VIABILIDADE FINANCEIRA DE IMPLANTAÇÃO DE APIÁRIO Antonio Roberto Lausmann Ternes1 Andrea Maria Cacenote2 Claiton José Damke3 Gerson Miguel Lauermann4 Rosani de Mattos Fernandes5 RESUMO O desenvolvimento regional acontece a partir do fortalecimento de negócios já existentes ou novos empreendimentos. Este estudo apresenta a viabilidade econômico financeira de um projeto de negócios voltado a produção, beneficiamento e distribuição de produtos originários da atividade apícola. O produto principal considerado foi é o mel de abelhas africanas. Foi realizado um breve estudo de mercado, em seguida foi levantado o investimento inicial, estabelecida a taxa média de atratividade e o tempo mínimo de retorno e aplicadas as técnicas de análise de investimentos. A pesquisa pode ser classificada como quantitativa e qualitativa. Quanto aos objetivos pode ser considerada uma pesquisa exploratória. Os procedimentos técnicos foram pesquisa bibliográfica, documental e levantamento. Através da avaliação financeira conclui-se que o projeto é viável do ponto de vista das técnicas de análise, uma vez que a taxa média de atratividade e o tempo de retorno pretendido são alcançados. Palavras Chave: projeto, viabilidade, retorno 1 INTRODUÇÃO A geração de novas oportunidades de negócio economicamente viáveis são de grande importância para o desenvolvimento local e até mesmo regional. Este estudo apresenta a análise de viabilidade econômica e financeira de um projeto de negócios voltado a produção, beneficiamento, distribuição e venda do principal produto originário da atividade apícola, o mel. O projeto contempla a instalação de apiários em diversos locais do interior do Estado do Rio Grande do Sul incluindo os municípios de Giruá, Independência, Maçambará, Santiago, Alegrete, Itaqui e São Borja. A escolha de diferentes pontos de instalação dos apiários se deu em função da qualidade das floradas nas diferentes épocas do ano considerando as características de cada região. O local para beneficiamento foi escolhido em função da distância e do número de viagens entre o entreposto de beneficiamento, os apiários e os municípios projetados para a comercialização do produto. Estima-se a implantação de 1.200 colméias distribuídas de acordo com as características climáticas de cada região escolhida. A migração das colméias de um município para outro ou dentro 1 Administrador. Professor do Curso de Ciências Contábeis das Faculdades Integradas Machado de AssisFEMA. e-mail: [email protected] 2 Administradora. Professora do Curso de Administração das Faculdades Integradas Machado de Assis – FEMA. e-mail: [email protected] 3 Contador. Professor do Curso de Administração das Faculdades Integradas Machado de Assis-FEMA. e-mail: [email protected] 4 Contador. Professor do Curso de Administração das Faculdades Integradas Machado de Assis-FEMA. e-mail: [email protected] 5 Administradora. Professora do Curso de Economia da Faculdade de Horizontina-FAHOR. e-mail: [email protected] do próprio município deverá ser realizada em função da implantação de determinadas culturas sazonais que, por possuírem floradas abundantes e que podem favorecer a produção de mel. Em uma breve análise do setor constatou-se que a maioria dos apicultores não trata a atividade com profissionalismo. Segundo pesquisa desenvolvida pelo SEBRAE apud ABAMEL (2011), 59,2% dos apicultores possuem de 1 a 10 colméias e são destinadas principalmente ao consumo próprio da família. Os profissionais liberais, assalariados, aposentados, estudantes e outros somam 33,3% dos apicultores e exercem essa atividade como um "hobby". Os empresários do setor de mel que possuem acima de 300 colméias representam 7,5% do total e são esses que fazem a comercialização de mel em grande escala. A grande informalidade do setor, os problemas burocráticos, a deficiência da infra-estrutura tecnológica e o baixo consumo do mercado nacional são as principais barreiras ao desenvolvimento sustentável e consolidado do segmento apícola. Apesar da baixa produtividade de mel brasileiro, o mercado nacional possui capacidade para, no mínimo, triplicar o consumo. Este