasma. ACOMODAÇÃO E CONVERGÊNCIA Mantém os olhos numa posição que favorece a formação das imagens nas fóveas. Via aferente: retina nervo óptico quiasma tracto NGL radiação óptica córtex visual Via eferente: tem dois ramos e ambos são parte do nervo oculomotor: 1. Núcleo de Edinger-Westphal gânglios ciliares músculo esfíncter da pupila e músculos ciliares. 2. Projeções dos subnúcleos do NCIII músculos retos mediais. Nesse reflexo, o músculo ciliar realiza a acomodação. Os músculos retos mediais fazem a convergência dos globos oculares. O músculo esfíncter da pupila diminui o diâmetro da pupila. MOVIMENTAÇÃO POR ESTÍMULOS VESTIBULARES E NISTAGMO Permite a fixação dos olhos num determinado ponto mesmo quando movimentos na cabeça ou no corpo tendem a quebrar essa focalização. Via aferente: deslocamento da endolinfa estímulo sensorial no ouvido interno gânglio vestibular núcleos vestibulares. Via eferente: núcleos vestibulares fascículo longitudinal medial núcleos do NCIII, NCIV e NCVI músculos do bulbo ocular (contração). Uma exacerbação do movimento da endolinfa causa o nistagmo. No nistagmo há uma sucessão de movimentos oscilatórios do olho devido à contração máxima dos músculos retos. REFLEXO DE CORNEANO OU CORNEOPALPEBRAL Desencadeado através toque da córnea por algum corpo estranho ao organismo. Via aferente: ramo oftálmico do trigêmeo gânglio trigeminal núcleo sensitivo principal e núcleo do tracto espinhal do NCV. Via eferente: núcleo sensitivo principal e núcleo do tracto espinhal do NCV núcleos do nervo facial fechamento das pálpebras REFLEXO LACRIMAL Via aferente: ramo oftálmico do trigêmeo gânglio trigeminal núcleo sensitivo principal e núcleo do tracto espinhal do NCV. Via eferente: núcleo sensitivo principal e núcleo do tracto espinhal do NCV núcleo lacrimal glândulas lacrimais REFLEXO DE PISCAR Provoca o fechamento da pálpebra à medida que um objeto se aproxima abruptamente do olho. Via Aferente: retina nervo óptico tracto óptico colículo superior núcleo do nervo facial. Via Eferente: núcleo do nervo facial nervo facial contração do músculo orbicular do olho. LESÕES DAS VIAS ÓPTICAS Definições: 1. 2. 3. 4. 5. Escotomas distúrbio do campo visual. Hemianopsia quando escotoma atinge metade do campo visual. Ambliopia diminuição da visão devido às lesões das vias ópticas. Amaurose cegueira conseqüente dessas lesões. Quadrantanopsia cegueira de um quadrante do campo visual. LESÕES DO NERVO ÓPTICO: Causa cegueira total do olho correspondente ao nervo lesado. LESÕES DO QUIASMA ÓPTICO - Na parte mediana: resulta em hemianopsia bitemporal, causada pela interrupção das fibras das retinas nasais. - Na parte lateral: resulta em hemianopsia nasal do olho correspondente, como conseqüência da interrupção das fibras da retina temporal. LESÕES DO TRACTO ÓPTICO Resultam em hemianopsias homônimas controlaterais. LESÕES DA RADIAÇÃO ÓPTICA A lesão do pedúnculo óptico determina hemianopsias homônima contralateral. Lesões parciais da radiação causam quadrantanopsia. LESÕES DO CÓRTEX VISUAL Hemianopsia homônima contralateral, com preservação da visão central. Se a compressão for exercida sobre os lábios inferiores da fissura calcarina, compromete os campos visuais superiores. LESÕES DOS NERVOS III, IV, VI Paralisia dos músculos extrínsecos do globo ocular, acarretando diplopia (visão dupla das imagens).