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E.E.E.M. Padre Reus
Disciplina de História – Integrada III
Prof. Ernesto
IV Revolução Soviética
A REVOLUÇÃO SOVIÉTICA
Na passagem do século XIX para o século XX a Rússia era um país dos países mais atrasados da Europa. Sua economia
era predominantemente agrícola, eram 100 milhões de camponeses vivendo uma situação de extrema pobreza e intensa
exploração, apesar da abolição da servidão as condições dos camponeses
eram semelhantes ao feudalismo. Além disso, o sistema político na Rússia era
uma monarquia absolutista clássica, com czar (foto) em aliança com nobreza,
os oficiais do exército e a alta cúpula da igreja ortodoxa comandando o país.
Ainda no final do século XIX, em algumas cidades da Rússia, como São
Petersburgo, Kiev e Mosco, iniciou-se um processo de industrialização. Assim
como os camponeses os operários desses centros urbanos eram explorados
com baixos salários e extenuantes jornadas de trabalho. O descontentamento
dos camponeses e, principalmente, dos operários o que fez crescer a
influência dos socialistas e comunistas nos sindicatos e encaminhou o
processo revolucionário.
As péssimas condições a que era submetida a população russa
provocavam
manifestações
populares
de
descontentamento.
Disso
se
aproveitaram grupos anarquistas para realizar atentados terroristas, um dos
quais acabou vitimando o próprio czar Alexandre II, morto em um atentado
no ano de 1881. Seu filho e sucessor, Alexandre III (1881-1894), ao invés de
levar em conta os problemas sociais e tentar reformar a economia, preferiu
abafar os protestos com uma violenta repressão aos jornais, universidades,
partidos políticos e movimentos de trabalhadores. Essa política foi mantida e reforçada por deu sucessor, Nicolau II (18941917).
Apesar
da
repressão,
as
diversas
tendências
políticas
tentavam
organizar,
inclusive
no
exterior,
enviando
clandestinamente panfletos de divulgação para a Rússia. Alguns dos líderes exilados acabaram entrando em contato com a
doutrina marxista, que serviu de base teórica para a fundação do Partido Operário Social-Democrático em 1898. No congresso
de Bruxelas, em 1903, este partido dividiu-se em duas facções: Os bolcheviques (maioria), chefiados por Vladimir Ilitch
Ulianov (Lênin) e por Lev Davidovitch Bronstein (Trótski). Eram favoráveis a atuação revolucionária que, através de uma
aliança entre operários e camponeses, poria fim ao czarismo e ao capitalismo – socialismo já; os mencheviques (minoria),
liderados por Martov. Eram favoráveis a uma aliança coma burguesia e defendiam a implantação gradual do socialismo através
de uma política de reformas. Contrários à ação revolucionária direta, esperavam chegar ao poder por via eleitoral.
1905: A FORMAÇÃO DOS SOVIETES.
O czar e seus conselho de governo avaliaram erroneamente o poderio militar do país, considerando-o maior do que era
na realidade e lançaram a Rússia numa desastrosa guerra contra o Japão pela disputa da Manchuria (Guerra Russo-Japonesa,
1904-1905). A derrota esmagadora e humilhante para os japoneses fez aumentar a crise econômica e a insatisfação popular.
Em 9 de janeiro de 1905 cerca de 200.000 pessoas dirigiram-se ao Palácio de Inverno, em São Petersburgo, para entregar uma
petição ao czar Nicolau II. Nesse documento expunham a situação dos trabalhadores, agravada pela guerra, e pediam a eleição
de uma Constituinte por voto universal, direto e secreto, a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias e a fixação
do salário mínimo. A manifestação pacifica foi massacrada pelas tropas do czar às portas do palácio. Esse episódio, que ficou
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conhecido como Domingo Sangrento (imagem abaixo), desencadeou uma série de greves urbanas por todo o Império, além
de violentas reações no campo contra os proprietários de terras.