artigo está dividido em: metodologia, embasamento teórico, análise de mercado, estudo de localização, análise financeira e considerações finais 2 METODOLOGIA A ciência tem como objetivo fundamental a proximidade à veracidade dos fatos e, para que um conhecimento seja considerado científico torna-se necessário determinar o método que possibilitou chegar a esse conhecimento. Em última análise, o método científico é um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento. (GIL, 1996, p. 29) Quanto à forma de abordagem este estudo classifica-se como uma pesquisa quantitativa porque a apuração dos resultados pode ser quantificável, o que significa traduzir em números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. A pesquisa também pode ser considerada qualitativa levando-se em conta a interpretação que será feita após a coleta de dados. Triviños (1987,p.8) sustenta que “a análise qualitativa pode ter apoio quantitativo.” Segundo Marconi e Lakatos (2000, p.28), a pesquisa é exploratória, porque tem entre outras finalidades “aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos”. Gil (1996, p.34) diz ainda que “estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições”, sendo seu planejamento bastante flexível e, na maioria dos casos, envolvem levantamento bibliográfico, documental, entrevistas não padronizadas e análise de exemplos que estimulem a compreensão do tema. 3 EMBASAMENTO TEÓRICO As decisões de investimento de capital são decisões estratégicas para a maior parte das empresas, pois envolvem grande quantidade de recursos cujo retorno se dará, normalmente, a longo prazo. Para que uma decisão de investimento seja válida é necessário que a mesma gere valor para o investidor. Nesse sentido, Gitman (2010) estabelece algumas condições para que uma decisão de investimentos crie valor: 1- Localizar uma demanda insatisfatória por determinado produto ou serviço; 2- Criar uma barreira à competição por outras empresas; 3- Produzir bens ou serviços a custo mais baixo do que seus concorrentes; 4- Ser o primeiro a desenvolver um novo produto. Ao tomar uma decisão de investimentos em ativos fixos é necessário ter em mente que estes podem tornar-se obsoletos conforme o tempo for passando ou ainda, podem exigir um esforço extra para sua conservação ou reforma. Dessa forma, afirma-se que as decisões de investimento geram também um conjunto de outras decisões financeiras que acompanham o projeto e que podem aumentar ainda mais o risco de retorno. Conforme Braga (1989) ao tomar decisões de investimento, uma empresa está sujeita a dois tipos de riscos: o risco financeiro e o risco econômico, ou seja, ela compromete sua liquidez e rentabilidade. A receita pode ter variações e os custos fixos operacionais sofrem incrementos. “Mesmo que funcione com 100% de capital próprio, a empresa enfrenta o risco econômico, já que a receita obtida pode não ser suficiente para cobrir os custos”. ( SANTOS, 2001, p.123). A utilização de capital de terceiros acarreta em despesas financeiras através do pagamento de juros e encargos financeiros. A montagem da estrutura de capital deve ser determinada pelo grau de risco econômico de uma empresa. “Quanto maior o risco econômico de uma empresa maior deve ser a cautela na montagem da estrutura de capital. Aquelas com riscos econômicos elevados, portanto, costumam apresentar estruturas de capital com menores dívidas.” (GITMAN, 2010, p.329). A capacidade de cobrir obrigações financeiras também é influenciada pela estrutura de capital. A falência de uma empresa determina-se pelo não cumprimento de obrigações financeiras. Martins (1993) escreve que quanto mais financiamento com capitais de terceiro (incluindo arrendamentos financeiros), maior será a alavancagem financeira e mais alto seu risco financeiro devido ao custo fixo que a operação gera. Os problemas financeiros gerados pelo gerenciamento inadequado de investimentos compromete o capital de giro impactando negativamente no nível de atividades de uma organização. Caso isso aconteça, Gitman (2010) sugere algumas soluções: 1- Girar o estoque com maior velocidade possível, sem faltas que resultam em atrasos no atendimento ao cliente. 