O problema amazônico no pensamento geopolítico militar brasileiro

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O problema amazônico no pensamento geopolítico militar
brasileiro
Pedro Rocha Fleury Curado1
Resumo expandido:
O presente trabalho objetiva realizar um estudo sobre a evolução do pensamento
geopolítico militar brasileiro em relação à questão amazônica. Para tanto, serão
analisadas comparativamente as obras de quatro reconhecidos expoentes dessa
corrente –Mário Travassos, Golbery do Couto e Silva, Meira Mattos e Therezinha de
Castro –, tendo cada um deles apresentado uma perspectiva própria sobre o “problema
amazônico”. Por “problema” ou “questão” amazônica entende-se, nesse caso, os
desafios vislumbrados pelos analistas geopolíticos para o exercício soberano do poder
estatal sobre o corpo pleno do território nacional. Nesse âmbito, a região da bacia
amazônica se destaca historicamente pela dificuldade de colonização e incorporação
social e econômica ao todo nacional, aspecto este comumente creditado às
características do meio geográfico.
Ao realizar o exercício de comparação, o presente texto busca identificar
devidas diferenças e semelhanças nas formas metodológicas de análise, a implicação
dos contextos históricos nos quais as obras se inscrevem para sua conceituação, os
fundamentos utilizados para as interpretações geopolíticas e os objetivos estipulados
para a ação estatal na região. Todos os livros aqui tratados visaram, direta ou
indiretamente, apresentar análises e leituras que influenciassem nas políticas adotadas
pelo Estado. Essa postura policy oriented é a linha que caracteriza a abordagem feita
pelos quatro autores em relação ao modo como o Estado deve agir diante do “desafio
amazônico”.
Como estrutura, primeiramente o texto apresentará em separado as idéias
centrais sobre o papel da Amazônia na geopolítica brasileira presentes em cada autor.
1
Doutorando em Economia Política Internacional pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro –UFRJ.
Posteriormente será feita uma comparação entre os autores, buscando enfatizar
aspectos na forma como cada um relaciona as políticas internas para a região com o
contexto internacional. Por fim, serão feitas algumas considerações finais.
Entre outros fatores, o tema se justifica por tais autores terem sido influentes na
tomada de políticas estatais para a Amazônia, quando parte da malha viária ali hoje
existente começou a ser implementada. Sabendo que a rede de transportes multimodal
da Amazônia hoje é resultado da soma de ações governamentais tomadas a partir de
visões estratégicas conjunturais próprias de momentos específicos da história
nacional, a comparação permite, portanto, conceber a evolução destas percepções
sobre o problema amazônico a partir de quatro influentes autores da vertente militar
do pensamento geopolítico brasileiro. Ainda que atualmente tal corrente não mais seja
tão influente como outrora, convém compreender as idéias e conceitos que serviram
para moldar as políticas para a região que, ainda hoje, segue nos discursos políticos
como zona sensível aos interesses de soberania do estado nacional.
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