Cedendo a enorme pressão popular o czar ameaça
democratizar a Rússia e em agosto de 1905 publica
regulamento para a eleição da Duma (parlamento).
Como as eleições não aconteciam em outubro de 1905
estouraram uma série de greves que acabaram por
paralisar
completamente
o
país.
Para organizar
os
trabalhadores surgiram o Soviete dos Trabahadores de
São Petersburgo (conselho de operários, camponeses e
soldados) e vários conselhos semelhantes em todas as
cidades e aldeias russas. Os Sovietes assumiram a
organização do movimento e da oposição ao regime
czarista, pressionando de tal maneira o czar, que Nicolau
II foi obrigado a ceder, promulgando o Manifesto de
Outubro, uma constituição que transformava a Rússia
numa
monarquia
constitucional.
Esta
Constituição
assegurou os direitos civis e liberdades ao povo, ao
permitir uma eleição de uma Assembléia Legislativa
Nacional (Duma), a quem caberia aprovar todas as leis. Mas esta vitória dos Sovietes foi temporária, em 1907, o czar,
fortalecido por empréstimos franceses e pelo retorno das tropas que haviam lutado no oriente, desencadeou a contrarevolução, dissolvendo os sovietes e perseguindo a oposição. As reformas democráticas foram revogadas e a Duma passou a
ter um papel meramente simbólico.
A RÚSSIA NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Desde o começo do século a Rússia estava envolvida em disputas territoriais, principalmente, com a Alemanha. No
período da Paz Armada o império russo uniu-se a Tríplice Entente em oposição potências centrais, esperando obter, além de
vastas compensações territoriais, o domínio da região dos Bálcãs. No acordo da Tríplice Entente cabia a Rússia arcar com a
defesa na frente oriental, mas atrasada e dependente a Rússia não resistiu a Alemanha e em 1915, o exército czarista sofreu
um revés e as tropas alemãs ocuparam vastas áreas da Rússia européia. Esse desastre militar, aliado a crise econômica e
financeira, acelerou o declínio do czarismo. No fim de 1916 os soldados, cansados da guerra, exigiam terras; os operários,
pressionados pela fome, exigiam pão. A guerra já custara 1 milhão e 700 mil mortos, destruíra 25% das industrias e 9% das
áreas cultivadas pelo país e não trouxera nenhuma compensação. A política de Nicolau II de dar continuidade à guerra acelerou
o início da revolução e provocou a queda do czarismo da Rússia.
A REVOLUÇÃO DE FEVEREIRO DE 1917
Em fevereiro de 1917, a crise russa chegou ao máximo quando, esgotados os estoques de alimentos, a população se
revoltou. A nova Assembléia da Duma limitou-se a criticar o governo, pois sua composição burguesa não tinha força política
necessária para articular o movimento. Desencadearam-se greves gerais e passeatas pacíficas, às quais se juntaram várias
guarnições de soldados, revoltados com a ordem do governo de atirar contra manifestantes. Em 27 de fevereiro a multidão,
liderada pelos militares amotinados, invadiu o Palácio de Inverno de Petrogrado e investiu contra a o edifício da Duma. O
levante popular conhecido Revolução de Fevereiro culminou com a abdicação de Nicolau II e a derrubada do regime. Em
meio a Revolução surgiram na Rússia dois centros de poder: a Duma e os Sovietes. A burguesia liberal, em aliança com os
mencheviques, assumiu o poder e, por meio da Duma Legislativa, nomeou o governo provisório.
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Diante dessas manobras, em abril de 1917, o líder bolchevique Lênin, exilado em Zurique (Suíça), voltou a Rússia
lançando as Teses de Abril (quadro abaixo). Nesse programa político Lênin propunha a formação de uma república de
sovietes, a nacionalização dos bancos e propriedades privadas e a saída imediata da guerra: “pão, paz e terra”. Os
mencheviques,
de
acordo com seus
interesses
nacionalistas
e
favoráveis à industrialização, defendiam a permanência da Rússia na
guerra até a vitória final, assim como a burguesia. Essas divergências
eram as primeiras de uma série de crises que marcariam os meses
seguintes até outubro.