2 - Cobrar as contas e receber com maior rapidez possível, sem perder vendas resultantes do uso de técnicas de cobrança muito agressivas. 3 - Gerir os tempos de correspondência, processamento e compensação para reduzi-los ao cobrar dos clientes e aumentá-los ao pagar aos fornecedores. 4- Efetuar o pagamento das contas com a maior lentidão possível, sem prejudicar a classificação de crédito da empresa. Em decisões de investimento deve-se primar pelo financiamento com recursos de longo prazo que podem ser tanto próprios ou de terceiros. Sempre que uma empresa dispõe de fundos excedentes, pode trabalhar com duas opções. De um lado, pode distribuir o dinheiro imediatamente como dividendo. Por outro lado, pode aplicar o excedente de fundos em projeto e depois distribuir o resultado do projeto como dividendo. (ROSS, 1999, p.98). Por envolverem vultosos recursos, uma decisão de investimento de capital requer um processo específico para determinar onde, quando e quanto investir, cujo escopo é a seleção de investimentos que sejam mais vantajosos em termos de retorno e risco. O processo que se usa para fazer a avaliação das alternativas de investimento de capital só é usado para decisões de investimento de capital e nunca se pode usar esse mesmo critério para avaliar, por exemplo, financiamento a clientes, concessão de crédito, investimento em estoques, etc. Começa com a determinação do investimento inicial, construção de fluxos de caixa, determinação da taxa média de atratividade e aplicação das técnicas de análise. 3.1 Investimento Inicial e Fluxo de Caixa Líquido Os investimentos de longo prazo podem ser chamados também de gastos de capital. A distinção entre gastos operacionais e gastos de capital pode ser feita em função da duração dos benefícios correspondentes, bem como dos valores envolvidos. “... os gastos de capital correspondem a desembolsos ou comprometimento de recursos cujos benefícios deverão perdurar por mais de um ano...”(BRAGA, 1989, p.278). Esses gastos envolvem, geralmente, grandes volumes de recursos cuja aplicação é feita em ativos fixos. “Um gasto de capital é um desembolso de fundos com o qual a empresa espera obter benefícios em um período superior a um ano.” (GITMAN, 2010, p. 359) Segundo Bessada (2000, p. 41): Em qualquer negócio ou investimento, os agentes econômicos alocam recursos no presente com base em ganhos esperados para o futuro. Contudo, na vida real as expectativas não são certas, pois existem riscos de preços ou de retorno, os quais são diretamente dependentes da variação de preços de determinado mercado físico. Embora uma decisão de investimentos contemple, principalmente, o investimento de recursos em ativos fixos, verifica-se que, em alguns casos acontecem também aplicações de recursos em capital de giro inicial. Dentro desse enfoque, observa-se a posição defendida por Casarotto (1998, p.280) quando divide gastos de capital em fixo e de giro. Investimento fixo é todo recurso destinado à implantação de um projeto. Conforme Simonsen (1974), os ativos fixos compreendem o conjunto de bens adquiridos na implantação do projeto e que são utilizados ao longo de sua vida útil. Portanto, são consumidos e estão sujeitos à depreciação e obsolescência. O investimento em giro é o patrimônio que a empresa necessita para operar o projeto e distribuir seus produtos. Compreendem basicamente os estoques de matérias primas, materiais de consumo, produtos em processo e acabados, a própria mão-de-obra empregada na geração dos estoques de produtos em processo e acabados, as contas a receber, geralmente resultado de vendas a prazo para clientes e o próprio caixa. Para Martins (1993, p.418), a necessidade refletida de investimentos adicionais em capital de giro também assume característica idêntica a do investimento inicial fixo. Considera o capital de giro inicial como parte do investimento inicial uma saída (desembolso) inicial de caixa. Enquanto os investimentos em ativos permanentes retornam à empresa sob a forma de despesas não desembolsáveis (depreciação e amortização), as aplicações incrementais em capital de giro dão entrada no caixa. Um dos aspectos mais importantes de uma decisão de investimento centra-se no dimensionamento do fluxo de caixa líquido a ser produzido pelo projeto em análise. “A confiabilidade sobre os resultados de determinado investimento é fortemente dependente do acerto com que os seus fluxos de entradas e saídas de caixa forem projetados” (MARTINS, 1993, p. 416). O fluxo de caixa representa todas as receitas e gastos do projeto de investimentos. Cada item, seja receita ou despesa, é identificado de acordo com a data em que ocorre. Qualquer projeto de investimento de uma empresa agregará a ela custos e benefícios. Existem algumas razões que dão origem às decisões de investimentos de capital. Entre elas podem ser citadas: Ampliação do negócio, Reposição ou Substituição de bem ou Modernização. Conforme Martins (1993), o investimento inicial no caso de substituição, é a diferença entre o investimento inicial necessário para comprar o ativo e quaisquer entradas, após o imposto de renda, decorrentes da liquidação do antigo ativo. As entradas operacionais são dadas pela diferença entre os benefícios operacionais com o novo ativo e do antigo ativo “A identificação dos fluxos relevantes em decisão de substituição é mais complexo porque a empresa precisa identificar as saídas e entradas incrementais que resultam da substituição proposta” (GITMAN, 2010, p.345). Esses incrementos em custos e benefícios são relevantes para determinação do valor do projeto. Na montagem do fluxo de caixa, deve-se, portanto, considerar a situação da empresa com ou sem o projeto. Essa tarefa pode tornar-se complexa em projetos que envolvam relações com as atividades correntes na empresa ou que possuam certo grau de sinergia com elas. Todos os efeitos decorrentes do projeto ao longo de sua vida útil devem ser estimados, sejam eles tangíveis ou intangíveis, e incluídos em seu fluxo de caixa. (FERREIRA, 2003, p.56) Braga (1999, p.78) salienta que os fluxos de caixa incrementais representam, “os fluxos de caixa adicionais, saídas ou entradas que se espera resultarem de um gasto de capital proposto”. E necessário manter certa cautela na projeção dos fluxos de caixa uma vez que eles recebem influência de variáveis que não são totalmente controláveis o que acaba por torná-los imprecisos. Essa imprecisão pode acarretar problemas com a utilização dos modelos de avaliação existentes. Conforme Damodaran (2002) os modelos utilizados numa avaliação podem ser quantitativos, mas os dados de entrada deixam margem suficiente para julgamentos subjetivos. Portanto, o valor final que se obtém através da utilização sofrerá a influência de tudo que for inserido no processo de análise. 3.2 Técnicas de Análise de Investimentos 3.2.1 Tempo de Retorno de Investimento (Payback) O tempo de retorno do investimento é o tempo necessário para que o investimento retorne, pois segundo Braga (1999, p.283) “o método payback determina o tempo necessário para recuperar os recursos investidos em um projeto”, ainda conforme Braga (1999, p.283) o cálculo do prazo de retorno é simples: Se as entradas líquidas de caixa forem uniformes, bastará dividir o investimento inicial pelas entradas anuais de caixa; Quando as entradas anuais forem desiguais, estas deverão ser acumuladas até atingir o valor do investimento, apurando-se o prazo de retorno. Segundo (BRAGA, 1999 p.284) o método do prazo de retorno possui duas deficiências, são elas: Não reconhecer as entradas de caixa previstas para ocorrerem após a recuperação do investimento e não considera o valor do dinheiro no tempo. “Para contornar as restrições, ao método do prazo de retorno, é comum atualizar os fluxos de caixa para o momento inicial, através de uma taxa de desconto que leve em consideração o valor do dinheiro no tempo” ( MARTINS, 1993,p.438). 