Os bolcheviques, que vinham estimulando a organização dos
operários,
soldados
e
camponeses,
promoveram
em
junho
manifestações de repúdio à política burguesa, sob o lema: “todo o
poder ao sovietes”. O governo provisório tentou, então, derrotar a
Alemanha numa ofensiva militar. Mas essa tentativa fracassada
provocou a demissão dos principais líderes moderados e a subida de
Kerenski ao posto de primeiro-ministro. Este, além de manter o país
na guerra, teve dificuldades em impedir um golpe de estado contrarevolucionário, articulado em Moscou, em agosto, pela burguesia
conservadora e pela alta oficialidade do exército. Assim, desentendose com os sovietes, a burguesia não foi capaz de manter-se no poder,
nem de evitar a influência cada vez maior dos bolcheviques no processo revolucionário.
A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO DE 1917.
Em setembro de 1917 Trótski, novo líder do soviete de Petrogrado, organizou o Exército a Vermelho. Com isso as forças
burguesas perderam definitivamente o poder de conduzir a República. Crescia em toda parte o movimento popular: soldados e
marinheiros desrespeitavam as ordens dos oficiais; os camponeses faziam, por conta própria, a reforma agrária; os comitês de
fábrica assumiam o controle das industrias, do abastecimento e da produção. Todos queriam a imediata passagem de poder
aos sovietes. Os bolcheviques que controlavam o soviete de Petrogrado criaram um Comitê Militar Revolucionário. Kerenski e o
estado-maior das Forças Armadas tentaram, em vão, reprimir o Comitê Militar Revolucionário. Em 23 de outubro, as tropas
convocadas aderiram ao soviete. Na madrugada do dia 25, o governo provisório foi deposto pelo soviete de Petrogrado, que
assumiu o controle da capital e reuniu o Segundo Congresso dos Sovietes. Foram estabelecidas as seguintes medidas:
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Assinatura de uma paz em separado com a Alemanha (Tratado Brest-Litovsk), em março de 1918;
Decreto de autodeterminação dos povos que viviam no território russo;
Adoção do regime de partido único – Partido Comunista (antigo Partido Bolchevique);
Organização do Exército Vermelho;
reforma agrária e fim da propriedade privada;
nacionalização dos bancos e dos investimentos estrangeiros;
adoção do regime de autogestão operária – as fábricas passaram a ser administradas pelos próprios
trabalhadores.
GUERRA CIVIL
Após a assinatura da paz em separado com a Alemanha, pela qual a Rússia perdia um décimo de seu território (Filândia,
Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia e Ucrânia), uma guerra civil eclodiu no país, entre os Exército Branco, formado pelos
setores interessados na restauração do antigo regime e comandado por militares ligados ao czarismo, e o Exército Vermelho,
que chegou a contar com três milhões de soldados e foi organizado por Trotski para lutar pela preservação da nova ordem
socialista. A França, a Inglaterra, os Estados Unidos e o Japão, países interessados na derrubada dos bolcheviques e na
restauração do capitalismo na Rússia, intervieram militarmente ao lado dos russos brancos. Além de temer a expansão da
revolução socialista pelo mundo, essas potências revoltaram-se contra a paz em separado assinada pela Rússia com a
Alemanha, contra o assassinato do czar e sua família, e também contra o fim da remessa de lucros, diante da estatização da
economia russa. Mas os brancos, politicamente desunidos e sem um projeto para solucionar a questão da terra, encontraram
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forte oposição interna. Respaldado pelo apoio popular, o Exército Vermelho liquidou a contra-revolução em 1921 pondo fim à
guerra civil.
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