3.2.2 Taxa Interna de Retorno ( TIR) A TIR corresponde a taxa de desconto que iguala o valor atual das entradas líquidas de caixa ao valor do investimento inicial. A taxa de rentabilidade mínima exigida em face do risco do projeto ou em face ao custo de capital da empresa, deve ser usada na comparação com a TIR encontrada. “Se a TIR for maior ou igual a taxa mínima estipulada, a proposta de investimento deverá ser aprovada. Se a TIR for inferior a taxa mínima, a proposta deve ser rejeitada porque a sua implementação afetaria negativamente a rentabilidade global da empresa”( BRAGA 1999, p.290). Este método pressupõe que as entradas de caixa de cada proposta sejam reinvestidas em outros projetos à mesma taxa correspondente a TIR apurada. 3.2.3 Valor Presente Líquido (VPL) Neste método os benefícios líquidos de caixa são convertidos ao valor presente através de uma taxa de desconto predefinida que pode corresponder ao custo de capital da empresa ou á rentabilidade mínima aceitável em face do risco envolvido. “ O VPL é a diferença entre o valor atual das entradas líquidas de caixa e os das saídas relativas ao investimento líquido. Assim constitui uma técnica sofisticada porque considera o valor do dinheiro no tempo, o qual está representado pela taxa de desconto aplicada.”( BRAGA 1999, p. 286) O VPL pressupõe que as entradas líquidas de caixa sejam imediatamente reaplicadas em outros investimentos à mesma taxa utilizada para descontar os fluxos de caixa. 4 ANÁLISE DE MERCADO Atualmente no Brasil, as importações de mel ainda são maiores que as exportações. Praticamente tudo o que se produz é consumido no mercado interno. Segundo CORREIA (2011) a produção brasileira é de 50 mil toneladas/ano e movimenta-se no país algo em torno de US$ 80 milhões por ano. Estima-se que somente 15% da capacidade de produção brasileira é explorada. O Brasil, hoje, é o 11º país em produção de mel no mundo. Se o Brasil maximizar sua potencialidade haverá um incremento na produção de aproximadamente 200 mil toneladas de mel. A China é o maior produtor mundial produzindo mais de 256 mil toneladas. A Argentina exporta cerca de 2,2% de sua produção para o Brasil (1.300toneladas/ano) e o Uruguai 4% (350 toneladas/ano) , observando-se que a área do Uruguai é 176.200 km² e da Argentina é 2.776.700 Km². A área territorial do Brasil é 8.512.700 Km², três vezes maior que a Argentina e 48 vezes maior que o Uruguai (PEREIRA, 2011). Segundo a ABEMEL (2011) cada brasileiro consome, em média, por ano, apenas 60 gramas de mel. Esse consumo cresce no Sul no país, para 300 a 400 gramas por ano. Nos Estados Unidos, Alemanha e Suíça, o consumo per capita chega a 910, 960 e 1.500 gramas per capita, respectivamente, por ano. O mercado de atuação estabelecido para este projeto compreende algumas cidades do Estado do Rio Grande do Sul, localizadas na região Metropolitana: Alvorada, Cachoeirinha, Eldorado do Sul, Glorinha, Gravataí, Guaíba, Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha, Triunfo, Viamão. A região abrange uma População Total (2010) de 2.420.262 habitantes, distribuída em uma área de 5.652,1 km², cujo PIB per capita em 2008 foi de R$ 22.222 (FEE, 2011). Conforme dados do IBGE o Rio Grande do Sul produz em torno de 8 mil toneladas de mel por ano, dessas, 4 mil toneladas são exportadas. O Estado possui aproximadamente 10.693.929 habitantes o que, em média, representa um consumo per capita de 374 gramas por ano. Para alcançar o mesmo nível de consumo per capita dos Estados Unidos seria necessária uma produção de 9,73 mil toneladas de mel no Rio Grande do Sul. Este projeto de negócios prevê a implantação de 1.200 colméias, com uma estimativa anual de produção, a partir do 3 ano, de 40kg por colméia, representando uma produção total de 48 toneladas. Os gráficos 1 e 2 mostram em valores absolutos e percentuais, respectivamente, o mercado potencial de 9,73 mil toneladas, o mercado disponível de 5,73 mil toneladas, assim como também o mercado alvo pretendido de 48 toneladas anuais. MERCADO ALVO 48 MERCADO DISPONÍVEL INTERNO 5730 MERCADO INTERNO 4000 EXPORTAÇÃO 4000 PRODUÇÃO ANUAL 8000 MERCADO POTENCIAL 9730 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 Gráfico 1: Mercado Potencial em valores absolutos O mercado alvo representa menos do 0,5% do mercado potencial e 0,9% do mercado disponível interno. Ressalta-se que tais projeções represam um consumo per capita idêntico ao dos Estados Unidos. E também importante observar que as exportações do produto aumentam a cada ano sendo que de igual forma o mercado potencial também poderá ser ampliado. MERCADO ALVO 0,49% MERCADO DISPONÍVEL INTERNO 58,89% MERCADO INTERNO 41,11% EXPORTAÇÃO 41,11% PRODUÇÃO ANUAL 82,22% MERCADO POTENCIAL 100,00% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00% Gráfico 2: Mercado Potencial em percentuais 4.1 Estudo de Localização Projeta-se a implantação dos apiários fixos em: São Borja, Itaqui, Alegrete, Santiago e Maçambará. Em Giruá e Independência serão instalados apiários migratórios devido ao possível aproveitamento do crescente plantio de Canola. A escolha da região de São Borja, Itaqui, Alegrete, Santiago e Maçambará está relacionada com as características do clima, relevo, vegetação e florações, idênticas às encontradas no Uruguai, que é um grande produtor de mel. Projeta-se a construção do entreposto estrategicamente entre os apiários e as cidades onde serão comercializados os produtos. Para definição da localização do entreposto de beneficiamento foi utilizado o método do centro de gravidade. O mapa do Rio Grande do Sul foi cortado por linhas horizontais e verticais atribuindo-se valores a essas linhas buscou-se a localização mais econômica. Figura 1: Localização através do método do centro de gravidade xg = (2,9 x 1) + (4 x 1) + (4 x 1) + (4,5 x 1) + (7,3 x 1) + (7,7 x 1) + (13,5 x 1) = 6,27 7 yg = (9,5x 1)+(9,5x 1) + (11,2x 1) + (12,5x 1) + (14x 1) + (14,4x 1) + (11,2x 1) = 11,75 7 Conclui-se que a localização mais econômica do entreposto em termos de distância é Santiago- RS, como se pode ver no mapa. Os pontos em verde representam a região produtora, os pontos em azul a região consumidora e o ponto vermelho representa a melhor localização para o entreposto. No mercado consumidor só foram citadas as coordenadas das cidades mais aglomeradas, porém mais distantes do entreposto. No eixo x corresponde a (13,5 x 1) e no eixo Y corresponde a (9,5 x 1). 4.2 Avaliação Financeira A avaliação financeira considerou todos os gastos na faze inicial do projeto incluindo infraestrutura, projeto, capital de giro dentre outros. No total esses gastos representam R$598.830,00. Tabela 1: Investimento Inicial INVESTIMENTO INICIAL R$ 140.000,00 Capital de Giro Terreno R$ 40.000,00 Projeto e Legalização R$ 70.000,00 R$ 100.000,00 Prédio Caminhão (produção) R$ 60.000,00 Caminhão (vendas) R$ 60.000,00 Equipamentos do entreposto R$ 18.830,00 R$ 3.000,00 Equipamentos dos apiários Colméias e Instalação R$ 107.000,00 TOTAL R$ 598.830,00 Nas tabelas a seguir, está demonstrada a composição do fluxo de caixa líquido. Para a projeção gradual das receitas ao longo dos 5 primeiros anos de implantação do projeto, foram consideradas as quantidades a serem produzidas e o preço de venda a ser praticado. Tabela 2: Composição das Receitas ANO 1 Preço de venda Produção Anual (Kg) ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 R$ 10,00 R$ 10,00 R$ 10,00 R$ 10,00 R$ 10,00 28.000 36.000 48.000 48.000 48.000 Os custos e despesas, bem como também o resultado líquido de caixa do projeto podem ser visualizados na tabela a seguir. A depreciação, por não ser um item desembolsável foi reincorporada ao lucro líquido assim como também o valor residual e o capital de giro, no 5 ano do projeto. Foi estabelecido como prazo mínimo de retorno 5 anos. A taxa mínima de atratividade estabelecida foi de 18% ao ano e considera o custo de oportunidade do capital de aproximadamente 10% ao ano mais uma remuneração pelo risco de retorno estimado em 8% ao ano. Tabela 3: Resultado Líquido de Caixa ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 R$ 280.000,00 R$ 360.000,00 R$ 480.000,00 R$ 480.000,00 R$ 480.000,00 R$ 27.999,90 R$ 53.999,85 R$ 71.999,85 R$ 71.999,85 R$ 71.999,85 Embalagens R$ 8.000,00 R$ 11.000,00 R$ 13.000,00 R$ 15.000,00 R$ 15.000,00 Manutenção e Materiais R$ 9.000,00 R$ 9.000,00 R$ 10.000,00 R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 Combustível R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 Despesas com Vendas R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 (-) TOTAL DE CUSTO VARIÁVEL R$ 57.999,90 R$ 86.999,85 R$ 107.999,85 R$ 111.999,85 R$ 111.999,85 Salário e Encargos R$ 72.400,00 R$ 82.400,00 R$ 82.400,00 R$ 102.400,00 R$ 102.400,00 Depreciação R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 (-) TOTAL DE CUSTO FÍXO R$ 114.400,00 R$ 124.400,00 R$ 124.400,00 R$ 144.400,00 R$ 144.400,00 (=) LUCRO OPERACIONAL R$ 107.600,10 R$ 148.600,15 R$ 247.600,15 R$ 223.600,15 R$ 223.600,15 (-)Imposto de Renda (15%) R$ 16.139,87 R$ 22.289,87 R$ 37.139,87 R$ 33.539,87 R$ 33.539,87 (=) LUCRO LÍQUIDO R$ 91.460,24 R$ 126.310,28 R$ 210.460,28 R$ 190.060,28 R$ 190.060,28 (+) Depreciação R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 R$ 40.000,00 RECEITA Impostos e Devoluções (10%) Alugel do Campo (+) Valor Residual R$ 300.000,00 (+) Capital de Giro R$ 140.000,00 (=) RESULDADO LÍQUIDO DE CAIXA R$ 131.460,24 R$ 166.310,28 R$ 250.460,28 R$ 230.060,28 R$ 670.060,28 Utilizado-se a técnica do Payback Descontado (Tempo de Retorno), do Valor Presente Liquido e da Taxa Interna de Retorno, percebeu-se que: A) o tempo de retorno é de 4 anos e 3 meses; B) o Valor Presente Líquido considerando a taxa mínima de atratividade de 18% ao ano foi positivo em R$196.008,94 apontando para a viabilidade do projeto. C) A Taxa Interna de Retorno é de 28,36% ao ano. Conforme os critérios estabelecidos as técnicas apontam para a viabilidade do projeto. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Através da avaliação financeira conclui-se que o projeto é viável. Porém, por mais que este projeto tenha sido viável do ponto de vista das técnicas de análise alguns pontos merecem cuidados especiais: - O estudo de demanda deverá ser aprimorado considerando a contratação dos efetivos pontos de venda. - São necessárias visitas tanto a região de localização dos apiários como a região de vendas para confirmar suas características. Neste projeto a taxa de Retorno pretendida é de 18%. A taxa interna de retorno calculada foi de 28,36, em um prazo de 5 anos. A taxa interna de retorno está além da taxa mínima de atratividade desejada pelo investidor. Observa-se, no entanto, que se os benefícios líquidos de caixa não puderem ser reaplicados a essa mesma taxa de retorno encontrada, ela não será verdadeira. Este projeto não terá problemas de capacidade de pagamento desde que o nível de operações não fique abaixo do previsto para o primeiro ano. REFERÊNCIAS [01] ABEMEL. “Associação Brasileira dos Exportadores de Mel”. Disponível em: http://www.abemel.com.br/noticias06.htm . Acessado em: 11/08/2011 [02] BESSADA, O. “O mercado de derivativos financeiros”. São Paulo: Record, 2000. [03] BRAGA, Roberto. “Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira”. São Paulo: Atlas, 1989. [04] CASAROTO FILHO, Nelson, KOPITTKE, Bruno Hartnut. “Análise de Investimentos”. 8. ed. São Paulo: Atlas.1998. [05] CORREIA, José. Disponível em: http://www.abemel.com.br/en/noticias16.htm . Acessado em 11/08/2011 [06] DAMODARAN, Aswath. “Finanças corporativas aplicadas: manual do usuário”. Porto Alegre: Bookman, 2002. [07] FERREIRA, José Carlos Gomes. “Abordagem sobre o uso das Opções Reais na análise de projetos de investimentos”. Florianópolis: UFSC, 2003. 168 p. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina. [08] FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA. Disponível em: http://www.fee.tche.br/sitefee/pt/content/resumo/pg_coredes_detalhe.php?corede=Metropolitano +Delta+do+Jacu%ED . Acessado em 11/08/2011 [09] GIL, Antonio Carlos. “Como elaborar projetos de pesquisa”. São Paulo: Atlas, 1996. [10] GITMAN, Lawrence Jefferey. “Princípios da Administração Financeira”. São Paulo: Atlas, 2010. [11] MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. “Metodologia científica”. São Paulo: Atlas, 2000. [12] MARTINS, Eliseu. “Administração Financeira: as finanças das empresas sob condições inflacionarias”. São Paulo: Atlas. 1993. [13] PEREIRA, Fábia de Mello, et all. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPMel/comercializacao.htm . 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